AS DIVERSAS DIMENSÕES DO PATRIMÔNIO CULTURAL: PATRIMÔNIO E MEMÓRIA SOCIAL READEQUAÇÃO DA CASA DA CUL

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AS DIVERSAS DIMENSÕES DO PATRIMÔNIO CULTURAL: PATRIMÔNIO E MEMÓRIA SOCIAL READEQUAÇÃO DA CASA DA CULTURA DE BARBACENA MG: Valorização do Patrimônio Cultural Barbacenense RAMALHO, KEISA BEATRIZ (1); BARACHO, ANNA SOPHIA BARBOSA (2) 1. Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Artes Aplicadas (DAUAP). Graduanda do Curso de Arquitetura e Urbanismo.

E-mail: keisabeatriz20@gmail.com 2. Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ). Departamento de Arquitetura e Urbanismo e Artes Aplicadas (DAUAP). Professora Doutora do Curso de Arquitetura e Urbanismo.

E-mail: baracho.anna@gmail.com

RESUMO A edificação da Casa da Cultura, inserida no município de Barbacena - MG, foi construída em 1790, durante o período colonial, em estilo barroco, sendo o primeiro pavimento composto por alvenaria de pedras. Em 1879, com a construção do segundo pavimento, em alvenaria de tijolos, o edifício passa a abrigar a Cadeia Pública, para deter os revoltosos da Revolução Liberal e, em 1842 é instalado o primeiro quartel da cidade. A Cadeia era considerada segura, mas não era bem qualificada quanto à salubridade e ao asseio. O edifício teve diversos usos ao longo dos anos, tais como Faculdade de Odontologia, Museu Municipal, como também passou por períodos de abandono. Em 6 de fevereiro de 1891, o Estado adquire a posse do imóvel e como este acolheu vários usos, sem manutenção constante e apropriada, o edifício foi se deteriorando, e aos poucos, os danos foram aparecendo. Em 1978, o imóvel foi reconhecido, por seu valor histórico, pelo Conselho Curador e em 1983, foi tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA). Em 1986, iniciou-se o processo de restauração da edificação, a qual passou por diversas reformas para adaptá-la como Casa da Cultura, o que alterou, parcialmente, uma das celas, transformada em escada e sanitários, porém sendo mantidas, de acordo com o original, a volumetria, as fachadas e a cobertura (telhado).

No ano seguinte, em 1987, é inaugurada a Casa da Cultura de Barbacena. Inicialmente funcionando como Biblioteca Pública Municipal, Conservatório Municipal de Música e salas voltadas para abrigar a cultura local. Nos dias atuais, a Casa da Cultura também integra a Academia Barbacenense de Letras, a Subsecretaria de Cultura, a Biblioteca Pública e o Arquivo Municipal, além dos Arquivos do Fórum da cidade. Mesmo com a restauração e reforma para atender ao funcionamento da Casa da Cultura, a partir de 1986, não ocorreu nenhuma manutenção adequada nas fachadas e no telhado partes tombadas pelo IEPHA. O estado atual das fachadas se encontra precário, com rebocos faltando pedaços, trincas, dentre outras patologias. Na parte interna é necessária uma atualização e manutenção dos ambientes, principalmente dos sistemas elétricos da edificação. O projeto de readequação da Casa da Cultura de Barbacena tem como foco, adequar o edifício, com o intuito de revigorar a memória de patrimônio histórico da cidade, como também atender às demandas atuais prementes, tais como acessibilidade aos seus usuários e modernização dos equipamentos necessários ao seu uso adequado, para que sua história não pereça.

Palavras-chave: Readequação, Casa da Cultura, Patrimônio Cultural, Memória.

11º Mestres e Conselheiros Belo Horizonte/MG - de 26 a 28/06/2019.

INTRODUÇÃO O presente artigo é parte de uma proposta de Readequação da Casa da Cultura do município de Barbacena, Minas Gerais, edificação construída no século XVIII. Apesar de ser tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (IEPHAMG), o bem encontra-se em estado de manutenção precário, tanto em seu interior, quanto também em seu exterior, parte que mais apresenta-se danificada, devido à degradação de seus revestimentos.

A ideia de fazer essa proposta surgiu devido à falta de espaços adequados para atividades culturais na cidade de Barbacena e à preocupação com o descuido das edificações históricas existentes no município mineiro.

Em Barbacena, existem quatro edificações que comportam atividades relacionada à música, contudo, somente a Casa da Cultura que contém outras atividades relacionadas ao âmbito cultural da cidade. A edificação porém, necessita de um projeto de readequação dos ambientes, com o intuito de valorizar e incentivar o uso deste patrimônio histórico edificado, tornando-se referência cultural para a cidade.

Figura 1 - Casa da Cultura de Barbacena - fachada principal.

Fonte: Arquivo Pessoal

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A Casa da Cultura está localizada na parte central da cidade de Barbacena e é um prédio histórico da época colonial, construído em duas etapas. O primeiro pavimento construído foi executado em 1790, utilizando como sistema construtivo a alvenaria de pedras e o segundo pavimento foi construído em 1879, empregando a alvenaria de tijolos.

A edificação foi concebida inicialmente para abrigar a Cadeia Pública e o primeiro Quartel Militar Municipal. Desde que a Cadeia foi realocada, a edificação passou por diversos usos ao longo dos anos, tais como Faculdade de Odontologia, Museu Municipal e Escola Pública, Todos estes usos participaram e contribuíram ativamente para a história da cidade.

Em 1983, o edifício foi tombado pelo Instituto Estadual de Patrimônio Histórico e Artístico (IEPHA-MG) e em 1986 iniciou-se o seu processo de restauração, passando por diversas reformas para adaptá-la como Casa de Cultura, a qual foi inaugurada no ano posterior. Após a restauração, não houve uma manutenção adequada na maioria dos seus aspectos construtivos, desmotivando o uso dos espaços pelas moradores e turistas (IEPHA, 2014).

O projeto de readequação visa adequar os ambientes internos, criando pontos atrativos de maiores interesses, para que a população barbacenense possa usufruir melhor dos aspectos culturais da cidade, além de melhorar seu aspecto estético externo, recuperando os revestimentos de suas fachadas e resgatando seu potencial de identidade e memória social.

1. BREVE HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE BARBACENA, MINAS GERAIS Localizada na Serra da Mantiqueira, Barbacena é um dos portões do Circuito Trilha dos Inconfidentes, principalmente para quem se origina do Estado do Rio de Janeiro. O clima, a luminosidade e a altitude foram fatores decisivos para que, na década de 1960, tivesse início, ali, o cultivo e o forte comércio de rosas, dentre outras flores. Isso fez com que a cidade ficasse nacionalmente conhecida como “Cidade das Rosas”.

Barbacena originou-se a partir de um pequeno aldeamento indígena Puris e foi descoberto pelos primeiros bandeirantes, que penetraram o território das Minas, no sítio denominado Borda do Campo (ou Borda do Campolide), nas cabeceiras do Rio das Mortes (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).

O desbravamento da região iniciou-se, em 1698, com o Capitão Garcia Rodrigues Paes Leme e consolidou-se com o estabelecimento do Coronel Domingos Rodrigues da Fonseca Leme na Fazenda da Borda do Campo. Esses dois bandeirantes receberam diversas sesmarias ao longo do Caminho Novo, aberto por eles. A primitiva freguesia de Nossa Senhora da Piedade da Borda do Campo foi criada em 1726, com sede provisória, até 1730,

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na Capela da Borda. Nessa mesma ocasião foi demarcado o local para a construção da chamada Igreja Nova, atual Matriz de Barbacena, conhecida como Matriz de Nossa Senhora da Piedade, com obras iniciadas em 1743 e concluídas em 1764. O arraial cresceu no entorno da Matriz e prosperou pela sua vantajosa posição comercial entre o Caminho Novo e o Velho, que ligavam os estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, ao estado do Rio de Janeiro (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).

Em 14 de agosto de 1791 foi criada a vila com o nome de Barbacena e o privilégio de se ter um pelourinho. Na época, o próprio Visconde de Barbacena, D. Luís Antônio Furtado de Mendonça, então governador e capitão-general da Capitania, presidiu a cerimônia do seu levantamento. A vila teve como sede o antigo Arraial da Igreja Nova de Campolide, compreendendo, ainda, os territórios dos arraiais e freguesias de Nossa Senhora da Conceição do Engenho do Matto e de Nossa Senhora da Glória do Simão Pereira. Em 1792, a vila foi testemunha de uma triste cena: durante a condenação dos Inconfidentes, foi afixado, em um poste, um dos braços esquartejados do inconfidente Tiradentes. Pela Lei provincial de 9 de março de 1840, Barbacena recebeu foros de cidade, juntamente com Campanha da Princesa, Paracatu e Minas Novas (IEPHA, 2014).

No século XIX, Barbacena destacou-se ao lado de São João del-Rei como um dos principais pólos do comércio atacadista mineiro. Posteriormente foi desmembrada dos territórios das Vilas de São João del-Rei e atual Tiradentes. A “Cidade das Rosas”, também, é conhecida como a “Cidade dos Doidos”, pois pelo clima de temperatura aprazível, ao longo dos tempos, vários hospitais psiquiátricos e clínicas especializadas se instalaram na região.

Além da Festa das Rosas, tornou-se conhecido o Festival da Loucura, promovido pela Prefeitura e Faculdade de Medicina local, com várias palestras e oficinas que retratam métodos modernos de tratamento da loucura. Atualmente o Festival da Loucura não acontece mais na cidade (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).

No conjunto arquitetônico do município de Barbacena destacam-se dois excelentes exemplos de arquitetura colonial-religiosa representados pela Igreja Matriz de Nossa Senhora da Piedade e pela Capela de Nossa Senhora da Boa Morte que, juntamente com o Solar dos Andradas, são monumentos tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - IPHAN, desde 1988 (IEPHA, 2014).

2. PAT R I M Ô N I O C U LT U R A L E A C A S A D A C U LT U R A BARBACENENSE Para compreender melhor sobre o Patrimônio Cultural, Lemos (1981) apresenta uma subdivisão, sugerida pelo consultor francês, museólogo e diretor do Conselho Internacional

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dos Museus (ICOM), de 1965 a 1974, Hugues de Varine-Bohan. Esta subdivisão está categorizada em três elementos: os pertencentes à natureza (a natureza como um todo), ao conhecimento (técnicas e saberes) e ao grupo de bens culturais, que reúne toda sorte de coisas, objetos, artefatos e construções obtidas a partir do meio ambiente e do saber-fazer.

Quando o debate é sobre Patrimônio Cultural deve-se pensar que este é o conjunto de tudo que tem significado para a cultura de um povo, tudo aquilo que faz parte da composição histórica e cultural do ser humano e de um determinado local, pois ele ajuda a compreender o contexto de uma época, um momento da vida social, a relação com os antepassados e também compreender melhor as origens e os avanços ao longo das décadas (LEMOS, 1981).

De acordo com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, 2017), o patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas e com isso, se faz necessário preservar esses bens.

Ao longo dos anos, ocorreram grandes números de bens patrimoniais que foram destruídos por diversos motivos, dentre eles se encontram os incentivos financeiros escassos, proprietários sem condições de manter a edificação, demolição por falta de conhecimento, crescimento econômico e especulação imobiliária.

Com o exposto acima, é possível inferir que patrimônio é tudo aquilo que uma pessoa ou um povo consegue guardar da própria história, da sua identidade. E portanto, é devido a isto que se faz necessário sua preservação/conservação, pois sua degradação e consequente destruição acarretaria na perda do significado cultural e da memória social ancestrais, os quais foram responsáveis por tudo o que foi conquistado e apreendido até hoje, culturalmente. Portanto, conservar e intervir em uma edificação histórica, sem pensar na sua atualização e repensar em suas atividades, acarreta em um desgaste que estagna no tempo e impede seu avanço às mudanças da sociedade como um todo e minimiza ou evita sua deteriorização.

Frota (2013) identifica com olhar mais atento às causas dos agentes e mecanismos de degradação. Estes se dividem em: •

Agentes ambientais ou climáticos: radiação solar, temperatura, ar, água e chuva;

•

Agentes biológicos: micro organismos, vegetação, insetos, animais de pequeno porte, uso e ação do homem;

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•

Fenômenos excepcionais da natureza: inundações, ventos excepcionais, raios(descargas elétricas).

Segundo Riul (2015), as intervenções em suas diversas formas como restauração, revitalização ou reabilitação são cada vez mais comuns na contemporaneidade, principalmente em edificações antigas, tombadas ou não pelo Patrimônio Histórico Cultural, que tem que se adequar às atuais normas de acessibilidade, prevenção contra incêndio, reforço estrutural ou às mudanças e às atualizações do programa arquitetônico.

Para que a edificação não fique sujeita a degradação, é necessário que ocorra conservação preventiva a qual, segundo o Manual de Conservação Preventiva do IPHAN (2019), significa “o conjunto de medidas que se deve tomar para prevenir o aparecimento de danos em uma edificação evitando trabalhos radicais de restauração”.

De acordo com Carvalho (2000), a conservação preventiva: “Aplica-se a todos os elementos do patrimônio, em situação de deterioração ativa ou não, visando a protegê-los de qualquer agressão natural ou humana. Por outro lado, pode-se também entender que a conservação preventiva é uma resposta da profissão às profundas modificações por que tem passado o ambiente e o patrimônio nos últimos tempos. As modificações de uso dos edifícios históricos, as variações do sistema de propriedade das coleções, as mudanças das condições ambientais do entorno interferem de tal modo no estado de conservação das coleções, que qualquer política de preservação do patrimônio cultural que desconsidere esta interferência está fadada ao fracasso dos seus principais objetivos” (CARVALHO, 2000, p. 3).

Com relação a espaços públicos em Barbacena-MG, a Casa da Cultura é procurada como lugar de estudos entre alunos que estão nas escolas e pessoas que estudam para concursos, além de ser usado para aulas de música. Mas, por estar com em estado precário e sem a manutenção devida, o fluxo de pessoas não é tão intenso em comparação com a quantidade de habitantes da cidade que é de 126.284, segundo o IBGE(2010).

ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA CASA DA CULTURA EM 1986 O estado de conservação da Casa da Cultura antes do restauro, estava em péssimas condições. Só existiam poucas peças do telhado; o piso de tábua corrida já havia se deteriorado, como também a escada de madeira, que dava acesso para o pavimento superior.

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Com a restauração, foi colocado um novo telhado, pintura nova, e principalmente lajes de estrutura de concreto e tijolos. Também foram construídos banheiros e uma nova escada em alvenaria, a qual dá acesso ao pavimento superior.

Figura 2 - Casa da Cultura de Barbacena - foto-documentação antes da restauração.

Fonte: Arquivo Pessoal.

ESTADO ATUAL DE CONSERVAÇÃO DA CASA DA CULTURA De acordo com os questionários aplicados aos usuários e funcionários da Casa da Cultura, ela necessita de uma melhor manutenção, mais segurança, renovação dos ambientes, atualização dos equipamentos de uso comum e limpeza geral. Outro ponto essencial é garantir a acessibilidade a portadores de necessidades especiais, uma vez que a edificação

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contém somente uma escada de entrada e uma escada para o mezanino, que dá acesso aos únicos banheiros da edificação e ao pavimento superior.

As fachadas estão prejudicadas devido a falta de conservação preventiva, como também às condições do tempo e má manutenção. A situação se agravou com a implementação de materiais de construção como o concreto, o qual foi usado na base inferior da edificação, deixando a característica estrutural com revestimento canjicado coberto, afetando negativamente os materiais originais do século XVIII.

Quadro 1 - Casa da Cultura de Barbacena - mapeamento de danos.

Fonte: Adaptado pela autora (2019), baseado em Frota (2013).

Na Casa da Cultura de Barbacena, de acordo com o mapa de danos, diagnóstico dos materiais realizados e entrevista com os usuários, se faz necessário um projeto de (re)adequação dos espaços com as devidas demandas identificadas, além de ter como diretriz o projeto de restauração da parte externa do prédio (fachadas e telhado tombados pelo IEPHA).

Figura 3 - Casa da Cultura de Barbacena - mapeamento de danos da fachada principal.

Fonte: Arquivo Pessoal.

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Figura 4 - Casa da Cultura de Barbacena - mapeamento de danos no pavimento térreo.

Fonte: Arquivo Pessoal.

CONDIÇÕES DOS ACERVOS A conservação dos acervos da biblioteca e do arquivo público passou pela avaliação que consta no material Museologia e Roteiros Práticos N. 5, para Parâmetros de Conservação de Acervos, publicação da EDUSP e Fundação Vitae (RESOURCE: THE COUNCIL FOR MUSEUMS, ARCHIVES AND LIBRARIES, 2004). O material foi adaptado para avaliar e compreender como está o estado de conservação dos acervos da Casa da Cultura de Barbacena.

Visto que vários pontos das perguntas estabelecidas no material indicado não são atendidas pelos acervos avaliados, o projeto de Readequação proporcionará melhores condições de conservação, a partir de: •

Revestimentos novos;

•

Piso de granilite, o qual tem maior durabilidade e resistência a água e abrasão;

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•

Nova pintura nas paredes de cor clara;

•

Implementação de placas acústicas, devido a barulhos externos dos carros;

•

Equipamentos novos como estantes, mesas, cadeiras serão utilizados os produtos da marca Biccateca que é uma empresa especializada em fabricar materiais de biblioteca e arquivos. Os produtos são de aço e MDF com tratamento anti-corrosivo e fosfatizante, pintura eletrostática a pó, preservando o material por maior tempo;

•

Novos pontos de iluminação;

•

Sistema de ar condicionado simples.

3. PROPOSTA DE READEQUAÇÃO PARA A CASA DA CULTURA O ponto de partida para realizar o projeto, foi a Biblioteca Pública e suas necessidades como a atualização e uma adequação do espaço. Todavia, conhecendo melhor a edificação e suas atividades diárias, viu-se que era necessário um Projeto de Readequação da Casa da Cultura como um todo, com objetivo de aumentar o número de usuários, valorizar o edifício histórico, sua memória social e também o acesso à cultura para a população em geral. Para isso, os elementos tombados pelo IEPHA/MG, que são as fachadas e o telhado, serão preservados, tomando como diretriz a conservação preventiva do IPHAN e futuramente uma possível restauração pelos órgãos públicos. Já os ambientes internos - os quais não estão tombados - serão readequados para melhorar as suas condições de uso.

“Estes espaços, categorizados como bens tombados, são muitas vezes tachados como estruturas estagnadas no tempo – intocáveis – onde ações intervencionistas são malvistas e defendidas por decretos, norma regras específicas a cada edificação, dificultando muitas vezes o processo de revitalização do bem, chegando a inviabilizar ações corretivas necessárias ao uso de uma sociedade contemporânea, principalmente se esse for de uso comum e promova a cultura, a exemplo de museus, teatros, sítios arqueológicos, entre outros” (ATALIBA 2015 APUD SZILAGYI E GOMES (2013, p.169).

Nos fundos da Casa da Cultura será proposta uma cafeteria concessionada pela prefeitura que integrará a edificação existente. A localização central do espaço propicia a instalação de um negócio rentável que, em contrapartida, incentivará o crescimento do número de frequentadores da Casa da Cultura, além de dar utilidade a um espaço atualmente ocioso.

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Para resolver a questão da acessibilidade para pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, propõem-se a construção de um elevador panorâmico, composto de materiais de aço e vidro, integrando com o entorno e principalmente com a edificação histórica, tendo o acesso pela cafeteria.

A adequação dos ambientes será em todos os pavimentos e consistirá no assentamento de piso de granilite, instalação de placas acústicas para amenizar o barulho dos carros, nova pintura e um sistema de ventilação condicionada. A proposta também contempla nova iluminação, além da aquisição de mesas, estantes e cadeiras adequadas para os usos estabelecidos.

Os ambientes que serão remanejados, Sala de Arquivo do Fórum e Sala de Teatro, irão para outros prédios da prefeitura, dando espaço para a ampliação dos ambientes existentes que serão readequados. É necessário trocar toda parte elétrica da Casa da Cultura, devido a fiação ser muito antiga, para então receber as atualizações do projeto de readequação.

Também é importante que um projeto de restauro seja feito nas fachadas da edificação da Casa da Cultura e também dar manutenção ao telhado. A seguir se encontra um quadro identificando as causas dos problemas encontrados nas fachadas e soluções que podem ser realizadas. O quadro é uma adaptação do Manual de conservação Preventiva do IPHAN (IPHAN, 2019).

PROBLEMA/ DANO CAUSAS PROVÁVEIS DETECTADO Lodo/ cristalização de sais solúveis abaixo da umidade superfície do reboco, devido a parede revestida por argamassa ou pinturas impermeáveis, dando origem ao empolamento e ao destaque de trechos do revestimento Perda de cristalização de sais solúveis abaixo da reboco superfície do reboco, devido a parede revestida por argamassa ou pinturas impermeáveis, dando origem ao empolamento e ao destaque de trechos do revestimento Rachaduras má qualidade dos materiais aplicados na parede acomodações ao longo do tempo umidade poluição intervenções erradas

SOLUÇÕES POSSÍVEIS retirar revestimento impermeável substituir por adobes fabricados de asfalto e unidos aos existentes com argamassa similar ao próprio adobe impedir acesso de água à construção reconhecer padrão de umidade usar reboco sacrificial (poroso)

limpar com cuidado a área onde se encontra a fissura usar tinta á base de cal

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Tintas má qualidade dos materiais aplicados na desbotadas parede condições de umidade e temperatura do ar propícias ao desenvolvimento de micro organismos (acima de 20o C e acima de 60% de umidade). umidade poluição intervenções erradas Descascado má qualidade dos materiais aplicados á pintura de parede acomodações ao longo do tempo madeira umidade poluição intervenções erradas

bloquear fontes de umidade, limpar e secar o material: 1. lavação com uma solução de hipoclorito de sódio (Q boa) a 10% 2. lavação com água limpa 3. secagem completa 4. aplicação de produto fungicida 5. após 3 dias, retirada do fungicida por meio de escovação 6. reaplicação de acabamento e pintura.

impar com cuidado a área onde se encontra a fissura usar tinta á base de cal e incluir pigmentação na cor vermelha original Concreto aplicado a edificação de maneira errada, retirar o material e deixar as pedras acarretando em fissuras e lodo aparentes á mostra Telhado sem má qualidade de colocação fazer amarra com cabos de metal ou emboço colar as telhas com cimento apropriado Quadro 2 - Casa da Cultura de Barbacena - mapeamento de danos nas fachadas.

Fonte: Adaptado pela autora (2019), baseado em IPHAN (2019).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Como ponto de partida para realizar o projeto de readequação da Casa da Cultura de Barbacena, a Biblioteca Pública e suas necessidades deu início à pesquisa realizada para a elaboração do presente artigo. Entretanto, adequar um bem tombado com o intuito de revigorar a memória social de um patrimônio histórico da cidade, como também atender às demandas atuais prementes, tais como acessibilidade aos seus usuários e modernização dos equipamentos necessários ao seu uso (re)adequado, para que sua história não pereça é um grande desafio que envolve a comunidade, as entidades culturais locais e as polícias públicas. Para que a história da Casa da Cultura não sucumba, medidas de conservação preventiva devem estar presentes em seu uso constante e diário e sua importância tem que ser repassada e valorizada de geração para geração, para que este bem tombado seja apropriado pela comunidade e readequado de forma a resgatar o uso e a memória social da população barbacenense.

5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ATALIBA, Renata Dantas. A compatibilização entre acessibilidade física e patrimônio: um estudo aplicado ao palácio da cultura, Natal- -RN. 2015. 254 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Arquitetura e Urbanismo) - Departamento de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2015.

CARVALHO, Cláudia Rodrigues. O projeto de conservação preventiva do Museu Casa de Rui Barbosa. 2000. 144 f Artigo -, Fundação Casa Rui Barbosa, Rio de Janeiro, 2000.

Disponível em: <http://www.casaruibarbosa.gov.br/dados/DOC/artigos/a-j/FCRB_-

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FROTA, Sadiana Luz Martins. Casa de Cultura de Santa Maria: Restauração e Readequação dos Espaços de um Patrimônio de Santa Maria/RS. 2013. 136 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Pós Graduação Profissionalizante em Patrimônio Cultural, Centro de INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Barbacena: População. 2010. Disponível em: <https://cida- des.ibge.gov.br/brasil/mg/barbacena/ panorama>. Acesso em: 10 abr. 2019.

INSTITUTO DE PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL - IPHAN. Manual de Conservação Preventiva para Edificações. Brasília. 243 p. Disponível em: <http:// i p u r b . b e n t o g o n c a l v e s . r s . g o v. b r / u p l o a d s / -

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INSTITUTO ESTADUAL DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO DE MINAS GERAIS IEPHA. Guia de bens tombados IEPHA/MG. 2. ed. – Belo Horizonte: Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, 2014. 2 v. : il. ; 30,5 cm LEMOS, Carlos A. C. O que é Patrimônio Histórico. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1981.

115p.

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, A CIÊNCIA E A CULTURA UNESCO. Patrimônio Cultural no Brasil. 2017. Disponível em: <http://www.unesco.org/ new/pt/brasilia/culture/world-herita- ge/cultural-heritage/>. Acesso em: 02 nov. 2018.

RESOURCE: THE COUNCIL FOR MUSEUMS, ARCHIVES AND LIBRARIES. Parâmetros para a Conservação de Acervos/Resource: The Council for Museums, Archives and Libraries; [tradução Maurício O. Santos e Patrí- cia Souza]. – [São Paulo]: Editora da Universidade de São Paulo: [Fundação] Vitae, [2004]. 154 pp. – (Museologia. Roteiros práticos; 5).

RIUL, Gabriela. Revitalização Museu e Casa da Cultura do Município de Jardinópolis.

2015. 88 f. TCC (Graduação) - Curso de Arqui- tetura e Urbanismo, Centro Universitário Moura Lacerda, Ribeirão Preto, 2015. Disponível em: <https://issuu.com/gabrielariul/docs/tfg_-_revitalizacao_museu_e_casa_da>. Acesso em: 10 jan. 2019.

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