Araucária, nossa história:




4ºANO
Rafael de Jesus Andrade de Almeida
SecretariaMunicipaldeEducaçaodeAraucaria Araucaria
Almeida, Rafael de Jesus Andrade de, 1976A447a Araucária, nossa história : povoamento e trabalho / Rafael de Jesus Andrade de Almeida. – Araucária, PR : Prefeitura Municipal de Araucária, 2022.
208 p. : il. color. ; 30 cm.
Inclui bibliografia.
ISBN: 978-65-902133-0-3
1. Araucária (PR) - História. 2. História regional. 3. Araucária (PR) – População. 4. Imigrantes. 5. Industrialização. 6 Relações étnicas. 7. Relações raciais. 8. Trabalho - Aspectos sociaisAraucária (PR). 9. Tropeiros - História - Brasil, Sul. I. Título.
CDD (21. ed.): 981.62
CDU: 94(816.2)
CDU: 94(816.2)
Ficha catalográfica elaborada por Marta de Souza Pião – CRB 8/6466
Prefeito municipal: Hissam Hussein Dehaini
Vice-prefeita: Hilda Lukalski Seima
Secretária municipal de educação:Adriana de Oliveira Chaves Palmieri
Diretora geral: Carolina Novak Bosquetto (2019-2021), Marilene Rôde
Diretora do departamento de ensino fundamental: Eliane Terezinha Buwai Krupa
Diretora do departamento de articulação pedagógica: Jociane Emídia Silva Geronasso
Diretora executiva de ensino: Suzana Nunes Branco
Capa:Antiga Usina de Luz de propriedade de Rodolpho Voss, década de 1930.
Coordenação do projeto: Eliane Terezinha Buwai Krupa
Assessora executiva (2020):Aletheia Braga Ribeiro Marcondes Cesar
Idealização do projeto: André Luiz Batista da Silva
Pesquisa iconográfica: Rafael de JesusAndrade deAlmeida e equipe do Arquivo Histórico Archelau deAlmeida Torres
Diagramação: Rafael de JesusAndrade deAlmeida
Revisão do texto: Maria de Fátima Borges
Revisão técnica:Andréa Voronkoff, Edina Soares Maciel, Elisa Daniele deAndrade, Maria Madalena Exterchotter, Simone Nunes Gonçalves, Sônia Regina Perretto de Oliveira
Revisão, leitura e sugestões de atividades:Adriana Cristina Kaminski Ferreira, Ana Claudia
Gonçalves Luciano,Ana Claudia Spuldaro, Claudinéia VischiAvanzini, Danuse da Porciúncula
Araújo, Dayana Silveira Salvador, Gilsiely dos Santos Claudio, Ivanis Maria Salete Bordignon
Nunes, Jair Santana, Kelyn Giraldello, Liete Merante Dias Falat, Mônica Bora Fagundes, Michelle Cordeiro dos Santos Borges Ferreira, Nicolas Dias Lopes Daher, Patricia Dahmer, PriscilaAparecida Romero Dereveck e Soeli do Rocio Nunes Lechinhoski
A Saga de Araucária, foi assim que o brilhante professor, escritor, pesquisador e humanista Romão Wachovicz (1907-1991) denominou aquele que viria a ser um dos melhores e mais completos livros de História da nossa querida cidade. Publicado em 1975, não por coincidência no mesmo período em que a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (REPAR) estava sendo construída (1972-1977), a obra de certa forma viria a ser o marco literário entre a Araucária do velho testamento e a nova, novíssima cidade que estava sendo forjada pelo trabalho dos novos trabalhadores da construção civil e da indústria petroquímica, que de agora em diante se somaria ao labor dos antigos moradores da cidade, compartilhando sonhos, preocupações e conquistas.
O uso do substantivo Saga, no título do livro, foi uma escolha muito inteligente. Por se tratar de um dos gêneros da narrativa, as sagas podem referir-se às histórias épicas, longas e movimentadas de um povo, histórias essas marcadas por incidentes e conquistas, moldando assim as identidades, expectativas e compromissos desse mesmo povo.
Com a esperança dos sábios, o Romão escritor, pai do ex-prefeito Rizio Wachowicz e do renomado historiador Ruy Wachowicz, termina a introdução do livro fazendo a seguinte observação:
“Não duvidamos que surgirão conhecedores mais especializados nesse campo, que procurarão sanar nossas falhas e os nossos erros.”
Ficaríamos constrangidos em noticiar ao Romão pesquisador que, embora tenhamos sanado algumas lacunas historiográficas, especialmente referentes à Araucáriaantesde1972,aindaestamosemdívidacommuitagente.Especialmente quando pensamos na escrita da História de uma cidade que já vive há mais de quatro décadas o seu novo testamento. É por isso que, quando pensamos na História dos migrantes de todo o Brasil que para aqui vieram a partir da década de
(WACHOWICZ, 1975, p. 8)
1970, atraídos pela instalação do polo petroquímico, percebemos de imediato que muito temos para pesquisar e estudar.
Vale lembrar, porém, os esforços da equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Araucária na produção da Coleção História de Araucária, hoje com seis volumes, obra ímpar na compreensão das nossas lutas, conquistas e desafios.
Outra boa notícia que poderíamos dar ao Romão professor, é de que nossos colegas professores e professoras dos anos inicias de Araucária têm feito um trabalho incansável e competente, produzindo frutos maravilhosos sobre o conhecimento da História de Araucária, sendo, portanto, os maiores responsáveis pela formação da consciência histórica das nossas crianças. Dos primeiros professores do século XIX, passando por mestres como Romão, até os profissionais do século XXI, uma longa tradição vem se consolidando no estudo das nossas raízes.
Exemplodissopodemos observarnaproduçãoda obra Recriando Histórias de Araucária. Uma parceria de sucesso entre a Prefeitura Municipal de Araucária e a Universidade Federal do Paraná, sob a brilhante coordenação das professoras Maria Auxiliadora Schmidt e Tânia Maria F. Braga, ambas pesquisadoras do Núcleo de Pesquisa em Publicações Didáticas, em que os grandes protagonistas na produção do conhecimento foram as professoras e professores das escolas municipais de Araucária, bem como seus alunos e alunas.
Aos nossos queridos mestres e mestras fica a nossa mais profunda gratidão!
Ao Romão humanista podemos garantir que continuaremos subindo aos sótãos, abrindo baús, folheando antigos álbuns de fotografias e, principalmente, cobrando por respostas.
A todos desejamos saúde, fraternidade e bons estudos!
Temos esperanças pelos que virão; e eu (este é meu trabalho!) olho para o presente, E escuto o futuro a partir do passado.
Johann Gottfried von Herder (1744-1803)Iguaçu, Passaúna, Tindiquera, Boqueirão, Barigui, Sabiá, Tayrá e Tupi. Basta uma breve olhada sobre os mapas de bairros, conjuntos residenciais, ruas e rios de Araucária para percebermos de pronto a presença indígena em muitos dos seus nomes.
Você sabia que Tindiquera significa local onde habitam os Tinguis? E que Iguaçu significa rio grande?
Toponímia é o estudo dos nomes próprios dos lugares, rios e outros elementos geográficos, da sua origem e evolução. Por isso é uma parte da linguística tão ligada à história, à arqueologia e à geografia. A toponímia pode nos ajudar a garimparmos informações importantíssimas sobre a formação de um determinado lugar.
Etimologia é o estudo da origem das palavras, da sua história, identificando as línguas das quais essas palavras derivam, como elas mudaram e quando passaram a fazer parte da nossa língua. O dicionário especializado que nos traz essas informações é chamado de Dicionário Etimológico.
Toda palavra tem uma história e toda história tem um começo. E por onde começamos? É isso mesmo, pelos moradores originais de Araucária, os indígenas!
Você já chamou alguém de piá? Seus familiares chamam os meninos de piazada? Você conhece a origem da palavra piá? Pois bem, saiba que o substantivo piá significa menino e era a forma carinhosa como as mães tinguis se referiam aos seus filhos, meninos tão amados que eram. E como foi que esse substantivo tão lindo chegou até nós?
Homens de origem europeia se uniram às mulheres tinguis que aqui viviam, tiveram filhos e filhas que ficaram conhecidos como caboclos. Por isso caboclo significa procedente do branco, filho dohomem branco, mestiço de branco eindígena. Portanto quando a mãe tingui ou cabocla falava “vem cá meu piá” ela também estava dizendo “vem cá meu filho amado”. Sentimentos lindos têm palavras lindas.
Para além das palavras, sem nenhuma dúvida, é na pele de muitos araucarienses onde a presença indígena fica mais evidente. Basta olharmos para o lado, na nossa sala de aula mesmo, ou na hora do intervalo na escola, para percebermos a presença da ascendência indígena entre muitos dos nossos amigos ou de nós mesmos.
Portanto, fica claro que precisamos conhecer melhor as contribuições históricas dos indígenas na formação do povo brasileiro.
É por isso que elaboramos esse capítulo todo especial para esse livro didático. Ele visa atender a dois direitos básicos de aprendizagem: conhecer a história dos povos indígenas e ter a sua própria história reconhecida. Bons estudos!
FONTE1:ExplicaçãoHistóricaelaboradapela equipeda Secretaria Municipal de Cultura e Turismo sobre a presença indígena nas terras que viriam a ser conhecidas comoAraucária:
Os primeiros vestígios do homem na região compreendida hoje pelo município de Araucária remontam há aproximadamente 4.000 anos. Os sítios arqueológicos, encontrados na área do atual reservatório do Passaúna, mostram a presença de diferentes grupos indígenas tupi-guarani nestas paragens muito tempo antes da chegada dos primeiros europeus. Essas populações autóctones viviam da caça e da coleta. Habitavam pequenas aldeias, situadas às margens dos rios Barigui, Iguaçu e Passaúna, que cortam a região. Entre esses grupos, destacam-se os índios Tinguis, cuja presença majoritária levou a região a ser conhecida como Tindiqüera, ou seja, pertencentes aos Tingüis, de acordo com a língua tupi-guarani.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma História: a presença étnica em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 10.
FONTE2:ExplicaçãoHistóricaelaboradapela equipeda Secretaria Municipal de Cultura e Turismo sobre a presença indígena nas terras que viriam a ser conhecidas comoAraucária: Pesquisas arqueológicas, realizadas no espaço do atual reservatório do Rio Passaúna pelos professores Igor Chmyz, João Carlos Gomes Chmyz e Eliane Sganserla, mostraram a presença do homem na região do atual Município de Araucária desde 2.000a.C.,ouseja,háaproximadamente4.000 anos.Duranteotrabalho depesquisa, foram descobertos vários sítios arqueológicos e, através deles, pode-se saber que os grupos mais antigos moravam em pequenas aldeias e se ocupavam da caça e da coleta de alimentos pelas matas.
Posteriormente, outrosgrupos humanosumpouco mais numerosos seestabeleceram nesta região. Estes grupos viviam em aldeias um pouco mais numerosas, conheciam a cerâmica e além da caça e da coleta, já praticavam uma agricultura incipiente.
Um desses conjuntos de sítios arqueológicos aponta para a tradição tupi-guarani. Os diversos grupos praticavam uma cerâmica mais elaborada, onde se destacavam os artefatos de pedra, lâminas de machado, pilões e mãos de pilões alisados.
Dos grupos indígenas que habitavam a região, o que mais se destacou, provavelmentepelaquantidadedeindivíduosexistentes,foi odosTinguis,umatribo tupi-guarani. A presença desse grupo no local deu origem ao nome primitivo da região em que se assenta Araucária. Chamavam-na de Tindiqüera, que em tupiguarani significa pertence aos Tingüis. Estes índios dominavam os campos de Curitiba a partir da encosta ocidental da Serra do Mar (território em que localizam
hoje os municípios de São José dos Pinhais, Piraquara, Campo Largo, Araucária, Campina Grande e Rio Branco).
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 14-15.
Fonte3:Gravura retratandoosTinguis,produzida porUlrichoShmidelemsua viagem pelo Brasil em 1552.
FONTE 4: Explicação histórica sobre quem eram os Tinguis, elaborada pelo jornalista, escritor e historiador Romário Martins (1874-1948):
TINGUI: Os Tinguis eram os indígenas que dominavam os campos de Curitiba, na encosta ocidental da Serra do Mar, no século XVII. A origem de seu nome vem do Tupi-Guarani e significa Nariz Afilado. Tinham bom relacionamento com os colonizadores, tendo sido serviçais destes nas atividades auríferas e de pecuária. Habitavam em covas abertas no chão, chamadas de Tindiqueras, o que significa "Buraco de Tingui”. Não vai longe o tempo em que os caboclos de Araucária avisavam o seu contendor: “Cuidado que eu sou Tingui!”. (Fonte: MARTINS, Romário. História do Paraná. Curitiba: Travessa dos Editoras, 1995, p. 31 – Texto Adaptado)
1- Leiacommuita atençãoasfontes1,2 e4,depoisanaliseafonte 3.Finalmente numa única folha, dividida em duas partes, elabore dois desenhos procurando registrar as semelhanças e diferenças entre os modos de vida dos Primeiros Povoadores Indígenas e dos Povoadores Indígenas Posteriores. Para facilitar seu trabalho siga as dicas no quadro esquemático abaixo:
- Os primeiros indígenas eram caçadores e coletores.
- Viviam em pequenas aldeias, mas de tempos em tempos eram obrigados a migrar em busca de comida.
- Dominavam o fogo.
-Fabricavamferramentasusando pedras,madeiras,cipósepelesde animais, como: pontas de flechas, machados, lanças, etc.
- Como novos povoadores esses indígenas iniciaram a prática da agricultura.
- Surgimento de aldeias maiores, com residências mais elaboradas e com mais objetos.
- Fabricavam cerâmica onde armazenavam alimentos, bebidas e sementes.
- Fabricavam ferramentas de pedra polida, com lâminas mais afiadas.
2- No livro A saga de Araucária o professor Romão Wachowicz nos traz o depoimento de dona Ana Laskowski que, na época do depoimento, por volta de 1975, estava com 89 anos.AsenhoraAna conta que: “Quando viemos para cá, como lavradores, ainda existiam buracos na terra, com a profundidade de dois homens, que os selvagens utilizavam como casas. No fundo dos buracos, as crianças encontraram pedras bem trabalhadas, algumas compridas como garrafas. Foi encontrado aqui também um engenhoso cachimbo e uma pequena jarra. Todas essas curiosidades eram recolhidas pelo professor local, Antônio Smyk, que as enviava para a Polônia.”
(WACHOWICZ, 1975, p. 15).
Agora observe com muita atenção as imagens a seguir e responda as questões propostas. Elas foram criadas para compreendermos melhor como viviam os povos que faziam parte da tradição taquara, que deram origem aos kaingangs. Assim como os Tinguis, os ancestrais dos Kaingangs faziam residências subterrâneas. Não sabemos ao certo como eram essas residências, mas a partir de evidências analisadas pelos pesquisadores podemos supor como esses povos residiam, foi o que os arqueólogos junto aos autores dessas imagens fizeram. Também foi nesse sentido que reproduzimos essas imagens, elas pretendem instigar a imaginação sobre os modos de vida desses povos, contudo são aproximações da realidade.
Em um depoimento exclusivo feito pela famosa ilustradora Ana Luiza Koehler, para a nossa rede de ensino, podemos saber mais sobre esse importante trabalho que tanto nos ajuda a entender melhor o passado e a nós mesmos. Nas palavras da Ana: Fazer esse tipo de ilustração vai muito além de desenhar e pintar. Nós precisamos aprender e conhecer quem eram essas pessoas que estiveram aqui tanto tempo antes de nós, como elas viviam, e como construíam suas casas, conservavam sua comida e se protegiam do frio com tanta inteligência e tanto respeito à natureza. A gente viaja no tempo, e imagina o que seria viver como eles, e aprende que há outros jeitos de estar no mundo, que essas pessoas tinham uma história e uma cultura, como nós. É uma honra e um aprendizado estudar para desenhar e pintar cenas como essa.
Uma forma muito divertida de estudar é por meio dos infográficos interativos. No artigo Escavações revelam hábitos de índios que viveram há mil anos no sul do Brasil (no endereço logo abaixo), publicado na Folha de São Paulo, é possível acessar o link de um interessante infográfico com informações sobre os povos indígenas da nossa região. Primeiro leia o artigo, depois divirta-se com a multimídia.
O infográfico está disponível no endereço eletrônico: https://www.thinglink.com/scene/767474124837617666?buttonSource=viewLimits Acessado em 21/01/0219 às 13h56.
O artigo está disponível em https://www1.folha.uol.com.br/ciencia/2016/03/1751784-escavacoes-revelam-habitos-de-indiosque-viveram-em-1000-dc-no-sul-do-pais.shtml Acessado em 21/01/2019 às 15h03.
a - Entre o depoimento de Dona Ana Laskowski e as imagens existem elementos em comum. Indique quais são esses elementos?
b - Por um certo tempo, as paragens que formam parte do que nós hoje conhecemos como Araucária, eram conhecidas como Tindiquera. Levando em consideração o que nós estudamos e vimos até aqui, qual pode ser a explicação para tal nome?
c - Durante a construção da represa que inundou parte dos territórios de Curitiba, Campo Largo e Araucária foiimplantadoo Projeto Arqueológico Passaúna (19851986), nas áreas influenciadas pela barragem e o reservatório da SANEPAR. Financiado pelas Centrais Elétricas do Sul do Brasil e a Superintendência de Recursos Hídricos do Estado do Paraná, tinha como objetivo o salvamento arqueológico da cultura material que ali se encontrava, antes do alagamento do trecho, alagamento esse que impediria a reconstrução do passado daqueles que viveram naquele território. Os resultados foram comemorados e hoje é possível conhecer muitas dessas peças em visita ao Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR, na Sala Didático-Expositiva, situada na Praça Santos Andrade, no Prédio Histórico da UFPR. Agora releia a fonte 2 e responda: Quais vestígios da cultura material indígena foram encontrados nesse sítio arqueológico?
d - No depoimento feito pela ilustradora Ana Luiza Koehler podemos entender um pouco melhor sobre o trabalho de ilustração histórica e arqueológica, uma técnica importantíssima para o resgate do nosso passado. Agora, relendo o depoimento,
responda: de que forma esse tipo de trabalho nos ajuda a compreender melhor a nós mesmos?
Fonte 5: Explicação histórica e imagem do livro A Saga de Araucária do professor, escritor e pesquisador Romão Wachowicz.
Em toda a região de Araucária foram encontrados numerosos vestígios da presença dos indígenas nesta terra: 1) Os colonos encontravam pelas roças machados de pedra, pilões ovais, planos e redondos, fabricados com extraordinária perfeição. [..]. 5) Buracos na terra, que serviam de moradia [...].
Até há poucos anos era utilizada a herança dos Tinguis, isto é, arcos de duas cordas, com mira no centro, utilizados para atirar pedras redondas, que eram facilmente encontradas em pequenos riachos [...].
1) Você já ouviu falar em pedra de bugre? Pois bem, caso nunca tenha ouvido falar, saiba que em Araucária essa expressão costuma se referir a artefatos arqueológicos indígenas líticos, ou seja, ferramentas de pedra encontradas por munícipes, de inestimávelvalor histórico. Uma questão que poucos estão cientes é do imenso valor histórico,arqueológicoepatrimonialdessesartefatos.Outraquestão importante,que precisa ser esclarecida, é que essas ferramentas foram feitas pelas mãos de pessoas que viveram há séculos, e que as mesmas dedicaram dezenas e às vezes centenas de horas fabricando esses instrumentos. Por isso, quando esses artefatos são encontrados, as autoridades municipais devem ser informadas, pois elas saberão o que fazer. Agora junto com a professora ou professor pesquise e responda as questões a seguir:
a - Caso a sua professora ou professor tenha encontrado um artefato arqueológico, onde e a quem ele/ela deve comunicar?
b - Caso você queira conhecer esses artefatos líticos, onde você pode vê-los em Araucária?
c - E em Curitiba, onde você e seus familiares podem visitar para conhecer mais sobre a vida dos povos indígenas que habitavam nossa região?
Arqueólogo é o profissional que se dedica à arqueologia. A arqueologia é a ciência que estuda os modos de vida e culturas dos povos, muitas vezes de um passado distante, por meio dos vestígios materiais que podem ser obtidos por escavações em sítios arqueológicos. Os arqueólogos se valem de outras ciências como a História para compreenderem, por exemplo, como um território foi ocupado e como esses povos viviam. Você já se imaginou trabalhando como arqueólogo?
Fonte 6: Fragmentos do livro A Saga de Araucária do professor, escritor e pesquisador Romão Wachowicz. O título do original polonês é Araukaria Spod Pluga.
Os imigrantes e seus descendentes não davam nenhuma importância aos problemas indígenas. Na ideia deles fixaram-se apenas dois nomes, que atribuíram a todos os índios: botocudo e bugre, que significavam a mesma coisa. Os imigrantes poloneses formavam má ideia completamente errônea a respeito dos Tinguis, seus vizinhos, apregoando que eram selvagens, vingativos, sem higiene, assassinos, cheios de ódio [...]. Pelo contrário, o fato é que os Tinguis eram mansos, humildes e não atacavam ninguém.
[...]. Quando voltavam da igreja de carroça e encontravam miseráveis famílias de Tinguis, que iam não se sabia para onde, em busca de algum socorro sem esperança, e quando o cacique saudava os imigrantes que viajavam, estes nem sequer se dignavamde olhar para os índios, mas continuavamsentados firmes sobre a carroça, em silêncio, o olhar errante fixado na frente. Fingiam que não os viam [...].
Não podia haver maior desprezo e humilhação [...]. (O autor destas linhas tomou parte num triste encontro desses, quando tinha oito anos, e essa lembrança lhe traz remorsos. O fato deu-se em 1915, no quilômetro 5 de Araucária em direção à Lapa, na Estrada do Imperador, em Bela Vista).
As mães imigrantes, quando mandavam os filhos à escola, sempre lhes lembravam que, se encontrassem índios, não falassem com eles e se conservassem longe deles. Às vezes ummiserável grupo de meninos esfarrapados ficava parado humilde diante de um boteco, porque o cacique fazia alguma compra ou troca. Então os meninos brancos (e eu com eles) apressavam o passo e olhavam para o outro lado da estrada, para não se encontrarem com o índio, nem com o olhar.
[...] A caridade cristã com relação aos índios – junto aos brancos de todas as nacionalidades – não existia. O selvagem não fazia parte da humanidade. Cercado pela cultura europeia, o legítimo filho desta terra, o índio, vizinho do imigrante, devia morrer aos poucos.
WACHOWICZ, Romão. A Saga de Araucária. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda., 1975, p. 12-16.
1- Qual é o sentimento expresso pelo professor Romão Wachowicz em relação ao desprezo sofrido pelos indígenas? Use trechos da fonte 6 para fundamentar sua explicação.
2- Na sua opinião, é possível dizer que ainda hoje os indígenas sofrem algum tipo de preconceito? Cite exemplos do dia a dia para justificar sua resposta.
Que tal criarmos uma maquete de uma Cova Tingui?
Pois bem, para torná-la possível será necessário tomarmos as seguintes decisões:
1) Com quais materiais faremos a maquete?
2) Onde será exposta a maquete?
3) Quais serão as funções exercidas pelos alunos e professores envolvidos no projeto?
a- Quem vai fazer a maquete?
b- Quem vai pintar a maquete?
c- Quem vai montar a exposição?
4) Quem, além dos alunos e professores, poderá nos ajudar? Como?
5) Quais informações básicas sobre as Covas Tinguis deverão estar disponíveis de forma escrita na maquete?
6) Quem vai arcar com os valores investidos na maquete?
Você sabia que a cena pintada logo abaixo pode ter ocorrido em Araucária e que pode ter acontecido mais de uma vez? Talvez você esteja se perguntando: Como assim? Que história é essa?
Pois bem, nesse capítulo vamos estudar como os primeiros colonizadores lusobrasileiros chegaram em Araucária e como isso impactou sobre a vida dos povos indígenas que aqui viviam.
Para início de conversa observe com muita atenção o quadro abaixo do francês JeanBaptiste Debret (1768-1848). Observe o lugar, as plantas, as mulheres e crianças indígenas capturadas, os soldados, suas armas e trajes. Observe que os soldados não são europeus brancos, nem negros, estão descalços. Em termos étnicos, a qual matriz pertencem esses soldados?
Atualmente, a grande maioria dos pesquisadores acredita que os primeiros europeus a passarem pelo território de Araucária eram liderados pelo conquistador espanhol Álvar Núñez Cabeza de Vaca (1488/1492-1558/1560).
Nomeado governador da província do Rio da Prata e do Paraguai, Cabeza de Vaca desembarcou na Ilha de Santa Catarina, hoje Florianópolis, com 250 homens e 26 cavalos, iniciando assim uma jornada repleta de aventuras até Assunção, atual capital do Paraguai. Utilizando-se do lendário caminho de Peabiru, por volta de 1541 sua expedição cruzou os campos de Tindiquera assustando os Tinguis, principalmente com a visão dos cavalos.
Contudo, foi com a fundação da vila de São Paulo de Piratininga, em 1554 pelos Jesuítas, que as coisas se tornam mais difíceis para os nativos de Tindiquera. Os Paulistas, como eram chamados naquele tempo, ou Bandeirantes, como são mais conhecidos atualmente, procuravam remédios para a sua pobreza nos sertões do que hoje chamamos de Brasil. E os remédios para a sua pobreza, pensavam os paulistas, eram pedras preciosas (como diamantes, rubis e esmeraldas) metais nobres (como ouro e prata) e indígenas para escravizarem.
Foi nas proximidades de Paranaguá, que significa Grande Mar Redondo em tupiguarani, que foi encontrado o primeiro ouro do Brasil, dando início ao povoamento do território do atual estado do Paraná. Por volta de 1550 a ilha de Cotinga passou a ser um ponto de referência para a prospecção aurífera.
As atividades até então ali exercidas eram praticamente nômades, e foi somente com a notícia do descobrimento de ouro nos ribeiros da baía de Paranaguá, que para aí se dirigiu grande número de habitantes vindos de Cananeia, S. Vicente, Santos, S. Paulo e até do Rio de Janeiro, atraídos pelo alvoroço levantado com o descobrimento de ouro na baía de Paranaguá. (WACHOWICZ, 2016, p. 5455).
Em 1646 é erigido o pelourinho de Paranaguá, sendo que em 1648 é fundada a Vila de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá, sendo nomeado Gabriel de Lara capitão povoador e fundador de Paranaguá, cidade mais antiga do Paraná.
O ouro era pouco, por isso alguns povoadores resolveram subir a serra em busca do precioso metal. Em “1646, o capitão povoador Gabriel de Lara havia descoberto cinco ribeiros que continham ouro de lavagem” nos Campos de Curitiba (ARAUCÁRIA, 2010, v. 5, p. 13). Em 1654 Eleodoro Ébano Pereira comandou a expedição que deu origem ao primeiro povoado da região dos Campos de Curitiba. Em 1668 Gabriel de Lara ergueu o pelourinho do povoado que passou a se chamar Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, atual Curitiba. No mesmo ano, Domingos Roiz da Cunha e sua família solicitam a Gabriel de Lara uma Sesmaria na região que hoje conhecemos como Araucária, mas que na época era conhecida como Tindiquera e que fazia parte da Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
Com os passar dos anos outros povoadores foram atraídos para a região de Tindiquera. Eram sesmeiros que estavam interessados na posse da terra e na exploração do trabalho escravo, especialmente dos indígenas que aqui viviam ou que paraaquieramtrazidosàforça. Acontecequepartedessespovoadoreserammestiços, caboclos, ou seja, uma mistura de brancos com indígenas. De certa forma eram descendentes de determinados povos indígenas escravizando outros povos indígenas Eraumavidadifícil,contandoapenascomumapicadaqueligavaTindiquera aocentro da Vila de Curitiba. Eram pobres e estavam desiludidos com as pretensões de enriquecimento fácil por meio da exploração aurífera. Precisavam desesperadamente de uma saída.
Em 22 de abril de 1500 os tupiniquins do atual litoral baiano foram surpreendidos com uma visão que mudaria para sempre a história dos povos indígenas que aqui viviam e dos portugueses que aqui chegavam. Embarcações fortemente armadas indo em direção à Índia, comandadas por Pedro Álvares Cabral, trazendo à costa homens de pele clara, com pelos no rosto, usando vestimentas estranhas e falando uma língua desconhecida.
A maior esquadra a cruzar o Atlântico até então, fazia uma parada providencial em Pindorama, nome tupi dessas terras. Logo esse pedaço do paraíso foi rebatizado de acordo com os desígnios dos portugueses, pois europeus católicos que eram, precisavam dedicar tamanha façanha ao Nosso Senhor Jesus Cristo, por isso a chamaram de Ilha de Vera Cruz. O nome não agradou, aqui não era ilha, e o rei português achou o nome estranho Então mudaram para Terra de Santa Cruz, mas o nome também não pegou e com o tempo acabou se impondo o nome de Brasil, que era uma clara referência ao pau-brasil, lenho de cor vermelha que valia muito dinheiro na Europa. Naquele tempo aqueles que negociavam a valiosa madeira eram conhecidos como brasileiros, portanto brasileiro a princípio era uma profissão.
Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500. Óleo sobre tela de Oscar Pereira da
de 1900. Coleção Fundo
O período que vai de 1500 a 1530 acabou ficando conhecido como Brasil Pré-Colonial, porque num primeiro momento os portugueses demonstraram pouco interesse na colonização do território, contentando-se em deixar aqui alguns degredados (condenados abandonados à própria sorte no litoral brasileiro), fundar feitorias (entrepostos comerciais onde trocavam com os indígenas quinquilharias por pau-brasil) e fazer do nosso litoral local de reabastecimento das embarcações que seguiam rumo às Índias em busca de maiores lucros.
Com a concorrência de outras potências europeias no comércio das especiarias (cravo, canela, nozmoscada, pimenta, gengibre, etc.) e a consequente queda dos lucros com as Índias Orientais, mais o risco
de perderem essas terras para outras potências invasoras, o rei não teve dúvida, era preciso iniciar a colonização efetiva do Brasil.
o mais longo período da nossa história, o Brasil Colonial, de 1530 a 1808. Nesse tempo o Brasil era uma colônia de Portugal, ou seja, nós tínhamos uma metrópole que na medida do possível controlava a nossa vida política, econômica, social e até mesmo cultural. Tudo aquilo que o Brasil produzia para a exportação só poderia ser vendido para Portugal e tudo aquilo que precisávamos importar só poderia ser comprado de comerciantes portugueses, o nome disso é monopólio colonial ou exclusivo comercial. É lógico que havia contrabando de ouro, couro, pedras preciosas, dentre tantas outras mercadorias. Havia até mesmo contrabando de pessoas escravizadas. Contudo as regras eram rígidas e as punições severas contra quem ousasse desafiar ou ludibriar as autoridades portuguesas.
No período colonial a Coroa Portuguesa trabalhou firmemente para impor a religião católica entre seus súditos e administrados, mesmo que para isso fosse necessário exterminar aqueles povos que se opunham ao projeto colonizador português. Também manteve rédea curta na participação política dos colonizadores que para cá vieram, as principais decisões eram tomadas em Portugal, em consonância com os interesses mercantis lusitanos.
No campo social os portugueses criaram um mundo em que os poderosos eram quase sempre brancos enquanto as pessoas com a pele escura, como pretos, indígenas e pardos quase sempre viviam em condições de pobreza, miséria e até mesmo de escravidão. Para isso escravizaram ou exterminaram muitos indígenas e trouxeram à força muitos africanos, invariavelmente reduzidos à condição de escravizados.
Dito de outra forma, do ponto de vista da metrópole portuguesa, a sua colônia na América existia para produzir riquezas e transferi-las para os poderosos lusitanos, não importando os custos humanos de tal empreendimento.
FONTE 1: Relato elaborado pela equipe da Secretaria Municipal deAraucária sobre a presença dos bandeirantes naocupação das terras quehoje conhecemos comoAraucária:
Longe da ameaça da presença europeia, os habitantes do interior do território, ao contrário dos grupos que habitavam a faixa litorânea, tiveram maior chance de preservar seus costumes e suas formas de vida. Mesmo assim, esporadicamente, os grupos que moravam no planalto curitibano eram surpreendidos com a passagem de expedições como a de Nuñes Cabeza de Vaca, que cruzou os campos de Tindiquera, em 1541, ao fazer o percurso entre o litoral de Santa Catarina e o Paraguai. A passagem dessa expedição apesar do seu caráter pacífico, acabou provocando um certo temor entre os indígenas da região, que jamais haviam visto um cavalo. Entretanto, com o decorrer do tempo, o temor e a curiosidade diante da visão do europeu montado em um animal desconhecido deu lugar ao terror e ao medo provocado pelas expedições de caça aos índios. Se durante o século XVI a região servia apenas como local de passagem para exploradores que desejavam chegar à porção oriental do território americano, no início do século XVII passou a ser visitada por sertanistas interessados na preação de índios. Provenientes da vila de São Paulo de Piratininga, os paulistas – como eram chamados – passaram a fazer frequentes incursões ao sul de São Vicente e, depois, a oeste do território, com o objetivo de escravizar grupos indígenas que, posteriormente, eram vendidos como escravos para as lavouras no nordeste ou então utilizados no transporte de mercadorias para o litoral. Além do interesse na escravização dos indígenas, os bandeirantestambémdesejavamverificaraexistênciadeouro naregiãodos Campos de Curitiba [...]. No entanto, diante da escassez de riquezas minerais naquele local, os garimpeiros foram obrigados a partir para outros lugares, em busca de novos veios.
A tentativa frustrada de encontrar ouro em rios próximos à Vila de Nossa Senhora da Luz fez com que alguns componentes dessa expedição passassem a se interessar por outro tipo de riqueza que era a posse da terra Assim, em 1668, Domingos Roiz da Cunha encaminhou requerimento a Gabriel de Lara solicitando, para si e seus filhos, uma sesmaria na região de Tindiquera.
O interesse pela terra, constituída de campos cercada por matas de araucária e imbuia, paulatinamente, atraiu outros moradores e no final do século a região já contava quase uma dezena de grandes proprietários, bem como de escravos, mestiços e homens livres que, após teremabandonado as pretensões de riqueza fácil, procuraram fixar-se na localidade, em busca de outros meios de sobrevivência.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma História: a presença étnica em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 12-14.
FONTE 2: Relato elaborado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo
Na época do descobrimento do Brasil a região [Araucária] já era conhecida como Tindiquera.Viajantes que aqui estiveramno século XVI e XVII [entre 1501 e 1700], bem como os mapas da época localizavam as grandes aldeias indígenas, aparecendo entre estas a de Tindiquera [Fonte 4].
A partir da fixação dos luso-brasileiros na região dos Tinguis, o processo de miscigenação entre brancos, africanos e índios teve início. Com o passar do tempo, a cultura e os hábitos alienígenas vão se sobrepondo aos primitivos habitantes. Através dos processos de desbravamento e colonização, os luso-brasileiros vão se apropriando dos territórios indígenas, destruindo o meio ambiente em que estes viviam, diluindo a cultura nativa e favorecendo, em consequência, o extermínio dos indígenas que habitavam a região.
[...]
A população, na época, era composta pelas famílias povoadoras, índios, escravos, mestiços e pessoas que, tendo abandonado as bandeiras, vinham em busca de trabalho.
Os habitantes de Tindiquera, bem como de todo o Paraná, viviam em estado de absoluta pobreza. Amaioria da população era obrigada a comer sem sal e não tinha como pagar a desobriga anual (confissão), exigida pela Igreja.
Um exemplo desse fato é que, em 1720, o morador Garcia Rodrigues Velho foi obrigado a pagar com sua propriedade os serviços que o médico Paschoal Fernandes Leite prestou a sua mulher, dando origem ao processo mais antigo de Curitiba.
Na região de Tindiquera, o trabalho consistia em cultivar a terra e criar gado em pequena escala, produzindo apenas o suficiente para o sustento das famílias. O isolamento em que viviam e a ausência de mercado consumidor impossibilitavam qualquer tipo de comércio.
Até 1730, a ligação entre Tindiquera e Curitiba era feita através de uma picada. A partir dessa data, a picada foi melhorada passando a se denominar caminho de Tindiquera.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 17, 18 e 37.
FONTE 3: Explicação do escritor e jornalista de profissão Júlio José Chiavenato. Autor de vários livros, Chiavenato destacou-se com o livro Genocídio Americano – a guerra do Paraguai.
Os bandeirantes tiveram à disposição, em São Paulo, milhares de índios para matar e escravizar [...].
A caçada foi tão intensa que já em 1601 a câmara de São Paulo anotava a falta de escravos. Em 1602, o procurador dos índios, também impressionado com o fato, dizia: “Esta terra se despovoa de peças! Fogem para o sertão!” [...]
Alegislação que proibia a caça ao índio foi desobedecida a tal ponto que, em 1623, o seu próprio defensor, Fernão Dias, se preparou para ir buscá-los nos sertões. Essa necessidade do índio escravizado e a desobediência a leis que, na verdade, era um eufemismo, criaram uma indústria rendosa.As grandes famílias se enriqueciamcom a venda de índios para as capitanias do Rio de Janeiro e Bahia.
O rei de Portugal fechou os olhos à dupla política que se estabeleceu no processo de conquista: o genocídio do índio, como norma para ocupar o espaço, e a sua captura e escravização para fornecer mão-de-obra à empresa colonial. Esse era o projeto fundamental dos bandeirantes. Para realizá-lo, quando o descumprimento das leis criavaatritoscomosinteressesdaIgreja,atingida noseu próprioprojeto geopolítico, realizava-se a “guerra justa”, pretextando que os índios se opunham à evangelização ou à presença dos colonos. [...] a própria Igreja também participava quando ele lhe trazia lucros.
Fonte 4: Mapa – registro de viagem de Ulricho Shmidel quando passou pela região em 1552.
1- Eles eram os piratas do sertão. Perambulavam pelos atalhos, pelos planaltos e pelas planícies armados até os dentes, com seus sons de guerra e suas bandeiras desfraldadas. Eram grupos paramilitares rasgando a mata e caçando homens – para além da lei e das fronteiras; para aquém da ética. À sua passagem, restava apenas um rastro de aldeias e vilas devastadas; velhos mulheres e crianças passados a fio de espada; altares profanados, sangue, lágrimas e chamas. Incendiados pela ganância e em nome da civilização, escravizaram indígenas aos milhares.
BUENO, Eduardo. Brasil: uma história: cinco séculos de um país em construção. São Paulo: Leya, 2010, p.64.
Releia a fonte 3, do escritor e jornalista Júlio José Chiavenato, e a narrativa do jornalista Eduardo Bueno no início dessa questão.Agora responda:
Quais informações sobre a atuação dos bandeirantes junto aos indígenas aparecem em ambos os textos dos jornalistas?
2- Observe com muita atenção a pintura na abertura desse capítulo – Soldados índios da província de Curitiba escoltando selvagens, tela de Jean Baptiste Debret de 1830.
Agora responda as questões a seguir:
a) Com relação aos pés dos caçadores, que informação interessante é possível observar?
b) Com relação à cor da pele e ao formato do rosto dos caçadores, é possível afirmar que eles eram brancos ou que eles tinham ascendência indígena?
c) Que elementos da pintura de Debret nos remete à violência praticada pelos bandeirantes contra os povos indígenas?
d) Com relação a você, que sentimentos despertam no seu coração ao observar as mulheres e crianças indígenas sendo conduzidas naquelas condições?
3- Leia com muita atenção a apresentação do capítulo, as fontes 1 e 2, depois observe detidamente o mapa da fonte 4 e em seguida elabore uma cronologia com os principais acontecimentos narrados, organizando didaticamente os seguintes elementos: datas, acontecimentos, lugares e sujeitos envolvidos. Para facilitar o nosso trabalho segue abaixo uma tabela com as datas, basta preenchê-la com as demais informações:
Você deve ter percebido que nos primeiros tempos do povoamento luso-brasileiro do território que hoje conhecemos comoAraucária, o Paraná fazia parte da capitania de São Paulo. Portanto os territórios dos dois atuais estados eram uma só capitania. Na porção que hoje é o Paraná tinha apenas duas vilas, a saber:
- Vila de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá, fundada em 1648, sendo que a região mais central da vila deu origem à Paranaguá e outras regiões da antiga vila deram origem a outras cidades do litoral.
- Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, fundada em 1668, sendo que a região mais central da vila deu origem à Curitiba e outras regiões da antiga vila deram origem a outras cidades do interior, inclusive de Araucária, que na época era conhecida como Tindiquera.
Oficialmente os primeiros moradores de Araucária eram Domingos Roiz da Cunha efamíliaqueem1668solicitouuma Sesmaria emTindiquera,tornando-se,portanto, um Sesmeiro.
Agora pesquise em livros ou internet os conceitos de Sesmaria e Sesmeiro, depois registre-os em seu caderno.
A partir de 1694 uma notícia há muito esperada começou a circular pela América Portuguesa (hoje Brasil), bandeirantes, ou melhor dizendo paulistas, encontraram ouro às margens dos rios na região que acabou se tornando a Capitania de Minas Gerais (1720), nome dado porque as minas eram muitas e de imensa variedade de metais.
A mineração deu novo ânimo à economia da colônia. Muita gente vitimada pela auri sacra fames, ou seja, pela fome do ouro, abandonou tudo e foi tentar a sorte nas Geraes, muitos vieram de Portugal e a população da colônia em pouco mais de um século multiplicou-se por 11.
Como todos estavam ocupadíssimos com a mineração, muitas vezes faltava comida, sendo que nessas circunstâncias mineradores cheios de ouro eram obrigados a comer vermes, formigas e sapos. A carne na região era vendida por preços exorbitantes, chegando a ser 60 vezes mais cara do que no resto da colônia.
Enquanto isso, aqui nos Campos de Curitiba e no que é hoje o Rio Grande do Sul havia criações de gado vacum. No caso da futura Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul o gado criava-se selvagem na região da Vacaria do Mar. Moradores de Montevidéu e Buenos Aires caçavam esses animais para retirar o couro que era exportado de navios para a Europa, deixando a carne apodrecendo no campo. Isso mesmo, a-podre-cen-do!
Outra coisa que você precisa saber é que naquele tempo não existiam veículos automotores, portanto tudo era transportado por pessoas, quase sempre escravizadas, ou por cavalos, bois e mulas. A mula é um animal híbrido, resultado do cruzamento entre uma égua e um jumento. Os argentinos criavam mulas e as exportavam para a Bolívia e por meio de contrabando para o Brasil, como pagamento recebiam ouro, prata e até mesmo pessoas escravizadas.
Jean Baptiste Debret, travessia entre os Campos de Curitiba e o atual estado de São Paulo. E é aqui que nós entramos nessa história. O primeiro gado que foi levado para São Paulo para dali ser levado para abastecer a região das minas saiu dos Campos de Curitiba, da nossa região. Portanto estávamos ajudando a saciar os famintos mineradores.
Entre 1728 e 1733 foram abertos caminhos ligando o Rio Grande do Sul, os Campos de Curitiba e a feira de Sorocaba, em São Paulo. Naquele tempo os Campos de Curitiba tornaram-se região de Invernada, ou seja, de engorda dos bois e mulas antes de
seguirem viagem para a feira de Sorocaba, onde eram vendidos e depois revendidos à região das minas.
Surge então um dos sujeitos mais importantes da história do Brasil, o Tropeiro. O tropeirismo era uma atividade econômica que consistia em conduzir tropas de gado vacum (bois e vacas), cavalar (cavalos e éguas) e muar (mulas e machos), entre outras mercadorias, das regiões produtoras às regiões consumidoras.
O Caminho mais famoso percorrido pelos tropeiros era a Estrada da Mata, que ligava os campos de Viamão no Rio Grande do Sul à feira de Sorocaba em São Paulo, que também é chamada de Estrada Viamão Sorocaba ou simplesmente Caminho das Tropas.
Também havia outros itinerários percorridos pelos tropeiros como no transporte de mercadorias cruzando a serra do mar rumo aos portos de Paranaguá e Antonina. Era uma travessia perigosa, que vez ou outra fazia vítimas fatais.
Um efeito significativo sobre a vida dos moradores de Tindiquera foi a valorização da Terra e a criação de novas ocupações ligadas ao tropeirismo, como foi bem observado:
A comunicação entre Lapa e Registro se realizava através de canoas pelo Rio Iguaçu. Motivado por esse fato, surgiu na região de Tindiquera um pequeno porto de canoas conhecido como Passos das Laranjeiras, situado rio acima, à margem direita. Foi a partir desse local que se originou o aglomerado de pessoas e atividades que formariam a Vila de Araucária.
Nas imediações do porto, começaram a residir aqueles que trabalhavam, rio abaixo, no embarque/desembarque de canoas ou na travessia de tropas rumo à Palmeira. Também foram atraídas para o Passo das Laranjeiras outras famílias residentes em Tindiquera, que ficava à meia légua de distância do pequeno porto (ARAUCÁRIA, 2010, v. 1, p. 20-21).
Ao longo da Estrada da Mata havia pedágios, que eram estrategicamente instalados nas passagens dos rios conhecidas como vaus, ou seja, locais de passagem dos rios que eram rasas e com águas relativamente calmas para a travessia dos animais. Acontece que os pontos possíveis de se vaudear eram raros e as autoridades sabiam disso, por isso os tropeiros eram obrigados a pagar um imposto por cada animal que passavaporaquelasvausdosriosqueerampedagiadas.Acobrançadepedágiochegou a ser uma das principais fontes de arrecadação da Capitania de São Paulo.
Grosso modo podemos dizer que o ciclo do troperismo foi de 1731 até 1897, sendo que a partir de 1870 o mesmo entra em declínio por conta das construções de ferrovias, o trem substituirá a mula. Contudo há de se considerar que os tropeiros atuaram em nossa região até a década de 1950, resistindo ao tempo, resistindo ao esquecimento.
OS CAMINHOS!
FONTE 1: Explicação histórica elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo em 2010 sobre a relação entre o Tropeirismo e a História deAraucária.
Com a abertura do caminho das tropas entre São Paulo e Rio Grande do Sul, surgiram novas oportunidades de emprego e de desenvolvimento do comércio para os habitantes da região. No Paraná as tropas passavam por Rio Negro, Lapa, Palmeira, Ponta Grossa e Castro, levando muitos moradores de Curitiba, Tindiquera e arredores a se engajarem no referido caminho.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 20.
FONTE 2: Aquarela do artista franco-brasileiro Jean Léon Pallière (18231887). Conhecida como Tropa carregada de erva mate descendo a serra, essa gravura faz parte da obra Álbum de Cenas Americanas, publicada em 1864.
FONTE 3: Descrição feita pelo famoso naturalista francês Auguste de SaintHillaire sobre a Estrada do Itupava por ele percorrida em 1820, que ligava os Campos de Curitiba à Morretes.
Perto de Boa Vista o caminho é cavado na própria montanha, numa profundidade de quase 4 metros, apresentando uma passagem muito estreita, pela qual os burros avançam esbarrando com suas cargas nos barrancos, à direita e à esquerda. Logo adiante aparece à nossa frente um dos picos mais elevados da Serra, denominado Marumbi, cujos flancos, cortado quase verticalmente, mostram em várias partes apenas a rocha nua. A estrada vai-se tornando a cada instante mais horrível; em certos lugares ela é cavada na montanha a uma profundidade considerável, tem pequena largura e é coberta pela folhagem das árvores, que se entrelaçam no alto e privam o viajante da luz do dia. Outros trechos são os atoleiros que surgem, e é com grande esforço que as mulas se livram deles; finalmente há bruscos desníveis no terreno, que obrigam os animais a dar grandes saltos. Em vários lugares foram colocadas algumas achas de madeira sobre os atoleiros, mas os animais escorregam
ao pisar sobre as suas superfícies arredondadas e molhadas, correndo o risco de cair a todo momento.
[...]
Apior parte do caminho é onde começa a descida, e que tem o nome de encadeado. O declive é abrupto demais, os ramos das árvores se estendem por sobre o caminho, escavado na montanha, tornando-o muito sombrio, e o chão é forrado de pedras grandes e escorregadias, o que às vezes obriga as mulas a acelerarem o passo. Eu não me cansava de admirar a habilidade desses animais para se safar de situações difíceis. Eles são treinados inicialmente para fazerem a travessia da serra sem nenhuma carga no lombo, em seguida levando apenas a cangalha e, finalmente, transportando a carga. Muitas morrem nos primeiros treinos, mas depois que a travessia foi feita muitas vezes os animais não encontram nenhuma dificuldade em enfrentar os obstáculos que o caminho apresenta a todo momento. Eles sabem escolher, com uma sagacidade extraordinária, os lugares onde podem colocar os pés com mais segurança.
SAINT-HILLAIRE, Auguste de. Viagem pela comarca de Curitiba. Curitiba: Fundação Cultural, 1995, p. 138-139.
1- Você deve ter percebido a imensa importância dos tropeiros para a vida dos moradores de Tindiquera. Enquanto alguns transportavam mulas, cavalos, bois e outras mercadorias no chamado Caminho daTropas, que ligava o Rio Grande do Sul à Feira de Sorocaba em São Paulo, outros tropeiros faziam os perigosos caminhos que ligavam os Campos de Curitiba, incluindo a atual Araucária, com o litoral paranaense. Pai e filho, o escritor Romão Wachowicz e o renomado historiador Ruy Christovam Wachowicz, escreveram sobre os esforços titânicos enfrentados pelos nossos antepassados para romperem o isolamento que vitimava a nossa terra. Leia com atenção os fragmentos a seguir e responda as questões propostas.
[...]. Convém reconhecer aqui o esforço titânico dos caboclos para sobreviver, uma vez que o transporte dos produtos do sertão para o litoral através da perigosa Serra do Mar exigia um esforço sobre-humano. Às vezes o próprio transporte consumia não apenas o lucro, mas também os próprios bens. (WACHOWICZ, Romão. 1975, p. 40).
[...]. Desciam as tropas carregadas de congonha (erva-mate), fumo, carne seca, couros, cereais etc., e subiam por sua vez com açúcar, ferragens, fazendas, álcool, sal etc. (WACHOWICZ, Ruy Christovam. 2016, p.125).
a) Quais mercadorias eram levadas pelos tropeiros de Tindiquera para os portos deAntonina e Paranaguá?
b) Quais mercadorias eram trazidas do litoral à Tindiquera?
c) Quais informações das fontes 1, 2 e 3 reforçam as considerações apresentadas pelos pesquisadores Romão e Ruy Wachowicz?
2- Referindo-se à alimentação dos tropeiros, a historiadora Sheila de Castro Faria, apresentou a seguinte descrição:
A dieta dos condutores consistia em carne-seca, feijão, angu de milho, farinha de mandioca, café e açúcar, produtos transportados em sacos por mulas cargueiras. Ficaram famosos, entre os pratos criados pelos tropeiros, o “feijão tropeiro” e o “carreteiro de charque”. A cachaça, sempre presente, era mais usada para evitar gripes do que como bebida regular e, misturada com fumo de rolo, era emplastro contra picadas de insetos e cobras.
In: VAINFAS, Ronaldo (org.). Dicionário do Brasil Imperial (1822-1889). Rio de Janeiro: Objetiva, 2008, p.706.
a) Junto com os seus colegas procurem responder ao seguinte questionamento: Que relações podemos estabelecer entre os tipos de pratos criados pelos tropeiros e o estilo de vida que eles levavam? Registre a seguir as considerações feitas pela turma.
b) Você já tomou um café tropeiro, feito sem o uso de coador? Já comeu feijão tropeirooucarreteiro de charque? Queoutros pratos daculináriatropeiravocê conhece?
TRABALHO PARA CASA!
Leia as explicações do capítulo e as fontes históricas apresentadas no mesmo, em seguida, coma ajudadospais ou responsáveis,faça uma pesquisa sobreos Tropeiros e o Tropeirismo no sul do Brasil. Consulte livros e internet. Numa folha A4 confeccione um desenho sobre o modo de vida dos Tropeiros, considerando pelo menos três dos seguintes elementos sugeridos abaixo:
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O século XIX (1801-1900) foi fascinante, doloroso, assustador, violento, promissor, perturbador, estimulante e repleto de contradições. Para quem viveu no lugar que hoje conhecemos como Araucária, entre 1801 e 1900, a vida não parecia mais se enquadrar aos velhos combinados. Mudanças administrativas, econômicas e do perfil demográfico dessas paragens tornariam o mundo de 1900 irreconhecível para quem por ventura o tivesse visto em 1801.
Nesse período as mudanças administrativas deram novos prestígios à localidade, facilitando a vida dos governantes e massageando o ego da pequena elite local. Tais mudanças estavam intimamente ligadas às transformações políticas vividas pelo Brasil, que da condição de Colônia de Portugal se torna Reino Unido a Portugal e Algarves (1815-1822), depois Brasil Império (1822-1889) e finalmente Brasil República (1889-hoje). Tudo isso em um único século.
Contudo, tanto em Araucária como no resto do Brasil, algumas mazelas deixariam sua triste marca na face do século XIX, sempre chamando a atenção do nosso olhar, sempre nos fazendo relembrar, sempre nos fazendo sofrer.
Em primeiro lugar a escravidão, mal maior do país que se queria civilizado. Vergonha nacional que, além de ter condenado gerações de descendentes de pessoas que foram escravizadas à pobreza e ao preconceito, ainda atrasou todo o desenvolvimento econômico do Brasil, ao diminuir o mercado consumidor (afinal escravizado não recebe salário e, portanto, praticamente não consome) e desestimular o desenvolvimento dos meios de produção, como por exemplo a invenção de novas máquinas.
Livro
Outra triste realidade presente na antiga Freguesia do Iguassú, comum em todo o Brasil, era a relação de dependência dos Caboclos em relação aos poderosos proprietários rurais, senhores dos escravizados e mandatários políticos que mais tarde ficaram conhecidos como Coronéis. Considerados culpados pela própria pobreza e ignorância, os Caboclos se viam à mercê dos poderosos, ora como mão de obra barata, ora como dependentes dos mandos e desmandos dos Coronéis
Se em 1801 a população da localidade girava em torno de mil almas, em 1900 chegava a 6.870 habitantes. E aqui você deve se perguntar: como pode o número de habitantes ter se multiplicado por mais de seis em apenas um século?
Em grande parte, essa mudança considerável do perfil populacional foi impulsionada pela vinda dos imigrantes, principalmente dos poloneses que aqui chegaram em maiores levas. Há de se considerar também a vinda de outros grupos étnicos não menos importantes à formação do gentílico araucariense, como alemães, judeus, italianos, franceses e outros.
Mais gente e gente mais diversa tornavam a vida mais interessante e complicada. Prova disso eram as constantes tensões e situações de violência com que a população passou a conviver, com muita gente recorrendo às armas, até que a escola, o poder público e a convivência forçada entre os diferentes fossem acalmando os ânimos.
É preciso lembrar, porém, que o século XIX foi um tempo marcante para a história econômica de Araucária. O tropeirismo, a produção de erva-mate, a exploração madeireira e a diversificação da produção interna incentivada pela chegada dos imigrantes, davam novos ares à antiga freguesia.
Podemos dizer que Araucária era o Brasil em menor escala. Estudando a Freguesia você compreende melhor o Império.
Século XIX: 1801-1900.
Resumindo
Brasil e Araucária: transformaçoes administrativas, economicas e demograficas.
Brasil e Araucária: Escravidao e relaçoes de dependencia dos caboclos em relaçaoaosproprietariosrurais.
Brasil e Araucária: vindadosimigrantesediversificaçaoeconomica.
Como vimos anteriormente, até o início do século XIX o Brasil era uma colônia de Portugal. Essa situação começou a mudar em 1808 com a vinda da Família Real Portuguesa, que fugia das Guerras Napoleônicas. Com a transferência da capital do Império Português de Lisboa para o Rio de Janeiro, o Brasil começou a sentir o doce gosto da autonomia política. Durante a fuga, no meio do caminho entre Lisboa e Rio de Janeiro, o Príncipe Regente D. João assinou em Salvador, capital da Bahia, a Abertura dos Portos em 28 de janeiro de 1808, permitindo assim que o Brasil comprasse e vendesse de e para outras nações além de Portugal, que naquelas circunstâncias encontrava-se tomada por uma guerra.
Óleo sobre tela A Chegada da Família Real Portuguesa à Bahia, 1952 de Candido Portinari
A Família Real viveu no Brasil até 1821, promovendo muitas mudanças na antiga colônia como a elevação do Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves em 1815, ou seja, o Brasil deixava de ser uma Colônia e tornava-se um Reino Unido com regime jurídico em pé de igualdade ao de Portugal.
Dom João VI foi coroado no Brasil em 1816, deixando de ser Príncipe Regente e assumindo definitivamente o lugar da sua falecida mãe, Dona Maria I, a louca, que já
não governava desde 1792 por estar mentalmente instável, deixando o cargo sob os cuidados do filho.
Quem não estava nem um pouco satisfeita com o andar da carruagem era a elite portuguesa, afinal o Brasil era a sua principal fonte de renda. Para tornar a situação ainda mais explosiva, os portugueses amargavam o fato de que mesmo depois da derrota definitiva de Napoleão Bonaparte em 1815, Dom João insistia em permanecer no Brasil, causando estranheza e revolta entre os lusíadas. A reação não tardou e em 1820 eclodia a famosa Revolução Liberal do Porto, que exigia, entre outras coisas, o retorno da família real à Portugal, a promulgação de uma Constituição e a recolonização do Brasil, que assim voltaria a ser Colônia de Portugal e a sustentar as velhas elites lusitanas.
Pressionados e temendo perder o Reino de Portugal, D. João VI e sua família regressaram a Portugal em 1821, deixando no Brasil o seu filho D. Pedro, Príncipe Regente do Reino do Brasil. Convencido pelas circunstâncias, como a possiblidade de sua família perder o Reino do Brasil e sentindo-se apoiado pela elite brasileira, em 7 de setembro de 1822 D. Pedro I proclamou a Independência do Brasil, até hoje comemorada com desfiles, hinos e lindas pinturas que adornam nossos livros didáticos.
Na verdade, a história é muito mais complicada. O povo, por exemplo, pouco participou desse processo decisório, as pessoas pobres continuaram pobres e as pessoas escravizadas continuaram escravizadas. Contudo tinha início uma nova fase na história política do Brasil, conhecida como Brasil Império, que se inicia em 7 de setembro de 1822 e termina em 15 de novembro de 1889.
Portanto, durante mais de 67 anos, entre 1822 e 1889, fomos uma Monarquia, governados por dois Imperadores, Dom Pedro I e Dom Pedro II, e 9 Regentes.
Dom Pedro I governou por quase nove anos, de 1822 a 1831, o período é conhecido como Primeiro Reinado. Foi marcado pela Guerra da Independência (1821-1824) contra Portugal, pela Guerra da Cisplatina (1825-1828) contra a Argentina, com quem disputávamos o Uruguai, e pelo autoritarismo do Imperador, que simplesmente outorgou uma Constituição para o Brasil em 1824 e ainda reprimiu com extrema violência a Conferação do Equador em 1824.
Dom Pedro I abdicou ao trono a favor do seu filho Dom Pedro de Alcântara, que na época tinha apenas 5 anos. Inicia-se assim o chamado Período Regencial (1831-1840), pois nesse período o Brasil foi governado por um total de oito regentes, ou seja, políticos que governaram no lugar do herdeiro do trono que era muito pequeno para subir ao trono. Foi um período marcado por muitas revoltas internas, parecia até que o Brasil se tornaria vários países independentes.
Dom Pedro II subiu do trono em 1840 por meio de um Golpe de Estado conhecido como Golpe da Maioridade quando tinha apenas 14 anos de idade. Dom Pedro II foi a pessoa que governou o Brasil por mais tempo. O chamado Segundo Reinado (18401889) durou mais de 49 anos. Durante seu governo, às vezes ele era substituído por sua filha, a famosa Princesa Isabel, como na vez em que ela assinou a Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, extinguindo a escravidão no Brasil. Ou seja, quando o Imperador estava viajando ou doente, sua filha tornava-se a Princesa Regente do Brasil.
Esse período foi marcado por mudanças profundas no Brasil, como o lento fim da escravidão, a construção de ferrovias, a expansão da cafeicultura, a atração de imigrantes para o Brasil, o início da industrialização e a institucionalização do mando político local nas mãos dos proprietários rurais conhecidos como coronéis. Muito em breve uma nova onda de transformações faria os novos combinados do século XIX parecerem velhas tralhas, então, finalmente o século XIX chegou ao seu fim!
Brasil Pré-Colonial: 1500-1530.
Brasil Colonial: 1530-1808.
Primeira Fase do Processo de Independência: 1808-1815.
Brasil Reino, Segunda Fase do Processo de Independência: 1815-1822.
Brasil Império: 1822-1889.
- Primeiro Reinado: 1822-1831.
- Período Regencial: 1831-1840.
- Segundo Reinado: 1840-1889.
Fonte 1: Explicação histórica elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo sobre as mudanças na organização políticoadministrativa de Araucária vividas ao longo do século XIX. Começando por quando Araucária não era cidade e nem mesmo se chamava Araucária. A explicação chega até à elevação da antiga Freguesia do Iguassú à categoria de vila sendo então denominada Araucária.
No início do século XIX, Tindiquera possuía aproximadamente mil habitantes, aparecendo em documentos as localidades de Campo Redondo, Catanduva, Lagoa das Almas e Rio Abaixo. A população trabalhava na agricultura, criação e comércio de gado e exploração da erva-mate.
Por ocasião da Independência do Brasil, os moradores de Tindiquera e Campo Redondo, aproveitando-se das circunstâncias da organização do Império Brasileiro, requereram ao governo a elevação da localidade à categoria de freguesia. Para tanto, organizaram uma lista nominativa de todos os seus habitantes. O levantamento efetuado à época constatou a existência de 232 famílias com 1.128 pessoas livres e 78 escravos.
[...]
Em 1837, a capela de Nossa Senhora da Luz de Tindiquera foi elevada à capela curada. Um ano depois, foram estabelecidas as primeiras divisas do bairro.
A transferência gradativa da população para as margens do rio Iguaçu fez com que, no final da década de 1840, a sede do curato de Tindiquera fosse transferida para o local em que estava à capela de Nossa Senhora dos Remédios de Yguassú.
[...]
Logo após a emancipação política da província do Paraná, a Freguesia do Iguaçu foi criada através da Lei Provincial nº 21, de 28 de fevereiro de 1855. Nesse ano, a capela curada do Iguaçu foi elevada à categoria de paróquia. [...]
Em 1868, a Freguesia do Iguaçú foi desligada da administração de Curitiba e anexada como distrito de São José dos Pinhais durante 20 anos.
Em 1888, essa freguesia é desligada de São José dos Pinhais, voltando a ser administrada por Curitiba, ficando subordinada a ela até sua emancipação política, fato ocorrido em seguida à Proclamação da República.
Em11defevereirode1890,umacontecimentomarcanteocorrenavidadopovoado. Através do Decreto nº 40, a Freguesia do Iguaçu é elevada à categoria de vila com a denominação de Araucária, conforme solicitação dos seus moradores. [...]
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 37-9.
Fonte 2: Fragmento e link do primeiro documento escrito conhecido sobre a localidade que atualmente chamamos de Araucária, à época Tindiquera. Datado de 29 de outubro de 1823, contém 23 páginas, sendo que o original se encontra no Arquivo Nacional do Rio de Janeiro. O link do documento completo é uma gentileza da professora Andréa Voronkoff e de Nicolas Dias Lopes Daher, que, atendendo ao pedido desse autor, entraram em contato com o Arquivo no Rio de Janeiro e, por meio de procedimento administrativo, conseguiram uma cópia digitalizada em alta resolução do mesmo.
LINK: https://drive.google.com/open?id=1S8igMCg90sZTRZvVZlCBW6hdbqyNuoLE
Fonte 3: Explicação do professor Ruy Wachowicz sobre a petição acima, em artigo publicado no Jornal dos Pinheirais, fevereiro de 1980.
Aregião oeste da vila de Curitiba foi rapidamente povoada. Muitas outras sesmarias foram ali requeridas e concedidas. Toda essa população, que com o correr do tempo tornava-se cada vez mais numerosa, foi chamada pelo juiz ordinário Manoel de S. Payo, em 1726, de “assistentes do recôncavo” que incluíam a população de
Tindiqüera, eram obrigados a comparecer à sede da paróquia, ao menos uma vez ao ano, para a tradicional “desobriga” (confissão) pela qual pagavam 4 vinténs.
Para os moradores de Tindiqüera e Campo Redondo, era penosa esta desobriga. Queixavam-se eles, em 1823, que a distância que os separava da matriz de Curitiba era bastante longa (4 léguas) e que, para cumprirema desobriga, tinhamnecessidade de atravessar dois rios (Iguaçu e Birigui) e que tinham necessidade de usar canoas para atravessar um deles. Esta é a razão alegada, em 1823, quando estes moradores pediram a sua elevação à categoria de freguezia, o que aliás não foi atendido de imediato.
É o seguinte o teor do documento em que os moradores de Tindiqüera e Campo Redondo solicitam ao imperador a sua elevação à categoria de freguezia, observando-se a grafia original do documento:
“Aos pés de V.M.I. Se prostão Os Moradores do Bairro de Tindiquera e Campo Redondo contidos na Lista que junto oferessem a S.M.I. Supplicando com lagrimas que já vivem cansados de marxar inumeras legoas só afim de cumprirem com os preceitos da Santa Igreja: Motivo por onde querem formar freguezia de Coritiba de onde são freguezes e que para este dezejado fim/ Visto a necessidade que lhes asiste, esperão que V.M.I. estenda piedosamente Suas Vistas na confirmação da justa Suplica de que rogarão a Deos pela Vida e Saude de V.M.I. pois todos são do Bispado de S. Paulo.”
Desde os primórdios do aparecimento da povoação, a região de Tindiqüera foi sempre considerada como sendo local de refúgio de pessoas que tinham questões com a justiça. Se alguém se desentendia em Curitiba, era quase certo que se refugiava nas matas deAraucária. Estes foragidos se estabeleciam de preferência do outro lado do rio Iguaçu ou, como diz um documento: “de outro lado do mesmo rio” para dificultar a chegada de patrulhas com o fim de efetivar as prisões, bem como para facilitar a fuga dos envolvidos mais para o sertão. Esta é a razão principal pela qual, mesmo antes da criação da freguezia do Iguaçu, nas margens do mesmo rio, o JuizdePazdaCapelaCuradadeTindiqüerarecebia permissão daCâmaraMunicipal de Curitiba, para alugar uma casa particular, a fim de que servisse de prisão, tal era o número de pessoas à espera da mesma. Depois da primitiva capela de Nossa Senhora da Luz deTindiqüera, foi a cadeia o segundo edifício público da localidade.
1 - Leia com muita atenção as fontes 1, 2 e 3, depois complete a cronologia abaixo, identificando em poucas palavras o fato ocorrido em cada ano indicado:
2 - Compare o fragmento da petição, reproduzido abaixo, com a parte que o professor Ruy Wachowicz transcreveu no artigo apresentado anteriormente (fonte 3). Note a dificuldade encontrada pelo historiador para entender o que está escrito no documento.
Agora responda. Quais são as maiores dificuldades encontradas pelos pesquisadores para transcrever esse tipo de documento?
3 - Agora você será o historiador. Observe com muita atenção a fonte 2 e procure fazer a transcrição do texto do documento no espaço reservado abaixo.
Poucas vezes na existência de uma localidade, freguesia ou município, um documento histórico com tão poucas linhas disse tanto sobre a história do país e até mesmo do mundo em que esse lugar estava inserido.
De início já podemos perceber tratar-se de um país essencialmente agrário. Afinal, na divisão internacional do trabalho, ficava reservada à Terra Brasilis a condição de fornecedora de matérias-primas abundantes e baratas, assim como o Brasil deveria desempenhar o papel de consumidor de produtos industrializados, mais caros e lucrativos. Dessaforma garantiríamos, desde sempre,queas riquezas aqui produzidas seriam transferidas da nossa existência periférica às grandes potências econômicas da época.
Outro ponto importante a ser considerado é que era um mundo onde os homens viviam mais do que as mulheres. Levadas pelo castigo de Eva, muitas morriam nas dores do parto, até porque os recursos disponíveis às parturientes eram escassos na maioria das localidades do mundo. Note que não havia viúvas, apenas viúvos.
Também podemos perceber que se tratava de um mundo onde vivia-se menos, ao observar quehaviapoucas pessoas com mais de quarentaanos. O relatório não captou essa informação, mas sabemos por estudos de fontes diversas que a mortalidade infantil era altíssima. Sabemos também que boa parte dos pais tinham muitos filhos.
E finalmente, porém não menos importante, era um país onde ser negro muitas vezes tornava-se sinônimo de escravidão. Lendo o relatório, é possível imaginar que havia uma clara diferença socioeconômica entre brancos, indígenas, pretos e pardos. Ainda hoje temos dificuldade em admitir que isso acontecia. Por isso muitas vezes primeiro nos surpreendemos, depois nos silenciamos!
FONTE 4: Fragmento do relatório feito a pedido do primeiro presidente da província do Paraná, Zacarias de Góes e Vasconcellos (1815-1877), publicado no jornal O Dezenove de Dezembro (que circulou entre 1854 e 1890). Tratavase de um censo com o levantamento da população da recém-criada província do Paraná, emancipada em 19 de dezembro de 1853, daí o nome do periódico. De acordo com o relatório, à época o Paraná contava com 62.258 habitantes.
Disponível em:
http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_periodicos/dezenov e_dezembro/dezenove_dezembro_1854_035.pdf
Acessado em: 22/06/2015 às 11h50.
Agora a partir da fonte histórica número 1, com o fragmento do relatório sobre a recém-criada Província do Paraná, responda:
1- Preencha a tabela abaixo com dados de identificação da fonte:
Assunto:
Tipo da
Fonte:
Data:
Objetivo da
Fonte:
Informações interessantes
2- Procure criar hipóteses sobre como é possível conseguir de forma online jornais comooapresentadonafonte4.Emseguidaacesseolinkdojornaletiresuaspróprias conclusões. Registre abaixo.
a) Por qual nomeAraucária era chamada nas primeiras décadas do século XIX?
b) Por qual nome o documento trata a localidade onde hoje éAraucária?
c) Segundo o documento, que atividades eram realizadas na localidade?
d) Segundo o documento, qual era a população deAraucária na época?
3- Estudando sobre a História do Mundo, do Brasil e da Freguesia do Yguassú, é possível elencar as seguintes considerações:
Muitos maridos perdiam suas esposas no parto. Amortalidade infantil era igualmente alta. Havia mais madrastas que padrastos.
a) Em 2017 o IBGE registrou que a expectativa de vida dos homens era de 72,5 anos e das mulheres de 79,6 anos. Portanto, de acordo com o IBGE, as mulheres vivem mais que os homens. Contudo até o século XIX as mulheres viviam menos.
Formule uma hipótese procurando explicar porque na antiga Freguesia do Yguassú não havia viúvas e sim apenas viúvos?
b) Em 2017 o IBGE registrou que a mortalidade infantil foi de 13,3 para cada mil crianças com até um ano de idade. Em 2016 o índice era de 12,8 crianças mortas a cada mil pequenos com até um ano de idade. Portanto a mortalidade infantil nesse período voltou a crescer. Uma triste notícia para todos nós. Nós sabemos que no século XIX os índices de mortalidade infantil eram altos na Freguesia do Yguassú, no Brasil e no Mundo.
Formule uma hipótese procurando estabelecer a relação entre mortalidade infantil e acesso às condições de saúde adequadas no passado e no presente.
Fonte 5: Na próxima página, Lei provincial número 21, que elevou a Capela
Curada de Nossa Senhora dos Remédios do Yguassu à categoria de FREGUESIA. Datada de 28 de fevereiro de 1855, a referida lei foi decretada pelaAssembleia Legislativa Provincial do Paraná e sancionada pelo presidente da Província, Zacarias de Goes e Vasconcellos, apenas dois meses e nove dias após a emancipação política do Paraná, ocorrida em 19 de dezembro de 1854. ALei foi registrada no livro 1 da Assembleia Legislativa do Paraná.
CAPELA CURADA: capela com um pároco permanente, também chamado cura, daí o nome, Capela Curada. Era um povoado onde se realizavam celebrações regularmente e com certa importância econômica e populacional, contudo sem autonomia política. Com o aumento do povoado, os líderes locais poderiam pedir a sua elevação à categoria de Freguesia.
CENSO: É um conjunto de dados estatísticos que informam as características dos habitantes de um Povoado, Município, Estado (conforme o caso Província) Região ou País. Com informações sobre idade, sexo, renda, ocupações, “raça”, estado civil, etc. A luz de análises criteriosas, o censo serve para organizar a vida administrativa dos governantes e governados. Com a emancipação política do Paraná que até então fazia parte da Província de São Paulo, tornou-se necessário um censo da nossa Província, a fim de organizar melhor a vida administrativa em nossas terras
CIDADE: É uma área mais densamente povoada do que o espaço rural (campo). É onde se agrupam áreas residenciais, comerciais e industriais, ou seja, é a zona urbana.
ETNIA: É o termo utilizado para denominar um determinado grupo de indivíduos que possuem ancestrais em comum e afinidades culturais que formam a sua identidade, é um termo mais adequado do que raça.
FREGUESIA: era uma divisão administrativa dos municípios, que correspondiam às paróquias, com um pouco mais de autonomia administrativa do que a Capela Curada. Entre 1855 e 1868 a Freguesia do Yguassu fazia parte do município de Curitiba, entre 1868 e 1888 fazia parte do munícipio de São José dos Pinhais, voltando a fazer parte de Curitiba em 1888 até se tornar Vila em 11 de fevereiro de 1889.
FONTES HISTÓRICAS: São vestígios pelos quais se pode investigar o que aconteceu no passado. Podem ser escritas, visuais, orais ou materiais.
LÉGUA: medida de distância que normalmente refere-se à légua marítima ou terrestre. No caso da fonte 5, refere-se à légua terrestre. Sendo que, provavelmente a légua terrestre referida no documento deve equivaler a algo em torno de 6 quilômetros. É difícil precisar a distância exata nas fontes da época por ser a légua uma medida que poderia variar entre 5,555 metros até 6,6oo metros, dependendo do caso. Portanto, de acordo com a fonte 5, a Freguesia do Yguassú localizava-se a mais ou menos 24 quilômetros de distância de Curityba.
PROVÍNCIA: No caso do Brasil Império, o país estava dividido em Províncias. Por isso dizemos Província do Paraná (1853-1889), até a Proclamação da República em 1889, passando daí em diante a ser chamado de Estado do Paraná.
VILA: Corresponde à elevação de uma localidade a uma categoria administrativa superior. A categoria de Vila vem da tradição portuguesa de divisão administrativa. Não corresponde ao sentido de vila dado nos dias de hoje.
1- Acima temos uma pintura da antiga Assembleia Legislativa da Província do Paraná, que está disponível na página da atualAssembleia Legislativa do Estado do Paraná,ALEP, no menu História Infelizmente a página não traz referências quanto ao autor da pintura. O antigo prédio ficava onde hoje está o prédio da Biblioteca Pública do Paraná, em Curitiba. Foi ali na Alameda Doutor Muricy, esquina com a rua Cândido Lopes, onde a antiga Capela Curada de Nossa Senhora dos Remédios do Yguassú conseguiu ser elevada à categoria de Freguesia, conquistando assim maior autonomia administrativa. Agora releia com muita atenção a fonte 6 e responda as seguintes questões:
a) Com a ajuda de um dicionário responda: Qual a diferença entre decretar e sancionar?
b) Quem decretou a Lei número 21 de 28 de fevereiro de 1855, foi o Poder Legislativo ou o Poder Executivo?
c) Quem representava o Poder Executivo à época?
d) Quem sancionou a Lei representava o Poder Legislativo ou o Poder Executivo?
Exercendo o cargo equivalente ao atual Governador de Estado, o primeiro Presidente da Província do Parana, Zacarias de Gois e Vasconcelos nos presidiu entre 19 de dezembro de 1853e3demaiode1855. Tambem foi presidente das províncias do Piauí e Sergipe, deputado provincial pela Bahia, sendoreeleitoduasvezes, presidentedaCamarados deputados pelo Parana, senador pela Bahia, ministro da Marinha, da Justiça e da Fazenda. Contudo ficou mais conhecido por ter sido presidentedoConselhode
Ministros por tres vezes, sendo tambem chamado de Conselheiro Zacarias. Acima daguerreotipo de 1850, autor desconhecido. O daguerreotipo era um tipodefotografia.
2- Leia o artigo segundo da lei número 21 e identifique dois municípios atuais que a antiga Freguesia do Yguassú fazia divisa já em 1855.
No dia 1º de junho de 1880, numa terça-feira, a Freguesia do Yguassú recebeu a visita do homem mais poderoso da História do Brasil, ninguém menos que Pedro de Alcântara João Carlos Leopoldo Salvador Bibiano Francisco Xavier de Paula Leocádio Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Bragança e Bourbon, mais conhecido como Imperador D. Pedro II. Acompanhado de sua esposa Dona Tereza Cristina e comitiva, o ImperadorvinhadaLapa,sendoquejá haviam almoçado na Colônia Mariental. Seguiam caminho para Curitiba. Na tarde fria do inverno paranaense o Imperador conheceu a estrada que ligava Lapa, Yguassú e Curitiba e ficou satisfeito com a ponte sobre o rio Iguaçu, construída um ano antes pelo construtor inglês Walter Joslin. Em homenagem a tão ilustre visita a estrada passouaserchamadaEstradadoImperador.Oconstrutorresponsávelpeloprojeto daponteeconservaçãodaestradarecebeudoImperador,comorecompensapelos recursos investidos, a licença para estabelecer a primeira coletoria da Freguesia. Nas palavras do professor Romão:
[...] o engenheiro recebeu a licença para estabelecer um posto fiscal para recolher impostos durante dez anos. Foi escolhido o ponto e foi construída a barreira fiscal na entrada da cidade, bem defronte da casa do engenheiro Joslin. Foi construída, de toras redondas, uma porteira com dois polos: na parte superior era feita de madeira de cambará, embaixo apoiava-se sobre um enorme nó de pinheiro. (WACHOWICZ, 1975, p. 49).
A viagem do Imperador e sua comitiva pela província foi longa e cansativa, foram 20 dias enfrentando estradas que muitas vezes estavam tomadas pela lama. A chuvaeofrionãoderamtrégua.FinalmenteD.Pedropôdeficarsabendoumpouco mais sobre as dificuldades enfrentadas pelos moradores desses lados do Império. Os Yguassuenses contariam e recontariam essa passagem por gerações, como se quisessem esticar a permanência do casal imperial.
FONTE 6: Aquarela da primeira ponte sobre o rio Iguaçu, construída pelo inglês Walter Joslin e inaugurada em 1879. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
FONTE 7: Explicação histórica elaborada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo sobre a Construção da primeira ponte sobre o Rio Iguaçu, inaugurada em 1879.
Embora contasse com mão de obra abundante para a execução de trabalho braçal, o governo necessitava contratar profissionais especializados para planejar e gerenciar os trabalhos de construção de estradas e pontes. Por outro lado, alguns imigrantes que possuíam formação técnica especializada também se sentiram atraídos pelas novas possibilidades de trabalho que a Freguesia oferecia, em decorrência do aumento da população e da conseqüente circulação de mercadorias.
Assim é que na mesma época em que chegaram os primeiros imigrantes poloneses, também chegou à Freguesia do Iguassú, o inglês Walter Joslin, que veio para o Brasil, pela primeira vez, na década de 1860. [...] A sua vinculação com a freguesia do Iguassú ocorreu após ele ter firmado, nessa época, contrato com o governo provincial para a construção de uma ponte sobre o Rio Iguaçu. [...]
Na Freguesia do Iguassú, ainda foi responsável pela construção da Igreja Nossa Senhora das Dores, de Thomaz Coelho e pela residência do imigrante alemão, Augusto Suckou, hoje conhecida como casa do Cavalo Baio [...].
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma história: a presença étnica em Araucária Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 40-41.
FONTE8:Explicação Históricaelaboradapelaequipeda SecretariaMunicipal de Cultura, Esporte e Turismo da Prefeitura de Araucária sobre a Estrada do Imperador. Texto digitado em maio de 2002 por Martim Markowicz
Em 1880, o Imperador D. Pedro II visita a Província do Paraná e na viagem de volta da Lapa à Curitiba passa pela Freguesia do Iguaçu no dia 1° de junho. Suas Majestades e comitiva atravessaram o rio Iguaçu em compridas pontes de madeira construídas pelo Eng° Walter Joslin junto com a estrada que ligava à Lapa. Em homenagem a tão ilustre visita, a estrada ficou conhecida como “Estrada do Imperador”.
Conforme depoimento da Sra. Maria Trauczynski, o Imperador ouviu piano tocado pelas mãos da Srta Olímpia Joslim quando recepcionados na casa do Eng° Walter Joslin. A moça pelo concerto foi premiada com uma agência de correio. Tal como a filha, o pai também foi premiado com a 1° coletoria de Araucária, localizado na entrada da cidade. Teria no recolhimento de impostos a possibilidade de reaver os recursos empregados na obra das pontes.
1 - Leia com muita atenção as fontes 7, 8 e 9, depois elabore uma breve explicação histórica sobre a antiga Freguesia do Yguassú à época da visita do imperador D. Pedro II, a partir das seguintes ideias chaves:
IMPERADOR D. PEDRO II – PONTE SOBRE O RIO IGUAÇU –
ESTRADA LAPA-CURITIBA – WALTER JOSLIN – COLETORIA. ______________________________________
2 - Aquarela da primeira coletoria da antiga Freguesia do Yguassú, instituída em 1880 pelo imperador D. Pedro II em benefício do inglês Walter Joslin. O quadro original pintado em 1881 é de autoria de Hugo Calgan, sendo que, a obra reproduzida abaixo, trata-se de uma cópia feita em 1918 pelo cap. Walter Lorenzo. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres. Após observar com muita atenção o quadro abaixo responda à questão proposta.
Quais elementos citados na fonte 8 e no texto Construtores de Pontes é possível ser verificado no quadro reproduzido?
FONTE 10: Explicação histórica elaborada pelo senhor Sebastião Pilatto, funcionário do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres sobre os primeiros tempos de Araucária como município, seus primeiros prefeitos e suas antigas sedes.
Pelo Decreto Estadual N° 40, de 11 de fevereiro de 1890, foi criado o Município de Araucária, que teve seu nome sugerido pelo Dr. Victor Ferreira do Amaral.
O primeiro administrador de Araucária, como intendente, foi o Major Sezino Pereira de Souza.
A primeira eleição municipal realizou-se no dia 22 de setembro de 1892, sendo o primeiro Prefeito eleito de Araucária o Sr. Manoel Gonçalves Ferreira.
Antes da década de 1930 não havia sede da prefeitura, e os primeiros registros do local onde eram realizadas as reuniões eram no paço da Câmara Municipal.
Entre julho e agosto de 1933 foi refeita a prefeitura, em frente à praça da matriz, no governo do sr Felizardo Thomaz de Aquino (Livro de inventários da PMA 1960 a 1996).
Ali neste prédio funcionava também a cadeia na década de 1940, e em uma sala de madeira junto ao prédio funcionava a Câmara dos Vereadores, em 1962 foi construído um novo prédio na rua Major Sezino para sede da Câmara em frente ao antigo Fórum.
A Sede da prefeitura funcionou ali até agosto de 1987, com alguns departamentos e também onde ficavam os poucos veículos e maquinários existentes.
O Paço municipal foi inaugurado em 9 de Agosto de 1988 recebendo o nome de Ignácio Kampa, e sua terraplanagem feita em 1986, ali neste terreno instalavam-se parques e circos que chegavam à cidade, e mais tarde funcionou ali uma fábrica de artefatos de cimento.
FONTE 11: Narrativa elaborada pelo professor, pesquisador e escritor Romão Wachowicz no livro A Saga de Araucária, publicado em 1975, sobre o primeiro prefeito deAraucária:
O Major Sezino nasceu em Morretes, em 1846. Quando estudava como cadete, contava 21 anos. Então explodiu a guerra com o Paraguai, que sacudiu o Império de D. Pedro II nos seus mais profundos alicerces.
O jovem Sezino, vendo a pátria ameaçada, apressou-se em ir lutar contra o inimigo. Seguiu para a guerra com o posto de sub-tenente. O inimigo demonstrou ser inflexível e ameaçador.
No dia 24 de setembro de 1867, foi travada a batalha de Tuiuti, na localidade de Estero Rojas, onde Sezino foi gravemente ferido no braço esquerdo.
A sua bravura é atestada por numerosas menções honrosas, elogios e condecorações que lhe foram concedidas pelas autoridades do Exército Imperial.
Apenas 15 anos mais tarde, encontramos o seu nome em Araucária, com o posto de major. Os documentos encontrados no arquivo familiar dizem que o Major Sezino casou com a sra. Bibiana Camila, proprietária de uma casinha de taipa em Freguesia. A certidão de casamento leva a data de 24-12-1883.
Não tevefilhos do primeiro casamento. Contudo, casado pela segunda vez com a Sra. Francisca de Andrade, deixou uma numerosa família.
Sezino foi duas vezes prefeito deAraucária [...]. Possuía o dom da calma, simpatia, e um amplo senso de democracia. Governava com as insígnias de oficial, o que lhe atribuía respeito e seriedade. Governar nesses tempos não era tarefa fácil, porque Araucária era uma mescla de imigrantes e de caboclos locais, com diversas exigências, princípios e temperamentos. Pelo fim do mandato, ele e seu uniforme de oficial chegavam aos limites extremos de resistência. O Major, emagrecido, com o rosto vincado pelos sulcos do tempo, apoiado numa bengala, quase cego, ainda governava. O uniforme de oficial assemelhava-se a ele fielmente: ficou desbotado, e com os galões em frangalhos. Fiéisumaooutro,chegavamjuntosaofimdaexistência.Juntosprestaramosúltimos serviços aAraucária e à primeira República.
Dois anos após ter deixado o cargo de prefeito, faleceu no dia 31-12-1926, com 80 anos de idade. Descansa no cemitério deAraucária.
WACHOWICZ, Romão. ASaga deAraucária. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda, 1975. p. 119-120.
FONTE 12: RELATO DO DOUTOR VICTOR FERREIRA DO AMARAL SOBRE O NOME
Por solicitação do meu velho amigo Major Sezino pedi ao governador para elevar também à vila a então Freguesia do Iguassú, mais conhecida por Tindiquera. O governador exigiu que eu lhe apresentasse um abaixo assinado dos moradores idôneos da Freguesia. O Major Sezino, que era chefe político aí, pediu que eu redigisse o requerimento dando um novo nome a vila, por não convir o Iguassú, para não confundir com a Nova Iguassú, nas proximidades do Rio de Janeiro. Ele não queria também o nome Tindiquera porque fazia lembrar valentões e truculentos que haviam perturbado a paz e a ordem do distrito anos atrás. Propus, então, a denominação de Araucária, nome botânico do nosso pinheiro, a Araucária Brasiliense.
AMARAL, Victor F. do. Correspondência a Odorico Franco Ferreira em 28 de julho de 1938.
1 - Agora você é o historiador. A partir da leitura e análise das fontes históricas 10, 11 e 12 e considerando tudo o que você estudou ao longo desse capítulo, elabore uma explicação histórica sobre o feriado municipal de 11 de fevereiro. Você deverá criar um título, o tema central da sua narrativa histórica deverá ser pertinente e significativo aos moradores do município que deverão entender o significado do feriado. Leia a sua explicação para os seus colegas.
Fonte 13: Fragmentos do Almanach do Paraná, publicado em 1902, edição número 5, página 235. Com dados estatísticos, organizados pelo historiador Romário Martins sobre a população deAraucária entre 1858 e 1900.
Disponível em: http://memoria.bn.br/DocReader/docreader.aspx?bib=214752&pasta=ano%20190&pesq=Acessado em: 29/10/2018 às 15h11.
Junto aos seus pais ou responsáveis procure elaborar uma explicação para o aumento populacional da antiga Freguesia do Yguassú na segunda metade do século XIX. Para realizar essa atividade vocês deverão reler o capítulo e registrar suas considerações no caderno. Essa experiência visa promover o envolvimento dos pais e responsáveis nas suas tarefas escolares. Bons estudos e parabéns aos que aceitaram mais esse desafio!
Criado em 1º de novembro de 2018 pela lei municipal número 3.380/2018, o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, COMPIR, veio em boa hora. Há muito tempo esperado, o Conselho tem por missão maior, na letra da lei:
garantir à população negra a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação e às demais formas de intolerância étnica e racial (ARAUCÁRIA, Lei nº 3.380/2018).
Dentre as 20 competências do COMPIR, podemos destacar:
“
Divulgação:
VII. zelar pela diversidade cultural da população paranaense e araucariense, especialmente pela preservação da memória e das tradições africanas e afro-brasileiras, constitutivos da formação histórica e social da população local e regional; (IDEM)”
Durante a cerimônia que sancionou a lei, realizada no Salão Nobre da Prefeitura, o prefeito da cidade, Hissam Hussein Dehaini, lembrou a todos os presentes da importância do Conselho à luz da história de Araucária, onde muitos dos seus moradores sofreram e sofrem com o preconceito étnico-racial. Na ocasião, o prefeito relatou uma lembrança que marcou sua consciência:
Eu me lembro que há uns trinta anos havia um gerente negro na agência do Banestado aqui da cidade e, do nada, ele foi transferido. Quando perguntei porque ele havia saído aqui de Araucária, me disseram que era por conta da cor dele. Muitas pessoas brancas simplesmente não gostavam dele só porque ele era negro e pediram para que ele fosse transferido (O Popular, 12/11/18).
A necessidade de uma lei que cria um conselho especializado na luta contra a desigualdade étnico-racial diz muito sobre a história da nossa cidade, do nosso estado, do nosso país. Especialmente quando percebemos que essa lei tem uma preocupação maior com um grupo específico, os negros.
Aqui se faz necessário três questionamentos:
1) Que História é essa?
2) Por que algumas pessoas negras e afrodescendentes sofreram e sofrem preconceito étnico-racial em Araucária?
3) Por que se faz necessário um Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial em Araucária?
O presente capítulo procura responder a essas questões e a propor outras.
Começando pelas fontes históricas sobre os primeiros negros que aqui viveram, procuramos conhecer melhor suas lutas e agruras. Mesmo que silenciados pelos poderosos da época, pretendemos recuperar as vozes das nossas mães, pais, filhos e filhas da África. Para tal iremos recorrer à imaginação histórica e a generosas doses de empatia.
O capítulo segue investigando a história dos negros e afrodescendentes em Araucária após a abolição da escravidão no Brasil, ocorrida em 13 de maio de 1888, procurando entender como viviam, como eram tratadas pelos outros grupos e que estratégias desenvolveram para efetivar seus sonhos e projetos.
E finalmente, porém não menos importante, vamos procurar entender como os negros têm se organizado na efetivação de políticas públicas e de ações afirmativas que garantam o fim das desigualdades étnicos-raciais nos dias de hoje.
Certos da sua colaboração, desejamos a você bons estudos!
De acordo com as historiadoras Lilia M. Schwarcz e Heloisa M. Starling, no livro Brasil: uma biografia, durante mais de três séculos foram transportados para o continente americano entre 8 e 11 milhões de africanos, sendo que quase 5 milhões tiveram como destino certo os portos do Brasil.
Reduzidos invariavelmente à escravidão, esses seres humanos passaram a ser considerados mercadorias, cabendo aos seus donos decidir sobre sua vida e morte.
Inferno dos negros, o Novo Mundo se converteu para essas pessoas em sinônimo de trabalho forçado nas lavouras, minas, transporte, serviços domésticos e tudo aquilo que fosse muito, muito pesado.
Durante séculos o tráfico negreiro foi a atividade econômica mais lucrativa do Brasil. Transportados em navios que ficaram conhecidos como tumbeiros, em condições tão precárias, que hoje em dia até os animais têm regras mais dignas de condução. A mortalidade era altíssima!
Por tratar-se de uma relação forçada de trabalho, a escravidão sempre esteve ligada à violência. Os castigos físicos eram comuns e qualquer tentativa em descrevê-los causa náuseas naqueles que têm o menor respeito pela dignidade humana.
Mesmo em regiões pobres do Brasil, como o Paraná, havia pessoas escravizadas. De acordo com o historiador Fábio Bacila Sahd: “Em 1798, nas cidades de Antonina, Castro, Curitiba, Guaratuba, Lapa, Paranaguá e São José dos Pinhais foram relacionadas “20.999” almas, das quais 4.273 eram escravos, aproximadamente uma
em cada cinco pessoas (SCHMIDT, 2008, p. 25).” Naquela época Araucária ainda era chamada de Tindiquera e fazia parte de Curitiba.
No Arquivo Nacional do Rio de Janeiro é possível conhecer uma antiga petição elaborada pelos moradores de Tindiquera em 29 de outubro de 1823. Naquele tempo nossa terra contava com 1.128 almas, sendo que dessas, 78 eram escravizadas. Um dos fazendeiros relacionados possuía 13 escravizados.
É preciso esclarecer que Araucária nunca teve muitas pessoas escravizadas. No censo populacional realizado em 1854, por ocasião da emancipação do Paraná (19/12/1953), dos 1652 habitantes da capela do Yguassú, 71 eram negros escravizados. Por ser relativamente pobre, poucos possuíam recursos para adquirir a mercadoria mais cara do país. Sabe-se, contudo, que desde tempos remotos recorria-se à escravização dos povos indígenas. Como bem observou Romão Wachowicz:
No primeiro livro do Cartório da Freguesia do Iguaçu encontramos na elaboração do inventário que os escravos eram incluídos no patrimônio como objetos. Numa das certidões lemos que Candido José Mendes vendeu uma escrava de cor parda, Margarida, moça de 15 anos, a Euzebio Cardoso, por mil cento e trinta mil-réis. Antes da venda, o proprietário pagou sobre ela o imposto (sisa) na Coletoria em Curitiba, na importância de quarenta mil-réis, para as despesas da Província. O documento leva o número 24. Pela primeira vez encontramos a definição da cor de um escravo. É possível que se tratasse de uma índia, pois os índios eram de cor escura-bronzeada (WACHOWICZ, p. 23).
Atualmente, além do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres, outros dois lugares em Araucária mantêm documentos históricos esclarecedores sobre a vida dos negros em nossas terras no século XIX, os arquivos do 1º Tabelionato de Notas de Araucária (o antigo
Cartório Pimpão) e os livros de batizado da Capela do Yguassu.
Conhecer essas folhas
amareladas é compreender um pouco melhor a história dos negros em Araucária, sem máscaras, sem censuras.
FONTE 1: Fragmento do livro Agricultura e indústria: a memória do trabalho em Araucária sobre a presença negra em nossas terras:
Em 1768, Tindiquera aparece como bairro da vila de Curitiba. Os bairros eram localidades sobre as quais a Câmara Municipal tinha poderes administrativos e legislativos.
O levantamento da população feito em 1780 mostra que a vila de Curitiba possuía 401 habitantes, dos quais 181 eram escravos. Em Tindiquera, nessa época, existiam apenas quatro escravos para uma população de 289 habitantes. Considerando que os escravos pertenciam às famílias mais abastadas, isso indica que Tindiqüera, apesar de ser um dos bairros mais populosos da vila de Curitiba, era habitada por pessoas de poucas posses.
Por ocasião da Independência do Brasil, os moradores de Tindiquera e Campo Redondo, organizaram em 1823 uma lista nominativa de todos os seus habitantes. O levantamento efetuado à época constatou a existência de 232 famílias com 1.128 pessoas livres e 78 escravos. O pedido não foi atendido pelo governo, mas os dados mostram que a população vivia um momento de ascensão econômica, com uma taxa média de três escravos por família. Só um dos fazendeiros possuía 13 escravos.
Em 1866, já elevada à categoria de Freguesia do Iguaçu, a localidade contava com 2.565 habitantes, dos quais 125 eram escravos. Estes representavam quase 5% da população total da freguesia e trabalhavam na agricultura e nos engenhos de soque, que eram movidos exclusivamente à força muscular.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 22-38. Texto Adaptado.
FONTE 2: Trecho digitalizado e transcrição do Livro de batizado da Capela do Iguassú de 1852:
Arcenia = filha legítima dos cônjuges José escravo de Dona Maria Joaquina de Jesus e de Maria Tereza liberta, nasceu ao dia 1º de abril de 1851. Foram padrinhos Joaquim Antonio Matozo, e Domingas Rosa dos Santos. Foi por mim batizada e pondo-lhe os santos óleos aos 26 de maio de 1852 nesta Capela Curada de Iguassú = Frei Samuel de Lodi Capelão.
Arquivo HistóricoArchelau deAlmeida Torres.
1- Leia com muita atenção a fonte 1 e preencha a tabela abaixo com os antigos nomes deAraucária, número habitantes e de pessoas escravizadas.
Datas Antigos nomes deAraucária População Escravizados
1780
1823
1866
2- Por que a fonte 1 relaciona o aumento no número de escravizados em 1823 com “um momento de ascensão econômica” vivida em Tindiquera? Releia o texto Os Primeiros Negros em Araucária e procure elaborar uma explicação histórica com suas próprias palavras.
3- Leia com muita atenção a transcrição da Fonte 2 sobre o batizado da pequena Arcenia e preencha a tabela com as seguintes informações:
- Nomes do pai, da mãe e dos padrinhos.
- Condição social ou possível condição social do pai, mãe e padrinhos: escravizados, libertos ou livres?
Mãe
Padrinhos
4- De acordo com o livro A construção de uma História: a presença étnica em Araucária: “era hábito bastante comum entre os escravos convidar pessoas pertencentes à elitelocal como padrinhos de seus filhos. Isso pode ser observado nos assentamentos feitos nos livros de batismo, abertos especialmente para o registro de filhos de escravos, denominados ingênuos (ARAUCÁRIA,
Agora vamos recorrer à imaginação histórica e à empatia histórica.
Imaginação histórica é a capacidade de imaginar como era a vida em outros tempos. Por exemplo, quando foi citado a questão dos batizados das crianças negras, filhas das negras e negros escravizados, muito provavelmente você imaginou um batizado acontecendo. Você deve ter recorrido a algum batizado que tenha visto e a partir dos elementos apresentados pela explicação histórica criou em sua mente uma imagem do mesmo.Você imaginou o padre, ospadrinhos, a pequenaArcenia no colo,os pais. Isso é imaginação histórica!
Empatia histórica é a capacidade de se colocar no lugar das pessoas que viveram em outros tempos, levando em conta seus sonhos, lutas e agruras de forma sensível e generosa. É procurar compreender antes de julgar. Ou seja, ao observar as ações dessas pessoas no passado, você considera que os tempos eram outros, que as pessoas pensavam, sentiam e agiam diferente de nós.
Considerando o exposto, responda: Como você imaginou o batizado da pequena Arcenia? Que estratégias deviam ter em mente os pais negros ao escolher pessoas da elite local como padrinhos dos seus filhos?
FONTE 3: Livro número 1, folha 64, ano 1870. Extratos de Escritura de inventário e partilha amigável de bens entre Joanna Maria Cardoso e João Manoel de Paula (WACHOWICZ, 1975, p. 21-22).
Escriptura de inventario e contrato amigavel, que fasem Joanna Maria Cardoso e João Manoel de Paula, este legatario de uma ação dos bens deixados pelo finado Salvador Antonio Garcia e aquella meeira daquelles bens, como abaixo se declara: Saibão quantos este publico instrumentos de Escriptura virem que sendo no anno do nascimento de nosso Senhor Jesus Christo de mil oitocentos e setenta aos quatro dias do mês de Junho do dito anno nesta Freguezia do Iguassu [...] da Villa de São José dos Pinhaes, Província do Paraná, em meu Cartório comparecerão presentes Dona Joanna Maria Cardoso meeira dos bens do falecido [...] moradores do Districto desta Freguezia e de mim reconhecidos do que dou fé, e por elles me foi dito em presença de duas testemunhas [...], o inventario e partilha amigavel pela maneira seguinte principiando pelas avaliações que se seguem: Um escravo de nome Ignacio por oitocentos mil réis, um dito de nome Amancio por um conto de réis, um dito de nome Henrique por um conto de réis, um dito de nome Nicolao por seiscentos mil réis, uma dita Benedita por quinhentos mil réis, uma dita de nome Rita por oitocentos mil réis, uma dita de nome Maria defeituosa por quatrocentos mil réis, uma morada de casa com pequena parte de terreno com pastagem no lugar cercadinho do Campo Redondo por quinhentos e cincoenta mil réis, uma pequena parte de capoeira no mesmo lugar por cem mil réis [...] Pagamento á meeira Dona Joanna Maria Cardoso da quantia de dois contos setenta e cinco mil réis. Averá no escravo Amancio um conto de réis. Averá na escrava Maria quatrocentos mil réis. Averá na escrava Benedita quinhentos mil réis. Averá no valor da metade do escravo Nicolao tresentos mil réis. Averá na metade da casa e campo do cercadinho dusentos setenta e cinco mil réis. Averá na metade da capoeira do mesmo cercadinho cincoenta mil réis. [...] E de como assim o disserão [...], que sendo lhes lida por acharem conforme assignão, assignando á rogo da meeira Joanna Maria Cardoso [...] perante mim Antonio Arlindo Pereira escrivão do Juiso de Paz. [...].
5- De acordo com o Dicionário Online de Português, Bens Materiais referem-se “as propriedades adquiridas por um indivíduo ao longo da vida; aquilo que uma pessoa possui de valor.” O Cartório citado na fonte 3 refere-se à uma repartição que tem a posse de documentos como certidões e que lhes dá fé pública. Temos por exemplo o Cartório de Registro de Imóveis, onde se declara quem é o proprietário formal e legal do imóvel, e ainda se a propriedade deste bem está sendo transmitida de uma pessoaparaoutra. Naqueletempo o Cartório ficava emSão José dos Pinhais,
contudoatualmenteesseslivros encontram-se no cartório de Araucária.
Agora releia com muita atenção a fonte 3, no extrato do Livro 1, folha 64, ano 1870 e complete as informações centrais no documento histórico, levando em consideração os seguintes elementos:
- O nome do falecido que deixava os bens:
- Os nomes dos herdeiros que partilhavam os bens:
- O valor monetários total dos bens partilhados:
- O valor monetário total dos imóveis:
- O valor monetário total dos seres humanos escravizados:
6- Réis era o nome da moeda que circulava no Brasil na época dos documentos da fonte 3. Acontece que Réis é o plural de Real, ou seja, no fundo a moeda naquele tempo (1808-1942) tinha de certa forma o mesmo nome que a atual, só que se falava no plural. Atualmente a nossa moeda em circulação é o Real e o seu plural é Reais. Um Conto de Réis era o equivalente a Um Milhão de Réis (1.000.000). De posse dessas informações responda:
a) Quais eram os bens de maior valor inventariados na fonte 3, livro 1, página 64, de 1870?
b) Quais eram os bens de menor valor inventariados na fonte 3, livro 1, folha 64, de 1870?
FONTE4:Livronúmero2,folha28,ano1873:CartadeLiberdadedeLauriano que comprou a própria liberdade de SenhorinhaAlves da Conceição.
Lançamento de uma Carta de Liberdade que me foi entregue por Lauriano como abaixo se declara.
Eu Senhorinha Alves da Conceição declaro que recebi do Escravo Lauriano a quantia de dusentos e cincoenta mil réis, em vista de que dou plena liberdade ao mesmo escravo, ficando desobrigado de hoje em diante a me servir ao tempo de minha vida condição esta expressa no testamento do meu fallecido marido Capitão Manoel Alves Ferreira, que o meu rogo assigna. Freguesia do Iguassu vinte e seis de Novembro de mil e oitocentos e setenta e um. A rogo de Dona Senhorinha Alves da Conceição, Manoel Antonio Ferreira. Testemunhas presentes, Salvador Raphael de Oliveira Mello, Generozo Pinto Rebello. E nada mais continha em dita carta de liberdade [...] nesta Freguezia do Iguassu, vinte e nove de Maio de mil oitocentos e setenta e trez. Eu Manoel Antonio Ribeiro, Escrivão da Paz [...].
Extratos apresentados pelo professor Romão Wachowicz no livro SAGA DE ARAUCÁRIA, 1975, p. 21-2.
7- Nas palavras do professor RomãoWachowicz “É comovente um documento em cujo conteúdo o escravopagapara asua proprietária250$000 (mil-réis)para receber a liberdade vitalícia (WACHOWICZ, 1975, p. 21).” Você já deve ter percebido que o citado documento se refere ao extrato da fonte 4, livro 2, folha 28. Agora releia o documento e procure imaginar de que forma uma pessoa escravizada poderia conseguir 250 mil-réis para comprar a própria liberdade? Registre abaixo e em seguida debata com seus colegas e professores suas conclusões.
FONTE 5: Carta de Alforria também conhecida como Carta de Liberdade de dois negros escravizados chamados Sebastião e Quitéria, datada de 10 de janeiro de 1888. A partir de então Quitéria e Sebastião seriam considerados negros forros.Arquivo HistóricoArchelau deAlmeida Torres.
Lançamento de uma carta de liberdade que me foi apresentada por Salvador
Rafhael de Oliveira Mello como abaixo se declara Digo eu Maria Quirubina, que sendo legítima Senhora de escravos de nome Sebastião e Quitéria, ambos criados, de cor preta, solteiros, de minha livre espontânea vontade sem constrangimento de pessoa alguma, dou ao mesmos escravos a liberdade para que dela gosem e desfrute como se de ventre livre nassesem e isto faço em retribuição dos bons serviços que os referidos escravos me tenhão prestado e com a condição de continuarem a servirem-me durante a minha vida em firmeza do que e por eu não saber ler nem escrever pedi a Salvador Rapháel de Oliveira Mello que esta carta de liberdade por mim fazsa-se e a meu rogo assigna-se perante os testemunhos abaixo. Campo Redondo dez de janeiro de mil oitocentos oitenta e oito. Assigno a rogo de Maria Quirobina por não saber ler nem escrever e me pediu. Salvador Rapháel de Oliveira Mello. Testemunhos Jesuíno do Valle Ribeiro, João Bento Cardoso e Miguel de Paula Lopes, escravos sellados com o número quatro Reis dusentos reis, rogou de seus reis de sello a falta de estampilha. São José Pinhaes vinte e um de Janeiro de mil oitocentos setenta e oito. O Agente Pereira. E nada mais constava edita carta de liberdade, que bem e fielmente lancei no próprio livro de notta o que me reporto em meu cartório, nesta Freguesia do Iguassú vinte e um de Janeiro de mil oitocentos setenta e oito. Eu Manoel Gonsalves Ferreira escrivão de Paz e Tabellião de nottas que a escreve. Transcrição apresentada pelo professor DoutorAndré Luiz Batista.
8- Alforria era o ato pelo qual o proprietário (ou proprietária) de pessoa escravizada libertava a mesma. O documento que formalizava tal ato era a Carta de Liberdade também chamada de Carta de Alforria, registrada em Cartório. A alforria podia ser gratuita,pormeiodepagamentosoumedianteaprestaçãodeserviços,serviçosesses que podiam ser por tempo determinado ou até a morte do seu senhor.
Agora releia as fontes 4 e 5 e responda as seguintes questões:
a) As Cartas das fontes 4 e 5 referem-se a que tipo de alforria, gratuita, comprada, ou mediante prestação de serviços?
Fonte 4:
Fonte 5:
b) Registre as passagens das Cartas de Liberdade (fontes 4 e 5), que explicam as respostas que você deu na questão anterior. A seguir explique como foi que você chegou as conclusões de que tipo de alforria se referia cada uma das fontes.
Artigo 1º. “É declarada extincta desde a data désta Lei a escravidão no Brasil”.
Artigo 2º. Revogan-se as disposições em contrario.
Populares em frente ao Paço Imperial (sede do governo) na assinatura da Lei
Áurea 13 de maio de 1888 - Rio de Janeiro. Foto:Antônio Luiz Ferreira.
Foi assim mesmo, com poucas palavras que a Lei 3.353 foi sancionada. Depois de mais de três séculos de escravidão a Lei Áurea, assinada pela Princesa Isabel em 13 de maio de 1888, de forma sucinta e direta libertava 700.000 pessoas escravizadas. Naquele tempo a população do Império do Brasil girava em torno de 15.000.000 de habitantes.
Os ex-senhores de escravizados não receberiam as indenizações que, pasmem, muitos acreditavam ter direito.
Comemorações se seguiram por dias. Nas palavras do grande abolicionista Joaquim Nabuco, sobre o sentimento que tomava conta do Rio de Janeiro: “Estáfeitaaabolição! [...] Há vinte dias vive esta cidade um delírio. [...] a monarquia está mais popular do que nunca (SCHWARCZ, 2015, p. 310).”
Em Curitiba o jornal governista Sete de Março em 16 de maio de 1888 congratulavase com a abolição, referia-se a mesma com as seguintes promessas para o futuro da nação: igualdade entre as raças, distribuir justiça, assentar sobre bases inabaláveis a paz e a concordia dos brasileiros, entramos no convívio da civilização (MELLO, 1888). Contudo, nem todos compartilhavam de tamanho entusiasmo. Em 31 de julho de 1888 há poucos quilômetros do centro da Freguesia do Iguassú, em Curitiba, o deputado provincial Domingos Cunha, em discurso na Assembleia Provincial do Paraná, assim se referiu ao fim da escravidão no Brasil:
Lei Imperial número 3.353 mais conhecida como LEI ÁUREA, sancionada em 13 de maio de 1888 extinguiu a escravidão no Brasil. Foi aprovada na Camara Geral (deputados) e no Senado (Senadores), sendo sancionada pela Princesa Regente do Brasil Dona Isabel. Áurea significa feita de ouro, magnífica, de muito valor e luz.
[...] vou tratar do assunto mais importante da atualidade[...] Era de supor, [...] que estando tudo calmo, como estava, não haveria necessidade da denominada lei áurea de 13 de maio. Esta lei áurea, como a chamam, sobre o elemento servil, não devia ser votada tão precipitadamente, devia ser feita com toda calma, com todo critério possível: não devia ser feita no meio de manifestações anárquicas, como o fizeram. Nós vamos [...] para um estado calamitoso; por hora tudo tem sido festa e flores, mas as consequências, Deus permita que eu erre, hão de amargar para esse país. Estes homens, os ex-senhores, eram os que mais contribuíam para as despesas do Estado. [...]. Aqueles homens que, com o trabalho do escravo, aumentaram a nossa exportação, ficando abandonados em suas fazendas, sem braços para o trabalho, como poderão ir buscar o dinheiro no estrangeiro para as despesas do Estado? (CUNHA, 1888).
Aqui, na Freguesia do Iguassú, antigos senhores de escravizados compartilhavam das amarguras do deputado escravagista. No premiado livro Homens da Terra, o escritor
Romão Wachowicz procura reconstruir o pensamento de um fazendeiro ex-senhor de escravizados em Araucária, que ele chamou de Francisco Lúcio Mantinho, nas palavras do professor:
[...] E continuou em pensamento: as mulheres do governo do Imperador D. Pedro II intrometeram-se em seu governo e ele permitiu. Expulsaram os escravos de suas terras e ele permitiu. E agora?.... As fazendas tornaram-se desertas. As casas caíram. De que se há de viver? [...]. É verdade que os negros trabalham, mas exigem somas polpudas. Tudo regride, tudo está ficando em trapos. Nos campos tudo está estagnado... (WACHOWICZ, 1997, p.104).
A Monarquia que já estava em crise agora tinha mais um grupo de inimigos, os Republicanos de 13 de maio, que só passaram a defender a república como uma espécie de vingança pelas suas perdas com o fim da escravidão.
Movimento liderado pelos militares, que estavam muito insatisfeitos com a Monarquia, apenas um ano, seis meses e 2 dias depois da abolição da escravidão foi Proclamada a República no Brasil, era 15 de novembro de 1889. Como bem observou Romão Wachowicz:
“O Imperador [...] teve que deixar o país. Após [quase] cinquenta anos de trabalho, levou o baú e a maleta para o exílio. De senhor estimado, passou a banido e foi escoltado até o alto-mar (IDEM).”
O Brasil passou a ter o seu primeiro presidente, o Marechal Deodoro da Fonseca. Foi tudo muito rápido, em 11 de fevereiro de 1890, menos de três meses depois da Proclamação da República, a Freguesia foi elevada à categoria de Vila e Iguassú passou a se chamar Araucária. Aqui passamos a ter nosso primeiro prefeito que não por coincidência também era militar, o Major Sezino de Souza.
E os pretos e pardos? Seria a República mais justa para esses brasileiros?
Fonte 7: Trecho do livro HOMENS DA TERRA, obra de literatura histórica que chegou a ser publicada na Polônia em 1962 com o título Polskie Korzynie (Raízes polonesas), de Romão Wachowicz.
[...]. Hoje os negros são livres, mas a sua sorte mudou pouco. Trabalham da mesma forma. Quando escravos eram acuados por capatazes, mas os fazendeiros alimentavam-nos melhor, para que tivessem forças e produzissem mais. Conquistaram a liberdade almejada, mas defrontaram-se com problemas inesperados. A liberdade garantida por leinão lhes permitia todaviadormir à sombra de árvores ou aquecer-se ao sol durante o inverno. Viam-se forçados a trabalhar para conquistar a duras penas os miseráveis vinténs. Desafeitos de calcular receita e despesa, atravessavam pobreza e sofrimento.
WACHOWICZ, Romão. Homens da Terra. Curitiba: Vicentina, 1997, p.25.
Fonte 8: Uma das melhores defesas do Araucáriaem1938.Julio, Aristides (ao centro) e Narciso. O Goleiro Aristides Ferreira foi cognominado de Maravilha do Ébano, nasceu em Curitiba no dia 30/12/1913 e veio para Araucária em 1937. Em 1936 casou com Isaura Costa Ferreira e teve 7 filhos. Foi funcionário da Prefeitura Municipal de Araucária, exerceu as funções de coveiro no Cemitério Municipal e zelador da praça central. Foi goleiro do Araucária F.C. e também participou de uma banda de músicos de Araucária. Faleceu em 23/05/1986 com 72 anos. Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Fonte 9: Fotos do Jardim Iguaçu Futebol Clube na década de 1960. Em pé, da esquerda para a direita, é possível identificar o jogador Aramis, filho do exgoleiro do Araucária Futebol Clube, Aristides Ferreira. Também é possível identificar outro jogador negro Ismael, agachado, da direita para a esquerda, terceiro jogador. Por contar com a presença de jogadores negros o Jardim Iguaçu Futebol Clube chegou a ser apelidado de Navio Negreiro por alguns torcedores de outros times. Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Fonte 10: Diploma de Árbitro e fotos de Ademir Manoel Ferreira em jogos do campeonato paranaense, também filho do ex-goleiro do Araucária F. C., Aristides Ferreira. Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
1- Cracks de ébano, estrelas de ébano, players de cor, malabaristas no jogo de football, era assim que os jornalistas esportivos se referiam aos jogadores negros da seleção brasileira que participava da Copa do Mundo de 1938, realizada na França entre 4 e 19 de junho. Era na participação de jogadores negros como Leônidas da Silva, o Diamante Negro, que os jornalistas esportivos depositavam grande parte da esperança de vitórias na copa. Propagandeado pelo governo de Getúlio Vargas (1930-1945)ofutebolpassouaserconsideradopor muitosumretratodademocracia racial, símbolo de uma unidade nacional que se sobrepunha às desigualdades entre negros e brancos. Aqui em nossa cidade, assim como na França, o futebol arte também tinha seu crack de ébano, Aristides Ferreira, apelidado de Maravilha de Ébano.Agora com a ajuda do seu professor ou professora, faça uma breve pesquisa sobre a Copa de 1938 e, considerando o contexto da época, procure elaborar uma explicação histórica sobre o verdadeiro sentido do apelido do goleiro do Araucária F. C.?Anote abaixo suas considerações e debata com seus colegas em sala de aula.
2- Às vezes nos deixamos enganar pelas aparências. Um bom exemplo pode ser o mito dademocracia racialqueimpera no Brasil, especialmenteno futebol. Episódios recentes de racismo praticado por torcedores contra jogadores negros de equipes rivais, proferindo ofensas racistas contra os mesmos, têmdesmentindo essa aparente ausência de preconceito. Contudo é preciso louvar as ações de combate ao racismo levadas adiante pela FIFA, CONMEBOLe CBF comcampanhas de conscientização e punições aos envolvidos emcasos de racismo.Analisando a fonte 9 e pensando em tudo o que nós estudamos até aqui, elabore uma explicação histórica do porquê apelidar de Navio Negreiro um time de futebol é uma atitude de muito mau gosto.
FONTE 11: Notícia publicada em 18/11/2013, na página oficial da Prefeitura Municipal de Araucária sobre as atividades desenvolvidas por Escolas Municipais de Araucária relativas ao dia da Consciência Negra:
Desta segunda (18) a quarta-feira (20), a Prefeitura de Araucária realiza uma série de encontros com alunos da rede municipal de ensino para celebrar a Semana da Consciência Negra. No Anfiteatro do Paço Municipal, os alunos participam de encontros com músicas, contos e danças alusivas à cultura africana e afro-brasileira. Desde 2007 é comemorada a Semana da Consciência Negra no município.
O evento da Semana da Consciência Negra quer despertar nos alunos a importância do respeito ao outro e a valorização de culturas que constituem parte da identidade nacional, mas que nem sempre têm o devido destaque. Trabalhos com a temática étnico-racial ocorrem ao longo do ano nas escolas do município. A Semana é a conclusão desse trabalho desenvolvido nas unidades escolares.
A Secretaria Municipal de Educação/Departamento de Ensino Fundamental (SMED) deseja ampliar cada vez mais as ações visando construir uma sociedade de mais respeito a pessoas e combater a todo tipo de intolerância. A SMED tem oferecido várias formações no sentido tambémde contribuir e oferecer subsídiopara que os professores atuem no sentido de desenvolver uma consciência sobre a temática das africanidades no cotidiano da escola.
O professor Jair Santana, coordenador de Educação Étnico-Racial da SMED, considera que a data de 20 de novembro é um dia para refletir sobre o que nós fazemos para que haja paz no mundo. É preciso lembrar que muitos conflitos são
causados por questões étnicas. O professor destaca que há duas leis federais diretamente relacionadas à temática étnica na educação: a 10.639/03 e 11.645/08. A primeira torna obrigatório o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira. Já a segunda altera a primeira e torna “obrigatório o estudo da história e cultura afrobrasileira e indígena”.
Abayomi
Os alunos também participaram de uma oficina de confecção da boneca Abayomi, uma boneca de tecido feita com nós e que tem como significado “aquela que traz felicidade”. A professora Célia Padilha, responsável pela oficina, explicou que, nos navios negreiros que vinham ao Brasil, mulheres escravizadas rasgavam a barra da saia e faziam as Abayomis para suas crianças brincarem. Os alunos aprenderam a fazê-las e foram convidados a dar a boneca a alguém que gostam.
“O encontro é muito legal. Aprendi como se fala algumas palavras [em línguas africanas] e gostei muito de fazer a boneca”, contou Milena da Silva Alencar, de 9 anos, aluna da Escola Papa Paulo VI.
Disponível em: http://www.araucaria.pr.gov.br/alunos-da-rede-municipal-participam-da-semana-da-consciencia-
10h35.
FONTE 12: Notícia, com suas respectivas fotografias, publicada pela página oficial da Prefeitura Municipal de Araucária sobre as atividades desenvolvidas pela Escola Municipal Terezinha Theobald relativas ao dia da Consciência
Negra:
Para celebrar o “Dia da Consciência Negra”, a Escola Municipal Professora Terezinha Mariano Theobald realizou, na sexta-feira (20), diversas atividades que envolveram os estudantes. Houve espetáculos teatrais, apresentação de capoeira e um importante desfile de modas, com roupas produzidas pelos próprios adolescentes, durante as aulas da disciplina de arte.
Segundo a professora Neide Fior, trabalhar a moda é fator muito importante para os estudantes, porque envolve a questão de autoestima e a identificação com os outros. “Enxergar a moda como uma forma de linguagem é um meio importante de comunicação de ideias individuais e coletivas”.
Por isso, os alunos do 9º ano trabalharamcoma cultura Ndebele, uma maneira de reconhecer, aprofundar e valorizar a cultura afro. Como primeira etapa, os adolescentes desenharam projetos
de camisetas que tinham a intenção de produzir. “Depois foi a hora de colocar tudo em prática. Roupas que não usavam mais ganharam mais brilho, recortes e fitas. Uma produção com muita criatividade”, destacou a professora.
Depois do desfile, os estudantes assistiram a uma apresentação de capoeira conduzida pelo professor Canarinho. Alguns estudantes, que já participam das aulas de capoeira, também se apresentaram ao público.
Disponível em: http://www.araucaria.pr.gov.br/dia-da-consciencia-negra-teve-varias-atividades-na-escola-terezinhatheobald/ -Acessado em: 29/02/2016 às 9h55.
FONTE 13: Cartazes de divulgação das atividades desenvolvidas durante a Semana da Consciência Negra pela Prefeitura Municipal de Araucária:
FONTE 14: Notícia veiculada em 17 de novembro de 2014, na página oficial do Sindicado dos Magistério Municipal de Araucária sobre o Dia da Consciência Negra:
Para celebrar o Dia da Consciência Negra, o GEAA (Grupo de Estudos Africanidades Araucária) e o Sismmar promovem uma noite com música e debate. AConferência de Educação Para as Relações Etnorraciais começa às 18h.
Todos os anos, desde 2009, o Sismmar e o GEAA - Grupo de Estudos Africanidades Araucária promovem atividades para comemorar o Dia da Consciência Negra.
Os debates tratarão da cultura hip hop e das políticas afirmativas, com o militante do movimento negro Bob Contraversista e o professor Odair Rodrigues dos Santos Jr.
Disponível em: http://www.sismmar.com.br/noticias/ler/1114/na_noite_do_ dia_19_as_atividades_sao_no_sismmar__em_araucaria. Acessado em: 04/03/2016 às 14h20.
Ações Afirmativas são atos e medidas colocadas em prática porinstituiçõespúblicasegrupos dasociedadecivilorganizadade forma articulada e planejada, focadas na redução das desigualdades e injustiças praticadas por motivos raciais, étnicos, religiosos, de gênero e outros.
Lendo o capítulo, em uma folha separada para entregar ao seu professor ou professora, identifique os grupos e instituições que, de acordo com as matérias apresentadas, têm promovidoAçõesAfirmativasem Araucária. Em seguida registre quais medidas e atos esses grupostêmpromovido.
Agora responda: Qual a sua opinião sobre essas medidas?
Boletim produzido em parceria pelo Sismmar e o GEAA(Grupo de EstudosAfricanidades Araucária). Interessante material de estudo que pode ser obtido a partir do endereço: https://sismmar.com.br/uploads/publicacoes/outr as-publicacoes/2014/boletimnegros14web.pdf Fica a dica!
Você acredita que elas podem contribuir para garantir a efetivação da igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos e o combate à discriminaçãoeàsdemaisformas deintolerânciaétnicaeracial?
Homens da Terra é um livro que todos os filhos e moradores de Araucária deveriam ler. Como um perfeito representante da literatura histórica conseguiu como poucos capturar aspectos da vida dos poloneses em nossa terra de forma profunda, quase como se fossem confissões inesperadas.
Não fugiu dos temas espinhosos, com surpreendente sinceridade relata os conflitos entre poloneses e caboclos, procurando sempre manter uma certa isenção diante de tantas divergências.
Nesse sentido, ninguém melhor do que o araucariense descendente de poloneses Romão Wachowicz, para, no exercício de toda sua competência de escritor premiado,nosfazerver esentir umoutro tempo. Um tempo em que as estradas muitas vezes nem existiam, em que gigantes das florestas eram tombados para que clareiras dessem lugar às casinhas dos colonos, um tempo em que a falta de escolas e de amparo religioso colocava em risco o futuro dos filhos e filhas dos imigrantes que aqui se estabeleciam.
Se por um lado os antigos moradores da Freguesia do Iguaçu vez ou outra podiam se sentir afrontados por aqueles homens muito brancos, que traziam arados e concepções de mundo tão diferentes das que já estavam habituados, por outro houve muitos momentos de solidariedade entre os povos que com o tempo foram se acertando, casando filhos e filhas, compartilhando álbuns de fotografias. É o que nos ensina esse livro fascinante.
Outras fontes históricas que trazem informações importantíssimas sobre aquele tempo estão na coleção privada Ruy Christowam Wachowicz, um acervo fotográfico de mais de 2 mil imagens hoje sob a custódia do Arquivo Público do Paraná.
O historiador Ruy Wachowicz era professor titular da UFPR e dedicou boa parte de sua carreira ao estudo da colonização polonesa do Paraná, foram vários livros publicados sobre o tema. O pesquisador procurou compreender como a entrada dos imigrantes poloneses contribuiu para transformar a vida política, econômica e cultural do Paraná.
Para a compreensão da história dos poloneses em Araucária se destaca a obra Tomas Coelho: uma comunidade camponesa. Publicado em 1976 o livro traz rico acervo fotográfico e fontes documentais que foram analisadas com grande cuidado pelo renomado pesquisador Ruy Wachowicz, filho do escritor Romão Wachowicz.
É de se questionar até que ponto pai e filho influenciaram um ao outro na produção das suas obras. Lendo um você entende melhor o outro.
Em 2007 uma equipe composta por especialistas selecionadas pelo Arquivo Público do Paraná produziu e publicou o livro Imagens do trabalhador imigrante no sul do Brasil: os poloneses do acervo Ruy Christovam Wachowicz, colaborando de forma inquestionável para o conhecimento sobre a vinda e a vida dos poloneses entre o final do século XIX e os primeiros tempos do século XX.
Nas próximas páginas, guiados pelos ensinamentos de pai e filho, vamos nos dedicar à compreensão da história dos imigrantes poloneses e seus descendentes que aqui se estabeleceram. Vamos conhecer seus desafios, temores, sonhos e realizações. Vamos preparar a terra, semeá-la e colher ao lado daqueles homens, mulheres, crianças e idosos que tanto nos ensinaram. Ficam as lições, a gratidão e a admiração! Bons estudos!
FONTE 1: Explicação da historiadora Sheila de Castro Faria sobre a colonização realizada por imigrantes europeus no período do Brasil Império (1822-1889).
No século XIX, o termo designava o estabelecimento de núcleos de europeus em terras brasileiras. Pode-se dividir a colonização, no período imperial, em dois grandes modelos: o dos núcleos coloniais, com pequenas propriedades trabalhadas em regime familiar – modelo camponês ligado à lavoura de subsistência –, e o modelo ligado à substituição da mão-de-obra-escrava, destinado à cafeicultura em expansão.Assim, o colono,sobretudo no Brasil meridional, erao lavrador autônomo assentado em pequenas propriedades, denominado “sitiante” em outras áreas do país. Já nas regiões da lavoura cafeeira, colono era o trabalhador rural.
VAINFAS,Ronaldo(organizador).DicionáriodoBrasilimperial.RiodeJaneiro:Objetiva,2008, p. 152.
1- Leiacommuita atenção aexplicaçãodahistoriadoraSheiladeCastroFaria (fonte 1) sobre o conceito de colonização e reproduza abaixo os trechos que se referem especificamente ao tipo de colonização que se viu aqui emAraucária.
2- Agora justifique as suas escolhas. Procure explicar por que você escolheu determinados trechos e desconsiderou outros.
Logo após a emancipação política do Paraná, ocorrida em 1853, a jovem província passou a viver uma crise de abastecimento de produtos agrícolas tendo como consequência mais visível o aumento dos preços dos alimentos. De exportador de farinha de mandioca o Paraná passou a importador, em pouco tempo as famílias mais pobres passaram a conviver com a ameaça da fome.
Naquele tempo a maioria da população tradicional da província estava voltada para a produção e comercialização de erva mate ou para a invernagem e comercialização de gado, atividades consideradas mais fáceis e lucrativas. Havia até mesmo um certo preconceito em relação às atividades agrícolas. Como bem observou o professor Ruy
Wachowicz:
Trabalhar no cabo da enxada era considerado uma atividade de baixo status social, digna apenas de escravos e libertos. O homem comum estava cheio de preconceitos com relação ao trabalho agrícola. Preferia ser peão de tropa, cavalgar a procura de reses nos Campos Gerais ou colher erva-mate a dedicar-se ao serviço da agricultura (WACHOWICZ, 2016, p. 175).
As principais autoridades da Província, dentre as quais os seus Presidentes, passaram a defender a vinda de imigrantes europeus para suprir essa carência. Para tanto defendiam que era necessária a criação de núcleos coloniais de pequenos proprietários, que receberiam a terra por doação ou por aquisição a partir de preços baixos.
Nessa conjuntura destacou-se o Presidente da Província do Paraná entre, 1875-1877 Adolfo Lamenha Lins (ao lado), que lançou alguns princípios que deveriam orientar dali em diante a colonização do Paraná a partir dos imigrantes europeus, conhecidos como Linismo. Podemos assim sintetizá-los:
1) Adoção do sistema de pequena propriedade voltada para a produção agrícola;
2) As colônias deveriam se localizar próximas às estradas principais carroçáveis e não muito longe dos grandes centros consumidores;
3) A construção de uma estrada vicinal deveria ser suficiente para ligar a colônia à estrada principal e por meio dessa ligar a colônia à capital.
4) Implementação de medidas que tornassem possível a fixação dos camponeses à terra, como: auxílio financeiro, contratação dos imigrantes para a construção das estradas vicinais, edificação de escolas e capelas nas colônias.
Como nos ensina Ruy Wachowicz:
Foi movido por essas ideias que Lamenha Lins criou ao derredor de Curitiba o primeiro cinturão verde organizado por imigrantes no Brasil. Assim, até meados do século XX, Curitiba não sofreu mais crise de abastecimento. As ideias de Lamenha Lins funcionaram na prática. Em consequência, surgiram na periferia de Curitiba as seguintes colônias: Santa Cândida (1875), Orleans (1875), Santo Inácio (1876), Riviera (1876), D. Pedro (1876), Lamenha (1876), e Tomás Coelho (1876).
Em 1877, a população dessas colônias compunha-se de 3.300 pessoas, quase todas de origem polonesa: Santa Cândida, 306 imigrantes; Orleans, 270; Santo Inácio, 514; Riviera, 406; D. Pedro, 38; D. Augusto, 281; Lamenha, 746 e Tomás Coelho, 739 (WACHOWICZ, 2016, 178).
Aqui na antiga Freguesia do Iguaçu a colônia Thomaz Coelho progredia a olhos vistos, dos 98 lotes em 1876 saltou para 270 lotes em 1879. Dos primeiros 739 imigrantes saltou para 1274 colonos em 1882. Esses lotes tinham em torno de 6 hectares (60 mil metros quadrados) e os colonos contraíam uma dívida de 500 mil réis que deveria ser quitada no prazo de 10 anos.
Contudo, após o fim do governo de Lamenha Lins, seus princípios foram deixados de lado por mais de 8 anos, levando ao quase fracasso da colonização do Paraná por outros grupos como os alemães-russos vindos
região do Volga
Dos 3.800 imigrantes que aqui desembarcaram, apenas 1.800 permaneceram na província. Para esses colonos foram vendidas as piores terras, imprestáveis para a agricultura. Famintos, muitos foram embora para outras províncias ou abandonaram o Brasil.
Aquelesquepermanecerampassaramasededicaraotransportedemercadoriascomo erva-mate por Carroções Eslavos, puxados por três parelhas de cavalos (WACHOWICZ, 2016, p. 179-181).
Entre 1885 e 1886 o Paraná passou a ter como Presidente Alfredo d’Escragnolle Taunay (ao lado). Escritor, músico, professor, engenheiro, político, historiador e nobre, Taunay percebeu o valor dos princípios linistas e os retomou a fim de estimular a imigração para o Paraná. Incentivou os poloneses que aqui estavam a escreverem cartas para seus compatriotas na Polônia e convencê-los a emigrarem para o Paraná.
Aqui na antiga Freguesia do Iguaçu novas levas de imigrantes poloneses chegaram e novos núcleos coloniais foram criados. Em 1885 foi criada a Colônia Barão de Taunay com 255 poloneses e italianos, sendo que o seu nome foi dado em homenagem ao então Presidente da Província. Atualmente esse antigo núcleo colonial é o Bairro Costeira. Na mesma época foram fundadas as Colônias de Alice e Cristina com mais ou menos 500 imigrantes.
Como bem observou a equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo:
Apesar da carência de lotes que pudessem ser destinados a novos grupos de imigrantes, no final da década de 1880 a colônia Tomás Coelho, agora já dispondo de uma certa estrutura, passou a atrair outros grupos de imigrantes espontâneos interessados em adquirir terras dos antigos colonos (ARAUCÁRIA, vol. 5, 2010, p. 46).
Todas essas informações e números sobre a política de colonização implementadas pelo governo provincial só fazem sentido quando postos ao lado dos estudos acerca dos imensos desafios, dores, realizações e alegrias vividas por essa gente tão corajosa. Precisamos nos questionar. Por que essas pessoas abandonaram sua terra natal e vieram se aventurar em terras distantes e desconhecidas? Quais eram seus sonhos? Seus medos? Quais estratégias desenvolveram para se adaptarem às novas terras?
A buscapelaterra, eisumahistóriaquetemmovido povos desde os tempos de Abraão. Grandes líderes bíblicos estavam determinados a garantir para seu povo terras, para que os mesmos pudessem criar seus filhos com dignidade, devoção à Deus, respeito à família e à tradição. Os poloneses que aqui se estabeleceram eram muito religiosos e conheciam muito bem essas histórias. Em muitos aspectos sentiam até que estavam vivendo uma história muito parecida com aquela vivida pelos hebreus do Antigo Testamento.
A Polônia, desde o final do século XVIII, assim como a antiga terra dos povos da Bíblia em vários momentos históricos, não era uma nação livre e independente. Entre 1772 e 1795 seu território foi dividido entre Rússia, Prússia e Áustria, eram as chamadas Partilhas da Polônia (mapa a seguir).
Seu corajoso povo é claro que resistiu como pôde, entretanto, os governantes das potências dominadoras reagiram restringindo a liberdade dos mesmos.
Grande parte da Polônia até então estava organizada num tipo de economia chamada de feudal, onde grandes proprietários de terras, chamados Senhores Feudais, eram
sustentados pelo trabalho dos camponeses, os chamados Servos, que entregavam boa parte da sua produção em troca do uso da terra e proteção. Acontece que com a Revolução Industrial essas relações foram sendo desfeitas pelas novas condições de trabalho. De acordo com a explicação histórica elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo:
Com o domínio dos impérios russo, austríaco e, sobretudo, prussiano, o camponêsaldeão, desprovido da proteção paternalista do senhor feudal, passou a dispor somente da força de trabalho para a sua sobrevivência e, na medida que não tinha condições de pagar os elevados impostos territoriais exigidos pelo governo prussiano, era obrigado a vender suas propriedades. Essa situação se agravou a partir de 1870, com o surgimento do Império Alemão, quando os territórios habitados por poloneses (Silésia, Pomerânia e Posnânia) passaram a ser objeto de vasta ação de despolonização.
[...]
O território polonês ocupado pela Rússia era composto por uma população predominantemente camponesa, cuja grande maioria vivia em propriedades de 2 a 5 hectares. Como não conseguiam ganhar o suficiente para a sobrevivência da família,muitos desses agricultorespassaramaprocuraremprego nas indústrias que se encontravam em processo de expansão graças ao incentivo do governo russo.
Na Galícia [domínio austríaco], apesar da situação econômica do camponês ter melhorado após o término da servidão, em 1848, quando ele teve acesso à propriedade da terra, o problema da agricultura também era evidente, pois estava ligada à estrutura fundiária dominada por minifúndios. Vivendo em propriedades de 0,5 a 2 hectares, o campesinato, impedido de desenvolver a agricultura, procurava melhorar suas condições de vida optando pela migração sazonal para outros territórios e posteriormente pela emigração para a América (ARAUCÁRIA, vol. 5, pp. 36-37).
Foi então que as políticas de atração de imigrantes europeus implementadas pelo governo da Província do Paraná vieram ao encontro dos anseios dos poloneses que sonhavam em conquistar seu pedaço de terra. O presidente da província Alfredo Taunay chegou a apresentar o Império e o Paraná como terra da promissão, numa clara referência aos escritos bíblicos. Os Polacos, religiosos que eram, viram na adesão a esse grande projeto a possiblidade de finalmente terem seus dias de dádivas, como nas sagradas escrituras:
E nos trouxe a este lugar [Deus], e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. E eis que agora eu trouxe as primícias dos frutos da terra que tu, ó Senhor, me deste. Então as porás perante o Senhor teu Deus, e te inclinarás perante o Senhor teu Deus. (BÍBLIA SAGRADA, Deuteronômio, capítulo 26, versículos 9 e 10.)
A propaganda governamental não contou toda a verdade. Os desafios, esses sim eram de proporções bíblicas. Os Polacos não se intimidaram! É o que veremos a seguir.
Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. Salmo 128, 2.
FONTE 2:Anúnciofeito pelo presidenteda província do Paraná Lamenha Lins (1875-1877), sobre a fundação da Colônia Thomaz Coelho, em novembro de 1876. De acordo com outro relatório, produzido no ano seguinte, a colônia Thomaz Coelho se desenvolvera em excelentes terras de cultura, localizada nos vales dos rios Barigui e Passaúna, estabelecida a 15 km da capital, cobertas de madeira de lei, oferecendo aos seus colonos seguras garantias de prosperidade. A colônia estava dividida em 126 lotes e quase todos tinham casas regulares construídas, sendo que muitos já estavam arados e plantados de trigo, centeio, fumo, etc.Apopulação da colônia era constituída por 739 colonos de muito boa índole e notavelmente laboriosos.
Tenho íntima satisfação em annunciar a V. Exª que a Colonia Thomaz Coelho tem os maisseguros elementosdeprosperidade, compõe-sede colonos cujaíndole éaqui apontada como modelo, trabalhadores e morigerados.Acolônia está dividida em 98 lotes, de magníficas terras de lavoura todas communicaveis por excellentes estradas de rodagem com 10,532 metros de extensão, de forma a poder-se percorrer toda a colônia a carro. Os colonos receberão os seguintes favores: Dou mezes de alimentação na hospedaria em quanto não preparados os lotes 50$000 a cada chefe de família para auxílio a construcção das casas 20$000, a cada chefe de família para compra de utensílios e sementes. As estradas forão construídas pelos proprios colonos e paga a razão de 300rs o termo medio o metro corrente considerada a despeza de 35:000r feita com esta colônia, em relação a 485 colonos que alli estão estabelecidos, termos que cada colono corresponde a despeza de 72$000rs. Resta agora construir-se a capella cuja planta e orçamento breve remetterei e a creação da escola.
PARANÁ.CorrespondênciacomoMinistériodaAgricultura.1873-1877.Livro282.In:ARAUCÁRIA,PrefeituraMunicipal. A construção de uma História: a presença étnica em Araucária. Araucária:SecretariaMunicipaldeCulturaeTurismo,2010,p.39.
FONTE 3: Explicação histórica elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo sobre os motivos que levaram o governo brasileiro a incentivar a vinda de imigrantes para o Brasil. Outro ponto que merece ser salientado era o interesse do governo brasileiro em aproveitar a figura do imigrante europeu, marcado pela ideia de progresso e civilização, para construir uma nova representação do trabalho, em contraposição à noção produzida pelo sistema escravista em relação ao trabalho braçal, visto pelas elites coloniais de forma depreciativa. Essa expectativa pode ser percebida nos discursos governamentais ao enfatizarem a necessidade do contato que deveria existir entre o imigrante europeu e o nacional, para que este, como aprendiz do “colono laborioso” e da cultura europeia, pudesse melhor desenvolver sua própria lavoura.
Explicação adaptada do livro ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma História: a presença étnica em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 25-38
1- Leia a fonte 2 com o anúncio feito pelo presidente da província do Paraná, Lamenha Lins, e responda as seguintes questões:
a) Com que expressões Lamenha Lins se refere aos poloneses que haviam se instalados na colônia Thomaz Coelho? Que sentimentos o presidente da província revela em seu discurso sobre a colonização feita pelos imigrantes?
b) Quais princípios da política linista podemos identificar no discurso da fonte 2? ______________________________________
2- Preconceito em relação ao trabalho manual, essa era uma realidade vivida por trabalhadores braçais em todo Brasil, fossem eles negros, pardos ou imigrantes europeus Séculos de escravidão fizeram do trabalho para muitos, sinônimo de castigo. Trabalhamos por que pecamos. Boa parte da elite brasileira desprezava o trabalho. Em Curitiba, capital da província não era diferente, como foi bem observado pela equipe doArquivo Público do Paraná:
[...] a comunidade local construiu estereótipos que eram veiculados em revistas, jornais, de boca-em-boca: comparavamo polonês ao negro, peloviés do preconceito formado do fardo negativo do trabalho pesado, de acordo com aqueles que habitavam as urbes, dignificavam o trabalho intelectual e acreditavam no progresso material como somente possível nas grandes cidades. (ARQUIVO PÚBLICO DO PARANÁ, p 27 )
Levando em conta o exposto na questão e as considerações feitas na fonte 3 sobre a preocupação em se criar uma nova representação do trabalho, de que forma as autoridades acreditavam que se daria essa reformulação da visão nacional sobre o trabalho a partir da vinda do imigrante europeu?
Familiares, amigos, colegas e funcionários dedicados ao mundo do trabalho. Da esquerda para a direita, sentido horário: Semeadura de cereais, década de 1940; Mutirão de trabalhadores durante a trilhagem de trigo, década de 1930; Quebradeira de linho, sem data; Colheita de batata, 1964.
FONTE 4: Trecho do livro Homens da Terra do escritor Romão Wachowicz que, em linguagem figurada, narra as agruras vividas pelos primeiros poloneses que aqui se estabeleceram.
Travou-se uma batalha sangrenta. Os obstáculos atacavam por dois flancos: tifos nas barracas e mil empecilhos nos campos.
Escasseava-se terra limpa para o plantio, ressentiam-se da falta de sementes para depositar na terra. Careciam de pão e de remédios.
Lutavam de mãos vazias. Sozinhos. Deitavam na terra os entes queridos, sem que ninguém os vistoriasse. Estavam sem assistência, sem auxílio, sem o repicar fúnebre dos sinos no derradeiro momento da partida...
[...]
O sertão arrebentou o primeiro trofeu da vitória. A selva ululante abafou os sofrimentos e cobriu as sepulturas. Tripudiava sobre a fraqueza dos batidos. O tifo ceifou preciosas vidas e as tábuas de pinho lascado as envolveram para o cemitério – uma clareira na mata virgem.
Houve dias de recordes. Num só dia a floresta aconchegou ao seu seio oito vítimas. Terra revolta, cruz tosca, sufixos em ... ski e... cz nos braços da madeira, gravados a ferro em brasa... Eis o epílogo de muitos imigrantes.
O sobrevivente agarrou-se à última e única força: Esperança, a Mãe-Esperança.
A mortandade passou para a história e a esperança voltou.
O povaréu, qual enxame de abelhas que venceu o inverno em luta titânica, alcançando a primavera após debelar a fome, o frio e outros percalços, pôs mãos à obra.
Levantaram-se de pé. Arrancaram em tiras a terra à selva: a ferro, a fogo, com tenacidade. Desbravaram campos para semear e conquistar a fatia de pão.
A mata teimava. Mobilizou as energias latentes e secretas em sua defesa. Lançou cobras, vespas, mosquitos, zangões, paus-de-bugre contra o invasor. O pau-de-bugre atingia o desbravador na carne, fazendo sua pele inchada e pururucada, em brasa.
Aves silvestres encarregavam-se de recolher as sementes aninhadas na terra. Roedores destruíam os grãos sazonados. Nuvens de chopins empoleirados nas copas das árvores avidamente aguardavam o momento em que o milho rompia a crosta da terra para arrancar pela folha o grão-mãe. Mal a plantinha tenra borbulhava ao sol matinal, o bico voraz atiravase para destruir no nascedouro a futura planta. [...]
O grão salvo da voracidade do bico sazonava. Caíam sobre ele ouriços, capivaras, papagaios, tirivas, canários, pintassilgos. Exterminavam as espigas douradas.
O aldeão-peregrino viu as portas se fecharem para o seu retorno. Sem dinheiro, sem cônsules, era aqui o campo para a sobrevivência, para o desenvolvimento. A sorte os conduziu por estas veredas, postulou vítimas, exigiu perseverança. O homem e a selva fundiam-se num redemoinho de vida e morte. O homem e a adversidade rodopiavam nessa máquina taciturna que é o sertão. Esmagavam-se mutuamente.
WACHOWICZ, Romão. Homens da terra. 3ª ed. Curitiba: Vicentina, 1997, p.10-11
Paranaguá – 18 de agosto [1891].
Aportamos em 16 de agosto. É o porto do Paraná, constituído por uma pequena cidade localizada numa baixada. É ligada com Curitiba por meio de via férrea, atravessando as serras do Mar.
Pode-se encontrar poloneses pelas ruas. Principalmente na Casa da Imigração são quase exclusivos e seu número aproxima-se dos 300.
Chegamos à noite à Casa que se localiza fora da cidade. Todas as salas são ocupadas por imigrantes poloneses. Um grupo de meninos brinca sobre a relva, imitando coelhos, ou pulando cordas. Adiante estão as meninas. Os velhos, por seu turno em punhados palestram. [...]
Chegamos à Casa da Imigração no instante em que os aldeões embarcavam no trem, com destino a Curitiba. Defrontamo-nos com um deles que, juntamente com a mulher e filhos, estava sendo conduzido pela polícia. O homem gemia horrivelmente. Interrogamos e obtivemos a resposta de que a criança teve seu pé esmagado por uma carroça. Para evitar que a acidentada viesse a falecer pelo caminho, o chefe determinou que ficasse no hospital. O homem gritava de medo. Temia ficar só, em meio à gente estranha. Fomos à estação ferroviária. Os vagões estavam superlotados de imigrantes. Empobrecidos, acuados por todos os lados, desde a saída do país, até agora, eles aparentam uma atitude estranha, em relação a tudo e a todos. É perfeitamente justificável. Mesmo nos vagões, perguntam: “Esse trem vai para Curitiba? Não estamos sendo levados para outro destino?
” amainados os seus temores com a promessa de visita-los em suas próprias casas, despedimo-los.
[...] O trem percorreu baixadas do litoral, antes de penetrar em terreno montanhoso. Do alto desfralda-se uma magnífica baia de um lado e morros alcantilados do outro. Panoramas desses são poucos no Brasil e no mundo.
Vencida a serra, muda totalmente a paragem. O ar é mais ameno (aqui é inverno). A vegetação é menos exuberante, as matas com vegetação de folhas cuneiformes. Surgem os pinheiros (Araucaria Brasiliensis) e desaparecem as matas emaranhadas de cipós. As terras são pontilhadas de outeiros, campos que ficam cinzentos na estação de inverno, onde vagueiam tropas de gado. Ao lado da estação existem algumas casas semelhando uma aldeia europeia. À noite desembarcamos em Curitiba – uma cidade de 15 mil habitantes.
Curitiba – fins de agosto [1891]
BARRACOS PROVINCIAIS NO ESTADO DO PARANÁ.
Antigamente as hospedarias dos imigrantes encontravam-se a duas milhas da cidade, à margem do Iguaçu e próximas à colônia de Tomás Coelho. Uma violenta enchente, no mês de julho de 1891 destruiu-as. Os imigrantes quase pereceram afogados. Transportaram-nos para Curitiba e alojaram em três casas. Numa delas havia 500 imigrantes. Ali imperavam o aperto, a sujeira e a desordem. Sobreviveram graças a posição elevada da construção e bem ventilada. Em caso contrário teriam morrido nestas barracas imundas.
Acomodaram-se no chão e as mulheres com lágrimas mostram os catres, onde devem repousar em meio a imundície e bichos. Alguns permanecem de três a seis meses nestas
casas, antes de partirem para as colônias que nesta época estão sendo demarcadas. [...]. Um colono, refugiado das colônias, narra barbaridades sobre a vida na mata, sobre a miséria lá reinante. Um colono, refugiado das colônias, narra barbaridades sobre a vida lá reinante. Um outro, mais idoso, dono de uma chácara, nas proximidades da Capital, onde amanhã a terra, estimula os imigrantes ao trabalho, assegurando que aqui é o país ideal para o aldeão.
[...]
De tempos em tempos, levavam para as colônias na floresta levas de imigrantes. [...]
Na outra hospedaria o acotovelamento é idêntico. A doença é geral. Dormem em beliches, como sardinhas em lata. [...]
Passamos rente às camas. Uma esposa jovem, mulher de um carpinteiro está alegre e loquaz. Sentada num canto, confecciona grinalda nupcial para um companheiro. Comenta que brevemente estaria em sua propriedade e espera bom salário como costureira.
[...]
A terceira hospedaria apresenta uma situação ainda mais negra. Sua construção é inacabada. Alojavam ali 940 imigrantes. Dormem numa sala com três filas de beliches. Parece um navio. O ar é irrespirável. Os doentes estão em total promiscuidade com os sãos. A mãe dá à luz ao lado de um moribundo. Isso não é invenção, é fato real! Diariamente partem 4 a 5 enterros!
As caravanas fúnebres atravessam a cidade, chorando e cantando. A culpa dessa calamidade é da má administração que é provinciana e incompetente. Atraem milhares de pessoas para Curitiba, mas não se preocupam em abrigá-las decentemente, enquanto aguardam os lotes nas colônias. [...]
Tomás Coelho, Fins de Agosto [1891].
Está colônia teve início com algumas famílias há 15 anos. [...]. Os lotes são dos mais diferentes tamanhos. As glebas próprias para o cultivo são poucas. Apenas alguns acres, em cada lote. O restante é capoeira, mato e campos. Estes últimos servem de excelente pasto, que os colonos fizeram comum. [...]
Os alimentos consistem dos seguintes pratos: de manhã café com leite, ao meio dia feijão, milho, broa com toucinho e à noite novamente café com leite.
[...]. Semeiam centeio [...]. Além disso cultivam o milho [...], batatas, feijão e mandioca.
A proximidade de Curitiba facilita a comercialização dos produtos, da lenha, dos cereais, etc., o que favoreceu o desenvolvimento das colônias.
Estabelecidos e sedimentados, começam a trazer os parentes de sua terra natal o que faz o rápido crescimento das colônias. Além disso o crescimento populacional aumenta amalucadamente, à moda americana. Ao interrogar os colonos por que há crianças em toda parte – em cada choupana existem algumas – um colono respondeu-me “é só porque aqui faz calor, é que se reproduzem...” Creio que a reprodução humana tão violenta não pode ser atribuída ao calor, mas porque a mortalidade das crianças não acontece como na Polônia onde padecem de miséria.
HEMPEL, Antônio. Os Poloneses no Brasil. In: Anais da comunidade brasileiro polonesa, volume VII. Curitiba: Superintendência do Centenário da Imigração Polonesa no Paraná, 1973, p. 52-90. Traduzido por Francisco Dranka.
1- Os atuais bairros de São Miguel e Barigui foram as regiões onde os primeiros poloneses iniciaram a colonização no município de Araucária em 1876. Ficaram aguardando em barracas de lona por semanas a demarcação dos lotes. Os pântanos, a falta de condições de higiene, os mosquitos e o ar contaminado trouxeram uma epidemia de tifo, muitos morreram, dois cemitérios ficaram lotados. Agora responda as questões propostas.
a) Reescreva com outras palavras os trechos da fonte 4 que se referem à epidemia de tifo sofrida pelos poloneses
b) Reescreva com outras palavras os trechos da fonte 4 que se referem às dificuldades enfrentadas pelos poloneses nas plantações?
2- Leia com muita atenção o depoimento do senhor Francisco Czelusniak, citado pela pesquisadora Neda M. Doustdar na sua dissertação de mestrado.
Quando meu avô veio pra cá, entrou aqui, tava pior ainda. Entrou na mataria. Tinha que limpar os terrenos para produzir alguma coisa. Pinheiro que agora tem o valor tanto alto, tinha que queimar para limpar os terrenos (...) Ele saiu corrido da Polônia.
Porque diz que estava na miséria, pior do que aqui agora. Chegou aqui encontrou negro, índio parece que não tinha não. Quando saiu de lá, os russos e alemães tomavam conta de lá. Chegou aqui e ficou três meses acampado, debaixo da lona (...) O governo que ofereceu passagem grátis. Não tinha gente pra trabalhar (...). Tiveram quatro filhos, um é o meu pai. Vieram direto pra colônia. Eles tinham um pouco de dinheiro pra ajudar um pouco, né? No começo. A terra foi comprada. Era o tempo do Império. Era uma mixaria. Já começaram a limpar os terrenos pra produzir. Depois deles não vieram mais ninguém da família da Polônia.
DOUSTDAR,NedaMohtadi. Imigração polonesa: raízes históricas de um preconceito. Curitiba:UFPR,1990,p.71,DissertaçãodeMestrado em História, disponível em: http://dspace.c3sl.ufpr.br:8080/dspace/bitstream/handle/1884/24605/D%20%20DOUSTDAR,%20NEDA%20MOHTADI.pdf?sequence=1 – Acessadoem:30/07/2015às18h17.
Levando em conta o exposto no depoimento do senhor Francisco Czelusniak e as considerações feitas ao longo do capítulo, responda:
a) Por que alguns poloneses emigraram para o Brasil?
b) Comparando o depoimento do senhor Francisco Czelusniak e a narrativa do professor Romão (fonte 4), é possível perceber diferenças no que se refere ao entendimento das condições de vida dos poloneses no Brasil nos primeiros tempos. Que diferenças são essas?
Em primeiro lugar vamos dividir o relato do Sr. Antônio Hempel em trechos menores.
Esses trechos deverão ser distribuídos entre os colegas da sala. Agora em um só folego vamos ler o relato como se fosse uma contação de histórias, procurando dar emoção à leitura. Cada colega com o seu trecho.
Na sequência vamos anotar as palavras desconhecidas e com ajuda de um dicionário procurar esclarecer seus sentidos, significados e usos.
Finalmente vamos debater o relato de viagem do sr. Hempel, procurando responder as seguintes questões:
a) Os sentimentos dos poloneses recém-chegados ao Porto de Paranaguá.
b) As impressões dos poloneses na viagem de trem entre Paranaguá e Curitiba.
c) As condições em que foram abrigados os imigrantes recém-chegados à Curitiba.
d) Considerando que já havia se passado 18 anos desde o início da colonização polonesa do Paraná, ocorrida em 1873. Estando, portanto, em 1891, como o sr. Hempelexplicou ascausas políticasquetornavamtão precárias as condições emque eram alojados os poloneses em Curitiba.
e) A vida dos poloneses na Colônia Tomas Coelho segundo Antônio Hempel.
f) A vida dos poloneses na Colônia Tomas Coelho segundo o professor Romão Wachowicz.
g) Observe a fotografia abaixo e procure identificar elementos da vida dos poloneses no início do povoamento da colônia Tomas Coelho que foram debatidos ao longo do capítulo.
Instalações de colonos em Tomás Coelho. De acordo com a professora Zuleika Alvim: “Ao chegar aos núcleos, sobretudo no sul do país, os imigrantes tratavam de desmatar parte da floresta e construir suas primeiras casas de pau a pique, permanecendo então no mais absoluto isolamento e sem qualquer tipo de assistência. Isso originou muitos casos de desequilíbrio mental, sobretudo em mulheres.”
(ALVIM, p. 245)
Carroções e arados foram duas inovações introduzidas pelos poloneses em nossas terras que contribuíram muito para o desenvolvimento econômico de Araucária.
Antes dos carroções, as mercadorias levadas e trazidas do litoral eram transportadas em lombo de mulas. Entre 1872-1873 o governo da província finalmente concluiu a construção da Estrada da Graciosa que, como nos ensinou o professor Romão, deu ao planalto curitibano novo alento econômico. Os caboclos que aqui viviam sofreram por muito tempo com a falta de uma via de transporte adequada.
Por outro lado, os imigrantes que aqui se estabeleceram a partir de 1876 deram mais sorte. Some-se a isso a introdução dos Carroções Eslavos, também chamados de Carroças Polacas, feitos pelos imigrantes poloneses e alemães-russos. Eram veículos com quatro rodas, puxados por três parelhas de cavalos que substituíram, com grande vantagem, as tropas de mulas na ligação feita entre o litoral e as nossas terras. De acordo com o professor Romão:
“Durante mais de meio século esses veículos sustentaram a economia do estado, levando para as cidades os produtos interioranos e na volta trazendo produtos fabricados, tais como ferramentas agrícolas, utensílios caseiros, sal, açúcar, bebidas, tecidos, etc. (WACHOWICZ, 1975, p. 51).”
Com relação ao arado, muitos caboclos pareciam resistir à inovação trazida pelos polacos. Havia até mesmo aqueles que praticavam uma zombaria chamada aração, assim descrita pelo professor Romão:
“Segurava-se o sujeito pelas duas mãos, puxava-se as mãos para trás e batia-se com os joelhos na parte traseira, gritando: “eia, tordilho!” (Idem, p.42).”
É importante saber que o arado introduzido pelos imigrantes teve que ser adaptado às condições do solo e flora que aqui temos, e isso levou tempo, obrigando os colonos a passarem por experiências que muitas vezes não foram bem-sucedidas, traumáticas até. Outras ferramentas introduzidas e adaptadas pelos imigrantesforam osancinhos, foicinhas, gadanhas, grades, manguais, moinhos manuais, rastelo, soterrador, ventiladores para limpar cereais dentre tantas outras ferramentas, que hoje podem ser conhecidas numa visita ao museu Tingui-Cuera
1- Leia com muita atenção o belíssimo trecho do livro Homens da Terra sobre o trabalho de um agricultor polonês com o arado puxado por cavalos, que naquelas circunstâncias eram seus grandes aliados na luta pela sobrevivência. Depois do almoço reforçado, Wachadlo pôs a mão ao arado e encostou o ferro ao eito. Os animais resistiam, gemiam, chiavam e paravam. O arador ajudava. Empurrava. Torcia o leme para todos os lados. As raízes rachavam. O bico do arado saltitava de pedra em pedra. Os cavalos tropeçavam. O operário tinha seus ombros sacudidos.
Os gritos constantes de vamos, oi!, fasta!, avança!, espalhavam-se pela floresta. O sol fustigava impiedoso, os animais transpiravam e o mesmo acontecia com Wachadlo. O arador soltou a camisa, que se agitava ao sopro do vento. O ar estava abafado, prenúncio de chuva próxima.
Wachadlo continuava atarefado em arar, pulando para a esquerda e para a direita, rasgando sulcos na terra e levantando raízes. Com um andar de formiga, rasgava o seio do solo.
Cada palmo da terra conquistada pelo arado era regado com o suor dos homens e dos animais.
O sofrimento, com as raízes e com as pedras, sob o fio do arado, o calor do sol, os multiformes mosquitos, pernilongos, cobras, aranhas... todos estes e muitos outros obstáculos, em conjunto, bombavam o sangue e a energia do agricultor, para espalhá-los pelo sertão.
Wachadlo sentia desde há muito tempo que seus pés começavam a pesar, que saltava desajeitadamente da terra arada para as cinzas. Já não era da mesma forma que antigamente.... Seria cansaço? Talvez velhice?... Esgotamento?... Havia boa vontade, mas as forças estão se esvaindo. Os ossos estão preguiçosos... e assim decaem as energias da gente.
WACHOWICZ, Romão. Homens da Terra. 3ª ed. Curitiba: Vicentina, 1997, p. 160-161
No trecho do livro Homens da Terra, o professor Romão Wachowicz se valeu de figuras de linguagem para possibilitar ao seu leitor uma aproximação sensível com a vivência do velho agricultor na lida com o arado. As figuras de linguagem são recursos linguísticos utilizados por escritores para dar mais emoção, expressão e riqueza ao texto, causando assim forte impacto sobre o seu leitor. São exemplos de figuras de linguagem as expressões: Chorou rios de lágrimas; Eram fortes como touros;Carregavamomundonascostas.Considerandooexposto,façaoquesepede.
a) Reproduza a seguir os trechos do texto que representam figuras de linguagem.
b) Observe a fotografia abaixo e faça o que se pede a seguir: Fotografia de agricultor arando, acervo Ruy Wachowicz, sem data, local ou autoria.
A partir da leitura do texto do professor Romão na questão 2, sobre o trabalho do agricultor com o arado, e da observação da fotografia na página anterior, numa folha sulfite A4, crie um desenho procurando captar de forma sensível a labuta do trabalhador frente ao desafio de conquistar para si e seus familiares a sobrevivência. Procure valorizar os sentimentos do camponês, o meio ambiente e a presença do cavalo. Com os trabalhos dos seus colegas, monte um mural em sala de aula.
A culinária e a história de um povo têm tudo a ver. Considerada patrimônio cultural imaterial, a culinária é a manifestação do saber fazer, da identidade e da memória histórica de uma sociedade, é o passado que se faz presente no dia a dia das pessoas. A arte de cozinhar de um povo, com seus ingredientes, métodos e utensílios anuncia aos outros a identidade cultural da região onde esses pratos são preparados. É por isso que muitas vezes, quando conhecemos um lugar, queremos comer um prato típico da região. Nós queremos provar, degustar e se saciar da história.
Nessesentido,os poloneses queaqui se estabeleceram a partir da década de 1870 são exemplos privilegiados do quanto e como podemos aprender sobre a história de um povo a partir da sua cozinha. Broa, pierog, sopa de beterraba, torta de maçã, cerveja caseira, entre tantas outras delícias têm alimentado, educado e orgulhado muitos filhos dessa terra.
É por esse motivo que o registro, preservação e transmissão desse saber fazer é tão importante para as futuras gerações. Quando estamos aprendendo a cozinhar com nossos avós estamos fazendo do presente um momento de encontro entre as vivências do passado e as expectativas de um futuro onde você será o avô ou avó, ensinando e renovando as esperanças. São as delícias da história!
Fonte 6: Explicação histórica da pesquisadora Zuleika Alvim sobre as moradias dos primeiros imigrantes que se estabeleceram no sul do Brasil.
O caso dos poloneses é bastante interessante, porque é no medo quase mítico de viver em regiões montanhosas que está o embrião da inserção do grupo no Brasil. Sempre que puderam poloneses e russos procuravam as planícies às quais estavam habituados no país de origem e onde podiam cultivar o que lhes era familiar, como o trigo.
[...]
Quando, finalmente conseguem chegar aos seus lotes, levantar suas casas e se instalar em definitivo, esse desenhar a paisagem à semelhança do país de origem começa a se delinear.
[...]
Pela predominância do centeio, da batata e do repolho, alimentos básicos para os poloneses no país de origem, caracterizou-se a paisagem paranaense onde os núcleos desses imigrantes surgiram.
[...]
É bom lembrar ainda que os vestígios arquitetônicos, hoje buscados pelos pesquisadores como característicos de cidades alemãs, italianas ou polonesas, só assumiram essa feição, no Sul, na segunda ou terceira reconstrução das casas. Nenhum colono recém-chegado podia se dedicar a erguer sua moradia pautado por modelos do país de origem. Estabelecidos no meio da floresta, a primeira providência dos imigrantes era levantar o mais rápido possível um barraco que abrigasse os seus. Muitos, em seguida, construíam casas melhores de madeira, para só na terceira moradia buscar um padrão estético familiar.
ALVIM, Zuleika. Imigrante: a vida dos pobres do campo. In: SEVCENKO, Nicolau (org.). História da vida privada no Brasil, vol.3. São Paulo: Companhia das Letras, p. 245-9.
FONTE 7: Explicação histórica elaborada pela equipe do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres sobre os efeitos da vinda dos imigrantes poloneses sobre Araucária.
Convém destacar que a presença maciça do grupo polonês em Araucária, a partir do final do século XIX, provocou alterações significativas no perfil demográfico da população do município, contribuindo para o incremento econômico, a ampliação das redes sociais e uma nova configuração das relações de poder, sobretudo na esfera política. Todavia, não podemos esquecer o papel preponderante que o grupo teve nas práticas culturais e religiosas do município, cujas marcas ainda hoje são bastante evidentes nos hábitos e costumes preservados pelas diversas gerações. A força da cultura polonesa está presente ainda hoje não só no folclore, na culinária, na arquitetura e no artesanato, mas também nas rezas, na benção dos alimentos, nas festas, nos rituais ligados ao nascimento, ao casamento e à morte, enfim, ao imaginário social, que constitui os pontos de referência no vasto sistema simbólico que qualquer coletividade produz e através da qual ela se percebe, divide e elabora os próprios objetivos.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma História: a presença étnica em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 49.
1- Leia as fontes 6 e 7 e extraia dos textos as informações necessárias à elaboração de legendas com explicações históricas das fotos abaixo. Para tal use os quadros ao lado das fotos:
Foto 1: Casa de Troncos. Sem data, local e autoria. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Foto 2: Pierogi. Divulgação da Secretaria Estadual do Esporte e do Turismo.
Foto 3: Interior de uma casa polonesa em São Miguel. Decoração com quadros de santos e enfeites coloridos, década de 1980. Foto de João Urban. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
2- Observeabaixoareceitadetortademaçãeasinformaçõesrelacionadas àhistória e à culinária polonesa publicadas pela revista História Viva em março de 2004. A seguir faça o que se pede
a) Faça uma pesquisa na internet sobre a vida e obra de Sebastião Edmundo WosSaporski (1844-1933) e elabore uma breve biografia do pai da imigração polonesa no Paraná.
b) A partir da leitura do capítulo, explique historicamente a seguinte afirmação:
[...] estenderam sua agricultura aos núcleos coloniais do interior, marcando a vida rural com uma nova mentalidade produtiva e técnicas mais elaboradas (HISTÓRIA VIVA, ano I, número 5, março de 2004, p.11).
Como já foi dito anteriormente, dentre as fontes disponíveis para se estudar a história dos poloneses e seus descendentes em Araucária destacam-se os acervos fotográficos.
Um livro interessante que muitas bibliotecas das escolas municipais dispõem é Imagens do trabalhador imigrante no sul do Brasil: os poloneses do acervo Ruy Wachowicz.
Também contamos com o acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres com fotografias disponibilizadas no drive compartilhado da SMED, @educação. Seu professor poderá acessar o acervo seguindo o seguinte percurso: DRIVES COMPARTILHADOS, DOCUMENTOS COMPARTILHADOS, ENSINO FUNDAMENTAL, ENSINO DE HISTÓRIA, 4º ANO, IMAGENS, FOTOGRAFIAS, POLONESES.
Para encerrar esse capítulo, estamos sugerindo a realização de uma exposição fotográfica sobre os poloneses em Araucária.
Para tal, será necessária a reprodução de algumas dessas fotografias e o estudo dos conteúdos do capítulo a fim de produzir explicações escritas para aqueles que venham a visitar a exposição.
Caso sua turma considere interessante, vocês poderão reproduzir uma fotografia por meio de um projetor numa parede da sala, colocando ao lado objetos antigos ou reprodução dos mesmos, que remetam àquele tempo. A partir desse estúdio que vocês acabaram de criar, vocês poderão tirar fotos dos colegas como se estivessem vivendo naquele tempo. Afinal como diziam alguns poloneses “o amor penetra nos homens pelos olhos.”
Alemães, italianos, franceses, ingleses, portugueses, ucranianos, japoneses, judeus e árabes. Uns atraídos pelo trabalho na agricultura, outros pelas oportunidades de negócios no comércio, na indústria e na prestação de serviços, muitos preocupados com o futuro dos seus familiares.
Sendo descendentes de imigrantes de tantas nacionalidades, os araucarienses convivem há muitas décadas com diferentes sotaques, sabores e costumes. Seus filhos e filhas têm se casado, se miscigenado, trazendo assim ao mundo novos filhos e filhas, com novas formas de ver, sentir e agir frente a nossa mistura de culturas.
Os encontros entre os jovens apaixonados, descendentes de diferentes nacionalidades, tonaram os álbuns de fotografias das famílias cada vez mais multiculturais.
De repente sobrenomes de diferentes regiões do mundo foram se combinando nas certidões de nascimento das crianças. Descendentes de árabes e portugueses, alemães e poloneses, italianos e japoneses, passaram a compartilhar a mesma biografia, os mesmos sonhos, preocupações e realizações.
As crianças agora tinham cabelos, olhos, pele e jeito de falar diferentes daqueles dos seus avós. Uma mesma criança poderia participar de festas e comemorações de diferentes culturas, onde tios, com costumesde diferentes países, comandavam afesta de forma tão diversa que era preciso aprender a se comportar de acordo com cada ocasião e cultura.
Contavam alguns moradores antigos de Araucária que alguns pais, de algumas nacionalidades, resistiram como puderam aos casamentos entre seus filhos e filhas e os filhos e filhas descendentes de outras nacionalidades. Mas o tempo, o convívio escolar, as festas e o amor logrou esses pais. Por outro lado, outros pais já foram bem
mais solidários, apoiando os casamentos interétnicos e tornando assim a vida dos jovens casais bem mais tranquila e feliz.
No entanto, é preciso deixar claro que a miscigenação não apagou a identidade de cada povo. Sua culinária, religiosidade, história, hábitos e costumes continuam formando a identidade dos seus descendentes, construindo sentidos, conectando passado e presente.
Nesse capítulo estudaremos quando, como e por que esses povos se decidiram por Araucária. Também vamos conhecer suas principais contribuições à história política, econômica e cultural da cidade. Vamos frequentar festas de casamento, batizados, celebrações religiosas e almoços de domingo, vamos aprender com avôs e avós das mais diversas origens.
EMIGRANTE: é aquele que emigra, que vai para um país estrangeiro. É visto da perspectiva de quem fica no país de origem daquele que vai para fora.
IMIGRANTE: é aquele que imigra, que vem de um país estrangeiro. É visto da perspectiva de quem vive no país que recebe o estrangeiro.
MIGRANTE: é aquele que migra, que muda de um país, região ou cidade.
REIMIGRANTE: é aquele que imigra novamente, que retoma a imigração.
Em 1859, o governo do Paraná criou a colônia Assungui, onde hoje fica o município de Cerro Azul. As terras eram férteis e os investimentos para a implementação da primeira colônia agrícola da província foram altos. Contudo, a distância dos grandes centros consumidores (Curitiba fica a mais 100 quilômetros de Cerro Azul) e a falta de estradas adequadas ao escoamento da produção agrícola, mostraram-se decisivas para que muitos dos colonos abandonassem a mesma. Os cereais chegavam a se estragar nos celeiros.
Assungui contavam com colonos brasileiros e estrangeiros das mais diversas nacionalidades como alemães, franceses, italianos, ingleses e espanhóis. Parte desses colonos voltaram aos seus países de origem, outros foram para outras províncias do Império ou em alguns casos para outras localidades do próprio Paraná, preferindo aquelas próximas à Curitiba. Poucos permaneceram em Assungui.
Acredita-se que os primeiros imigrantes a se estabelecerem em Araucária vieram de Assungui na década de 1860. Eram Alemães, Franceses e Ingleses e se dedicaram preferencialmente à indústria e ao comércio. Ficaram famosas as realizações do construtor inglês Walter Joslin e do industrial alemão Pedro Hey, dono de uma famosa serraria onde mais tarde seria instalada a Colônia Thomaz Coelho. Portanto esses primeiros europeus a se fixarem em Araucária eram reimigrantes.
Foi a criação da colônia Thomaz Coelho e o seu relativo sucesso o fator decisivo para a atração de outros grupos de imigrantes. Novas colônias foram criadas em Araucária, como a Colônia Barão de Taunay em 1886 (atual bairro Costeira), que além dos poloneses contava com imigrantes italianos.
Desde antes de 1886 já havia italianos vivendo em Araucária. De fácil integração aos moradores brasileiros, os italianos se dedicaram ao comércio, à indústria e à agricultura. Ficou famosa a história de João Esperandio que, em 1893, montou uma serraria em Campo Redondo, ajudando assim a atrair outras famílias italianas para o município, que com o tempo passaram a viver em localidades espalhadas por todo nosso território, como Espigão Alto, Campina da Barra, Estação, Lagoa Grande, Centro, entre outras.
João Sperandio e grupo de moradores junto ao primeiro automóvel de Araucária. Conhecido como Velho Barbão, Sperandio se tornou para os araucarienses em sinônimo de imigrante vencedor, nesse sentido a foto acima é emblemática. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Atraídos pela abertura de novas oportunidades de negócios, em 1889 um pequeno grupo de judeus poloneses se estabeleceu em Thomaz Coelho, intermediando a venda dos produtos agrícolas produzidos pelos colonos. Muitos fugiam da perseguição religiosa que sofriamno velho mundo. Como tempo, foram semudando para Curitiba e outros centros urbanos.
Poucos anos depois, em 1895, reimigrantes ucranianos vindos de São José dos Pinhais se estabeleceram nas localidades de Ipiranga e Guajuvira, convertendo-se no segundo maior grupo imigratório em Araucária em termos numéricos, perdendo apenas para os poloneses. Eram cristãos ortodoxos e ainda hoje muitos dos seus descendentes mantêm suas tradições nas festas religiosas. Porém, ontem e hoje, em alguns casos, seus descendentes são confundidos com imigrantes de outras nacionalidades por conta da situação da Ucrânia a época da imigração, que se encontrava sob o domínio dos Impérios Austríaco e Russo. Como os primeiros ucranianos que aqui se estabeleceram eram da Galícia, domínio do antigo Império Austro-Húngaro, foram considerados austríacos. Por serem eslavos, às vezes são confundidos com os Poloneses.
NoiníciodoséculoXXnovaslevas de imigrantes portugueses chegaram emAraucária, atraídos por novas oportunidades econômicas na indústria, comércio e prestação de serviços. Alguns voltaram para Portugal enquanto outros chegavam ao Brasil e a Araucária fugindo das tensões políticas vividas na Europa. Com a implantação do Estado Novo (1937-1945) por Getúlio Vargas, findava-se a política de atração de imigrantes europeus inaugurada no tempo do Império. O Brasil e consequentemente Araucária já era um caldeirão de culturas e ideologias, solidariedades e conflitos.
Exposição de pêssankas realizadas na Casa de Cultura de Araucária em 1997. Pêssanka é um ovo colorido a mão que simboliza a páscoa e a ressurreição de Jesus Cristo. De origem eslava são produzidos por descendentes de ucranianos no Brasil, sendo que em Araucária os moradores da colônia Ipiranga têm mantido essa linda tradição. A palavra pêssanka deriva do verbo pysaty (em alfabeto cirílico ucraniano
писати) que significa escrever, porque seus desenhos representam simbolicamente o desejo de saúde e prosperidade aos nossos semelhantes.
Foto do acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
FONTE 1: Narrativa histórica sobre a vinda dos alemães à Araucária, na segunda metade do século XIX (1801-1900).
A vinda de imigrantes alemães para a freguesia do Iguassú nessa época é corroborada pelo depoimento de Affonso Gustavo Suckow. Segundo esse antigo morador de Araucária, seu avô Augusto Guilherme Suckow, nascido na Prússia em 1831, chegou na província do Paraná entre 1865 e 1870. Na viagem para o Brasil, os Suckow tiveram a companhia de outros imigrantes que posteriormente também se fixaram na Freguesia do Iguassú, dentre os quais estavam membros da família Hasselmann, Krüger, Luder, Bucholtz, Voss e Stagg. Como nenhum desses nomes foi encontrado nas listas de imigrantes que chegaram no Paraná, é bastante provável que o grupo tenha desembarcado em Santa Catarina e vindo, posteriormente, para a província do Paraná, estabelecendo-se na região do Iguassú. Essa hipótese é confirmada por Roberto Hasselmann que conta que seu pai morou em Joinville e Curitiba antes de vir para Araucária.
Em 1884, o livro de registros da Paróquia de Nossa Senhora dos Remédios da freguesia do Iguassú traz os primeiros registros de casamentos de imigrantes moradores da freguesia. O primeiro deles se refere à união de Paulo Choa e Roza Rubinschi, naturais da Áustria. Já o segundo registra o casamento do alemão Oscar Frederico Herolde com a brasileira Maria Francisca, filha de Luiz Yachisch e de Escolastica Maria Vieira.
Esses novos moradores, apesar das dificuldades com a língua, os hábitos alimentares e os costumes, foram aos poucos adaptando-se ao modo de vida dos moradores mais antigos, sobretudo nas questões referentes ao trabalho agrícola e ao comércio. Ao mesmo tempo, alguns hábitos culturais trazidos por eles também passaram a fazer parte do cotidiano das famílias locais. Assim, com o passar dos anos, o costume de enfeitar a árvore de Natal, presentear as crianças, organizar piqueniques e outras práticas festivas deixou de constituir uma prática exclusiva dos imigrantes, estendendo-se também a outras camadas da população.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma História: a presença étnica em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 30.
FONTE 2: Livro de registros de casamentos da Igreja Paroquial de Nossa Senhora dos Remédios da antiga Freguesia do Iguassú, que traz o primeiro registro de casamento de imigrantes alemães moradores de nossas terras, ocorrido em 27 de agosto de 1884. O documento refere-se ao casamento de Paulo Choa e Rosa Rubinschi, naturais da Áustria.
FONTE 3: Fotografia de 1912 da Família Zuckow na varanda de sua antiga residência que se situava na rua Dr. Victor do Amaral. Coleção Família Zuckow. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
FONTE 4: Fotografia de Membros da Família Hasselmann em frente à residência de Carlos Hasselmann, em 1953. Coleção Família Hasselmann. Acervo doArquivo HistóricoArchelau deAlmeida Torres.
FONTE 5: Relato do senhorArnoldo Schmidt em seu ótimo livro – Boa Vista, minha colônia – sobre o seu pai, nascido em Berlim e que veio a se instalar na colônia Boa Vista.
João Schmidt destacou-se com pequeno negócio de secos e molhados, conhecido como bodega,ocupando-sedacompra e venda de cereaisempequena escalae lenha, que era fornecida para as locomotivas da estrada de ferro, então denominada Rede de Viação Paraná – Santa Catarina, principal meio de transporte de cargas e passageiros da época. A estação de Guajuvira, hoje desativada, era a parada mais próxima das locomotivas ou trens, como eram conhecidos. [...]
Porém, a parte mais importante das atividades de João Schmidt era o atendimento feito à Colônia com homeopatia. Os remédios assim chamados, derivados de ervas, eram fornecidos em pequenos recipientes de vidro, em forma líquida, com denominações oriundas da própria planta ou erva, como Allium sativum, Ipecacuanha, Belladona e muitos outros que cobriam todo tipo de doenças eram preparados em gotas, conforme a quantidade estipulada nas bulas. Ele as preparava e a “dose”, como era conhecida, era aplicada de acordo com sua orientação.
Mantinha também, sempre, em seu acervo de remédios, doses de soro anti-ofídico, para salvar pessoas picadas por cobra venenosas.
JoãoSchmidt,oimigrantealemãonascidoemBerlim,chegouaoBrasilcom13anos. Foi um homem honrado que gozava de grande prestígio, recebendo, inclusive a guarda de pequenos valores dos colonos que eram guardados em um velho cofre, porém seguro. Intermediava transações de compra ou venda de terras entre os colonos semvisar lucro, fazendo a guarda de valores dados emsinal de negócio, que eram restituídos ao seu titular, por ocasião da escrituração final, a qual acontecia no Cartório de Araucária. Este homem formidável foi meu pai que, com sua esposa e grande companheira Guilhermina, minha mãe, geraram 12 filhos. SCHMIDT,Arnoldo. Boa vista, minha colônia.Araucária: Prefeitura Municipal, 1994, p. 16-17.
1- Leia a fonte 1 e responda as seguintes questões:
a) Quais fontes históricas a equipe da Secretaria de Cultura e Turismo se valeram para corroborarem que a vinda dos imigrantes de origem alemã ocorreu ainda na segunda metade do século XIX (1850-1900):
b) Enumere pelo menos dois hábitos culturais trazidos pelos imigrantes que, de acordo com a explicação histórica da fonte 1, passaram a fazer parte da vida das famílias locais.
2- Observe as fontes 3 e 4 e responda as seguintes questões:
a) Que suposições podemos elencar comrelação à extensão (tamanho) das famílias? Justifique sua resposta.
b) Quantas gerações, no mínimo, podemos identificar nas fotografias das fontes 3 e 4. Justifique sua resposta.
3- Leia a fonte 5 e extraia da narrativa as informações necessárias à elaboração de legendascomexplicaçõeshistóricasdas fotos abaixo.Paratal use os quadros aolado das fotos:
Foto 1: Antiga Estação Guajuvira em época de enchente do Rio Iguaçu, sem data.
Foto 2: Antiga residência do sr. João Schmidt, década de 1940. Foto e informações do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Foto 3: Ipecacuanha em ilustração de 1897 do livro de Franz Eugen Köhler –Köhler's Medizinal-Pflanzen – em tradução livre Plantas Medicinais de Köhler. A Itapecacuanha é uma planta natural do Bahia e do Mato Grosso usada como estimulante do reflexo do vômito, também era usada como purgatório e antídoto contra venenos. O livro citado acima, como o nome sugere, é um guia ilustrado de plantas medicinais, baseado no trabalho do médico e farmacologista Hermann Adolph Köhler (1834-1879), sendo que foi publicado por outro alemão com o mesmo sobrenome, tratava-se do editor especializado em obras de botânica Franz Eugen Köhler. As ilustrações do livro são de autoria dos ilustradores Walther Müller e Carl Friedrich Schmidt. Contando com a descrição de cerca de 300 plantas, foi o guia mais utilizado na Europa no final do século XIX, muitas das plantas descritas são naturais do Brasil, como o Caju e a Erva-Mate. De conhecimento dos nossos indígenas, a itapecacuanha foi levada e estudada por pesquisadores europeus que puderam desenvolver um medicamento homeopático que, na primeira metade do século XX, era vendido por um alemão na Colônia de Boa Vista. É o conhecimento homeopático viajando longe.
Fonte 6: Explicação histórica elaborada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo:
Outro grupo étnico que se estabeleceu espontaneamente na freguesia foram os italianos. Embora a documentação oficial demarque o ano de 1886, quando foi criada a colônia Barão de Taunay, como a data de chegada dos primeiros representantes dessa etnia, é certo que nessa época alguns desses imigrantes já estivessem estabelecidos na localidade, de forma espontânea.
[...]
Na lista de eleitores de 1893, ao lado de nomes como Bortolo Pizzatto e Cerilo Novello, aparecem os sobrenomes dos imigrantes italianos Mussielli, Macieli, Nadalin, Bonetto, Cantelle que moravam em Botiatuva, bem como Vicente Calderari, de Campo Redondo.
Embora não conste dessa lista, João Sperandio também se estabeleceu em Araucária nessa época. Repetindo o percurso habitual de tantos outros imigrantes italianos que vieram espontaneamente para o município, o Velho Barbão, como era conhecido, passou por vários lugares antes de instalar-se definitivamente em Campo Redondo, onde montou uma serraria em 1893.
A serraria do Velho Barbão acabou atraindo para o município outras famílias italianas, como os Tondela e os Tagliaferro.
[...]
Essas famílias, como muitas outras, faziam parte do grupo de imigrantes italianos que, descontentes não só com o clima desfavorável do litoral paranaense mas também com as dificuldades de transporte, procuraram fixar-se em regiões mais próximas à capital paranaense. Assim, gradativamente, novas famílias de imigrantes vieram para Araucária em busca de terras férteis para a agricultura e a pecuária ou mesmo para atuar no ramo de serviços.
Além de Campo Redondo, outra localidade de Araucária que recebeu representantes dessa etnia foi Espigão Alto. Alvacyr Busquette, nascido ali em 1932, conta que o avô, Agostinho Busquette, cujo nascimento ocorreu no navio que trazia a família para o Brasil no final do século XIX, veio para o município de Araucária no início do século XX.
[...]
A partir da década de 1920, já estavam estabelecidos no município um número significativo de outros imigrantes italianos, dentre os quais estavam membros das famílias Senegaglia, Mattioli, Basso, Boschette, Valentini, Cabrini, Faraco, Pescara, Montegutti, Barão, Starim, Binhara, Talamini e Fruet.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma história: a presença étnica em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 52- 57.
1- Leia a transcrição do termo de casamento de um jovem casal residente em Araucária e responda as questões propostas a seguir:
Aos cinco dias do mez de outubro do anno de mil oitocentos e noventa, nesta Villa de Araucaria as dez horas da manhã, na sala da Intendencia Municipal, presentes o Juiz de Paz e de casamentos, Major Joaquim Gonçalves Palhano, comigo Official doRegistro abaixonominado e astestemunhasVicenteTramontin e Novello Emilio; receberam-se em matrimonio os contrahentes Brunatto Luiz, de vinte e quatro annos de idade, natural da Italia, residentes nesta parochia, filho legitimo de Brunatto João Maria, já fallecido, e de Brunatto Escolastica; e Perina Joanna de vinte e dois annos de idade, natural da Italia, residente nesta parochia filha legitima de Novello Natali e de Fralson Judith; do que para constar eu Eugenio dos Santos Justen Official do Registro Civil, lavrei este termo em que assigna o Juiz a nubente Perina Joanna e as testemunhas, e a rogo do nubente Brunatto Luiz, por não saber escrever a sim rogo assignarAgostinho Fernandes dos Santos.
Transcrição de registros de casamentos civis realizados em Araucária no início da República encontrados no “Livro B – 02 de Registros de CasamentosJan1889
Mar1900”,noCartóriodeRegistrosCivisHildaLukalski,emAraucária.AcervodoArquivoHistóricoArchelau deAlmeida Torres.
a) Nome, idade, nacionalidade e escolaridade da noiva: ______________________________________
b) Nome, idade, nacionalidade e escolaridade do noivo:
c) Nomes e nacionalidade das testemunhas: ______________________________________
d) Significado da palavra nubente: ______________________________________
e) Dia, mês, ano e hora do casamento:
FONTE 7: Explicação histórica elaborada pelo professor Romão Wachowicz sobre a miscigenação étnico-cultural entre os descendentes de italianos e dos antigos moradores deAraucária.
Os primeiros a se assimilarem foram os italianos, a tal ponto que os últimos vestígios por eles deixados foram os sobrenomes e o costume de falar alto. A assimilação apresentada era facilitada pelo parentesco lingüístico e pelo número pequeno de familiares. [...] dedicaram-se de corpo e alma ao comércio. Aceitaram com facilidade a vida e os costumes que os rodeavam: os deles próprios, dos caboclos e dos poloneses. O seu objetivo era chegar numa boa situação material. A primeira e as segundas gerações deixaram de utilizar-se da língua dos antepassados.
WACHOWICZ, Romão. A Saga de Araucária. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda, 1975, p. 69.
2- Observe a fotografia abaixo das bodas de prata de Manoel Fernandes Luiz e Bertha Cantelle celebradas em 1947. Leia a explicação do professor Romão Wachowicz na fonte 7 e responda à questão proposta a seguir.
a) Que suposições podemos elencar observando a fotografia das bodas de prata do sr. Manoel e da sra. Bertha quando comparamos o grande número de pessoas presentes na celebração e as observações feitas pelo professor Romão?
FONTE 8: Trechos da entrevista do senhor Alvacyr Francisco Busquette, concedida em 26 de fevereiro de 2003 ao professor e geógrafo Luciano Magalhães Gotfrid. Nos trechos da entrevista L.G refere-se ao entrevistador eA.B ao senhorAlvacyr.
L.G – E os seus avós quando vieram pra Araucária?
A.B – Meu vô a história dele é que ele nasceu num navio né, quando tava vindo pro Brasil, e eles vieram pra cá, mesmo, aqui em Araucária.
L.G – E qual é o nome deles?
A.B – O nome do meu avô, Agostinho Busquette.
L.G – E o da avó?
A.B – Da vó Catarina, de solteira? Nome de solteira? Cardoso.
L.G – Porque seu vô escolheu Araucária?
A.B – Os pais dele vieram aqui, acharam o lugar bom pra fazer a vida e daí ficaram ali, criaram todos os filhos aqui em Araucária, meu vô também era, trabalhava de marceneiro, carpinteiro, montava moinho, engenhoca, velho muito inteligente ele era viu, fazia Igreja para essas Colônias aí, era madeireiro falquejava pinheiro inteiro e desdobrava pra fazer vigamento 8, 10 metros de comprimento, então a vida deles era essa, fazia lavoura para sobreviver e depois nesse intervalo lidava com madeira.
L.G – Qual foi o primeiro lugar em que ele se estabeleceu em Araucária?
A.B – Olha eu acho que eles vieram diretos aqui para Campina e ficaram ali até o fim da vida deles, eu acho não tenho bem certeza, porque o vô criou todos os filhos ali.
L.G – Quanto filhos seu avô teve?
A.B – 11 filhos
L.G – Os Brasileiros tinham algum preconceito para com os italianos?
A.B – Não, inclusive eles iam na casa do meu avô, faziam festinha todo mundo junto meu vô tocava violão essas coisa, então era tudo junto não tinha nada.
L.G – Quanto à comida, qual a comida que veio com seu avô.
A comida, a comida que nós comia muito era polenta mesmo, polenta assim, empatado, bolo de farinha de milho quando meu vô tinha engenhoca de 6 mãos de pilão então ele fazia farinha pro gasto e pra vender também, quer dizer o povo
levava milho pra ele fazer farinha de empreitada daí minha avó fazia aquelas balaiadas de bolo de farinha de milho assado no forno mas que delícia rapaz, nunca mais comi, viu hoje falar em bolo milho o cara nem sabe o que é, mas a comida é comia carne de porco banha, óleo era só pra salada o que mais comia era banha mesmo de porco, engordava porco pro ano todo e fazia roça daí engordava os porcos pra fazer carne nas latas assim banha e carne de porco era o forte galinha, galinha caipira que era na época.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
3- Quais passagens da entrevista do senhor Alvacyr Francisco Busquette corroboram a ideia de rápida miscigenação e assimilação étnico-cultural ocorrida entre os italianos, seus descendentes e os descendentes dos antigos moradores de Araucária.
f) Crie uma explicação para a seguinte questão: de que forma a língua italiana facilitou a assimilação entre brasileiros e italianos?
Na Colônia Ipiranga temos uma considerável presença de descendentes de ucranianos, também conhecidos como rutenos. De acordo com a equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo:
[...] os primeiros representantes dessa etnia chegaram no município a partir de 1895, quando parte do grupo que havia sido estabelecido pelo governo na região de São José dos Pinhais abandonou os lotes, preferindo se estabelecer em outras localidades como Ipiranga, Guajuvira e Contenda.
[...]
Vale lembrar que ainda que o grupo represente um percentual expressivo dentre os imigrantes que vieram para o Brasil, o desenvolvimento histórico dessa corrente imigratória é dificultado pela escassez de dados estatísticos e, sobretudo, pela dificuldade em separálos dos demais imigrantes eslavos. De modo semelhante aos imigrantes poloneses, muitos ucranianos, em decorrência das contingências históricas e geopolíticas, entravam no país com passaporte do governo ao qual estavam submetidos. Assim, os imigrantes ucranianos que chegaram no Paraná no período anterior a Primeira Guerra Mundial, por serem procedentes da Galícia – que constituía a maior província do Império austro-húngaro
foram identificados oficialmente como austríacos.
Além disso, outra dificuldade para a identificação do grupo ucraniano que chegou em Araucária no contexto do final do século XIX e início do XX reside no fato desses imigrantes terem passado por outros locais antes de se fixarem definitivamente no município. Todavia, um dos fatores que possibilita a identificação dos ucranianos e seus descendentes é a sua tradição religiosa, ligada ao rito grego ou ortodoxo, diferente dos poloneses que seguem o ritual latino. Desse modo, os documentos eclesiásticos existentes na capela da chamada colônia Ipiranga, próxima ao distrito de Guajuvira, cumprem importante papel para o reconhecimento do grupo (ARAUCÁRIA, vol. 5, p. 63-4).
Dentre as tradições mantidas na comunidade Ipiranga, destacam-se a confecção de pêssankas, que são ovos coloridos, pintados à mão com formas geométricas; a dança típica conhecida como haiuka; o respeito ao pelêpivka, quando se pratica jejum, não consumindo carne na noite anterior ao natal; a confecção do didukh, uma decoração de natal feita com um feixe de centeio e colocado num canto da casa especialmente preparado para isso, trazido pelo hóspodar, o dono da casa, na noite de natal.
Na culinária podemos observar o preparo da kasha, um prato cozido de trigo preto; o consumo do Kutiá, um pudim doce de trigo; a sopa de repolho, chamada kapusniak; o charuto de repolho, holopti; o pastel cozido de requeijão, chamado perohê, dentre tantas outras delícias.
As celebrações das missas são feitas em ucraniano, os padres ficam boa parte do tempo de costas para os fiéis e de frente para o altar.
Os casamentos, os bordados, o uso do calendário litúrgico juliano e a presença do alfabeto ucraniano são testemunhas da presença ucraniana na colônia.
Na colônia Ipiranga a cultura fascina os visitantes, enriquece o olhar dos curiosos, delicia nosso paladar e educa a próximas gerações.
Contribuíram para a explicação histórica
Fonte 9: Atualmente no Brasil em torno de 1 milhão de pessoas são ucranianas ou descendentes de ucranianos, sendo que 80% delas vivem no Paraná. Ente 1895 e 1920 cerca de 50 mil ucranianos desembarcaram no Brasil, talvez mais. Grande parte desse contingente veio da Galícia, região que foi dominada pelo antigo Império Austro-Húngaro. É por isso que no Arquivo Público do Paraná muitos imigrantes foram identificados como austríacos. Por serem eslavos muitas vezes eram confundidos com os poloneses, daí a dificuldade em precisar os números. São muitas as personalidades descendentes de ucranianos que marcaram e marcam a história do Brasil. Dentre elas podemos destacar a poetisa Helena Kolody, filha de ucranianos, nascida no núcleo colonial de Cruz Machado em 1912. Essa dedicada professora de mais de 4 mil alunos lecionou em várias cidades do Paraná e traduziu em lindos versos o sentimento dos descendentes ucranianos em nossas terras, suas lutas, preocupações e alegrias. Como você pode conferir a seguir:
Origem – aquarela eslavo-brasileira. Na memória do sangue, há bosques de bétulas, estepes de urzes floridas, canções eslavas.
Arde o trópico nos nervos.
Crepita a alegria da pátria jovem. A alma se aquece na chama das cores.
Dança o coração em ritmo sincopado.
Saga, 1980.
[...]
Vim da Ucrânia valorosa, que foi Russ e Rutênia. Povo indomável, não cala a sua voz sem algemas.
Vim das levas de imigrantes que trouxeram na equipagem a coragem e a esperança.
Em sua luta sofrida, correu no rosto cansado, com o suor do trabalho, o quieto pranto saudoso.
Vim de meu berço selvagem, lar singelo à beira d’agua, no sertão paranaense. Milhares de passarinhos me acordavam nas primeiras madrugadas da existência.
Feliz menina descalça, vim das cantigas de roda, dos jogos de amarelinha, do tempo do “era uma vez...”
Lição, 1980
A luz da lamparina dançava frente ao ícone da Santíssima Trindade Paciente, a avó ensinava a prostrar-se em reverência, a persignar-se com três dedos e a rezar em língua eslava.
De mãos postas, a menina fielmente repetia palavras que ela ignorava, mas Deus entendia.
1- Preencha a Cruzadinha abaixo que foi inspirada na bandeira da Ucrânia, de acordo com as instruções a seguir:
1- Dono da casa que traz o didukh.
2- O período que antecede o natal.
3- Nascido na Ucrânia, gentílico masculino.
4- Prato cozido de trigo preto.
5- Decoração ucraniana de natal.
6- Pastel cozido.
7- Pudim doce de trigo.
8- Dança típica ucraniana.
9- Ovos coloridos pintados à mão.
10- Charuto de repolho.
11- Religião da maioria dos ucranianos
12- Sopa de repolho.
2- Didukh é uma decoração natalina ucraniana feita de um feixe de trigo. A palavra Didukh significa “o espírito dos ancestrais”. Antes do natal é colocado nos lares dos ucranianos e de seus descendentes pelo mundo afora, desejando prosperidade, boa colheita e o bem-estardaspessoas.Agoraleiaa explicaçãosobre a presença ucraniana emAraucária (p. 126) e registre no espaço ao lado da imagem as outras informações sobre o didukh contempladas no texto:
3- Junto com os seus colegas, de acordo com a organização feita pela professora ou professor, leiam em voz alta os Poemas de Helena Kolody, apresentados na fonte 9 Depois, com a ajuda do professor ou professora, procurem identificar quais trechos do poema se referem aos tópicos apresentados no quadro abaixo. A seguir confeccione 6 desenhos, sendo um para cada tópico, procurando ilustrar os trechos dos poemas de Helena. Sugerimos que a confecção dos 6 desenhos seja realizada numa única folha dividida em 6 quadros, onde os trechos apareçam escritos junto aos desenhos.
FONTE 10: Explicação elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo em 2010, sobre a presença francesa em Araucária e a sua relação com o início da industrialização do município.
A presença de imigrantes franceses em Araucária pode ser detectada desde o século XIX [...]. A primeira notícia sobre esse grupo aparece no jornal 19 de Dezembro ao notificar a morte de León Alexandre na freguesia, no lugar denominado Capão da Tinga, em 1879. Muitas décadas depois, já no século XX, outros representantes da etnia estavam estabelecidos no município. Eram os Belache, conhecidos não só pela atividade agrícola, mas também pelo fato de dona Ludovina Belache ter trabalhado durante anos na agência de Correios de Araucária.
A partir dos anos quarenta, os imigrantes franceses desempenharam importante papel no processo de industrialização do município, com a instalação da companhia de beneficiamento de linho São Manoel, fundada por Alfredo Charvet.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma história: a presença étnica em Araucária. Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 100-1
Fonte 11: Explicação elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo em 2010, sobre a presença judaica em Araucária1 .
Nesse contexto, em 1889, chegaram à Freguesia do Iguassú os primeiros judeus a se instalarem no Paraná. [...] Oriundo da Galícia Austríaca, eles vieram em companhia de outros imigrantes não judeus daquela região. Aproveitando a experiência adquirida ainda na Europa na intermediação comercial de produtos agrícolas, organizaram um armazém de secos e molhados na colônia Thomas Coelho, onde passaram a comercializar os gêneros agrícolas dos camponeses.
Alguns anos mais tarde, após Max Rosemann ter deixado a colônia Thomaz Coelho para instalar um moinho a vapor na capital paranaense, outros imigrantes judeus vieram juntar-se aos Flaks. Na ata de fundação da União Israelita do Paraná, criada em 1913, aparece o registro de três associados residentes em Araucária: Frederico Kaufman Flaks, Eduardo e Samuel Friedmann. O envolvimento dos Friedmann no comércio com os colonos é lembrado por Reinaldo Alves Pinto:
Os colonos vendiam para o seu Friedmann, ele era de origem judia ele comprava uma quantidade de todos os cereais que aparecia, galinha, cabrito, tudo o que aparecia ele comprava (...) de tarde vinham carroças de Curitiba buscar os produtos. Moinhos ali do Portão vinham comprar milho dele para moer lá, fazer fubá.*
Documentos posteriores registram a passagem de outros judeus pelo município, como Bernardo Schulmann, que possuía depósito de cereais na localidade de Boa Vista; e Germano Paciornik, que, além de fabricante de sabão, também foi proprietário de olaria no Barigui. Em suas memórias, Romão Wachowicz registrou ainda outros nomes como de Moisés Paciornik e dos Gaertner.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma história: a presença étnica em Araucária. Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 51
FONTE 12: Explicação elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo em 2010, sobre a vida de imigrantes portugueses para Araucária nas primeiras décadas do século XX.
Uma dessas famílias que chegou em Araucária no início do século XX foi a de Antônio Alves Pinto, proprietário da primeira fábrica de cerveja do município. Sobre a vinda da família para a localidade, Reinaldo Alves Pinto registra:
Papai era natural de Portugal, veio para Araucária em 1902, para montar uma cervejaria, ali em Botiatuva. Ele aprendeu [a fazer cerveja] em Curitiba com um tio de mamãe, que tinha a fábrica de Cerveja Providência em Curitiba. A cervejaria funcionou aqui de Araucária de 1902 até 1918. Quando terminou a guerra, papai também teve que fechar porque já não vinha mais a matéria-prima, que era o lúpulo, a cevada. Vinha da Alemanha, naquele tempo.*
A história da família de Antônio Augusto Rodrigues, nascido em 1922, também exemplifica a trajetória de muitos imigrantes que vieram para o Sul do país, nesse período. “Meu pai, José Maria Rodrigues, veio várias vezes para o Brasil, trabalhou desde moço. A primeira vez ele veio foi em 1910 eles estavam construindo as docas do Rio de Janeiro (...) levou 12 anos trabalhando lá, no cais do Porto e depois voltou para Portugal”.
Um hábito frequente entre os portugueses, nesse período, era a vinda de homens jovens e solteiros que, após trabalharem o tempo suficiente para juntar algumas economias, retornavam ao seu país para casar-se e ficar mais próximos da família. Foi o que ocorreu com o pai de Antônio que voltou a Portugal no início da década de 1920, casando-se com Maria de Lourdes, na cidade de Vigo.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. A construção de uma história: a presença étnica em Araucária Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, pp. 71-3.
*Reinaldo Alves Pinto em entrevista concedida à historiadora, pesquisadora e professora da UFPR Roseli Boschilia em 05 de outubro de 1989.
Relacione as afirmativas, fotografias, citações e depoimentos à história dos franceses, judeus e portugueses emAraucária. Fica estabelecida a seguinte legenda que deve ser indicada nas setas-pentágonos amarelas:
1- FRANCESES 2- JUDEUS 3- PORTUGUESES
Legendas Afirmativas, Fotografias, Citações e Depoimentos
Vista aérea da Fábrica São Patrício. Coleção Fabiene Charvet Incot. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Reunião da família Alves Pinto. Década de 1940. Coleção Reinaldo Pinto. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Famíliaeamigosde Alfredo Charvet, reunidosemfrente à residência da famílianadécadade 1950. Coleção Fabiene Charvet Incot. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de AlmeidaTorres.
Falavam polonês, membros do grupo étnico e religioso originário das tribos hebraica do Antigo Testamento.
Originários principalmente da mistura entre celtas gauleses, latinos e germânicos. O nome do seu país significa terra dos francos.
Tiveram maior facilidade com a assimilação cultural, pois contavam com a presença de seus compatriotas em nossas terras desde o período colonial.
“Viemos para o Brasil em 1929 (...) Nós desembarcamos em Santos, nós tínhamos uns parentes em Santos, viemos a Paranaguáeaípegamosotremesubimos.Ah,meupaiveiovárias vezes no Brasil, falecido meu pai quando trabalhou aqui, trabalhou desde moço, a primeira vez ele veio pro Brasil foi em 1900 eles estavam construindo as docas do Rio de Janeiro, trabalhou muitos anos no Rio e depois voltou para Portugal, bem mais tarde. Aqui tinha um tio meu que era exportador. Ele já estava aqui antes (...) tinha o mesmo nome meu. Primeiro ele se fixou em Curitiba e depois é que veio aqui pra Araucária, e começou a comprar cereais e exportar. Tinha muito conhecimento no Rio de Janeiro e São Paulo, então lá tinha muito exportador né, tinha e tem né, toda essa mercadoria aqui pela estrada de ferro. (...). Aqui saía mercadoria de Contenda saía tudo por dentro aí, ia para Paranaguá, Antonina, e lá carregava os navios e ia para o Rio de Janeiro e mais a frente, São Paulo, pra São Paulo ia aqui porJaguaraívade trem (...) Aprofissãonossaera a exportação de cereais [como] milho, feijão e outros produtos [como] batata, cebola.”
Antônio Augusto Rodrigues em entrevista concedida aos pesquisadores Luciano Magalhães Gotfrid e Sebastião Pilatto dos Santos, no dia 6 de março de 2003, Araucária.
“[...] destaca-se a família de Custódio Franco Ferreira, que deu a Araucária três prefeitos: Manoel Gonçalves Ferreira, Theodorico Gonçalves Ferreira e Oldorico Franco Ferreira.”¹
“O sr. Charvet teve também a auspiciosa visão de movimentar a primeira campanha em prol da construção do Hospital São Vicente de Paulo, em Araucária.”¹
Muito antes do primeiro Árabe pisar em solo araucariense, os seus costumes, conhecimentos matemáticos, culinária, língua, arquitetura, entre tantos elementos culturais já faziam parte do cotidiano dos moradores dessas paragens. Elementos tão diversos como o consumo de café, açúcar, laranja, arroz, azeite, açafrão, noz-moscada, cravo, canela; o uso dos algarismos indo-arábicos; o jogo de xadrez; a prática da caligrafia; o emprego das telhas do tipo capa canal e da taipa de pilão, chegaram até nós de forma indireta, por meio da colonização portuguesa.
Foi a presença dos mouros e árabes na Península Ibérica (Portugal e Espanha) entre os séculos VIII e XV que derramou sobre a Europa medieval todas essas dádivas culturais. Sem elas fica difícil acreditar que os europeus tivessem saído algum dia da Idade Média (476 d. C. – 1453), apelidada com certa injustiça de Idade das Trevas.
Durante mais de sete séculos os árabes dominaram partes do território da Península Ibérica. Os Reinos, Califados e Emirados mudaram muito ao longo dos séculos. Espanha e Portugal se formaram durante as guerras de reconquista desses territórios e ainda hoje trazem em seu dna a presença árabe.
Quando os primeiros colonizadores portugueses aqui se estabeleceram traziam consigo todo esselegado, mesmo que não soubessem disso. Esses homens tinham sobrenomes como Almeida, que vem do árabe a (al) meida (mesa), falavam muitas palavras que começam com A e AL, como: açougue, açúcar, açude, álcool, aldeia, alface, alfaiate, alfândega, algarismo, algema, algodão, algoritmo, alicerce, almanaque, almôndega, alquimia, alvará, arroz e azeite. De acordo com Paulo Daniel Farah:
É importante observar que em português existem muitas palavras de origem árabe que não se iniciam pela letra “a”: café, leilão, xarope, javali, zênite, xerife, xeque (ou xeique), oxalá, rabeca, rês, tâmara e tarifa, entre várias outras [...].
A princípio os próprios árabes, e posteriormente a epopeia marítima portuguesa, carregaram esses vocábulos para diferentes regiões do globo, entre os quais o Brasil. Mais recentemente, a partir dos movimentos migratórios do século XIX, os árabes levaram para suas regiões alguns termos do português do Brasil que se incorporaram aos falares de parte dos sírios, libaneses e palestinos (FARAH, Paulo Daniel. Alicerces, recifes e acepipes. In: Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 4, nº 46, julho de 2009 )
Família Saliba na década de 1930. Coleção
Tadeu Saliba. Acervo do Arquivo
Histórico Archelau de AlmeidaTorres.
O estabelecimento dos imigrantes árabes em Araucária ao longo do século XX (1901-2000) veio para coroar esse casamento cultural.
Muitos saíram da sua terra natal em decorrência do domínio que o Império Turco Otomano exercia sobre o Oriente Médio até 1918 ou por conta da confusão causada pelo fim desse mesmo Império, fazendo daquela região palco de infindáveis conflitos. Eram procedentes da Síria e do Líbano, alguns já tinham tentado ganhar a vida em outras cidades, até que viram em Araucária melhor sorte. De acordo com Oswaldo Truzzi:
Karpinski Jorge, em foto da década de 1920, ele de origem árabe e ela descendente de ucranianos. Coleção Celso
Tenoski. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de AlmeidaTorres.
De qualquer modo, os migrantes não eram aventureiros isolados, mas indivíduos inseridos num contexto familiar, dispostos a acumular capital durante certo tempo e depois voltar ao seio da família e da aldeia de origem. Entretanto, o que pretendia ser provisório acabou se tornando permanente: em vez do imigrante retornar, em muitos casos foi o restante da família que veio se juntar a ele no Brasil.
Redes de parentes, amigos e conterrâneos se articularam, fornecendo referências valiosas aos que decidiram vir. Na mente de cada emigrante formou-se uma geografia imaginária. [...] Interesses e favores dos muitos conhecidos propiciaram o início de vida no novo país [...]. Muitos dos já estabelecidos ofereciam um crédito inicial – sob a forma de mercadorias por exemplo – aos recém chegados. Esse intenso movimento migratório alcançou os rincões mais remotos do continente. Onde quer que chegassem, eram chamados de “turcos”. Uma confusão que os ofendia duplamente – pelo equivoco geográfico e por referir-se a seus dominadoreshistóricos.
Culpa dos passaportes que usavam até a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) expedidos pelo Império Otomano. (TRUZZI, Oswaldo. Verde, amarelo, azul e mouro. In: Revista de História da Biblioteca Nacional, ano 4, nº 46, p. 20 )
Antiga casa de comércio de Salomão Jorge, no Ipiranga, final da década de 1950.
A busca por novas oportunidades na atividade comercial e as relações de amizade como os nossos antigos moradores foram os fatores decisivos para que os primeiros imigrantes e reimigrantes árabes se decidissem por Araucária como seu novo lar. As primeiras famílias árabes aqui se estabeleceram na década de 1910.
Um aspecto que marcou a história dos árabes em Araucária foi a sua rápida integração à vida cultural do município. Os casamentos com filhos e filhas de outros grupos étnicos só acelerou esse processo, como podemos observar no caso das núpcias com os filhos e filhas de origens ucraniana e luso-brasileira.
Em Araucária, muitos deixaram saudosa memória por conta da forma simpática com que exerciam a atividade comercial, destacando-se no ramo de secos e molhados. Moradores maisvelhos ainda lembram do locutor religioso José Saad da antiga Rádio Cambijú (hoje Iguaçu) responsável pela hora do terço na década de 1950.
José Saad (à esquerda) e Roque Saad, durante leilão beneficente, em 1955.
Com a construção da refinaria da Petrobrás, novas famílias de ascendência árabe se estabeleceram no município, como os Dehaini, que se notabilizaram nos ramos de transporte, hoteleiro e varejista.
O empreendedorismo, a determinação e o sentimento de conquista do pertencimento a essa terra, marcaram a relação entre Araucária, os árabes e seus descendentes. Ficam os filhos, as lembranças e os exemplos!
FONTE 13: Depoimento do senhor Hassan Hussein Dehaini concedida ao pesquisador Sebastião Pillato dos Santos em 26 de novembro de 2002 sobre imigração árabe em Araucária.
Nasci em Beyruth, a capital do Líbano, no dia 21 de março 1949. Meu pai se chama Hussein Ali Dehaini (in memorian) e minha mãe Adle Dehaini, ambos também nasceram em Beyruth. Meu pai veio para o Brasil, em 1950, e minha mãe chegou 5 anos depois (1955). Meu irmão e eu ficamos em nosso país de origem. Quando meu pai deixou o Líbano, tinha meu irmão mais velho chamado Ali e eu, dez anos depois, quando cheguei ao Brasil em 1961, tinha nascido em São Paulo, meu irmão Hissan, já com 6 anos, e minha irmã Uhayla com 6 meses nascida em Belo Horizonte. Meu pai começou com uma banca de frutas e verduras em São Paulo no vale do Anhangabaú. Minha mãe sempre foi do lar, [...]
Beirute, capital do Líbano no ano em que os jovens Hassan e Ali deixaram o país rumo ao Brasil para reencontrar seus pais e conhecer seus irmãos mais novos, 1961.
A maior dificuldade que sentimos é não falar o idioma e obviamente, a saudade da terra natal. Sempre pensamos em retornar ao nosso país de origem. Evidente que é raro, alguém retornar. Geralmente, as pessoas permanecem neste país que todo mundo adora. Chegam aqui pensando em voltar, mas criam raízes, surgem os filhos, os netos, bisnetos então optamos por razões obvias vivermos nesse país para sempre. Neste país que é abençoado por Deus.
[...] como todo estrangeiro, em casa só se falava o idioma de origem. Mas com o decorrer dos tempos, naturalmente começamos a falar mais o Português. Contudo, até hoje eu falo árabe fluentemente, com minha mãe, com minha irmã, meu irmão Ali, e quando vou ao Líbano, falo árabe perfeitamente. Quando aprendi o português, me adaptei com facilidade, fazendo com que eu gostasse mais. No entanto, não esqueci do meu idioma árabe.
Na época, a imigração e a falta de trabalho naquela região dos países árabes. O Líbano por exemplo, é um país pequeno e populoso, são 3 milhões e meio de habitantes, em uma área de 210 Km de comprimento e 50 Km de largura. As pessoas começaram a imigrar e na época todos vinham para o Brasil, era o Eldorado. Muitos árabes se destinaram para o país que estava rico em oportunidade, [...]
Transatlântico Giulio Cesare em foto de 1970 de um antigo cartão postal. Nesse navio os jovens Hassan, de 11 anos, e seu irmão mais velho Ali, de 13 anos, vieram para o Brasil reencontrar a família, pai, mãe e irmãos.
Saímos do Líbano, passamos pelo Egito e na Itália embarcamos no navio de nome Julio Cezar, que era uma embarcação enorme, até hoje é uma embarcação enorme, eu tinha 11 anos e meu irmão tinha 13. Levamos 19 dias para chegar no Porto de Santos. Meu pai que havia enviado as passagens nos aguardava. Dali nos levou até a cidade de São Paulo e de lá para Belo Horizonte, onde residia minha família. Tudo era novidade. Nós éramos crianças, e para nós, tudo era novo, pois estávamos viajando de navio e iríamos conhecer outros países. Por ser um navio italiano, só servia macarrão, pois só tinha massa de macarrão para comer.
[...] Araucária, esta é a cidade que eu adoro. Não me mudo daqui. Somente quando morrer. Anteriormente, morei e trabalhei em um bar (Bar da Linca, no ponto final do ônibus Araucária/Contenda), na cidade de Contenda. Um dia ao vir para Araucária, tratar de negócios, encontrei um amigo, que me sugeriu abrir uma lanchonete aqui, uma vez que tinha experiência com lanchonetes. O lugar era um ponto muito bom, e estava para alugar, [...], olhei gostei do ponto, montei uma lanchonete, isto em 1978, comecei a fazer X-Salada, que Araucária não conhecia na época, chequei a vender de 200 a 250 por dia, era uma lanchonete muito bonita, o nome dela era Hambúrguer lanches e me dei muito bem. E assim consequentemente, comecei a explorar outros ramos de atividades, como de venda de carros. Mais tarde abri uma locadora de carros. Anos depois, agrupei a locadora à empresa de ônibus.
[...] durante a época da primeira imigração em 1918 a Turquia dominava o Líbano, a Síria, o Egito e a Jordânia, conseqüentemente os imigrantes vinham com passaporte turco. [...]. Nós viemos com passaporte turco. Então é por isso que começaram a nos chamar de turco. Mas na verdade, nós não somos turcos, somos libaneses, falamos idioma árabe. A Turquia, não tem nada a ver com o Líbano, [...] lá se fala o turco, hoje isto já está claro na cultura do povo.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
1- Leia com muita atenção a fonte 13 com as memórias do sr. Hassan, as explicações históricas do texto sobre os Árabes e responda as questões propostas:
a) Atualmente a população do Líbano é de um pouco mais de 6 milhões de pessoas e, de acordo com o portal G1 em matéria publicada em 10/03/2017, estima-se que nos dias de hoje temos mais de 12 milhões de libaneses e descendentes de libaneses vivendo no Brasil. O que explicaria esse fenômeno? O que levou tantas pessoas a deixarem sua terra natal para tentarem a vida em terras tão distantes?
b) Como bem observou o renomado historiador: “Não é ocasional o fato de que muitos imigrantes lembrarão detalhes da viagem – nome do navio, a comida, a mansidão do oceano e as tempestades, os portos intermediários em que se desce a terra e, sobretudo, a chegada (FAUSTO, p.15) ” ¹
- Quais passagem das memórias do senhor Hassam corroboram com as observações do professor Boris Fausto?
c) Aindadeacordo como mesmo historiador: “A ideiade retorno, [...]aparece como uma possibilidade, ou mais como umdesejo. Não o retorno como umfracasso, e sim o retorno vitorioso, muitas vezes convertido em viagem de poucas semanas para rever parentes, entender as origens [...] (FAUSTO) ”¹
- Como o sr. Hassan explica a questão da “ideia do retorno” enquanto imigrante árabe?
d) Uma das maiores autoridades em história da imigração árabe no Brasil, doutora Samira Osman, tece as seguintes considerações sobre o tratamento dispensado por alguns brasileiros aos árabes e seus descendentes, chamando-os de turcos:
[...] porque o Império Turco Otomano era a autoridade responsável por conceder a permissão de partida do imigrante e expedir os documentos oficiais deste. Por isso, em um primeiro momento os árabes que chegaram ao Brasil foram genericamente chamados de “turcos”. Os próprios imigrantes não gostavam dessa denominação, que os identificava com a potência que dominava seus países de origem, situação que muitas vezes os havia levado a deixar sua terra natal (OSMAN).²
- Como o sr. Hassan em sua entrevista e o professor Oswaldo Truzzi na citação do texto sobre os Árabes explicam o equívoco no uso do tratamento “turco”?
¹ FAUSTO, Boris. Imigração: cortes e continuidades. In: SCHARCZ, Lilia Moritz (org.) História da vida privada no Brasil: contraste da intimidade contemporânea. São Paulo: Companhia das Letras, 2002, p. 19.
² OSMAN, Samira. Na trilha dos mascates árabes. In: História Viva, ano IX, nº 97, 2011, p. 52.
FONTE 14: Lembranças do senhor Badeeh Sharoud Tanous nascido na Síria em 1933, sobre a sua vinda para Araucária. Entrevista concedida a Sebastião Pilatto dos Santos em 3 de março de 2003.
Eu vim com passaporte para o Brasil, para trabalhar com lavoura, mas como trabalhar na lavoura se não tinha nada, trabalhava de mascate. Aqueles grandes empresários sírios, industriais, seus avós eram mascates. Meu passaporte veio como lavrador, tive que pegar mala na mão e sair mascatear, isto é sobrevivência.
[...] eu vim para o Brasil em 1957, passei por vários países de viagem, saí do Líbano porque não tinha aeroporto na Síria, aquele tempo, hoje tem, saí do Líbano fui pro Egito, Alexandria, Tunísia, Marrocos, Líbia, de lá fomos direto pra Itália, França, Espanha, fiquei 3 dias na Itália, saímos de lá viemos direto 17 dias de viagem por mar, atravessamos o Atlântico, viajei com um navio chamado (?), eu não lembro parece-me que paramos em Recife, depois viemos para o Rio de Janeiro, ficamos um dia no Rio e depois fomos para Santos. Tinha um primo meu que foi me buscar em Santos, cheguei de madrugada em Curitiba, meu primo falou amanhã tem que trabalhar, trabalhar o que, vais mascatear, mas eu não sei falar português, eu não sei, não conheço dinheiro como que eu vou trabalhar, ele falou “ se vira”. Se não trabalha você morre de fome, entendeu. Eu trouxe 2 anéis de ouro, 25 dólares e 1000 cruzeiros antigos, só o que eu trouxe para o Brasil, só, bem tem que trabalhar, fiquei 40 dias em Curitiba, depois, tinha um outro primo meu já falecido, que morava em /Blumenau, SC, ele foi pra São Paulo fazer compras e passou por aqui em Curitiba e disse vamos para Blumenau, lá é bom, você ganha dinheiro, ta tudo bem. Como eu fiquei 40 dias em Curitiba, sabe quanto era o salário aquele tempo? 140 cruzeiros, eu fiz com aquelas coisas que eu trouxe e o que eu ganhei , quase 8 mil cruzeiros, dinheiro pra chuchu, pois bem fui pra Blumenau em SC, fiquei de 57 até 68, eu casei em Timbó-SC, com minha mulher dona Irmã, eu casei em 66, minha primeira filha nasceu em Indaiá, porque não tinha maternidade
De mascates, que praticavam a venda de porta em porta nas pequenas cidades e freguesias, muitos árabes e seus descendentes se tornaram pequenos comerciantes e depois grandes varejistas, atacadistas e industriais. Jornal Abou Haul em 1939. Coleção Brasil Líbano de Roberto Khatlab.
boa em Timbó, eu mudei em 68 para Curitiba, trabalhei fiz uma loja lá na rua André de Barros, aquele tempo o movimento não estava muito bom, fiquei 9 anos, em 1977 eu vim pra Araucária, mês 7, eu aluguei uma sala, [...].
[...] tinha uma sala do meio que media 18 metros quadrados, daí eu aluguei está sala e fiz uma loja, eu vim aqui pra Araucária com duas malas e uma fusca caindo aos pedaços, estava montando a loja aqui, fiquei 3 anos trabalhando aqui a sala ficou pequena pra mim, aluguei da mãe do Zezé atual prefeito, uma casinha velha que tinha ali, onde hoje tem o prédio grande, eu reformei a casa fiquei 5 anos lá.
[...] , eu comprei aqui, antigamente era uma casa mista madeira, tijolo, eu derrubei tudo, fiz o prédio, eu tinha loja, depois a família disse: vamos fazer lanchonete e restaurante, fiz um sobrado pra morar e embaixo para trabalho.
FONTE 15: Lembranças do senhor Hassan Mahmoud Traya nascido em Herbet em 1931, no Líbano, sobre a sua vinda para Araucária. Entrevista concedida a Sebastião Pilatto dos Santos em 27 de fevereiro de 2003.
[..] eu era solteiro eu fazia Araucária, Contenda, Lapa, São Mateus, e muitas regiões do Paraná, aquele tempo, não era ônibus como hoje em dia, então eu viajava de trem, em tudo estes lugares, até Porto União, Ponta Grossa, Irati, pá, pá, pá, tudo as cidades que tem até Inácio Martins e Guarapuava, andei por tudo, lado de São Paulo, até, capital do RS. Andei muitos lugares, então aqui em Araucária, eu já conheci muita gente em 52, em 53 eu vim morar pra cá, já era casado com Jacira Gonçalves, minha falecida mulher e viemos morar aqui, [...].
[...] antes eu era ambulante, quando eu vim morar pra cá eu era ambulante, então eu, mascateava aqui, em Guajuvira, em muitos lugares que andava, como te disse Lapa, Contenda e toda esta região. Em 55 eu mudei de lá onde eu te falei, pra onde era a Cambijú (rádio) onde é a casa do padre agora, então aquele tempo a casa era do irmão da Iná, [...] Luiz Haiduk irmão de Iná, enfim morei lá e a falecida mulher tinha uma sala de entrada pequena, eu disse pra ela, vou fazer uma prateleira aqui, deixe esta porta aberta e eu vou mascatear e você, que tal que alguém entra daí você atende, começamos aqui, depois mudamos na Praça [...].
[...] eu saia de manhã e só voltava de noite pra casa trabalhava todo dia, foi Deus que me ajudou, mas como eu criei 14 filhos e eu chequei como você está vendo, não tinha nada, porque o povo está na festa e eu estou mascateando, domingo eu estou na casa de um, de outro, porque é o melhor dia pra mim, domingo, mulher e homem estão juntos, então passa, dia de semana, ah meu marido quer camisa, mas não sabe o gosto que ele tem, então passa domingo está marido e ela, por exemplo, então meu ramo de trabalho é assim, mais uma, nós abria o domingo até o povo sair da missa, [...].
Leia com muita atenção as fontes 14 e15 comas memórias dos senhores Badeeh Sharound Tanous e Hassan Mahmoud Traya sobre a vinda dos mesmos para Araucária e o seu exercício da atividade comercial, a seguir responda as seguintes questões propostas.
2- [...] tive que pegar mala na mão e sair mascatear, isto é sobrevivência. [...] meu primo falou amanhã tem que trabalhar, trabalhar o que, vais mascatear, mas eu não sei falar português, eu não sei, não conheço dinheiro como que eu vou trabalhar, ele falou se vira. Se não trabalha você morre de fome, entendeu.
a) Ao longo da leitura das memórias das fontes 14 e 15 são feitas muitas referências a atividade dos mascates,vendedores itinerantes que atendiammoradores do interior do Brasil num tipo de venda porta a porta. Quais circunstâncias teriam levado essas pessoas ao exercício dessa categoria de atividade comercial?
b) Quais passagens das memórias dos senhores Badeeh Sharound Tanous e Hassan Mahmoud Traya nos ajudam a entender melhor as atividades desenvolvidas pelos mascates nos primeiros tempos da presença árabe no Brasil? Justifique suas escolhas.
Dentre os grupos de reimigrantes que para cá vieram em busca de novas oportunidades na atividade agrícola, foram os japoneses que se notabilizaram. Começaram a chegar na década de 1950, vinham do estado de São Paulo e estavam determinados ainvestiremtempo, dinheiro etécnicas modernas na produção de frutas, tubérculos, hortaliças e aves. Montaram cooperativa e passaram a abastecer o mercado consumidor da capital.
Considerados laboriosos, disciplinados, pacientes, competentes e donos de refinado gosto estético, os japoneses e seus filhos rapidamente conquistaram a admiração dos moradores de Araucária.
Cartaz de companhia de emigração particular japonesa com propaganda que procurava seduzir possíveis candidatos à emigração para o Brasil.
Os primeiros japoneses chegaram ao Brasil em 1908, vieram a bordo do navio Kasato Maru. O discurso realizado pelo deputado japonês Gonta Doi aos 781 emigrantes deixa claro o espírito da emigração nipônica que seria imperativo à mentalidade desses homens, mulheres e crianças:
“Vocês estão indo para outro país e não devem esquecer que cada um representa o Japão. É necessário que todos se encarreguem de não manchar a honra japonesa e o nome de sua pátria. Se não forem capazes de viver condignamente, não pensem em voltar. Tenham vergonha e morram por lá.”2
Até a década de 1930 a emigração japonesa para o Brasil foi incentivada pelo próprio Estado japonês em comum acordo com o Brasil. Companhias japonesas de emigração particulares negociavam com os governos brasileiros e contavam com recursos do Estado japonês para subsidiar a vinda e estabelecimento desses colonos, especialmente nas lavouras de café do estado de São Paulo.
2 Dircurso de Gonta Doi aos 781 emigrantes do Kasato Maru no porto de Yokohama, próximo à Tóquio, em 28 de abril de 1908, às 17:55. In: SPINELLI, Kelly Cristina. O Kasato Maru e a epopeia dos primeiros japoneses no Brasil. HISTÓRIA VIVA. Japão: 500 anos de história: 100 anos de imigração. São Paulo: Duetto Editorial, 2008, p. 20.
Essas Companhias de Emigração Japonesas recorriam a palestras, cartazes e panfletos que tinham como objetivo claro atrair pessoas que passavam necessidade financeira em vilas e aldeias do interior do Japão. Diziam que no Brasil o clima era ameno, a terra fértil e podia-se enriquecer em apenas três anos.
Comemoração no Clube Nipo-Brasileiro na Fazendinha, década de 1970. Nesse antigo clube eram realizadas festas com comidas
típicas japonesas, organizadas atividades esportivas, encenadas peças teatrais e os jovens contavam com aulas de japonês.
O próprio governo japonês estava interessado na emigração. Em primeiro lugar por conta das tensões sociais que vivia. O aumento da população e o desemprego foram estímulos mais do que suficientes para convencer as autoridades japonesas da necessidade de se incentivar a emigração. Para o Estado japonês os emigrantes se converteriam em “pequenos embaixadores do Japão” sendo, portanto responsáveis por promover a imagem do país no exterior e por ampliar omercado externos aosprodutos japoneses.
Assimo excedente populacional seriarelocado parao exterior, preferencialmente para os Estados Unidos. No entanto o preconceito racial acabou fechando as portas da imigração aos japoneses em vários países como África do Sul, Austrália, México, Canadá, Costa Rica e, inclusive, Estados Unidos.
Devido às dificuldades em se conseguir atrair imigrantes europeus, as autoridades brasileiras passaram a ver na imigração japonesa parte da solução dos seus problemas, no que se refere a questão dos braços para a lavoura cafeeira. Porém é preciso registrar que muitos políticos brasileiros não viam com bons olhos a atração de imigrantes japoneses parao Brasil, essas pessoas poderosas sofriam de preconceito racial em relação aos nipônicos.
As condições de trabalho a que os primeiros imigrantes japoneses foram submetidos eram absurdas. Foram enganados pela propaganda das Companhias de Emigração que muitas vezes chegaram a se apropriar das poucas economias dos emigrantes durante a viagem de vinda. As condições de habitação, alimentação, trabalho e a administração das fazendas fizeram cair por terra as ilusões desses trabalhadores e trabalhadoras. Por isso os japoneses só podiam emigrar em família de no mínimo 3 pessoas. As autoridades queriam evitar a fuga dos imigrantes das fazendas, queriam força-los ao cumprimento de contratos aviltantes.
Mulher Japonesa alimentando aves numa granja da Fazendinha. Foto da década de 1960. Coleção Toshio
Tanaka. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Contudo esses guerreiros e guerreiras orientais resistiram como puderam. Muitos abandonaram as fazendas, alguns poucos voltaram para o Japão. Para aqueles que ficaram no Brasil foi fundamental a união. Por meio da poupança reuniram recursos que investiram na compra de pequenas e médias propriedades, normalmente voltadas à policultura, tornaram-se reimigrantes. Procuravam viver em comunidades como no caso da Fazendinha em Araucária, onde até hoje vivem famílias de japoneses e descendentes de japoneses dedicadas à produção de hortifrutigranjeiros. De acordo com a equipe da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo:
Membros da Família Tanaka trabalhando na seleção de tomates. Foto de 1959. Coleção Toshio Tanaka.
As primeiras famílias japonesas se estabeleceram na localidade de Capela Velha, próximo ao bairro da Estação, dedicando-se inicialmente à produção de batatas. Posteriormente, os japoneses optaram pela região da Costeira e da Fazendinha onde estão estabelecidos até hoje [...] (ARAUCÁRIA, vol. 5, 2010, p. 106).
Plantações de batatas, tomates, pêssegos e granjas de aves, organizadas de acordo com a propalada eficiência japonesa, passaram a compor a paisagem do município.
Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Foi na Fazendinha que os japoneses e seus filhos organizaram as primeiras Festas do Pêssego em Araucária, ainda hoje lembradas com saudosismo pelos antigos moradores do município. A “Primeira Festa de Pêssegos” (como era inicialmente chamada) ocorreu em 1971. Em 1974, entre 5 e 6 de janeiro ocorreu a Segunda Festa do Pêssego, no mesmo ano, entre 13 e 14 de julho ocorreu a Primeira Festa do Ovo. Entre 20 e 21 de dezembro de 1975 as duas festas foram unidas se tornando a Festa do Pêssego e do Ovo, então transferida para outro local e realizada em parceria com a Prefeitura Municipal de Araucária. Essas festas eram amplamente noticiadas pelos principais jornais do estado do Paraná, demonstrando a força da comunidade nipônica junto a sociedade paranaense e a sua importância para o desenvolvimento econômico do estado.
Na fotografia, candidatas a Rainha da Festa, década de 1970. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
O florescimento dos pessegueiros em setembro, início da primavera, são uma doce lembrança do Japão onde se cultiva o costume de contemplar as flores de cerejeiras, ameixeiras e pessegueiros.
Eu nasci no estado de São Paulo, em Araraquara, cidade de Catanduva (...) em 1º de março de 1936 (...). Meus pais vieram para o Brasil em 1935. Trabalhavam na cafeicultura (...) depois foram para o noroeste de São Paulo, Pereira Barreto [onde] moramos dezesseis anos. Eu sai de lá com vinte anos e vim para Araucária.
Meu pai, no Japão, eles praticavam sempre fruticultura, sabe? Então aqui ele achou que o clima de Araucária seria ideal para a fruticultura, certo? E ele queria continuar a profissão que ele tinha. E assim ele disse “Vamos Morar em Araucária.”
É ali [na Fazendinha], no primeiro ano que viemos para cá, entramos em oito famílias, se não me engano. [...] nós iniciamos com plantação de tomate, certo? E assim no intervalo nós fomos plantando pêssego, pessegueiro. E assim nós passamos para pera. E meu irmão mais velho até hoje ele está lidando só com a pera, pera chinesa.
Fotografia do Casamento do senhor Toshio Namikata e Bronilda Kubis em outubro de 1972. Coleção Família Namikata. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Então quer dizer que todo fim de ano tinha a festa do pêssego também que nós fazíamos. Essa festa do pêssego fomos nós que começamos lá na Fazendinha. Então não sei se três ou quatro anos fizemos festa tudo bem organizada lá na Fazendinha, certo? Então foi indo, de repente agora o pátio ficou pequeno, daí a prefeitura de Araucária disse “Vamos mudar aqui”. [...]
1- Observe com muita atenção as fotografias abaixo e responda a questão proposta.
Que elementos da cultura japonesa e das suas contribuições para a história de Araucária podemos observar ao analisar as fotografias acima?
2- Leia o trecho do artigo Os japoneses da Fazendinha das historiadoras Cristiane Perretto e Luciane Czelusniak Obrzut Ono, publicado no jornal O Popular em 20 de novembro de 2017 e responda à questão proposta a seguir:
Na colônia [Fazendinha] também existiu o Araucária Nipon Tinkai ou Clube NipoBrasileiro Fazendinha, onde eram realizadas festas com comidas típicas japonesas, brincadeiras e peças teatrais organizadas pelos próprios moradores, além de aulas em japonês e atividades esportivas, como beisebol e atletismo. Com o passar dos anos a maioria de seus descendentes partiu para os centros urbanos em busca de condições melhores de estudo e trabalho, restando a cada “batian” e “ditian” (avó e avô em japonês) as memórias dos tempos passados.
Disponível no endereço eletrônico:
https://www.opopularpr.com.br/os-japoneses-da-fazendinha/ - Acessado em 05/08/2019 às 11h37.
Como as historiadoras representaram o passado da colônia japonesa da Fazendinha? E o presente? O que mudou?
3- Aproveite o poema imagem intitulado Autereza, da escritora Tereza Yamashita, depois, no seu caderno, faça o que se pede.
Poema imagem é um tipo de poema em que a mensagem pretende ser transmitida ao leitor pelo diálogo entre o conteúdo das palavras e a imagem que essas palavras formam. Por exemplo, no poema anterior sobre a imigração japonesa, a escritora descendente de japoneses, Tereza Yamashita, usou dos sentimentos vividos pelos
imigrantes japoneses e seus descendentes para construir um poema que forma uma imagem que, por sua vez, faz uma clara referência à bandeira do Japão.
Ao longo da explicação histórica sobre a imigração japonesa, algumas palavras foram marcadas em negrito. Agora reúna elas em uma anotação e procure formar um poema sobre a imigração japonesa, emseguida monte o poema procurando fazer uma referência à imagem da bandeira do Japão. Boa sorte e bons estudos!
Que tal organizarmos uma amostra da imigração euroasiática em Araucária?
Para realizá-la, a turma deverá ser dividida em dez equipes, sendo que cada equipe irá se ocupar de uma das seguintes etnias:
Poloneses, Ucranianos, Judeus, Alemães, Italianos, Franceses, Ingleses, Portugueses, Árabes e Japoneses.
Estabelecidas as equipes, a turma e o professor ou professora deverão decidir quais materiais serão utilizados e com que recursos eles serão adquiridos. Em seguida é fundamental decidir sobre como o conteúdo será apresentado: oralmente, visualmente, etc.
Sugerimos a realização de miniamostras onde cada etnia deverá ser apresentada no espaço de apenas uma carteira. Assim evitamos gastos desnecessários e incentivamos a criatividade das equipes.
Os caingangues e tupis a chamavam de congonha, palavra que significa “o que mantém o ser”. Por muito tempo foi assim que os luso-brasileiros se referiam a erva mate, o chá-americano que era consumida pelos indígenas guaranis, caingangues, carijós, xetás, guairás, charruas e até mesmo pelos incas desde tempos imemoráveis.
Disponível em: http://www.portaldasmissoes.com.br/site/view/id/1551/lenda-da-erva-mate-versao-indigena.html
Acessado em: 12/08/2019 às 14h18
O termo "mate" tem origem no idioma dos incas, o quíchua, através do vocábulo mati, significando "cuia, recipiente" e designando a cabaça na qual até hoje se bebe a infusão de erva-mate. O termo "porongo", que nomeia a planta que forneceacuia usada parabebero mate,tambémvem do quíchua[...](WIKIBOOKS).
Bomba indígena de taquara semelhante à usada pelos guaranis. Foto de Antonio More, que gentilmente nos autorizou a reproduzi-la. Coleção Herva Legendária. Disponível em: https://multimidia.gazetadopovo.com.br/media/info/especiais/erva-mate/chimarrao/bombas/09.jpg
Acessado em: 12/08/2019 às 15h59.
Ilex paraguarienses em ilustração de 1897 do livro de Franz Eugen Köhler – Köhler's Medizinal-Pflanzen– em tradução livre Plantas Medicinais de Köhler.
Planta nativa de partes dos territórios do Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraguai e Argentina, recebeu o nome científico do Ilex paraguariensis do grande botânico Auguste de SaintHilaire em 1820. Não demorou muito para que o cientista-viajante se arrependesse da nomenclatura. Logo descobriu que é aqui, no Paraná, que a planta se desenvolve mais e em maior quantidade. Se retratou dizendo que a planta deveria se chamar Ilex brasiliensis.
No início da colonização, os jesuítas consideravam o mate uma bebida alucinógena, diziam que os indígenas estavam viciados, então proibiram o seu consumo nas missões sob sua administração.
Logo mudaram de ideia por três motivos. Em primeiro lugar porque o consumo do chimarrão combate o alcoolismo que tanto mal causava aos indígenas e colonos. Os religiosos também perceberam que o inverno exigia uma bebida revigorante capaz de aquecer os corpos nas manhãs frias das terras meridionais. Já o terceiro e mais forte motivo veio com o tempo, a comercialização da ervamate se mostrou muito, muito lucrativa.
Mapa com as regiões de ocorrência original da erva-mate, com partes dos estados do RS, SC, PR e MS e do países Paraguai e Argentina. Disponível em: https://www.ufrgs.br/alimentus1/objetos/ervamate/agri_regioes.html
Acessado em 13/09/2021 às 14h46.
Consumida por indígenas, negros, hispânicos e luso-brasileiros em diversas regiões do Brasil, Paraguai, Chile, Bolívia, Argentina e Uruguai, a erva-mate, de um produto de consumo local, se tornou precursora de uma indústria que atende a um amplo mercado internacional.
Aqui nos tempos de Tindiquera, até 1820, a erva-mate era preparada em rústicos pilões de soque por brancos, negros e indígenas, livres e escravizados. Depois era transportada em lombos de mulas pela arriscada serra do mar até o litoral, onde era trocada por produtos necessários à sobrevivência dos nossos antigos moradores.
A partir da década de 1820 modernas técnicas de beneficiamento e comercialização da erva-mate deram novo fôlego ao negócio ervateiro. Os mercados platinos e chilenos passaram a ser atendidos por engenhos de erva-mate construídos em Antonina, Morretes, Paranaguá e Curitiba.
Contudo a falta de uma estrada adequada continuava sendo um problema de difícil solução.
A própria emancipação política do Paraná em 1853 deve muito ao ciclo econômico da erva-mate. Não é por acaso que os brasões do estado passaram a ostentar ramos da ervamate e do pinheiro. Na natureza as duas plantas estão juntas e a sombra do pinheiro torna a erva-mate mais saborosa.
Em 1873, a conclusão da Estrada da Graciosa deu novo alento ao comércio ervateiro. Carroções passaram a transportar o produto serra abaixo, o produto ganhou em quantidade e qualidade do beneficiamento.
O grande impulso para a economia ervateira estava chegando: a conclusão da estradadeFerro Curitiba-Paranaguáem1885. Obraprimada engenhariaconcebida pelo engenheiro negro Antônio Rebouças Filho, a ferrovia elevou a economia da erva-mate aos patamares de uma verdadeira indústria, capaz de criar a primeira burguesia industrial do Paraná.
Até a década de 1940, a indústria ervateira edificaria fortunas ainda hoje rememoradas por antigas residências em Curitiba, que outrora foram moradas de algumas das famílias mais abastadas da capital.
Por outro lado, as condições de trabalho dos indígenas e negros, caboclos e colonos, luso-brasileiros e hispânicos, dedicados à economia da ervamate pouco mudaram ao longo dos anos. Antes de chegar aos engenhos o beneficiamento da erva-mate já havia passado por quatro etapas, a saber: corte, sapeco, secagem e cancheamento.
O trabalho da coleta começa logo pela manhã, após o sol secar o orvalho das folhas. O corte dos ramos é feito na diagonal por meio de instrumentos como facões, foices e tesouras. Logo a seguir os ramos são submetidos ao sapeco. Ao tostar levemente a erva evita-se que ela fermente, assim, desidratada, ela fixa cor e sabor. Ainda no mesmo dia ela deverá ser levada ao barbaquá onde a erva passa pelos processos de secagem e cancheamento. Na secagem a erva-mate é submetida por meio de um duto subterrâneo ao calor de uma fogueira. No cancheamento a erva-mate é triturada por um cancheador movido por força motriz animal.
Durante muito tempo essa erva-mate cancheada era embalada em sacos e transportada até os engenhos em Curitiba por carroções que vinham da Lapa. O beneficiamento feito nos engenhos transformava a erva-mate em um produto de qualidade superior. Acondicionada em barricas, com lindos rótulos na tampa, a erva-mate era transportada de trem até Paranaguá, donde ganhava os mercados do Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile.
Imagem acima: Engenho Tibagi em foto de 1910. O carregamento da erva-mate estava sendo feito por bondes puxados por mulas.
Imagem à direita: Engenho Americana, em foto de 1916. As barricas de pinho estão sendo descarregadas.
FONTE 1: Explicação histórica elaborada pela equipe da Secretaria Municipal de cultura e Turismo.
Na região de Araucária, bem como no restante do território paranaense, a exploração da erva-mate teve três fases consecutivas.
Na primeira fase, de 1700 a 1820, a exploração atendia apenas ao consumo local. Eventualmente, fazia-se um pequeno comércio com o litoral. O preparo da erva mate era feito em primitivos soques manuais nos próprios ervais.
A segunda fase, de 1820 até a década de 1870, caracterizou-se pelo aumento de produção e utilização de novas técnicas de beneficiamento. Graças à penetração da erva-mate no mercado do Prata (Argentina, Uruguai e Chile), novas oportunidades de comércio e serviço surgiram para a região. Abria-se o leque de possibilidades de trabalho para a população de Tindiqüera. As atividades ligadas ao tropeirismo, à exploração da erva-mate, agricultura, criação de gado e um pequeno comércio absorvia a mão-de-obra disponível. Trabalhavam lado a lado homens livres, escravos, mulheres e crianças. O transporte para Curitiba e litoral era feito por tropas de mulas. Araucária era ponto de parada obrigatória para quem transportava erva-mate da Lapa para Curitiba.
Enquanto o criatório era a atividade dos homens abastados (grandes proprietários), o mate era atividade de ricos e pobres.
Em 1866, já elevada à categoria de Freguesia do Iguaçu, a localidade contava com 2.565 habitantes, dos quais 125 eram escravos. Estes representavam quase 5% da população total da freguesia e trabalhavam na agricultura e nos engenhos de soque, que eram movidos exclusivamente à força muscular.
A terceira fase ocorreu na década de 1870, quando os engenhos de soque começaram a ser substituídos pelos movidos à força hidráulica. Além disso, em 1876, os melhoramentos feitos na estrada da Graciosa tornaram possível o trânsito de grandes carroções, representando um avanço nos transportes. Esta fase se estendeu até a década de 1930, sendo a fase da superprodução. Praticamente toda a mão de obra disponível estava envolvida nos processos de extração, beneficiamento e comercialização da erva-mate. O mate, que era lucro certo e garantido, tomou conta quase por completo das preocupações produtivas desta fase. Assim, o cultivo da terra foi abandonado. Os gêneros alimentícios se tornaram escassos e caros.
Os moradores de Araucária vão se dedicar à exploração da erva-mate até a década de 1940. Nesse período, estava em funcionamento na região uma dezena de barbaquás.
A partir do momento em que as exportações começaram a declinar, a exploração da erva-mate se tornou uma atividade economicamente inviável. Esse declínio ocorreu porque a Argentina atingiu a auto suficiência, produzindo, a partir do século XX, a própria erva-mate. Além disso, a alta taxação de impostos internos acabou ocasionando o fechamento de muitos engenhos e a transferência de outros para Santa Catarina.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 24-26.
1- Observe com muita atenção a fotografia abaixo, em seguida leia a transcrição com as lembranças do senhor José Knopik sobre a produção de erva mate emAraucária e, por último, responda as questões propostas.
Lembranças do senhor José Knopik em depoimento concedido à historiadora RoseliT.Boschilianodia23denovembrode1989.
Os caboclos lidavam com erva. Vendiam a produção para Bento Luís França [dono de uma grande casa comercial em Guajuvira de Cima]. Por volta de 1935, meu pai adquiriu uma área de erval onde existia um carijo e então resolveu construir um barbaquá. Meu tio Leonardo Knopik também tinha um barbaquá que foi construído uns dois anos antes. Trabalhavam paralelamente com erva e lavoura. O corte da erva era feito antes do inverno porque os brotos não podiam pegar geada. Depois os galhos eram empilhados num lugar limpo e era feito o sapeco. Faziam um fogo e passavam rapidamente os galhos sobre ele. A erva sapecada era descascada e transportada até o barbaquá para secar. Lá a erva era malhada através de tração animal e finalmente era peneirada e ensacada (...). No começo meu pai vendia a produção para Bento Luís de França. Depois a erva era vendida para os russos brancos de Mariental. Vinham buscar a erva com carroças de quatro cavalos e entregavam em Curitiba. Havia dias que as carroças faziam longas filas na estrada. Em época de chuva levavam até quatro dias para ir a Curitiba descarregar e
voltar(...). Toda a produção era vendida. Meu pai reservava apenas uma parte para o consumo da família(...) aprendemos a tomar chimarrão com o pessoal daqui e nós conservamos o hábito até hoje (...) o barbaquá funcionou até 1945. Hoje está no museu Tingüi-Cuera.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 25.
a) Quais relações podemos estabelecer entre o depoimento do senhor José Knopik e a fotografia do cancheador na página anterior? ______________________________________
b) Usando das explicações do professor ou professora, do texto do livro didático, do depoimento do senhor José Knopik, explique com suas palavras como funcionava as seguintes etapas da produção da erva-mate até ela ser entregue nos engenhos de Curitiba: corte, sapeco, secagem, cancheamento e transporte.
2- Observe os rótulos abaixo e responda a seguinte questão: Quais informações e ideias sobre a erva-mate os ervateiros pretendiam transmitir aos consumidores do produto?
Em 1950 o poeta Aluízio França nos brindou com o lindo poema “Receita prá Perpará o Chimarrão”. Recorrendo à forma de falar dos nossos caboclos e aos cuidados tomados pelos mateadores no preparo do chimarrão, o poeta conseguiu captar nos pequenos gestos provas de respeito, amizade e hospitalidade entre aqueles que compartilham, entre uma cuiada e outra, causos e preocupações, alegrias e realizações.
Com a ajuda dos pais, irmão, tios, primos, padrinhos ou outro responsável, leia o poema e confeccione uma ilustração para o mesmo.
Mecê pégue cuia enxuta
Dê uma bôa encardação
Depois va ponha erva, Que fique acima do meão
Acóche erva do lado
Batendo a cuia na mão.
Ponha um tico de agua fria, Ansim, cá cuia incrinada
Prá enxarcá um pôco a erva, Ficá meio batizada.
Depois Mêce encoste a bomba, Daquela parte achatada,
E acárque a erva com jeito, Que fique bem acamada.
Quando a agua, na chalêra
Comece a querê pulá, Mecê afaste ela do fogo
E encha a cuia de vaga
Não trôça a bomba nem mexa, Que senão entope já.
[...]
Depois da premerá cuia
É que ele fica cevado
Vae a erva erfortecendo
E o gosto fica firmado. [...]
Aluízio França
Desenhos de Conrado M. Castilhos. Vide livro: PARANÁ, Governo do Estado. Erva-Mate. Curitiba: Secretaria do Estado da Cultura e Turismo/Empresa Paranaense de Turismo –Paranatur, 1985. Texto e pesquisa de Marilda F. Gadotti.
Disponível em:
http://www.patrimoniocultural.pr.gov.br/modules/conteudo/c onteudo.php?conteudo=244 – acessado em 16/08/2019 às 9h16.
Eram gigantes que reinavam sobre a floresta! Com suas majestosas copas em forma de taça, seus troncos colunares, suas folhas verde-escuras e seus galhos distribuídos em simetria radial, adornaram o horizonte numa visão vertiginosa durante milhões de anos. Sua rara beleza inspirou poetas, escritores e artistas.
Quem de nós já não se flagrou admirando o Pinheiro do Paraná?
O doutor Vitor Ferreira do Amaral (1862-1953) não poderia ter escolhido nome melhor para a nossa cidade. Araucária, cidade símbolo do Paraná!
Araucaria angustifolia, nome científico do nosso pinheiro.
No reino das Araucárias, muitas outras árvores tornavam o lugar mais bonito. Aroeiras, Bracatingas, Bugreiros, Cedros, Erva-Mate, Gabirobeiras, Guamirins, Imbuias, Ipês-Amarelos e tantas outras árvores faziam desse canto da terra um lugar cobiçado.
Durante milênios a semente do pinheiro nutriu povos e mais povos. Durante milênios os frutos da gabirobeira, do araçá e da pitangueira tornaram a vida dos humanos mais doce.
Mas afinal, o que foi feito de toda aquela exuberância? Como a floresta das araucárias está relacionada à nossa história? É o que veremos a seguir.
Por incontáveis gerações os povos nativos mantiveram uma relação sustentável com a floresta. A extração dos recursos naturais era feita de maneira mais racional pelos indígenas do que pelos colonizadores que para cá vieram. O pinhão sustentou indígenas, caboclos e imigrantes europeus em momentos difíceis.
Contudo, a excelência da sua madeira, assim como a excelência da imbuia, cedros e outras madeiras de lei, condenou nossa mata nativa à queda dos gigantes.
Os colonizadores precisavam de terras para o cultivo. Os madeireiros precisavam de matéria prima para a sua indústria.
Muitos viam nas florestas um estorvo, principalmente por causa dos pinheiros. Outros viram na floresta uma mina de riquezas infindáveis. Ambos estavam equivocados.
Foi então que se deu início a uma das atividades econômicas mais importantes da história do Paraná e especialmente de Araucária, a extração madeireira.
O trabalho na atividade madeireira está entre os mais pesados e perigosos de toda história humana. Da derrubada das árvores, passando pelo transporte até o beneficiamento nas madeireiras, tudo era pesado, tudo era perigoso. Naquele tempo mesmo os donos e seus filhos estavam absorvidos pelo trabalho braçal que a atividade exigia. Era comovente ao final de um dia extenuante de trabalho testemunhar o retorno desses homens aos seus lares. O cansaço dominava, a família se compadecia! Hoje em dia muitos idosos que no passado trabalharam na atividade madeireira são testemunhas vivas desse esforço titânico. A saúde de muitos desses senhores explica muita coisa. Problemas de coluna, quebraduras mal curadas e dores difíceis de se diagnosticar nos fazem entender que a juventude passa, mas a história deixa suas marcas.
Riqueza de uns, trabalho duro de muitos! Entre as décadas de 1870 e 1930 a economia madeireira construiu fortunas, empregou muitos homens e remodelou a paisagem do nosso município de maneira irreversível.
Quando ficou claro que as nossas matas nativas estavam sendo erradicadas do mapa, muita gente deixou o município.
Entre as décadas de 1920 e 1940 a população média de Araucária cai de 11.280 para 10.805 habitantes. Essas quedas no número de habitantes são muito incomuns e normalmente estão ligadas às catástrofes ou ao fim de um arranjo econômico, no nosso caso, num arranjo econômico muito dependente da extração madeireira.
Somente a partir década de 1950 a população do município voltou a crescer, contudo, muito lentamente até a década de 1970, quando a instalação da refinaria deu novos rumos ao município.
Na memória desses homens ficaram as lembranças de muito trabalho, aventuras e preocupações que só os trabalhadores conseguem compreender.
Fonte 1: Trecho do livro do escritor Romão Wachowicz, publicado pela primeira vez no Brasil em 1962 com o título em polonês SZERSZENIE RAJU (PARAÍSO em português).
Em 1980 é publicado em Varsóvia, capital da Polônia, com o título POLSKIE KORZENIE (RAÍZES POLONESAS), sendo que, no mesmo ano é novamente publicado no Brasil com o atual título, HOMENS DA TERRA. Abaixo: Foto divulgação do IAP (Instituto Ambiental do Paraná).
É o rei da floresta. Supera, de longe, as demais. Seu tronco majestoso lembra os chaminés das fábricas. No topo forma uma espécie de nuvem verde-escura. Sua casca lembra um tanque seco que, com o solo ressequido, abre-se em conchas retorcidas e de áspera superfície. Retirado o invólucro, desvenda um miolo branco como a lã. A mais importante floresta, comparada à das araucárias, não passa de mato raquítico. As copas de uma mata de pinheiros emaranham-se para, com seus galhos, formar uma mar ondulante. Os troncos das árvores mais altas sobressaem como um tapete verde [...].
Dois tacapes, em ritmo, feriam a base e penetravam nas carnes do ciclope.
Os dentes das serras devoravam aos poucos os miolos , fazendo serragem. O aço penetrava e desaparecia, deixando uma fresta fatal. Cunhas de madeira, forçada por malho também de madeira, mantinham a ferida entreaberta. A serra consumia o gigante.
Estremecia... Estertores de agonia apoderavam-se do colosso. Os galhos vertiam lágrimas, aninhadas gotas de sereno da madrugada.
Os dentes metálicos penetravam no coração do rei. Ele rangeu. Partiu. O golpe, aplicado à base, manifestou-se em mil gemidos de dor. Rasgando fibras, gemia... rangia... Inclinava-se agonizante.
Abria-se uma clareira. Desvendava-se um pedaço do firmamaneto. A taça abandonava seu trono altaneiro para sempre.
WACHOWICZ, Romão. Homens da Terra. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda. 1997, p. 44-5.
1- Identifique na fonte 1 os seguintes elementos:
a) Descrição da Araucaria angustifolia:
b) Ferramentas utilizadas para derrubada do Pinheiro:
c) Palavras e expressões utilizadas pelo escritor que revelam seus sentimentos em relação à derrubada do Pinheiro do Paraná:
d) Escreva no espaço abaixo cinco palavras que revelam os seus sentimentos em relação à derrubada das matas:
Fonte 2: Explicação histórica elaborada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Araucária sobre o início da exploração extrativista da madeira no nosso município:
Na região de Tindiqüera, a madeira sempre foi abundante e de boa qualidade. Diferentemente do que ocorre hoje, a fartura de madeira não era valorizada pelos exploradores; uma boa parte das árvores derrubadas não eram aproveitadas ou, quando havia aproveitamento, este ainda se dava de forma parcial.
O processo de devastação teve início com a ocupação da terra pelos lusobrasileiros,quederrubavamasmatas para abrirespaçoparasuasáreasdelavoura. Esse processo se acentuou na medida em que a agricultura passou a ocupar grandes áreas do território. Vastas extensões de florestas foram derrubadas e queimadas pelos colonizadores da região para possibilitar o desenvolvimento de suas formas de produção. Da madeira derrubada, uma parte era utilizada na construção de casas, pontes, engenhos e outras construções necessárias às atividades desenvolvidas nos locais de exploração.
AexploraçãocomercialdamadeiranaFreguesiadoIguaçuocorreapartirdoséculo XIX.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 41.
Fonte 3: Explicação histórica elaborada pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Araucária sobre os desdobramentos da exploração extrativista da madeira no nosso município:
[...] foi a madeira que fez o progresso inicial de Araucária. Inicialmente por processos rudimentares, que exigia muita força dos trabalhadores e, mais tarde, com o uso de uma tecnologia que já envolvia a utilização de vapor e mesmo de energia elétrica, as serrarias acabaram por devastar as matas no entorno de Araucária, ricas em pinheiros. [...]
O desenvolvimento proporcionado pelas serrarias propiciou que aparecessem outras oportunidades de negócios. A elas, juntaram-se outros tipos de pequenas empresas para a produção de fósforos, caixotes para produtos agrícolas diversos, fábricas de palhões, moinhos, olarias, fabriquetas de bolachas, doces e de torrefação de café.
De qualquer forma, pela devastação que este tipo de indústria causava no próprio fornecimento de matéria-prima, em 1930 praticamente não havia mais madeira na região. As poucas empresas que restaram precisaram importar de outras áreas a madeira, o que já inviabilizava economicamente a produção em larga escala. Hoje, as indústrias madeireiras trazem material da Amazônia ou do Paraguai.
1- Leia com muita atenção as fontes 2 e 3 e, a seguir, transcreva os trechos que corroboram os fragmentos e imagens abaixo:
a) Osdonosdas serrarias escolhiamsomenteaprimeiraclasse,istoé, mais oumenos uma quarta parte do tronco. A maior parte do tronco, às vezes com dois metros de espessura, era abandonada e apodrecia.
Às vezes era levada também a segunda classe. Da terceira não se falava, principalmente quando a serraria estivesse distante, tornando o transporte difícil. WACHOWICZ, Romão. A Saga de Araucária. Curitiba: Gráfica Vicentina Ltda, 1975, p. 70.
b) Rótulos de palitos de fósforos das marcas Aurora e Campos Gerais atestando a sua fabricação na localidade de Guajuvira. Notem que ambas as marcas pertencem a uma mesma família, tratando-se portanto de uma mesma fábrica. Acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres. Pesquise e registre abaixo uma breve explicação sobre como são fabricados os palitos de fósforo.
c) Os tesouros da flora que a natureza reuniu em Araucária, se fossem aproveitados de maneira racional, seriam suficientes para alguns séculos. Mas uma economia de pilhagem acabou com eles num período de 45 anos.
WACHOWICZ, p. 71.
2- Observe com muita atenção as fotografias abaixo da Serraria de Emílio Voss, década de 1890, doadas por Cecília Voss ao acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres. Na primeira fotografia, em primeiro plano é possível identificar o vapor que fazia o transporte de toras e, atrás, o sistema utilizado para içá-las até a serraria. Responda à questão a seguir.
a) Quais elementos presentes nas fotografias acima nos ajudam a entender que a atividade madeireira se tratava de um trabalho pesado e perigoso?
3- Leia o poema abaixo da professora Helena Kolody e, em seguida, faça um poema no quadro ao lado sobre o Pinheiro do Paraná. Para criar um poema bem legal procure pesquisar em livros, internet e revistas; também converse com pessoas mais velhas sobre a nossa Araucária. De posse de todo esse conhecimento comece a rascunhar o seu poema, não precisa ter rima, dê liberdade à sua imaginação e aos seus sentimentos. Em seguida registre no quadro abaixo. Com certeza o seu poema ficará lindo!
Longo estilete, o agudo som das serras
Transpassa o silêncio.
O coração da mata estremece
Ao eco desse uivo prolongado.
Brancos cadáveres mutilado, Toras, no pátio, jazem ao sol.
Zumbem correias, Zinem as serras,
Golfa a serragem em macios borbotões.
No cheiro penetrante da madeira, Evola-se em fragrância a alma da selva.
Distante, o coração da mata estremece
Ao choque dos pinheiros derrubados.
Leia as notícias a seguir e faça o que se pede:
OS PINHEIROS DE PROVETA
Adentrando o Parque Cachoeira pelo portão do Museu Tingui-Cuera, contando dezoito passos a partir do ponto indicado na imagem, você poderá conhecer dois tesouros da ciência a serviço da preservação ambiental. A sua direita e a sua esquerda, dois pinheiros de proveta, um de cada lado, traduzem a esperança de um futuro onde nossos filhos, netos e bisnetos poderão provar as deliciosas sementes da nossa Araucária, os pinhões
Técnica desenvolvida pelo pesquisador e professor da UFPR, Flavio Zanetti, o pinheiro de proveta foi obtido em laboratório. A reprodução dirigida consiste em retirar o pólen de um pinheiro macho e depositá-lo em um pinheiro fêmea.
O primeiro pinheiro Araucaria angustifolia de proveta do mundo foi plantado no Parque Cachoeira no dia 20 de outubro de 1988. Infelizmente um vendaval derrubou essa árvore em 27 de março de 2006. No parque ficou a placa alusiva a essa maravilha da pesquisa científica.
Felizmente, as 10 horas do dia 21 de setembro de 2009, Dia da Árvore, dois novos pinheiros de proveta, obtidos do pólen do primeiro pinheiro de proveta do mundo, foram plantados na entrada do parque. Outros dois exemplares foram plantados em Araucária, um próximo à Secretaria Municipal de Meio Ambiente (também no Parque Cachoeira) e outro no Horto Municipal de Araucária (Guajuvira). Na ocasião, jornais de todo o Brasil, noticiaram com grande entusiasmo o acontecimento.
Esses pinheiros representam uma esperança do ponto de vista científico. Pesquisas dirigidas pelo professor Zanetti têm procurado aumentar a produção de pinhões por pinheiro. O objetivo é tornar o reflorestamento viável do ponto de vista econômico. Técnicas de enxertia e de seleção das melhores plantas podem salvar o pinheiro da completa extinção. É o que esperamos!
Outra boa notícia que os moradores de Araucária podem compartilhar são as ações efetivadas no Horto Florestal Municipal de Guajuvira, onde são produzidas mudas de mais de trinta espécies de árvores nativas e exóticas (que vieram de outra região).
Alunos da Escola Rural Municipal Edvino Novak em visita orientada ao Horto de Guajuvira. Durante as visitas, os servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente ensinam sobre as plantas nativas da nossa mata, suas relações ecológicas e ecossistema. Incentivam também o reflorestamento com espécies nativas e ações de proteção à nossa biodiversidade. Foto divulgação da Prefeitura Municipal de Araucária, publicada em 02 de agosto de 2017.
Os moradores do município que estiverem interessados em promover o reflorestamento ou embelezar o quintal de casa poderão se dirigir ao Horto Municipal situado na Rua Pedro Czanoski, Distrito de Guajuvira, próximo a Igreja Bom Jesus. Cada morador pode obter até 30 mudas, sendo necessário levar apenas o CPF e um comprovante de residência. Lá você poderá optar por espécies como aroeira, pinheiro do paraná, erva-mate, guajuvira, goiaba, pitanga, araçá, cedro-rosa, cerejeira, guabiroba, ipê, jaboticaba, jacarandá, pessegueiro-bravo, quaresmeira e muitas outras. De acordo com a página do Jornal Bem Paraná, apenas em 2018 foram distribuídas cerca de 140.00 mudas.
Também no Horto você poderá conhecer o trabalho de servidores da Secretaria Municipal de Meio Ambiente, que são grandes defensores das plantas nativas como a Araucaria angustifolia. Esse é o caso do técnico de meio ambiente João Aroldo Rocha, que afirma: “Trabalhar diretamente com a araucária, para mim, é uma honra. Como a espécie é ameaçada, me sinto na obrigação de ajudar a preservar.”
Conhecer a história da nossa relação com o meio-ambiente é tomar consciência das ações que devemos implementar hoje, para que as próximas gerações tenham respeitado o direito delas a um meio ambiente preservado.
Em equipe de até três colegas elaborem uma apresentação de no máximo 10 minutos e no mínimo 5 minutos, sobre uma das espécies citadas nas duas notícias acima. Você poderá fazer uso de imagens, partes da planta como: fruto, semente, folha, casca, galho, entre outras, desde que isso não cause nenhum mal à árvore. Outra fonte valiosa de conhecimento sobre essas plantas são as conversas com as pessoas mais velhas, como os avós e tios. Registre tudo, organize a sua apresentação e boa sorte!
Trabalho!
Dignidade para alguns, Castigo para outros;
Pesado para muitos, Fácil para poucos;
Sobrevivência de uns, Riqueza de outros;
Sonho de muitos, Tédio de tantos;
Opcional para alguns, Necessário para todos.
Se tem um conceito que define Araucária é o de Mundo do Trabalho. Dentro e fora do município, quando dois interlocutores conversam sobre a nossa cidade, a ideia de trabalho sempre, sempre está presente.
Polo industrial que atrai migrantes de todo o Brasil, Araucária tem um longa e fascinante história de atividade fabril.
Nunca foi fácil, os desafios enfrentados pelos primeiros operários e industriais da cidade renderiam ótimos documentários. Atualmente os operários e estabelecimentos industrias são outros, mas as lutas do mundo, essas não nos abandonam.
Como a brilhante letra do nosso Hino Municipal nos esclarece:
Mais despertas pras lutas do mundo [...]
Sim despertas valente operária
Sempre moça e mais linda só tu Que o progresso te chame Araucária
Nos murmúrios do manso Iguaçu
Antiga Usina de Luz de propriedade de Rodolpho Voss, década de 1930. Essa usina se localizava na avenida Victor Ferreira do Amaral, onde atualmente se localiza o Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres.
Quem diria que de um costume culinário presente na cozinha de muitos araucarienses, especialmente na cozinha dos descendentes de italianos, a massa de tomate se converteria numa atividade econômica tão importante para a história do nosso município?
Plantação de tomates nos arredores da Indústria Torres. Foto doada por Acyr de Almeida Torres ao Acervo Histórico.
Somente entre 1933 e 1949 foram registrados 164 pedidos na prefeitura para a instalação de estabelecimentos industriais voltados à produção de massa de tomate.
Eram pequenas fabriquetas, entre dois e cinco empregados quase sempre dentro do âmbito familiar, que produziam entre quinhentos quilos e três toneladas, anualmente. (ARAUCÁRIA, vol. 4, p. 29).
A matéria prima, ou seja, os tomates e os pimentões eram produzidos no próprio município, pelas mesmas famílias proprietárias das fabriquetas. Como nos ensinou o senhor Waldomiro Gayer Junior:
Araucária teve muita fama pela produção de massa de tomate [...] era exportada para São Paulo [...] era praticamente produzida por todas as famílias que plantavam tomates. Entrava na composição da massa o pimentão. Todos tinham uns grandes tachos de cobre onde se fazia a massa [...] era um trabalho artesanal, familiar [...]. Faziam massa aos poucos, acumulavam e vendiam partidas maiores à indústria do Archelau Torres ou diretamente a compradores; vinham compradores de São Paulo para aquisição de massa de tomate aqui (ARAUCÁRIA, vol. 1, p. 51).
Propaganda da Massa de Tomate Archelau de Almeida Torres. Notem que a fábrica e escritório localizava-se em Araucária, no entanto, o depósito ficava em Curitiba, em área privilegiada do centro.
Foi a produção de massa de tomate que criou o primeiro grande industrial de Araucária, Archelau de Almeida Torres, não por coincidência nome de uma escola municipal, do arquivo histórico da cidade e de uma importante avenida. O museu Tingui-Cuera localiza-se nas antigas instalações da fábrica.
Archelau de Almeida Torres era o maior fabricante de massa de tomate de Araucária. Em sua indústria empregava cerca de 20 trabalhadores, produzindo por volta de dez toneladas por ano, além de comprar a produção dos pequenos produtores, para revenda aos centros consumidores. O produto final era vendido inicialmente em caixotes de madeira, fabricadas na região de Guajuvira e, mais tarde, em latas galvanizadas.
A partir da década de 50, não foi mais possível fazer frente à concorrência de grandes empresas de capital estrangeiro e declinou a importância da massa de tomate na economia do município. O Sr. Archelau ainda manteve-se até 1965 na produção de doces de frutas e conservas. No prédio de sua fábrica funciona hoje o Museu TingüiCuera, da Prefeitura de Araucária, restando em seu acervo muitas das máquinas usadas pela indústria. (ARAUCÁRIA, vol. 4, p. 30)
Para além das máquinas, são os depoimentos sobre as relações de trabalho naquele tempo que mais fascinam os historiadores.
FONTE 1: Trechos do depoimento do senhor João Biscaia. Concedido a Roseli T. Boschilia em 30 de outubro de 1989.Acervo doArquivo Histórico.
Dos 12 aos 19 anos trabalhei em diversas fábricas de massa de tomate. Muitos colegas de escola também trabalhavam nessas indústrias. Eram quatro fases distintas: plantio, colheita, lavagem e preparação das frutas e preparação da massa. Contratavam muitas crianças para a colheita (mais ou menos cinco por semana). Também trabalhavam na colheita pessoas idosas que orientavam o trabalho.Agente ganhava 500 réis por dia. Trabalhávamos das 6 horas da manhã até anoitecer, parava uma hora para o almoço. Em dia de chuva, a gente ia para o galpão descascar milho. Depois de colhidos, os frutos eram levados em carroça até a fábrica. As mulheres e crianças passavam o dia retirando os “cabinhos” do pimentão. Existiam tachos grandesondeeramcolocadososfrutos,jálavados,paraferver.Depoisdisso,amassa passavaporumfunilondeeramseparadasapeleeasemente(manualmente).Depois quea massadetomatesaíadofunil,voltavaparaotachoparaapurardurante4horas. Para mexer a massa enquanto estivesse mole usava-se um rodo de mais ou menos três metros;depoisusava-seapá(maisoumenosume meio metro).Quandoamassa estava na consistência adequada, após a colocação do sal, o tacho era retirado pelas alças (usando-se uma vara comprida) por dois homens e dali a massa ia para grandes caixas de madeira e armazenadas num depósito. Para a comercialização a massa era colocada em caixas menores, nas fábricas menores os filhos auxiliavam os pais e empregados.
FONTE 2: Fotografias do interior da Indústria deArchelau deAlmeida Torres doadas por Acyr de Almeida Torres ao acervo do Arquivo Histórico do Município. Observe as imagens da esquerda para a direita, de cima para baixo. Nessa sequência temos todo o processo produtivo da massa de tomate e pimentão:
Seção de cozimento das frutas Seção de lavagem das frutas
Seção de cozimento a vapor Depósito de massa de tomate e pimentão
Seção de embalagens
Seção de expedição
1- Leiaafonte1eobserveafonte2.Na tabelaabaixo reproduza asinformações dodepoimentodosenhorJoãoBiscaiaquefazemreferênciaasfasesdoprocesso de fabricação de massa de tomate e pimentão na indústria de Archelau de Almeida Torres.
Seção de lavagem das frutas
Seção de cozimento das frutas
Seção de embalagens e seção de expedição
2- Releia e compare as fontes 1 e 2, a seguir explique quais relações podemos estabelecer entre as fontes? Dito de outra forma, como uma fonte ajuda a entender melhor a outra fonte? ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________ ______________________________________
O linho é uma planta de onde se extraem fibras longas para a fabricação de tecidos. A semente do linho é a linhaça, muito usada na culinária e pelas indústrias de cosméticos e fármacos. A confecção de tecidos de linho vem desde tempos antigos. NaBíblia são93 referências aoseu uso, como no livro Êxodo:
Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer toda a obra de mestre, até a mais engenhosa, [...] e em linho fino, e do tecelão; fazendo toda a obra, e criando invenções. (ÊXODO,
Os descendentes de poloneses e ucranianos que aqui viviam tinham conhecimentos sobre o cultivo e beneficiamento do linho. Também o clima da nossa terra é adequado ao cultivo da planta.
Linumusitatissimumem ilustração de 1897 do livro de Franz Eugen Köhler – Köhler's Medizinal-Pflanzen– em tradução livre Plantas Medicinais de Köhler.
Entre 1939 e 1945 o mundo viveu um período muito triste, foi o tempo da Segunda Guerra Mundial. As companhias de beneficiamento de linho instaladas no Brasil enfrentaram grande dificuldade para conseguirem a matéria-prima que vinha da Europa.
Fotografias da colheita manual de linho, década de 1940. Foto doada por Waldomiro Gayer Jr.
Ao acervo do Arquivo histórico Archelau de Almeida Torres.
Foi então que Araucária se converteu numa solução para essas companhias. No início da década de 1940 a Companhia de Beneficiamento de Linho São Manoel, fundada pelo novo grande industrial de Araucária, Alfredo Charvet, se instalou na cidade, fornecendo matéria prima para a Companhia São Patrício, instalada em São
Paulo pelo mesmo industrial.
Alfredo Charvet nasceu na França em 1910, veio para o Brasil em 1936 e fundou no Brás, em São Paulo, a Companhia São Patrício.
Em 1947 o senhor Charvet trouxe a própria São Patrício para Araucária. Outras trinta companhias vieram no seu rastro, criando em nossa cidade novas oportunidades de emprego Como podemos aprender com a leitura do livro Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária: Para obtenção da matéria-prima, a indústria incentivou o cultivo de linho na região através da distribuição de sementes aos colonos. Um contrato era assinado, no qual o produtor se comprometia a devolver a quantidade de sementes recebida e a vender a produção para a própria companhia que, em troca, dava a garantia de um preço mínimo. [...] foram instaladas aproximadamente trinta outras unidades de beneficiamento de linho no Município durante a década de 1940 [...]. A Indústria São Patrício teve uma grande participação no desenvolvimento do Município durante o período em que esteve instalada em Araucária. Além de incentivar e dar viabilidade econômica à cultura do linho, absorvendo a produção do Município e arredores, trouxe no seu rastro a instalação de outras indústrias de beneficiamento, processo que gerou novos empregos, possibilitando melhores condições de vida para a população.
A retomada da atividade industrial na Europa no período pós-guerra e a entrada dos tecidos sintéticos foram doisgolpes fataisàindústriade tecidos delinhoemAraucária. Por mais de 20 anos, o linho, a vestimenta de Cristo, foi garantia de emprego e renda para muitos dos nossos ascendentes.
FONTE 3: Fotografia da sala de penteação da Companhia São Patrício, década de 1940. As indústrias de linho em Araucária eram marcadas pela forte presença feminina.
FONTE 4: Depoimento da senhora Philomena Furman que foi operária na Companhia São Patrício na década de 1960, prestados às pesquisadoras Luciane Obrzut Ono e Cristiane Perretto em 2017, quando a mesma estava com 85 anos. Esses trechos foram publicados no jornal O Popular numa matéria sobre o trabalho feminino em Araucária.
[…] achavam que a mulher que trabalhava na fábrica não merecia aquele respeito sabe? Era um preconceito muito grande. […] tinha muito preconceito com funcionária, empregada, porque eles não diziam funcionária como hoje se diz funcionária. Era empregada, as empregadinha da fábrica. […]. Tinha mulheres que pegavam, por exemplo: Eu vou trabalhar da uma as dez, da uma às dez da noite, mas tem uma que mora comigo que vai trabalha das 5 da manhã até uma e meia. Então ela sai, e vem cuida, dos meus filhos e ela… a mãe dos filhos vai trabalha. Então as mulheres se arrumavam assim pra poder
trabalhar né. Era do interior […] e vinha morar com uma pessoa que trabalhava já na fábrica e ela pegava serviço e daí cuidava dos filhos. […] Era uma turma de mulheres, daí saía aquela turma de mulheres e entrava outra turma. […]. Ir tomar uma água, ir pro banheiro podia. Só que tinha um tempo limitado. É, senão o contramestre já ia atrás ver o que que estava acontecendo.
Disponível em: https://www.opopularpr.com.br/mulheres-operarias-e-seu-cotidiano-na-fabrica-de-tecidos/Acesso em: 13/09/2019 às 9h40.
FONTE 5: Depoimento da senhora Terezinha Lima Pinto, que foi operária na Companhia São Patrício, onde começou a trabalhar em 1942 e ficou até o seu fechamento.
Comecei a trabalhar na Companhia São Manoel com 11 anos. Tinha mais ou menos 100 empregados. Os homens pegavam a palha e colocavam nuns tanques com água onde ficava alguns dias. Depois a palha era estendida num estaleiro para secar [...]. Aí era feita a malhação (para eliminar o material não fibroso), a palha era amarrada e levada para outra seção. Aí mulheres quebravam os feixes e batiam para ter a fibra. Depois era feita a penteação [...]. No começo eu trabalhava na quebradeira, mas o trabalho das crianças era desfiar a palha. Trabalhava das 7h às 11h30 e das 13h às 17h15 [...]. Com 14 anos comecei a trabalhar na batedeira e um ano depois fui registrada [...]. Quando eu tinha 21 anos, comecei a trabalhar na Companhia São Patrício, como tecelã. Nessa época tinha mais ou menos 200 empregados. A maior parte dos funcionários eram mulheres. Alguns homens trabalhavam como contramestres e outros faziam o transporte de fardos [...]. Tinha quatro ou cinco teares e a gente trabalhava em dois turnos com revezamento semanal, das 5h às 13h30 e das 13h30 às 22h [...]. O salário era pago mensalmente de acordo com o rendimento do trabalho. Se o maquinário estragasse o rendimento era menor [...]. Era a única indústria onde as mulheres podiam trabalhar. Se perdesse aquele emprego ficava sem trabalho.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 60.
1- Leia a fonte 5 e registre na tabela abaixo os trechos do depoimento da senhora Terezinha Lima Pinto que fazem referência aos temas enumerados abaixo:
Fases da produção do linho
Trabalho
infantil
Trabalho
feminino
Trabalho
masculino
Carga horária
Número de funcionários
Maquinários
2- De acordo com o depoimento da senhora Philomena Furman, existiam situações de descriminação em relação ao trabalho feminino? Justifique sua resposta usando trechos do depoimento.
3- Como dona Philomena fazia para conciliaro seu trabalho como cuidado dos seus filhos?
4- De que forma a fonte 3 ajuda a entender melhor os depoimentos das senhoras Terezinha e Philomena? O que mais lhe chamou atenção ao observar a fotografia da sala de penteação?
5- Atualmente as mães trabalhadoras enfrentam situações semelhantes para poder conciliar trabalho e criação dos filhos? Explique.
Para o fechamento do capítulo sobre as velhas fábricas de Araucária estamos propondo uma aula de campo no Museu Tingui-Cuera e a produção de um relatório sobre a fabricação de palhões em nosso município. Contudo antes você deverá observar com muita atenção as fotografias abaixo e ler as explicações sobre essa importante atividade econômica. Boa aula!
Fotografias do acervo do Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres. Da esquerda para a direita, sentido horário:
- Palha de trigo prensada, matéria-prima muito utilizada pelas fábricas de palhões na década de 1940. Foto doada por Waldomiro Gayer Junior.
- Fábrica de palhões de Vitório Sfendrich, no Barigui. Foto doada pela família Sfendrich.
- Fábrica de palhões de Wzorek, década de 1950.
- Local onde funcionava a fábrica de palhões de Bogdan Wagner em Guajuvira, foto de 2011.
Explicação histórica sobre a fabricação de palhões na primeira metade do século XX.
A partir do início do século,a utilização de palha de centeio e de trigo como matéria prima para confecção de invólucros de proteção para garrafas, tornou-se uma atividade produtiva complementar à produção de líquidos engarrafados. As indústrias de bebidas necessitavam de uma proteção eficiente que possibilitasse o transporte de seus produtos em segurança pelas péssimas estradas existentes. Assim a produção de palhões, como eram chamados os invólucros de proteção de garrafas, garrafões e outros tipos de embalagens de vidro, tornou-se uma atividade econômica viável.
Como conseqüência da demanda de palhões e do excedente de palha produzido na região de Araucária,alguns produtores se aventuraram na compra de equipamentos e abriram as primeiras fábricas de palhões nos arredores da cidade [...].
No início da década de 1910, houve escassez de matéria-prima devido à sua utilização pela indústria e à baixa produção de palha. Para tentar melhorar e diversificar o cultivo de alguns produtos,a Prefeitura Municipal de Araucária passou a incentivar os colonos oferecendo um conto de réis para ser distribuído entre os quatro maiores produtores de trigo e linho do Município.Mesmo assim,em 1915, a Prefeitura se vê obrigada a isentar de impostos os proprietários de moinhos e fábricas de palhões em conseqüência da falta de matéria-prima. Essa situação, no entanto, não chega a desestimular a fabricação do produto, uma vez que, na década de 1930, encontram-se espalhadas pelo Município diversas fábricas de palhões movidas à força hidráulica e a vapor [...]. Este tipo de fábrica empregava, em grande parte, mão de obra feminina e infantil.
A mecanização agrícola trouxe dificuldades para os fabricantes de palhões e esteiras. Na colheita mecanizada, grande parte da palha era danificada, não podendo, então, ser utilizada na fabricação de invólucros de proteção. Além desse aspecto, outros foram substituindo os palhões e determinando o fim dessa atividade em Araucária, decorrente da própria evolução das técnicas de embalagem e proteção de mercadorias.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 66-69.
Araucária, 10 horas e 55 minutos do dia 16 de setembro de 2019. Hoje, segunda-feira, termina o prazo para os interessados em comprar a Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), os 476 km de oleodutos que ligam Araucária aos cinco terminais de armazenamento – localizados em São Francisco do Sul, Itajaí, Guaramirim, Biguaçu em Santa Catarina e Paranaguá no Paraná –, se manifestarem.
Será o mais importante negócio envolvendo Araucária em toda nossa história. Os valores envolvidos serão astronômicos.
Paraseter umaideia,as Empresas do Setor de Gás e Óleo, interessadas no negócio, deverão ter conquistado uma receita superior a 3 bilhões de dólares em 2018, hoje isso equivale a 12 bilhões de reais. Também poderão participar desse processo como possíveis compradores, Investidores e Grupos Econômicos que tenham pelo menos 1 bilhão de dólares em ativos sob sua gestão ou controle, ou seja, eles deverão ter no mínimo 4 bilhões de reais em mãos.
A refinaria é atualmente a maior indústria em porte do sul do Brasil ocupando uma área de 10 milhões de metros quadrados. Ela processa por dia 33 mil metros cúbicos de petróleo.
Sozinha ela é responsável por 12% de toda a produção nacional de derivados de petróleo, como: diesel, gasolina, GLP, coque, asfalto, óleos combustíveis, QAV, propeno, óleos marítimos e outros. Da produção total, 85% atende aos mercados de Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul e sul do estado de São Paulo, os outros 15%, atende a outros estados do Brasil ou são exportados para outros países.
A Repar é responsável pela metade do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) arrecadado pelo município de Araucária. É a maior contribuinte individual de impostos de todo o estado do Paraná. Só a arrecadação em ICMS gira em torno de 1 bilhão de reais, sendo que 600 milhões vão para o governo do estado do Paraná e 400 milhões para o município de Araucária.
Somados os ICMS e ISS (Imposto sobre Serviços de qualquer natureza), da Repar e das empresas ligadas a ela, representam 80% de toda arrecadação do nosso município.
Hoje a Repar pertence à Petrobrás, uma estatal de economia mista em que a União é a acionista majoritária.
A privatização da Repar tem tirado o sono de muita gente em Araucária. Para alguns a privatização será um bom negócio, sinônimo de investimentos e novas oportunidades para o município de Araucária, o estado do Paraná e o Brasil. Para outros a privatização vai trazer desemprego e queda na arrecadação de tributos, num verdadeiro cenário pós-apocalíptico. Contudo, para a grande maioria dos munícipes, a privatização é sinônimo de incertezas, gerando apreensão, principalmente entre os gestores municipais, petroleiros da estatal, funcionários públicos municipais e moradores do município usuários dos serviços públicos.
De acordo com as informações publicadas pelos jornais Folha de São Paulo e Gazeta do Povo, a transferência da Repar e das outras sete refinarias que serão privatizadas, deverá ser concluída até 2021.
Aqui em Araucária, os gestores municipais se preparam para o pior dos cenários. Como dizem, é melhor prevenir do que remediar. Revisão do Plano Diretor, redução do ISS para atrair investidores, incentivos à diversificação dos segmentos das atividades econômicas e enxugamento da máquina pública são apenas algumas das frentes colocadas em prática.
Provavelmente quando você estiver lendo essa carta, o cenário já estará mais ou menos definido. Você contará com elementos, informações e análises que lhe darão melhores condições para avaliar os efeitos da privatização na vida da população de Araucária.
Esperamos que você tenha boas notícias para nos contar!
Gente de todo o Brasil! Migrantes de um número incontável de cidades brasileiras e até mesmo de outros países convivendo, divergindo, trabalhando, debatendo, sobrevivendo, enriquecendo, casando, construindo, fabricando, comprando, vendendo, escrevendo, militando, estudando, vivendo e conjugando muitos outros verbos no gerúndio.
Pessoas de lugares tão diferentes entre si, que seria inimaginável até o final da década de 1960, que, num único município, tanta diversidade étnico-racial, tantos sotaques, hábitos alimentares e visões de mundo se fariam presentes de uma só vez.
De uma cidadezinha com um pouco mais de 17 mil habitantes em 1970, Araucária, em menos de meio século se converteu numa cidade industrial com mais de 140 mil habitantes. Araucária agora é a Terra dos Migrantes!
Dezenas de bairros, conjuntos habitacionais e loteamentos surgiram no rastro do progresso industrial. Infelizmente nem todos os munícipes conquistaram o sonho da casa própria ou conseguiram a regularização dos seus imóveis. Hoje são mais de 30 mil araucarienses vivendo em moradias irregulares, isso sem contar o déficit habitacional que aflige tantas outras famílias.
A Terra Prometida dos imigrantes poloneses continua como promessa para muitos migrantes que aqui se estabeleceram desde a década de 1970. O sonho de um bom empregoou daaberturade seu próprionegócio, quegaranta condiçõesdignas de vida, para que pais e mães possam criar seus filhos e filhas com algum conforto, parece distante para muitos.
Em Araucária muitos serviços públicos que normalmente estão sob a responsabilidade do governo do estado são mantidos pela prefeitura municipal, como o caso de escolas e hospital. Ao longo dos anos isso acabou sobrecarregando o orçamento municipal. Antigos combinados entre estado e município estão sendo revistos visando enxugar a máquina pública municipal.
Os desafios são imensos: qualificação profissional que garanta empregabilidade aos nossos munícipes, regularização dos imóveis irregulares, melhorias da infraestrutura urbana, criação de novos espaços de moradia, construção de escolas e CMEIs, cuidados com o meio ambiente e incremento dos investimentos em saúde pública, são apenas alguns dos principais desafios que deveremos superar nos próximos anos.
Outro desafio importante tem sido a maior participação decisória dos moradores dos novos bairros na política municipal. Apenas muito recentemente esses bairros tem conquistado maior espaço político por meio de representantes eleitos da própria comunidade1 .
Para tornar o desafio ainda maior temos a privatização da refinaria logo adiante e uma possível mudança em todo nosso arranjo econômico.
Ao conhecer o passado, compreenderemos melhor o presente e faremos do futuro um lugar mais seguro, com muito planejamento, trabalho e competência.
1 Um bom exemplo tem sido a falta de representatividade histórica dos migrantes que para cá vieram a partir da década de 1970 em nomes de ruas, avenidas, praças, escolas e CMEIs. Em muitas dessas comunidades esses marcos da memória têm nomes de plantas, aves e rios, relegando a um segundo plano o reconhecimento do papel histórico das lideranças locais.
FONTE 1: Explicação histórica sobre a industrialização de Araucária, presentes no livro Agricultura e Indústria: a memória do trabalho em Araucária, publicado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
Por volta dos anos 1930, a economia da madeira em Araucária entrou em crise. As reservas locais haviam sido devastadas e a madeira só podia ser encontrada em regiões muitos distantes. O transporte de toras para as serrarias tornava a atividade economicamente inviável. Para resolver o problema de falta de matéria-prima, a maior parte dos proprietários transferiu suas serrarias para o interior do Estado do Paraná e para o norte de Santa Catarina.
Nesse período, a população de Araucária entrou num período de crescimento negativo, que se prolongou até os anos de 1950. Para se ter uma ideia desta redução populacional, basta comparar os habitantes existentes em 1920 (11.280 pessoas) com aqueles encontrados em 1940 (10.805). Somente em 1950, após trinta anos, a população de Araucária voltou ao nível dos anos 20 com 11.524 pessoas.
[...]
Em 1972, o Município de Araucária foi escolhido pela sua situação geográfica como local de estabelecimento da Refinaria Presidente Getúlio Vargas – REPAR. A instalação da indústria exigiu que a região estivesse apta a receber um complexo integrado, envolvendo refino, transporte, escoamento de produtos e o estabelecimento de outras indústrias ligadas ao setor petroquímico.
A partir dessa época, a industrialização do Município passou a ser uma das metas para a Prefeitura Municipal de Araucária. Em 1973, visando atrair e direcionar o estabelecimento de indústrias em Araucária, foi criado o Centro Industrial de Araucária – CIAR, localizado entre os limites da Cidade Industrial de Curitiba, Refinaria Getúlio Vargas, Rodovia do Xisto e o núcleo urbano do município. O CIAR é composto de três áreas que somadas totalizam 46 Km².
A partir da instalação das indústrias, ocorreu um crescimento bastante acentuado e uma inversão nos quadros populacionais do Município. Em 1970, Araucária possuía 5.473 habitantes na zona urbana e 11.644 estavam concentrados na área rural, representando esses últimos 68% da população total. Uma década depois, a situação se inverteu bruscamente. De uma população total de 34.799 habitantes em 1980, apenas 7.671 (22%) permaneciam na área rural. Em 1989, estimou-se que a população rural era representada por apenas 9% da população total do Município. Dados do IBGE apontam que, em 1980 a população rural representava 9,5% e em 2000, 9,4%. Ainda segundo estimativa do IBGE a população do município em 2009 é de 117.964 habitantes. Considerando esses dados, a Prefeitura do Município de Araucária estima que a população rural é de 10.196 habitantes, representando apenas 8,6% da população total do município.
ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Agricultura e Indústria: memória do trabalho em Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 49-78.
FONTE 2: Matéria veiculada pelo jornal O Estado do Paraná, em 24 de abril de 1972, sobre a notícia da instalação da Petrobrás em Araucária e a sua relação com o emprego da mão de obra local nas obras de construção da refinaria e de outras indústrias petroquímicas: Com a refinaria, agora, haverá oportunidade de ocupação da mão-de-obra primária local. A Petrobras já anunciou que será empregado um contingente de oito mil homens na construção da refinaria e indústrias petroquímicas. Araucária tem uma população de 17.567 habitantes, dos quais cerca de sete mil compõem a população urbana. Além da mão-de-obra de Curitiba que será utilizada, poderão ser ocupados também todos os operários disponíveis no município, embora para os serviços sem qualificação. É esta a razão porque todos querem ver de imediato o início das obras que também dinamizará o comércio, pois serão ocupados diversos milhares de funcionários das mais diversas origens.
O ESTADO DO PARANÁ, 24/04/1972. In: SCHMIDT, Maria Auxiliadora. Recriando histórias de Araucária. Curitiba: Núcleo de Pesquisa em Publicações Didáticas, Universidade Federal do Paraná, 2008, p.23.
FONTE 3: Fotografia da inauguração da Repar em maio de 1977.
FONTE 4: Explicação histórica sobre o aumento da população de Araucária a partir da década de 1970 disponível no livro Recriando Histórias de Araucária:
FONTE 5: Tabela com a evolução da população de Araucária entre 1854 e 2019.
Fontes Consultadas: Ipardes; IBGE; ARAUCÁRIA, Prefeitura Municipal. Da madeira ao aço: a industrialização de Araucária. Araucária: Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, 2010, p. 15. *Estimativa do IBGE.
1- Observecommuita atençãoa fonte5,coma tabela da evolução populacional de Araucária e, a partir da leitura dos capítulos 9, 10 e 11 e explique historicamente os seguintes dados da mesma
a) A diminuição da população de Araucária entre 1920 e 1940:
b) Alenta retomada no crescimento populacional entre 1940 e 1970:
c) O acelerado crescimento populacional entre 1970 e 2019:
Para o fechamento do ano letivo, você deverá escrever uma carta que será arquivada de forma digital pelo autor desse livro ao receber seu e-mail no endereço institucional, indicado no final dessa página. Os documentos digitalizados serão enviados ao Arquivo Histórico Archelau de Almeida Torres para futuras pesquisas.
Essa carta deverá responder às preocupações apresentadas ao longo do capítulo em relação ao futuro.
Como você estará vivendo num tempo a frente do tempo da escrita desse capítulo, terá acesso a informações, análises e vivências que tornarão possível uma melhor compreensão das nossas preocupações. Às vezes, em alguns aspectos, com o passar do tempo entendemos melhor o passado do que aqueles que estavam vivendo aquele tempo.
Para tanto, essas nossas análises devem ser refinadas por meio de pesquisas, leituras e explicações dos profissionais dedicados à compreensão dessa nossa grande aventura que é a história, como as nossas professoras e professores.
Com o tempo desenvolvemos uma consciência histórica mais sofisticada, orientando uma prática capaz de promover a justiça social e o bem-estar de toda nossa comunidade.
Essa carta deverá procurar responder às seguintes questões debatidas ao longo do capítulo:
- Privatização da Repar;
- Arrecadação municipal de impostos;
- Geração de empregos;
- Melhorias da infraestrutura urbana;
- Regularização de imóveis;
- Déficit de moradias;
- Reconhecimento da memória histórica dos migrantes em nomes de instituições e logradouros públicos;
- Novos desafios apresentados no tempo da escrita da carta.
Ao fundo foto aérea da comunidade do Arvoredo. Arquivo Histórico. E-mail para onde a sua carta deverá ser enviada:
rafael.almeida@educacao.araucaria.
Leiaopoemaabaixodoprofessor,diretorteatral,dramaturgoeprodutorJester Furtado, sobrea história deAraucária. Esse poema faz partede uma fascinante peça de teatro chamada “Do Pinhão ao Chaminé”. A seguir responda as questões propostas.
Vou contar uma história pra vocês
É a história de uma estrada as margens do Iguaçu
Terra onde moravam indígenas do sul.
Mato onde habitava a tribo dos Tinguis
Tribo que mais tarde veio a se extinguir.
[...]
Receberam bem os homens brancos
Com seus espelhos
Roupas e tamancos.
Povo Tupi Guarani
Que o povo saiba que aqui Foi morada dos Tinguis.
1837
Nossa senhora da luz
Virou capela curada
Um padre veio de longe
E fez da capela morada
O povo vinha rezando
As margens do rio se instalando
Logo um ano depois
Definiram as divisas do bairro
[...]
As margens do rio se instalando Abaixo do céu azul
Chamaram nossa Araucária de Freguesia do Iguaçu.
Caminho dos Tinguis
Passagem de tropeiros
Aqui o nosso ouro
Foi o gigante pinheiro. 100 anos de passagens Com mulas e bagagens.
Aqui o nosso ouro
Foi o gigante pinheiro.
A vida na Polônia já não era muito fácil
Todo o seu povo tava de olhos pra baixo
O polaco camponês, conservador e resistente Tava sendo proibido de plantar sua semente.
O jeito é emigrar
O jeito é viajar
O jeito é se arriscar. Surgiu uma proposta interessante
Seu nome é Brasil
É lindo e distante.
O jeito é emigrar
O jeito é viajar
- Mas e se eu vomitar?
O jeito é se arriscar!
Rio e pinheiro
Deram nome a nossa terra. Água corrente
E pinheiro altaneiro.
Já fomos estrada, fomos vila e picada
Foi um bom princípio
Mas agora seremos município.
Faça o trabalho em folha de papel almaço.
1) Elabore uma explicação histórica sobre as passagens do poema que fazem referência aos seguintes temas:
a- Tinguis
b- Homens Brancos
c- Capela Curada
d- Freguesia do Iguaçu
e- Tropeiros
f- Pinheiro
g- Polonês
h- Município
2) Confeccione 1 desenho para ilustrar uma estrofe do poema do professor.
3) Elabore outra estrofe para o poema do professor, dando continuidade ao mesmo e tratando de algum tema que não tenham aparecido nos trechos da página anterior.
4) Confeccione 1 desenho para ilustrar a estrofe que você elaborou.
O filósofo grego Zenão de Cítio, que viveu entre 333 a.C. e 263 a.C., tinha uma frase que define muito bem o espírito da vida na cidade:
Ditosa a cidade em que se admira menos a beleza dos edifícios do que a virtude dos seus habitantes.
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- Compreender o processo de migração dos primeiros povos pelos continentes.
- (EF04HI04) Identificar as relações entre os indivíduos e a natureza e discutir o significado do nomadismo e da fixação das primeiras comunidades humanas.
- (EF04HI05) Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções.
- Reconhecer os povos indígenas como primeiros habitantes das terras brasileiras.
- Reconhecer Kaingang, Guarani e Xetá como povos indígenas presentes no Paraná, comparando a realidade dos mesmos no presente e no passado.
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- Compreender como se deu a chegada dos portugueses e africanos às terras brasileiras e à localidade paranaense associando à exploração das terras e recursos.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- (EF04HI07) Identificar e descrever a importância dos caminhos terrestres, fluviais e marítimos para a dinâmica da vida comercial.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- Identificar a extração da madeira, a mineração, o tropeirismo, e a exploração da erva-mate como as primeiras atividades econômicas exploradas no Paraná e relacionar com a formação histórica do espaço que viria a ser conhecido como Araucária.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- Identificar a extração da madeira, a mineração, o tropeirismo, e a exploração da erva-mate como as primeiras atividades econômicas exploradas no Paraná e relacionar com a formação histórica do espaço que viria a ser conhecido como Araucária.
- (EF04HI07) Identificar e descrever a importância dos caminhos terrestres, fluviais e marítimos para a dinâmica da vida comercial.
- Identificar as transformações ocorridas nos meios de transporte e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
CAPÍTULO 4 - ARAUCÁRIA, ANTIGA FREGUESIA DO YGUASSÚ: UMA HISTÓRIA
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- (EF04HI07) Identificar e descrever a importância dos caminhos terrestres, fluviais e marítimos para a dinâmica da vida comercial.
- Identificar as transformações ocorridas nos meios de transporte e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- Compreender como se deu a chegada dos portugueses e africanos às terras brasileiras e à localidade paranaense associando à exploração das terras e recursos.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
CAPÍTULO 6 - ARAUCÁRIA, TERRA DOS POLONESES: UMA HISTÓRIA DOS POVOS MORIGERADOS
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as
formas de adaptação ou marginalização.
- (EF04HI07) Identificar e descrever a importância dos caminhos terrestres, fluviais e marítimos para a dinâmica da vida comercial.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- Identificar as transformações ocorridas nos meios de transporte e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).
- Identificar as transformações ocorridas nos meios de transporte e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
CAPÍTULO 7 - ARAUCÁRIA, TERRA DOS IMIGRANTES: UMA HISTÓRIA DA NOSSA DIVERSIDADE
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
CAPÍTULO 8 - ARAUCÁRIA, TERRA DO CHIMARRÃO: UMA HISTÓRIA DA ERVA MATE
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI04) Identificar as relações entre os indivíduos e a natureza e discutir o significado do nomadismo e da fixação das primeiras comunidades humanas.
- (EF04HI05) Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- Identificar a extração da madeira, a mineração, o tropeirismo, e a exploração da erva-mate como as primeiras atividades econômicas exploradas no Paraná e relacionar com a formação histórica do espaço que viria a ser conhecido como Araucária.
- (EF04HI07) Identificar e descrever a importância dos caminhos terrestres, fluviais e marítimos para a dinâmica da vida comercial.
- Identificar as transformações ocorridas nos meios de transporte e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
UMA HISTÓRIA
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI04) Identificar as relações entre os indivíduos e a natureza e discutir o significado do nomadismo e da fixação das primeiras comunidades humanas.
- (EF04HI05) Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- Identificar a extração da madeira, a mineração, o tropeirismo, e a exploração da erva-mate como as primeiras atividades econômicas exploradas no Paraná e relacionar com a formação histórica do espaço que viria a ser conhecido como Araucária.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
CAPÍTULO 10 - ARAUCÁRIA, VELHAS FÁBRICAS: MEMÓRIAS DO MUNDO DO TRABALHO
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional).
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
- (EF04HI01) Reconhecer a história como resultado da ação do ser humano no tempo e no espaço, com base na identificação de mudanças e permanências ao longo do tempo.
- (EF04HI02) Identificar mudanças e permanências ao longo do tempo, discutindo os sentidos dos grandes marcos da história da humanidade (nomadismo, desenvolvimento da agricultura e do pastoreio, criação da indústria etc.).
- (EF04HI03) Identificar as transformações ocorridas na cidade e no campo ao longo do tempo e discutir suas interferências nos modos de vida de seus habitantes, tomando como ponto de partida o presente.
- (EF04HI05) Relacionar os processos de ocupação do campo a intervenções na natureza, avaliando os resultados dessas intervenções.
- (EF04HI06) Identificar as transformações ocorridas nos processos de deslocamento das pessoas e mercadorias, analisando as formas de adaptação ou marginalização.
- (EF04HI07) Identificar e descrever a importância dos caminhos terrestres, fluviais e marítimos para a dinâmica da vida comercial.
- (EF04HI09) Identificar as motivações dos processos migratórios em diferentes tempos e espaços e avaliar o papel desempenhado pela migração nas regiões de destino.
- (EF04HI10) Analisar diferentes fluxos populacionais e suas contribuições para a formação da sociedade brasileira, reconhecendo a diversidade étnica e cultural que formou a população paranaense.
- (EF04HI11) Analisar, na sociedade em que vive, a existência ou não de mudanças associadas à migração (interna e internacional)
- (EF04HI08) Identificar as transformações ocorridas nos meios de comunicação (cultura oral, imprensa, rádio, televisão, cinema, internet e demais tecnologias digitais de informação e comunicação) e discutir seus significados para os diferentes grupos ou estratos sociais.
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Hino Municipal de Araucária
Letra de Francisco Pereira da Silva
Música de Sebastião Lima
Araucária, Araucária
És a terra mais linda que há
Araucária, Araucária
Cidade símbolo do Paraná
Vem de longe o teu nome pioneiro
Teu passado remoto e feliz
Tens a fama do altivo pinheiro
Fostes chão dos briosos tingüis
Araucária, Araucária
És a terra mais linda que há
Araucária, Araucária
Cidade símbolo do Paraná
Vem de longe romântica era
A tua história tão plácida enfim
És aquela gentil Tindiqüera
Para nós que te amamos jardim
Araucária, Araucária
És a terra mais linda que há
Araucária, Araucária
Cidade símbolo do Paraná
Ainda ontem num sonho fecundo
Pura e simples quanto hoje ainda és
Mais desperta pras lutas do mundo
Sobre a argila que dorme aos teus pés
Araucária, Araucária
És a terra mais linda que há
Araucária, Araucária
Cidade símbolo do Paraná
Sim despertas de um plácido sonho
Tuas culturas tem viço e frescor
Sob o braço do altivo colono
Hoje cantas um hino ao labor
Araucária, Araucária
És a terra mais linda que há
Araucária, Araucária
Cidade símbolo do Paraná
Sim despertas valente operária
Sempre moça e mais linda só tu
Que o progresso te chame Araucária
Nos murmúrios do manso Iguaçu
Araucária, Araucária
És a terra mais linda que há
Araucária, Araucária
Cidade símbolo do Paraná