Revista Sindicomerciários

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ComerCiários sindicato dos Empregados no Comércio de Campos

EDIÇÃO ESPECIAL Agosto 2014 | Ano 1 | Nº 1

120 anos

Uma história de lutas e vitórias Nesta Edição:

Palavra do Presidente Um Pouco de História Curiosidades Campistas Espaço Cultural dos Comerciários Homenagens Patrimônio Cultural de Campos Parque Esportivo Ricardo Pessanha NO ANO 120, O SINDCOMERCIÁRIOS ALERTA A CATEGORIA PARA OS SEUS DIREITOS INSERIDOS NAS CLÁUSULAS DA CONVENÇÃO COLETIVA DO TRABALHO. – SINDICATO SEMPRE ÀS ORDENS!


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EXPEDIEnTE

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ComerCiários

PALAVrA DO

PresiDeNTe

diretOriA Presidente: Ronaldo Nascimento secretário geral: Paulo Roberto Alves secretário de finanças: Danilo Ribeiro G. Filho secretário de Comunicação: Carlos Américo Galaxe secretário de Política sindical: Ronaldo Ribeiro Crisóstomo secretário de Cultura, esporte e Lazer: Ronei da Penha Silva secretário de relações do trabalho e Previdência social: Décio Jorge Teixeira Campos secretário de Patrimônio: Cláudia Márcio Gomes diretor de Patrimônio: Epaminondas Manhães diretor de base: Fernando Ribeiro Jornalista responsável: Herbson Freitas (Reg. Prof. nº 78.169/126ª -MT-DRT-RJ) diagramação: Enockes Cavalar kanox10@gmail.com Confecção gráfica: GRAFBAND Gráfica e Editora Tel.: (28) 3526-2750 Cachoeiro do Itapemerim-ES tiragem: 3000 exemplares (Distribuição Gratuita e Dirigida.) sindiCAtO dOs emPregAdOs nO COmÉrCiO de CAmPOs rua 21 de Abril, 250 2º e 3º andores – Centro tels.: (22) 2733-0488 e 2722-3384 CAmPOs dOs gOYtACAZes-rJ

Apresentação C

ento e vinte anos não é uma data qualquer. São 120 de anos de lutas e glórias. Poucos sindicatos, no Brasil, chegaram aos 120 anos de existência. Como festejamos o nosso centenário, decidimos, também, festejar mais vinte anos em favor dos comerciários campistas, categoria que merece e que muito tem contribuído para isso. E para marcar a data de nossa fundação, 26 de agosto de 1894, vamos realizar um ano de comemorações, culminando a programação com as festividades do “Dia do Comerciário”, sempre realizada na segunda-feira da 3ª semana de outubro, portanto, no dia 20 de outubro próximo.

Q

ueremos ressaltar nesta data histórica, afinal, 120 anos não são 120 dias, mas sim um século e duas décadas, a visão dos colegas que já naquela época pensaram em uma entidade que fosse capaz de defender o interesse daqueles que passavam o dia atrás de um balcão. Como bem disse, Múcio da Paixão, em um de seus muitos artigos: “Emprestei minha rombuda pena para assessorar os jovens caixeiros idealistas na luta pela fundação de uma entidade de defesa de seus interesse”. E isto aconteceu na tarde de domingo, 26 de agosto de 1894, no clube Macarroni. Esta entidade, que neste tempo todo funcionou sem nenhuma interrupção, vem lutando com dificuldades na defesa dos antigos caixeiros, balconistas, empregados no comércio, com inúmeras funções, e hoje comerciários, graças à regulamentação como categoria, que só se deu em função da Lei nº 12790 de 14 de março de 2013, defesa esta de problemas já existentes naquela época; como, por exemplo, a estafante jornada de trabalho, que em pleno Século XXI, ainda existem empresas que não respeitam o direito à jornada prevista em lei. Incorporando esta causa, que foi uma das bandeiras para a criação da entidade sindical, temos ainda lutas por salário, outras condições adequadas de trabalho, sem poder deixar de lado problemas que estão presentes na atualidade , como melhores salários, melhores condições de transporte e moradia, vários tipos de assédio, assuntos que temos que lutar contra eles, já que nosso objetivo é chegar a um “trabalho decente”.

O dia a dia de trabalho de uma entidade de trabalhadores que realmente tem compromisso com seus representados, é exercido com muita dificuldade, pois lutamos contra os mais diferentes interesses, não precisando nem lembrar que do outro lado está o poder econômico. Nesta oportunidade, não podemos deixar de expressar nossa preocupação com o futuro do movimento sindical brasileiro, uma vez que nosso modelo é considerado um dos melhores do mundo, senão o melhor, o que provoca reação daqueles que não querem um instrumento eficaz de luta à disposição dos trabalhadores. Nossa estrutura montada no conceito de categorias profissionais com unicidade sindical e sistema confederativo, tem sido por demais eficiente na resistência dos trabalhadores, pela manutenção de seus direitos e lutas por novas conquistas; porém temos enfrentado inúmeras tentativas de reforma sindical e com a ideia da implantação do pluralismo, que no mínimo não asseguraria a administração e o comando das entidades aos respectivos membros de uma categoria profissional, mas até mesmo a introdução de pessoas estranhas aos interesses afins. Esperamos que qualquer tipo de mudanças futuras na nossa estrutura, não venha nos prejudicar, e que daqui a 100 ou 120 anos continuem os sindicatos na luta firme, sem arredar um milímetro dos interesses de quem mais precisa que são os trabalhadores.

Inicialmente, a diretoria do SECC decidiu começar com uma Exposição no hall de entrada do nosso prédio-sede, já em funcionamento, mostrando algumas coisas sobre a nossa vida, mais precisamente sobre as nossas atividades, que não são poucas. E, paralelamente, a edição da “Revista dos 120 Anos do SECC”. Trata-se de uma publicação moderna, inclusive no formato, em papel couchê, colorida, cujo desing é usado por muitas federações e confederações; como, por exemplo, pela FECERJ-ES e pela CNTC, com o objetivo de marcar as comemorações dos 120 anos da nossa entidade e registrar um pouco da nossa longa história e

inúmeras atividades e batalhas em defesa dos comerciários. De parabéns, portanto, os comerciários campistas, principalmente os nossos associados, porque a festa não é propriamente nossa, é dessa heróica classe de empregados no comércio de Campos, que servimos, com satisfação, há mais de um século. A comemoração é de todos: diretores, sindicalistas, comerciários, comerciantes e dos campistas. Curtam à vontade o Ano dos 120 do SECC!

RONALDO NASCIMENTO Presidente

A Direção.


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Um pouco de nossa história A

ntes da fundação do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campos, também conhecido pela designação de Sindicato dos Comerciários de Campos, no dia 26 de agosto de 1894, houve uma outra tentativa de fundar uma entidade em defesa da categoria, em 1888, que não durou muito tempo. Mas outro esforço ocorreu e foi coroado de êxito. No entanto, a fundação que vingou e foi – e o é – considerada como autêntica é a do atual Sindicato dos Empregados no Comércio de Campos, antes associação, graças aos esforços de ilustres figuras do passado, como Américo Ney, Múcio da Paixão, Pinto Bravo, Domingos José de Faria, Manoel Medeiros, Lubélio Pinto Carneiro,

Vicente Gonçalves Dias e Francisco Fernandes Guimarães. Também fizeram parte da luta pela fundação dessa importante entidade os senhores Francisco Riscado, Leovigildo Leal, Antônio Dias de Castro Azevedo e Hemor H. Pessanha, que muito se empenharam na organização dessa entidade sólida, próspera e que, no dizer do historiador Horácio Sousa, é “honra da classe, glória da cidade”. De lá pra cá, o Sindcomerciários só tem crescido e progredido. De um simples prédio de esquina a um amplo edifício de três andares, com serviço médico-odontológico, jurídico, biblioteca, salão de festas, em reforma para melhor atender aos seus associados, salas para presidência, secretaria, tesouraria

e de assinatura de acordos, independentemente de recepção e, breve, de um hall para exposição de trabalhos literários e artísticos. O Sindcomerciários, que marcou época com a realização de grandes acontecimentos sociais e sindicais em sua sede, independentemente de sua atuação sindical, promete, em tempo recorde, realizar promoções de alto nível em suas novas dependências. E a prova de seus avanços podem ser vistos no Parque Esportivo, com campo de futebol, vôlei e playground, na Rua Manoel Landim, 1000, no antigo Parque Turfe Clube. O Sindicato dos Comerciários de Campos tem história, e muita história, que, infelizmente, não cabe numa revista ou num simples resumo. As lutas foram muitas e os

nomes dos lutadores muito mais. O editor desta revista tem lembrança de acontecimentos memoráveis e de embates que marcaram a história da entidade. E de nomes que, na medida do possível, deram prosseguimento de alguma forma a longa vida do sindicato. Lembremos dos mais recentes, entre muitos, de Onofre Sant’Ana de Oliveira, Pedro Wagner, Jorge Rocha Filho, Ricardo Pessanha e Ronaldo Nascimento. Infelizmente, Onofre, Ricardo e Jorge, não estão mais entre nós. Naturalmente, se existe outra vida, estão lá no Alto, ‘combatendo o bom combate’. Hoje, a atual diretoria, presidida por Ronaldo Nascimento procura, da melhor forma que pode, dar continuidade aos projetos dos antecessores e fazer muito mais.

Diretores e funcionários da atual administração do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campos, comemorando os 120 anos da entidade.

A programação dos 120 anos A

direção do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campos decidiu, ao invés de um dia, um ano de comemorações pela passagem dos 120 anos de fundação da entidade. Independentemente da mostra exposta na entrada do sindicato e da publicação desta revista, durante o ano de 2014, serão realizadas muitas festividades, que

irão até o “Dia do Comerciário”, data das mais significativas para a classe, quando o sindicato pretende festejar à altura, inclusive com o sorteio de valiosos prêmios, como ocorreu no ano passado. O Sindicato dos Comerciários tem uma tradição de eventos e de lutas trabalhistas. No campo social, foram muitos - e possivelmente ainda serão - os acon-

tecimentos festivos em sua sede, como noites dançantes e bailes carnavalescos; debates; palestras; independentemente de reuniões festivas e de trabalho de outras entidades. O Sindcomerciários é, sem dúvida, uma tradição de bem servir a todos que o procuram, sendo um dos mais antigos - senão o mais antigo - e com um respeitável quadro de associados.

Na programação, praticamente elaborada, dependendo de alguns acertos, deverá constar uma sessão solene, com a inauguração do novo salão de festas; palestras; torneios no Parque de Esportes e Lazer Ricardo Ferreira Pessanha e sorteio de prêmios, no “Dia do Comerciário”, entre outras comemorações, porque o ano é dos comerciários.


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O Protesto

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JOSÉ de Campos (*)

“P

rotesto, sim! Violência, não!”. Seria o slogan ideal. Sou, infelizmente, a favor dos protestos, das marchas, todas essas manifestações sendo pacíficas, mas pacíficas. Infelizmente, porque nunca os mandatários quiseram ouvir o povo (aliás, só nos períodos eleitorais), o instrumento mais acertado foi esse de gritar, lutar em defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores. As reivindicações são geralmente justas e necessárias. E, ao que tudo indica, está dando certo ou deu certo, em parte. O povo acordou e, consequentemente, o Brasil despertou do “berço esplêndido”, e alguns resultados têm sido satisfatórios. As Centrais Sindicais e os Movimentos Sociais estão prometendo, independentemente das lutas atuais, avançar muito mais em favor das classes trabalhadoras do Brasil. Estão lutando por melhorias na saúde, educação, transporte público, segurança e moradia (decentes e ao alcance dos menos favorecidos), entre outras. No entanto, existem certos aspectos nas manifestações que ainda não entendemos; como, por exemplo, nos Movimentos Populares, a existência de líderes, de “cabeças”. Os jornais noticiaram há alguns meses que a presidenta Dilma recebeu em audiência os líderes. Mas que líderes? Líderes de milhões? Da espontaneidade do povo? Outros pontos que também

não compreendemos bem: a présença de partidos políticos. Não seria melhor que eles ficassem calados? E a presença dos gays? Que querem eles mais?! É comum vermos a bandeira arco-íris dos movimentos homossexuais tremulando nos paus... ou mastros, nas ruas. Qual é a reivindicação deles, agora? Realmente não dá para entender certas coisas. Mas se todos reivindicam alguma coisa, vamos também reivindicar, além de realizações, cidadania e valorização do trabalho, que são as propostas maiores dos sindicalistas, entre outras soluções. E as reivindicações não param por aí. Os sindicalistas

querem ainda distribuição de renda e justiça social. No momento em que essa luta está sendo desenvolvida, principalmente objetivando um Brasil mais justo e igualitário, com a valorização da classe trabalhadora e defesa da democracia, todos desejam que essas iniciativas democráticas, levadas a efeito em boa hora, não permitam a infiltração de vândalos e aproveitadores, inclusive políticos oportunistas. Denunciem os maus brasileiros! Aos que escolheram ser políticos e que ocupam o “mando” eleito pelo povo, nós, brasileiros, desejamos que eles façam sempre alguma coisa boa e útil pelo

Umas & Outras Câmara A Câmara Federal acaba de instalar a subcomissão da Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania para discutir projetos de interesse da classe trabalhadora. São cerca de 180 projetos esperando votação na Comissão, a maioria deles de forma conclusiva. Espera-se que a conclusão desses projetos seja rápida. Campanha Sindicatos de todo o país se movimentam em campanhas no sentido de combater a jornada de trabalho exaustiva sem intervalo para descanso, porque ela é comparada a serviço escravo. É bom lembrar que alguns tribunais de trabalho do país já usam,

sem problemas, o conceito de trabalho escravo baseado no Artigo 149 do Código Penal para definir como crime situações corriqueiras em algumas empresas, como a imposição da jornada exaustiva. Cuidado, minha gente! Omissão O comerciário de modo geral precisa se conscientizar cada vez mais da importância de ser sindicalizado e, independentemente disso, ser participativo; mantendo, sempre que possível, contato direto com a sua entidade. Não seja omisso, fique por dentro das atividades sindicais. Sempre que puder faça uma visita ao seu sindicato e fale com os seus di-

retores e funcionários. Às vezes, alguma boa notícia pode beneficiá-lo. Quem fica por dentro das atividades sindicais, nunca perde tempo nem dorme no ponto... Comemoração Estamos comemorando desde o mês de julho último os 20 anos do Plano Real. Há 20 anos o Brasil vivia um momento de expectativa que mudou a economia brasileira. Em 1º de julho de 1994 entrava em vigor o real, moeda que pôs fim à hiperinflação que assolou a população brasileira nos 15 anos anteriores. A moeda era até - e chegou acontecer - para igualar ao dólar. No entanto, será que ela continua tão forte assim? (HF).

Brasil, em especial pelos estados e municípios, para entrarem para boa história brasileira, e para satisfação dos nossos sindicalistas. E agora, por fim, aproveitando o espaço, vem à tona, o caso dos médicos estrangeiros. A solução é simples: mais verba para a saúde, com equipamentos modernos, medicamentos e a valorização do médico brasileiro, com salários dignos. Os comerciários são pacíficos, sem dúvida, mas estão alertas por um país melhor, mais justo, e uma Campos dos Goytacazes que seja realmente “espelho do Brasil”. * Colaborador.


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Papa Francisco tem razão: domingo é dia de descanso O

Papa Francisco, em recente pronunciamento, declarou que o domingo não é dia de trabalho, acrescentando que o homem está abandonando a tradicional prática cristã de não trabalhar aos domingos. Mais adiante, o pontífice prosseguiu dizendo que isso tem um impacto negativo na família e nas amizades. O Chefe da Igreja Católica tem razão. Infelizmente ainda existem firmas comerciais que insistem nessa prática. Algumas até tentam funcionar nos domingos e feriados, sem cumprir com suas obrigações trabalhistas. Esse funcionamento nunca deu certo. Houve um tempo que alguns comerciantes, fora daqueles tradicionais que já funcionam aos domingos, tentarem abrir as suas portas aos domingos, mas o resultado foi negativo. Na realidade, falou mais alto a tradição, o direito a uma folga semanal. Alguns tentaram também, independentemente dos supermercados, funcionar até às 18:00 horas nos dias de sábado. No entanto, essa iniciativa também foi frustrada em nome da tradição, do hábito de fechar às 12:00 horas no último dia da semana. Com as declarações do Papa Francisco, fica bem claro que não é certo trabalhar aos domingos, inclusive

os estabelecimentos comerciais que já funcionam nesses dias de descanso. O Papa Francisco finalizou o seu pronunciamento reafirman-

do que o trabalho aos domingos não é benéfico para a sociedade. “Desperdicem tempo com as crianças”, acrescentou. E mais, finalizou dirigindo-se a todos os

irmãos, com as seguintes palavras: “passar os domingos com a família e os amigos é um “código ético” tanto para fiéis como para os que não creem”.

Aos Comerciários e Dependentes: Informamos à classe que o Sindicato dos Comerciários, pensando em desenvolver o gosto pela leitura e pesquisa, interagindo os comerciários, está reorganizando a sua Biblioteca. São livros, jornais, literatura e livros infantis, para levá-los ao mundo mágico do saber. A leitura é o princípio básico, indispensável à aprendizagem em todos os níveis de escolaridade. A participação dos comerciários e de seus familiares é a compensação do esforço da diretoria do sindicato. Aberta diariamente de segunda a sexta-feira

SINDICATO DOS EMPREGADOS NO COMÉRCIO DE CAMPOS Sede Própria – Tel.: (22) 2733-0488 – Telefax: (22) 2722-3384 Rua 21 de Abril, 250 – 2º andar – CENTRO


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Um minuto de silêncio A

classe dos comerciários e dos sindicalistas campistas per-deu, nos últimos tempos, dois importantes batalhadores: Ricardo Pessanha e Jorge Rocha Filho, dois ex-presidentes desta Casa, amigos e guerreiros pelas nossas causas, e, por extensão, dos trabalhadores Ricardo, independentemente de atuar no comércio, no sindicalismo e ser presidente, inclusive no cargo quando morreu, foi um excelente ator e diretor de teatro amador, tendo representado até no Rio de Janeiro. Jorge Rocha, também foi presidente, teve longa atuação no

comércio campista, considerado um lutador. Quando faleceu, ocupava a secretaria geral da entidade, com eficiência e freqüência. Nas comemorações dos 120 anos deste sindicato, não poderíamos deixar de fazer um minuto de silêncio ou de saudade, homenageando in memoriam dois inesquecíveis companheiros de lutas, através desta sincera nota de redação. Aqui fica registrada a nossa imorredoura saudade e a certeza de que eles estão no Reino dos Céus, por terem sido, na terra, homens de bem.

Saudosos diretores Ricardo Ferreira Pessanha e Jorge Rocha Filho.

Você quer saber? Saiba: O Sindcomerciários possui uma excelente Biblioteca, às ordens de seu quadro social. Se você quer passar alguns momentos de lazer, agradáveis, aprimorando os seus conhecimentos, lendo alguma publicação de interesse, procure a biblioteca da Casa e fale com o diretor Carlos Américo Galaxe. A leitura não ocupa lugar e pode ser muito útil em sua vida. Saiba: Os órgãos de saúde do trabalhador estão advertindo que a má qualidade do ar no ambiente de trabalho pode prejudicar a saúde daqueles que estiverem trabalhando. Se você, por acaso, trabalha num local dessa natureza, procure conversar com o seu patrão a respeito. No momento, em pleno inverno, o número de casos de alergia aumenta e precisa ser tratado logo, evitando futuramente um mal maior. Saiba: Nas estradas existem

Saiba: Na foto ao lado está a primeira sede do sindicato, há 120 anos atrás, quando ainda não se pensava no majestoso edifício que hoje abriga os comerciários campistas. Saiba: Na desenho ao lado, um dos fundadores do sindicato: Manuel Mucio da Paixão Soares, professor e escritor dos mais ilustres da nossa terra.

sinalizações dizendo: “Na dúvida, não ultrapasse”. Pense nisso e se você, caro leitor, tem algum problema trabalhista, vá ao seu sindicato e receba do setor competente a orientação que você precisa. O Sindicato é a sua defesa contra os maus comerciantes. Saiba: A freqüência é importantíssima. Nos dias de folga ou nos dias de domingo, passe horas agradáveis no Parque Esportivo do sindicato, onde tudo é festa, prazer e saúde. Prestigie, amigo comerciário, o seu Sindicato e faça mais uso de tudo que o parque oferece. Saiba: Se você, caro comerciário, acha que está sendo explorado, trabalhando fora de hora, ganhando menos de um salário, não perca a cabeça, procure o seu sindicato, onde você será bem recebido e, por certo, essas questões serão resolvidas.


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Curiosidades Campistas * Há 60 anos atrás, mais ou menos, existiam na Praça do SS. Salvador, duas árvores pau-brasil e gigantescas palmeiras e pinheiros, que, nas urbanizações municipais, foram cortadas. Uma das árvores pau-brasil, em frente à Catedral Diocesana, caiu com um temporal, numa tarde de domingo. A praça era florida e as árvores serviam de refúgio para os poetas boêmios, como Gastão Machado, Gumercindo Freitas, Godofredo Nascentes Tinoco, Pedro Manhães, Pedro Paulo Caputti, Álano Barcelos, Raymundo J. de Araújo (baiano) e muitos outros.

* Recordar é viver. Campos é uma terra de grandes tradições. Ainda existem muitos prédios antigos, assim como velhos caixeiros, como se dizia antigamente. O Sindicato dos Comerciários de Campos, com 120 anos, tem história, muita história, que, infelizmente, só em livro para contar. Pertenceu ao Conselho Sindical de Campos, extinto em 64; sempre lutou por melhores salários para a categoria; festejou condignamente os seus 100 anos, e, agora, 120 anos. Nunca deixou de apoiar, dentro de suas possibilidades os co-irmãos. Uma das memoráveis assembleias que o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas da Radiodifusão e Televisão de Campos (Sindicato dos Radialistas de Campos) realizou, foi na sede do Sindcomerciários, antes de 64, com o salão nobre superlotado, numa de suas

mais importantes campanhas salariais. Os radialistas receberam, na ocasião, os conhecidos profissionais Hemílcio José Fróes e Antônio Teixeira Filho, diretores da Federação Nacional dos Radialistas. Hemílcio era também ator e A. Teixeira Filho novelista. * Campos já teve, tem muitas e poderá ter muito mais, diversas entidades profissionais e sociais, como, por exemplo, no passado, entre muitas, a União dos Homens de Cor do Brasil - Seção de Campos, União Brasileira de Escritores - Seção de Campos, Associação Brasileira de Asmáticos, Clube de Oratória de Campos, Clube de Poesia de Campos, Centro Campista de Letras e Artes, Academia Pan-Americana de Cultura (paralisada temporariamente), Associação dos Cronistas Carnavalescos de Campos, Instituto Campista de Letras e Artes, Centro Frederico Herrmann Júnior de Estudos Sociais e Ciências e Confraria do Calçadão, no Largo da Imprensa (Av. 7 de Setembro), além de rinhas de galos e canários (atualmente proibidas), e tantas e tantas outras entidades.

* Nos anos 60, funcionou no Largo da Imprensa, no Calçadão da Avenida 7 de Setembro, a Confraria do Calçadão. Um grupo de jornalistas, comerciantes, comerciários, aposentados e alguns desocupados, fundou a Confraria do Calçadão, para se divertir e divertir os frequentadores e populares que transitassem por ali. A Confraria marcou época. Era uma entidade organizada e de prestígio, que foi “engolida” pelo tempo e pelas mudanças administrativas do município. A Confraria recebeu, durante o seu funcionamento, visitas ilustres, dentre elas, os cantores Carlos Galhardo e Roberto Silva, que cantaram, de graça, para os confrades e presentes. Os jornalistas Barbosa Lima Sobrinho e Raimundo Magalhães Júnior também estiveram no Largo, em 1979. E mais: uma mini-torre de petróleo, em homenagem à descoberta do ouro negro, no nosso litoral, e misteriosamente desaparecida, foi inaugurada com a presença do ilustre senador Nelson Carneiro, a quem devemos essa riqueza. Foto: Jayme Siqueira

* O campista José Carlos do Patrocínio, que daqui saiu jovem para estudar no Rio de Janeiro, será alvo de significativa homenagem pelos seus 160 de nascimento, no próximo mês de outubro, quando serão comemorados os 160 anos de seu nascimento. O abolicionista voltou a pisar o solo campista em 1885, sendo recebido festivamente e aqui proferiu, no Teatro São Salvador, na Rua 13 de Maio, hoje extinto, duas conferências, em dias alternados, sobre a Abolição da Escravatura. Patrocínio passou cinco dias na cidade. * Quem não sabe vai ficar sabendo que bicicletas, carroças de burro, carregadores e engraxates eram obrigados a pagar licença à Prefeitura para eles poderem utilizar os seus veículos e exercerem a sua profissão tranquilamente. Todos eles, após o pagamento da licença, eram emplacados. Uma placa cor de tijolo ou abóbora, com o nome da cidade, estado, numeração e a profissão de cada um deles, com exceção dos ciclistas. Essa obrigatoriedade acabou na década de 60.

* Em 1918, como era comum, foi realizado, na casa da família Muylaert, tradicional em nossa cidade, um sarau poético (atualmente existe mensalmente o Café Literário, no Museu Histórico de Campos). Naquela ocasião, com a participação de conhecidas figuras da intelectualidade campista, dentre elas, os saudosos poetas João Antunes de Freitas e Inácio de Moura. Era convidado especial o famoso poeta Fagundes Varela (Luís Nicolau Fagundes Varela), inspirado autor de “O Evangelho da Selva”. O sarau foi organizado pelo jornalista Patrício Menezes, fundador do jornal “O Amigo do Povo”, e contou ainda com a honrosa participação do escritor Múcio da Paixão, um dos fundadores do Sindicato dos Comerciários.


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hUMOR

Desbravadores no desfile de 7 de Setembro, tradicional na cidade.

Feriados em Campos N O Brasil, feliz ou infelizmente, é o país dos feriados. E Campos dos Goytacazes não fica atrás. Às vezes até, por incrível que pareça, surgem novas datas comemorativas. Se por um lado é bom, por outro deixa a desejar. Nos feriados, há descanso, passeios e divertimentos; mas geralmente prejudicam o comércio e, este, muitas das vezes, funcionam nos feriados; sem, com tudo, pagar o que é devido aos seus empregados. Mas isso é outra história. Abaixo, para os que não sabem ou para controle pessoal, relacionamos os feriados existentes, baseados em informações de fontes oficiais, esclarecendo que poderão surgir novos feriados, oriundos de acordos. Segundo se anuncia, a data de 14 de agosto do próximo ano, poderá ser feriado municipal, dedicado ao “Dia da Família Campista”, por sugestão do bispo diocesano Dom Roberto Francisco Ferrería Paes.

Atualmente, os feriados são os seguintes: Municipais: Santo Amaro (15 de janeiro), “Dia de Campos” (28 de março – Indefinido), São Jorge (23 de abril – Lei estadual), Corpus Christi (Data móvel), Santíssimo Salvador (06 de agosto), “Dia do Comerciário” (Segunda-feira da 3ª semana de outubro), “Dia do Funcionário Público” (28 de outubro - Ponto facultativo), “Dia da Consciência Negra” (20 de novembro) e Nª Sª da Conceição (08 de dezembro). Agora, os feriados Nacionais: “Dia de Ano” (1º de janeiro - Móvel), Carnaval (Móvel), Inconfidência Mineira (21 de Abril), Sexta-Feira da Paixão (Móvel), “Dia do Trabalho” (1º de Maio), “Dia da Pátria” (07 de Setembro), “Dia da Criança” e de Nª Sª Aparecida (12 de outubro), “Dia de Finados” (02 de novembro), “Dia da Proclamação da República” (15 de novembro) e “Dia de Natal” (25 de dezembro).

Uma senhora entra num armarinho local e pergunta ao balconista: - O senhor tem botão amarelo ou verde? O balconista responde: - Sim, minha senhora! E ela prossegue: - O senhor tem linha azul ou vermelha? - Sim, minha senhora! E o balconista desce quase todo o estoque da casa. Não se interessando por nada, o funcionário da loja pergunta: - Afinal, na realidade, o que deseja a senhora? Responde a chata senhora: - Nada. Eu só queria saber se tinha tudo isso. Na verdade, eu queria era apenas um alfinete para prender a minha blusa.

Alguns locutores, às vezes, querendo improvisar, para agradar, dizem cada uma... Certa vez, um conhecido operador de rádio, “quebrando o galho” como locutor e querendo “fazer média” com o patrocinador do programa, um fabricante de colchões, soltou a seguinte preciosidade: “Este programa tem o patrocínio dos Colchões....... Durma bem, com os Colchões....... e tenha um sono eterno... ao invés de tranquilo.

No dia do sepultamento do presidenciável Eduardo CAMPOS, vítima de recente e lamentável acidente aéreo, os gozadores campistas de plantão, fizeram circular pelo comércio a seguinte frase: - Que pena... agora realmente não tem mais jeito: enterraram CAMPOS...

Há alguns anos atrás, no Mercado Municipal, um balconista esperto de uma loja de confecções, vendeu um terno fora de medida para um freguês do interior. Caiu um temporal e o dito cujo freguês tomou um “banho” e o terno encolheu, pois já era pequeno e o tecido de qualidade inferior. O freguês em apreço, revoltado, no dia seguinte, procurou o vendedor e reclamou do ocorrido. O freguês era matuto e o vendedor muito sagaz. Conclusão: o vendedor conseguiu convencer o velho caipira de que ele havia crescido. E tudo ficou como no dito popular: “tudo como dantes no quartel de Abrantes”.

Nova Sala Vip de reuniões e de espera para os atendimentos médicos e odontológicos do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campos, recentemente inaugurada, para melhor atender ao seu quadro social. A referida sala foi dotada de modernos móveis rústicos, que vem recebendo inúmeros elogios por parte de comerciários e visitantes. O Sindcomerciários acha-se em rítmo de melhoramentos.


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Espaço Cultural dos Comerciários U

ma diretoria que trabalha oferece aos seu quadro de associados o máximo em serviços. Da assistência jurídica e do tratamento médico-odontológico ao lazer, além de cultura e oportunidades profissionais, através de cursos e palestras. Dessa forma, com esse pensamento, o Sindcomerciários deverá dar prosseguimento em breve ao projeto do Espaço Cultural dos Comerciários, na residência adquirida pelo sindicato, situada na Rua Marechal Deodoro, 54, já em fase de estudos para as devidas adaptações. DEBATES O sindicato deverá, também, dar início, em breve, a um Ciclo de Debates, abordando importantes assuntos do interesse da classe,

ministrado por especialistas nas matérias. O ciclo, que será realizado na sede da entidade, irá abordar te-

homenagens

N

esta revista, edição comemorativa dos 120 anos do Sindicato dos Empregados no Comércio de Campos, que vai ser distribuída gratuitamente no comércio da cidade, prestamos em outra página duas lembranças inesquecíveis: Ricardo Pessanha e Jorge Rocha Filho, hoje ao lado do Altíssimo. Na terra de muitas tradições, de firmas e prédios antigos, dos muitos que conhecemos, destacamos quaro nomes que merecem os nossos aplausos e as nossas homenagens, pela antiguidade e pelo inestimável trabalho prestado ao comércio campista. Todos eles aposentados. A revista homenageia os comerciários citados como eles são conhecidos e queridos, ainda trabalhando nas firmas abaixo: Carlos Américo (Ao Livro Verde), José Maria (Livraria Noblesse), “Seu” Francisco e Andretti (DIL). Essa modesta homenagem é dirigida a todos os comerciários nessas condições, que a fazemos estendendo a todos que existem em condições semelhantes e que não tiveram oportunidade de serem relacionados. ESPECIAL A direção do Sindcomerciários não poderia deixar de homenagear todos os seus funcionários e, em particular, a sua equipe

médica, odontológica e jurídica, destacando um nome dos mais ilustres da medicina em Campos, que atua com eficiência na nossa entidade. Trata-se do dr. Abram Wendrownik, conceituado médico a quem muito devemos.

A editoria da revista, neste espaço de homenagens, cumprimenta o presidente Ronaldo Nascimento, que comemorou 100 anos do Sindcomerciários, e, agora os 120 anos, o que prova a autêncica liderança do presidente e de seus companheiros de diretoria. Dr. Abram Wendrownik, 86 anos de idade e 52 de medicina, é, sem sombra de dúvida, um dos mais antigos e conceituados médicos em atividade em Campos. Nasceu em São Paulo e adotou como sua a terra campista. Há anos, no sindicato, atende diariamente, em dois turnos, exceto às terças-feiras, com cordialidade e eficiência.

mas relacionados com medicina do trabalho, segurança, direitos trabalhistas e seguridade. Para isso, o salão nobre da Rua

21 de Abril está sendo reformado para atender essa e outras iniciativas da competência de uma entidade dessa natureza.


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José Carlos do Patrocín HERBSON Freitas (*)

| 1853 V 1905 |

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empre fui um grande admirador de alguns dos grandes vultos nacionais, particularmente de três nomes que considero gênios, cada um deles em suas atividades bem adversas - em parte - uma da outra, mas com objetivos quase idênticos, isto é, em defesa de uma pátria livre e melhor. José Carlos do Patrocínio, o jornalista, Antônio de Castro Alves, o poeta, e Luís Filipe de Saldanha da Gama, o militar, são três figuras admiráveis da nossa História, dignas de todos os aplausos, pelas suas genialidades e, principalmente, pelas lutas que empreenderam. Patrocínio e Saldanha, inesquecíveis filhos da doce terra do açúcar e do forte ouro negro. Com relação ao poeta baiano e aos outros, posso destacar - e provar -, quanto os admiro, como disse no parágrafo inicial. Encantado poeticamente pelo poeta Castro Alves, fundei o Conjunto Teatral Castro Alves, em l955, que, infelizmente, durou pouco tempo. Foram realizadas algumas apresentações artísticas e poéticas pela cidade, com a participação de conhecidos amadores teatrais campistas, destacando-se a poesia libertária do genial poeta da Abolição dos Escravos. Castro Alves foi, em síntese, no dizer do escritor francês Alfredo de Vigny (1797-1803): “Que pena! O poeta que veio tão tarde, em um mundo tão velho”. Castro Alves, estudante, recémchegado ao Rio de Janeiro, foi considerado uma das “maiores expressões poéticas de todos os tempos” por Machado de Assis e José de Alencar. Antes de José Carlos do Patrocínio, destaco, em poucas linhas, o almirante Luís Filipe de Saldanha da Gama, o nosso almirante, outro vulto da maior importância histórica brasileira, nascido nos verdes campos da terra goitacá. Foi, sem sombra de dúvida, uma figura notável da Marinha e da História Brasileiras. Saldanha da Gama era considerado um militar exemplar, orgulho da Marinha do Brasil. Na opinião de Luís Murat, “foi o

A hora e a vez do gênio “Otelo” Partindo do conceito de genialidade, surge realmente o mais genial de todos eles – José Carlos do Patrocínio, que realmente foi um bicho – um Tigre – o “Tigre da Abolição da Escravatura” no Brasil. E que, independentemente de sua atuação em favor dos escravos, foi jornalista, escritor, orador, acadêmico, inventor e muitas outras coisas mais. Desnecessário dizer que José do Patrocínio nasceu em Campos, que era filho de uma quitandeira com um vigário, que morou no centro da cidade e foi para o Rio de Janeiro estudar farmácia e, revoltado com a escravidão no Brasil, tornou-se um dos maiores – senão o maior – defensor dos negros sofredores. Patrocínio é conhecido e admirado como abolicionista, mas pouco conhecido como jornalista, escritor, poeta, inventor e até automobilista. Era também boêmio. Com Olavo Bilac e Coelho Neto, dois de seus melhores amigos, frequentou inúmeras vezes os cafés da boemia carioca, destacando a Confeitaria Colombo.

Patrocínio Jornalista

espírito mais culto, a inteligência mais sedutora, a educação mais fina, mais lapidada, mais artística da nossa Marinha”. Saldanha foi de luta, foi de guerra, foi herói nacional. Uma cultura invulgar. Representou o Brasil em vários congressos mundiais, em face de sua cultura, pelo seu prestígio, fascínio e projeção no seio da Marinha. Um filho ilustre e genial da abençoada terra dos goitacases.

Homenageando Saldanha da Gama, publiquei, há algum tempo atrás, quando do anunciado traslado de seus restos mortais para o Panteão dos Heróis Campistas, no Palácio da Cultura, que não ocorreu por impedimento de descendentes, uma monografia intitulada “Saldanha da Gama, o nosso Almirante”, patrocinada pela PMCG, com uma tiragem recorde de 5.000 exemplares, já esgotados.

Como jornalista, não teve rival – e sempre defendendo a libertação dos escravos -, começou publicando o panfleto “Os Ferrões”, em seguida foi folhetinista da “Gazeta de Notícias” e redator da “Revista Ilustrada”, onde, segundo o escritor João Guimarães Rosa, em suas páginas, Patrocínio “esbraveja e acaricia, amaldiçoa e chora, ruge e abençoa. É catequista, é missionário, é apóstolo”. Mais tarde, Patrocínio, para ter mais espaço em defesa dos escravos e com a ajuda de seu sogro, compra a “Folha da Tarde”, mudando o título para “Ga-


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cínio, o Gênio Campista

“Gênio - Cidadão de altíssimo grau, ou o mais alto, de capacidade mental criadora, em qualquer sentido” – Aurélio Buarque de Holanda Ferreira.

zeta da Tarde”. Tempos depois, desliga-se da “Gazeta da Tarde” e funda o jornal “Cidade do Rio’, com os mesmos objetivos libertários. E lutando contra a escravidão no Brasil, mancha terrível existente no nosso país, e colaborando com a “Revista Ilustrada”, Patrocínio descuida-se de suas obrigações patronais e atrasa os salários dos gráficos de seu jornal, ocasionando a primeira greve gráfica no Brasil. Com a sua linguagem fluente e inteligente, conseguiu “dobrar” ou terminar a greve e fazer com que os trabalhadores fossem aumentados e ficassem sem receber por mais algum tempo.

Patrocínio Escritor Patrocínio, o escritor. Um romancista histórico. Quando em 1877 publicou o seu primeiro romance, “Mota Coqueiro”, ia completar vinte e quatro anos de idade. Escreveu-o, pois, aos vinte dois ou vinte e três anos. Na realidade, ele começou como escritor e logo em seguida passou a trabalhar na imprensa da época. “Mota Coqueiro” é uma de suas grandes obras, talvez a maior delas no campo literário. Sílvio Romero e Múcio Leão afirmam que “Patrocínio foi um dos primeiros no Brasil a trazer as questões sociais para o romance”. E mais: não romanceou um erro judiciário. O que ele trouxe para as páginas do livro foi a pena de morte utilizada legalmente para assassinar o adversário político. A magistratura do tempo do império, segundo consta, tinha duas primordiais características: a ignorância e a corrupção. Atribui-se, certo ou errado, que a influência decisiva do romance de Patrocínio, na abolição da pena de morte no Brasil, é histórico. Isto porque, o caso de Mota Coqueiro não foi erro de justiça, foi de assassinato político. Havia pena de morte. E a extinção da pena de morte no Brasil

Certidão de nascimento de Patrocínio

foi um processo que evolveu através de muitos anos até chegar à revogação da lei. Inúmeros erros foram cometidos. Lenda ou verdade, Patrocínio deu o primeiro grito de alerta em seu livro.

Patrocínio Orador Outra faceta de José Carlos do Patrocínio – a oratória. Foi um dos maiores oradores de sua época, apontado realmente como um “tigre”, só equiparado a Joaquim Nabuco, embora mais suave, mas também um dos grandes oradores de seu tempo. Joaquim Nabuco, pouco conhecido, foi uma voz dominante na remodelação ideológica necessária para se chegar à abolição da escravidão no país. Nabuco era um diplomata vibrante no falar. Sabia conquistar as platéias. Por outro lado, Patrocínio, o tribuno do povo, bem diferente de Nabuco, sob vários aspectos, fazia tremer as galerias. Antítese de Nabuco, a começar pelo físico. Nabuco era ereto, ligeiramente sorridente, lembrava um tipo inglês. Patrocínio era pequeno, atarracado, pançudo, de pernas curtas, e feio de cara, com os olhos esbugalhados, as narinas largas, e o prognatismo da raça,

segundo o escritor Wilson Martins, colaborador de “O Globo”. Patrocínio, falando em público, ficava como possesso do seu demônio familiar. Segundo Wilson Martins, convulsava-o o sacro furor de um oráculo em transe sobre a trípode. Ele encetava cada período com voz trêmula, um pouco guinchada; após duas ou três palavras, a voz crescia, arredondando-se, como a do sino brônzeo tangida pelo badalo, e crescia ele mesmo, nas pontas dos pés, com os braços abertos à guisa de asas, como querendo voar; e o final do período retumbava como um trovão através da turba, sacudindo os nervos de todos como uma descarga elétrica. Era um alucinado na oratória. Era adorado por todos e aplaudido de pé. Admirado, inclusive, por Vitor Hugo e outros intelectuais franceses, e pelos vultos ilustres brasileiros de sua geração. Patrocínio tinha sempre uma palavra, um pensamento, uma frase chave para os momentos de combate à escravidão: “O Brasil... que somos nós? Que somos nós? Somos um povo que ri, quando devia chorar”. Certa vez, estava ele cansado, desanimado, e provocado pelo amigo boêmio Paula Nei, diante do verbo impressionante de Silva Jardim, no episódio do Teatro Lucinda, Patrocínio, de repente, se inflama e responde ao

“Cala boca, negro!, provado por Paula Nei, com a histórica frase - “Deu-me Deus a cor de Otelo para que eu tivesse ciúmes de minha Pátria”. Shakespeare deve ter ficado orgulhoso da feliz imagem de Patrocínio. Otelo, da obra do famoso dramaturgo, era de raça moura e epiderme escura, adorava a esposa Desdêmona, de que tinha ciúmes infinitos e um enorme sofrimento por ela. Com a assinatura da Lei Áurea e a cena do agradecimento de Patrocínio à Princesa Isabel, ele cresceu ainda mais na admiração popular. Após o ato de libertação dos escravos, Patrocínio foi carregado pelo povo, que queria tudo dele, inclusive fios de sua barba. Foi forte, humilde e assim continuou, tendo recusado o título de “Barão da Redenção”.

Patrocínio Acadêmico Foi o nosso vulto apontado como um dos primeiros grandes abolicionistas brasileiros, cujas armas eram a pena e o verbo. Atuou, na imprensa, como jornalista e proprietário de jornais. Usou vários pseudônimos para se manter sempre atuante. Era conhecido e chamado carinhosamente pelos colegas como “Zé do Pato”. Patrocínio foi político (vereador por dois mandatos), professor (no final da vida), poeta (bissexto, incentivado por Olavo Bilac e Coelho Neto, seus grandes amigos), maçom (desconhece-se Ordem, loja e grau), sendo reconhecido como tal pela Maçonaria; escritor (de ideias e estilos avançados) e tradutor; um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e da primeira Sociedade de Proteção aos Animais (não contando algumas sociedades abolicionistas) e patrono de uma das cadeiras da Academia Campista de Letras, a qual honrosamente ocupo. A minha admiração por José Carlos do Patrocínio não é de hoje. E agora renasce com as


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Nosso José Carlos do Patrocínio também foi inventor

Patrocínio Poeta

Patrocínio realmente era um gênio. Um dos maiores vultos da terra campista. Independentemente de toda a sua luta, teve tempo para ser boêmio, trazer de uma viagem a Paris o primeiro automóvel de passageiros que o Rio de Janeiro conheceu, que se acabou num acidente ocorrido quando viajavam ele, Patrocínio, e o poeta Olavo Bilac, que estava na direção. Esse acidente foi registrado como o primeiro acidente automobilístico da história. O sentimento de civilidade e a ideia de progresso de Patrocínio não param aí. Quis resolver o problema da navegação aérea e construiu o balão “Santa Cruz”, que, infelizmente, não subiu, foi adquirido como sucata por um comerciante que comprava e vendia ferros e utensílios.

Patrocínio não foi só farmacêutico, profissão que exerceu pouco tempo, jornalista, escritor, orador, inventor e outras atividades mais. Patrocínio foi poeta. Como já foi mencionado antes, Patrocínio, incentivado pelos poetas Olavo Bilac e Coelho Neto, seus bons amigos, escreveu sonetos e poemas de excelente qualidade. “Zé do Pato”, como era carinhosamente conhecido nos meios jornalísticos, (que de pato não tinha nada, pelo contrário, era realmente um tigre), deixou uma considerável bagagem poética dos mais variados gêneros. O “Rimário Campista”, pequeno livro de sonetos, editado por Constant & Queiroz, em 193l, com 40 trabalhos de ilustres campistas, como Azevedo Cruz, Ignácio de Moura, Gastão Machado, Sílvio Fontoura, João Antunes de Freitas, meu pai, Obertal Chaves, Flamínio Caldas, Eloy Ornelas e tantos outros, publica, em sua primeira página, o soneto intitulado “O Século”, do genial Patrocínio:

O século próximas comemorações dos 160 de seu nascimento, em outubro vindouro. Em 13/ 10/1953, participei das comemorações dos cem anos de nascimento desse grande brasileiro, organizada pela FEC – Federação dos Estudantes de Campos. Na ocasião, fiz uma palestra na FEC sob o título “Características de um Abolicionista”, publicada no jornal “A Notícia”, edição de 07/10/1953. Nas comemorações do sesquicentenário, fiz uma palestra, na FAFIC, sob o tema “Patrocínio, o Jornalista”, na programação festiva elaborada pela ACL, palestra esta publicada numa das últimas edições do anuário “Almanaque de Campos”. Patrocínio, além de brilhante jornalista e tudo mais que já foi citado a seu respeito, deixou inacabados vários romances, entre os quais “Dendém”, de costumes brasileiros; traduziu para o nosso idioma “Guerra e Paz”, de Leon Tolstoi. Seu folhetim “Pedro Espanhol” surgiu, em livro, em 1884. Traduziu a comédia, em 03 atos, de Maurício Ordonneaux, “As Meninas Godin”, em 1885. No

ano anterior havia publicado a novela histórica “Os Retirantes”, cenas da seca no Ceará, resultado da crise no Nordeste, onde ficou horrorizado com a situação de miséria existente naquela região. Muito antes dessas obras, em 1877, seu folhetim histórico “Mota Coqueiro ou a Pena de Morte”, já citado, fez sucesso e relata fielmente o assassinato de Mota Coqueiro, famoso crime da época. Para celebrar o dia 25 de março de 1884, escreveu, em Paris, em 24 horas, “A libertação dos escravos da província do Ceará, do Brasil”, em homenagem à libertação dos escravos cearenses naquela data. O filho do vigário João Carlos Monteiro também lutou em prol da Proclamação da República. Tomou parte na insurreição de 1893 contra o marechal Floriano Peixoto, tendo sido desterrado para a Amazônia e seu jornal fechado, indo por terra, na ocasião, seus avançados sonhos de modernização empresarial do mesmo, mas nunca deixando de escrever.

Aparição de luz, em sombras de ruínas. O século quer luz, algemas despedaças... Vai buscar os teus reis no turbilhão das praças, Vai buscar teus heróis no pó das oficinas. Se às vezes inflamando as cóleras divinas Com a sombra de Thiers os tronos ameaças, Nas ruas de Paris desarma as populaças E deixa enferrujar o fio das guilhotinas. Quer encontrar na paz o mundo transformado, A família no amor, e na razão o Estado? Evangeliza o povo, estuda, pensa e crê. Se as velhas abusões ele abismou nas trevas, A ciência, novo deus, nos cérebros elevas Sob as constelações brilhantes do A B C.

Patrocínio realmente era um homem à frente do seu tempo, em todos os sentidos da vida. Nunca se esqueceu de sua terra natal. Aqui esteve em 1885, precisamente no dia 11 de março, permanecendo por quase uma semana, tendo os seus conterrâneos o recebido e o acompanhado com entusiástica manifestação de regozijo. O povo o ovacionou e o Clube Abolicionista, existente na naquele tempo em Campos, hospedou-o, e ele fez duas conferências, com a participação dos líderes campistas Carlos de Lacerda, Manoel Franco, Álvaro de Lacerda, Pedro Albertino e outros. As conferências foram realizadas no Teatro São Salvador. Temas: A Abolição da Escravatura e a defesa da raça negra. E em 1877, escreveu, num preito de saudade, o poema “Recordação de Campos”, que a crítica considera como uma das mais belas exaltações à terra campista:


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Recordação de Campos Eu era bem criança, nessa idade em que só temos n´alma a luz da crença, pobre estrela em que hora de alvorada era do céu na vastidão imensa. Deixei meu lar então; desse momento restou-me um quadro às sobras da orfandade; - embaixo – o mar, em cima – o firmamento, entre as vagas e os sóis minha saudade. Recordação de tudo que eu prezava desde a dormência do meu pátrio rio desde o negror do serro descalvado até do amor o límpido amavio. Terra do nosso lar, sempre és formosa, ou nos sejas rosal aberta em flores; ou sejas o lugar onde escreveu-se a página maior das nossas dores. Foi teu nosso primeiro balbucio como a primeira prece a Deus erguida filtrava a tua luz pelos olhares de nossa mãe feliz e eternecida. A ampulheta do tempo inexorável esgota pouco e pouco os nossos dias estiola-se a crença, afetos novos vêm nutrir-se de novas alegrias. Terra do nosso lar! Só tu não perdes o teu lugar em nosso pensamento! Sentimos-te na flor, no céu, nas aves, no azul das águas, no rugir do vento. Eu era bem criança no despedir-me dos teus mais vivos, lúcidos encantos, e não tiveram forças de apagá-los nem mesmo os rudes vincos dos meu prantos. Cresci dia por dia nos meus sonhos com mais firmeza e ardor sentia amar-te, e no espaço advogava mais ao astro que eu via que devia iluminar-te.

Que beleza! Que simplicidade e humildade desse autêntico gênio! Patrocínio sempre lembrou da sua terra natal. E Campos também, sua terra, nunca deixou de reverenciar o seu nome, com homenagens, rua com seu nome, busto e cena de escultura.

Foto: Jayme Siqueira

Como outrora ligou-se a minha infância liguei também até a mocidade não pela glória que eu não tive nunca, mas pelo coração, pela saudade.

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Foto: ABI

Máscara mortuária em gêsso de José Carlos do Patrocínio, trabalho do escultor Benevenuto Berna, feita duas horas após o falecimento do abolicionista.

Patrocínio Final Geralmente, os grandes vultos, os gênios, morrem pobres, infelizmente. Os Poderes Públicos e a própria sociedade não lhes dão o devido valor. E foi o final da vida de Patrocínio. Era um jornalista que tinha profun-

do amor pelos animais. Morreu escrevendo um artigo em defesa (sempre “em defesa” de alguma coisa) dos animais. Dizia ele: “Eu tenho pelos animais um respeito egípcio. Penso que eles têm alma, ainda que rudimentar, e

que eles sofrem conscientemente as revoltas contra a injustiça humana”. Campos dos Goytacazes nunca deixou de homenagear o seu filho querido. No centenário; no sesquicentenário e agora nos 160 de nascimento desse extraordinário herói, ou melhor, gênio. No centenário, estudantes e intelectuais registraram entusiasticamente a passagem dessa data. Os escritores Waldir Pinto de Carvalho, Jorge Renato Pereira Pinto e Gipson de Freitas, este, campista, residente em Niterói-RJ, por exemplo, escreveram a respeito do significativo aniversário, independentemente de vários eventos, também ocorridos no sesquicentenário, com o apoio da Academia Brasileira de Letras e da Academia Campista de Letras, e da Municipalidade. Mas esse homem que foi tudo isso aqui relacionado, morreu pobre, bastante doente e praticamente na obscuridade. Pelo que se sabe, deixou três filhos: José Carlos do Patrocínio Filho, jornalista, que vivia na França, e lá criou sérios problemas para o seu pai, acusado de espionagem e de namoro com uma famosa espiã alemã, que fez com que Patrocínio fosse à capital francesa, desta vez para resolver esse caso de família, que terminou em nada, pelo fato de Patrocínio ser bem relacionado na terra de Flaubert,

120 anos Baudelaire e Zola. Maceu Carlos de Oliveira Patrocínio, o outro filho do jornalista e abolicionista, era pobre como o pai, e foi inspetor da Companhia Sul América de Capitalização, em 1940, juntamente com meu irmão Gipson Antunes de Freitas. E por fim, uma filha, Noêmia, que viveu os seus últimos dias em Campos, no Asilo do Carmo, graças ao Lions Clube de Campos. Esse foi o nosso gênio. E depois de tudo, o triste fim de um lutador, um herói, um gênio em todos os sentidos. Um homem inquieto, inteligente, brilhante, sempre à procura de algo mais. E por fim, só me resta ou só nos resta, neste momento, lembrarmos do pensamento-chave do poeta da Abolição, Castro Alves, quando ele disse, em alto e bom som, que “contra tudo, triunfa a morte, mas renuncia diante do gênio”. E o gênio retornou e vive entre nós! (Do livro “Patrocínio, o Gênio”, a sair, com outras provas da genialidade desse grande campista. / PATROCÍNIO, jovem, foi caixeiro, antigo termo usado no comércio, na farmácia da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, vindo mais tarde se formar farmacêutico). (*) Jornalista.(Da ACL e IHGCG).

Solenidade, em 1940, no salão nobre da Sul América Capitalização, vendo-se, na primeira seta, da esquerda para a direita, o inspetor Maceu Carlos de Oliveira Patrocínio, um dos filhos do abolicionista, e, na segunda seta, o agente e escritor Gipson de Freitas, imão do autor desta reportagem histórica, com o qual obteve precisosos dados.


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Foto: Enockes Cavalar

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Igreja de Nossa Senhora do Rosário, situada na Praça Batalhão Tiradentes, na confluência da Avenida 7 de Setembro com Rua Carlos de Lacerda.

Patrimônio Cultural Campista N

o momento em que muito se fala em cultura em Campos dos Goytacazes, sob a alegação de que o Poder Público não tem ou não executa nenhum projeto cultural na região; quando, na verdade, não é bem assim, pois a Cultura necessita realmente do apoio, mas de todos os dirigentes municipais, estaduais e federais, nós, nesta oportunidade, vamos procurar esclarecer alguns pontos da questão. Lamentavelmente, cultura – para muitos – não é tão necessária assim - não dá voto, dizem alguns políticos. “Eleitor politizado - acrescentam eles não vota em qualquer governante ou candidato por causa de projetos culturais”. Aliás, essa questão é velha e ocorre em todo o país. No Rio de Janeiro, por exemplo, capital do Estado, até a Biblioteca Nacional, uma das maiores bibliotecas do mundo, encontravase em dolorosa situação de abandono. Assim, também, algumas entidades culturais cariocas estão passando momentos difíceis e, para achincalhar o patrimônio cultural, até os inertes monumentos vêm sendo destruídos pelos vândalos mascarados. Em Campos, pelo menos, a situação é outra. A biblioteca

aguarda a reforma do Palácio da Cultura, mas o arquivo e o museu municipais estão em perfeito estado de funcionamento; os bustos e monumentos deverão sofrer, em breve, completa restauração e conservação permanente, graças ao apoio do Lions Clube de Campos e da Academia Campista de Letras; e possuímos, hoje, entre outras obras, o Centro de Eventos Populares, que leva o nome do saudoso poeta Osório Peixoto da Silva, e, nos dias atuais, contamos com a reforma do Palácio da Cultura – Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima e do Teatro de Bolso Procópio Ferreira, que deveria ser Gastão Machado. Independentemente disso, a Municipalidade tem por objetivo, nas suas iniciativas culturais, promoções voltadas para o grande público, dando preferência ao da periferia, porque é o perfil administrativo e político de seus executores, que procuram agradar e conquistar ainda mais a massa popular. E dessa maneira, alguma coisa em sido feita; faltando, apenas, ao ver, mais cooperação e prestígio aos intelectuais, artistas plásticos locais e, principalmente ajuda financeira, pequena que seja, ou

de alguma outra forma para as entidades literárias, artísticas e musicais da nossa terra. Mas o que para nós interessa verdadeiramente é que, de uma forma ou de outra, o comércio tem obtido lucro com as promoções e, conseqüentemente, os comerciários têm também garantidos alguma parcela desse lucro. A crise cultural que muitos falam, sempre houve e haverá sempre, dependendo da época e de quem a administra. No passado, na era do romantismo, pouca coisa era feita. Faltavam recursos. Era a chamada “cultura doméstica”. Até porque o dinheiro era curto. Graças aos esforços de entidades culturais, do comércio, da indústria, de mecenas e de doações de amigos, havia naquela época uma programação cultural simples ou de proporções menores em relação ao que se faz atualmente.Mas eram promoções agradáveis e que realmente agradavam – e até divertidas. Parece mentida, mas é verdade, nos festejos do “Padroeiro da Cidade”, por iniciativa do saudoso desportista Patesko, eram realizadas as mais curiosas competições, na antiga Beira-Rio, como campeonatos de malha, cuspe à

distância, desfile de carros decorados, etc. Por outro lado, talvez – quem sabe – se as entidades culturais, os intelectuais e os artistas campistas - de modo geral – se unissem (sonho apenas), a situação poderia ser bem diferente e um amplo e detalhado projeto seria elaborado e, por certo, iria mudar ou fazer acontecer muita coisa em termos de cultura, isto porque, toda as iniciativas ou apelos às autoridades, seriam uníssonos. Difícil, mas não é impossível. Falta, apenas, liderança. Espera-se que, no momento, com o Concultura, Coppam, e IHGCG, em reorganização, com essas siglas de defesa do patrimônio cultural da terra campista, não ocorra mais as destruições passadas dos prédios onde nasceram ou moraram José Carlos do Patrocínio, Luís Filipe de Saldanha da Gama, Múcio da Paixão e que, o Panteão do Heróis Campistas, onde estão o “Tigre da Abolição” (José do Patrocínio), sua esposa Maria Henriqueta, Luis Carlos de Lacerda e João Barcelos Martins, seja de fato reformado e as suas portas abertas à visitação pública, como é desejo de todos os campistas. (HF).


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Assédio moral no trabalho V

ocê sabe, amigo comerciário, o que é assédio moral no trabalho? Se não sabe, vai saber agora: É uma forma de violência no trabalho que consiste na exposição prolongada e repetitiva dos trabalhadores a situações vexatórias, constrangedoras e humilhantes, praticadas por uma ou mais pessoas. Essas situações ocorrem por meio de comportamentos com o objetivo de humilhar, ofender, ridicularizar, inferiorizar, amedrontar, punir ou desestabilizar emocionalmente os trabalhadores, colocando em risco a sua saúde física e psicológica, além de afetar o seu desempenho e o próprio ambiente de trabalho. O comerciário que for vítima de assédio moral deve procurar

imediatamente o seu sindicato e relatar o fato que as providências serão tomadas com a máxima rapidez em sua defesa. AssÉdiO sexuAL A mesma situação do assédio moral no trabalho, pode ser aplicada ao assédio sexual de forma diferente, mas prejudicial, não só à moral da trabalhadora como também ao bom andamento do setor de trabalho. O assédio sexual pode ser e várias formas, através de palavras, gestos ou contatos, que devem ser imediatamente testemunhados e denunciados. É bom lembrar, amiga trabalhadora do comércio, que só você passa por essas situações vexatórias e é por isso que, não haven-

do possibilidade de contornar o incômodo assédio, procure o seu sindicato e denuncie quem assim está procedendo, que a direção da entidade tomar as medidas cabíveis.

FIqUE ATEnTO

Novembro: data base da categoria O

mês de novembro está se aproximando e a hora das discussões salariais também. O penúltimo mês do ano é a data base dos comerciários e o sindicato já começou a cuidar do assunto.

As reivindicações a serem apresentadas de acordo com a realidade atual, começaram a ser discutidas pela direção do sindicato e brevemente será ouvida a classe, para em seguida serem encaminhadas a quem de direito.

COMERCIÁRIO:

Filie-se ao SEU SINDICATO *Clínica Médica * Dentista * Pediatria * Ginecologia * Assistência Jurídica * Parque Esportivo Rua 21 de Abril, 250 - Centro Tel.: 22. 2733-0488 / 2722-3384

Foto: Divulgação


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Sociais ANA MARIA

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oderíamos, inicialmente, dar outro título a nossa seção. Mas, na realidade, não estamos comemorando 100 nem 1000 anos. Estamos, sim, exatamente, festejando 120 anos de existência, data das mais significativas para todos nós do comércio e, principalmente, para a história da terra goitacá. Diretores e funcionários (estreando novo uniforme), na nova Sala Vip do sindicato, em pose festiva, num clima de descontração e amizade, registram fotograficamente a Revista dos Comerciários a passagem dos 120 de um dos mais antigos e numerosos sindicatos da região. Diretores antigos e uma parte de funcionários também com alguns anos de casa, estão diariamente à disposição dos comerciários campistas.

Presidente e Comerciários O presidente Ronaldo Nascimento, que comemorou o centenário do sindicato, encontra-se feliz da vida pelo fato de poder comemorar vinte anos depois a passagem dos 120 anos da entidade que tão bem dirige e acima de tudo defende com amor a categoria dos comerciários. Na foto, da esquerda para a direita, o diretor Carlos Américo Galaxe, o jornalista Herbson Freitas, editor da revista, a diretora Lucineide Zózimo Gonçalves, o presidente Ronaldo Nascimento, Fabiano Gomes de Souza e o diretor Epaminondas Manhães, em pose especial para a posteridade.

Visitas

Funcionário nota 10 Geralmente, uma entidade é administrada graças à sua diretoria e, principalmente, por uma equipe de trabalho à altura. Aliás, todos do sindicato são excelentes. No entanto, esta colunista destaca, em nome dos demais, o funcionário Natalino da Silva Ribeiro, que, segundo, observadores de plantão, é um “pé de boi” ou o “Severino” do sindicato, isto é, o faz-tudo da casa. Parabéns e bola pra frente, Natalino!

A seção SOCIAIS viu e registrou, em foto, o presidente Ronaldo Nascimento, sempre cordial e recebendo bem a todos. Na foto, do seu lado direito, diretor Ronaldo Ribeiro Crisóstomo, Créia Aparecida Martins Geutin e, à sua esquerda, Cláudia Márcia Gomes. Todos eles festejando a passagem dos 120 anos de fundação do Sindicatos dos Empregados no Comércio de Campos.

Dia de trabalho O Sindcomerciários, nova denominação, não é o Brasil, mas não pode parar. Mas como ninguém é de ferro, uma paradinha para uma foto não faz mal. E é por isso que eu, observadora, focalizo o presidente Ronaldo Nascimento e sua simpáticaz barba, juntamente com o diretor de base Fernando Ribeiro (centro) e o diretor ou secretário Carlos Américo Galaxe.


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120 anos

Nossos agradecimentos Nossos sinceros cumprimentos e agradecimentos pela preciosa colaboração aos médicos desta Casa: Abram Wendrownik, ângela Sarmet, Celina M. Ribeiro Rangel, Edgar M. de Andrade e Viviane F. Hauaji; e aos dentistas Airton Miranda Neto, Elman B. Ramos Filho, Gisela Ferreira Dieguez, Karine Ribeiro de Andrade, Tânia de Abreu Lima Miranda e Túlio César Passos David. O sindicato não poderia deixar também de homenagear os queridos funcionários, que muito

têm contribuído para o nosso crescimento. São eles: Camila dos S. Pereira, Elizabete Viana Barreto, Giovana C. Azevedo, Josane Cruz Pessanha, José L. Ribeiro Monteiro, Kamilla F. Fernandes, Leila Isabel R. Merly, Natalino da Silva Ribeiro e Paulo Roberto B. da Silva. A todos e, em especial ao diretor Carlos Américo Galaxe, que muito colaborou com a nossa revista, o nosso MUITO OBRIGADA e aquele abraço..., pelo apoio dispensado até a presente data!

Médicos e dentistas O nosso sindicato - queiram ou não os que não gostam dele é um dos mais completos. E muito coisa boa para os comerciário vem “pela aí”. O departamento médico-odontológico é muito bom. O sindicato possui um patrimônio médico - o dr. Abram. E tem mais. Faz parte, também, da equipe médica, a dra. ângela Maria Sarmet Moreira, que, independentemente de ser uma conceituada pediatra, é poetisa e compositora.

Comerciário padrão Carlos Américo Machado, antigo funcionário de Ao Livro Verde, recentemente homenageado pela Câmara Municipal de Campos, recebe também, nesta oportunidade, a nossa homenagem pela dedicação que sempre teve na atividade de comerciário. Por isso que, neste espaço, destacamos o seu nome de exemplo como bom comerciário em nossa cidade, sempre sendo homenageado por essa razão. Assim como Carlos Américo, existem outros que merecem a nossa consideração e que receberão, em breve, as homenagens do sindicato.

Esportes e Lazer dos Comerciários O Parque de Esportes e Lazer Ricardo Ferreira Pessanha estará em festa, no mês de outubro, na grande comemoração no “Dia do Comerciário”, quando serão realizadas competições esportivas, churrasco, música e sorteio de prêmios. Na ocasião, o Sindcomerciários prestará diversas homenagens, destacando o valor de muitos comerciários atuantes e aposentados. O presidente Ronaldo Nascimento e seus diretores esperam o comparecimento maciço da categoria, para o maior brilhantismo das festividades, já que este ano o sindicato completa 120 anos de fundação e consequentemente de serviços prestados a todos os comerciários sindicalizados.

Comerciários em ritmo de comemoração No dia da comemoração dos 120 anos do sindicato, 26 de agosto, comerciários de diversos estabelecimento da cidade compareceram ao sindicato para aplaudir o aniversário desse importante órgão de defesa do trabalhador campista.




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