MIGUELIN

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Todos concordaram. O Dioclesiano Barbosa partiu para o Rio Fundo. Foi visitar seu amigo Adamastor Durães. - Oh cumprade! Ocê num tem aí um home qui tem corage de matá quarquér onça não, quarquér gato... - Tenho, uai. Tem o Sô Luiz Peçanha qui tá mei véi, mas tem os fio deile, tudo bom caçadô. O Senhor Luiz Peçanha não titubeou quando os dois coronéis de terra foram procurá-lo: - Ah! Sô Coração! Se percisá de matá, eu mato fáci, mas tém os minino meu qui tá mais novo. E êis gosta tamém de atirá na cova do ôio isquerdo das onça. São as próprias palavras do Miguelin, relatando-me o restante do ocorrido: - Viero pro Rio Casca: Ubardo, Jão, Orozinbo, Manel, Jusé Jão, Ernesto, Juaquim, Jusé Arves e mais o véio Luiz Peçanha. Viero todos cortá cana. E o teimpo foi passano. Um dia tava todos no canaviár, e o Manel ficô im casa. A casa era no arto, lá incima. O Manel Peçanha, o mais pirigoso da famíia, desceno na direição da Istação, topa, no mei do camim, cum o Nestô Sirva. Esse já tinha aprontado toda a sua habitual desordem lá embaixo e estava subindo: - Ocê sabe quem cô sô, Sô? - Não sinhô, coração - a família Peçanha toda falava manso e chamava os outros de coração. - Eu sô o Nestor Sirva. - Ah! O sinhô é o Sô Nestô Sirva? Eu num cunhecia o sinhô não, coração - eile sabia dereitim e tava ali era prá matá, era eile mermo. - É. Eu sô o Nestor Sirva e todo mundo aqui me cunhece. - Num sabia não sinhô, coração. - Óia, eu num tô gostano desse tár de “coração” seu não. Acorrege a prenúncia qui eu num tô gostano mermo desse jeito qu’ocê tá falano cumigo não. - É, coração? - 42 -


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