Meryl Streep se aproveita do filme 'As Sufragistas' para falar da luta da mulher - Cultura - Estadão
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Meryl Streep se aproveita do filme 'As Sufragistas' para falar da luta da mulher JULIANA RESENDE - ESPECIAL PARA O ESTADO 25 Dezembro 2015 | 05h 00
Aparição da renomada atriz dura apenas alguns minutos LONDRES - Meryl Streep é uma mulher de forte presença. É uma experiência tão interessante conhecê-la pessoalmente quanto vê-la na tela – ainda que por apenas alguns minutos. Spoiler: é esse o tempo que dura sua participação no filme As Sufragistas, que estreou no Brasil na última quinta-feira, 24. Não vá achando que Meryl faz a heroína da história. Ela aparece no papel da líder do movimento sufragista, Emmeline Pankhurst. E o filme, sobre a luta das mulheres pelo direito ao voto no Reino Unido, é narrado por uma lavadeira, Maud Watts (vivida por Carey Mulligan), que trabalha desde os 7 anos e, cansada da exploração, resolve entrar de cabeça nessa luta.
O filme causou no 59º London Film Festival, onde teve estreia mundial, em outubro passado. Meryl Streep participou da coletiva de imprensa e conversou com jornalistas no tapete vermelho, antes da première, em Londres. Da manhã, com roupa simples, cabelo preso, óculos de grau, para a noite de gala foi um pulo: ela reapareceu, com pinta de fada madrinha da Cinderela, num longo de cetim azul, acenando para os fãs histéricos em plena Leicester Square, praça no centro de Londres. Durante as ações de promoção do filme, a atriz colocou todo seu carisma, experiência – ela é dona de três Oscar – e ativismo a serviço das causas e questões feministas e femininas. “Faltam mulheres nos centros de decisões”, reclamou Meryl, enquanto liderava as respostas e discussões sobre temas do filme e fora dele. Com a palavra, Meryl Streep.
Há alguma heroína feminina que você ainda não tenha interpretado e que gostaria de fazer no cinema? Heroína, eu? Nossa! Há tantas histórias que merecem ser contadas. Onde estão as outras Emmelines? Quem são as ativistas por causas contemporâneas? O que gosto neste filme é que ele não é sobre mulheres de uma determinada classe social. É sobre todas nós, que podemos nos identificar com a lavadeira Maud, interpretada por Carey Mulligan, que é personagem principal do filme. Como essa falta de mulheres no comando das organizações que você menciona se reflete em Hollywood? Na falta de poder das mulheres em todas as instâncias da sociedade. Elas não têm poder de decisão, não fazem as leis. No filme, sua personagem, a líder das sufragistas, diz que as mulheres não vão “cumprir a lei” (em outras palavras, aceitar caladas que não podem votar) até que possam “fazer as leis”. Isso era em 1920. E como você vê a situação hoje? Avançamos um bocado, mas ainda há muito o que conquistar. Nos EUA, mais da metade dos universitários são mulheres. E ainda assim, elas são minoria nas esferas decisivas das empresas, governos, sindicatos, na indústria – inclusive do cinema.
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