Livro Guia MPI_Museus dos Povos Indígenas

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Foto capa: Memorial dos Povos IndĂ­genas com pintura Yawalapiti na fachada. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal Memorial dos Povos IndĂ­genas 2019


FICHA TÉCNICA TEXTOS Marcelo Gonczarowska Jorge David de Oliveira Terena Adele Ferreira Rosa Renato de Oliveira Santos PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Daniel Bruno Vieira de Melo Kariny Nery de Moraes

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Distrito Federal (Brasil). Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (SECEC) Memorial dos Povos Indígenas/ Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal-SECEC. Brasília: SECEC, 2019. 64 p. 20 cm. 1.Memorial dos Povos Indígenas 2. Patrimônio Cultural I. Título

CDD 069.15


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Peneira (sibulu). Povo: Desana. Origem: Amazonas. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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Vista interna da arena do Memorial dos Povos IndĂ­genas Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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sumário

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10introdução 12história 20o edifício 28o papel do memorial /um projeto em construção


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40acervo 60mapa


introdução

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Idealizado pelos antropólogos Berta e Darcy Ribeiro, o Memorial dos Povos Indígenas abriga um acervo de centenas de artefatos e peças de artesanato indígena, coletados desde os anos 1940 até hoje, assim como arquivos e fotografias. A coleção principal conta com cerca de 380 peças doadas em 1995 ao Governo do Distrito Federal pelo casal Ribeiro, mas também conta com contribuições de Eduardo Galvão e de outras figuras importantes do campo das pesquisas antropológicas no Brasil. Entre os itens, pode-se citar material pesqueiro, colares de dentes de onça, cerâmicas e trançados, entre outros.

Abanos. Bororo e Wai Wai (atrib.). Local: Rondônia a Mato Grosso e Amazonas. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


O Memorial é, ao mesmo tempo, museu, centro cultural e instituição de pesquisa, com a missão de colecionar, preservar, valorizar e divulgar o conhecimento e as expressões dos diversos povos autóctones que habitam o Brasil, com suas línguas, culturas e produção material, de modo dinâmico e vivo. Além disso, busca promover a participação dos índios por meio de sua integração aos processos curatoriais, por meio do estímulo a sua produção e por meio da realização de eventos dentro dessa temática. 11

Cesto Kaikuro (Parque do Xingu-Mato Grosso) e Cesto Wai Wai (Amazonas). Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


história

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Darcy Ribeiro (1922-1997) foi um importante antropólogo, político e educador brasileiro, tendo sido o primeiro reitor da Universidade de Brasília e Ministro da Educação durante o governo João Goulart. Casou-se em 1947 com a também antropóloga Berta Gleizer Ribeiro (1924-1987). O casal iria construir ao longo dos anos carreiras paralelas em prol da causa indígena no Brasil.


Darcy Ribeiro com pintura Kadiwéu, 1947. Fonte: Fundação Darcy Ribeiro

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Antes de idealizar o Memorial dos Povos Indígenas, Darcy já tinha experiência no setor de museus. Em 1953, fundou o Museu do Índio, no Rio de Janeiro, com o material colhido em suas expedições como etnólogo do Serviço de Proteção aos Índios (predecessor da Fundação Nacional do Índio – FUNAI) e com aquele depositado no Instituto Benjamin Constant. O antropólogo entendia que a função daquele museu era a de ser um “museu contra o preconceito”. Foi também o responsável pelo projeto conceitual e cultural do Memorial da América Latina, em São Paulo, voltado para a pesquisa e promoção da identidade e da cultura latino-americana. Darcy concebia o Memorial dos Povos Indígenas como um local em que o visitante pudesse conhecer todas as facetas das civilizações autóctones. Segundo ele, o museu permitiria ao frequentador “ver o que é mais original para o Brasil, que é a criatividade indígena”. Na instituição, seriam apresentados não apenas artefatos produzidos pelos índios, como aspectos de sua cultura, abrangendo desde suas línguas a sua agricultura e hábitos alimentares – que seriam, em grande parte, herdados pelos brasileiros. Em 1987, o edifício do Memorial ficou pronto. No entanto, sua destinação foi alterada diversas vezes, sendo que chegou a se tornar, durante curto período de tempo, o Museu de Arte Contemporânea do Brasil. Desde o início, setores da sociedade e os próprios índios opuseram-se fortemente a essa mudança de função. Dois pajés, Sapaim Kamaiurá e Preporí Cayabi invocaram o espírito Mamaé Catuité para proteger o prédio contra essas tentativas de uso. A pajelança parece ter surtido efeito, já que as modificações da finalidade do local fracassaram, até que, em 1995, decidiu-se retornar o imóvel a seu fim original1.


Berta Ribeiro com pintura Kadiwéu, 1947. Fonte: Fundação Darcy Ribeiro

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16 1/ No mesmo ano, Mamaé Catuité foi “removido” do museu por Sapaim. 2/ Não se sabe por que razão optou-se pelo termo Memorial ao invés de Museu do Índio ou Museu dos Povos Indígenas. 3/ Em 1997, havia sido realizado no espaço do Memorial, antes mesmo de sua inauguração, o funeral do índio pataxó Galdino, que fora morto de modo brutal por jovens de Brasília, em um crime que comoveu o país. 4/ A exposição contava com parte do acervo indígena do Museu Nacional, do Rio de Janeiro. A presença dessas peças na mostra, em Brasília, poupouas do incêndio que devastou a instituição carioca em 2018. Efetivamente, segundo o curador João Pacheco, são as únicas que sobraram da coleção, sendo o resto consumido pelas chamas.

O Memorial dos Povos Indígenas2 viria a ser finalmente inaugurado em abril de 19993, e vem funcionando como museu e local de manifestação da cultura indígena desde então. A abertura só foi possível em razão da doação da coleção de Darcy e Berta Ribeiro em 1995, que, juntamente com os itens entregues por Eduardo Galvão, formava um acervo de aproximadamente 400 peças. Além da exposição permanente, a instituição já recebeu dezenas de mostras temporárias nacionais, como Índios: os primeiros brasileiros, em 2018 4, e internacionais, como a de artesanato dos Andes, em 2017. Entre as visitas ilustres, pode-se citar personalidades e celebridades brasileiras, dignitários estrangeiros, como a Rainha da Espanha, e lideranças indígenas, a exemplo do Cacique Raoni. É necessário apontar o papel crucial de Berta Ribeiro na concepção do Memorial. Efetivamente, o projeto arquitetônico do museu foi concebido a partir do planejamento dela para sua exposição inaugural, assim como é de sua autoria o proto-Plano Museológico da instituição, que chamou de “plano-diretor”. Também foi Berta quem inventariou a coleção do casal Ribeiro, que formaria o núcleo-base do acervo – muitas dessas peças foram


adquiridas nas mesmas viagens que originaram o acervo inaugural do Museu do Índio, no Rio de Janeiro, cuja concepção e implantação Berta acompanhou de perto. A pesquisadora, além de antropóloga, participou das expedições do marido para o Serviço de Proteção aos Índios, trabalhou no departamento de antropologia do Museu Nacional (RJ) e especializou-se em temas ligados à museologia, sobretudo de acervos indígenas. Se a tarefa de criação do Memorial dos Povos Indígenas foi compartilhada pelo casal Ribeiro, os documentos existentes parecem indicar que é dela sua formulação museológica. 17

Coroa de Garras de Onça. Povo: Bororo. Origem: Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


Cesto. Povo: Wayana-AparaĂ­ . Origem: ParĂĄ. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Cesto Platiforme. Povo: Tiriyo. Origem: Parรก. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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o edifĂ­cio

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Memorial dos Povos IndĂ­genas - fachada. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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o edifício

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Arena, com exposição Bosque das Línguas Indígenas (2019) Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


O Memorial dos Povos Indígenas é um edifício planejado por Oscar Niemeyer (1907-2012). Darcy Ribeiro e o arquiteto já haviam trabalhado juntos em outros projetos similares, como o Museu do Homem da UFMG (de 1976, mas que nunca saiu do papel) e o Memorial da América Latina. Berta Ribeiro explicou a inspiração de Oscar para o projeto brasiliense: 23

O conjunto arquitetônico foi concebido por Oscar Niemeyer como uma maloca indígena. Especificamente, um anel circular com 70 metros de diâmetro e um amplo pátio interno, à maneira da casa-aldeia dos índios Yanomami. A par de sua beleza e funcionalidade, esse risco fará com que o visitante comum – criança ou adulto – não se sinta constrangido em ingressar no Museu. Isso ocorre, comumente, mesmo no caso de museus ditos de “cultura popular” instalados em edifícios suntuosos.


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O edifício, de concreto armado, é dominado por uma longa galeria curva e em declive com cerca de 1.600 m2 de superfície, concebida para dispensar climatização. Consta que, segundo a ideia original, haveria prédios anexos à construção principal, mas que jamais foram erigidos. Além de espaços administrativos e de serviço, como a reserva técnica, o Museu conta com um auditório e uma arena interna pensada por Berta e Oscar para abrigar, nas palavras da antropóloga, Uma maloca indígena – do Alto Xingu, Alto Rio Negro ou outra – que não só servirá como demonstração de um modelo de arquitetura aborígene, como também para atividades escolares e recreativas extraclasse da população infantil em visita ao Museu do Índio.

Não se tem notícia de que uma maloca, taba ou “casa de índios”, como Niemeyer a descreveu, tenha sido construída na arena, senão em caráter temporário e para eventos específicos. Na atualidade, a arena recebe exposições temporárias ou manifestações e rituais da cultura indígena, como o toré. Para muitos visitantes, esse é um espaço sagrado, e não é raro ver pessoas descalças, em contato com sua areia branca, orando sozinhas ou em grupo.


Galeria com exposição Menires: A mulher Kayapó e o seu trabalho (2019) Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Auditรณrio Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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Exposição Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


o papel do Memorial /um projeto em construção

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O Memorial dos Povos Indígenas foi criado por Darcy e Berta Ribeiro para ser um museu etnográfico moderno, com os seguintes objetivos: a. preservar as expressões mais autênticas da herança indígena, ainda em vigor, contribuindo para que o povo brasileiro amplie o conhecimento de suas origens;


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Estátua do índio Anuiá Amary Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


b. recuperar o patrimônio históricocultural milenar do índio, a ser devolvido, prioritariamente, a ele próprio;

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c. ampliar o conhecimento da etnologia por meio da pesquisa e divulgação científica da cultura indígena, como agente vivo do processo histórico nacional; d. combater os estigmas e a discriminação que incidem sobre o índio, a fim de forjar e fortalecer a identidade nacional; e. influir para que os órgãos governamentais e a opinião pública se conscientizem da contribuição do saber indígena à cultura brasileira e universal, ajudando, desse modo, o atendimento de suas justas reivindicações; f. render um tributo a incontáveis artesãos indígenas, em sua maioria contemporâneos, cujas mãos captaram a essência dos conceitos do belo segundo as normas e valores de suas sociedades; g. estabelecer, como diretriz básica do Museu, o discurso interpretativo

da aventura humana nos trópicos, em contraposição aos procedimentos museológicos tradicionais de aglomerados de peças dissociados de seu contexto sociocultural; h. colocar a serviço do Museu os recursos modernos de comunicação audiovisual, a fim de criar a ambientação necessária à explicitação de sua mensagem; e recorrer a réplicas, a par de peças originais, para atender à necessidade de desenvolver os circuitos temáticos e seus significados; i. estabelecer vínculos entre o Museu e instituições científicas, educativas e culturais da capital da República e de outras regiões do país, a fim de fomentar e complementar reciprocamente suas tarefas; j. enriquecer, por meio de exposições temáticas, cursos, conferências, pesquisas de campo e museológicas, exibição de filmes e outros registros audiovisuais, o cenário cultural e científico de Brasília.


Cesto cargueiro gameliforme. Povo: Yawalapiti . Origem: Parque do Xingu-Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Apesar das grandes ambições para o espaço, as atribulações a que foi submetido não cessaram com sua abertura definitiva, em 1999. Desde então, os objetivos delineados em sua concepção não foram perseguidos senão episodicamente, variando conforme os recursos disponíveis e as prioridades de seus gestores. A própria natureza da instituição – museológica – foi colocada em cheque eventualmente, sem que houvesse proposta alternativa factível ou estruturada. Todo esse quadro de descontinuidade e de falta de uma visão da função social do espaço causaram prejuízo à condução de suas atividades e ao projeto transformador a que se propunha.


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Cerâmica. Povo: Terena. Origem: Cachoeirinha - MS. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


Atualmente, o Memorial dos Povos Indígenas está se mobilizando para reorganizar suas ações, de modo a retomar os objetivos iniciais de modo pleno e enriquecê-los. Efetivamente, o Memorial foi construído em um momento histórico, no qual a luta pelos direitos indígenas ganhava novo fôlego. Em 1988, foi criado o primeiro museu indígena no país de que se tem notícia, o Museu Magüta, no Amazonas, formulado pelos Ticuna, que perceberam, na fundação da instituição, um respaldo da sua luta pela demarcação de terras. O museu indígena se diferencia do museu etnográfico pelo agente criador – nesse caso, os próprios índios. 34

Bonecas Karajá. Madeira entalhada. Origem: Tocantins Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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Coroa emplumada. Povo: Bororo (atrib.). Origem: Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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A demanda por envolvimento dos índios na condução do Memorial explicitouse pelo papel ativo que exerceram em sua reabertura, em 1999, e na pessoa de diversos de seus gestores, índios como Marcos Terena e Álvaro Tukano. Efetivamente, de acordo com a pesquisadora Fabíola Andréa da Silva, “As experiências colaborativas com os povos indígenas mostram que há uma diversidade de expectativas e demandas deles em relação aos museus”. A participação dos indígenas na formulação das políticas e na curadoria do espaço é avaliada como fundamental para que possa cumprir sua missão de apresentar a cultura indígena para brancos e para os próprios índios. No que se refere ao acervo, o estudo e a exposição dos objetos exigem o conhecimento do contexto e da finalidade para que eram criados.

Panela, tigela e taça-chocalho (saksaiumá). Cerâmica. Povo: Waujá/Waurá. Origem: Parque do Xingu – Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


Braรงadeiras femininas e infantis. Povo: Kayapรณ. Origem: Parรก. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa 37


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Desse modo, vislumbra-se que o museu deve visar a apresentar e promover a grande diversidade e riqueza cultural indígenas, de forma dinâmica e viva. Além disso, deve discutir a relação dos índios entre si e com a sociedade por meio de exposições, palestras, cursos, oficinas e mostras audiovisuais. Além disso, deve realizar e estimular a pesquisa sobre a história e a herança indígena. Seu acervo deve ser conservado, apresentado e ampliado. Deve, sempre, lembrar que essa é uma cultura viva e em constante transformação, ao invés de algo rígido, isolado e calcado em estereótipos. Para isso, seu programa educativo, reativado recentemente, é parte fundamental da sua atuação.


Apesar dos recursos limitados, há planejamento para a profissionalização de sua gestão, com reorganização administrativa, inclusive abrangendo em seu quadro funcional especialidades fundamentais para a condução da instituição. Desse modo, e a partir da participação e do diálogo com as comunidades indígenas, o Memorial poderá realizar sua aspiração de se um ponto aglutinar e irradiador dessa cultura.

Tigela zoomorfa. Povo: Waujá/Waurá. Origem: Parque do Xingu – Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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acervo

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Fo


O núcleo principal do acervo do Memorial dos Povos Indígenas constitui-se de cerca de 380 peças doadas por Darcy e Berta Ribeiro e Eduardo Galvão. A coleção compõe-se de documentos, fotografias e, principalmente, artefatos indígenas coletados em expedições antropológicas. No correr dos anos, novos itens foram incorporados ao acervo do Museu, com maior ou com menor critério curatorial, gerando, atualmente, um conjunto de centenas, ou mesmo milhares, de obras com pouca relação entre si ou com a missão do Memorial, a exemplo de algumas pinturas a óleo representando índios, de caráter intrinsecamente artístico, mas que pouco ou nada dizem sobre a cultura indígena em si.

Cabeça mumificada. Povo: Jivaro. Origem: Equador. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Vassoura. Povo: Kaxinawรก. Origem: Acre. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Tambor. Povo: Wai Wai. Origem: Amazonas. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Atualmente, o acervo passa por um processo de inventário e higienização. Concomitantemente, começa-se a realizar um processo de correta identificação das peças, de modo a corrigir informações imprecisões. Esse trabalho também permitirá discernir quais povos ainda não estão representados na coleção, de modo a suprir eventuais lacunas. Um controle efetivo dos objetos que pertencem ao Memorial permitirá não apenas reformular sua exposição de longa duração, como facilitará a curadoria de exposições temporárias. Coroas trançadas. Povo: Kamayurá. Origem: Parque do Xingu-Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa 44


Cesto cargueiro quadrangular (Jamaxim). Povo: Wayana-ApalaĂ­. Origem: ParĂĄ. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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O acervo de um museu etnográfico indígena cumpre uma importante missão não apenas entre os brancos, mas também entre os índios. Conforme explica Marília Xavier Cury, do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo,

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Os diversos grupos indígenas passam a procurar os museus etnográficos para ver, rever, conhecer ou (re)aprender técnicas, a partir de coleções de artefatos ou registros fotográficos dos seus povos no passado, gerando um movimento de reconhecimento institucional e apoio à preservação cultural indígena. Ainda, os indígenas estão nos museus atuando em exposições e outras ações, reformulando as narrativas e discursos. Também, os antropólogos e museus passam a requalificar as coleções indígenas outrora formadas, com a direta participação indígena na curadoria por meio de processos colaborativos/ participativos.

Pote e tigela. Cerâmica. Povo: Assurini. Origem: Pará. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


O Memorial dos Povos Indígenas busca, portanto, acolher não apenas o branco que deseja conhecer o índio, mas também o índio que deseja se reconhecer.

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Colher de cabaça. Povo: Kamayurá. Origem: Parque do Xingu – Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


Cerâmica. Povo: Surui-paíter. Origem: regiões Norte e Centro-Oeste. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Cerâmica. Povo: KadiwÊu. Origem: Mato Grosso do Sul. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Cerâmica. Povo: Surui-paíter. Origem: regiões Norte e Centro-Oeste. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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OS ÍNDIOS NO BRASIL

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Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, o Brasil possui aproximadamente 890 mil indígenas, sendo que 63,8% vivem na zona rural e 36,2% vivem na zona urbana. Eles estão presentes em todos os estados brasileiros, inclusive no Distrito Federal. Sua maior concentração está situada na região Norte, que conta com mais de um terço do total de índios do país, particularmente no Amazonas. Há, atualmente, cerca de 680 terras indígenas demarcadas ou em processo de demarcação.


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Cesto bornaliforme. Povo: Kreen-Akore. Origem: Parque do Xingu-Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


Cesto bolsiforme. Povo: Desana. Origem: Amazonas. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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Esteirinha para filtrar polpa de mandioca (Tuavi). Povo: Yawalapiti. Povo: Parque do Xingu-Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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No censo do IBGE, foram cadastradas 305 etnias diferentes, as quais falavam 274 línguas. Há relatos de povos indígenas que desaprenderam seus idiomas originários, porém calcula-se que 17,5% dos índios do país não falam português, apenas suas línguas maternas.

Cinto de contas de caramujo. Povo: Kamayurá. Origem: Parque do Xingu-Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia


Colar de dentes (Urubu-Kaapor), de contas de caramujo (KamayurĂĄ) e de plaquetas de caramujo (Yawalapiti). Origem: MaranhĂŁo e Parque do Xingu - Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

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mapa endereço Eixo Monumental Oeste Praça do Buriti, em frente ao memorial JK Zona Cívico-Administrativa CEP 70.070-300 Brasília-DF 58

telefone (61) 3344 - 1154 / 3344 – 1155 /3306-2874 e-mail e agendamento para visitas escolares mpi@cultura.df.gov.br site www.cultura.df.gov.br/memorial-dos-povos-indigenas rede social @mpidf visitação terça-feira a sexta-feira: das 9h às 17h sábado, domingo e feriados: das 10h às 17h segunda-feira: fechado para manutenção e serviços internos entrada gratuita

Pavimento superior 1 Acesso principal - rampa 2 Estátua do índio Anuiá Amary 3 Exposição 4 Auditório Pavimento térreo: 5 Saída 6 Arena


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6 3

5 2

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1

PAVIMENTO SUPERIOR

PAVIMENTO TÉRREO a 200m


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Apás. Povo: Kayabi. Origem: Parque Indígena do Xingu – Mato Grosso. Fonte: Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa


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referências CURY, Marília Xavier (Org.). Museus e indígenas: saberes e ética, novos paradigmas em debate. São Paulo: Secretaria de Cultura, 2016. (Coleção Museu Aberto) FRANCISCO, Severino. Memorial dos Povos Indígenas: maloca moderna. 2ª ed. Brasília: ITS, 2011.


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