Resolução Política da DN - 16 de Março 2024

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Resolução Política da Direcção Nacional da JCP 16 de Março de 2024

A Direcção Nacional da Juventude Comunista Portuguesa, reunida a 16 de Março de 2024, no Centro de Trabalho Vitória, em Lisboa, abordou a situação política nacional e internacional e os seus recentes desenvolvimentos, marcados pela realização das eleições legislativas antecipadas, pela campanha e dinâmica impressas pela juventude, pelos resultados das mesmas, e apontou as tarefas imediatas da organização, com especial atenção para o desenvolvimento e reforço da luta da juventude pelo aprofundamento de direitos,contra retrocessose pelaafirmação dos valoresde Abril em todas as esferasda vida. Deu ainda atenção às celebraçõesdos 50 anos da Revolução de Abril, a sua dinamização e valorização, bem como às Eleições para o Parlamento Europeu, a realizarno próximodia 9 de Junho e à construção e divulgação da 48ª edição da Festa do Avante! A DN da JCP discutiu também as linhas de acção e de iniciativa política para o reforço da JCP.

Eleições, situação política e social

O resultado da CDU nas eleições legislativas, com a redução da sua representação parlamentar e um número de votos e percentagem inferiores aos obtidos há dois anos, representa um desenvolvimento negativo.

Não obstante, os mais de 200 mil votos, que conduziram à eleição de 4 deputados, são por si, expressão de resistência, num contexto marcado por uma intensa e prolongada campanha de mentira, calúnia, deturpação e menorização das posições do PCP e da CDU, alimentando preconceitos anti-comunistas, cujo objectivo declarado era garantir o aprofundamento da política de direita, de retoma do processo de rapina perpetrado por PSD e CDS, procurando hostilizar a força que determinou a interrupção desse processo em 2015, vaticinando um resultado que excluiria a CDU da Assembleia da República.

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Nesse sentido, não podemos deixar de referir, a título de exemplo, o completo apagamento mediático da dinâmica e iniciativa da Juventude CDU, com especial destaque para o Comício e Festa, Semear em Março para Colher Abril, realizada a 17 de Fevereiro, em Lisboa, que, tendo juntado cerca de 600 jovens, numa demonstração de combatividade e alegria, foi remetida a meras e redutoras referências, num contexto mais generalizado de favorecimento mediático de outras forças, de promoção de concepções e projectos reaccionários, da narrativa de eleições para primeiro-ministro, caminho que procurou omitir temas, branquear responsabilidades e esconder soluções e políticas alternativas.

Uma realidade que não é de hoje, que procura eclipsar a actividade e ligação do PCP e da CDU à vida, aos problemas e às respostas necessárias para a vida da juventude, dos trabalhadores e ao povo.

O resultado obtidopela AD (PSD, CDS, PPM) nestas eleições e a consequente correlação de forças na Assembleia da República, antevê um quadro mais favorável ao aprofundamento da política de direita, ao favorecimento dos interesses do grande capital, contrários aos da juventude.

Com ou sem acordos, seja com IL, ou Chega, o programa, objectivos e opções de classe de um governo do PSD e CDS, constituem, por si só, o projecto de intensificação de ataques a direitos, de degradaçãodos serviços públicos, privatizações e de destruição das funções sociais do Estado em áreas como as da saúde, educação, protecção social ou habitação, abrindo ainda mais o caminho ao negócio da doença, à especulação e às desigualdades. Que não haja ilusões em relação aos lobos, com ou sem pele de cordeiro. Sabemos que foi o Governo de Cavaco Silva que instaurou as propinas. Sabemos que foi o Durão Barroso que fez de Portugal o palco para uma cimeira de guerra, que levou à destruição do Iraque, à pilhagem e à morte de centenas de milhares de pessoas. Sabemos o que fizeram entre 2011 e 2015. A juventude sabe quem os mandou e forçou a emigrar, quem impôs a manutenção das propinas depois de as ter criado décadas antes, quem instaurou a lei dos despejos, o brutal corte de rendimentos e o aumento de impostos, sabemos quem procurou desferir ataques aos direitos sexuais e reprodutivos das mulheres, aos direitos e rendimentos dos trabalhadores, quem promoveu o discurso de ódio, a submissão do poder político ao poder económico, o alinhamento com os interesses do grande capital, nacional ou estrangeiro, o ataque a Abril e à sua consubstanciação na lei, a Constituição da República Portuguesa, uma das principais visadas deste projecto.

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A situação que vivemos é consequência das opções de classe e governativas do PS. De uma maioria absoluta construída na base da chantagem, da manipulaçãoe de recusa do PS em dar resposta a problemas cruciais e estruturais para a vida do nosso povo. Aprofundaram-se injustiças, cresceu a desigualdade, deixando caminho aberto para as restantes forças que gozam de apoio e respaldo do grande capital e dos seus representantes no plano mediático.

O resultado destas forças, em particular do Chega, é consequência também desta promoção, do empolamento diárioe contínuo na comunicação social dominante do seu discurso de ódio, assente na mentira, no racismo e na xenofobia, que são ferramentas antigas da classe dominante para dividir os trabalhadores, quebrar elos de classe e impor uma agenda de pilhagem e destruição de direitos sociais e económicos.

Por detrás do discurso contra a corrupção e injustiças, esconde-se a mão dos grandes grupos económicos, a agenda das privatizações, principal alavanca e promotora da corrupção e do compadrio, que não deixaremos de denunciar, combatendo a ilusão fomentada em muitos eleitores que depositaram na raposa a solução para os problemas do galinheiro.

Não ignorando o seu carácter bafiento, reaccionário e fascizante, rejeitamos que este resultado signifique a adesão do povo português e da juventude à extrema-direita, ou que legitima retrocessos e questionamentos do regime democrático, a negação de Abril, e do que este emana no plano social, político, económico e cultural.

Destacamos ainda o desenvolvimento da ofensiva ideológica nas últimas décadas, causando impactos evidentes hoje, nas escolas secundárias e instituições de ensino superior, dominadas pelo individualismo, pela promoção da competição e da aceitação acrítica das desigualdades, designadamente por via dos métodos de avaliação, processos de aprendizagem e conteúdos lectivos, pela proliferação do irracionalismo com falsas soluções para os problemas, assim como por via de práticas anti-democráticas, que constrangem o espírito colectivo, a criatividade, a felicidade e o potencial transformador, características da juventude.

A DN da JCP, saúda as muitas centenas de jovens comunistas, ecologistas e sem filiação partidária que construíram uma intensa campanha de esclarecimento, que trouxe para cima da mesa temas como a urgência do aumento dos salários, o trabalho por turnos, o alojamento estudantil, o fim dos exames nacionais e das propinas, a contratação de psicólogos nas escolas , o regime de faltas injusto no Ensino Profissional, os problemas e as soluções para a vida da juventude, afastados do guião dos debates, das peças jornalísticas e do comentário.

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Nesse sentido, destacamos a campanha de alargamento da CDU, com mais de 1000 jovens que declararam apoio à CDU e mais de 400 trabalhadores dos Centros Comerciais que apoiaram as propostas da CDU, pelas 35h semanais e pelo encerramento aos Domingos e Feriados, sem perda salarial.

A estes jovens, os já muitos que nos últimos dias deram o passo de tomar partido por Abril, e à juventude que vive, estuda e trabalha em Portugal, deixamos a garantia de que podem contar com o PCP e a JCP, com a coragem de sempre para enfrentar os interesses dos grupos económicos, a direita que os representa e o caminhode recuo que pretendem cimentar; para construir uma verdadeira alternativa politica que sirva à juventude, que defenda os seus direitos e para avançar com Abril, pela sua efectivação plena, a mais sólida garantia da concretização do presente e futuro do nosso país

Um futuro que só é possível com a luta pela resolução dos problemas da Escola Pública com os quais, diariamente, os estudantes se vêem confrontados. A falta de professores, funcionários e psicólogos, a degradação das condições dos espaços escolares, a falta de equipamentos necessários ao seu devido funcionamento, a sobrecarga horária, a sobrelotação das turmas e os ataques à democracia, organização e acção dos estudantes e das suas associações representativas nas escolas são consequência directa de décadas de política de direita, política de desvalorização e desinvestimento na Escola Pública.

Exemplo claro deste caminho é a opção da manutenção dos exames nacionais, mecanismo de avaliação injusto que acentua as desigualdades e coloca entraves a todo o percurso escolar dos estudantes e ao seu acesso ao ensino superior, ao invés de valorizar a avaliação contínua e as especificidades e valências de cada estudante, bem como a sua formação integral.

Especificidades e valências que continuam a ser desaproveitadas no Ensino Profissional, onde se mantém a falta de condições nas escolas, o regime de faltas injusto, atraso do pagamento de subsídios em várias escolas e as barreiras para a frequência deste ciclo de estudos que representam as propinas e os custos materiais.

Num quadro político em que se perspectiva a formação de um governo da direita, podemos estar certos de que a mira está apontadaaos direitos dosjovens trabalhadores. Encontrarão nos trabalhadores, nos seus sindicatosde classe, na JCP e no PCP quem lhes faça frente e que exija a resposta imediata aos problemas.

Nesse sentido, a DN da JCP salienta o facto de mais de 16000 jovens trabalhadores se terem sindicalizado nos últimos anos nos sindicatos da CGTP-IN, cujo XV Congresso se saúda, o que constitui uma demonstração de que os jovens trabalhadoresencontram na

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CGTP-IN a força organizada influente e mobilizadora, capaz de enfrentar retrocessos e ir mais longe na conquista de direitos.

A DN da JCP saúda o conjunto de lutas, concentrações, paralisações e greves realizadas desde a última reunião deste organismo, destacando a recente greve dos jornalistas, e as suas reivindicações, reafirmando a posição da JCP e do PCP da necessidade de combater os salários baixos e não pagos, a precariedade laboralnos órgãos de comunicação social, elemento essencial para garantir uma comunicação social pluralista nos planos informativo, cultural, livre do monopólioque se procura consolidar e da interferência do poder económico que procura garantir.

No que concerne ao Ensino Superior, vão-se mantendo as políticas de degradação, elitização do acesso e a mercantilização do mesmo, aprofundandoas barreiras à entrada no Ensino Superior, nomeadamente, a propina e outros custos, a falta de residências estudantis públicas, que sejam dignas, acessíveis e democráticas e o aumento do custo da refeição social na maioria das Instituições de Ensino Superior (IES) do país.

Além disso, a visão assistencialista, nomeadamente, na questão das bolsas, na apresentação das bolsas como solução para todas as barreiras de acesso ao Ensino Superior, configura-se como um ataque ao Ensino Superior enquanto direito Constitucional consagrado no artigo 76º da CRP, que tem sobretudo como objetivo afastar os filhos dos trabalhadores do Ensino Superior, prosseguindo o caminho da sua elitização.

Se isto era uma realidade já há largos anos, potenciada pelas políticas de direita da maioria absolutado GovernoPS, existe o perigo concreto de que, com a vitória da direita, estes problemas não só não se resolvam como, inclusive, se agravem. São disso exemplo a vontade declarada de PSD/CDS/IL/CHEGA de manterem as propinas, ou até de aumentá-las, ou de potenciarem a construção de residências privadas, que em nada contribuem nem podem ser a solução para a resolução do problema do alojamento estudantil.

Se o Ensino Superior continuaa ser dos sectores mais subfinanciados, inclusive, ainda não recuperando os cortes que foram efectuados durante o último governo PSD-CDS, não será com as forças que os fizeram que se defenderá o Ensino Superior Público, Gratuito, Democrático e de Qualidade. Esse caminhosó poderá ser traçado, como foi até aqui, pela luta dos jovens e pela proposta do PCP e da CDU, força dos valores de Abril que luta ao lado ao seu lado e que constitui a garantia dos direitos da juventude.

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Garantia e valores que afirmaremos também na campanha das eleições para o Parlamento Europeu, que se realizarão a 9 de Junho e que constituem um momento de afirmação do projecto distintivo da CDU para a construção de uma politica alternativa para o País e Europa. Política assente no combate às imposições da União Europeia; à submissão dos interesses e direitos do nosso e dos demais povos aos ditames da UE e do Euro;pelo combate ao caminhodas privatizações, em nome do negócio privadoem áreas como as da saúde, educação, protecção social ou habitação, de destruição do aparelho produtivo e dos serviços públicos, de precariedade e ataque aos direitos dos trabalhadores.

Um caminho imposto por Bruxelas, que encontra em PS,PSD,CDS, Chega e IL fiéis súbditos, e que impede a juventude de se emancipar, de ter estabilidade, de constituir família e ser feliz, uma realidade que bate de frente com as declarações de apreço, com a propaganda e tentativa de imposição do pensamento único, discursos com roupagem e fraseologia modernas e com programas de mobilidade e telecomunicações, que mascaram o projecto de retrocesso de direitos que a UE corporiza.

É na CDU e com a CDU que a juventude encontra a resposta para estes problemas e a construção desta Europa. O alargamento verificado na construção destas eleições, o ambiente, e excelente recepção são o reconhecimento por parte de muitos jovens do património de intervenção, de proposta e iniciativa da CDU no plano nacional e internacional, afirmam-na como indispensável e insubstituível para o combate à política de direita, venha ela de onde vier, sendo esta postura o elemento central na vasta campanha de informação, mobilização e luta que construiremos no âmbito destas eleições.

-Pela garantia dos direitos da juventude, cujas declarações de enfrentamento ao caminho da militarizaçãoe da guerra, seja ela promovida pela NATO ou por projectos que pretendem constituir um exército comum da União Europeia, afirmamos o caminho da Paz, da resolução política dos conflitos, numa Europa de cooperação entre povos, que combata as injustiças, desigualdades e discriminações e assente em relações mutuamente vantajosas e liberta de relações políticas e económicas predatórias.

-Através da efectivação de um caminho de respeito pelo meio ambiente e de relações harmoniosas entre o ser humano e a Natureza, promovendo a produção local, o encurtamento das cadeias de distribuição, valorizando os transportes públicos e protegendo a biodiversidade.

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Situação Internacional

A DN da JCPmanifesta o seu mais veemente repúdio perante o massacre do povo palestino às mãos do governo de extrema-direita israelita sob a conivência dos Estados Unidos da América e dos seus aliados na NATO, nomeadamente a União Europeia, que prossegue mascarado por manobras ditas humanitárias, uma política belicista ao serviço dos interesses do Imperialismo: a valorização do negócio da guerra e do armamento e a destabilização de todo o Médio Oriente

A DN da JCP denuncia o impedimentoda entradade ajuda humanitáriaem Gaza por parte de Israel e todos os ataques e bombardeamentos levadosa cabo contra o povo palestino, nomeadamente os recentes ataques em Beit Lahia, Khan Yunis, o campo de refugiados de Jabalia mas também os continuados ataques na Cisjordânia onde se inclui o ataque no hospital de Ramallah. Um massacre em curso que conta já com mais de cem mil mortos e feridos, uma parte substancial sendo crianças e jovens. Um genocídio em curso que, para lá das armas e bombas, recorre também à fome como arma de guerra, estando actualmente mais de dois milhões de palestinos em situação de crise alimentar.

Neste sentido, denunciamos os vários ataques israelitas contratrabalhadorese estruturas da ONU, designadamente à agência das Nações Unidas de apoio aos refugiadospalestinos (UNRWA) no sentido de negar todo e qualquer tipode ajuda humanitária dechegar a Gaza.

Também os Estados Unidos da América e outros países coniventes com o imperialismo norte-americano e com os crimes de Israel, avançaram com o boicote da UNRWA, cortando financiamento, com o objetivo de generalizar e manter a crise humanitária. Condenamos ainda o veto dos EUA ao estabelecimento de um cessar-fogo imediato e permanente na Faixa de Gaza proposto em reunião do Conselho de Segurança da ONU, veto que procura impedir a solução política para o conflito que traga a paz à região e que consagre o reconhecimento dos direitosnacionais da Palestina, o direito do povo palestino a um Estado livre e soberano, com as fronteiras de 1967 e capital em Jerusalém Oriental.

Mas à guerra e à destruição contrapõem-se também a luta e a solidariedade dos trabalhadores, da juventude e das populações para com o povo Palestino. A DN da JCP saúda todas as expressões de solidariedade com a Palestina, sintomáticas da vontade popular da Paz e do reconhecimento dos direitosnacionais da Palestinae sublinha a acção dos deputados do PCP no Parlamento Europeu e da Juventude CDU e a CDU, que não permitiram que a questão estivesse arredada da campanha, destacando o acto de solidariedade, no Largo do Intendente, na Iniciativa Nacional, Semear em Março para Colher Abril, realizada a 17 de Fevereiro, em Lisboa.

Violência, horror e morte que, também na Europa prossegue com a guerra na Ucrânia em resultado da política militaristae de instigaçãoda guerra levada a cabo pelos EUA, os seus aliados da NATO.

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Rejeitam-se os apelosà Paz, quer com a adesão daSuécia à NATO quer naUnião Europeia, onde se multiplicam os apelos ao aumento do financiamentodedicado ao armamento no sentido da transformaçãoda UE num novo bloco político-militar, complementar à NATO, que em Portugal encontram aprovação designadamente no Livre e no Bloco de Esquerda.

A DN da JCPsublinhaque a guerrae a destruição não servem as populações e a juventude, e que não será com mais armas e mais guerra que se alcançará a Paz seja na Palestina, seja na Ucrânia. É preciso que se abram caminhos para a construção da Paz e é necessário que também o Estado Português assuma o papel que constitucionalmente lhe incumbe de prosseguir uma política de não ingerência, de solidariedade internacionalista, que se oriente pela dissolução dos blocos político-militares, pela amizade e cooperação entre os povos, por relações fraternas e de benefício mútuo.

Num quadro de crescentes ameaças por parte do Imperialismo à soberania dos povos e à Paz e de crescentes desafios para as forças anti-imperialistas, a JCP, com base em princípios de respeito e não ingerência, continua e continuará a contribuir para o fortalecimento da Federação Mundial da Juventude Democrática e do seu carácter unitário, a mais ampla frente juvenil anti-imperialista cujo reforço e acção são essenciais para uma intervenção concertadae consequente da juventude na construçãoda Paz e de sociedades mais justas, fraternas e iguais.

Abril é Mais Futuro!

Resistir e Avançar com a Luta da Juventude!

A DN da JCP sublinha a centralidade que ganham as comemorações do quinquagésimo aniversário da Revolução do 25 de Abril, acontecimento que é resultado de 48 anos de luta e resistência, organização e mobilização, para pôr fim ao domínio do grande capital sobre a vida do povo português, para pôr fim à miséria e à repressão, por uma vida melhor, pela participação democrática nas mais variadas esferas da vida, luta na qual a juventude e os comunistas sempre constituíram a vanguarda contra o fascismo.

Luta que culminou no mais alto salto civilizacional para o povo português, com amplas conquistas, o fim da guerra colonial e o direito à paz, a reforma agrária e a colocação dos sectores prioritários da economia ao serviço do povo através das nacionalizações, a democratização da cultura e a participação democrática dos estudantes nas suas escolas e faculdades, a segurança social e o SNS. São inúmeras as conquistas que o povo, com o destacado papel da juventude, da organização popular, dos sindicatos de classe e do ímpar papel do PCP, conquistas que liquidaram o fascismo e a sua natureza parasitária, servil aos interesses do grande capital, e que, asseguraram muitomais que uma transição

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democrática, asseguraram uma revolução.

Os 50 anos do 25 de Abril, que este ano assinalamos, são, portanto, um marco do qual a ofensiva ideológica se tentará aproveitar para branquear a natureza económica do fascismo através do revisionismo dadimensãopopular do 25 de Abril, da luta, da vontade do povo de rumar ao socialismo, para apagar a memória histórica de um povo que da sua luta colheu direitos e uma vida melhor.

Cabe-nos portanto a tarefa de esclarecer relativamente às mais diversas dimensões coletivas de Abril, de fazer cumprir os seus valores, consagrados na Constituição da República Portuguesa, afirmando que o SNS, a escola pública, o ensino superior público gratuito democrático e de qualidade, os direitos das mulheres, o princípio da igualdade e o combate às discriminações, o SMN e o fim do trabalho infantil, são conquistasdo nosso povo que tendo sido efectivadas no passado projectam um caminho de futuro, de aprofundamento da democracia, que defenda os interesses de todos os que vêm a sua vida degradada, que são explorados e oprimidos e a quem não lhes interessa o domínio do grande capital

A DN da JCP destaca a importância da expressiva participação nas comemorações populares do 25 de Abril que decorrerão por todo o país e cuja ampla participação juvenil constituirá um importante elemento no combate ao branqueamento e revisionismo histórico e elevará as celebrações a momentos de luta maiores que vazios e simbólicos eventos que as forças do grande capital nos tentarão impor.

A DN da JCP destaca ainda a iniciativa “+Abril Fest”, a realizar no próximo dia 13 de Abril, em Lisboa, momento alto para a juventude projectar no presente e no futuro os valores emancipadores da revolução de Abril. Esta iniciativa, construída e dinamizada pela JCP, que decorrerá no Miradouro de São Pedro de Alcântara, contará com momentos de debate, de afirmação do caminho da paz e cooperação entre povos, expressões diversas de cultura, comício, concerto, e com a presença e contributo de várias organizações e expressões do movimento associativo.

Nestes 50 anos de Abril, não há direito conquistado que não tenha tido o contributo directo ou indirecto dos comunistas, e a sua conquista e defesa só foi possível tendo como pano de fundo as portas que abril abriu.

É nesse sentido que a Direção Nacional da JCP apela aos seus militantes e à juventude o reforço da luta em defesa da Escola Pública, através da dinamização do abaixo-assinado “Agarra o que é teu! Fim dos Exames Nacionais. Fim da sobrecarga horária. Mais funcionários. Mais professores. Mais condições materiais. Mais e melhores transportes públicos”, assinalando o Dia Nacional do Estudante, com a semana de luta entre os dias 18 a 22 de Março, promovida pelo movimento Voz aos Estudante e que conta já com o apoio de dezenas de Associações de Estudantes, dando assim combate ao desinvestimento na Escola Pública e exigindo a valorização da mesma, a única que

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combate desigualdades e que permite a formação integral do indivíduo, a Escola de Abril.

Face às notícias do aumentodo abandono de estudantes no Ensino Superior, ao cada vez menor peso do Estado no financiamento das IES e as consequências dessa opção, à manutenção das propinas, taxas e emolumentos, bem como a inexistência de uma resposta ao problemado alojamento estudantil público, a Direcção Nacional da JCPapela à participação e empenho de todos os seus militantes e dos estudantes do ES no Dia Nacional de Luta, a 21 de Março em Lisboa, convocado por um conjunto vasto de estruturas representativas do movimento associativo estudantil.

Num momento em que os jovens trabalhadores sentem as suas vidas em suspenso, ganha particular centralidade a Manifestação Nacional de Jovens Trabalhadores, convocada pela INTERJOVEM/CGTP-IN, e que se realizará no próximo dia 27 de Março, em Lisboa e no Porto, como demonstração da luta pelo aumento dos salários, pelo fim da precariedade, a redução dos horários, pelo direito aotrabalho e ao trabalhocom direitos.

Pelo aprofundamento dos direitos das mulheres, pela igualdade na vida, na lei e no trabalho, contra todo o tipo de retrocesso nos direitos, a DN da JCP apela a uma ampla participação juvenil na Manifestação Nacional de Mulheres “Mulheres de Abril com igualdade temos futuro!” convocada pelo MDM para dia 23 de Março, em Lisboa.

Identificando a necessidade urgente de pôr fim ao massacre em curso na Palestina, importa prosseguir e intensificar as acções de solidariedade com o povo palestino, pelo cessar-fogo imediato, pelos seus direitos nacionais, tendojá no dia 6 de Abril, às 15h, em Lisboa, uma oportunidade de dar mais força às forças da Paz, através da participação na Manifestação “Paz no Médio Oriente! Palestina Independente! Fim ao Genocídio!”, convocada pela CGTP-IN, CPPC, MPPM e Associação Juvenil Projecto Ruído.

A DN de JCP chama a atenção para a necessidade da valorização da cultura, dos seus trabalhadores, da fruição e produção culturais, pela alocação de 1% do Orçamento do Estado para a este sector, rumo ao 1% do PIB e pela criação de um Serviço Público de Cultura

Destaca-se a importância da preparação da Festa do Avante!, a sua divulgação e venda da EP, cuja 48ª edição ocorrerá nos dias 6, 7 e 8 de Setembro, e que irá constituir mais um momento de afirmação do Partido, do seu ideal e projecto.

Importa ainda dinamizar o Concurso de Bandas Novos Valores, um espaço de afirmação da Cultura como componente essencial da democracia, com o lema “Sons Diferentes. Sonhos Iguais. Diz Não às Discriminações”, reafirmando o combate a da JCP e do PCP a todas as formas de discriminação e opressão, como o racismo, a xenofobia; as discriminações em relação às mulheres;pelo direito pleno de cada jovem assumir a sua

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identidade e orientação sexual; pela efectivação da Educação Sexual.

Numa fase em que se impõe o reforço da intervenção, organização e luta, a Direcção Nacional da JCP lança a Campanha de Fundos “Mais JCP, Mais Abril”, cujo objectivo é ir mais longe na recolha financeira, criar hábitos de trabalho e responsabilizar camaradas por tarefas de Fundos, contributo para a consolidação da independência financeira do Partido, elemento essencial para a sua independência ideológica, característica que o diferencia dos outros partidos e que o afirma como partido da classe trabalhadora, livre da influência de interesses alheios à construção de uma sociedade livre da exploração e da opressão.

É isto que assusta o capital. Que a juventude perceba que, ao contrário do lhes é impingido, os partidos nãosão todos iguais. Que o utilitarismo nãosuplantoua ideologia e a luta de classes. Que a democracia antes se constrói e se desenvolve na rua, escola e local de trabalho no espírito da solidariedade e do ganho colectivo, pela Democracia Avançada, o Socialismo e o Comunismo, base de acção e elemento norteador da intervenção da organização revolucionária da Juventude- a JCP. Estamos na luta! Vem connosco!

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