Mais Basquete

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24 ANOS DE INDIANÁPOLIS!

COMO FORMAR ARMAODRES?

JOSE MEDALHA FALA DE UMA CONQUISTA HISTORICA.

BERRO DESCREVE SUA FILOSOFIA NA FORMAÇAO DE ARMADORES.

COMO CHEGAR A LONDRES?

POLÊMICA

VEJA INFOGRAFICO E TORNEIOS QUE LEVARAO AOS JOGOS OLIMPICOS DE

FABRICIO BOSCOLO PERGUNTA:

MINHA VIDA NO BASQUETE MARRAMARCO DESTACA A IMPORTANCIA DE FORMAR, NA BASE, PESSOAS ALEM DE ATLETAS.

E MUITO MAIS...

Volume 1—N° 1 — Agosto/2011


SUMÁRIO Apresentação: Em busca de mais basquete Carlos Alex Martins Soares

3

Treinador de basquete e os aspectos que envolvem a formação de jovens atletas Dante de Rose Júnior

6

Pan-87: uma conquista histórica José Medalha

13

Charge 1 — Alessandro Trindade

16

Seria o Basquete um jogo desportivo coletivo aeróbio Fabrício Boscolo del Vecchio

17

Como formar um armador? Marcello Berro

23

Esporte, Escola e Educação Física: pensando na história para buscar novos caminhos Ronaldo Pacheco

29

Formando atletas e técnicos através do esporte universitário Carlos Alex Martins Soares

32

Ideias sobre a gestão do basquete brasileiro José Alberto F. Pereira

38

Coluna Minha Vida no Basquete: ―Formando Pessoas‖ Cesare Augusto Marramarco

40

Especial: ―Quando o basquete derruba barreiras e fronteiras!‖ Álvaro Guimarães

46

Como Chegar a Londres 2012?

53

Charge 2 — Alessandro Trindade

63

Coluna Eu fui! 4ª Clínica Internacional para técnicos de basket — Score Brasil

65

Liga Nacional Sub-21 Anos

68

Por Técnicos. Para Técnicos.


APRESENTAÇÃO Em Busca de Mais Basquete Carlos Alex Martins Soares

Estamos lançando a Revista Mais Basquete nesse dia histórico para o basquete brasileiro com o claro objetivo de homenagearmos os 24 anos da magnífica vitória do Brasil sobre

os

Americano

EUA de

no

Pan-

Indianópolis.

Minha gratidão eterna pela forma como, ano após ano, competição após competição, aquela seleção foi formando um sentido de corpo capaz de

dizado. Mas há que ter cuida-

impressa ficaria no campo dos

do, pois esse desejo de pos-

sonhos por muitos anos – as

suir o conhecimento pode se

próprias instituições desisti-

confundir com poder e este

ram desse processo. Mas eis

levar a tirania. Ter o conheci-

que na atualidade temos fer-

mento pressupõe saber usá-

ramentas capazes de nos le-

lo, saber leva-lo aos mais dis-

var a qualquer parte do mun-

tantes pagos e, nessa cami-

do em uma velocidade es-

nhada, retornar ao lar com

trondosa. Assim vamos usa-

novos aprendizados que nos

las, essas novas tecnologias e

façam evoluir como seres hu-

a internet, para compartilhar

manos. E isso reflete em nos-

o conhecimento, agregar va-

sa ação profissional.

lores humanos e esportivos e

ousar com tamanha proeza. Não são apenas os doze atletas e os cinco membros da comissão técnica, mas todos os que passaram por aquele grupo no decorrer da década de 1980 e levaram o Brasil a ser

protagonista

de

uma

grande vitória e gerar a mudança na trajetória do basquete mundial. O basquete foi outro a partir daquele dia e vivemos essa mudança cotidianamente. Pois bem, Rubem Alves coloca que o conhecimento deve ser antropofagicamente saboreado. Come-o. Incorpora a teu ser esse novo apren-

Por isso a ideia de produzirmos uma revista em portable document format, o popular PDF, é parte disso e do

quanti-qualificar a função de técnico de basquete no Brasil, visando o crescimento de todos.

que tenho feito ao longo dos

A produção aqui exposta

anos em prol do desenvolvi-

foi elaborada por técnicos da

mento do basquete em meu

modalidade de diversas par-

microcosmo. Essa revista é

tes do país e a Revista Mais

um processo natural de evo-

Basquete só terá significado

lução para continuar constru-

se continuar sendo construída

indo o basquete nesse espa-

dessa forma: por todos nós.

ço, passar a contribuir com

Queremos contribuir com o

uma agenda positiva na for-

basquete brasileiro e encon-

mação de todos os técnicos

tramos nesses autores a mes-

de

ma

basquete,

estudantes

e

disposição

e

objetivos.

professores de educação física

São técnicos conhecidos dos

do Brasil e agregar mais ali-

brasileiros e alguns com pro-

mento aos nossos espíritos.

jeção internacional. São pro-

Se formos pensar uma revista

3

fissionais que demonstram o interesse e o desprendimento


Apresentação Carlos Alex Martins Soares

em prol do crescimento do basquete brasileiro. São profissionais, mas não são gananciosos. Sabem da situação de nosso modalidade e por isso pedi-lhes doação de tempo e conhecimento, reflexões

e

propostas,

um

pouco de suas práxis e muito de seu talento. Eles não se negaram a fazê-lo, abra-

çaram a ideia e socializaram

de gastronomia, mas falando

seus textos e pensamentos

da magia da incorporação do

com

que

conhecimento novo ao que

deixa

já sou. Espero que todos

muito feliz. Tudo isso na

também se sintam da mes-

tentativa incansável de au-

ma forma, tenham uma ex-

torreflexão,

e

celente digestão e que nas-

desenvolvimento do esporte

çam novos e frondosos fru-

que amamos.

tos dessa sementinha cha-

uma

humildade

surpreendeu

e

me

qualificação

Quando falo de antropofagia, não de canibalismo,

mada Revista Mais Basquete.

Quem é Carlos Alex Martins Soares? Conheceu o basquete aos 8/9 anos de idade, quando viu o mundial das Filipinas na TV e logo começou a dar os primeiros arremessos. É Graduado (Licenciatura Plena em Educação Física 1997) e Pós-Graduado (Especialista em Educação - 2002, PPGE da Faculdade de Educação) pela UFPel. Profissionalmente é professor da Secretaria de Estado da Educação do Rio Grande do Sul e Fundador e Técnico do Pelotas Basketball Clube (PBC). Atua no Centro Esportivo Virtual (www.cev.org.br) como Moderador das Comunidades "Basquete" e "Sociologia do Esporte Área Etnia e Esporte", "Consultor Técnico na Área de Basquetebol" desde dezembro de 1997 e autor do Blog do Carlos Alex. Possui experiência na área de Educação Física, com ênfase em esporte escolar e organização de eventos pedagógico-esportivos. Foi atleta de basquete por 10 anos e árbitro 1ª Categoria e Mesário de 1ª

categoria. Edita o Blog Mais Basquete. Mais

informações no quem é quem do CEV em http://cev.org.br/qq/carlosalex e no currículo Lattes http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?

metodo=apresentar&id=K4706473U6

4


Foto-divulgação da Liga Nacional de Basquete. Brasília x Unitri, NBB32010/2011

5


Treinador de basquete e os aspectos que envolvem a formação de jovens atletas Dante de Rose Junior A prática esportiva infantil, independen-

de atletas em formação) e o conhecimento

temente do esporte praticado, é permeada por

deste contexto por parte dos treinadores é

ações adultas – pais, dirigentes, professores,

fundamental para a realização de um trabalho

treinadores e árbitros que, de alguma forma,

adequado. São eles:

interferem nas experiências esportivas dos

praticantes.

Os aspectos biológicos relacionados aos estágios

desenvolvimento

dos

jovens,

Nesse processo, o treinador tem uma

desde suas etapas iniciais até as fases

importância fundamental, pois além de ser a

mais agudas como a puberdade e adoles-

pessoa que atuará diretamente sobre os futu-

cência e que são essenciais para a deter-

ros comportamentos esportivos dos jovens, ele

minação das cargas de trabalho adequa-

também poderá influenciá-los fora dos campos

das a cada uma das fases:

de jogo. O poder de um treinador sobre um

jovem esportista é muito grande a ponto de

Os aspectos cognitivos que definirão os níveis de compreensão das tarefas pro-

vários estudos o apontarem como dos princi-

postas e interferirão na sua execução;

pais motivos para a escolha de uma modalida-

de esportiva e, ao mesmo tempo, como um

Os aspectos técnico-táticos de cada esporte, no caso o basquetebol, representa-

dos mais destacados fatores de abandono des-

dos pelas ações individuais e coletivas

ta prática. Além disto, o treinador pode ter

que nortearão a proposta de trabalho de

uma grande influência sobre as atitudes e

cada treinador;

comportamentos, valores e sentidos de vida de 

seus atletas, sendo ele o co-responsável pelo

Os aspectos psicológicos que envolvem o

desenvolvimento da personalidade de seus

conhecimento dos traços de personalida-

atletas e também pelo seu futuro, após o final

de desses jovens e de seus limites em

de sua carreira esportiva.

relação às exageradas cobranças, muito comuns no ambiente esportivo competiti-

A prática esportiva competitiva envolve

vo e também a demanda específica do

diferentes aspectos que afetam diretamente

esporte, em função das características de

seus adeptos (principalmente quando se trata

cada um deles; e

6


Treinador de basquete e os aspectos que envolvem a formação de jovens atletas Dante de Rose Júnior

Os aspectos pedagógicos que envolvem o

trumento para planejar o ensino do esporte

conhecimento de todos os conteúdos an-

respeitando as etapas evolutivas desses jo-

teriores para que sejam elaborados os

vens.

métodos e estratégias adequados para

No âmbito pedagógico o papel do treina-

cada momento das fases de desenvolvi-

dor deve transpassar a simples barreira do en-

mento do jovem.

sinar movimentos específicos ou movimenta-

Os treinadores, especialmente aqueles

ções táticas para suplantar os adversários. As

envolvidos com o trabalho formativo, devem

ações pedagógicas direcionadas principalmente

ter uma preparação mínima já que vão traba-

para a formação esportiva sugerem o domínio

lhar com jovens que têm somente um conheci-

de várias áreas de conhecimento sobre o indi-

mento básico do esporte que irão praticar.

víduo e sobre a atividade para que sejam apli-

Sem dúvidas, é precisamente o treinador das

cadas de forma adequada às necessidades do

etapas iniciais de iniciação esportiva que deve

jovem praticante, respeitando suas caracterís-

ter uma formação sólida que lhe sirva de ins-

ticas.

7


Treinador de basquete e os aspectos que envolvem a formação de jovens atletas Dante de Rose Júnior

Entre esses domínios podemos citar o

O técnico como fonte geradora de stress

biológico, psicológico, técnico, tático, social e

nos jovens atletas

cultural. Ou seja, conhecer a criança nos seus

Estudo realizado com atletas brasileiros

mais diferentes aspectos (físicos, intelectuais,

sobre os motivos de abandono do esporte in-

personalidade, inserção social) e a atividade

fanto-juvenil apontam alguns dos aspectos ne-

(demandas energéticas, demandas psicológi-

gativos do contexto esportivo que levaram os

cas, demandas técnico/táticas e impacto cultu-

jovens a interromper a prática de determinada

ral da mesma sobre a comunidade) é fator

modalidade: a ênfase exagerada na necessida-

preponderante para determinar a ação peda-

de de vitória, o stress gerado pela competição

gógica do profissional que atuará sobre um de-

e o fato de não gostarem do técnico.

terminado grupo de jovens.

Curiosa-

mente, o técnico é comumente citado pelos

Como estabelecer filosofias de trabalho,

jovens como uma das principais razões que

programas de treinamento, planos diário de

justificam a adesão à prática esportiva, mas

atividades ou estratégias para competição sem

também para o abandono da mesma. Este da-

o conhecimento de todos os aspectos citados?

do é bastante preocupante quando percebemos que o técnico como principal responsável

As oportunidades que são oferecidas ao

por fomentar a prática esportiva dos seus atle-

jovem para entender o basquetebol de forma

tas, acaba, por muitas vezes, afastando-os do

global são determinantes para seu futuro como

esporte, sem ter consciência da repercussão

atleta. Por isto é fundamental que se pense

dos seus atos entre os jovens esportistas.

numa formação integrada e que coloque os elementos do jogo de forma contextualizada.

Pesquisas feitas com atletas de categorias de base no Brasil (14 a 18 anos) mostram que as atitudes de técnicos relacionadas à sua comunicação com os jovens atletas podem ser entendidas como prejudiciais e causadoras de stress nos esportistas que buscam, na verdade, por orientação e solução de problemas e não, simplesmente a crítica desmesurada e sem objetivos.

8


Treinador de basquete e os aspectos que envolvem a formação de jovens atletas Dante de Rose Júnior

Nesses abrangeram

estudos cerca

de

que 500

atletas de basquetebol, handebol, natação e voleibol, o objetivo principal era detectar situações

causadoras

de

stress em competição. Nele, os

técnicos

aparecem

com

destaque como provocadores de stress quando apresentam comportamentos tais como: 

não reconhecer o esforço dos atletas;

gritar ou reclamar muito;

enfatizar somente os aspectos negativos

cometer injustiças;

não apontar soluções frente aos proble-

atitudes de técnicos que atuam no esporte in-

mas provenientes das situações específi-

fanto-juvenil, dirigindo equipes das categorias

cas do jogo ou da competição;

de base:

privilegiar determinados atletas.

Atitudes frente ao processo de formação esportiva e o que se espera de um bom técnico Pode-se considerar que há dois tipos de

O técnico que tem como objetivo principal a vitória, enfatizando o produto final e

Isso indica que o efeito do comporta-

privilegiando os resultados imediatos.

mento do técnico é mediado pelo significado 

que os atletas atribuem a ele, e pelo o que os

O técnico que visa a participação do jo-

atletas lembram desse comportamento, sendo

vem, enfatizando o processo e buscando

que a forma de interpretação dessas ações pe-

resultados a longo prazo.

las crianças e adolescentes afeta a maneira co-

Em qualquer uma delas os técnicos po-

mo eles avaliam sua participação esportiva.

dem, dependendo de suas atitudes e da forma de comunicar-se com os atletas, provocar situ-

9


Treinador de basquete e os aspectos que envolvem a formação de jovens atletas Dante de Rose Júnior

ações causadoras de stress que

tante, ela não é o objetivo

tendem a influenciar negativa-

mais importante;

mente o desempenho dos jovens e provocar comportamentos que poderão migrar desde o desinteresse pela modalidade e até mesmo o abandono. Seria razoável que se pensasse que, em um processo de formação, estas últimas atitudes seriam as mais adequadas. No entanto, muitos técnicos, por diferentes razões privilegiam as primeiras, atropelando este processo e antecipando uma série de eventos que, a curto prazo, podem até ser interessantes, mas que poderão, por sua vez acelerar o processo de abandono dos jovens atletas. Assim sendo, quatro princípios devem nortear a conduta dos treinadores:

 Fracasso não é a mesma coi-

sa que perder: é importante que os atletas não vejam perder como sinal de fracasso ou como uma ameaça aos seus valores pessoais;  Sucesso não é sinônimo de

vitória: nem o sucesso nem o fracasso precisam depender do resultado da competição ou do número de vitórias e derrotas.

Vitória

e

derrota

pertencem ao resultado da competição, enquanto sucesso e fracasso não;  Os jovens devem ser ensina-

dos que o sucesso é encontrado através do esforço pela vitória, eles devem aprender que nunca são perdedoras esforçam-se ao máximo.

 Vencer não é tudo, nem so-

mente a única coisa: os atletas não podem extrair o má-

Conclusão

ximo do esporte se pensarem

Fica evidente que o técnico deve

que o único objetivo é vencer

ter uma participação ativa no

seus oponentes. Apesar de a

processo de formação do jovem,

vitória ser uma meta impor-

porém provido de conhecimen-

10


Treinador de basquete e os aspectos que envolvem a formação de jovens atletas Dante de Rose Júnior

tos suficientes que permitam uma atuação se-

positivas de oferecer condições dos atle-

gura e benéfica para os futuros atletas. Esse

tas aprenderem, apresentar possibilida-

conhecimento deve ocorrer em quatro domí-

des para a solução de problemas.

nios: 

conhecimento do próprio jovem (sua reaLeituras sugeridas

lidade biológica, psicológica e social); 

De Rose Jr., D.; Deschamps, S.R. e Korsakas,

conhecimento da modalidade com a qual

P. O jogo como fonte de stress no basque-

irá trabalhar (aspectos físicos, técnicos e

tebol infanto-juvenil. Revista Portugue-

táticos); 

sa de Ciências do Desporto, 1, 2, 36-

definição adequada de métodos e estraté-

44, 2001.

gias de trabalho (planejamento, definição

De Rose Jr., D.; Campos, R.R. ; Tribst, M. Mo-

de objetivos, escolha dos métodos de

tivos que llevan a la práctica del balonces-

treinamento e dos exercícios que farão

to: um estudo com jóvenes atletas brasi-

parte desta atividade, entre outros); e 

leños. Revista de Psicologia del Depor-

Intervenção eficaz no processo (atitudes

te, 10, 2, 293-304, 2001.

Quem é Dante de Rose Júnior? Licenciado em Educação Física pela Escola de Educação Física da Universidade de São Paulo (USP), em 1974, possui doutorado em Psicologia Social pelo Instituto de Psicologia da USP, em 1996. Atualmente é professor titular da Universidade de São Paulo. Atuou por 28 anos na Escola de Educação Física e Esporte da USP. Diretor da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo de janeiro de 2006 a janeiro de 2010. Professor do Curso de Ciências da Atividade Física da EACH-USP. Tem experiência na área de Educação Física e Esporte, atuando principalmente nos seguintes temas: basquetebol, análise de jogo esporte infantil, stress esportivo e psicologia do esporte. Coordenador Pedagógico da Escola Nacional de Treinadores de Basquetebol

11


12


PAN–87: UMA CONQUISTA HISTÓRICA Jose Medalha

Ao atender a um pedido da Direção desta

rador

físico

e,

Revista relembrando a histórica vitória do PAN de

também, um dos

87, muito se pode escrever e relembrar daquele

grandes respon-

título. Como ex-técnico, vou me ater a certos as-

sáveis por aque-

pectos, para que os mais jovens possam conhecer

la histórica con-

alguma coisa do que ocorreu naquele evento.

quista.

Muito se falou a respeito do incrível resulta-

O resultado em si surpreendeu muita gente,

do obtido pelo basquete masculino do Brasil nos

inclusive dentro do nosso Pais. A seleção masculi-

Jogos Pan-Americanos de 87 quando vencemos a

na já havia obtido uma boa colocação no Mundial

Seleção Norte Americana em seus próprios domí-

da Espanha no ano anterior, (4º. lugar). Porem um

nios, Indianápolis, pelo marcador de 115 a 110. A

resultado não muito convincente no Sul-Americano

repercussão interna e externa do título obtido foi

de 87 (vice-campeã), ainda deixava dúvidas quan-

uma das mais amplas dentro da história do basque-

do ao poderio daquele grupo, bem como pela ma-

tebol brasileiro. Apenas para citar um exemplo, o

neira como o time atuava, com extraordinário po-

resultado do jogo final, com direito a foto, foi maté-

derio ofensivo, contrariando opinião de vários técni-

ria central de capa do NEW YORK TIMES de 24 de

cos e parte da imprensa.

agosto de 1987.

Havíamos (Comissão técnico sob a liderança

A geração de OSCAR e MARCEL que havia praticamente

do Ary) feito uma programação de treinos no Brasil,

su-

em cidades do interior, sem muito contato com

cedido a de MAR-

grandes centros, alguns amistosos após o Sul-

QUINHOS,

ADIL-

Americano e, como inovação um período de treina-

SON E CARIOQUI-

mento nos EUA na Universidade de Houston, local

NHA, tinha como

onde já estava jogando um de nossos pivôs RO-

seu técnico princi-

LANDO FERREIRA.

pal ARY VIDAL. Eu

Percebeu-se sempre neste período uma von-

atuei como Assis-

tade até certo ponto oculta de surpreender a tudo e

tente Técnico, ao lado Valdyr

do

a todos. A dedicação aos treinamentos era muito

Prof.

forte; OSCAR e MARCEL exerciam uma liderança

Barbanti,

excelente

incrível sobre os demais atletas.

prepa-

13


Pan-87: Uma Conquista Histórica José Medalha

A forma como a equipe atuava tanto na

sabiam plenamente do seu papel naquela sele-

parte defensiva como no ataque, não continha

ção, ou seja,

muito segredo. Sistema individual com ajuda.

armadores

Duas variações de Defesa por Zona e muita

armavam pa-

ênfase no jogo de transição. ARY dava total

ra arremesso

liberdade aos jogadores no ataque. Tínhamos

da dupla OS-

apenas 04 jogadas muito simples, com todas

CAR MARCEL

priorizando arremessos de curta e longa dis-

e seus imedi-

tância, nosso principal poder de fogo naquele

atos substitu-

time.

tos, entre os quais

A bem da verdade, analisando friamente o que ocorria, estávamos à frente no tempo. A linha dos três pontos havia sido introduzida 02

esta-

vam

PAULI-

NHO

VILAS

BOAS, ANDRE

anos antes. A seleção brasileira foi talvez a pri-

STOFFEL, mesmo CADUM, e os nossos homens

meira a se utilizar desse recurso. Hoje equipes

altos encarregados de bloqueio de rebote, mui-

da Europa e da NBA, além de muitas do Brasil,

tas vezes recuperavam bolas no ataque e de-

tem como primeira opção a finalização quando

volviam para o perímetro, para que os finaliza-

o jogador se sente em condições de arremes-

dores cumprissem seu papel à risca.

so. Na década de 80, arremessar sem a garantia de ter um ou dois homens postados para

Uma característica da equipe consistia

possível rebote, ou ainda antes de se esgotar

em jogar e decidir com muita velocidade. Tem-

metade do tempo de posse de bola era consi-

po de posse de bola raramente atingia 20 se-

derado como grande

gundos. Naquela época grandes equipes ti-

irresponsabilidade tá-

nham como número de ataques, resultante de

tica. No entanto, essa

posses de bola, uma media de 75 posses por

liberdade era perfei-

jogo. A seleção brasileira ultrapassava 100.

tamente

a

Obviamente o time adversário tentando equili-

nossa equipe. Fisica-

brar esses números e, não estando preparado

mente

time

para tal, incorria em muito maior número de

―voava‖, taticamente

erros. Esses são pequenos detalhes que podem

as coisas eram muito

ser considerados como fundamentais inclusive,

simples.

no jogo final e decisivo contra a incrédula equi-

ajustada o

Jogadores

14


Pan-87: Uma Conquista Histórica José Medalha

norte-americana diante da avalanche de arre-

o técnico privilegiado a dirigir nossa seleção

messos, bem sucedidos.

masculina contra

Outro aspecto a ser ci-

(quinta

a

americana

tado como consequência do

colocada)

equipe em

norte-

Barcelona,

mantendo uma boa base ain-

resultado final, foi o impacto

da dos atletas de 87. A perda

causado pela perda do título

do título olímpico em 88 e a

em basquetebol dos EUA em

má colocação no Mundial de

sua própria casa, tendo, pela

90 acrescentaram motivos pa-

primeira vez, sua seleção der-

ra essa inovação, o que con-

rotada por mais de 100 pon-

tribuiu demais para a divulga-

tos. A reação a esse aconteci-

ção do basquetebol em escala

mento provocou o início da

mundial. De certa forma, con-

discussão da necessidade de

tribuímos muito para que isso

colocarem atletas da NBA pa-

acontecesse.

ra defender o time americano, o que viria a se concreti-

Muito se pode falar ainda so-

zar cinco anos depois em 1992, com o surgi-

bre 87. Deixo apenas essas palavras como

mento do ―Dream Team‖, formado por Michael

contribuição e homenagem aos nossos atletas

Jordan, Magic Johnson, Larry Bird e mais ou-

e companheiros da Comissão Técnica, agora

tros ícones do basquetebol profissional. Como

que já se passam 24 anos do inesquecível 23

ex-treinador da seleção brasileira na época, fui

de agosto de 1987 para muitos de nós.

Quem é José Medalha? Possui graduação em Educação Física (Licenciatura) pela Escola de Educação Física do Estado de São Paulo ( atual USP) (1967), Especialização em Técnica Desportiva (Basquetebol ) pela Escola de Educação Física do Estado de São Paulo (1968), Mestrado em Educação Física pela INDIANA UNIVERSITY, BLOOMINGTON, EUA (1979), Doutorado em Educação Física pela INDIANA UNIVERSITY, BLOOMINGTON, EUA (1982) e Livre Docência em Educação Física pela UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (1990). Técnico de basquete, Agente FIBA e Consultor Técnico. Mantém o site http:// www.josemedalhabasketball.com/

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Quem é Alessandro Trindade? Desenhista desde criança, , arquiteto gaúcho e foi atleta da UFPel em Jogos Universitários Gaúchos (JUGs) e agora é basqueteiro de final de semana. Mudou-se para Bahia há dez anos. Quando não está projetando, faz charges e ilustrações para Revista Mais Basquete.

16


Seria o basquetebol um jogo desportivo coletivo aeróbio? Fabrício Boscolo Del Vecchio O basquetebol, modalidade inserida no

que o basquetebol tem predominância anaeró-

rol dos Jogos Desportivos Coletivos de invasão,

bia. Para os que não se lembram das vias

provoca que jogadores, de duas equipes dife-

energéticas,

rentes, tentem encestar a bola. Para isto, con-

bom

siderando a altura do conjunto cesta-tabela, e

revisão recente foi

por haver a invasão, espera-se que seus prati-

publicado

cantes exibam aptidão física elevada.

McCormick, & Ro-

um

trabalho

de

(Baker,

bergs, 2010). Nele,

Dentre os componentes mais relevan-

são indicadas três

tes, identificam-se dois: o componente aeróbio

vias

e o neuromuscular. Quanto ao segundo, pon-

predominan-

tes: a derivada do

tua-se que níveis elevados de força e potência

sistema dos fosfa-

são essenciais para arremessos, passes deslo-

tos, a glicólise e a

camentos e saltos, mas esta variável não será

respiração

foco do presente texto. Nesta oportunidade,

mito-

condrial. No entanto, vale lembrar o ATP mus-

será discutido o aspecto aeróbio da modalida-

cular previamente disponibilizado, o qual não

de, e não o anaeróbio. Por quê? Quanto à con-

foi considerado nesta perspectiva, devido ao

tribuição dos sistemas energéticos, muitos tra-

pouco tempo de manutenção do esforço por

balhos, autores e treinadores tendem a indicar

este sistema.

Assim, um dos grandes problemas, não tão atuais, em prescrição do exercício físico é acreditar que, para ser aeróbia, a atividade precisa durar mais de 20 minutos, ser de intensidade leve ou moderada, e assim por diante...

E porque o basquetebol é predominantemente aeróbio? Apesar de os livros mais tradicionais de fisiologia do exercício (McArdle...) e treinamento esportivo (BOMPa) indicarem que o sistema aeróbio é ativado

após tempo

moderado de esforço, entre oito e doze minutos, atualmente se sabe que isto não é verdade. Pensando no exercício contínuo, como caminhadas, corridas, pedaladas com a mesma

17


Seria o basquetebol um jogo desportivo coletivo aeróbio? Fabrício Boscolo Del Vecchio

moderado de esforço, entre oito e doze minu-

Investigação que quantificou a relação tempo-

tos, atualmente se sabe que isto não é verda-

movimento na modalidade observou que os

de. Pensando no exercício contínuo, como ca-

jogadores investem 8,8±1% do tempo total de

minhadas, corridas, pedaladas com a mesma

jogo com movimentos específicos de alta in-

intensidade ao longo de todo o esforço, ou com

tensidade, 5,3±0,8% com sprints e 2,1±0,3%

pequenas modificações sem muito significado,

com saltos (Abdelkrim, Fazaa, & Ati, 2007). O

o sistema aeróbio passa a ser predominante

restante do tempo é dispendido com caminha-

após 75 segundos de atividade (Gastin, 2001).

das e trotes. Complementarmente, os mesmos

Assim, mesmo que você corra na quadra, qui-

autores observaram que:

cando a bola, de modo muito intenso, o mais

i)

forte que puder, e este esforço durar 1 min e

a frequência cardíaca média de jogo é de 171±4 bpm, embora haja diferenças sig-

15 segundos, ele será predominantemente

nificantes entre pivôs e armadores; e

mantido pela via aeróbia de fornecimento de

ii)

energia.

a concentração de lactato sanguíneo chegou a 6,05±1,27 mmol

Assim, um dos grandes problemas, não

(Abdelkrim, Fa-

zaa, & Ati, 2007)

tão atuais, em prescrição do exercício físico é

Assim, com diferentes paradas bruscas,

acreditar que, para ser aeróbia, a atividade

mudanças de direção, saídas rápidas, passes e

precisa durar mais de 20 minutos, ser de in-

toda a dinâmica envolvida na modalidade, ele

tensidade leve ou moderada, e assim por dian-

é tipicamente considerado um exercício inter-

te... O que foi indicado por Gastin (2001) ex-

mitente (Glaister, 2005). E, neste âmbito, a

plica o exercício contínuo, no entanto, parece que basquetebol não tem esta característica.

18


Seria o basquetebol um jogo desportivo coletivo aeróbio? Fabrício Boscolo Del Vecchio

fisiologia do exercício contínuo não ajuda, pois

com o passar do tempo, e o acúmulo de esfor-

não considera o acúmulo das diferentes pro-

ços, como acontece no interior dos quatro pe-

porções de esforço:pausa e não considera a

ríodos do basquete e ao longo de todo o jogo,

amplitude desta relação. Como indicado anteri-

certamente o predomínio energético desta

ormente, o metabolismo aeróbio é ativado de

modalidade

modo muito mais precoce e esforços que jul-

2009).

gávamos serem predominantemente anaeró-

é

aeróbio (Stone & Kilding,

Desta reflexão inicial, vale a pergunta: se

bios são, na verdade, predominantemente ae-

o componente aeróbio é predominante, o que

róbios. Para exemplificar isto, em 1996 um

é determinante do êxito esportivo no basque-

grupo de investigadores canadenses propôs

tebol? Série de estudos brasileiros dá indicati-

que sete homens fizessem três séries de esfor-

vo de que força, potência e velocidade são es-

ços cíclicos muito intensos que duravam 30 se-

senciais (Moreira, Okano, Souza, Oliveira, &

gundos e, após estes esforços, descansassem

Gomes, 2005; Moreira, Oliveira, Okano, Souza,

por quatro minutos (em relação de esfor-

& Arruda, 2004). Outros trabalhos ainda dão

ço:pausa de 1:8). Na primeira série de esforços de 30 segundos, o componente aeróbio foi responsável por 16-28% da energia provida, a degradação de fosfocreatina por 23-38% e a glicólise anaeróbia por 50-55%, o que caracteriza esta primeira série como anaeróbia. No entanto, com o acúmulo de mais duas séries, interceptadas por quatro minutos de recuperação cada, as coisas mudam. Ao final da terceira série, constatou-se que o sistema da fosfocreatina (ATPCP) foi responsável por, aproximadamente, 15% de toda energia produzida, a glicólise anaeróbia foi responsável por percentual entre 10-15% e o componente aeróbio por, aproximadamente, 70% de toda energia necessária para se cumprir esta última série (Trump, Heigenhauser, Putman, & Spriet, 1996). Ou seja,

19


Seria o basquetebol um jogo desportivo coletivo aeróbio? Fabrício Boscolo Del Vecchio

elevada

atenção

ao

componente

aeróbio

intermitentes.

(Stone & Kilding, 2009), realizado de modo

ii)

clássico, com corridas, ou de modo mais con-

Uma série é composta por duas corridas intermitentes. A primeira deve cumprir

temporâneo, usando condicionamento específi-

espaço próximo de 40 metros em elevada

co da modalidade, como os jogos em espaços

intensidade (10 segundos), realização de

reduzidos, principalmente os de meia quadra,

30 segundos de recuperação ativa e, en-

ataque-defesa (Montgomery, Pyne, & Minahan,

tão, 180° de mudança de direção para

2010). Por fim, registra-se, ainda, o uso de

corrida intensa de mais 40 metros.

exercícios intermitentes de alta intensidade, os

iii)

quais, embora não simulem todas as situações

Entre cada uma destas séries se dá intervalo próximo de 90 segundos, em corrida

de jogo, contribuem para a rápida elevação da

de baixa intensidade.

aptidão física dos jogadores e adequada manutenção da mesma ao longo da temporada com-

Com o tempo, espera-se apresentar no-

petitiva (Zadro, Sepulcri, Lazzer, Fregolent, &

vas atividades, em diferentes contextos, focan-

Zamparo, 2011).

do o desenvolvimento e aprimoramento metabólico de atletas com foco no basquetebol. E,

A título de exemplo, e sem envolver ne-

para um futuro próximo, novas temáticas

nhum tipo de atividade com bola, pode-se exe-

emergentes, como periodização do treinamen-

cutar a seguinte atividade: i)

to e o controle e monitoramento das cargas de

2 a 4 séries de 10 repetições de corridas

treino serão destaque nesta coluna.

20


Seria o basquetebol um jogo desportivo coletivo aeróbio? Fabrício Boscolo Del Vecchio

Referências

seletivas no basquetebol durante um mesociclo de preparação: implicações sobre a velocidade e as diferentes manifestações de força. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, 13 (2), pp. 7-15.

Abdelkrim, N. B., Fazaa, S. E., & Ati, J. E. (2007). Time–motion analysis and physiological data of elite under-19-year-old basketball players during competition. British Journal of Sports Medicine , 41 (2), pp. 69–75.

Moreira, A., Oliveira, P. R., Okano, A. H., Souza, M., & Arruda, M. (2004). A dinâmica de alteração das medidas de força e o efeito posterior duradouro de treinamento em basquetebolistas submetidos ao sistema de treinamento em bloco. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, 10 (4), pp. 243-250.

Baker, J. S., McCormick, M. C., & Robergs, A. R. (2010, October). Interaction among SkeletalMuscleMetabolic Energy Systems during Intense Exercise. Journal of Nutrition and Metabolism , pp. 1-13. Gastin, P. B. (2001). Energy system interaction and relative contribution during maximal exercises. Sports Medicine, 31 (10), pp. 725-741.

Stone, N. M., & Kilding, A. E. (2009). Aerobic Conditioning for Team Sport Athletes. Sports Medicine, 39 (8), pp. 615-642.

Glaister, M. (2005). Multiple sprint work: Physyology response, mechanisms of fatigue and de influence of aerobic system. Sports Medicine, 35 (9), pp. 757-777.

Trump, M. E., Heigenhauser, J. F., Putman, C. T., & Spriet, L. (1996). Importance of muscle phosphocreatine during intermittent maximal cycling. Journal of Applied Physiology, 80 (5), pp. 1574-1580.

Montgomery, P. G., Pyne, D. B., & Minahan, C. L. (2010). The Physical and Physiological Demands of Basketball Training and Competition. International Journal of Sports Physiology and Performance, 5 (1), pp. 75-86.

Zadro, I., Sepulcri, L., Lazzer, S., Fregolent, R., & Zamparo, P. (2011). A protocol of intermittent exercise (shuttle runs) to train young basketball players. Journal of Strength and Conditioning Research, 25 (6), pp. 1767–1773.

Moreira, A., Okano, A. H., Souza, M., Oliveira, P. R., & Gomes, A. C. (2005). Sistema de cargas

Quem é Fabrício Boscolo Del Vecchio? Bacharel (2001) e Licenciado (2004) em Educação Física pela UNICAMP, onde também completou seus estudos de mestrado (2005) e doutorado (2008) em Ciências do Esporte, o professor Fabrício Boscolo Del Vecchio circula nos grupos de estudos dos pós-graduações da FEF-UNICAMP, EEFE-USP e ESEFUFPel, além de ser membro da National Strength and Conditioning Association (EUA), do Comitê Científico do GTT12 - Treinamento Esportivo do CBCE e Moderador da Comunidade Judô do Centro Esportivo Virtual. Tem experiência na área de Educação Física, com ênfase em Modalidades de Combate, Treinamento Esportivo e Saúde Coletiva e Atividade Física. Autor de artigos e livro, também foi preparador físico de lutadores de Judô, Brazilian Jiu-Jitsu e Taekwondo. Atualmente é Professor da ESEF-UFPel (PelotasRS) onde tem contribuído com a preparação física de atletas e equipes (lutas e basketball) e conquistado resultados positivos em competições locais, estaduais e nacionais.

21


22


Como Formar um Armador? Marcello Berro

Considero o basquetebol, entre os es-

Outra parcela importante é a sintonia.

portes coletivos, o que exige a maior necessi-

Existir unidade onde os atletas estejam interli-

dade dos atletas estarem permanentemente

gados, utilizando o lado racional, com uma co-

sintonizados, conectados. Essa necessidade

nexão espiritual, gerando energia positiva, que

requer desde a iniciação, um forte embasa-

tornará a equipe capaz de superar situações

mento do lado cognitivo e até espiritual dos

adversas de qualquer espécie.

atletas. Sou adepto da teoria onde um atleta

Entendo que o aspecto físico seja o mais

com raciocínio lento e sem a ―presença de es-

delicado de ser trabalhado. Quando pensamos

pírito‖, não joga basquete! Ouvi do meu pri-

em treinamento físico automaticamente reme-

meiro técnico ( Professor Israel Washington de

te a força, músculos, explosão. Principalmente

Freitas) a seguinte frase: “O xadrez e o basquetebol são os dois únicos esportes, onde os atletas que se

O armador necessita “ler” o que sugere a defesa adversária (veneno) e preparar os movimentos ofensivos (antídoto). O armador precisa ser convicto, seguro do que está fazendo e dar a confiança aos atletas das outras posições, onde eles acreditem cegamente que o que está sendo determinado é o melhor para a equipe.

destacam, usam mais o que existe acima da sobrancelha do que o resto do corpo”. Desde quando virei técnico, essa frase ecoa em meus pensamentos. Tento transmitir essa necessidade dos atletas possuírem uma percepção (leitura) apurada de todos os movimentos e variações, muitas vezes sutis (o que faz a diferença), que acontecem durante uma partida de basquetebol. Quando um técnico consegue que seus atletas estejam focados, atentos e interpretando o que o jogo propõe um quarto do caminho para a vitória está garantida.

23


Como formar um Armador? Marcello Berro

na iniciação, o aspecto físico tem que ser pen-

FUNDAMENTAL) do basquetebol.

sado em exercitar exaustivamente o lado coor-

Em todas as equipes que dirigi (e em

denativo, com exercícios que leve a criança/

todas que dirigirei) o armador é o capitão.

adolescente a dominar seu corpo, aliando a

Penso que não pode haver um armador tímido

maior quantidade possível de movimentos com

(dentro de quadra), ou que não possua o espí-

equilíbrio e velocidade. A força e explosão de-

rito de liderar. Afinal, quem determina as

ve ser consequência de uma boa base coorde-

ações ofensivas? Corrige os posicionamentos?

nativa, jamais o inverso.

Quem é o cérebro do time? Quem é o respon-

Todos esses aspectos, citados anterior-

sável

por

interligar

os

quatro

aspectos

mente, valerão muito pouco se os atletas não

(cognitivo, espiritual, físico e os fundamentos)

dominarem os fundamentos (derivação mascu-

que resumem o basquetebol? Quem é o técni-

lina singular de FUNDAR, BASE PRINCIPAL,

co dentro de quadra?

24


Como formar um Armador? Marcello Berro

O armador necessita ―ler‖ o que sugere

(posicionamento) que seja adequado para su-

a defesa adversária (veneno) e preparar os

perar a defesa.

movimentos ofensivos (antídoto). O armador

Por ser o atleta que normalmente faz a

precisa ser convicto, seguro do que está fazen-

transição e quem organiza a equipe, os funda-

do e dar a confiança aos atletas das outras po-

mentos (bons ou ruins) do armador se tornam

sições, onde eles acreditem cegamente que o

evidentes. Os defensores (os inteligentes) não

que está sendo determinado é o melhor para a

darão espaço para o armador pensar, enxergar

equipe. Ele precisa conhecer as capacidades

o jogo e farão o possível para que ele não che-

físicas, as qualidades e deficiência dos funda-

gue na posição ideal para ―cantar‖ o movimen-

mentos de cada companheiro (se possível dos

to de ataque, tentarão ―quebrar‖ o primeiro

adversários) para poder escolher o encaixe

passe.

25


Como formar um Armador? Marcello Berro

No ataque, o manejo de bola, domínio

até mesmo marcar nessa situação. Todos os

com ambas as mãos, mudanças de direção, os

atletas de uma equipe até SUB-15 devem trei-

passes precisos de todos os tipos e a visão pe-

nar (no mínimo) como armadores, exercitar a

riférica são os fundamentos primordiais de um

liderança, a visão de jogo.

bom armador. Na defesa, o veloz deslocamento de pernas, o

agressivo

posiciona-

mento dos braços, o costume de sempre incomodar quem tem a bola sem jamais ser ultrapassado e induzir o adversário a driblar com a mão ―fraca‖ proporcionará um grande conforto a todos os demais defensores. Na troca

de

formação, posições

a nos

treinamentos, é determinante para que um entenda como é a função do outro, conheça as dificuldades e, assim, respeitar quem joga naquela posição, até por que, invariavelmente,

acontece

de

um armador ter que usar um giro de pivô (situação de vantagem de altura sobre seu marcador) ou

26


Como formar um Armador? Marcello Berro

A especialização precoce é o maior ―crime‖ que um técnico pode cometer com os seus atletas, embora em busca de resultados essa prática seja muito comum. Provo essa visão com duas perguntas: 1.

Quantos ―super-pivôs‖ (cestinhas de campeonatos nas categorias inferiores a SUB15) pararam de crescer e não tiveram o embasamento de fundamentos de um lateral ou de um armador e acabaram parando de jogar?

2.

Imagine uma seleção brasileira com um armador de mais de dois metros, habilidoso, veloz com bom arremesso e você sendo lembrado como o técnico formador desse talento. O que vale mais, o título no Sub-15 ou ser o técnico formador de um atleta diferenciado?

Quem é Marcello Berro? Marcelo Berro é Técnico Provisionado pelo CREF-RJ em 2004, trabalhou em diversos clubes do Rio de Janeiro e da Bahia (Botafogo, América F. C., Hebraica-RJ, Grajaú Country Clube, Flamengo, Talentos nativos e Faculdade Souza Marques). Atualmente é Coordenador Técnico do Centro de Treinamento do Bábby. E-mail: mberrocoach@hotmail.com, Twitter: @coachberro,

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Conecte-se ao PBC e fique por dentro do basquete no sul do Brasil. www.pelotasbasketballclube.esp.br www.twitter.com/pelotasbasket 28


Esporte, Escola e Educação Física: pensando na história para buscar novos caminhos Ronaldo Pacheco Nesta minha primeira participação nesta

cada pela censura, e pela ausência de líderes,

revista, gostaria de abordar um tema que tem

que se refugiavam do país ou eram presos e

feito parte das discussões atuais (ainda mais

torturados, nos porões da ditadura.

com a proximidade da realização da Copa do

O uso do esporte como principal e na

Mundo de Futebol e das Olimpíadas no Brasil),

maioria das vezes único instrumento da educa-

mas que na verdade foram iniciadas a partir da

ção física escolar, para o desenvolvimento es-

década de 80. Penso ser importante realizar

portivo, teve um lado altamente positivo, pois

uma reflexão sobre a questão do esporte na

nesta época, com o advento da criação dos Jo-

escola, e nos artigos posteriores pretendo tra-

gos Escolares Brasileiros, houve um investi-

tar especificamente, sobre o basquetebol na

mento maciço na construção de instalações,

educação física escolar.

compra de materiais esportivos, e consequen-

Antes de tudo, é importante esclarecer

temente o surgimento de vários atletas em di-

que estas minhas reflexões se originam nas

versas modalidades que se destacaram no es-

minhas vivências e estudos nestes quase qua-

porte brasileiro e internacional. Oscar, Marcel,

renta anos ligado à prática esportiva e ensino

Hortência, Paula, Joaquim Cruz, Bernard, Willi-

escolar e universitário. Como toda reflexão,

am, e muitos outros em diversas modalidades,

está sujeita a contestação e ao debate de idei-

são exemplos claros desta fase. É bem verda-

as que ao final é a base de todo o aprendizado.

de que muitos destes atletas não foram criados e desenvolvidos no ambiente escolar, mas

Para iniciar estas reflexões é necessário

ao terem contato com a modalidade na escola,

fazer um resgate histórico sobre o uso do es-

buscavam clubes e/ou outros centros onde se

porte na educação física escolar. Para os mais

especializavam e tinham oportunidade de par-

novos, é importante lembrar que nos meados

ticipar de várias competições.

da década de 1960, com a implantação da ditadura militar no nosso país, o esporte foi utili-

Por outro lado, não há como negar que

zado como forma de melhorar a autoestima do

na educação física escolar, voltada para o trei-

povo e também de proporcionar uma válvula

namento das equipes colegiais, havia também

de escape para uma população que vivia sufo-

uma exclusão muito grande dos menos talen-

29


Esporte, Escola e Educação Física: pensando na história para buscar novos caminhos Ronaldo Pacheco

geriam concepções filosóficas, sociológicas e políticas que tornassem a prática da educação

Será que antes de pensarmos na formação esportiva, não devemos nos preocupar com a alfabetização motora das crianças, como passo inicial?

física mais fundamentada em uma visão crítica e menos ―alienante‖ da cultura corporal de movimento. No

meu

modo

de

ver,

a

quase

―criminalização‖ do uso do esporte, foi um engano que levou a tentativa de afastamento do seu uso nas aulas de educação física escolar. O problema nunca foi do esporte em si, mas do uso que se fez dele de forma excludente e com

tosos, pois com turmas grandes, não havia co-

fins unicamente competitivos. Ressalto tam-

mo os professores treinarem as equipes que

bém, que a competição quando bem dirigida é

representavam as escolas. Esta exclusão afas-

um elemento altamente motivador e nos leva a

tou muita gente de uma prática saudável da

entender as nossas limitações e possibilidades,

atividade física, pois era quase que exclusiva-

mas por outro lado, é perniciosa quando leva

mente voltada para os treinamentos. Muitos

em conta apenas a separação entre vencedo-

dos que nos leem neste momento podem dis-

res e perdedores. A competição foi taxada des-

cordar do que foi dito acima, mas provavel-

ta forma para os críticos das modalidades es-

mente foram aqueles que ou fizeram parte das

portivas.

equipes colegiais ou tinham ojeriza, e por

Muitos professores formados nesta épo-

qualquer destes fatos, não se sentiram discri-

ca tomaram contato com um discurso político

minados ou excluídos.

ideológico que, incapaz de compreender de

Com o final da ditadura militar, vários

forma ampliada o esporte, passou então a

professores e autores da área da educação físi-

paulatinamente negá-lo na escola.

ca, que se sentiam incomodados com a utiliza-

A verdade é que somando a insuficiente

ção indiscriminada dos esportes na educação

e míope preparação dos professores para a

física escolar, começaram a contestar este uso.

formação esportiva, e a queda da valorização

Esta prática de forma excludente, e muitas ve-

da educação física no âmbito escolar, passa-

zes irrefletida, levou estes estudiosos a contes-

mos a viver uma época de alto índice de

tar o uso de esporte na escola de forma con-

―analfabetismo motor‖ devido ao abandono do

tundente. As novas abordagens propostas su-

30


Esporte, Escola e Educação Física: pensando na história para buscar novos caminhos Ronaldo Pacheco

papel indispensável que a prática de atividades

devemos nos preocupar com a alfabetização

física deve ter na vida de todo ser humano.

motora das crianças, como passo inicial? Como realizar isso se na fase de maior importância

É bem verdade que existem muitos pro-

para aquisição adequada da descoberta corpo-

fessores que, conscientes deste seu papel, tra-

ral e dos movimentos básicos (1º ao 5º ano),

vam uma luta hercúlea para conduzir seus alu-

não temos professores de educação física nos

nos para o alcance dos inúmeros objetivos que

colégios?

a educação física pode promover, porém há outros tantos que se acomodam e se escon-

Penso que é possível uma convivência

dem atrás de discursos vazios sobre uma dita

harmoniosa entre o esporte introduzido na es-

prática socializadora, abandonando seus alu-

cola e o esporte de rendimento, desde que se-

nos a meros momentos de recreação descom-

ja respeitada cada etapa do desenvolvimento

promissada e banal.

motor, cognitivo e afetivo do aluno e que o esporte não seja uma imposição e instrumento

O que vemos atualmente nos momentos

único da educação física. Dar condições moto-

de discussão sobre a prática esportiva no nos-

ras e atrair para o esporte em vez de impor a

so país, é que a escola não tem cumprido o

prática esportiva, talvez seja o primeiro passo

seu papel de formadora de futuros esportistas.

para esta convivência.

Apesar de concordar que o papel da educação física escolar está muito abaixo do esperado,

Muitas são as maneiras de se promover

será que esta falta de formação esportiva inici-

uma formação adequada e para isso vários au-

al tem como única vilã a atuação dos professo-

tores atuais ligados à pedagogia do esporte

res de educação física na escola? Será que an-

têm apresentado caminhos. Sobre isso preten-

tes de pensarmos na formação esportiva, não

do discorrer no próximo artigo.

Quem é Ronaldo Pacheco? Professor de educação física e técnico de basquetebol, com mestrado na área de educação física e especialização em psicologia do esporte. Professor da Universidade Católica de Brasília e da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal, cedido à Universidade de Brasília.

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Formando Atletas e Técnicos Através do Esporte Universitário Carlos Alex Soares Quando eu conheci o basquete eu só

americanos os fazia (ainda faz?) utilizarem o

queria atirar a bola na cesta, vê-la passar pelo

talento esportivo como trampolim para uma

aro, sentir o som do quique na quadra... Logo

vida melhor e se o talento existir concretizam

eu queria vestir a camiseta da seleção, aquele

o sonho de jogar na NBA (ou na NFL ou na

uniforme listrado me encantava e minha equi-

MLB), mas também serão seres humanos mui-

pe também tinha um uniforme listrado, era da

to melhores... Aí me lembro de outro vídeo

Adidas, lembro bem dele com se fosse hoje...

(http://youtu.be/G40g9RTxurw) que fala da

Eu tinha um objetivo: aprender a jogar para

importância da NCAA e do modelo adotado pe-

jogar pela seleção. Claro, eu desconhecia a po-

lo esporte americano: mais de 300 mil estu-

liticagem no esporte e como os atletas do inte-

dantes universitários com algum tipo de bolsa

rior são desvalorizados, mesmo com algum ta-

universitária para jogar o esporte que os fazia

lento – eu realmente tinha pouco tempo de

brilhar na infância/adolescência.

quadra e quando me destaquei deixei, por um

Então, eu me pergunto: com o que o jo-

tempo, o que todos chamamos de plano B,

vem brasileiro apaixonado pelo basquete so-

mas que deve ser o plano A: os estudos. Minha

nha? Em ser igual ao Carioquinha, como eu

mãe não me deixou sair de Bagé quando a

fazia? Em arremessar de longe e ouvir o baru-

proposta de Santa Cruz do Sul foi feita. E foi

lho da rede, vestindo aquele uniforme listrado?

justo. Perdi uma oportunidade, mas aprendi a lição. Mas quero falar dos sonhos. Vi um vídeo da NBA (http://youtu.be/o801DCy_0DA) e fiquei pensando nos moleques americanos, sonhando em jogar na NBA. Ver um dos muitos vídeos de Michael Jordan e de Magic Johnson mostra como eles sonhavam em ir para a... Universidade. O sistema de ensino, a segregação racial do passado e a pobreza dos afro-

32


Formando Atletas um e Técnicos Através Como formar Armador? do Esporte Universitário Marcelo Berro Carlos Alex Soares

Sonham com cravadas magníficas? Sonham e

NBA eles são obrigados a estudar e, conse-

passar bolas para o arremesso certeiro do Mar-

quentemente, melhoram sua cultura e abrem o

celinho? Ou em deixar o Bábby livre em um

leque para a aquisição de conhecimentos e de

pick and roll? Não, primeiro eles nem sabem

outra língua que lhes fará muito bem no futu-

os nomes dos jogadores brasileiros e segundo

ro.

eles sonham em jogar nos Estados Unidos, na

Mas na análise do que nossos jovens so-

NBA. Assim eles poderão alcançar a mesma

nham – os sonhos de outra cultura – percebe-

fama que Nenê, Leandrinho, Varejão e, recen-

mos como a influência americana é muito

temente, o Splitter que obtiveram ao arriscar

grande em nossa cultura e, para concluir isso,

muito e conseguiram jogar naquilo que os pró-

não precisa ser um grande gênio, nem mesmo

prios esportistas da NBA dizem no vídeo: o

ser gênio, pois isso é óbvio. Mas só nos chega

melhor basquete do mundo!

o reflexo da coisa boa, pronta. O processo ár-

Pelo menos sonhando com uma vaga na

duo de construção é esquecido por nossos

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Formando Atletas um e Técnicos Através Como formar Armador? do Esporte Universitário Marcelo Berro Carlos Alex Soares

Não falo no vazio, sem experiência algu-

dentro da quadra, ela foi construída e, nesse

ma. Quando um pai libera um filho, com seus

processo, muita cultura foi adquirida antes dos

14, 15 anos para estudar e jogar por um clube

milhares de dólares que ainda acumula anual-

em outra cidade ou mesmo estado, pressu-

mente.

põem-se que haja confiança nessas entidades

Nenê, Varejão, Leandrinho e Splitter fa-

e que elas irão cumprir com a legislação brasi-

zem o que gostam, mas sabem que a aposen-

leira, especialmente no que diz respeito ao di-

tadoria esta nos contratos que firmarem nessa

reito e dever da criança e adolescente estar na

fase produtiva e, se perderem tudo, terão ape-

escola até os 18 anos. Os uruguaios fazem isso

nas a lembrança de um sonho realizado, mas

com suas seleções: concentram em Montevi-

que não manteve as melhorias que fizeram

déu e os matriculam em algum liceu da capital

parte do cotidiano por algum tempo. Se, em

no período que estivem a serviço da seleção. Não basta matricular, tem que acompanhar frequência, desempenho, estudo e notas. O que eu proponho é uma parceria entre a Confederação Brasileira de Basketball (CBB) e Confederação Brasileira de Desporto Universitário (CBDU) para fortalecer e dignificar os Jogos Universitários Brasileiros (JUB’s), formando parcerias com universidades em todo o país, pois já é visível que as universidades que apoiam o basquete no Brasil são retribuídas com visibilidade midiática e retorno financeiro. Então, nessa projeção de futuro e da busca do sonho americano, o sonho dos norteamericanos, a base é o que mais me preocupa. Para chegar a NBA, Michael Jordan teve que estudar no ensino médio, termina-lo dentro de uma determinada faixa etária e cursar, efetivamente, o curso de Geografia na Universidade da Carolina do Norte. Sim, se é uma referência

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Formando Atletas um e Técnicos Através Como formar Armador? do Esporte Universitário Marcelo Berro Carlos Alex Soares

uma hipótese remota, Jordan tivesse tido uma

vens fazem com o exército brasileiro, exigirão

lesão ou perdesse tudo, seria geógrafo ou pro-

aulas de educação física mais eficazes e o cír-

fessor de geografia. Isso não é raro no esporte

culo de importância de cada área se fechará,

norte-americano: fortunas vêm nos anos dou-

elevando o nível da educação brasileira e o es-

rados e se vão ao estalar dos dedos ou ao ro-

porte se beneficiará desse processo.

lar dos dados...

Mas para isso nosso imediatismo teria

Esse modelo educativo-esportivo é fun-

que dar lugar a um processo de planejamento

damental para o crescimento do esporte no

a médio e longo prazo, visando à continuidade

Brasil. Pessoas que possuem habilidade media-

na formação de atletas e a formação de líderes

na poderiam estar na universidade por causa

para diversas áreas entre aqueles que tiveram

de seu talento e, entre estes, alguns excelen-

a aquisição de hábitos saudáveis e levarão

tes jogadores poderão surgir. Aqueles que vi-

consigo a ótima lembrança do esporte na fase

sualizarem no esporte uma oportunidade de

universitária, mas não serão atletas de elite.

crescerem profissionalmente, como muitos jo-

Um grande exemplo disso é Barack Obama.

35


Formando Atletas um e Técnicos Através Como formar Armador? do Esporte Universitário Marcelo Berro Carlos Alex Soares

Bom, dediquei um espaço a formação de

na atualidade, esse processo de massificação é

atletas, pois é uma temática que gera muito

superior ao que podem responsabilizar-se. No-

debate, muitas ideias e possui um leque de te-

vos técnicos surgirão.

ses que o que sugiro é apenas uma fagulha

E aí, com muitos técnicos em ação, tal-

perto da necessidade de aquecer o esporte no

vez a revitalização da ATEBA (Associação de

país.

Técnicos de Basquete) seja viável e seríamos Entretanto, a proposta aqui elencada

perfeita capazes de formar os armadores, os

também gerará novos beneficiados: os profes-

técnicos para comandar nossas seleções e ain-

sores/técnicos. Por quê? Simples. Nesse pro-

da ―garimpar‖ atletas com potencial para tor-

cesso, o crescimento exponencial de competi-

nar-se referência em âmbito nacional.

ções e equipes, agora no nível universitário,

Provavelmente possamos voltar a ter

multiplicará os espaços de trabalho para técni-

grandes e ameaçadoras equipes nas disputas

cos que mesmo que haja um corporativismo

de títulos no presente e não apenas históricos

seletivo entre os técnicos dos clubes de ponta

e jurássicos vencedores do passado.

36


37


Ideias Sobre a Gestão do Basquete Brasileiro Jose Alberto Freyesleben Valle Pereira

Primeiramente parabéns aos que tive-

No caso específico do basquete, está

ram a idéia de lançar mais esse veículo de no-

mais do que na hora de termos um banco de

tícias sobre o basquete e aqueles que terão a

dados fidedigno, para que possamos mensurar

sensibilidade e oportunidade de acessá-lo,

as ações. Saber quantos clubes cada federação

agradecendo o convite para poder expressar o

tem como filiados, quais competições promo-

que penso.

ve, que categorias jogam no estado, e número de atletas registrados por idade. Após, fazer-

Falar sobre gestão e funcionamento no

mos esse raio-X nos clubes, até acredito que

atual momento que atravessamos não é tarefa

muitos desses dados a CBB possui mas não

fácil até porque não sou um especialista na

utiliza.

área, mas na tentativa de ajudar vou tentar traçar uns parâmetros em cima do que estou

Contratar técnicos capacitados para as

vendo na entidade que administra o basquete

áreas existentes, o que possibilitará o desen-

e deveria ser a responsável por seu fomento

volvimento da gestão, estratégias de ação e do

em todos os níveis.

planejamento geral da entidade, dentro da disponibilidade financeira existente.

O basquete e o esporte brasileiro em geral sofrem pela falta de bons dirigentes, e mui-

Com o corpo técnico e funcional adequa-

tos dos qualificados que temos não são apro-

do e capacitado a entidade passa a ter credibi-

veitados, por diversos motivos que não cabe

lidade e desenvolver seus projetos, buscar re-

aqui elencar, mas que entendo seja do conhe-

cursos, gerir as atividades para as quais foi cri-

cimento de todos.

ada.

Acredito que para iniciar uma gestão te-

Todos nós sabemos que existem cargos

mos que saber as condições da entidade que

políticos e técnicos, e devemos identificar as

estamos assumindo. Ver a saúde financeira, o

pessoas que os ocuparão, para tanto as esco-

funcionamento administrativo, conhecer o qua-

lhas tem que ser baseadas nos perfis de quem

dro funcional e sua capacitação, rever organo-

queremos que ocupe uma função, seja ela po-

grama, se está adequado às atividades que a

lítica ou técnica.

entidade desenvolve e saber qual a missão dela.

38


Ideias Sobre a Gestão do Basquete Brasileiro José Alberto Freyesleben Valle Pereira

Todos nós sabemos que existem cargos

tendimento, ações prioritárias, todas elas hoje

políticos e técnicos, e devemos identificar as

são, mas precisamos começar certo para ter

pessoas que os ocuparão, para tanto as esco-

condições de definição o que deve ser feito e ai

lhas tem que ser baseadas nos perfis de quem

sim eleger prioridades.

queremos que ocupe uma função, seja ela po-

Estando a casa arrumada vamos ao que

lítica ou técnica.

interessa, fazer basquete.

Existem várias fontes de incentivos go-

Em linhas gerais é assim que entendo o

vernamentais que podem servir de instrumen-

que deve ser feito na entidade maior do bas-

tos de fomento ao basquete e a CBB deveria

quete brasileiro, a partir daí seria possível pas-

ter um departamento específico para isso, in-

sar a auxiliar as demais camadas que com-

clusive auxiliando as próprias federações em

põem essa pirâmide.

suas ações de captação de recursos.

Saudações a todos.

Não há no momento atual em meu en-

Quem é José Alberto Freyesleben Valle Pereira ? Beto, como é conhecido no meio do basquete, tem 49 anos, é Bacharel em Direito, tem vínculos administrativos com o basquete catarinense há mais de 17 anos, tendo sido diretor de árbitros, administrador e supervisor de seleções catarinenses e brasileiras, Assessor Jurídico da Federação Catarinense de Basketball, além de ter trabalhado no gerenciamento de quadra do Pan 2007.

39


Formando Pessoas Cesare Augusto Marramarco

Quando recebi o convite

continuar trabalhando com a gu-

do Carlos Alex para escrever so-

rizada. Para mim sempre foi o

bre basquete e, especialmente,

momento de descontração, de

sobre iniciação, confesso que fi-

alegria e onde eu realmente me

quei bastante envaidecido e ao

sentia útil. Não que ser técnico

mesmo tempo preocupado. Ser

de equipe adulta seja menos im-

lembrado

ex-

portante, gratificante ou mais fá-

atletas e pessoas com quem con-

cil. Porém pelo meu tempera-

vivemos é sempre muito impor-

mento, o trabalho de formação

tante e acredito ser este o me-

sempre foi onde me senti realiza-

lhor reconhecimento, pois é feito

do. Todos nós, técnicos, sabemos

por pessoas que convivem neste

onde somos melhores e conside-

mesmo meio e sabem do seu tra-

ro isto fundamental não só para

balho. Porém, uma coisa é dar

o sucesso profissional como para

um treino, uma palestra, uma

a nossa felicidade. Afinal felicida-

atividade prática, coisas que fa-

de é o que todas as pessoas bus-

zem parte do teu cotidiano. Ou-

cam alcançar e acredito que só

tra é colocar isso no papel, o que

consigamos

não é absolutamente a mesma

felizes se isso acontece também

coisa. Espero poder corresponder

no trabalho.

pelos

colegas,

a esta expectativa.

realmente

sermos

Tanto quanto todas as ou-

Nestes 34 anos como téc-

tras profissões, ser técnico de

nico de basquete, praticamente

basquete exige amor e dedica-

nunca me afastei do trabalho

ção. E trabalhar com crianças

com as categorias de base, espe-

exige que se goste e se tenha

cialmente o minibasquete. Mes-

paciência com elas. Não se con-

mo quando técnico de equipes

funda isso com falta de limites ou

adultas, sempre fiz questão de

de cobrança em busca de objeti-

40


Formando Pessoas Cesare Augusto Marramarco

tivos. Porém o carinho e a paci-

bre técnica individual, fundamen-

ência em saber que cada um tem

tos ofensivos e defensivos, pois

um ritmo diferente de aprendiza-

estes sabemos

gem são essenciais. E, essencial-

pouco mais ou menos de traba-

mente, sabermos que estamos

lho, podem ser corrigidos em

lidando com pessoas em um mo-

qualquer fase da vida do atleta.

mento crucial de sua formação e

Entretanto, os valores e virtudes

o que for feito neste momento

morais encontram na iniciação o

provavelmente ecoará por toda a

seu melhor momento para serem

sua vida. E não estou falando so-

lapidados.

41

que, com um


Formando Pessoas Cesare Augusto Marramarco

Talvez seja por isso que

atletas,

formamos

pessoas.

O

considero tão importante o tra-

que quero salientar é que alguns

balho nesta fase. Costumo co-

que

mentar que, se fosse mudar al-

mais por suas capacidades pró-

guma coisa na minha carreira

prias do que por méritos nossos,

profissional, talvez tivesse estu-

serão atletas durante um tempo

dado um pouco menos sobre

maior. Talvez sejam atletas de

basquete e um pouco mais sobre

seleções estaduais, brasileiras ou

pessoas. Quando fui fazer o mes-

até profissionais. Porém o maior

trado com o meu querido e sau-

grupo será formado de pessoas

doso Prof. Ruy Krebs passáva-

que praticaram o basquete por

mos muito tempo estudando as

algum tempo e seguiram o seu

teorias do desenvolvimento hu-

rumo na vida, sendo profissionais

mano. Naquelas leituras e dis-

nas mais diferentes áreas. Prova-

cussões eu consegui encontrar

velmente algumas das experiên-

explicações para os meus erros e

cias do seu tempo de atleta lhes

acertos e solidificar a minha opi-

ajudem nesta sua vida profissio-

nião para a importância do traba-

nal e este será, provavelmente, o

lho nesta fase.

nosso maior pagamento.

No seu modelo

de especialização motora, o Prof. Ruy sempre salientou a importância do primeiro estágio, o de Estimulação, na formação do futuro atleta.

passarem

por nós, muito

Por outro lado, se o foco de nosso trabalho fosse essencialmente de formar atletas de alto nível,

provavelmente

seríamos

tremendamente frustrados, pois

Desta forma, uma das coi-

de cada dez atletas que come-

sas que mais me empolga no tra-

çam nas escolinhas e mini, talvez

balho é que, muito mais do que

um chegue a categoria juvenil.

42


Formando Pessoas Cesare Augusto Marramarco

Destes, a possibilidade de se

e a nossa função primordial nes-

profissionalizar é bastante pe-

te momento é ensinar, o melhor

quena, dado ao número de equi-

possível, a estes jovens. A moti-

pes que temos em nosso país.

vação deles para a prática vem

Dependendo

do êxito em conseguir realizar as

da

região,

esta

chance é ainda menor. No

entanto,

tudo

técnicas que constituem o jogo. isso

acontece através da prática do basquete. As crianças que vem até nós estão com a sua atenção voltada para a prática do esporte

Porém, nós como técnicos devemos ter esta visão a longo prazo para sabermos da importância de cada situação de nosso apaixonante esporte.

Quem é Cesare Augusto Marramarco? Formado em Educação Física na UFRGS, Especialista em Treinamento DesportivoAtletismo pela URCAMP- Bagé e Mestre em Ciências do Movimento Humano, com ênfase em Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, pela UDESC. Técnico de basquete desde 1978, tendo

atuado na SOGIPA, FUnBa

(hoje URCAMP), Clube Recreio da Juventude, Clube Juvenil e escolas da rede municipal, estadual e particular. Atualmente é professor da Universidade de Caxias do Sul e da rede municipal de ensino do município de Farroupilha, trabalhando com escolinhas de formação esportiva.

43


Visite o Centro Esportivo Virtual e participe do debate sobre o basquete.

www.cev.org.br/comunidade/basquete

44


Franca: Ginásio “Pedrocão” Jogo das Estrelas 2011.

Brasília: Ginásio Nilson Nelson. 45


Quando o Basquete Derruba Barreiras e Fronteiras por Alvaro Guimaraes Entre os dias 29/7 e 1º/8,

atletas da NBA e da WNBA. Esta

o Rio de Janeiro foi palco de um

foi a segunda vez que o progra-

dos mais interessantes progra-

ma, criado em 2001, passou pelo

mas de transferência de conheci-

Brasil.

mento esportivo do mundo: o Basketball

Without

Borders

(Basquetebol Sem Fronteiras ou BWB).

A edição brasileira do BWB foi dirigida pelo ex-jogador do Atlanta Hawks, Dominique Wilkins, que veio ao Rio acompa-

Durante três dias 50 jo-

nhado de outros craques da NBA,

vens promessas do basquetebol

como Sam Perkins (Seattle Su-

latino-americano participaram de

personics), Allan

oficinas, treinos e jogos orienta-

Knicks) e Adonal Foyle (Orlando

dos por técnicos, atletas e ex-

Magic). Além dos jogadores, al-

46

Houston (NY


Quando o Basquete Derruba Barreiras e Fronteiras por Álvaro Guimarães

guns dos principais treinadores

ção a importantes temas sociais

da liga norte-americana também

que afetam as comunidades ao

aportaram na capital fluminense:

redor do mundo”, resumiu Kath-

Austin

leen

Ainge

(Boston

Celtics),

Behrens,

vice-presidente

Kaleb Canales (Portland Trailbla-

Executivo de Programas Comuni-

zers), Alex English (Toronto Rap-

tários e Jogadores da NBA.

tors),

Alvin

suns)

e

Gentry Phil

(Phoenix

Weber

(NY

Pratas da casa

Knicks). O “dream team” do 10º

Oito jogadores brasileiros

BWB foi completado com o pre-

com menos de 19 anos foram se-

parador físico Will Sevening (San

lecionados

Antonio

vice-

evento: Henrique Coelho, Gusta-

presidente de atletas do Houston

vo Scaglia de Paula, Leonardo

Rockets, Gersson Rosas.

Simões Meindl, Lucas Fernandes

Spurs)

e

o

para

participar

do

“Este programa representa

Mariano, Felipe Braga, Deryk Ra-

o compromisso da NBA de elevar

mos, Leonardo Roese e Felipe

o jogo de basquete e atrair aten-

Rech.

47


Quando o Basquete Derruba Barreiras e Fronteiras por Álvaro Guimarães

Nessa sua edição de estreia a Mais Basquete apresenta o perfil de dois destes jovens craques que têm tudo para orgulhar o basquete brasileiro e, quem sabe até vestir a camisa que foi de um dos instrutores do 10º BWB. Henrique Coelho, armador Mineiro de Uberlândia, Coelho é atualmente um dos armadores da equipe Unitri Uberlândia e apesar de ter apenas 18

“Todo atleta gostaria de servir à

anos, já ostenta uma coleção de

Seleção Brasileira, em qualquer

títulos capaz de causar inveja em

competição. Minha história na

muito marmanjo. Entre eles des-

seleção começou quanto eu tinha

tacam-se dois campeonatos mi-

15 anos e foi tudo pra mim, pois

neiros e um campeonato brasilei-

ouvir o Hino Nacional e saber que

ro de seleções, além de repetidas

estou representando milhões de

convocações

seleções

brasileiros não tem preço. Espe-

brasileiras de base nos últimos

ro, sim, jogar as Olimpíadas do

três anos.

Rio e muitas outras competições

Apesar

para

da

as

pouca

altura

(1,82m) o garoto que começou a jogar inspirado no irmão e no ar-

e tenho certeza de que estarei pronto quando minha hora chegar”, diz.

mador Valtinho, ―o maestro do

Sobre sua convocação pa-

Uberlândia‖, não teme os desafi-

ra o 10º BWB, Coelho não escon-

os do basquete profissional e al-

de a emoção: ―Fui avisado pelo

meja defender a seleção principal

José Alves Neto e foi uma das

no Rio em 2016.

melhores notícias que já recebi. Sempre via atletas indo pro Bas-

48


49


Quando o Basquete Derruba Barreiras e Fronteiras por Álvaro Guimarães

quete sem Fronteira, mas não

conduzido pelas mãos de um ir-

me imaginava lá e agora foi mi-

mão mais velho, nesse caso es-

nha vez‖.

pecífico se trata de Rafael Scaglia de

Gustavo Scaglia de Paula, ala-armador Aos 18 anos esse paulista

Paula,

ex-Pinheiros

e

ex-

Sorocaba, hoje no time universitário da Universidade de São Paulo (USP).

de Sorocaba está com as malas

Seguindo os passos do ir-

prontas para embarcar rumo a

mão, Gustavo trilha uma trajetó-

Yuma

Arizona

ria de sucesso no basquete brasi-

(EUA), onde estudará e jogará no

leiro e o pouco tempo de carreira

Arizona Western College.

não o impede de colecionar tro-

no

estado

do

Gustavo é outro caso de atleta que entre no basquete

féus entre os quais se destacam o bi-Campeonato Paulista (2007-

50


Quando o Basquete Derruba Barreiras e Fronteiras por Álvaro Guimarães

2008), o Campeonato Brasileiro

―Deveria haver muitas dessas se-

de Seleções (2010) e o terceiro

leções pelo Brasil inteiro, pois to-

lugar

dos

no

Campeonato

Sul-

dessa

seleção

evoluíram

Americano (2008), este conquis-

muito, e no Brasil acredito haver

tado com a camisa da Seleção

muitos talentos perdidos por fal-

Brasileira.

ta de investimento no basquete‖,

Do alto de seu 1,94 metro de altura Gustavo lança olhares

analisa com surpreendente maturidade.

diretos às Olimpíadas do Rio-16. A convocação para a Seleção de Desenvolvimento

reforça

suas

esperanças. ―Tudo o que faço hoje, não é para me tornar o futuro da Seleção e, sim, para me tornar um atleta excepcional, para isso mantenho meu corpo o mais saudável possível e treino todos os dias como se fossem meus últimos

dias,

pois

jogar

uma

Olimpíada é um sonho, mas sei que isso só será conquistado com merecimento‖, pondera. A seleção de São Sebastião do Paraíso, por sinal, é apontada pelo jovem jogador como uma das melhores iniciativas da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) para contribuir na formação

de

novos

atletas.

51


Quando o Basquete Derruba Barreiras e Fronteiras por Álvaro Guimarães

Sobre a nova convocação para

o

10º

BWB,

Gustavo

comenta: “Foi muito bom ser chamado mais uma vez para participar do Basquete sem Fronteiras, pois é uma grande experiência que se leva para vida toda e nos motiva a continuar correndo atrás do objetivo de ser um grande jogador”.

Quem é Álvaro Guimarães? Jornalista por profissão e vocação, fã de esportes e colaborador da Revista Mais Basquete.

52


Cada país deverá jogar o Campeonato de seu continente e, em alguns casos, conquistaram essas vaga em torneios de 2010 ou mesmo quando foi definido o país sede dos Jogos Olímpicos. Estamos nos referindo ao basquete masculino. Em setembro, basquete feminino a caminho de Londres/2012. Os campeonatos continentais possuem vagas diretas para Londres 2012 e vagas para o Pré-Olímpico mundial — serão doze (12) vagas para o Pré-Olímpico Mundial, que ocorrerá em Londres (02 a 08 de julho de 2012) e disponibilizará as últimas três (03) vagas para os Jogos Olímpicos. Veja no gráfico abaixo como funcionará a ―caça as vagas Olímpicas‖:

53


AFROBASKET Madagascar 17 a 28/8/2011

COPA AMÉRICA Mar Del Plata—Argentina 30/8 a 11/9/2011

54


EUROBASKET Litu창nia 31/8 a 18/9/2011

55


CAMPEONATO ASIร TICO China

CAMPEONATO DA OCEANIA Austrรกlia 07 a 09/11/2011

56


Situação do Brasil Depois da polêmica com os seguros dos atletas, a seleção brasileira manteve os treinamentos e fez os dois cortes necessários: há dez dias dispensou Raulzinho Neto e nesta terça liberou Paulão Prestes, que enfrenta proble-

Armadores Nezinho Marcelinho Huertas Rafael Luz

mas com seu clube pelo peso acima do normal. O Brasil será

representado

Alas Alex Marcelinho Machado Marquinhos Vitor Benite

no Pré-

Olímpico de Mar del Plata (Argentina) 2011 peAla-pivô

los atletas da lista ao lado. Depois de quinze anos o Brasil quer evitar o vexame de ficar vinte anos sem disputar os Jogos Olímpicos—e só disputará 2016 por que é sede. Duas vagas para as América. Queremos uma.

57

Pivô

Guilherme Giovanno- Caio Torres ni Rafael Hettsheimer Augusto Lima Tiago Splitter.


58


Copa Tuto Marchando 2011 Entre 24 e 26/8/2011 o Brasil disputará a Copa Tuto Marchand, em Foz do Iguaçu. Canadá, República Dominicana e Porto Rico serão os adversários do Brasil, antes do início do torneio Pré-Olímpico. O torneio terá transmissão de todos os jogos pela internet, no canal da FIBA Américas (www.fibaamericastv.com).

DIA

HORÁRIO

EQUIPE A

PLACAR

EQUIPE B

24/08/11

19h

Brasil

X

Canadá

24/08/11

21h15min

República Dominicana

X

Porto Rico

25/08/11

19H

Porto Rico

X

Canadá

25/08/11

21h15min

Brasil

X

República Dominicana

26/08/11

19h

Canadá

X

República Dominicana

26/08/11

21h15min

Brasil

X

Porto Rico

59


PRÉ-OLÍMPICO DAS AMÉRICAS Fase de Grupos Terça-feira, 30 de agosto de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Dominican Republic

Cuba

14:00

Brazil

Venezuela

18:00

Paraguay

Argentina

20:30

Panama

Puerto Rico

Quarta-feira, 31 de agosto de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Venezuela

Dominican Republic

14:00

Puerto Rico

Paraguay

18:00

Argentina

Uruguay

20:30

Canada

Brazil

Quinta-feira, 1 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Paraguay

Panama

14:00

Cuba

Venezuela

18:00

Dominican Republic

Canada

20:30

Uruguay

Puerto Rico

Sexta-feira, 2 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Canada

Cuba

14:00

Panama

Uruguay

18:00

Brazil

Dominican Republic

20:30

Puerto Rico

Argentina

Sábado, 3 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Venezuela

Canada

14:00

Uruguay

Paraguay

18:00

Cuba

Brazil

20:30

Argentina

Panama 60


PRÉ-OLÍMPICO DAS AMÉRICAS Quartas-de-final

Quartas-de-final Segunda-feira, 5 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Team X/8

Team X/1

14:00

Team X/2

Team X/7

18:00

Team X/6

Team X/3

20:30

Team X/4

Team X/5

Terça-feira, 6 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Team X/1

Team X/7

14:00

Team X/8

Team X/6

18:00

Team X/5

Team X/2

20:30

Team X/3

Team X/4

Quarta-feira, 7 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Team X/6

Team X/1

14:00

Team X/7

Team X/5

18:00

Team X/4

Team X/8

20:30

Team X/2

Team X/3

Quinta-feira, 8 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

11:30

Team X/1

Team X/5

14:00

Team X/6

Team X/4

18:00

Team X/3

Team X/7

20:30

Team X/8

Team X/2

61


PRÉ-OLÍMPICO DAS AMÉRICAS Semi-Final | Final

Semi-final Sábado, 10 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

00:00

Team X/2

Team X/3

00:00

Team X/1

Team X/4

Final Domingo, 11 de setembro de 2011 Hora

Local

Visitante

00:00

Loser of (37)

Loser of (38)

00:00

Winner of (37)

Winner of (38)

62


Quem é Alessandro Trindade? Desenhista desde criança, , arquiteto gaúcho e foi atleta da UFPel em Jogos Universitários Gaúchos (JUGs) e agora é basqueteiro de final de semana. Mudou-se para Bahia há dez anos. Quando não está projetando, faz charges e ilustrações para Revista Mais Basquete.

63


64


Eu Fui! por Marcello Berro

Nos dias 5, 6 e 7 de agosto, foi realizada no Clube Atlético Paulistano, a clínica de basquete do Coach Brown (Larry Brown). Tive o prazer de participar e aprender bastante com um dos currículos mais respeitados do basquetebol mundial: 

Campeão da NBA com o Detroit Pistons em 2004;

Consagrado no ―Basketball Hall of Fame‖ em 2002, como técnico;

Eleito técnico do ano da NBA em 2001;

4ª colocado na historia da NBA em numero de vitorias com mais de 1089 vitorias;

Venceu 3 Títulos de Conferência da NBA;

Venceu 10 Títulos de Divisão de Conferência da NBA;

Levou seus times para os Play-Offs 18 das 22 temporadas que atuou como técnico;

1964;

Único técnico na história a vencer um ti-

tulo da NBA e da NCAA; 

2004 como técnico da seleção dos EUA;

Único individuo a servir a seleção americana como jogador e técnico e vencer a medalha de ouro nas Olímpiadas;

Medalha de Bronze nas Olimpíadas de

Medalhista de Ouro como técnico da sele-

Eleito 3 vezes técnico do ano da ABA;

Eleito técnico do ano da NCAA 1988;

Eleito técnico do ano do Big Eight Conference da NCAA em 1986;

ção dos EUA em 2000 e jogador em

65


Eu Fui! por por Marcello Marcelo Berro Berro

Aos 71 anos, Coach Brown, fez questão

Sem dúvida o basquete americano e o fu-

de lembrar, que é da quarta geração de ex-

tebol brasileiro são os maiores formadores de

atletas, que se tornaram coaches, onde o pri-

talentos, mas a soberba de achar que só o ta-

meiro deles foi ―simplesmente‖ James Nais-

lento resolve, ultimamente anda acarretando

mith (inventor do basquetebol).

derrotas.

Na viagem de retorno para o Rio de Ja-

Seja no basquete ou no futebol, os euro-

neiro, verificando minhas anotações, notei a

peus, conseguem chegar próximos, estudando

diferença entre a filosofia americana e a escola

os porquês de cada fundamento e situações de

europeia de basquetebol.

jogo que lhe sejam favoráveis. Assim, acabaram encontrando a filosofia onde a manuten-

Podemos fazer uma comparação entre o

ção da posse de bola, a melhor utilização das

basquete americano e o futebol brasileiro, on-

regras e uma simples, porém eficiente execu-

de a cultura e o talento são inerentes aos nati-

ção dos fundamentos os leva a vitória.

vos, onde exista uma certa soberba de que são os melhores destas modalidades e consequen-

O basquete brasileiro, não possui a cultu-

temente, favoritos em qualquer competição

ra de basquetebol e consequentemente o mes-

que disputem.

mo talento dos americanos. Mesmo com o técnico Rubén Magnano (escola europeia) ain-

66


Eu Fui! por Marcelo Berro

da joga o ―basquete caribenho‖ que é caracte-

– Eu joguei no clube x,y e z...

rizado por uma correria desenfreada e os ex-

Para entendermos melhor essa diferença

cessivos arremessos de 3 pontos. Acredito que

entre técnicos, treinadores e coaches, recorro

o trabalho do Magnano seja o início da mudan-

ao dicionário:

ça de filosofia no basquete brasileiro e torço 

para que sigamos por muito tempo a filosofia

Técnico: Pessoa que conhece a fundo uma arte, uma ciência, uma profissão

europeia.

(=ESPECIALISTA, PERITO).

Outro detalhe que me chamou a atenção 

durante as palestras, foi a enorme diferença

Treinador: Profissional que orienta e treina uma equipe

entre os termos: técnicos, treinadores e coaches.

Coach: Uma relação de parceria que revela e liberta o potencial das pessoas de

Coach Brown, quando se referiu ao seu

forma a maximizar seu desempenho.

passado como atleta, disse:

Penso que a tradução literal, revela e

– Eu joguei para o Coach x, y e z.

deve permear a postura dos técnicos, treina-

Ao ouvir diversas vezes Coach Brown

dores ou coaches e de acordo com essa postu-

reverenciando seus ex-coaches, fiz uma com-

ra, o consequente tratamento que este profis-

paração com o Brasil onde, algum atleta se re-

sional receberá...

ferindo ao seu passado, diz:

Quem é Marcello Berro? Marcello Berro é Técnico Provisionado pelo CREF-RJ em 2004, trabalhou em diversos clubes do Rio de Janeiro e da Bahia (Botafogo, América F. C., Hebraica-RJ, Grajaú Country Clube, Flamengo, Talentos nativos e Faculdade Souza Marques). Atualmente é Coordenador Técnico do Centro de Treinamento do Bábby. E-mail: mberrocoach@hotmail.com, Twitter: @coachberro,

Marcelo Berro foi voluntário e acabou criando a coluna EU FUI! Conte você também sua participação em cursos, clínicas, eventos e viagens em busca de mais basquete, no Brasil e no exterior. Assim você reflete mais sobre o que fez e aprendeu e divide seus conhecimentos e impressões do evento com todo o basquete brasileiro.

67


Liga Nacional Sub-21 Anos Na semana de 15/8 o Ministério do Es-

quadro): “Temos a Lei de Incentivo ao Espor-

porte aprovou o projeto da Liga Nacional de

te, mas não havíamos conseguido os recursos

Basquete Sub-21, parceira da LNB e CBB. É

necessários para realização do campeonato.

uma grande notícia para o basquete brasileiro

Graças ao aporte financeiro do ministério, este

e os clubes já estavam preparando-se para es-

sonho torna-se realidade”.

sa competição, que tem o intuito de proporcio-

“Daremos início ao campeonato com um

nar um maior desenvolvimento aos jovens

formato adequado as circunstâncias, mas a

atletas na transição das categorias de base pa-

partir da próxima temporada, devemos fazer

ra o adulto.

um formato que proporcione mais oportunida-

Mais do que um evento de um ano só, a

des a esses atletas de se desenvolverem", afir-

LNB tem a garantia da realização de duas edi-

mou o gerente técnico da LNB, Lula Ferreira.

ções, em 2011

Além do desen-

e 2012, atra-

volvimento

vés do aval do Ministério

dentro de qua-

do

dra, a Liga pre-

Esporte e da

tende com esse

parceria com a

projeto propor-

Confederação Brasileira Basketball. parceria

cionar uma sé-

de

rie

A

de

outras

atividades para

foi

o

necessária por

crescimento

individual

conta da buro-

atletas.

cracia que en-

previstas,

volve convênios do Ministério do Esporte e pa-

dos Estão em

cada uma das etapas, palestras com profissio-

ra que o início da Liga Sub-21 não fosse adia-

nais de outras áreas e ex-jogadores de bas-

da para 2012 – já o foi de 2010 para 2011 pe-

quete, além de clínicas técnicas e ações sociais

la dificuldade em captar os recursos isentados

nas respectivas comunidades das cidades que

pela Lei de Incentivo ao esporte. Para a LNB a

sediam o evento (Brasília-DF e São Sebastião

participação do ME foi fundamental para a rea-

do Paraíso-MG).

lização desta primeira edição (veja detalhes no

68


Liga Nacional Sub-21 Anos por Carlos Alex Martins Soares

Para Kouros Monadjemi, presidente da

serão divididas em dois grupos de oito. Em ca-

LNB, "embora a LNB não tenha a intenção de

da chave, todos os times se enfrentarão entre

fazer o trabalho de formação de atletas, essa é

si e os três primeiros colocados de cada lado

a maneira que encontramos para colaborar

se classificarão para o hexagonal final.

com o desenvolvimento dos jogadores que re-

No hexagonal final todos jogarão contra-

presentarão nosso País na Olimpíada de 2016",

to todos para definir quem será o campeão.

afirmou Monadjemi, complementando que "em

Um grupo estará, com até 8 equipes,

parceria com a CBB, estamos proporcionando

estará sediado em B Brasília (DF) e terá seus

um campeonato forte para que os clubes pos-

jogos realizados entre os dias 23 de setembro

sam dar rodagem a esses jovens talentos".

e 03 de outubro. O segundo grupo terá como

Sistema de Disputa

sede São Sebastião do Paraíso (MG) e as dis-

A Liga Sub-21 está prevista para ser dis-

putas ocorrerão no período de 07 a 17 de ou-

putada em três etapas: duas classificatórias e

tubro. Já o hexagonal final será também na

um hexagonal final. O campeonato deverá

cidade mineira e ocorrerá entre os dias 26 de

contar com a participação de 16 equipes, que

outubro e 02 de novembro.

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Esse espaço é para as notícias das federações. Todas foram convidadas e continuam tendo espaço para socializar suas ações, projetos, seleções, campeonatos estaduais, enfim, o que quiserem divulgar. Lembrem-se de que este espaço é gratuito. As opções de espaços publicitários estão disponíveis na página 62. Lá sim, possibilidades de desenvolver a sua e a marca dos apoiadores por valores acessíveis.

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As imagens dessa edição foram utilizadas com autorização da Assessoria de Imprensa da Liga Nacional de Basquete, quando são referentes ao Novo Basquete Brasil. As da Seleção Brasileira, Basquete Sem Fronteiras e Seleção de Desenvolvimento são disponibilizadas pela Agência InovaFoto (http://www.inovafoto.com/home.php ) com o intuito de divulgação. Há, ainda fotos recebidas em releases e dos próprios atletas. 72


Revista Mais Basquete Por técnicos. Para técnicos. Diretor Carlos Alex Soares carlosalexsoares@gmail.com

Editor e Jornalista Responsável Álvaro Guimarães guima1972@gmail.com MTb 9096

Site http://www.revistamaisbasquete.com.br

Contatos—E-mails rmb@revistamaisbasquete.com.br revistamaisbasquete@gmail.com

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