Pequenas Memorias Pessoais

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PEQUENAS MEMÓRIAS PESSOAIS / Laerte Teixeira da Costa

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sempre um bom Malbec. A uva Malbec encontrou na Argentina o seu habitat. Acho que o Brasil não forçou o jogo contra a Argentina em 1978 e que, naquela Copa, o jogo Argentina e Peru foi, como diria o Boris Casoy, “uma vergonha”. Igualmente, não gosto daquela história da água oferecida pelos jogadores argentinos aos jogadores brasileiros (consta que nela continham calmantes), na Copa da Itália, em 1994. Realmente, naquele jogo, o Brasil perdeu gols incríveis. Terminado o primeiro tempo, o locutor da TV Argentina disse: “Melhor não voltarmos para o segundo tempo”. Voltaram e ganharam o jogo por um a zero. Os corinthianos gostam do Boca Juniors desde as memoráveis partidas desse fantástico time argentino com o Palmeiras pela Taça Libertadores da América. Visitei o Estádio da Bombonera e assisti, no prédio ao lado, a um show de tango, na famosa casa “Boca Tango”. Não sou fanático a ponto de torcer contra times brasileiros, mas muitos corinthianos praticam esse costume perverso, assim como o amigo Cícero Pereira da Silva, colorado roxo e que torce contra o Grêmio. As relações de Brasil e Argentina melhoraram muito depois da Guerra das Malvinas e do Mercosul. Gosto de uma expressão, não sei o autor, mas ela diz muito sobre os dois países: “Brasil e Argentina estão condenados a ser vizinhos”. Com vizinhos, boa política é conviver bem. Convivo muito bem com os amigos argentinos. Emílio Máspero, que foi secretário-geral da Clat, era argentino. Carlos Custer, ex-secretário geral da CMT, é argentino e foi embaixador do país no Vaticano. Certa vez, arrumou-me um hotelzinho romântico na Praça da Catalunha, em Barcelona, onde eu e Regina passamos dias maravilhosos. O argentino trata bem o brasileiro e, a meu ver, só o portenho é um pouco soberbo. Mais ou menos como os pernambucanos que pensam que os rios Beberibe e Capibaribe formam o Oceano Atlântico. Quando comecei a freqüentar o Incasur, na época instituto de formação da Clat, conheci um excelente professor, Gallo Pochelu, infelizmente precocemente falecido. Hoje, estão lá os meus amigos Enrique Sosa, Ramon Ermacora, Victor Huerta, Carlos Gaitan e outros. Alfredo di Pacci faleceu recentemente e Kati Parra mudou-se para o Paraguai. A Argentina mudou muito desde então. Não havia mendigos nem sujeira nas ruas. Os desastrados planos econômicos aumentaram a pobreza e a marginalidade. Contudo, o país continua viável e, junto com o Brasil, se ambos tiverem juízo, serão grandes.


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