IAN 05

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Adaga Negra 05

—Eu, entretanto, desejava o meu filho para as Escolhidas. Seu pai podia entender de táticas, mas não era o único. Sabia bem qual era sua debilidade e tinha o poder de garantir o sexo do bebê. Acordamos que teria você três anos depois do nascimento e durante três séculos, e que podia guiá-lo para lutar a seu lado. Desde aí em adiante serviria a meus propósitos. Seus propósitos? Os propósitos de seu pai? Merda, e acaso ele não tinha voto? A voz da Virgem Escriba se fez mais baixa. —Tendo chegado a um acordo, forçou-me debaixo dele durante horas, até que a forma que tinha adquirido quase morre por isso. Estava possuído pela necessidade de conceber, e eu o suportei porque me passava o mesmo. Suportar era o termo adequado. V, como o resto dos machos do acampamento guerreiro, tinha sido forçado a observar seu pai ter sexo. O Bloodletter não distinguia entre lutar e fornicar e não tinha feito concessões ao tamanho das fêmeas nem a sua debilidade. A Virgem Escriba começou novamente a mover-se ao redor da quarto. —Deixei você no acampamento em seu terceiro aniversário. V foi levemente consciente de um zumbido na cabeça, como um trem que estivesse cobrando velocidade. Graças ao pequeno trato de seus pais, estava vivendo uma ruína de vida, apanhado, lutando com as seqüelas da crueldade de seu pai assim como também com as malignas lições do acampamento. Sua voz se fez um grunhido. —Sabe o que me fez? O que me fizeram lá? —Sim. Enviando todas as regras de etiqueta ao caralho, disse: —Então por que merda deixou que ficasse lá. —Tinha dado minha palavra. V se levantou estalando, levando a mão a genitália. —Alegra-me saber que sua honra permaneceu intacta, mesmo se eu não. Sim, é um intercâmbio fodidamente justo. —Posso entender seu aborrecimento… —Pode, mãe? Isso me faz sentir muito melhor. Passei vinte anos de minha vida lutando por sobreviver nesse poço negro. O que obtive em troca? Uma mente confusa e um corpo fodido. E agora quer que engendre para você? —sorriu fríamente— O que acontece se não puder as fecundar? Sabendo o que me passou, não te ocorreu pensar nisso? —É capaz. —Como sabe? —Pensa que há alguma parte de meu filho que não possa ver? —Você… cadela… —sussurrou. Uma rajada de calor saiu do corpo dela, suficientemente quente para lhe chamuscar as sobrancelhas, e sua voz estalou em todo o apartamento de cobertura. —Não se esqueça de quem sou, guerreiro. Escolhi a seu pai imprudentemente, e ambos sofremos por meu engano. Pensa que permaneci ilesa enquanto via que curso tinha tomado sua vida? Pensa que observei você de longe sem me ver afetada? Morro cada dia por você. —Bom, olhe se não é a maldita Mãe Teresa. —gritou, consciente de que seu próprio corpo tinha começado a esquentar— Se supõe que é todo-poderosa. Se tivesse se importado uma merda, poderia ter intervindo… —Os destinos não são escolhidos, são outorgados… —Por quem? Por você? Então, é a você a que devo odiar por toda a merda que me têm feito? —agora estava brilhando por todos lados, nem sequer tinha que olhar para baixo a seus 27


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