A partir da ideia de Aby Warburg, de nachleben (sobrevivência), pretendemos focar os debates na sobrevivência dos gestos. Buscaremos assim estudar os gestos urbanos que ressurgem em outra época, que mesmo desaparecidos materialmente permanecem vivos, principalmente na memória e, assim, assombram as cidades em épocas posteriores. Propomos pensar a sobrevivência de gestos urbanos como um processo de transmissão, de narração, de transformação e de recepção da experiência urbana. Procuraremos discutir como a memória opera nesse processo, talvez como uma forma de herança de um tempo que ainda sobrevive, mesmo que em breves lampejos, em outro tempo, permitindo uma coexistência de tempos distintos no espaço urbano. O que certamente nos leva a questão do anacronismo, pautado na questão da memória, da memória social, cultural, mas também e, sobretudo, da memória involuntária. A memória involuntária, como os sonhos, opera por montagens, criando nexos inesperados, não lineares, de forma anacrônic