Homenagem Júlio Lobo Pimentel (PAP)

HOMENAGEM JÚLIO LOBO PIMENTEL

HOMENAGEM JÚLIO LOBO PIMENTEL

Júlio Pimentel - FO_10

Júlio Evangelista da Fonseca Lobo Pimentel, nasceu na freguesia de Belas, em 28 de Janeiro de 1926 (87 anos se fosse vivo). Era filho de Laura Lobo Pimentel, condessa de Paço D’Arcos e

de Álvaro Lobo Pimentel, um antigo general militar, ambos falecidos. Homem de estatura média, compleição normal, (tradicional homem português – cerca de 1,70m – peso entre os 70 e 75kg), um fumador inveterado e um glutão por caramelos de pinhão.

Psicologicamente era uma pessoa débil, resguardado, pouco independente, por vezes com falta de “pulso”, humana, bastante perspicaz, com uma relação fácil com todo o género de pessoas (do porteiro do jornal ao Presidente da República), muito querido por toda a gente com quem trabalhou e com quem lidou.

Fez o primeiro ciclo e aprendeu a profissão na Escola de Jornalismo, que na altura eram as redacções dos jornais. Conseguiu ter uma cultura acima das habilitações literárias que obteve, por ser bastante culto e também devido ao seu interesse pela literatura.

Casou-se no dia 13 de Outubro de 1945, na Basílica da Estrela com Maria de Jesus Oliveira, uma rapariga minhota, que conheceu no Jardim da Estrela perto de Campo de Ourique. Tiveram três filhos, o Nélson, a Mafalda e o Ricardo. Nélson, o mais velho, seguiu a profissão do Pai, tornando-se também um fotojornalista, conhecido como Lobo Pimentel Júnior. A minha Tia, casou cedo, com o primeiro empregado do meu avô, Octávio Paiva, que foi sempre o seu companheiro da sua vida profissional. Ricardo, o mais novo, com 10/12 anos de diferença dos irmãos, também seguiu uma profissão relacionada com um jornal mas noutra área, vendas e publicidade.

Segundo os seus filhos, a sua relação paternal não era a mais afectiva, não tinha as típicas brincadeiras de Pai. A família, por vezes, era secundária. O trabalho foi sempre a sua grande ocupação, por isso mesmo, o tempo que passava em casa era muito pouco.

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Começou muito jovem a trabalhar na fotografia, com negócio próprio, iniciando a sua vida no fotojornalismo na revista Estúdio e no Jornal Novidades (no início dos anos 50), seguiu-se a revista Plateia, entrando para um dos grandes vespertinos, o Diário de Lisboa no início dos anos 60 onde trabalhou até 1972. No Jornal do Comércio esteve até ao fecho deste (finais de 1976), acabando por fazer parte dos quadros da Luta e do Portugal Hoje, jornais que tiveram uma vida efémera. Seguindo-se o último jornal da sua vida, o Correio da Manhã, onde trabalhou até à véspera da sua morte súbita, no dia 23 de Janeiro de 1987. Era um dia como todos os outros, acordou, aprontou-se e chamou o seu genro e companheiro de trabalho, o meu Tio Paiva, que na altura também era fotojornalista e editor do Correio da Manhã, para mais uma bica matinal na pastelaria Viana, em Campo de Ourique. O meu Tio acabou por não o acompanhar devido a uma constipação, foi então sozinho ao Centro de Saúde para tomar a sua vacina de rotina. Ao sair do posto médico, em direcção ao café, sentiu-se mal, acabando por desfalecer na Rua de Infantaria 16, Lisboa junto ao quartel militar.

“Quando entrei no cemitério, pensei que estivessem a acontecer ao mesmo tempo mais dois ou três funerais ...” - palavras de um dos filhos, Ricardo, que ficou estupefacto pela quantidade de pessoas que foram à sua “despedida”.

Era um predestinado para a fotografia de reportagem, especialmente no que diz respeito à vida humana. Conseguia traduzir os aspectos humanos da vida para o papel e consequentemente para as páginas dos jornais. Profissionalmente era uma pessoa imensamente competente, o jornal era a sua primeira casa (a sua dedicação ao trabalho era total), a paixão que tinha pela profissão, a forma como a encarava, fazia dele um dos melhores profissionais na época, assíduo, com uma capacidade de trabalho enorme, capaz de fazer todo o tipo de trabalhos na área do fotojornalismo (desde o desporto à política, à grande reportagem). Devido à forma como lidava com os seus colegas, era querido na redacção, na tipografia, como nos outros sectores da vida

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de um jornal. Tinha extraordinárias relações com os camaradas de trabalho e com os motoristas (na altura essenciais no transporte das equipas de reportagem).

As tertúlia e as “copofonias” com os amigos são também bastante recordadas pelos mais próximos. Após os serviços ou dos fechos dos jornais estes encontros eram principalmente feitos nas tascas e cafés do Bairro Alto, zona que era bastante conhecida como a capital do jornalismo, o bairro onde estavam localizados praticamente todos os jornais da época.

“Éramos uma máfia...” - Inácio Ludgero, “Depois de fecharem as edições costumávamos nos encontrar nas tascas” - António Fazendeiro.

Não tinha pretensões de chefia, sabia que, não tinha capacidade para o lugar, por isso ao longo da sua vida profissional foi, quase sempre, chefiado.

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OBJECTOS

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Cartões de identificação

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Mรกquinas fotogrรกficas

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Instrumentos de laborat贸rio

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Negativo (EusÊbio com a filha no final da Taça de Portugal)

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Guilhotina de corte

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Capas dos Jornais

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Fotografias do 25 de Abril e notĂ­cias visadas do DiĂĄrio de Lisboa

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Colecção de moedas, pins e medalhas

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Colecção de fósforos

27

Livros (policiais de Agatha Christie)

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Imperial e cigarro

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LOCAIS

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Casa da Imprensa

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Antigo Correio da Manh達 na Rua Eduardo Coelho, Lisboa

37

Antigo Jornal do Comércio na Rua Dr. Luís de Almeida e Albuquerque, Lisboa

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Parque Mayer

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SNOB Restaurante

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Restaurante Casa da Ă?ndia

45

Pastelaria Orion

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Restaurante Central do Rato

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CafĂŠ e pastelaria 1500

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Rua de Infantaria 16, Lisboa (Local do seu falecimento)

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RETRATOS

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Jo達o Marques Valentim, antigo fotojornalista

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Rui Raimundo, fotojornalista

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Ă lvaro TĂĄvares, antigo jornalista

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Inรกcio Ludgero, antigo fotojornalista

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Ant贸nio Fazendeiro, antigo fotojornalista

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Daniel Ricardo, editor e jornalista

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NĂŠlson Lobo Pimentel, antigo fotojornalista

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Octรกvio Paiva, antigo fotojornalista

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Apesar de não ter tido o prazer e a felicidade de conhecer o meu avô, com este trabalho fiquei a saber mais sobre a sua vida pessoal e profissional.

Sem dúvida que será sempre uma grande inspiração para mim, pois os seus atributos como fotojornalista serão sempre um exemplo para o meu futuro. Partilho aqui esses atributos que ao longo deste trabalho pude confirmar com todos os ex-colegas. Sendo assim, as propriedades principais de um fotojornalista são essencialmente: ter sentido de reportagem, paixão pela fotografia, ser dedicado, “vestir a camisola” e acima de tudo conseguir transmitir através do nosso “olhar” a informação, clara e objectiva, de diversas formas e em diversos meios de comunicação.

Ao reflectir a história de vida do “velho Lobo Pimentel”, a sua vida, não era nada sem o fotojornalismo. Tal como referi anteriormente, por vezes a família era secundária, toda a gente confirma isso, mas também têm consciência que a sua condição de saúde poderia ter sido ultrapassada se não fosse esta sua grande paixão pelo que fazia. O cigarro e a bebida também não ajudavam, mas naqueles tempos era o mais habitual em todos os profissionais ligados a esta área, com muitos prós, com muitos contras, bonita, mas dura.

“E é assim que o recordaremos sempre.

Hoje era o seu dia de folga. Apenas isso.”

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Júlio Evangelista da Fonseca Lobo Pimentel, nasceu na freguesia de Belas, em 28 de Janeiro de 1926.

Homem de estatura média, compleição normal. Psicologicamente era uma pessoa débil, resguardado, pouco independente, humana, perspicaz, com uma relação fácil com as pessoas, muito querido por toda a gente com quem trabalhou e com quem lidou.

Fez o primeiro ciclo e aprendeu a profissão na Escola de Jornalismo. Conseguiu ter uma cultura acima das habilitações literárias que obteve, por ser bastante culto e também devido ao seu interesse pela literatura.

Começou muito jovem a trabalhar na fotografia, com um negócio próprio, onde de seguida passou nos seguintes jornais: Revista Estúdio, Jornal Novidades, Revista Plateia, Diário de Lisboa, Jornal do Comércio, Luta, Portugal Hoje, e Correio da Manhã Faleceu no dia 23 de Janeiro de 1987, devido a uma embolia pulmonar.

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