Fresco, mas sem frescura

10/30/2020

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Cheio de frescura - Prazeres da Mesa

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Cheio de frescura Prazeres da Mesa

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10 de julho de 2013

Por Juliana Resende, de Londres, Inglaterra Fotos Divulgação

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Pode parecer paradoxal. Mas frescura é tudo para o chef britânico Jamie Oliver, que alcançou status de pop star não com a música (embora ele até tenha tentado, como baterista da banda Scarlet Division), mas com o estilo grunge de cozinheiro, seu maior talento.

Para Oliver, que acaba de confirmar a abertura de uma filial do Jamieʼs Italian no Brasil, antes da Copa do Mundo, a tal da frescura, ou frescor, é fundamental – nos ingredientes. E não no preço, nem no design, nem na grife dos acessórios de cozinheiro. “É a qualidade do que vai para a panela a condição sine qua non para que um prato saia delicioso, mesmo em apenas 15 minutos”, afirma ele, numa referência a seu novo livro de receitas, Jamieʼs 15 Minute Meals (Penguin Books, disponível em inglês).

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Leia também: Em entrevista a Prazeres da Mesa, Jamie Oliver revela seu apego pelo frescor dos ingredientes O chef, no caso, pode estar nu (sim, um trocadilho infame com o programa televisivo The Naked Chef, que lançou Oliver ao estrelato), mas verduras, legumes, frutas, cereais e carnes têm de ter toda a roupagem natureba, quase hippie. Tanto que o slogan da linha de comidas frescas do chef é “Ingredientes honestos, comida deliciosa”. A linha tem de tudo, de especiarias a massas e queijos, passando por peixes e carnes, como as famosas linguiças e o bacon suíno orgânico.

“Nosso porco é fresquíssimo e 100% britânico”, diz.

Não é difícil para Jamie Oliver garantir o frescor e o rigor na procedência dos alimentos, num país onde há confiáveis selos de qualidade e fácil acesso à comida de todo o mundo nos supermercados.

Falamos do Reino Unido, que, nos últimos anos, mudou da água para o vinho em termos de padrões gastronômicos – graças a atitudes em prol da tal cozinha verdadeira, pregada como uma oração por chefs como Oliver. Em alguns supermercados britânicos e nas delicatéssens do chef espalhadas por todo o Reino Unido, há uma boa variedade desses produtos. Os preços, é claro, são mais salgados.

No Brasil, apesar da fartura, ainda é complicado encontrar ingredientes orgânicos, principalmente carnes, e os preços continuam um tanto proibitivos. Mesmo sabendo do problema, Oliver vai logo aproveitando nosso encontro para dar seu recado. “Quero cozinhar no Brasil! Ou melhor, quero cozinhar durante a Copa e a Olimpíada no Brasil”, diz, em alto e bom som.

“A comida é um grande motivo para unir as pessoas”, afirma o cozinheiro. A frase norteia toda a conversa, que durou mais de uma hora, durante o encontro do chef com a imprensa internacional, promovido pelo London 2012 Festival, evento cultural e gastronômico ocorrido paralelamente aos Jogos Olímpicos de Londres. Falou-se um bocado sobre o Brasil, país que ele quer “conhecer mais” por meio de nossa culinária, cujas delícias já foram introduzidas ao chef pelo brasileiro Almir Santos, então ajudante de cozinha no restaurante

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Fifteen London. Hoje, Santos é professor de aspirantes a mestre-cuca no projeto social que originou o estabelecimento e tem como meta dar oportunidade a jovens em situação de risco de tomar gosto pela cozinha e tornar-se alguém na vida.

Foi justamente o que aconteceu com Jamie Oliver. Aos 16 anos, o jovem deixou a cidadezinha de Clavering, em Essex, Inglaterra, onde seus pais tinham um pub, para entrar na escola de culinária de Westminster, em Londres, e começou a trabalhar com o chef anglo-italiano Genaro Contaldo, que considera seu mentor na arte de pilotar o fogão.

Contaldo parece ainda tratá-lo como um garoto em busca do tempero perfeito, menos como um ex-patrão ressentido e mais como um pai zeloso. “Ele me assusta terrivelmente, às vezes”, disse ao London Evening Standard. “Jamie tem uma ideia, e bam! Quer executá-la na hora.” Impetuosidade? Sim. Mas a receita tem dado certo.

Aos 37 anos, Oliver não é só um chef bem-sucedido, como dono de um império composto de livros, programas de TV, restaurantes como o Barbecoa e o Fifteen London (em Amsterdã, na Cornuália e em Melbourne), as redes Jamieʼs Italian, Union Jack e a mais nova cadeia de lojas Recipease (delis com cursos de culinária), um patrimônio estimado em 150 milhões de libras (cerca de 500 milhões de reais), além das fundações Jamie Oliver e Better Food. Seu intenso trabalho com a “comida pelo social”, que teve como maior vitória uma mudança significativa na até então insossa e pouco nutritiva merenda escolar britânica (as americanas também estão no alvo), lhe valeu o “cargo” de “Ministro da Comida” por lá. Herói para uns, como a escritora e chef veterana Prue Leight – “Eu já falava sobre educação alimentar há 40 anos, mas foi Oliver quem o fez apropriadamente” –, o cozinheiro admite: “Você tem de ser meio louco para fazer o que estou fazendo”.

Depois de 15 minutos de conversa, não é difícil descobrir por que Jamie Oliver protagoniza uma revolução com um pé na porta da cozinha. Em sua cruzada pelos alimentos orgânicos e naturais e por uma reforma geral no sistema de produção, venda e consumo de comida, o inglês caiu nas graças não só dos “bad eggs” (gíria britânica para “maus elementos”) que mudaram seu destino no Fifteen, mas também de Sua

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Majestade. Por seus esforços em prol da sociedade, Sir Oliver foi indicado como Membro do ImpÊrio Britânico pela rainha Elizabeth II, em 2003. 

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