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‘Fazendo’ água no sertão nordestino Mulheres cisterneiras buscam alternativas para conviver com clima semiárido enquanto fortalecem seus direitos JULIANA RESENDE Archivado en:
Recife
Pobreza
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20 MAR 2014 - 14:06 CET
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A gricultora e cisterneira Lourdes da Silva Oliveira: mão na massa. / CASA DA MULHER DO NORDESTE / DIVULGAÇÃO
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(Recife, BR Press) - Lá se vão dez anos e mais um Dia Mundial da Água (22/03), desde que a agricultora Lourdes da Silva Oliveira, 50 anos, regou (ou irrigou), literalmente, seu próprio destino e da comunidade de Santo Antônio, na região de Afogados de Ingazeira, no sertão de Pernambuco, onde vive, trabalhando e criando oito filhos. Lourdes foi a primeira 'cisterneira' – como são chamadas mulheres que constroem cisternas – de uma região castigada pela seca no Brasil que, vale lembrar, ainda não atingiu a meta de garantir acesso universal à água potável, um
dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio (ODM). Atualmente, Lourdes é uma das três dezenas de mulheres que se tornaram cisterneiras com auxílio da Casa da Mulher do Nordeste, no sertão do Pajeú (PE), buscando alternativas para conviver com o clima semiárido enquanto fortalecem seus direitos no sertão pernambucano. Ela arregaçou as mangas e partiu para ação, fazendo "trabalho de homem": aprendeu a construir cisternas por meio do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), da Articulação do Semi-Árido (ASA). A ASA é uma rede formada por organizações da sociedade civil que atuam na gestão e no desenvolvimento de políticas de convivência com a região semiárida. Desde que surgiu, em 2003, até fevereiro de 2014, o P1MC construiu 519.772 cisternas, beneficiando mais de 2 milhões e 250 mil pessoas. Ganhou o Prêmio Sementes da Organização das Nações Unidas (ONU) e o Prêmio Direitos Humanos 2010, na categoria Enfrentamento à Pobreza, concedido pelo governo brasileiro – importante parceiro do P1MCl, além de pessoas físicas, empresas privadas, agências de cooperação e ONGs como a Action Aid Brasil. A ActionAid tem apoiado o trabalho de 12 organizações locais, como a Casa da Mulher do Nordeste, a realizar ações de mitigação dos efeitos da seca prolongada e de promoção da convivência com o semiárido, apoiando mulheres que constroem cisternas, como Lourdes e uma de suas alunas, a agricultora Creuza Lopes Ferreira, 52 anos, de um povoado próximo, em Itã, parte do município de Carnaíba (PE). Creuza, como a maioria das cisterneiras, enfrentou dificuldades na empreitada, acirradas pelo fato de não saber ler, além do machismo. "Os homens ficavam curiando (caçoando) enquanto as mulheres trabalhavam", conta. As cisternas funcionam como um instrumento de empoderamento das mulheres, que antes
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