Espaço de Arte e Cultura

Espaço de Arte e Cultura

Ketlyn Verônica de Souza 2020

Espaço de Arte e Cultura Ketlyn Verônica de Souza Projeto apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda como parte dos requisitos para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo, sob orientação do Prof.

Onésimo Carvalho de Lima.

Ribeirão Preto 2020

Dedico

Dedico este trabalho aos meus pais Marisa Rech e Maurício Souza, que são os pilares da minha formação como ser humano.

5

Agradeço O desenvolvimento deste Trabalho Final de Curso contou com a ajuda de diversas pessoas, dentre as quais eu agradeço: Aos meus pais que me proporcionaram a oportunidade de cursar a graduação em Arquitetura e Urbanismo, e também estiveram comigo o tempo todo me incentivando e acreditando na minha capacidade.

Ao meu namorado Leonardo, que me deu total apoio e auxilio para elaboração desta etapa acadêmica. As minhas amigas Ana Flávia, Giovanna e Moara que partilharam comigo os mesmos desafios, e ao mesmo tempo auxiliaram nas minhas decisões.

Ao meu orientador Onésimo Carvalho de Lima, que durante vários meses me acompanhou pontualmente, dando todo o auxílio necessário para a elaboração do projeto.

Aos meus professores do curso de Arquitetura e Urbanismo que através dos seus ensinamentos permitiram que eu pudesse hoje estar concluindo este trabalho.

7

Resumo O presente Trabalho Final de Curso, tratase de um Espaço Cultural, localizado no bairro Jardim José Figueira, na cidade de Ribeirão Preto. O local é caracterizado por uma área predominantemente residencial, havendo necessidade de inserção de equipamentos de lazer e cultura.

Uma questão importante que foi abordada no projeto foi a intergeracionalidade voltada para o fortalecimento das comunidades, para isso foi desenvolvido espaços multáveis, ou seja, espaços onde pode ocorrer grandes transformações.

O edifício é composto por um teatro, espaços de convivências e de multiuso para atender um programa flexível. Ao lado do Espaço de Arte e Cultura encontra-se um sistema de lazer que é integrado ao programa, promovendo uma ligação do edifício com o bairro, tornando-o um equipamento de lazer de uso cotidiano.

O desenvolvimento do projeto se deu a partir de estudos do terreno e do entorno, procurando uma inserção do edifício privilegiando a circulação de pedestres, respeitando os fluxos, circulação e usos.

8

Palavras chaves: Espaço Cultural - Comunidade - Intergeracional - Multifuncional.

Abstract This turn paper refers to a Cultural Centre, located in the Jardim JosĂŠ Figueira neighbourhood, in the city of RibeirĂŁo Preto.

The site is characterized by a mainly residential area, needing inclusion of leisure and culture facilities.

An important issue addressed in the project was an intergenerationality toward the reinforcement of communities. For that, a mutable space was developed, in other words, spaces where major changes may happen.

The building consists of a theatre, social and multipurpose spaces to accommodate a flexible program. Next to the Art and Culture Centre, there is a leisure complex integrated into the program, promoting a link between the building and the neighbourhood, turning it into a leisure complex for daily use.

The project development was based on researches about the area and surroundings, aiming for building integration with pedestrian movement, respecting circulation flows and access.

Key words: Cultural Center - Community Intergenerational - Multifunctional.

9

Sumário Introdução

12

Objetivos e relevância do tema

1

Centro Cultural e Intergeracional

16

Definição de Centro Cultural Espaços Culturais no Brasil e no mundo Conceito Intergeracional Uma sociedade para todas as idades

2

Arquitetura de Centros Culturais

26

Leituras Projetuais Diretrizes projetuais

3

Condicionantes para projeto

50

O lugar Programa de necessidades Organograma

4

O projeto

70

Estudo Preliminar Memorial Anteprojeto

Referências bibliográficas

94

Introdução Objetivos e relevâncias do tema

Esse trabalho refere-se a uma proposta arquitetônica localizada no bairro Jardim José Figueira na cidade de Ribeirão Preto.

A proposta é referente a um equipamento público de cunho institucional formado por um complexo que irá proporcionar cultura e lazer, para atender as comunidades locais.

A escolha do tema se deu a partir de análises da importância e a influência do equipamento público de caráter cultural e de lazer na sociedade e como os diferentes modos de abordagem, promovem crescimento social e que também impacta na qualidade de vida da comunidade.

Na cidade de Ribeirão Preto se destacam 11 espaços culturais, que são: Arquivo Público e Histórico, Casa da Cultura, Escola de Arte do Bosque, Fundação Pedro II, MIS, Morro do São Bento, Museu de Arte, Museu do Café, Museu Histórico, Teatro de Arena e Teatro Municipal.

Podemos identificar também 6 centros culturais que tem mais destaque na cidade.

Esses locais desenvolvem ações e projetos socioculturais que tem por finalidade tornar acessível à população cursos de formação artística.

Segundo Newman (2011) um dos benefícios que o espaço cultural tem como fonte é a integração social, onde ocorre a inclusão de todas as gerações de

uma determinada comunidade à rede de produtividade cultural, em que acontece o intercâmbio de culturas, recursos e aprendizado entre as gerações. O convívio entre gerações é também um grande motivador de mudanças e melhorias nas comunidades, onde ela acaba passando de ser uma sociedade dos indivíduos para se tornar uma sociedade das relações.

(MARTÍNEZ M. S., 2011, p. 19) O lazer e a prática desinteressada de atividades culturais, por seu caráter de ocupação livremente escolhida e, por isso mesmo, geralmente prazerosa, podem se constituir em preciosa ferramenta para aproximar as idades. No cotidiano dos grupos plurietários, o processo de integração é fortemente educativo. (FERRIGNO, J. C., 2011, p. 87)

O projeto tem como objetivo desenvolver um espaço cultural onde terá o convívio entre diferentes gerações, no qual serão abordadas questões sociais, como por exemplo, fraco desempenho escolar, meio ambiente, tecnologia, arte, entre outros.

A abordagem dessas questões tem como finalidade desenvolver práticas educativas, culturais e sociais que consequentemente irão 13

gerar um convívio maior entre as gerações, onde ocorrerá transmissões de valores, experiências e princípios.

Deste modo, a finalidade é ressaltar o papel fundamental que esse tipo de equipamento exerce no individuo, onde ele contribui de maneira positiva no desenvolvimento social, intergeracional, educacional e cultural tanto no contexto local como no entorno imediato.

Dentro deste contexto e a partir dos objetivos estabelecidos, a metodologia se baseia em uma pesquisa de referencial teórico sobre temas relacionados a espaços culturais, conceitos e desenvolvimento, e também sobre a intergeracionalidade com o propósito de ter uma compreensão melhor dos impactos sociais que esses temas provocam na sociedade. Além da análise das características da população ribeirão-pretana por grupo de idade que foi coletada por meio da plataforma digital do IBGE, foi realizado também o levantamento de centros e espaços culturais existentes no município e quais os programas oferecidos pelos mesmos, com o objetivo de fundamentar e caracterizar o programa que será proposto no equipamento, e o meio de pesquisa utilizado para coletar esses dados foi o site da prefeitura da cidade.

Para uma melhor compreensão sobre 14

equipamentos culturais no quesito conceitos, impactos e relações foram considerados alguns temas para serem abordados com o seguimento de pesquisas em textos, teses, artigos e livros.

No primeiro capítulo será abordado conteúdos para um melhor entendimento sobre a cultura em si, sendo assim será redigido sobre o conceito de cultura, que contará com uma breve evolução e desenvolvimento dos centros culturais.

Já no segundo capítulo, será falado sobre o conceito da relação entre diferentes gerações que é determinado como intergeracionalidade, sendo assim, será apresentado os benefícios e contribuições que essas relações geram nas comunidades.

Após as análises e a compreensão dos dados e do funcionamento do espaço cultural e a intergeracionalidade, que foi tratado no contexto municipal, foi realizado o levantamento de dados físicos da área selecionada para a implantação do projeto e do seu entorno imediato, por meio de mapas de uso do solo, gabarito, hierarquia viária, equipamentos, topografia juntamente com um levantamento fotográfico do terreno para auxiliar no entendimento do próprio local.

Com todas as informações necessárias

já coletadas e com o auxílio das pesquisas feitas a partir da revisão bibliográfica, foram realizadas também as leituras projetuais que envolveram o entendimento dos espaços culturais relacionado com a arquitetura a partir de plantas, cortes, volumes, fotos.

Logo após, foi desenvolvido o programa de necessidades que serviram para nortear as decisões que foram tomadas na hora de adotar o conceito do projeto, e por fim foi realizado o estudo preliminar. O estudo é composto por organização espacial, quadro de áreas estimadas, materialidade (indicação), sistemas e estruturas (indicação), relação com o entorno, legislações pertinentes e outros fatores determinantes na definição do partido adotado.

15

Centro Cultural e Intergeracional

Definição de Centro Cultural “Centro Cultural” – essa placa se espalha pelas cidades brasileiras, afixada em casas simples ou em construções monumentais. Não há um censo cultural brasileiro que permita dizer quantas placas existem afixadas na fachada desses edifícios. E se houvesse, seria preciso encará-lo com uma certa cisma: o que é um centro de Cultura? O que poderia ser identificado como tal? (MILANESI, L., 1997, p. 11)

Milanesi (1997) afirma que não tem um modelo definido de um centro cultural, mas é possível notar a presença desse título em fachadas de edifícios e devido a isso devemos nos questionar o que seria um centro cultural e quais são as suas características.

Apesar disso, o centro cultural pode ser definido pelo seu uso e pelas atividades realizadas no local, que pode ser um especializado onde as opções são diversas, como por exemplo, realizações de atividades em oficinas, salas de música, áreas para leitura em biblioteca, exibição de filmes e

Milanesi (1997) relata que em alguns casos o centro cultural é um objeto de desejo por ser considerado um elemento que gera status aos órgãos públicos. Em função disso, a grande preocupação acabava se voltando para o edifício em si e não para a sua funcionalidade que está ligado diretamente à cultura. Mas é possível notar que o centro de cultura teve um grande crescimento no decorrer dos últimos anos, e a realização dos espaços pelos órgãos públicos está se voltando para o incentivo à cultura.

Segundo o Portal Educação, os espaços culturais têm um papel essencial para que exista a interação entre diferentes manifestações culturais e o público. A partir disso o Ministério da Cultura caracteriza os espaços mais usados para a realização de diversas ações culturais, sendo um deles os Equipamentos Culturais, que engloba: cinema, biblioteca pública, museu, teatro, oficiais culturais, centro cultural, entre outros.

vídeos. Essas atividades tornam o edifício mais receptivo com diferentes expressões que geram uma dinâmica maior entre os espaços.

17

Em relação a definição de Cultura segundo o Ministério da Cultura é: Sistema simbólico coletivo, público e expressivo que constitui uma visão de mundo que informa a ação e a prática humana. Para os membros de uma sociedade, a cultura organiza o universo e os ajuda a definir o seu lugar frente ao mundo. A cultura “ denota um padrão de significado transmitido historicamente, incorporado em símbolos, um sistema de concepções herdadas e expressas em formas simbólicas por meio das quais os homens comunicam, perpetuam e desenvolvem seu conhecimento e suas atividades em relação a vida. ”

Segundo Neves (2013) as instituições culturais têm como objetivo produzir, elaborar e disseminar as práticas culturais e seus bens simbólicos através da cultura viva, com informações em um processo crítico, criativo, provocativo, grupal e dinâmico, com isso as instituições ganham um reconhecimento devido as suas ações culturais.

Como é colocado por Ramos (2007) a ação cultural pode ser analisada como método de intervenção que usa o modo operativo da 18

arte, com seu caráter libertário e questionador, para assim renovar os laços sociais e desenvolver a criatividade em grupo com práticas culturais. Essas ações se desenvolvem a partir do fomento à criatividade, pesquisa, ruptura e também ao conhecimento, mas sem intenções lucrativas.

Espaços Culturais no Brasil e no mundo Segundo Ramos (2007) há indícios que a origem dos espaços culturais tenha se dado na Antiguidade Clássica, em um complexo cultural como a Biblioteca de Alexandria ou “museion”. Onde a Biblioteca era composta por palácios reais, onde abrigavam diversos tipos de documentos com a finalidade de preservar o saber existente na Grécia Antiga, no qual eram abordados diferentes campos, como, religião, mitologia, medicina, entre outros. A Biblioteca funcionava como local de estudos e de culto, armazenava estátuas, obras de arte, instrumentos cirúrgicos e astronômicos, nela possuía também um anfiteatro, observatório, salas de trabalho, refeitório, jardim botânico e zoológico, o que caracterizaria como o mais explícito e antigo Centro de Cultura.

No século XIX foram criados os primeiros centros culturais ingleses, denominados como centros de artes.

Porém, somente no final da década de 1950, na França, surgiram as bases do que, contemporaneamente, entende-se como ação cultural.

Os espaços culturais foram lançados a partir de uma opção de lazer para os operários franceses, com o objetivo de melhorar as relações entre as pessoas no trabalho, criando áreas de convivências, quadras esportivas e centros sociais.

Mais tarde, em casas de cultura. (NEVES, R., 2013, p.04)

Biblioteca de Alexandria - Fonte: Biblioteca PCRS

Neves (2013) afirma que a França começou a chamar mais atenção de todo o mundo após a construção e a divulgação do Centro Cultural Georges Pompidou, atraiu olhares do mundo todo e se tornou um incentivo para a explosão dos centros culturais. Com esse projeto a França se tornou a responsável pela propagação de um novo conceito de centro cultural.

Já no Brasil, Neves (2013) pontua que o centro cultural começou a se desenvolver por volta da década de 1960, mas foi só a partir dos anos 80 que ele foi efetivado com a construção do Centro Cultural do Jabaquara

Centro Cultural Georges Pompidou - Fonte: Archidaily

19

e do Centro Cultural São Paulo.

Neves (2013) identifica e descreve que no Brasil há quatro possíveis formas de centros culturais:

Centro Cultural de Jabaguara - Fonte: Shieh Arquitetos

Centro Cultural São Paulo - Fonte: Projeto São Paulo City

• A grande construção – definida com base nas decisões políticas e sendo assim é necessários altos investimentos e normalmente os espaços são constituídos por uma arquitetura em destaque e com grandes dimensões; • A restauração - ela está relacionada a intervenção em uma construção antiga, de caráter histórico. Normalmente são proibidas quaisquer interferências que altere as características originais do edifício, mas em alguns casos é aceito pequenas mudanças; • O remendo - é quando a instalação do centro cultural se dá em qualquer espaço onde é necessário apenas o imóvel, e a partir disso transforma-lo em um espaço realmente útil; • Mistura grossa – refere-se à falta de recursos e com isso a ausência de próprios espaços que proporcione e organize atividades culturais. Com isso, o espaço acaba sendo agregado em edifícios que desenvolvem outros tipos de atividades.

Na criação de um centro cultural, Neves (2013) descreve que é importante ter a compreensão e as informações necessárias

20

sobre realidade local, pois é necessário desenvolver um espaço cultural que não esteja distanciado e fora da realidade onde estão as comunidades, para que assim ocorra um vínculo entre eles e também aos acontecimentos locais, sendo assim, as atividades culturais do local não devem ser desenvolvidas para as pessoas, mas com elas. Além disso, os espaços culturais terão que ser atentos em relação as necessidades e as características culturais da contemporaneidade, onde a informação e o conhecimento são de grande importância, desse modo trabalhando como equipamento informacional.

Os centros culturais atualmente estão sofrendo algumas modificações, onde os arquitetos e os agentes culturais buscam um conceito de espaço cultural mais aprofundado.

Sendo assim, buscam proporcionar salas de múltiplos usos, onde podem ser desenvolvidas diferentes tipos de atividades, sem segregação de ambientes e atividades. Mas de qualquer maneira, pode-se dizer que um centro cultural é o ponto de encontro da população, onde as pessoas se encontram para conservar, compartilhar, manifestar e expressas diversas culturas entre as comunidades.

Para finalizar, entendemos então que os espaços culturais devem ser locais onde a

cultura seja viva, cultivada e expressada, e ao mesmo tempo sempre procurar proporcionar aos usuários novos meios de informações e comunicações

Conceito Intergeracional Por definição, relações intergeracionais é o termo utilizado para referir-se às relações que ocorrem entre indivíduos pertencentes a diferentes gerações. No contexto social moderno, o conceito de geração extrapola o âmbito familiar, para agregar indivíduos de uma mesma faixa etária, e também de outras, que compartilham vivências de eventos sócio históricos.

(KREIGNE, 2018).

A relação intergeracional na sociedade vai além de simples trocas de palavras, esse convívio oferece diversas contribuições importantes na sociedade, como por exemplo, trocas de experiências, habilidades e conhecimentos, com isso todos são beneficiados e tem um melhor desenvolvimento em diferentes aspectos.

O autor Ferrigno (2011), explica que as gerações são subdivididas em quatro grupos etários e que eles começaram a 21

Gráfico de Distribuição da População de Ribeirão Preto - Fonte: arquivo pessoal

ter mais destaque no período moderno, com isso, iniciou-se os estudos das características de cada grupo. O primeiro grupo a ser estudado foi a infância, que adquire uma maior visibilidade social por causa dos seus cuidados. Logo em seguida vem a adolescência que é caracterizada por ter diferentes temperamentos.

A velhice é o terceiro grupo a se evidenciar, que tem como objetivo um envelhecimento prolongado, ativo e saudável. Por último é a meia-idade que é o longo período entre os 40 aos 60 anos, que é indicado culturalmente por ser uma suposta fase de crise de identidade.

22

A partir do gráfico acima pode-se concluir que o maior grupo de idade da população ribeirão-pretana é o da meia idade, que como falado anteriormente corresponde ao período entre os 40 e 60 anos.

Uma sociedade para todas as idades Segundo Pszemiarower e Pochtar (2011), o convívio entre as gerações promove o intercâmbio cultural onde a abordagem é mais relacional e menos individualista, e essa questão é essencial para que a discriminação geracional seja minimizada, ou seja, forneçam

suporte positivo para ajudar a manter o bemestar das gerações e o ritmo natural das comunidades.

Para que a cultura das comunidades tenha uma forte identidade é preciso que todas as gerações se unam para participar do seu desenvolvimento, e para isso acontecer, é necessário que diferentes gerações promovam suas próprias formas de expressão. Essa união acaba gerando e reforçando a solidariedade em vez do individualismo.

Segundo o Ministério da Cultura, existem modos diferentes de organização de grupos sociais, eles podem se dar de diferentes modos, como por exemplo, a família, a comunidade, as categorias profissionais e os povos. Ao praticarem os costumes e os padrões de comportamentos e práticas sociais eles acabam se tornando diferentes entre si. Portanto, cada grupo tem o seu modo de organizar e de viver a vida e que existem diferentes culturas.

Ramos (2007) relata que é possível entender a cultura como práticas, técnicas, símbolos e valores como um conjunto de conhecimentos e que se devem transmitir às gerações para garantir a reprodução de um estado de coexistência social de forma benéfica, para assim aproveitar o potencial da intergeracionalidade.

Culturas e Gerações - Fonte: Portal do envelhecimento

Socidade para todos - Fonte: Turismo adaptado

23

Para complementar, Martínez (2011) explica a partir do gráfico criado por Newman e Sánchez (2007), como que as práticas intergeracionas formam um quebra-cabeça.

Ele pode ser representado da seguinte forma:

Este gráfico e o conceito de campo intergeracional tratam de salientar que os programas intergeracionais, que são, em última análise, outro tipo de prática intergeracional, devem ser baseados nas pesquisas e teorias, e devem ser ligados ao quadro político vigente em seu ambiente, a fim de produzir uma mudança cultural, sistêmica, profunda, que, na realidade, e em última instância, visa a passar de uma sociedade dos indivíduos para uma sociedade das relações, de uma cultura da idade para uma cultura intergeracional.

(MARTÍNEZ, 2011).

Para Ferrigno (2011), a diferenciação conceitual e a normatização das gerações na modernidade refletem na vontade que a ciência positivista tem de propiciar a seriação e a classificação das pessoas e das coisas.

Mas a rapidez das formas de interação entre grupos etários nos chama a atenção, pois, 24

Pirâmide de Newman e Sànchez (2007) - Fonte: Martìnez

essas interações variaram e, certamente, prosseguiram mudando no mesmo compasso das demais relações sociais.

Como é possível perceber, atualmente estamos em mudanças permanentes e aceleradas, Pszemiarower e Pochtar (2011) descrevem isso como: “Cultura da velocidade”, que incentiva e toca todas as áreas da vida, da ciência e da tecnologia. Então podemos dizer que, o nosso modo de pensar e viver está relacionado as mudanças frenéticas que é simultaneamente causa e efeito das transformações que estão ocorrendo nos dias atuais.

Podemos concluir então que, a cultura em nossa sociedade sempre sofrerá uma constante mudança de forma estrutural em

diferentes aspectos, seja ela nas práticas do dia a dia, linguagens e até mesmo em bens materiais, mas todas estarão contribuindo para os valores simbólicos de cada comunidade.

Mas apesar dessa constante mudança é necessário que esses valores e conhecimentos sejam transmitidos ao longo das gerações.

Intergeracionalidade - Fonte: Comunidade Sebrae

25

Arquitetura de Centros Culturais

A questão do processo criativo envolve temáticas que irão sustentar o desenvolvimento do projeto e o encaminhamento da proposta final, e a melhor forma auxiliar isso é a partir de analises de projetos arquitetônicos para assim ter uma ampla visão e selecionar as características consideráveis para a elaboração do projeto.

Os referenciais escolhidos se tratam de equipamentos institucionais que utilizam conceitos de espaços para a cultura se manifestar, ser cultivada e expressada. Será analisado as estratégias utilizadas no conforto ambiental, as materialidades e a concepção volumétrica de cada edifício, para assim desenvolver as diretrizes que irão influenciar no desenvolvimento do projeto.

O primeiro projeto analisado é a Biblioteca Parque Fernando Botero, que está localizado em Medellin e foi desenvolvido pelo escritório G Ateliers Architecture. O segundo é o Centro Cultural Zinder construído Tiel, Holanda e foi projetado pelo escritório Zwarte Hond. O terceiro e último projeto analisado é o Sesc Guarulhos que se encontra na cidade de Guarulhos e foi desenvolvido pelo escritório Dal Pian Arquitetos.

Biblioteca Parque Fernando Botero - Fonte: Archdaily

Centro Cultural Zinder - Fonte: Archdaily

SESC Guarulhos - Fonte: Archdaily

27

Contextualizção das Bibliotecas Parques Na cidade de Medellín foi desenvolvido um conjunto de projetos urbanos e sociais para as áreas carentes com o objetivo de promover a transformação cultural e social das comunidades, e as Bibliotecas Parques fazem parte desse plano de otimização.

Segundo um dos documentos que sustentam o desenvolvimento do projeto, as bibliotecas foram construídas com o objetivo de oferecer práticas educativas, culturais e sociais para as comunidades, funcionando como pontos de transformações e fortalecimento das sociedades e culturas locais, ou seja elas foram desenvolvidas para além de programas educativos, antes de tudo ela funciona para a vida coletiva. O responsável do projeto das Bibliotecas Herman Montoya, alegou que o principal objetivo do projeto é “usar a arquitetura pública como meio de alcançar uma reinvenção das práticas sociais”.

Bibliotecas Parques em Medellín - Fonte: Archdaily

a. San Javier (2006); b. España (2007); c. La Quintana (2007); d. La Ladera (2007); e. Belén (2008);

28

f. Fernando Botero (2009); g. José Betancur (2011); h. Guayabal (2012); i. Doce de Octubre (2013).

Até hoje foram construídos ao todo nove Bibliotecas Parques, localizados de forma a atender diferentes bairros da cidade.

Biblioteca Parque Fernando Botero Segundo Souza (2012), a Biblioteca Parque Fernando Botero faz parte do conjunto de projetos realizados na cidade de Medellín, ela fica localizada especificamente na Vila San Cristóbal, que tem como meta revitalizar o centro da cidade através de serviços culturais, e com isso, atender às necessidades sociais mais urgentes de uma população que é predominantemente de baixa renda.

Ficha Ténica: • Arquitetos: G Ateliers Architecture • Arquiteto principal: Orlando Garcia • Ano: 2009 • Localização: Colômbia

San

Cristóbal,

Medellín,

• Tipo de projeto: Equipamento Urbano • Área aproximada: 5 000m² • Materialidade: Pedra • Estrutura: Concreto Armado

Foram criados dois níveis de acesso, um ao lado norte que tem uma avenida de pedestre que dá acesso a um eixo de circulação no edifício, que distribui fluxos de serviços para o segundo pavimento. No acesso ao lado sul, existe um grande hall que distribui circulações.

América do Sul/Colômbia

Colômbia/Medellín

Medellín/San Cristóbal

29

A partir da observação das imagens ao lado nota-se que foram desenvolvidas aberturas nas quais algumas possuem angulações que diminuem as incidências solares no interior do edifício e elas estão concentradas na face sul e leste, pois recebem a insolação do início da manhã.

Ângulos - Fonte: Divisare

Foram criadas também claraboias com proteções opacas para aproveitar a luz natural sem incidência solar na maior parte do ano. Com isso, a luz, sombra e penumbra desempenham um papel principal na

Aberturas - Fonte: Divisare / adaptado pela autora

Estudo de Iluminação - Fonte: Divisare Luz, Sombra e Penumbra - Fonte: OMBU Architecture / adaptado pela autora

30

composição física e atmosférica do interior do edifício. As aberturas também contribuem para conexões visuais entre os diferentes níveis do edifício.

Muito além de uma simples biblioteca, o programa espacial do edifício como observado no mapa abaixo é composto por: espaço para exposições, teatro, escola de música, café/restaurante, escola de dança, oficina de artes plásticas, entre outros. Esses ambientes se ligam através de intervalos de espaços públicos, passagem e corredores que se replicam como várias galerias abertas, que permitem que ocorram exposições temporárias.

No interior do edifício contém uma verticalização aberta, com grandes vãos, no qual encontram-se vazios que proporcional iluminação natural.

Conexão Visual - Fonte: OMBU Architecture / adaptado pela autora

Programa e disposição - Fonte: Architectural Record / adaptado pela autora

31

Os espaços são setorizados através de núcleos de serviços que se estendem em ambos os pavimentos. No projeto fica bem evidente o setor educacional com salas de aula e o setor que é composto pelo auditório e os ambientes que o complementam.

Existe também o núcleo central onde estão

localizados os espaços públicos. Já do outro lado ficam localizados os ambientes que constitui o setor de biblioteca e computação.

Abaixo da biblioteca há pavimento semienterrado, onde encontra-se a área técnica.

Programa e disposição - Fonte: Architectural Record / adaptado pela autora

32

Circulação Vertical - Fonte: Plataforma Arquitectura

Como é possível observar na imagem abaixo, a organização espacial em grelha segue uma malha bem definida. A estrutura é convencional de vigas e pilares ocultos na alvenaria de vedação, é destacado então uma malha rígida empregada.

Cortes - Fonte: Archidaily / adaptado pela autora

As circulações favorecem a autonomia dos setores, pois permite que sejam acessados individualmente. Na maior parte do projeto a circulação horizontal acontece de forma periférica, tanto ao edifício, quanto a vazios centrais. Possui também circulação centralizada nos núcleos de salas de aula e salas de computação.

Malha em Grelha - Fonte: Architectural Record / adaptado pela autora

33

Volume Externo Biblioteca - Fonte: OMBU Architecture

Perfurações - Fonte: OMBU Architecture

Forma e Volume - Fonte: OMBU Architecture

Materialidades Internas - Fonte: OMBU Architecture

34

A edificação que é um volume maciço em escala muito maior em comparação as edificações do entorno, mas ela possui uma boa relação com a vizinhança e paisagem. Além de atender com êxito à proposta de promover um espaço para a cultura se manifestar em uma comunidade de baixa renda.

O edifício apresenta uma forma volumosa e longitudinal, e isso é pelo fato de que a construção fica localizada em uma região em que possuí uma topografia íngreme, e também por ser uma releitura da textura urbana onde ocorre o jogo de cheios e vazios nas fachadas, que representam as perfurações na cidade.

A materialidade predominante no exterior do edifício é de pedra natural que formam uma unidade visual e apesar desse ritmo aparente na modulação do revestimento, quando falamos dos vazios podemos notar que eles não se configuram da mesma forma. No interior é possível notar que tons escuros e de madeira estão fortemente presentes e se contrastando um com o outro.

Centro Cultural Zinder Este projeto refere-se a um edifício cultural chamado Zinder fica localizado entre o centro histórico e o Rio Wall da cidade de Tiel na Holanda, os responsáveis pelo projeto são dois arquitetos Willem Hein Schenk e André van der Slik. A sua construção e a escolha da localização tem como intuito de impulsionar a cultura e o turísmo na cidade.

Europa / Holanda

Holanda / Tiel

Tiel / Centro Cultural Zinder

Ficha Técnica: • • • • • •

Arquitetos: Zwarte Hond Ano: 2012 - 2017 Localização: Tiel, Holanda Tipo de projeto: Equipamento Urbano Área total: 22 500m² Materialidade: Concreto e alumínio facetados • Estrutura: Concreto Armado

Entrada principal do Centro Cultural - Fonte: Archdaily

Implantação do edifício - Fonte: Archdaily Relação entre fachadas - Fonte: Archdaily

35

Programa e disposição - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

Volumes - Fonte: AECC / adaptado pela autora

36

A edificação possui cerca de 22 500 m² de área total, no entanto o edifício é dividido em três núcleos que funcionam de formas independentes: a parte educacional, o estacionamento e a biblioteca. O núcleo que tem a maior ocupação é o estacionamento que corresponder a 14 000m², e ele atende não só o centro cultural, mas também os edifícios do entorno, eventos que acontecem na região, pessoas que vão visitar o Rio Wall e também o centro histórico, que se encontra nas proximidades do edifício. O setor da biblioteca possui cerca de 4 000m² e o setor educacional corresponde cerca de 4 500m².

No seu programa e sua distribuição é possível identificar a partir dos mapas que o acesso ao edifício por pedestre pode se dar em diferentes pontos, mas o principal é através da circulação central que une os dois volumes. E a sua circulação horizontal no térreo como no projeto anterior, acontece de forma periférica e já nos demais andares ela ocorre de forma centralizada.

A estrutura em concreto armado tem uma organização em formato de grelha, da mesma forma que ocorre no projeto da Biblioteca Parque, e a maioria é independente e recuada do fechamento, mas em alguns pontos a alvenaria é autoportante.

Planta Baixa - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

Segundo a descrição dos arquitetos, a norte do terreno encontra-se o bloco da biblioteca, que não recebe insolação direta.

No volume do centro das artes as salas de ensino estão localizadas na periferia do pavimento onde recebe e aproveita insolação em todos os horários do dia. Já o auditório que não necessita de luz natural está no centro do bloco e a circulação ocorre de forma periférica.

No bloco da biblioteca percebe-se que há uma deformação paramétrica e enquanto ao volume do educacional é gerado a partir de uma organização em um plano.

Planta Baixa - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

Planta Baixa - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

37

Deslocamento entre os edifícios - Fonte: Archdaily

Há um pequeno deslocamento entre os edifícios, mas apesar disso o térreo dos dois volumes são abertos e influenciam o convívio social como é possível ver nas imagens. Os pavimentos superiores são mais reservados, pois existem os espaços de estudos na biblioteca e salas de ensino no centro de artes.

O partido arquitetônico tomado pelos arquitetos é uma tipologia aditiva onde ocorre algumas substituições e subtrações em determinados locais do edifício, pode-se 38

Circulação vertical - Fonte: Archdaily

notar isso nas janelas, no terraço do volume da biblioteca e no pavimento do térreo no edifício centro das artes.

Entre os dois blocos existe uma caixa de vidro centralizada onde marca o acesso principal do edifício. Internamente encontra-se entre os dois blocos uma escadaria revestida em madeira que conecta os volumes e as esquadrias douradas fazem uma comunicação entre eles.

Os arquitetos explicam que no volume do centro das artes a materialidade das fachadas é composta por painéis de alumínio anodizado dobrados que formam um padrão de origami, apresentando uma imagem constantemente variável, dependendo da perspectiva, condições climáticas e hora do dia. Em alguns momentos apresentam repetições nas esquadrias, só que não chega a ser aplicado o conceito de ritmo. Já nas fachadas da biblioteca constituídas por pedra natural e esculpidas. Nas fachadas pode-se notar que há presença de cheios e vazios, que garantem o máximo contato entre o interior e o exterior.

Linearidade das esquadrias - Fonte: Eduarda Masiero

Linearidade das fachadas - Fonte: Eduarda Masiero

39

SESC Guarulhos O edifício de uso público fica localizado na cidade de Guarulhos em região urbanizada, próximo do Aeroporto Internacional da cidade, o desenho da paisagem de sua vizinhança é heterogêneo, algumas vezes fragmentado e outras descontínuo, que caracterizam um ambiente urbano em processo de crescimento e transformação.

A implantação do próprio edifício procura respeitar geografia do terreno e tentam proporcionar uma relação entre a construção e a vegetação existente próximo ao edifício, onde potencialize sua dimensão pública e urbana.

Ficha Técnica: • • • • • • •

Arquitetos: Dal Pian Arquitetos Ano: 2009 - 2019 Localização: Guarulhos, São Paulo, Brasil Tipo de projeto: Equipamento Urbano Área do terreno: 22 017m² Área construída: 34 200m² Materialidade: Concreto, metal, tijolos e vidro • Estrutura: Concreto Armado América do Sul / Brasil

40

Brasil / São Paulo

Implantação - Fonte: Archdaily

São Paulo / Guarulhos

Localização - Fonte: Archdaily

Internamente existe uma grande praça de convivência que recebe os fluxos externos, concentra e distribui as diferentes atividades do programa do edifício. A praça possui espaços arborizados, com transparências e permeabilidade com conexão as áreas externas. Para realçar essa questão de transparência e permeabilidade foi implantado um sistema de cobertura que é formado por grelhas metálicas, vidros, extratores de ar e brises reguláveis de proteção solar, portanto essa cobertura filtra a luz natural e espraia por toda a praça dando uma relação entre o ambiente natural e o construído.

Praça Interna - Fonte: Archdaily

Esquematização - Fonte: Dal Pian Arquitetos

41

Esquematização - Fonte: Dal Pian Arquitetos Materialidade - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

A estrutura do edifício é mista composta por concreto e metal, com pilares periféricos que não obstruem as zonas de ocupação. Na parte vedação e revestimento são utilizados vidro, metal e materiais tradicionais de grande durabilidade e resistência.

No setor do ginásio de esportes e piscina coberta os arquitetos utilizaram extratores de ar envidraçados, assim proporcionando maior incidência iluminação natural. Esses extratores são protegidos da incidência solar direta a partir dos para-sóis em grelha metálica atirantados à estrutura de cobertura.

Piscina coberta - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

42

Estudo de Iluminação e Ventilação - Fonte: Archdaily

Com o esquema feito pelos arquitetos e as descrições nota-se que há grande luminosidade natural, transparência e a constante circulação de ar presente no edifício, proporciona um consumo mínimo de energia elétrica. Os equipamentos artificias tanto de iluminação quanto de condicionamento são usados de forma mínima, e com isso acaba reduzindo os custos do edifício a partir da relação entre o ambiente natural e o construído.

Iluminação Artificial - Fonte: Archdaily

Aberturas - Fonte: Archdaily

Iluminação Natural - Fonte: Archdaily

43

Para ajudar na barreira natural e proteção solar foi utilizada uma consolidada faixa de vegetação de grande porte no lado norte e oeste do edifício.

Área Externa - Fonte: Dal Pian Arquitetos

Relação interior e exterior - Fonte: Dal Pian Arquitetos

Faixa Verde - Fonte: Dal Pian Arquitetos

44

Em relação ao programa e a sua funcionalidade os arquitetos explicam que no térreo ao entorno da praça de convivência, existem uma central de atendimento, salas de exposições, clínica odontológica e os ambientes de recreação infanto-juvenil. Existe também nesse andar o ginásio de esportes coberto e seus sanitários/vestiários de apoio que completam as áreas públicas.

Em relação ao setor mais técnicos, nota-se que o acesso ao pátio de carga e descarga e ao setor operacional se dá de forma independente e se localizam nos dois pavimentos de estacionamento de veículos.

Com isso, essa disposição possibilita uma maior eficiência operacional ao teatro, restaurante e demais áreas do edifício.

Esquematização - Fonte: Dal Pian Arquitetos

PAVIMENTO TÉRREO

Planta Baixa - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

45

Corte AA - Fonte: Archdaily

Corte BB - Fonte: Archdaily

Corte CC- Fonte: Archdaily

46

PAVIMENTO INTERMEDIÁRIO

Planta Baixa - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

Os arquitetos explicam que no pavimento intermediário situa-se o teatro que tem seu foyer para o vazio da praça de convivência, com isso ele se torna um corpo sólido independente. Encontram-se também as piscinas coberta e descoberta e quadras esportivas externas. É possível encontrar neste pavimento também, a administração, biblioteca que se localiza a norte do edifício e o centro de educação ambiental.

47

No pavimento superior, ficam localizados as salas de multiuso, ginástica e algumas áreas para atividades físicas. Os corredores de acesso percorrer os vazios dos pés-direitos duplos do ginásio de esportes e da piscina coberta. Foi desenvolvido uma varanda para atividades corporais externas e para concluir os espaços do edifício há um centro de música.

Vista Norte e Leste - Fonte: Vitruvius

PAVIMENTO SUPERIOR

Planta Baixa - Fonte: Archdaily / adaptado pela autora

48

Diretrizes Projetuais Com base nas análises das referenciais projetuais foi possível notar a relação que os edifícios têm com as diretrizes e estratégias em relação ao conforto ambiental. A Biblioteca Fernando Botero utiliza de aberturas em alguns pontos da cobertura e nas fachadas que em certos momentos são angulares e proporcionam iluminação e ventilação natural, além disso, gera boa relação com o externo do edifício. No Centro Cultural Zinder também é trabalhado rasgos nas fachadas, mas ele tem uma abordagem diferente, pois esses rasgos são em vidro que permite apenas a captação de luz solar pois a região tem temperaturas baixas, mas ainda assim existe uma boa relação interno e externo. O Sesc Guarulhos tem uma abordagem parecida com a anterior pois trabalha na maioria das fachadas com vidro que proporcionam grande incidência solar ao interior do edifício e para ajudar na barreira solar foi usada uma grande faixa de vegetação. No projeto também contém em alguns momentos cobertura em vidro.

quando convém, como visto anteriormente.

O concreto normalmente é utilizado nas paredes comuns e nas estruturas aplicadas nos edifícios pois são em concreto armado. O metal também está presente nas estruturas e em alguns casos como no Sesc Guarulhos é utilizado chapas metálicas para revestir algumas partes da construção. Já no Centro Cultural Zinder é utilizado painéis metálicos nas fachadas.

O último fator interessante a ser analisado é a volumetria dos edifícios, onde em todos eles são aplicados os conceitos de linhas retas e acentuadas. A volumetria da biblioteca é mais horizontal e com pequenas subtrações.

Já no projeto do Zinder e no Sesc é trabalhado com composições de volumes diferentes e são evidenciados por materialidades externas distintas.

Outro elemento que deve ser valorizado é a materialidade utilizada nos edifícios, todos eles trabalham com três em comum que é o concreto, vidro e metal. Os vidros são utilizados no interior das construções e principalmente nas fachadas e coberturas 49

Condicionantes para projeto

Localização O município para a implantação do projeto é Ribeirão Preto/SP, que a população segundo a estimava do IBGE do ano de 2019 é de 703.293 pessoas.

Para uma análise melhor do local foi feito também o levantamento dos principais centros e espaços culturais que existem na cidade como forma de evitar aglomeração de um mesmo equipamento em um mesmo local.

A escolha do terreno foi motivada pelo fato de ser uma região afastada do centro da cidade e é desprovida de equipamentos urbanos principalmente de influência cultural.

Localização do bairro na cidade - Fonte: arquivo pessoal

Área de intervenção - Fonte: Google Maps / adaptado pela autora

51

O trabalho constitui-se na elaboração de um equipamento cultural, e a sua implicação é de caráter institucional. O raio para realização do levantamento morfológico abrange quatro bairros, sendo eles: Jd. José Figueira, Pq. São Sebastião, Jd. Helena e Jd. Genésio Massaro.

Próximo a área existem assentamentos irregulares o que é de interesse na elaboração do projeto. Na área existe também a precariedade nas praças onde raramente existem mobiliários urbanos e não possuem boas condições de manutenção e uso, isso devido ao descaso do poder público da cidade.

Esses fatores acabam acarretando problemas de subutilização, que consequentemente geram múltiplos problemas, como por exemplo, a falta de segurança, criminalidade, violência entre outros. Por esse motivo o local é uma zona propícia a instalação do projeto.

Área de intervenção e bairros abrangentes Fonte: Google Maps - adaptado pela autora

Implantação do terreno - Fonte: arquivo pessoal Foto do terreno - Fonte: arquivo pessoal

52

Levantamento morfológico Características da área de intervenção As melhores fachadas do lote são a leste e sul, pois recebem a iluminação do período da manhã, sendo assim não há grandes incidências de radiação solar. Pelo fato da presença dos vazios urbanos e da área remanescente próximos ao lote facilitam a ventilação.

Mapa topografico - Fonte: arquivo pessoal

Com o mapa de topografia nota-se que ocorrem variações de uma forma sutil, e a diferença entre o ponto mais alto (cota 597) e o mais baixo (cota 581) é de 16 metros.

Essas características são importantes para elaboração do projeto, para assim proporcionar um conforto ambiental adequado.

Orientação solar e ventos - Fonte: arquivo pessoal

53

1

Foto da vegetação - Fonte: arquivo pessoal

2

Mapa de Extratos Vegetativos Fonte: arquivo pessoal Foto da vegetação - Fonte: arquivo pessoal

As vegetações existentes estão localizadas nos grandes vazios urbanos, dentro do loteamento do clube, em avenidas, em canteiros, de forma “pontilhadas” pelas ruas. Além desses locais, encontra-se ao lado do terreno uma área remanescente.

Em alguns momentos é notável que os plantios delas não foram planejados, acabaram nascendo de forma natural.

54

Nas vias locais e nas coletoras a vegetação é extremamente escassa, mas por conta da existência delas nos grandes vazios urbanos e na área remanescente, a presença de vegetativos na totalidade da área é considerado satisfatório, mas se essa vegetação fosse dispersa por todo a área de abrangência o impacto na vida cotidiana dos moradores seria de uma forma melhor e assim melhoraria a qualidade de vida.

Legislação Pertinente a Área O macrozoneamento é fundamental para o desenvolvimento e crescimento urbano de uma cidade, e com ele podemos observar que a área que abrange os 5 bairros encontra-se em uma Zona de Urbanização Restrita (ZUR), esta é segundo a Lei Municipal 2157/07 uma zona composta principalmente por áreas frágeis e vulneráveis à ocupação intensa, correspondente à área de afloramento ou recarga das Formações Botucatu - Pirambóia (Aquífero Guarani), ou seja, é uma região que necessita de grandes cuidados para que ela não sofra grandes impactos ambientais.

Baseado no mapa de Áreas Especiais, o local encontra-se em uma Área Especial de Interesse Social I (AIS). Em relação ao caráter dos bairros circundantes ao terreno é de loteamento residencial de média a baixa renda e existe também ocupações irregulares que são desprovidas de condições urbanísticas adequadas.

Mapa de Macrozoneamento - Fonte: Prefeitura RP

Mapa de áreas especiais - Fonte: Prefeitura RP

55

A partir do mapa de Zoneamento Ambiental, é possível notar que a maioria dos bairros circundantes ao terreno escolhido são considerados Áreas de Uso Misto II, isso quer dizer que é permitido a instalação de estabelecimentos industriais, mas ao modo que ocorra um controle de poluição para não prejudicar o meio ambiente e evitar inconvenientes relacionados a saúde dos morados. Já o bairro José Figueira que é onde está localizado o terreno tem uma descrição diferente, ele é considerado um local cujo o uso do solo consta em memorial descritivo registrado em cartório de registro de imóveis.

Com base nas informações, a área analisada tem amplas restrições em relação ao uso e ocupação do solo, e essas configurações geofísicas e seu potencial impacto ambiental são de extrema importância e serão consideradas na elaboração do projeto.

Mapa de Zoneamento Industrial - Fonte: Prefeitura RP

1

Hierarquia Viária Física O sistema viário parte de um traçado urbano em grelha reticulada onde existem alguns problemas com a sua permeabilidade e conexões. As vias de um modo geral não receberem um grande fluxo de veículos, devido a área ter o uso de predominância habitacional, o fluxo só amplia nas áreas onde tem uma maior concentração de comércios e serviços ou nas vias que fazem ligação com 56

Foto de Via Local - Fonte: arquivo pessoal

demais bairros que no caso seria a Avenida Alfredo Ravaneli e nesta via é onde estão localizados os maiores problemas, pois ela é uma via principal, mas não tem infraestrutura adequada para exercer esse papel e com isso acaba gerando congestionamento.

Hierarquia Viária Funcional As ruas são em geral pavimentadas e com as dimensões corretas em relação a sua funcionalidade e ao fluxo de veículos, possuem calçada de ambos os lados, e em sua maioria com dimensionamento correto, mas em muitos casos sem acessibilidade. Ao entorno do lote não existe calçada, tornando assim um local com pouca acessibilidade e com carência de infraestrutura adequada e isso será proposto no desenvolvimento do projeto.

Mapa Hierarquia Física - Fonte: arquivo pessoal

1

2

2

Foto de Via Principal - Fonte: Google Maps

Mapa Hierarquia Funcional - Fonte: arquivo pessoal

57

Uso do Solo A área de abrangência possui predominância de uso habitacional, a maioria dos estabelecimentos de comércios e serviços existentes são de pequenas escalas (vizinhança), sendo assim encontram-se, padarias, bares, salões de beleza, pequenas lojas, mas em alguns momentos é necessário um deslocamento maior de que um raio de 700m, com isso há a necessidade da utilização de meios de transportes.

Os comércios e serviços estão distribuídos em eixos de fluxos de maior intensidade, ou seja, em avenidas e em ruas de maior movimentação. Além disso, existe uma ocupação irregular que abrigam dezenas de famílias que possuí criação de animais, como cavalos, porcos e galinhas.

Mapa Uso do Solo - Fonte: arquivo pessoal

58

Outro uso que deve ser destacado são as áreas institucionais presentes na área de estudos. Em sua maioria são escolas do âmbito municipal e de escala de vizinhança. Há a presença de um clube particular e de escala da cidade, com isso é o seu impacto em relação a área de intervenção é de grande relevância.

Ocupação do Solo: Gabarito Predominantemente a área é constituída de edificações térreas, e não há a presença de edifícios com mais de 4 andares, sendo assim não há construções muito verticalizadas.

Dentre as edificações há um grande número de construções mais recentes e em sua maioria utilizando o gabarito básico isso pelo fato da área estar localizada em uma região

1

de recarga onde ocorre predominância de afloramento do aquífero, sendo assim é uma Zona de Urbanização Restrita.

1 2

Foto de residencias térreas - Fonte: arquivo pessoal

2

Mapa Ocupação do Solo: Gabararito - Fonte: arquivo pessoal

Foto de residencia 2 pavimentos - Fonte: arquivo pessoal

59

Ocupação do Solo: Figura-Fundo A área estudada possui uma predominância de um traçado com vias retilíneas, com quadras retangulares, e em alguns locais a quadra é cortada por travessas.

Como podemos ver no mapa figurafundo os lotes em sua maioria são de formato retangular e consequentemente os edifícios seguem o mesmo formato.

Apesar de ser uma Zona de Urbanização Restrita podemos perceber que há uma grande densidade em destaque na maioria das quadras. A grande densidade e os lotes pequenos acabam sendo prejudiciais quando se tratam de iluminação natural e ventilação.

Mapa Ocupação do Solo: Figura-Fundo Fonte: arquivo pessoal

Em contrapartida aos lotes pequenos e de pouca permeabilidade, podemos perceber a existências de ocupações em lotes bem maiores que são considerados chácaras e que tem uma maior permeabilidade, com boa ventilação e iluminação natural.

Mesmo com a grande densidade ainda podemos perceber vazios existentes nas quadras, alguns do tamanho dos lotes e alguns locais os vazios correspondem a uma grande parte de glebas.

60

Equipamentos Urbanos Com base no mapa é possível localizar três tipos de equipamentos educacionais de âmbito público, desde creches ao ensino fundamental, sendo assim, eles oferecem educação para diferentes faixas etárias.

A área apresenta também o Clube dos comerciários que é um equipamento de âmbito particular, que é composto por um programa quase que inteiramente voltado ao esporte.

Próximo ao terreno existem dois pontos de ônibus em localizações opostas e isso facilitam a locomoção dos usuários que necessitam do transporte público.

Na elaboração do projeto será levado em consideração todos estes equipamentos urbanos para que eles não influenciem ou prejudiquem o projeto.

Apesar de existir grandes espaços de áreas destinadas ao lazer nenhuma delas estão apropriadas para a utilização, pois são desprovidas de quaisquer mobiliários e não há infraestrutura para serem usufruídas.

Mas, em alguns casos os moradores acabam improvisando bancos e espaços para a realização de alguns esportes.

Mapa de Equipamentos Urbanos Fonte: arquivo pessoal

61

Levantamento Sócio-Cultural Foi realizado um levantamento sócio cultural nas comunidades dos bairros abrangentes da área de intervenção, para assim poder entender melhor o comportamento da população em relação aos bairros. Então, para isso foi aplicado um questionário a onde os moradores responderam de acordo com as suas preferências de atividades culturais e as próprias necessidades para o desenvolvimento social das comunidades. O resultado da pesquisa influenciou diretamente no programa de necessidades proposto no edifício. Segue em anexo no final do trabalho os questionários aplicados nas comunidades.

Levantamento Sócio-Cultural - Fonte: arquivo pessoal

Levantamento Sócio-Cultural - Fonte: arquivo pessoal

Levantamento Sócio-Cultural - Fonte: arquivo pessoal

62

Levantamento Sócio-Cultural - Fonte: arquivo pessoal

Além dos questionários aplicados, foi realizado também um levantamento fotográfico para analisar o comportamento das comunidades em relação aos bairros em si. Mas pelo fato de estarmos atualmente passando por uma pandemia, onde as recomendações são voltadas para o isolamento social, acabou gerando um impacto negativo, como podemos ver nas imagens que poucas pessoas estão utilizando os locais destinados ao lazer, ou até mesmo aqueles locais que foram improvisados pela própria população.

Levantamento Sócio-Cultural - Fonte: arquivo pessoal

Levantamento Sócio-Cultural - Fonte: arquivo pessoal

Levantamento Sócio-Cultural - Fonte: arquivo pessoal

63

Área de Intervenção

1

O terreno pertence a prefeitura de Ribeirão preto, a área dele é destinada a construções institucionais. Ele segue pelo alinhamento da Rua Miguel Hurtado com distância de 95,29m, deste ponto reflete a esquerda com distância de 37,58m, em seguida ao alinhamento oposto da Rua Miguel Hurtado com distância de 101,84m, por fim, deste ponto reflete direita na Rua Conselheiro F. Viana com a distância de 37,00m, totalizando então em uma área de 3 685,84m².

Imagem do terreno - Fonte: arquivo pessoal

2

1

2

Terreno escolhida para o desenvolvimento do projeto Fonte: arquivo pessoal

64

Imagem do terreno - Fonte: arquivo pessoal

O terreno escolhido para a implantação do projeto tem um desnível de 2m, que no decorrer do dele essa mudança de nível se torna suave como podemos ver nos cortes e na imagem abaixo. Essas características da topografia serão consideradas para as decisões na elaboração do projeto.

As vias que circundam o terreno são locais, sendo assim a sua dimensão corresponde a 9,0m e os passeios tem 2,5m de largura.

Essas características das vias são de extrema importância para desenvolver um edifício que gere uma melhor permeabilidade.

Cortes do terreno e entorno - Fonte: arquivo pessoal

65

Legislação Pertinente ao lote Nas tabelas são apresentadas informações da principal Lei Municipal 2157/07 para facilitar a compreensão das condições implementadas para elaboração de projetos.

Além das informações dos mapas, essas exigências são de extrema importar para a elaboração de projetos, pois deverá ser respeitado os recuos, gabarito, taxa de ocupação, coeficiente de aproveitamento, entre outros.

Programa de Necessidades Para escolha das atividades e a definição dos espaços destinados a elas foi levado em consideração a atratividade e demanda da

66

comunidade. O programa é composto por um misto de educação, cultura e lazer, para assim atingir diferentes públicos.

67

68

Organograma Com o organograma ao lado podemos notar o funcionamento do edifício com a sua setorização de programas, os seus acessos e circulações, e também a setorização de público, semipúblico e privado. A partir disso foi elaborado estudos volumétricos, com um volume retangular como uma caixa, e

incialmente com subtrações ocorrendo em alguns momentos ao longo do edifício. Mas no decorrer dos estudos foram realizadas mudanças no volume, onde não ocorrem mais as subtrações, mas tornando o edifício em alguns momentos com fechamentos translúcidos e outros momentos vazados.

69

O Projeto

O conceito do edifício se desenvolveu a partir da ideia de criar um espaço onde as comunidades possam cultivar e manifestar a cultura e estimular a intergeracionalidade, com isso foi estabelecido um programa de necessidades que contempla diferentes usos e atividades, como por exemplo, oficinas culturais de multiuso, biblioteca, teatro, espaços para exposições, entre outros.

O entorno do lote caracteriza-se por uma arquitetura simples e de predominância residencial de baixo gabarito, sendo assim, o objetivo do projeto é fazer com que a construção se destaque e ao mesmo tempo influencie a proximidade e a relação com a comunidade. É importante a destacar é que foi proposto por meio de uma via arborizada a ligação entre o sistema de lazer com uma área verde que fica localizada próxima a área de intervenção.

01

Situação

Perspectiva externa da extenção do edifício - Fonte: arquivo pessoal

71

Perspectiva externa fachada principal - Fonte: arquivo pessoal

72

Para o desenvolvimento do edifício foi pensado em uma grande caixa, que é circundada por fechamentos vazados e transparentes, tornando-a permeável na questão visual interna quanto externa, e com isso, gerando uma valorização da paisagem e a integração com o entorno onde o edifício se abre amplamente.

Perspectiva externa da lateral do teatro - Fonte: arquivo pessoal

Perspectiva interna espaço de exposiçôes - Fonte: arquivo pessoal

Topografia - o desnível do terreno é de 2 metros, por conta do seu longo comprimento a mudança de nível acaba se tornando suave, podemos ver isso visivelmente na imagem ao lado. Sendo assim, a solução da topografia foi simples, o acesso e o térreo do edifício está no mesmo nível que a calçada, mas o restante do terreno juntamente com o do sistema de lazer manteve-se a topografia original.

Ventilação - No projeto foi pensado na ventilação cruzada onde o ar flui através dos ambientes retirando o calor, e para isso foram criadas aberturas de entrada e saída de ar em zonas de pressão oposta. No primeiro pavimento foi pensando no efeito chaminé, onde o ar mais frio que no caso é o mais denso, exerce uma pressão positiva, e o ar mais quente, por tornar-se menos denso, exerce baixa pressão. Sendo assim, foi proposto grandes aberturas que compõe toda a extensão da fachada principal e Para diminuir a insidencia solar nessa fachada foi proposto uma pele em placa metálica toda vazada, que envolve todo o edifício.

73

E

D

C

B

A

1

03

2

3

5

P lanta Baixa Estrutura e cobertura - A estrutura que abriga todo o complexo é composta por pilares mistos com dimensões de 0,30 x 0,30m, com o perfil em I de aço totalmente revestido por concreto. Em relação ao tipo de laje, foi optado pela laje alveolar pré-moldada em concreto protendido. Esse tipo de laje tem um peso reduzido por conta do seu formato, onde possuem seções transversais com uma altura constante e os alvéolos estão localizados em seu comprimento. elementos são mais fáceis de readequações em caso de mudanças.

74

4

Materialidade - a utilização de fechamentos em vidros e elementos vazados em placa metálica se deram a partir da questão da conexão interior e exterior. Os elementos acabam auxiliando na barragem de uma possível iluminação excessiva. Nas paredes externas que se contrapõe em relação ao fechamento das placas metálicas são em concreto aparente, que foi escolhido para criar um contraste com o fino acabamento criado com o vidro. Em relação as paredes internas, foi escolhido o material drywall, para facilitar modulações em caso de mudanças.

6

A'

B

B

B'

B'

7

8

8

Perspectiva ligação estrutural - Fonte: Medabil

C'

A'

Baixa 04 04P lanta Baixa P lanta 7

C

C A

C'

A

Como podemos ver na planta acima , no subsolo encontra-se o local para manutenção das plataformas pantográficas, há também a oficina do teatro, manutenção do edifício, depósito e o vestiário dos funcionários.

Perspectiva da estrutura - Fonte: arquivo pessoal

75

A partir da implantação é possível notar que o edifício está localizado de forma centralizada no terreno tentando aproveitar a sua melhor forma, e configurando áreas externas com as seguintes definições de usos: Acesso - espaço amplo e receptivo destinado ao acesso e possíveis encontros e manifestações ao ar livre, além disso, determina a mediação entre a via pública e o edifício. Esse acesso foi desenvolvido com a intenção de ser uma extensão da praça interna do edifício com a calçada pública e para isso foi utilizado a mesma materialidade no decorrer do piso desses locais.

Carga e descarga - os veículos ficam na lateral direita do edifício, que reduz o impacto visual e torna direto o acesso para a carga e descarga do edifício em geral e do restaurante.

Juntamente a esse espaço encontra-se um pequeno estacionamento. Já para a carga e descarga do teatro foi pensado em tipo uma doca, onde os veículos farão a descarga em um patamar superior de onde eles se encontram.

76

A

B

02

Implantação

E'

D'

C'

A'

B'

77

E

D

C

Sistema de Lazer - ao lado do terreno institucional escolhido para o desenvolvimento do projeto existe um espaço destinado ao sistema de lazer, que é um componente fundamental na paisagem urbana e tem uma função social importante.

Esse local encontra-se na lateral oposta do estacionamento proposto no projeto. Uma das funções desse espaço é complementar o programa proposto e ao mesmo tempo gerar uma relação com o edifício onde o teatro pode se virar para o sistema de lazer e ter apresentações ao ar livre, isso é pelo fato de que é possível abrir a parte de trás do palco e o artista virar o seu espetáculo para o lado do sistema de lazer, proporcionando assim um espaço diferenciado no meio ambiente urbano.

Neste terreno onde está localizado o sistema de lazer existe uma bacia de contenção que é usada para drenagem das águas pluviais. Com o objetivo de complementação do programa do edifício, foi proposto que no local da bacia de contenção existisse uma pista de skate, feita de concreto de rápida absorção, onde que além de servir como um local de drenagem, ela serve como um espaço de estar e prática de skate.

Perspectiva da externa pista de skate - Fonte: arquivo pessoal

78

02

Implantação

79

E

D

C

01

A

02

B

80

01

Corte AA'

E'

P lanta Baixa

D'

05

C'

03

A partir das plantas ao lado, podemos analisar os volumes internos que foram propostos e que estão demarcados por dois blocos, assim gerando espaços de convivência e os outros seguintes usos:

A'

03

04

02

B' 01

Convivência - espaço responsável pela transição entre interior e exterior, e que se configura e constrói espaços multiusos, destinados à diversas atividades, como por exemplo, exposições, feiras, eventos, foyer do teatro. Nesses locais é onde encontramse a maior parte dos fechamentos translúcidos e a permeabilidade da visão dos visitantes, que expõe e influencia uma dinâmica interna e externa e os seus acontecimentos. Encontramos esse espaço também no primeiro pavimento, que além de ser um espaço de convivência ele serve como um local mais público e social da biblioteca, ou seja, um espaço também de multiusos.

Oficinas - local destinado a oficinas de multiuso no térreo que propõe divisões modulares e dinâmicas, para que os espaços possam ser configurados de diversas maneiras e também para que em determinados momentos aquele local se torne um vazio onde possa ser realizado atividades de exposições e eventos.

81

C

D

E

C'

D'

E'

A

B

06

8202

P lanta Baixa

Corte BB'

Administração/apoios - o setor administrativo fica localizando no primeiro pavimento juntamente com um espaço de apoio ao edifício e ao público. No pavimento térreo os apoios se encontram no interior dos blocos.

A'

B'

Serviço - No térreo os serviços se encontram no interior dos blocos, juntamente com os apoios e a mesma coisa acontece no primeiro pavimento.

Restaurante - o restaurante tem como objetivo desenvolver habilidades gastronômicas e para isso ele foi trabalhado como um restaurante escola, visando a inserção no mundo do trabalho juntamente com o desenvolvimento de atividades socioeducativas que influências o convívio social e o criativo e tudo isso acontece com o restaurante aberto para o público.

Perspectiva restaurante - Fonte: arquivo pessoal

83

C

D

C'

D'

A

B

07

P lanta Baixa

84

04

Corte DD'

E

A'

E'

B'

05

C

85 orte EE'

03

01 86

E levação 01

Corte CC'

Perspectiva recepção biblioteca- Fonte: arquivo pessoal

Perspectiva espaço de convivência - Fonte: arquivo pessoal

Perspectiva da biblioteca- Fonte: arquivo pessoal

87

02

03

88

E levação 02

E levação 03

04

E levação 04

89

Perspectiva palco externo - Fonte: arquivo pessoal

Perspectiva teatro interno - Fonte: arquivo pessoal PLATAFORMA

SISTEMA PANTOGRÁFICO

PRATICÁVEL

SISTEMA TELESCÓPICO

Sistema pantográfico - Fonte: Dal Pian Arquitetos

90

Teatro - esse local também foi pensado em ser um espaço multiuso, mas com a possibilidade de ser transformável. Para isso foi feito uma análise no projeto do Centro de Convenções de Paraty que usa um sistema de plataformas pantográficas moduladas, com isso o espaço se torna algo experimental, compacto, versátil e com uma grande multiplicidade de uso. Pelo fato de ser um espaço que se transforma e é flexível ele proporciona diversas formas de apresentação, podendo se tornar um espaço de exposições, de eventos, entre outros.

O funcionamento dessa transformação ocorre pelo seguinte sistema, a área total do piso do teatro se dividi em 20 praticáveis independentes, de dimensão de 7,40x2,60m cada, que se movimentam verticalmente por um sistema telescópico de alçamento automatizado. Por cima de cada um dos praticáveis foram fixadas 12 plataformas pantográficas moduladas em 1,20x1,20m, com acionamento manual, totalizando em 275 unidades sobre todo o espaço flexível.

Esse sistema é bem simples e eficiente, além disso é economicamente viável e disponível no mercado. Outro sistema que foi usado para permitir uma maior flexibilidade foram os forros móveis que permitem uma variação nas alturas dentro do volume.

Detalhe 01

Trilho de fixação

Grade metálica

Seção 01

Planta Baixa 91

Perspectiva café/área de convivência - Fonte: arquivo pessoal

Perspectiva área de exposição - Fonte: arquivo pessoal

92

Perspectiva noturna pista de skate - Fonte: arquivo pessoal

Perspectiva externa noturna - Fonte: arquivo pessoal

93

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: Informação e documentação - Citações em documentos - Apresentação. Rio de Janeiro, 2002.34

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: Informação e documentação - Referências - Elaboração. Rio de Janeiro, 2018.

FERRIGNO, José C. Seminário encontro de gerações. Revista a Terceira Idade Estudo sobre Envelhecimento. volume 22. número 50. p 7590. São Paulo: SESC, 2011. ISSN 1676-0336 versão online. Disponível em: https://www.sescsp. org.br/files/edicao_revista/7608a3dc-44a2-49f7-a1be b84dfb69720a.pdf. Acesso em: 05 nov.

2011.

Referências Bibliográficas

MARTÍNEZ, Mariano S. Seminário encontro de gerações. Revista a Terceira Idade Estudo sobre Envelhecimento. volume 22. número 50. p 19-33. São Paulo: SESC, 2011. ISSN 1676-0336 versão online. Disponível em: https://www.sescsp. org.br/files/edicao_revista/7608a3dc44a2-49f7-a1be b84dfb69720a.pdf. Acesso em: 05 nov.

2011.

MILANESI, Luís. A casa da Intervenção: Biblioteca, Centro Cultural. 4ª ed. rev. e amp.

São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. Disponível em: https://books.google.com.br/books?id=mcnEjUhrv8C&printsec=frontcover&hl=ptBR&source=gbs_ge_summary_r&cad=0#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 09 mar. 2020.

NEVES, Renata Ribeiro. Centro Cultural: a Cultura à promoção da arquitetura. Especialize: Revista On-line IPOG. Goiânia, 2013.

Disponível em: https://pt.scribd.com/document/343574019/centro-cultural-a-cultura-a-promocao-da-arquitetura-31715112-pdf. Acesso em: 28 mar. 2020.

PSZEMIAROWER, S; POCHTAR N. Seminário encontro de gerações. Revista a Terceira Idade Estudo sobre Envelhecimento. volume 22. número 50. p 49-65. São Paulo: SESC, 2011.

ISSN 1676-0336 versão online. Disponível em:https://www.sescsp.org.br/files/edicao_revista/7608a3dc44a2-49f7-a1be b84dfb69720a. pdf. Acesso em: 05 nov. 2011.

RAMOS, Lucilene B. O centro cultural como equipamento disseminador de informação: um estudo sobre a ação do Galpão Cine Horto. 2007. Mestrado (Dissertação em Ciência da Informação) – Faculdade de Ciência da Informação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2007.

NEWMAN, Sally. Seminário encontro de gerações. Revista a Terceira Idade Estudo sobre Envelhecimento. volume 22. número 50. p 07-16. São Paulo: SESC, 2011. ISSN 1676-0336 versão online. Disponível em: https://www. sescsp.org.br/files/edicao_revista/7608a3dc-44a2-49f7-a1be b84dfb69720a.pdf. Acesso em: 05 nov. 2011.

95