Poesia (Im)Popular Brasileira - Preview

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tosas: de composições musicais a quadros ou poemas! Aí, o interesse passa a ser inevitável, pois passa-se a imaginar o como viveria aquele ser capaz de tamanhas proezas! Mesmo a mesmice desinteressante do cotidiano de um Fernando Pessoa passa a interessar a partir do momento em que se saiba que Pessoa é Pessoa, ou melhor, Pessoas. Vendo-os, quem se interessaria por Rimbaud ou Van Gogh com trinta e poucos anos? Os aficionados da Poesia e da Pintura, certamente! Todo este preâmbulo acontece para que eu possa chegar, ou retardar a chegada, ao nome de Aldo Fortes, uma das figuras da contemporaneidade que, para mim, mais se aproximam da idéia que tenho de poeta, de fazedor. E, embora ainda não haja o necessário distanciamento, e eu não tenha chegado ao estágio de sabedoria, porém com razoável conhecimento da poesia que tem sido produzida no Brasil nos últimos 40 anos, principalmente daquela que ainda não foi reunida em volume, atrevo-me a falar de Aldo Fortes e de tecer alguns comentários sobre a poesia que vem produzindo desde os anos de 1970. O poeta Aldo Fortes (Aldo Henrique Cheminand Fortes) nasceu em Bananal (SP) em 1950, virginiano de 25 de agosto. A pessoa com quem falo, às vezes, por telefone recusa-se a fornecer dados mais detalhados sobre si, o que poderia vir a esclarecer certas questões de ordem biográfica, mais que poética, já que esta se mostra em cada um de seus trabalhos, os quais se mantêm inéditos ou dispersos em revistas que operaram à margem do sistema editorial brasileiro, duraram poucos números, quando não um, apenas, e são, hoje, peças raras. Auto-exilado em sua própria terra, com esposa e dois filhos, apartado do convívio com os poetas amigos, penso que Aldo Fortes seja um autodidata no que respeita ao estudo da Literatura e de idiomas, com alguns dos quais parece ter muita familiaridade - de fato, vim a saber que, terminado o ensino médio – o colegial – chegou a se interessar por algum curso superior, porém, não chegou a ingressar na Universidade. Melhor dizendo, não se interessou por ensinamentos de ordem acadêmica e sua erudição, portanto, adveio de um esforço próprio, solitário. Aldo Fortes é movido por aquela curiosidade que resulta em descobertas: se o poema é chinês, vai fundo e estuda e discute e curte. E antes de se fixar em definitivo – parece – em Bananal, andou por Osasco (20 anos), São Paulo (sempre e por pouco tempo), 23


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