O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA JULIANA VICTOR CANAL 1 ARQUITETURA E URBANISMO
UNIVERSIDADE VILA VELHA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO E PAISAGISMO
JULIANA VICTOR CANAL
O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
VILA VELHA 2018
2
JULIANA VICTOR CANAL
O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Trabalho de conclusão de curso, apresentado a Universidade Vila Velha, como pré-requisito do programa de graduação do curso de arquitetura e urbanismo e paisagismo, como requisito parcial de obtenção de título de bacharel em arquitetura urbanismo e paisagismo. Sob orientação da professora Dra. Ana Paula Rabello Lyra.
VILA VELHA 2018
3
4
Dedico este trabalho ao meu porto seguro, minha famĂlia. Meus pais Elder (in memorian) e Jucileia
e aos meus irmĂŁos, Thales, Iasmin e Lucas.
5
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
RESUMO Identifica no parque linear a estratégia ideal para A
qualidade
de
vida,
está
estritamente
ligada
ao
promover a
recuperação, preservação
da
área e
a
reaproximação entre as pessoas e a cidade. Pretende-se
diversas
com este estudo contribuir com opções que possam
consequências para o meio ambiente como a poluição e
reverter a ruptura existente e humanizar a região
supressão dos cursos d’água. Essas áreas permanecem
trazendo maior dinâmica e vitalidade, através da inserção
subjugadas em vários cenários urbanos como rupturas
de espaços públicos que restituam a dignidade para o
carecendo de propostas para sua reconciliação com a
público, visto que este apresenta grande potencial, que
cidade. O presente trabalho utiliza o instrumento da
não está devidamente aproveitado. O resultado apresenta
Operação Urbana Consorciada para apresentar uma
um estudo ampliado da área situada no entorno da
proposta
áreas,
Universidade Vila Velha com ocupações que valorizam as
conhecida como Canal da Costa, situada na região mais
potencialidades intrínsecas da área e demandadas pela
adensada do município de Vila Velha.
população.
desenvolvimento
urbanização
para
das
cidades.
desenfreada,
reconciliação
Constata-se
ocasionou
de
uma
que,
dessas
Estabelece como
meta a elaboração de uma proposta projetual em nível de estudo
preliminar
contemplando
a
renovação
e
a
requalificação de áreas que margeiam esse curso d’água. Utiliza a revisão de literatura para identificar as temáticas centrais deste estudo, complementado por um diagnóstico
da área de estudos.
Palavras-chave: Operação Urbana Consorciada; Parque linear; Espaço urbano; Vitalidade urbana; Rios urbanos.
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ABSTRACT
It identifies in the linear park the ideal strategy to promote the recovery, preservation of the area and rapprochement
Quality of life is closely linked to the development of
between people and the city. The aim of this study is to
cities. It can be seen that unrestrained urbanization has
contribute with options that can reverse the existing
had a number of consequences for the environment,
rupture and humanize the region, bringing greater
such as pollution and suppression of watercourses. These areas remain subdued in various urban settings as ruptures lacking proposals for their reconciliation with the city. The present work uses the instrument of the Consortium Urban Operation to present a proposal for the reconciliation of one of these areas, known as
dynamics and vitality, through the insertion of public spaces that restore dignity to the public, since this presents great potential, which is not properly used. The result presents an expanded study of the area located
near Vila Velha University with occupations that value the intrinsic potential of the area and demanded by the population.
the Coast Channel, located in the most densely populated area of the municipality of Vila Velha. It
establishes as goal the elaboration of a project proposal in level of preliminary study contemplating the renovation and the requalification of areas that border this watercourse. It uses the literature review to identify the central themes of this study, complemented by a
diagnosis of the area of studies.
Keywords: Consortium Urban Operation; Linear park; Urban space; Urban vitality; Urban rivers.
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
LISTA DE FIGURAS
Figura 12 – antes e depois do canal da costa pós
Figura 01 – obstrução do canal da costa ...........................24
construção da terceita ponte..........................................41
Figura 02 – rio Cheonggyecheon após sua renovação gerou
Figura 13 – condomínios murados na proximidade do
grandes impactos para região ...........................................28
canal...............................................................................48
Figura 03 – new York representa a nova visão modernista
Figura 14 - Parque urbano de Cocal...............................50
das cidades propondo novas áreas urbanas .....................29
Figura 15 - Praça de Santa Mônica................................50
Figura 04 – uso competitivo entre pedestres e carros em
Figura 16 – presença de via tapando o canal.................50
Bangladesh .......................................................................30
Figura 17: vão criado pela terceira ponte, por transpassar
Figura 05 – ponte de pedestre de Pedro arrupe, permite
o canal da Costa............................................................51
conexões e contato com os meios na dimensão humana
Figura 18: Vila Velha em 1987.......................................54
..........................................................................................31
Figura 19: Vila Velha em 2018.......................................54
Figura 06 – abndoibarra pós intervenção, uma cidade vida
Figura 20: Av. Carioca, sentido Vila Velha......................63
...........................................................................................32
Figura 21 - Perfil da Via arterial classe 0........................64
Figura 07 – processo de transformação do rio
Figura 22 - Perfil da Via arterial classe 0........................64
Cheonggyecheon ...............................................................34
Figura 23: Perfil das vias coletoras.................................65
Figura 08 - Cheonggyecheon pós intervenção urbanística
Figura 24:Avenida Resplendor........................................65
...........................................................................................35
Fonte 25 desenvolvido pela autora.................................65
Figura 09 – loteamento da praia da costa em 1961............38
Figura 26: Poluição do canal da Costa...........................66
Figura 10 – praia da costa em 2018...................................39
Figura 27: Conjuntos habitacionais no entorno do canal
Figura 11 – primeira ponte conectando vitoria a são
da Costa.........................................................................80
Torquato............................................................................ 40
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Figura 28: Locais serem desapropriados na av. Luciano
Figura 47: área de eventos...........................................106
das Neves .....................................................................82
Figura 48: área de comércios e serviços......................107
Figura 29: Locais serem desapropriados na av. Santa
Figura 49: área de comércios e serviços......................108
Loepoldina......................................................................82
Figura 50: Edifício sob pilotis........................................109
Figura 30: diagrama conceitual: Reintegração...............84
Figura 51: Viveiro..........................................................110
Figura 31: imagem de referência para a ponte...............90
Figura 52: Pet Park.......................................................111
Figura 32: imagem de referência de horta comunitária...90
Figura 53: imagem de referência deck de contemplação
Figura 33: imagem de referência de pista de cooper......90
no morro do moreno.....................................................112
Figura 34: área de esportes..........................................93 Figura 35: academia popular.........................................94 Figura 36: área de descanso..........................................95
LISTA DE TABELAS
Figura 37: redários.........................................................96 Figura 38: pergolados.....................................................97 Figura 39: área de yoga.................................................98 Figura 40: área de piquenique........................................99 Figura 41: área de jogos...............................................100 Figura 42:parquinho.....................................................101 Figura 43: área de skate...............................................102
Figura 44: desnível.......................................................103 Figura 45 pedalinho......................................................104 Figura 46: fonte interativa.............................................105
Tabela 01 - Resumo dos critérios de comparação para estabelecer
renovação
de
áreas
de
Ocupação
Urbana...........................................................................36 Tabela
02
–
faixa
etária
de
região
01
e
02
.......................................................................................46 Tabela 03 – razão de dependência região 01 e 02...................................................................................47 Tabela
04:
potencialidades
x
vulnerabilidades
x
diretrizes.........................................................................75
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
LISTA DE MAPAS
Mapa 20: intervenção no setor 01...................................83
Mapa 01: hidrografia da cidade de vila velha............................43
Mapa 22: Integração.......................................................86
Mapa 02: área de estudo..........................................................44
Mapa 23: área de projeto................................................87
Mapa 03: região 01 e 02...........................................................45
Mapa 24: novos usos......................................................88
Mapa 04: bairros do entorno do canal.......................................45
Mapa 25: parque linear...................................................90
Mapa 05: setores......................................................................48
Mapa 06: setor 01.....................................................................49 Mapa 07: setor 02......................................................................51 Mapa 08: setor 03......................................................................53 Mapa 09: Figura a fundo............................................................55 Mapa 10: Gabarito.....................................................................57
Mapa 11: mapa de usos.............................................................59 Mapa 12: Hierarquia da malha viária e ciclovias.........................62 Mapa 13:Zonas de Interesse Ambiental......................................67 Mapa 14: mapa de zoneamento setor 01....................................69 Mapa 15: mapa de zoneamento setor 02....................................70
Mapa 15: mapa de zoneamento setor 02....................................71 Mapa 16: mapa de cones visuais do Convento da Penha...........72 Mapa 17: potencialidades x vulnerabilidades x diretrizes............76 Mapa 18: intervenção no setor 01...............................................79 Mapa 19: intervenção no setor 01...............................................81
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
SUMÁRIO
4.2.
PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DA ÁREA DE
1.
INTRODUÇÃO..........................................................12
ESTUDOS......................................................................45
1.1
CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA............................13
4.3
1.2
JUSTIFICATIVA.........................................................13
4.3.1 SETORIZAÇÃO....................................................47
1.3
OBJETIVOS GERAIS................................................14
4.3.2 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO............................54
1.4
OBJETIVOS ESPECIFICOS.....................................14
4.3.3 MOBILIDADE URBANA.......................................61
1.5
METODOLOGIA........................................................15
4.4
ASPECTOS AMBIENTAIS....................................66
02 RIO E CIDADE: O TECIDO URBANO EM
4.5
ASPECTOS LEGAIS............................................68
TRANSFORMAÇÃO..........................................................17
4.6
SÍNTESE DAS POTENCIALIDADE E
2.1
VULNERABILIDADES LOCAIS......................................73
RELAÇÃO DA ÁGUA COM A EVOLUÇÃO URBANA
ASPECTOS MORFOLÓGICOS............................47
PROPOSTA – O USO DA OPERAÇÃO URBANA
...........................................................................................18
05
3.0
ESTRATEGIAS DE INTERVENÇÃO URBANA....... 22
CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA
3.1
A RENOVAÇÃO URBANA ATRAVÉS DA OPERAÇÃO
COSTA...........................................................................77
URBANA CONSORCIADA ................................................23
5.1
VIABILIZAÇÃO......................................................71
3.2
MARKETING DAS CIDADES....................................25
5.2
PROPOSTA DE INTERVENÇÃO..........................78
3.3
PARQUE LINEAR......................................................27
5.3
CONCEITO E PARTIDO........................................84
3.4
EXEMPLOS DE APLICAÇÃO...................................34
5.4
PROJETO.............................................................85
04
CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO –
5.4.1 SETOR CONTEMPLAÇÃO...................................90
CANAL DA COSTA............................................................37
5.4.2 SETOR ENTRETENIMENTO................................91
4.1
5.4.3 SETOR DE SERVIÇOS.......................................112
LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO........38
5.4.4 SETOR TURISTICO PAISAGÍSTICO .................112
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
06 CONCLUSÃO.............................................................114 07 REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................116 08 APÊNDICE.................................................................125 09 ANEXOS....................................................................127
INTRODUÇÃO
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO DO TEMA
Cheonggyecheon, na Coreia do Sul. A cada dia que
A revolução industrial gerou um grande crescimento populacional,
impulsionando
assim,
as
ocupações
e
aglomerações por toda a cidade, que ao longo dos anos foram pressionando as áreas de qualidade ambientais, incluindo os cursos d’água urbanos. A busca pelo desenvolvimento das cidades, para atender o novo fluxo migratório e as novas demandas da população e da economia da cidade, se tornou intensa, gerando uma série
passa, a qualidade de vida nas cidades vem sendo abordada de forma mais ampla e difusa, a fim de possibilitar
um
planejamento,
para
gerar
menores
conflitos na relação entre usuário e o meio ambiente urbano. Para tanto, busca-se um melhor planejamento das cidades que priorize sua vitalidade, a fim de atender as necessidades das pessoas que nela vivem, trabalham, circulam e se divertem.
de consequências positivas e negativas para a sociedade.
1.2 JUSTIFICATIVA
Destaca-se neste contexto da expansão das cidades, a
O tema deste trabalho de conclusão de curso se deu do
degradação gerada aos cursos hídricos urbanos, em sua
desdobramento
maioria cobertos para abrigar novas ocupações públicas e
desenvolvido na Universidade Vila Velha, no ano 2017/2 e
coletivas. Realidade que despertou o interesse por parte
2018/1, sob a orientação do docente Wallace Milles da
de
acadêmicos e gestores de estudos e propostas que
Silva, com o tema: metodologia para revitalização de
pudessem contribuir para a reconciliação entre o rio e a
canais urbanos: o Canal da Costa e suas possibilidades
cidade, como a publicação da Arquiteta Maria Cecília
paisagísticas para formação da identidade local. Nesta
Barbieri Gorski “Rios e Cidades. Ruptura e Reconciliação”,
pesquisa foi abordado o conceito de marketing das
publicado em 2010, ou como a proposta de requalificação
cidades,
urbana de cidades como
desenvolvimento de uma identidade para Vila Velha.
aquela
identificada em
e
do
sua
projeto
de
influência
iniciação
no
cientifica,
processo
de
14
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Durante esse estudo foi identificado o problema ocasionado na
relação a existência de espaços livres de uso públicos
qualidade dos cursos d’água do município
desde os anos 70.
destinados ao lazer. A estratégia de intervenção considerou
Neste contexto, destaca-se o Rio da Costa ainda muito presente na
os conhecimentos adquiridos no Ateliê de Projetos de
memoria coletiva da população, sendo assim os estudos realizados
Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo cursado no nono período
teve como propósito o resgate desta memória como forma de tornar estas águas a marca da cidade, agregando um valor positivo, por meio de um processo de renovação do canal da Costa com a implantação de um parque linear. O levantamento preliminar das informações da área de intervenção
foi determinante para individualização da área de projeto a partir do
do Curso que apresentou a Operação Urbana Consorciada à turma. Estratégia possibilitada pelo Estatuto das Cidades em que o poder público e privado trabalham em conjunto com a comunidade local na
busca por soluções urbanísticas
estruturantes para melhoria da qualidade de vida da população. 1.3 OBJETIVOS GERAIS
início das orientações ocorridas na realização deste Trabalho de Conclusão de Curso. Este considerou para sua delimitação, as consequências e problemáticas da região, sua proximidade com usos institucionais como a Universidade Vila Velha e as ocupações
contrastantes existentes no trecho compreendido pelos bairros do Divino Espírito Santo, Boa Vista e Coqueiral. Ademais, a escolha
A presente idealização tem como objetivo desenvolver como proposta projetual, um estudo preliminar para renovação do Canal da Costa através da operação urbana consorciada, a fim de proporcionar aos moradores da região 01, uma melhor integração e oportunidades de lazer público, além de suprir a carência de áreas verdes e espaços públicos da região.
da região se deu por esta apresentar vários geradores de fluxo e potencialidades, por conta da presença ainda de vazios urbanos e a insuficiência em
1.4 OBJETIVOS ESPECIFICOS
•
Estudar a relação existente entre a cidade e a água
15
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
•
Entender o contexto da Operação Urbana Consorciada
com ênfase na relação da cidade com os cursos
como proposta de renovação urbana
d’água, a fim de estabelecer carências, identificar consequências e possibilidades deste processo.
•
Investigar exemplos de reconciliações entre rios e cidades
com uso de um parque linear •
Após o levantamento e as analises, o desenvolvimento dos estudos prosseguiu com o aprofundamento das
Elaborar um diagnóstico da área de estudo com destaque
estratégias de transformação e reconciliação que
para as potencialidades e vulnerabilidades locais.
possibilitam a cidade uma maior vitalidade. Bem como, por
•
conseguinte,
as
contribuições
dos
autores
Desenvolver uma proposta projetual que se adeque e
selecionados sobre o tema da vitalidade urbana, estes
integre a realidade do local
sendo, Jan Gehl, Herman e Santiago, Maria Cecília Gorski, Mônica Loureiro e Isabel Gregori, e os
1.5 METODOLOGIA O desdobramento deste projeto de conclusão de curso, se
iniciou com levantamento e revisão da bibliografia, e fim de
parâmetros por eles estabelecidos a fim de se estabelecer
um
processo
de
renovação
urbana.
Destaca-se principalmente os preceitos abordados pelos autores que nortearam esta pesquisa, como na
verificar os conceitos e posicionamento dos autores, que possibilitariam um melhor desenvolvimento do trabalho. Após
valorização do pedestre, a fim de se desenvolver cidades caminháveis, inclusivas e seguras.
esta etapa, foi necessário estabelecer como se deu o desdobramento evolutivo das cidades após o período industrial e os desdobramentos na realidade de Vila Velha,
Estes estudos possibilitaram o embasamento teórico
para realização do desenvolvimento de um projeto a nível de estudo preliminar, com propostas condizentes
16
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com a realidade local, de forma que se torne possível contemplar as potencialidades locais, bem como combater suas fragilidades.
17
A água é uma fonte renovável e essencial para o desenvolvimento e
02 RIO E CIDADE: O TECIDO URBANO EM TRANSFORMAÇÃO
consolidação de cidades e povos em todo o mundo. Esse capítulo aborda a importância da água para com o meio ambiente urbano, apresenta como se deu o processo evolutivo das cidades, quais consequências ocasionadas por essa realidade instigou o processo de desvalorização verificado nas cidades contemporâneas. Busca assim compreender estes processos resultantes da relação hídrica dos cursos d’água urbanos. os rios urbanos
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
2.1 RELAÇÃO DA ÁGUA COM A EVOLUÇÃO URBANA
nostálgica de algo que representou significativas
A água é uma substância renovável essencial para a vida e equilíbrio do ecossistema do planeta. Trata-se de um recurso natural
intimamente
vinculado
aos
aspectos
de
desenvolvimento da civilização humana, sua disponibilidade
lembranças no processo de integração com o meio urbano., bem como a sua representatividade de riqueza para o desenvolvimento das cidades e no processo de
integração urbana. (GORSKI, 2008)
influi diretamente na estrutura de um ambiente (D'ALKMIN &
Com advento da revolução industrial, houve um
PACCA, 2010).
crescimento
A palavra civilização está ligada a noção de “viver em
cidades”. Na história das civilizações, de modo geral, as ocupações em torno de cursos hídricos eram tidas como marcos ou referenciais territoriais, além de forma de comercialização e geradores de energia. Desta forma as primeiras civilizações constituíram-se em regiões úmidas
adjacentes a importantes rios, como o Nilo, o Tigre e o Eufrates (QUEIROZ, 2010). Pressupõe-se a partir da referida relação, que o desenvolvimento complexo, das civilizações e consequentemente das cidades, ocorreram a partir de uma forte relação com os cursos d’água. Os rios foram os
populacional
intensivo
devido
as
imigrações, que impulsionou as ocupações às margens destes cursos d’agua (QUEIROZ, 2010). Sendo assim, pode-se observar o início de uma relação ambígua entre o rio e a cidade. Estas, suprimem os rios, com propósito
de
conseguir
promover
seu
autodesenvolvimento, mas com isso propiciam a deterioração do meio ao permitir que tais cursos d’água se tornem receptáculos de resíduos, entre outras consequências como: assoreamento, desvio de seu curso, patologias, odores e mudança de coloração (ASSAD, 2013).
principais alicerces para este processo. Porém, o sentimento
A relação sociedade-natureza, neste contexto, difere de
geral das nações nos dias atuais remetem sempre à visão
acordo com determinadas culturas e épocas históricas,
19
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
sendo em alguns momentos harmoniosa e cooperante, e em
torna sufocado, levando a várias consequências. Pode-
outros, conflitante e negligente, a medida em que os recursos
se destacar a desigualdade sócio territorial, a ocupação
disponíveis superam a velocidade em que são explorados para atender a demanda da população. Situação que se
irregular de áreas ambientais, a ausência de saneamento básico, acesso a água e a falta de mobilidade (AMORIM,etal.,2009).
inverte e se intensifica após o período industrial onde é O processo de urbanização recente pode ser entendido como consequência inesperada do processo de radicalização da modernidade e que, reflexivamente, terá consequências para a vida cotidiana nas metrópoles do futuro (OJIMA & MARANDOLA, 2016, p. 51).
percebida de forma adversa (QUEIROZ, 2010). Realidade identificada como um problema existente na relação entre rios e cidades, como a falta de um planejamento integrado ao desenho urbano que priorize e reconheça o valor dos cursos d’água para o desenvolvimento da cidade.
“O conhecimento desse processo dinâmico é importante
Durante a segunda metade do século XX, os rios passaram a
para um melhor entendimento dos determinantes da
ser desvalorizados e a natureza teve que se adaptar aos
saúde da população que vive nas cidades” (AMORIM, et
interesses econômicos a fim de promover o desenvolvimento
al., 2009, p. 1). Frente a esta realidade, a urbanização,
(QUEIROZ, 2010). Esta relação é extremamente contraditória
tem ganhado força ao longo dos anos, devido a
e perversa para o equilíbrio do meio ambiente urbano.
complicações,
O
crescimento
urbano
orgânico
e
desordenado
gera
agressões ao meio ambiente, que provocam interferências na saúde e na qualidade de vida de quem usufrui do local. A
partir de um determinado período, o bem-estar almejado, se
ocasionadas
pela
ausência
de
um
planejamento integrado para as cidades. A fim de promover um desenvolvimento planejado e consciente, diretrizes urbanas vêm sendo introduzidas; destacandose a o código florestal, que determina no segundo parágrafo da Seção II Das Áreas Consolidadas em Áreas
20
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Preservação Permanente: ao longo dos rios ou de qualquer
ocupação se consolidam de forma informal. Com a
curso d'água, será mantida faixa não edificável com largura
intensificação do processo de urbanização, áreas que
mínima de 15 (quinze) metros de cada lado” (BRASIL, 2012,
margeiam os rios, cada vez mais se tornam suprimidas
p.5). Além do Plano diretor municipal, instrumento básico de
das cidades, a fim de promover uma valorização dos
política de desenvolvimento urbano e expansão. Diante do
veículos automotores.
exposto torna-se incoerente planejar áreas urbanas sem levar em consideração o ecossistema urbano e rural
Os cursos d’água, desde os primórdios, possuem um papel essencial para o desenvolvimento das cidades.
limítrofe.
Entretanto a relação cidade x rios se deu de forma
O PDM e as questões ambientais têm um vínculo estreito.
agressiva, pois a sociedade capitalista consolida uma
Entretanto, quase que em sua totalidade, são ocupadas,
relação coisificada consigo, para com a natureza externa,
muitas vezes por população de baixa renda como alternativa
tratando tudo como produto a ser vendido no mercado.
de espaço para moradia. Esses ambientes, normalmente,
(GORSKI, 2008)
são negados pela cidade já que se tornaram áreas
desvalorizadas, pouco aprazíveis e perigosas, sendo realizada pelos mesmos que tornaram esta realidade presente (QUEIROZ & CARVALHO, 2011). Condicionando os rios a serem utilizados como forma de descarte indevido, de matéria orgânica, inorgânica, resíduos domésticos e
consequência,
degradado,
assim
o
meio
como
urbano
seus
vem
afluentes,
sendo
por
consequência da urbanização. Esta, realizada de forma massiva, se deu de forma a atender e acompanhar as novas necessidades dos moradores, devido o advento da tecnologia.
industriais, assim perdendo sua vitalidade. É valido salientar que nem sempre esses processos
Como
de
21
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
O grande adensamento nas cidades associado a intensa verticalização, acarretou várias consequências, destaca-se, problemas sociais, econômicos e ambientais, atrelado a esta realidade. (GORSKI, 2008) Uma proposta de despoluição se torna viável pois promoveria melhorias no âmbito urbano e social, visto que restitui o rio à cidade, promove melhoria na viabilidade econômica, recupera e protege o patrimônio ambiental e
cultural e sensibiliza por parte da sociedade, instigando o sentimento de preservação, a este novo espaço. Frente a este cenário, é pertinente salientar como a falta de um planejamento urbano nas cidades promove graves consequências ao meio e aos moradores, em sua vitalidade,
sendo então pertinente uma proposta de reintegração dos rios as cidades.
22
•
03 ESTRATÉGIAS DE INTERVENÇÃO URBANA
Com base nas consequências enfrentadas pelas cidades em detrimento do desenvolvimento urbano, este capitulo tem como propósito conceituar e abordar as opções e vantagens de implantação de mediadas urbanísticas com proposito de promover a melhoria do espaço e qualidade de vida das cidades através da reconciliação destas com seus cursos
23
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
3.1 A RENOVAÇÃO URBANA ATRAVÉS DA OPERAÇÃO
Dentre os diversos instrumentos previstos na Lei
URBANA CONSORCIADA
10.257/2001, cita-se o Estatuto da Cidade, que consolida
A reestruturação das cidades engloba várias escalas de
intervenção, entre elas econômica, espacial e social, tornando o urbanismo um instrumento essencial para esta efetivação. A difusão de novas políticas sócio espaciais da
o
dever
do
Estado
em
promover
políticas
de
desenvolvimento urbano para a sociedade, a fim de exercer então a função social da propriedade, dentre elas, a Operação Urbana.
cidade vem sendo integrada a sociedade, com intuito de
Destacando
inserir o local cada vez mais no âmbito econômico
Consorciada,
capitalista.
instrumento de redesenho de determinada parcela pré-
Sendo assim é possível evidenciar uma série de iniciativas locais, em parceria com o poder público e privado, voltados para o âmbito urbano e projetos arquitetônicos de grande impacto.
determinada alterações
a
aplicação pode-se
do nos
Operação
caracteriza-la
território, índices
da
podendo urbanísticos
Urbana
como
fazer
uso
um
de
previstos
e
modificações nas características de uso e ocupação do solo, com o uso de investimentos públicos e privados.
Esta proposta visa à implementação de um plano de
Estas medidas visam enobrecer o local onde estão
aperfeiçoamento urbanístico. O fundo arrecadado é
inseridas (LIMA & MALEQUE, 2007). Pode-se destacar,
destinado a intervenções a serem executadas somente
como medidas urbanísticas que merecem atenção:
no interior da poligonal de intervenção (BRASIL, 2001).
Estatuto Urbano.
o
da Cidade, e os Planos Diretores Municipal e
As Operações Urbanas Consorciadas surgiram no Brasil
nos 80, caracterizam-se pelo conjunto de intervenções e
24
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
medidas coordenadas pelo Poder Público Municipal, nas
procurar
quais participam o setor público e privado visando promover
cidades (TRAVASSO, PENTEADO, & FORTUNATO,
em
2017).
determinadas
áreas,
transformações
urbanísticas
recuperar
Equiparando
a
esta
paisagem
realidade,
fluvial
com
nas
aquela
estruturais, melhorias sociais e valorização ambiental.
apresentada no Canal da Costa – Vila Velha, pode-se
Consequentemente, não é qualquer intervenção urbana que
verificar que este não se encontra em sua total
pode ser qualificada como operação urbana consorciada,
potencialidade de aproveitamento.
mas apenas aquelas que se destinem à realização destas três áreas de atuação de forma simultânea. (CARVALHO, 2015)
Figura 01: obstrução do canal da Costa
Esta proposta é baseada no Plano Diretor, pois este delimita a área de aplicação da operação a ser concretizada. A fim de levantar a verba necessária para a execução da operação, admite-se, a emissão, de Certificados de Potencial Adicional
de Construção, em quantidade determinada, estes, se caracterizam como títulos de investimento, são vendidos e seu recurso é utilizado diretamente como custeio da operação (CARVALHO, 2015) Com relação aos rios urbanos, é possível associar que as
propostas de intervenção conformam um novo paradigma para o tratamento dos corpos d'água e suas margens, ao
Fonte: autoral, 2018.
25
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O Canal, em detrimento do uso do veículo motorizado, foi
Como visto, a presente realidade degradada da área do
suprimido em uma grande escala. É possível verificar
canal promove a necessidade de uma proposta de
trechos onde a obstrução é tão presente que a visão do
intervenção. Estas, aliadas as medidas abordadas,
canal foi bloqueada (Figura 1), sendo assim para uma efetiva
quando aplicadas em conjunto, se fazem eficientes de
realização de uma proposta de uma operação urbana
modo que coloque fim na supressão ocasionada pelas
consorciada, atrelada ao uso de um parque linear, se faz
vias, e enaltecendo assim a importância de se pensar no
necessário a realização de uma renovação urbana, pois,
desenvolvimento
este
preservando os cursos hídricos, além de proporcionar o
apresenta
como
características
o
processo
de
demolição de tecidos urbanos degradados para assim poder
das
cidades
incorporando
e
retorno da memória efetiva local.
promover uma nova estrutura. Conceitua-se renovação urbana, segundo a Carta de Veneza 3.2 MARKETING DAS CIDADES
como: Ação que implica a demolição das estruturas morfológicas e tipológicas existentes numa área urbana degradada e a sua consequente substituição por um novo padrão urbano, com novas edificações (construídas seguindo tipologias arquitetônicas contemporâneas), atribuindo uma nova estrutura funcional a essa área. Hoje estas estratégias desenvolvem-se sobre tecidos urbanos degradados aos quais não se reconhece valor como património arquitetônico ou conjunto urbano a preservar (PORTUGAL, 1995).
Pensar o futuro, que se revela no plano crescente da
expansão do capital, das mudanças que separam as novas tecnologias e evolução das necessidades e desejos dos indivíduos, exige uma visão contextual e sistêmica. Perante a isso, é essencial investir em planos estratégicos com vista à sustentabilidade das cidades e dos territórios, e não se limitar a propostas de gestão ofertadas durante os ciclos eleitorais. Busca-se neste
26
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contexto, propostas que possam contribuir para valorização
O conceito de qualidade de vida, neste contexto,
econômica e ambiental dos centros urbanos com ênfase
apresenta um desdobramento muito mais abrangente,
para promoção destas com foco na preservação da
não englobando apenas fatores econômicos. Ligado
qualidade de vida enquanto promove suas potencialidades
também ao conforto e o bem-estar físico e psicológico de
para atrair novos investimentos para a cidade.
cada indivíduo do espaço (NOBRE, 1995). As praças,
O marketing das cidades é uma das ferramentas inovadoras utilizadas, nestes casos, para articulação entre agentes públicos e privados, objetivando a melhoria socioeconômica
das cidades e consequente atendimento do interesse coletivo da população (DUARTE & JÚNIOR, 2006). Este, se configura como um conceito de grande importância, reforçado de um modo mais consistente nos últimos anos, e encontra-se
numa
fase
de
integração
nos
campos
ruas,
jardins
e
parques
configuram
componente
essencial deste contexto inserido no sistema de espaços livres da cidade. Estes nem sempre apenas verdes, refletem um ideal da vida urbana em diferentes
momentos históricos da cidade (ALEX, 2008). O homem transforma o meio a qual está inserido, e atua de forma direta na natureza, a medida em que a usufrui, para satisfazer as suas necessidades vitais (MARX, 2004).
conceituais do marketing, mas de importância fundamental
Neste cenário, a presença do marketing das cidades
para o desenvolvimento e sustentabilidade das cidades,
pode ser estratégica para realização de uma analise a
regiões e países, mais particularmente. Trata-se de um
fim de levantar as necessidades do espaço e do
processo de gestão de desenvolvimento das cidades para
indivíduo, com intuito de promover uma reconciliação
atender à satisfação de necessidades e desejos de
entre o espaço consolidado e o homem.
indivíduos e de organizações a fim de promover a qualidade de vida no ambiente urbano (ALMEIDA, 2004).
27
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3.3 PARQUE LINEAR As
primeiras
concepções
Dentro deste contexto, o equipamento parque linear paisagísticas
surgiram
na
Inglaterra, com proposito de expressar a construção de
cenários naturais e românticos. Posteriormente, com intuito de integrar os sistemas de infraestrutura das cidades, as propostas paisagísticas dos parques sofreram adaptações para a nova realidade (ALEX, 2008).
consiste em, atualmente, em um objeto estruturador de programas ambientais em áreas urbanas, sendo muito utilizado como instrumento de planejamento e gestão das áreas marginais aos cursos d’agua buscando sempre conciliar os aspectos urbanos e ambientais presentes nessa área como exigência da legislação existente. (FRIEDRICH, 2007)
No Brasil a abordagem contemporânea dos espaços livres urbanos tem privilegiado os aspectos ambientais. Nesse sentido são várias as cidades que propõem a implantação de parques lineares como estratégia de planejamento municipal.
Faz parte das referidas estratégias, alternativas de desenvolvimento
de
projetos
e
programas
socioambientais em áreas urbanas com proposito de recuperar e preservar cursos d´água e suas margens
Do ponto de vista ambiental, a implantação de um sistema
conciliando os aspectos urbanos e ambientais presentes
de parques lineares pode melhorar a drenagem, aumentando
no local (FRIEDRICH, 2007). Estes ganharam destaque
a quantidade de áreas permeáveis qualificadas no perímetro
como uma estratégia positiva para a cidade, pois conecta
urbano, pode contribuir para a melhora do microclima e da
pessoas e a paisagem, se tornando um local ideal para
qualidade do ar e buscar a reversão do estado de poluição e
implantação
degradação dos cursos d’água. No planejamento urbano os
recreativos, além de provocar alterações no microclima e
parques lineares também têm sido usados como estratégia
na qualidade do ar (figura 2). Sua implantação promove
para prevenir as ocupações irregulares em áreas de fundo
uma medida protetora para as
de
equipamentos
sociais,
margens,
culturais
pois
e
evita
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instalação de ocupações irregulares (SIQUEIRA, 2015). Figura 2 - Rio Cheonggyecheon após sua renovação gerou grandes impactos positivos no local
territoriais
(MIYAZAKI, 2005). Destaca-se o grande
crescimento da população, onde se faz necessário promover profundas reflexões sobre a cidade disponível no amanhã. Esta realidade associada a precariedade das condições de
vida
urbana
oferecidas
atualmente,
deve
ser
analisada de forma que nas próximas décadas, se torna absolutamente inevitável construir não apenas mais
cidade, mas promover melhores cidades, pois somente com uma proposta de planejamento pensando no usuário será possível atender a esta nova demanda (FORTUNA, 2002). Segundo Gehl (2014), o objetivo chave para construir um
Fonte: (Águas, 2015)
futuro melhor para a cidades, se faz em um maior foco 3.4 EXEMPLOS DE APLICAÇÃO
sobre as necessidades das pessoas que utilizam as
As transformações socioeconômicas ocorridas no Brasil, principalmente a partir da década de 1970, acentuaram o processo
de
transformações
urbanização, espaciais
acarretando
profundas
resultantes de novas lógicas
cidades, para o mesmo, enquanto projetarmos vias para circulação de veículos motorizados, nós teremos cidades para carros e acrescenta a urgência em revertermos este
cenário e resgatarmos o modo de locomoção mais tradicional da natureza humana, ‘o caminhar’.
29
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Entretanto, não se pode negar, que a valorização da
Apesar de rejeitarem a dimensão humana, estes locais
dimensão humana em prol do planejamento urbano tem sido
têm procurado promover uma ideologia modernista,
menosprezada e tratada ao acaso no planejamento das
desenvolvendo novas áreas urbanas e instalando torres
cidades. Contraditoriamente, várias outras questões, vem
autossuficientes no centro da cidade (figura 3) (GEHL,
ganhando destaque, como por exemplo a disseminação do
2014). Destaca-se o uso de parques urbanos e parques
uso do automóvel e a baixa prioridade do espaço público e
lineares no entorno de cursos d’água, ambos promovem
consequentemente degradação dos cursos d’água.
a integração da população para com o meio.
Pode-se verificar que, o novo modelo de mercado, pós-
Figura 3 - Nova York representa a nova visão modernista das cidades, propondo novas áreas urbanas
modernista, proporcionou mudanças nas inter-relações entre os espaços comuns da cidade. Como consequência existe uma perda nas relações com o usuário, esses a rejeitam ao ocuparem construções isoladas tornando-se cada vez mais autossuficientes, indiferentes e individualistas (GEHL, 2014).
Analisando a história das cidades, pode-se verificar que as estruturações e o planejamento influenciam o desempenho
Fonte: (STOCK, 2018).
urbano e a sua forma de funcionamento. Em áreas
Entretanto em países emergentes, devido à falta de
economicamente avançadas no mundo, apesar do aumento
planejamento da cidade, o caso acaba se tornando mais
significativo do tráfego, há uma maior tendência a promover
complexo, o uso do espaço público se faz necessário
melhorias com proposito de amenizar os impactos desta
para realização de atividades cotidianas, porém, devido a
realidade.
desvalorização desse espaço, torna-se competitivo, a
30
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Figura 4 - uso competitivo entre pedestres e carros em
convidativa nas cidades, pois, atualmente, se faz
Bangladesh
necessário reforçar a função social do espaço da cidade como local de encontro e permanência (GEHL, 2014)
O espaço público na cidade assume inúmeras formas e tamanhos, e de grande importância, estes mantêm uma relação estrita com a fluidez e dinamização do local onde é inserido, pois estes, quando renovados promovem automaticamente “externalidades positivas” isto é, um
processo simultâneo que aproxima pessoas, recursos, mudanças (ALOMA, 2013). Destaca-se também a
Fonte: (GEHL, 2014)
relevância direta do espaço público, com seu referencial Bem como sua participação, continua na cidade e as modificações que acarretam na vida do morador (ALEX, 2008). A fim de resolver estes obstáculos, as cidades devem promover uma política urbana integrada, com intuito de
desenvolver
cidades
vivas,
seguras,
sustentáveis
e
saudáveis.
valor histórico. O processo de criação destas cidades depende do desenvolvimento de ações dinâmicas, com formas urbanas equilibradas entre a natureza e o local
(GOUVÊA, 2008). Estes modelos de cidade necessitam de uma estrutura compacta de modo que propicie ao
Estes paradigmas se tornaram uma necessidade universal e
morador a versatilidade do deslocamento de forma
urgente. Reforça-se
independente
a importância de medidas que
propiciem ao usuário um incentivo a se inserirem, de forma
e
não
motorizada,
esta
medida
proporciona o incentivo a uma boa estruturação dos
31
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passeios (GEHL, 2014). Um exemplo em que o espaço público foi utilizado como norteador do processo de transformação urbana foi o Nova Abandoibarra, situado em Bilbao, Espanha .
Figura 5 - Ponte de pedestres Pedro Arrupe, permite conexão e contato com as meio na dimensão humana
Analisando a realidade do projeto de nova Abandoibarra, é possível
identificar que foi ambicionado integrar a
população a estes novos espaços, que anteriormente eram desprezados. Esta medida foi impulsionada devido a grande degradação ao rio Nerverón, e com intuito de gerar maior vitalidade para o espaço, e consequentemente a vida da população. Foi então implantado
no
entorno
do
rio
áreas
verdes
e recreativas, priorizando o pedestre e sua permanência, no deslocamento da sua relação com o meio (Figura 5).
Fonte: (BALMORI, 2012)
32
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Estas medidas de intervenção, propiciaram ao local uma
Sob esta ótica pode-se verificar que o modelo proposto
nova dinâmica. (figura 06) Um novo traçado para a cidade
se torna efetivo, visto que após as intervenções, a
passa a ser realizado a fim de propiciar a atual realidade,
necessidade de manter o local habitável se torna pública,
maior mobilidade, de forma que atenda a nova economia
pois, a deterioração generalizada, social e física, cria
proposta para região, consciência por parte da população em
uma imagem de abandono e marginalidade, isto incide
relação a eminente escassez dos recursos naturais, e
desfavoravelmente na percepção do espaço e as zonas
promove na população o interesse pela valorização o
do entorno, acentuando a se tornarem tendenciosos a
envolvimento com intuito de preservar os espaços (Gorski,
criminalidade e mitificá-los como regiões perigosas
2010).
(ALOMA, 2013).
Figura 6 - Abandoibarra pós intervenção, uma cidade viva
Algumas ideologias recentes do planejamento urbano visam uma proposta que estuda a relação das pessoas com os espaços públicos e desenvolve soluções urbanas focadas no comportamento, anseios e necessidades.
“Sentir-se seguro é crucial para que as pessoas abracem o espaço urbano” (GEHL, 2014).
Partindo desta
concepção, o uso do Placemaking se faz adequado.
Fonte: (BALMORI, 2012)
A palavra Placemaking pode ser traduzida para o português como "fazer lugares". Os "lugares" mencionados aqui são espaços públicos que estimulam interações entre as pessoas em si e entre as pessoas e a cidade, promovendo
33
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
comunidades mais saudáveis e felizes. Placemaking é, ao mesmo tempo, um conceito amplo e uma ferramenta prática para melhorar um bairro, uma cidade ou uma região. Com suas raízes na participação comunitária, o Placemaking abrange o planejamento, o desenho, a gestão e a programação de espaços públicos. Mais do que apenas criar melhores desenhos urbanos para esses espaços, Placemaking facilita a criação de atividades e conexões (culturais, econômicas, sociais, ambientais) que definem um espaço e dão suporte para a sua evolução (HEERMAN & SANTIAGO, 2015).
Pode-se evidenciar, que estas medidas, atrelado ao perfil inclusivo transformador do placemaking possibilitam um aprimoramento do planejamento do projeto, favorecendo a constituição de cidades mais vivas. Abordando ainda a segurança das cidades, Gehl (2014) sempre apresentou uma visão ampla para possiblidades de princípios para um bom desenvolvimento de uma cidade. Em seu conceito, cidades seguras consistem em
A difusão de seus conceitos iniciou em 1960, quando
uma boa relação entre meio x pessoas, de modo que
teóricos de grande renome como Jane Jacobs, William H.
sustente a visão de uma sociedade onde diferentes
Whyte, Jan Gehl entre outros, apresentaram ideias para o
grupos socioeconômicos possam movimentar-se lado a
desenvolvimento das cidades com foco nas pessoas. Entre
lado, no mesmo espaço da cidade, de forma integra e
estes,
que
segura. Sua perspectiva de cidade segura vai além de
propunham primeiramente pensar nas pessoas, depois no
prevenção a criminalidade, engloba também a segurança
espaço, bem como fornece estrutura a estes locais de forma
no trafego.
pode-se
destacar
diretrizes
de
projeto
que proporcionem atividades e atraiam as pessoas a utilizar
esses espaços em diferentes horários durante o dia. Esse fluxo de pessoas possibilita a livre circulação com segurança no meio urbano, por favorecer a convivência cotidiana nos espaços públicos (HEERMAN & SANTIAGO, 2015).
Nos anos que sucederam a implantação e valorização efetiva dos veículos automotores nas cidades, se tornou perceptível que os carros tomaram as avenidas, o foco
mudou, onde é concentrado cada vez de forma mais maçante no espaço voltado para eles, e como resultado
34
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deterioraram-se as condições para pedestres e ciclistas
autoestrada, ocasionando grande desvalorização da
(GEHL,2014). Quando a sua falta de vitalidade se torna
área, aumento da insegurança, poluição entre outras
motivo de incomodo ou inviabiliza os avanços das cidades,
consequências. Esta ação provocou inda mais o
os rios urbanos são meramente eliminados da percepção
isolamento e desconexão das pessoas para com a
pública (GARCIAS & AFONSO, 2013).
cidade (GARCIAS & AFONSO, 2013).Em 2003 deu-se início ao projeto de renovação da área, com a
Como pode-se verificar, a relação existente entre a vitalidade
implantação de um parque linear (Figura 7).
da população e da cidade está estritamente conectada ao urbanismo. A priorização da urbanização em detrimento do pedestre e seu meio não é algo novo. Esta relação
Figura 7 - Processo de transformação do Rio Cheonggyecheon
consequentemente acaba proporcionando a cidade uma carência de espaços públicos de boa qualidade, que promovam bem-estar. Um caso muito importante, em relação à renovação do
ambiente por meio de rios urbanos, foi o ocorrido com o rio Cheonggyecheon - Coréia do Sul. Este é o principal rio do centro econômico de Seul, e em decorrência desta realidade apresentava problemas ambientais comuns a seu porte, como poluição e degradação ambiental. Após a total
poluição, o
rio
foi suprimido, dando
espaço a
uma Fonte: (DISARO, 2015)
35
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
O rio foi despoluído e com a retirada do viaduto, houve uma
Ainda enfatizando o desenvolvimento das cidades, estas
implantação de uma nova política de transporte público
alcançando o patamar de sustentáveis, é uma pretensão
(BARATTO, 2014). Esta nova política urbana, priorizou não
necessária, visto que como abordado anteriormente, no
somente os moradores da região, mas também a cidade, lhe
momento atual, é perceptível as consequências do
agregando um perfil estimulante, convidativo, saudável e
desenvolvimento
seguro (Figura 8).
questionamento da questão ambiental urbana está entre
Figura 8 - Rio Cheonggyecheon após intervenção urbanística
os temas de
desenfreado
e
irresponsável.
O
maior relevância atualmente, devido ao
crescimento demasiado das cidades e à ausência de estruturas sustentáveis capazes de manter ambientes equilibrados
nos espaços urbanos
(LOUREIRO
&
GREGORI, 2013). Segundo Gehl (2014), o conceito de sustentabilidade aplicado às cidades pode ser observado de forma ampla,
seja em pequena ou grande escala. O pensamento sustentável deve ser inclusivo e futurístico, de modo que Fonte: (DISARO, 2015)
Gehl (2014) determina que é fundamental encontrar um equilíbrio para o crescimento de cidades saudáveis. A
questão de como garantir este bom desenvolvimento, deve ser visto como um importante desafio da arquitetura.
possa proporcionar as
gerações futuras uma nova
realidade. O autor também destaca a importância da sustentabilidade social, que consiste em dar a diferentes
grupos
sociais
a
igualdade
no
acesso
a
espaços públicos e ao transporte.
36
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Ressalta-se a ideia de que países bem desenvolvidos
Pode-se concluir que a vitalidade e mobilidade das cidades
necessitam elevar sua força na sustentabilidade social, o
se caracterizam como principais preceitos, pelos autores, a
que se torna indispensável para criar uma cidade funcional e
fim
atrativa a diferentes grupos.
posteriormente se caracterizam como principais premissas
de
promover
a
renovação.
Estas
diretrizes
para o desenvolvimento da proposta projetual para o Canal Tabela 01 exprime os principais conceitos abordados, pelos
da Costa em Vila Velha.
autores citados nesta capitulo, para avaliação a fim de desenvolver renovação de áreas de Operação Urbana. Consorciada. Tabela 01: Resumo dos critérios de comparação para estabelecer renovação de áreas de Ocupação Urbana
Fonte: Produzido pela autora.
37
Neste capitulo, será desenvolvido o diagnóstico do Canal
04 CONTEXTUALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO – CANAL DA COSTA
da
Costa,
a
fim
de
levantar
suas
principais
potencialidades e vulnerabilidades, de forma que seja possível
estabelecer
diretrizes
efetivas
para
sua
transformação.
38
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
4.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO
com objetivo de atrair novos moradores. Porém devido a
Compreende-se como paisagem um conjunto de forma que num dado momento, expressa as heranças que representam
as sucessivas relações localizadas entre o homem e a natureza (SUERTEGARAY, 2014). A leitura da paisagem foi se tornando cada vez menos decifrável, à medida que as
transferência da capitania para a ilha (atual cidade de Vitória), verificou-se um aparente desinteresse pela ocupação desta região (figura 9). Figura 9 – Loteamento da Praia da Costa em 1961
cidades sofreram as alterações necessárias em seu desenho, e devido o processo de expansão sofreram
transformações, para que assim torne-se possível vencer seus
novos
obstáculos
geográficos
proporcionados
(GORSKI, 2010). A paisagem tem sido alvo de intervenções antrópicas há muito
tempo.
Pode-se
ressaltar
pelas
marcantes
e
Fonte: Santos, 2011
constantes modificações que moldaram os atuais tecidos urbanos das cidades, a exemplo de Vila Velha – ES,
Somente a partir da década de 80, que se iniciou uma
impulsionadas em função da urbanização.
significativa
ocupação
do
território
(figura
10),
impulsionados pela perspectiva da ligação com a capital A ocupação da orla litorânea e demais cursos d´água,
pela terceira ponte.
localizados nesta região da cidade de Vila Velha, teve início
ocorrer a apropriação de áreas potenciais de proteção
com o loteamento das terras pertencentes a família Motta,
das encostas dos morros e mangues do município, por
Concomitantemente começou a
39
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
meio de loteamentos irregulares (BERNARDO NETO, 2012).
Grande parte deste crescimento, ocorrido em outras cidades, no entorno de cursos hídricos, em Vila Velha
Figura 10: Praia da Costa em 2018
não se deu de forma diferente. O Rio da costa, atual canal da Costa apresentava uma grande importância para vida do morador local. Suas margens lamacentas, devido os manguezais, propiciavam a nidificação a muitas espécies de aves e o seu leito com abundante vida marinha, promoveu por décadas, à comunidade de Vila Velha, o direito de nele se beneficiar, seja com
atividades de sustento que de recreação. A atividade pesqueira possibilitava recursos a inúmeras famílias desprovidas de recursos (SETÚBAL, 2001) . Fonte: Fonte: Google maps, (ano 2018).
Em março de 1960 Vila Velha sofreu uma das maiores
enchentes da sua história. Grande parte da cidade ficou Porém este crescimento, apesar de tardio, ao se iniciar deu-
inundada. A fim de agilizar o processo de escoamento da
se de forma intensa e desordenada. Como consequência
água, a prefeitura com auxílio do antigo Departamento
gerou a reprodução de vários problemas de ordem social,
Nacional de Obras e Saneamento, deu início a
agregados ao inchaço populacional que não possuía
construção de canalização do atual canal da Costa. A
infraestruturas adequadas, ocasionando transtornos para a
partir de 1960, o Rio da Costa deixou de existir.
população.
Atualmente
as áreas que abrigavam seus mangues
40
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
costeiros estão ocupadas em sua maioria por edifícios
Figura 11 - Primeira Ponte, conectando Vitória a São
residenciais (SANTOS, 2011). E assim iniciou seu processo
Torquato
de descaracterização.
Deve-se salientar o descaso com a preservação ambiental e qualidade da água. Com a destruição dos manguezais e a canalização, o canal passou a ser receptáculos de dejetos, devido ao grande número de moradias que se instalaram na proximidade do canal. Segundo a Companhia Espirito
Santense de saneamento (2017), 17% das moradias do município de Vila Velha não estão ligadas a rede de esgoto, Fonte: Santos, 2011
agravando e dificultando, ainda mais qualquer medida a ser desenvolvida no local a fim de promover sua recuperação.
Posteriormente, devido ao aumento da população e
A proximidade com a capital fez de Vila Velha sua primeira
consequente fluxo de veículos, ocorreu a construção da
extensão, passando a incorporar as primeiras áreas
segunda ponte, conectando a ilha de Vitória a Cariacica
conturbadas da região metropolitana de Vitória. A promoção
e Vila Velha (SANTOS, 2011). Estas construções
de novas ligações entre os dois munícipios tornou-se
possibilitaram
essencial para otimizar a mobilidade da região. Inicialmente
distintas e promover uma maior e mais dinâmica troca de
este processo foi realizado pela Ponte Florentino Ávidos,
fluxos, informações e serviços. Deve-se destacar ainda,
primeira ligação da Ilha de Vitória ao Continente. (figura 11)
neste processo de expansão da malha viária, a
conectar regiões
com
características
construção da ponte Darcy Castello de Mendonça,
41
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
conhecida também como terceira ponte. Representa um
Figura 12 - Antes e depois do canal da Costa pós construção da terceira ponte
novo elo entre o município de Vila Velha e a Capital, conectando a orla de Vila Velha à ilha de Vitória. Esta realidade impulsionou mais ainda o desenvolvimento costeiro
com o adensamento da orla de Vila Velha (BERNARDO NETO, 2012). Entretanto, analisando estas realizações, pode-se evidenciar o desinteresse público em prol da valorização dos cursos d’agua. A expansão urbana da cidade se consolidou com ênfase no racionalismo funcional modernista, priorizando o veículo em detrimento do pedestre (CUNHA e LYRA, 2017). A construção da terceira ponte se deu em cima do canal da Costa, e seus pilares foram instalados acompanhando suas margens, proporcionando ainda mais o estreitamento e Fonte: Gonçalves & Deves, 2017.
diminuição da vazão do canal. Destaca-se a incoerência de um país rico de recursos hídricos como o Brasil que não
Em um período de 40 anos o desenvolvimento do
valoriza seu grande potencial. Propostas de mobilidade
município
fluvial, auxiliaria não somente na mobilidade, mas também
crescimento no setor da construção civil, influenciando
nos custos destes percursos (figura 12).
diretamente as margens do Rio da Costa (SANTOS,
de
Vila
Velha,
apresentou
um
grande
2011). São ínfimas as consequências da nova realidade
42
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
enfrentada pelo canal. Este, atualmente, flui principalmente
futuro. Entre os diferentes tipos de ocupação, os rios
através de um tecido urbano denso, está poluído e demanda
urbanos, em todo contexto histórico de crescimento,
sérios
sua
apresentam uma série de modificações que vieram
E como medida paliativa para minimizar os
atreladas ao desenvolvimento das cidades. Estes rios
impactos gerados a cidade, dentre eles odor, desvalorização
atualmente, em grande parte, se encontram suprimidos
da área, disseminação de pragas e doenças, os canais vêm
pela cidade.
compromissos
recuperação.
públicos
e
privados
para
sendo suprimidos, ocultados das paisagens, tornando-os subterrâneos ou sendo usados de forma errônea e
Esta é a realidade do Rio da Costa, localizado na cidade
favorecendo a inserção e ampliação de novas vias para
de Vila Velha, que atravessa 23 bairros da região. Sua
circulação de veículos motorizados (Queiroz & Carvalho,
hidrografia é composta pelas bacias dos rios Guarapari e
2010).
Jucu (mapa 01). Este se caracteriza como o principal
É
necessário
frisar
que
um
dos
maiores
impactos
recorrentes da atual situação negligenciada do rio da Costa, consiste na perda da identidade e da memória coletiva dos moradores locais, motivado pela desqualificação do atual
manancial de abastecimento para a cidade de Vila Velha, nascendo na região serrana, em Domingos Martins e desaguando no Oceano Atlântico, na cidade de Vila Velha, na Barra do Jucu. (MORRO DO MORENO, 2018)
canal. Este processo ainda se encontra muito recente na memória do morador, e proteger a memória significa proteger o passado, o presente e o futuro. Cabe a cada indivíduo resgatar o próprio passado, de forma a manter viva
a memória, de forma que possibilite melhor percepção do
43
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Mapa 01: hidrografia da cidade de Vila Velha
Como
abordado
anteriormente,
o
Rio
da
costa
representou uma forte influência para o desenvolvimento de Vila Velha, frente a esta realidade, o atual canal foi área determinada como tema de estudo desta pesquisa, destacada no mapa 02. A escolha se deu devido a necessidade de reconciliar a cidade com o meio hídrico, e devido seu grande potencial paisagístico, que atualmente se encontra deteriorado. Segundo Gehl, a qualidade do espaço
urbano
influencia
diretamente
no
desenvolvimento de cidades vivas e saudáveis. Deve-se promover uma vida urbana de forma convidativa, e que enalteça as potencialidades locais, de forma que seus usuários abracem e integrem o meio.
Fonte: desenvolvido pela autora
44
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Mapa 02: área de estudo
Fonte: desenvolvido pela autora
45
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4.2. PERFIL SÓCIO ECONÔMICO DA ÁREA DE ESTUDOS
Sendo estes os bairros, Cocal, Santa Mônica e Santa Mônica Popular. (mapa 04)
Segundo a Secretaria Municipal de Planejamento Orçamento e Gestão, a cidade de Vila Velha está dividida em 5 regiões
Mapa 04: bairros do entorno do canal
administrativas, obedecendo assim a Lei Municipal 4.707 de 10 de setembro de 2008. O Canal da Costa, acolhe, em sua bacia de contribuição os bairros da região 01 – Grande Centro, e parte da região 02: Grande Ibes, (mapa 03).
Mapa 03: região 01 e 02
Canal da Costa
Fonte: desenvolvido pela autora
Segundo o censo de 2010 do instituto brasileiro de geografia e estatística, a cidade de Vila Velha, apresenta
uma densidade demográfica de 1.937,59 hab./km², e uma Fonte: desenvolvido pela autora
população estimada 486.208 mil habitantes.
46
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Para a implantação de um processo de intervenção em uma
Tabela 02 – Faixa etária da região 01 e 02
cidade, se faz imprescindível conhecer o público, de forma que sejam desenvolvidas propostas condizentes com as realidades locais, para assim não acentuar problemas
sociais já existentes. De acordo com as tabelas 02 e 03, é possível verificar que os bairros apresentados são prioritariamente jovens. Através da relação de dependência por bairros, é possível ver o percentual da população inativa (0 a 14 anos e 65 anos ou mais de idade) em relação à população potencialmente ativa (15 a 64 anos de idade), a população ativa é majoritária nos bairros, entretanto as propostas devem partir de um conceito inclusivo de forma que possa proporcionar a presença de equipamentos que gerem lazer, acesso a informação e capacitação destes diferentes grupos.
Fonte: SEMPLA, adaptado pela autora.
47
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Tabela 03 – razão de dependência, região 01 e 02
4.3 ASPECTOS MORFOLÓGICOS 4.3.1 SETORIZAÇÃO Durante essa fase do estudo, procurou-se compreender a composição do espaço urbano existente na extensão do Canal da Costa e sua relação com as edificações que ocupam a região. Essa análise possibilitou a caracterização
da área de estudos em três diferentes setores divididos de acordo com a identidade, necessidades e potencialidades predominantes de cada região. O Mapa 05 ilustra esses 3 setores: o primeiro setor, sendo ele Fonte: SEMPLA, adaptado pela autora.
residencial,
marcado
pela
presença
de
grandes
condomínios multifamiliares. O segundo setor, caracterizado como Institucional e comercial, foi assim definido por uma maior concentração de usos institucionais, e por reunir um grande número de estabelecimentos comerciais.
48
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E o terceiro setor, paisagístico e cultural, foi assim identificado por estar situado entre o morro do moreno e do Convento da Penha, marcos paisagístico e cultural do Estado e por . abranger ainda o encontro do canal com a Baía de Vitória. Mapa 05: setores
Setor 01
Setor 02
Setor 03
Canal da Costa
Fonte: desenvolvido pela autora
O setor 01, caracteriza-se nesse estudo como o início do
Figura 13 - Condomínios murados na proximidade com o canal
canal da Costa. A ocupação ocorre principalmente no bairro Coqueiral de Itaparica, que apresenta grandes condomínios
residenciais
murados,
que
estimulam
atividades
introspectivas, limitadas ao interior da área do condomínio (figura 13).
Fonte: Google, 2018
49
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Mapa 06: setor 01
Fonte: Google, 2018. Modificado pela autora
PRAÇAS
CANAL DA COSTA
ÁREA DO SETOR 01
PARQUE URBANO DE COCAL
CONJUNTOS HABITACIONAIS
ÁREA GRAMADA NO ENTORNO DO CANAL
50
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
É necessário destacar ainda, a presença do parque Urbano
O setor 2 compreende os bairros Boa Vista II, Divino Espirito
de Cocal (figura 14), praça de Santa Mônica (figura 18),
Santo e Itapoã. Nestes bairros é possível verificar a
Praça Haroldo Rosa (figura 15) e Praça de Coqueiral de
presença de dois importantes eixos comerciais e de
Itaparica (figura 16), como sendo uns dos poucos espaços
mobilidade, As avenidas Luciano das Neves e Professora
livres de Lazer encontrados na Poligonal.
Francelina Carneiro Setúbal. Destacando ainda o perfil
Figura 14 - Parque urbano de Cocal
comercial, o setor apresenta 2 grandes shoppings centers, o shopping Vila Velha e o shopping Praia da Costa. Além da
grande concentração de comércios de rua. Diferente do setor 01, neste é possível ver que se intensifica o processo de exclusão do canal, (Figura 16) encontrando trechos completamente cobertos, e outros em cuja bordas prevalece a ocupação informal. Fonte: (CAPIXABA, 2018)
Figura 16 – presença de via tapando o canal
Figura 15 - Praça de Santa Mônica
Fonte: Google, 2018
Fonte: Google, 2018.
51
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Mapa 07: setor 02
Fonte: Google, 2018. Modificado pela autora
52
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O setor 3 abrange uma concentração de potenciais turísticos e culturais de Vila Velha, destaca-se o Convento
Figura 17: vão criado pela terceira ponte, por transpassar o canal da Costa
da Penha, Morro do Moreno, Marinha e Parque Municipal do Marista. Apesar da Orla da praia e o Sítio histórico da
Prainha não se concentrarem dentro da gleba de estudo, se faz necessário evidenciar sua importância para a região, devido à proximidade, com o canal. Este setor é o que mais se aproxima da orla da praia,
distando apenas 3 quadras, apresentando uma ocupação mais adensada em relação aos demais.
Fonte: Google, 2018.
O contraste morfológico e tipológico identificado nesse trecho do canal torna a área mais vulnerável e socialmente excludente. Visto que o vão da terceira ponte, cria espaços atualmente abandonados (figura 17), entretanto de grande potencial pra implantação de equipamentos públicos.
53
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Mapa 08: setor 03
CANAL DA COSTA ÁREA SETOR 03 POTENCIALIDADES TURÍSTICAS E PAISAGISTICAS Fonte: Google, 2018. Modificado pela autora
54
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4.3.2 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO
Figura 18: Vila Velha em 1987.
Vila Velha nasce em 1535, mas só é considerada município em 1896. Em seus primórdios era uma cidade pequena,
com características agrárias, dependente da capital e dominada por algumas famílias tradicionais (SANTOS, 2011). Entre as décadas de 60 e 70 a população do município quase dobra atraída pela industrialização da capital e pelo declínio da economia cafeeira. No entanto a
partir da década de 70 muitas empresas se instalam também no município de Vila Velha, tornando-o ainda mais atrativo e consolidando assim sua expansão.
Fonte: Pizzol, José Figura 19: Vila Velha em 2018.
As figuras 18 e 19 mostram um pouco de como se deu o
processo de ocupação do território nas proximidades com o Canal da Costa. Verifica-se que as ocupações no entorno do canal se intensificaram após a década de 80 até os dias atuais. . Fonte: google maps, 2018.
55
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As cidades devem ser destinadas para as pessoas, de
Entretanto vale salientar que muitas destas ocupações
forma acolhedora e inclusiva. Entretanto, o inchaço
estão previstas no plano diretor.
populacional, atrelado ao desenvolvimento, impulsionou as
Os poucos lotes vazios na poligonal estão localizados em
cidades a se adaptarem a nova necessidade de mobilidade,
eixos importantes para cidade de Vila Velha, entretanto
o que consequentemente fez com que as cidades se
não promovem a valorização do local, muito pelo
moldassem para atender a demanda do veículo automotor,
contrário, intensificam a insegurança e segregam cada
ignorando as reais necessidades de seus usuários.
vez mais a cidade.
Locais
que
anteriormente
eram
desocupados,
hoje
apresentam grande adensamento, assim como demonstra o
mapa 09, de figura a fundo, muitos destes em locais de proteção ambiental. Mapa 09: Figura a fundo
CANAL DA COSTA
ÁREA CONSTRUIDA
ÁREA NÃO CONSTRUIDA
Fonte: desenvolvido pela autora
56
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As referidas características destacaram-se como adequadas
Neste âmbito, destaca-se Jan Ghel (2014) onde este,
para promoção de uma transformação urbana para região.
apresenta uma importante visão geral, sobre os princípios
Pensar em promover a renovação em aglomerados
do planejamento para a dimensão humana das cidades.
subnormais, agregando a estes locais uma função social da
Segundo
propriedade, é o ponto de partida para a operação urbana
planejamento
consorciada na área de estudo.
cuidadosa da dimensão humana deve sempre ser
Realocar espaços de moradia, melhorar vias, investir em
priorizada, de forma que possa integrar o observador na
espaços públicos de qualidade e incentivar às pessoas a
cidade.
participarem das políticas sociais urbanas do bairro são
É possível verificar que a verticalização se intensifica nas
outros fatores que irão agregar muito no momento de
proximidades com o bairro Itapoã e Praia da Costa.
pensar em como solucionar as precariedades da região. Em
Sendo estes, bairros mais elitizados, onde se intensifica a
grande parte de sua extensão, o bairro acumula uma série
exclusão e segregação do canal. A cidade incorpora o rio
de construções precárias, sem planejamento arquitetônico
e depois o exclui. A operação urbana consorciada
ou urbano. São áreas que ainda apresentam problemas
possibilita reverter esse cenário.
ele,
ou
independente
condições
das
ideologias
econômicas,
a
de
gestão
como alagamentos, falta de calçamento das vias e passeios públicos e insegurança. Outro aspecto a ser considerado é a relação entre edifícios e espaço público, o mapa 08 alerta para os possíveis efeitos da verticalização presente no trecho de estudo. Pretende-se
valorizar a relação da escala humana para garantir uma relação mais próxima das pessoas com a cidade.
57
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Mapa 10: Gabarito
Fonte: Desenvolvido pela autora
58
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Prevalece ainda a preocupação com as características
Verifica-se neste cenário a prevalência da arquitetura do
introspectivas
que
medo, identificada nas edificações muradas, nos circuitos
predominam na área de estudos. A sociedade atual tem um
de monitoramento eletrônicos, nas cercas eletrificadas e
foco voltado no eu, no indivíduo contrapondo-se ao sentido
demais elementos característicos do sistema prisional
de coletivo. A caminhabilidade por todo a cidade é
que são incorporados as edificações.
dessas
edificações
introspectivas
comprometida. Os espaços cada vez mais segmentam, interceptam, selecionam e filtram os que podem por eles
Segundo Jan Gehl, sentir-se seguro é essencial para que
circular. Trazem em suas formas a exclusão, a divisão e a
as pessoas abracem o meio urbano de forma que previna
segregação como norma. (REZENDE, 2014)
a criminalidade, isto só se torna possível com um
desenho urbano convidativo. Isto para não falar do quanto a cultura do automóvel destitui de todos a mobilidade, gerando um grande paradoxo. Encapsulados, muitas vezes blindados e envidraçados fazem da rua um percurso e não um espaço de (con)vivência. A rua passa a ser apenas um espaço de ligação entre um ponto e outro. Ponto este que, em geral, é de um local fechado e guardado para outro com características semelhantes. (REZENDE, 2014)
segurança,
também
engloba
Pensar na prevenção da pensar
nos
usos
e
setorização das cidades. Se faz necessário promover espaços íntegros, que propiciem fluxo de pessoas em diferentes turnos do dia.
É possível verificar no mapa 11, a presença de edificações de uso compartilhado (habitação e comércio)
Vila Velha não é diferente, uma cidade com arborização
por toda a poligonal. A maior concentração de comércios
precária
se intensifica a partir do bairro Divino Espirito Santo,
e
presença
marcante
de
construções
introspectivas, carente de vitalidade urbana, intensifica mais
entretanto
ainda o medo.
acessíveis,
esses
espaços
confortáveis
e
carecem
de
convidativos.
percursos A
cidade
59
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 11: mapa de usos
PRAÇA DE SANTA MÔNICA
CAMPO DO INDEPENDENTE DE SANTA MÔNICA
ESCOLA PROFESSOR GERALDO COSTA ALVES
GINÁSIO DE ESPORTES TARTARUGÃO
CAMPO DE FUTEBOL DE BOA VISTA
PRAÇA HAROLDO ROSA
PRAÇA DE COQUEIRAL DE ITAPARICA
POSTO DE SAÚDE DE ITAPARICA
EQUIPAMENTOS URBANOS
VAZIOS
INSTITUCIONAL
RESIDENCIAL
USO MISTO
CONVENTO DA PENHA
COMERCIAL
INDUSTRIAL
PARQUE URBANO DE COCAL
CANAL DA COSTA
Fonte: Desenvolvido pela autora
60
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
configura-se
assim,
como
um
local
de
passagem,
Percebe-se neste conjunto de contrastes, uma urgente
apresentando poucas áreas livres de uso público que
necessidade de se criar uma unidade que promova o
estimulem a permanência.
encontro das diferentes partes e uma identidade para a
As raras áreas destinadas ao uso público aparecem
região. Para tanto, foi necessário identificar os pontos
confinadas, como o Parque Urbano de Cocal, e desprovidas
fracos para estudar a melhor forma de transformá-los. O
de equipamentos adequados e projetados para atender a
primeiro se refere a presença de habitações precárias
demanda da população. Apesar do lazer ser um direito
nas proximidades do entorno com o canal. A atual
social assegurado pela Constituição Federal a todos os
situação que este se encontra, somente agrava e
cidadãos, a atual organização da sociedade, seus modos e
intensifica esta realidade. Famílias se instalam em sua
jornadas de trabalho extensas e a carência desses
borda sem o mínimo de estrutura, agravando ainda mais
equipamentos privam o trabalhador deste, afastando-o cada
a poluição, a saúde da população e separação do canal.
vez mais da vida social, do convívio com o mundo extratrabalho (OLIVEIRA, 2018).
O segundo, diz respeito ao processo de aglomeração urbana, que precisa ser compreendido também no
Toda a cidade de Vila Velha – ES, é muito carente em
contexto da circulação, ou seja, dos diferentes fluxos
espaços livres de uso público e lazer. Essa situação tem
presentes
favorecido aos empreendedores, implantarem edifícios
ocupações excluem o canal, negligenciam seu potencial
multifamiliares com áreas de lazer particular e shoppings
como percurso a fim de conseguir atender a seus novos
centeres, isolando cada vez mais a população e segregando
fluxos,
a integração com o meio urbano.
principalmente em detrimento do transporte automotor.
entre
gerados
as
cidades.
pelos
Enquanto
avanços
as
atuais
tecnológicos.
(MIYAZAKI, 2005)
61
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
É possível perceber, que na medida em que o curso do
própria
canal se aproxima de bairro de maior poder aquisitivo, mais
possam exercer seu direito de ir e vir livremente, de forma
ele é suprimido, como uma tentativa falha de amenizar os
rápida e eficiente. A cidade deve disponibilizar a
seus impactos. Como consequência desta forma a atender
infraestrutura e as ferramentas para essa movimentação,
suas novas prioridades, menosprezando então, a relação do
com transporte público viário, ferroviário e fluvial com
homem com o meio urbano e seus cursos d’água.
sistemas inteligentes. O plano de mobilidade de Vila
Deve-se salientar o impacto que esta realidade gerou nos
Velha apresenta muitas falhas em relação a infraestrutura
espaços públicos de lazer de Vila Velha. As áreas livres são
viária. Destaca-se a falta de uma proposta que privilegie a
raras e limitadas a pequenas praças sem estrutura e a orla,
mobilidade ativa, compreendida por aquela que favorece
insuficientes
urbana
os percursos de pedestres, bicicletas e transporte público
necessária. A cidade de Vila Velha está carente de áreas
integrados. O mapa 12, apresenta as ciclovias das vias
verdes, segundo a Organização Mundial da Saúde, a
existentes e a hierarquia da malha viária.
quantidade mínima de área verde por habitante é de 12 m² e
Verifica-se nesse mapa que o canal da costa aparece
a ideal é de 36 m², cerca de três árvores, por morador, o
como uma ruptura na integração da malha urbana. A
que se faz muito distante da realidade atual.
ciclovia é fragmentada e concentrada na orla. O mapa
para
proporcionar
a
vitalidade
cidade,
de
maneira que
seus
habitantes
destaca ainda, a presença do terminal urbano de Vila 4.3.3 MOBILIDADE URBANA
Velha, um importante eixo que carece de uma integração com outros modais.
Entende-se como mobilidade urbana, tudo que diz respeito
ao deslocamento das pessoas dentro do perímetro urbano. Essa possibilidade de locomoção deve ser provida pela
62
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 12: Hierarquia da malha viária e ciclovias
Fonte: Google 2018, editado pela autora
63
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
No estudo da malha viária identificou-se uma série de
Figura 20: Av. Carioca, sentido Vila Velha
contradições entre os quadros de classificação das vias (Anexo I) disponibilizados no PDM de Vila Velha e o que foi constatado durante visita à área de estudos. Verifica-se que
o PDM estabelece uma qualidade espacial e de fluxo para a Via Arterial Classe 0, por abranger passeios mais largos, com um desenho que acomode o volume de pedestres e equipamentos
urbanos
esperados.
Incentiva
ainda
a
instalação de uso misto e prevê diretrizes que propiciem
uma circulação mais dinâmica, como o acesso de veículos
Fonte: Google maps, 2018.
diretamente por vias laterais ou faixas de acomodação. A avenida Carioca, é classificada como arterial classe 0,
Outra realidade a ser verificada é o tamanho da via
entretanto, se encontra muito distante da verdadeira
arterial que é proposta pelo Plano Diretor Municipal
realidade.
(figura 21), onde esta deve apresentar entre 40 e 50
Na figura 20 é possível perceber que a proposta de passeio
metros de comprimento. Além da presença de via
mais largo não foi incorporada, muito pelo contrario
preferencial para coletivos, ciclovia, canteiros com 4
apresentam um pequeno trecho com muitos obstáculos no
metros e passeios com 5 metros de comprimento. Sabe-
percurso, dificultando mais ainda a circulação.
se que esta realidade está muito distante a enfrentada por Vila Velha.
64
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Figura 21 - Perfil da Via arterial classe 0
Fonte: PDM de Vila Velha
Figura 22 - Perfil da Via arterial classe 0
Com a analise do perfil viário da Av.
Carioca
(figura
22)
perceber
que
esta
é
possível
pouco
se
assemelha ao perfil proposto pelo PDM, e a estrutura presente se assemelha a proposta de vias locais,
o
que
remete
problemas
e
acentua
gerados
os por
congestionamentos, pois a via não suporta o fluxo intenso existente. Fonte: desenvolvido pela autora
65
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Já o perfil das vias coletoras (figura 23), apresentado pelo
comércio local e os serviços existentes em seu eixo. Figura 24:Avenida Resplendor
PDM (Anexo I) disponibilizado pelo PDM de Vila Velha, estabelece os critérios para a implantação da mesma. Diferentemente das arteriais, apresenta ponto de taxi e
estacionamentos, pois nestes locais preferencialmente se situam atividades econômicas e residências, de forma que possa permitir a permanência e circulação das pessoas, ao contrário das vias arteriais que promovem principalmente o
Fonte: Google maps, 2018.
escoamento do fluxo da cidade.
Entretanto, não apresenta o suporte necessário para este Figura 23: Perfil das vias coletoras
público, há poucas vagas de estacionamento, calçadas estreitas e apenas 2 faixas de circulação de veículos, se assemelhando
ao
perfil
viário
de
uma
via
local,
comprometendo então, a vitalidade dos bairros (figura 25).
Fonte: PDM de Vila Velha
Destaca-se que a proposta abrange um comprimento de 18 a 35 metros, novamente distante da estrutura encontrada
na poligonal. A figura 24 apresenta a av. Resplendor, esta de grande importância para Vila Velha, devido ao seu
66
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Fonte 25 desenvolvido pela autora Figura 26: Poluição do canal da Costa
Fonte: Acervo pessoal, 2018 Fonte: desenvolvido pela autora
Segundo o PDM
de Vila Velha, as únicas áreas
identificas
Zonas
como
de
Especial
Interesse
Ambiental (ZEIAS) são as praças, parques e áreas de 4.4 ASPECTOS AMBIENTAIS O Canal da Costa apresenta forte relação com a memória afetiva dos moradores da região. Ele foi um rio produtivo, fornecia fonte de renda para a população de Vila Velha, através da pesca e consistia em uma área de recreação para os moradores. Entretanto, o processo de urbanização fez com que a cidade o ignorasse, intensificando o processo de degradação, tornando-o um canal poluído e sem vida (figura 26).
preservação. As ZEIAS são parcelas do território municipal, de domínio público ou privado, onde é fundamental a proteção e a conservação dos recursos naturais, com sua adequada utilização visando a preservação do meio ambiente. O mapa 13 apresenta
em destaque as ZEIAS no trecho da área de estudo, em cor verde. Pode-se verificar, entretanto, que o Canal da Costa, não faz parte desta Zona, o que dificulta ainda mais sua preservação .
67
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 13:Zonas de Interesse Ambiental
CANAL DA COSTA
Fonte: PMVV, editado pela autora.
68
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Entretanto, o próprio PDM se faz contraditório sendo que,
Segundo o PDM, a ZOP subdivide-se em:
pode-se destacar que o mesmo relaciona a importância
I - promover a requalificação urbanística e ambiental das
desta preservação, porém admite que estas áreas sejam
áreas urbanas consolidadas;
ocupadas para implantação de equipamentos urbanos, o
II - otimizar a infraestrutura existente;
que acontece em quase todo o território.
III - qualificar os bairros e localidades consolidadas;
Segundo o código florestal, o canal da costa se enquadra
IV - induzir a ocupação de imóveis não
como uma área passível de proteção ambiental, pois essas
subutilizados;
consistem em área protegida, coberta ou não por vegetação
V - requalificar a paisagem urbana do centro da cidade;
nativa, com a função ambiental de preservar os recursos
VI - orientar a convivência adequada de usos e atividades
hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a
diferentes;
biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora,
VII - introduzir novas dinâmicas urbanas;
proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações
VIII - absorver novas densidades populacionais nas áreas
humanas; E estes limites dos canais, ao invés de
com potencialidade de adensamento, condicionadas ao
respeitados, foram incorporados e exilados do cotidiano
provimento de infraestrutura;
urbano.
IX - intensificar usos condicionados à implantação de
utilizados
ou
equipamentos urbanos e sociais e à implantação de 4.5 ASPECTOS LEGAIS
infraestrutura de suporte;
Segundo o Plano Diretor Municipal de Vila Velha, vigente
X - Garantir a proteção e preservação do patrimônio
desde 2007, a área determinada para abranger o setor 1
ambiental e cultural;
(mapa 14) é classificado como ZOP 5 – Zona de ocupação
XI - incentivar a instalação de atividades complementares ao
prioritária.
turismo em suas várias modalidades.
69
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 14: mapa de zoneamento setor 01
infraestrutura implantação
instalada, de
novos
a
renovação
parcelamentos
urbana que
e
sejam
necessários a integração da malha viária. Onde destacase outra contradição já que essa zona prevê integração com o restante do município e foi implantado um shopping de grande porte que modificou a dinâmica viária, atraiu fluxo e não, necessariamente, promoveu integração da cidade. Verifica-se que na descrição da ZOP, uma semelhança aos
princípios
da
operação
urbana
consorciada.
Destaca-se a otimização da infraestrutura, ocupação de CANAL DA COSTA
imóveis não utilizados ou subutilizados e a requalificação
Fonte: PMVV, editado pela autora
da paisagem urbana.
Na gleba de estudo é possível encontrar áreas adensadas em contraponto a alguns vazios urbanos. A região apresenta o cenário ideal para a Operação Urbana Consorciada, indo de encontro ao texto do PDM, no que diz respeito a promover requalificação urbanística e ambiental das áreas urbanas consolidadas em uma Zona de Ocupação Prioritária. Além de que a ZOP 5 prevê um coeficiente de
aproveitamento
compatível
com a :
Assim como no setor 01, é possível encontrar diferentes zoneamentos no entorno do Canal, também no setor 02
(Mapa 15), sendo eles ZOP 2 , ZOP 3 e ZOP 5. O que os diferencia é o coeficiente de aproveitamento admitido. A ZOP2 se diferencia pois apresenta coeficiente de aproveitamento compatível com a verticalização das edificações na orla urbana consolidada da Praia da Costa
e a ZOP3 apresenta coeficiente de aproveitamento :
70
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
compatível com a verticalização das edificações na orla
Segundo o PDM, a área identificada neste estudo como
urbana de Itapoã e de Itaparica; Estes locais permitem um
Setor 3 (mapa 16), Cultural e Paisagístico, está situada
gabarito máximo de 10 e 15 pavimentos, respectivamente.
na Zona de proteção Ambiental e Cultural (ZEPAC) –,
Assim
verticalização
constitui-se de áreas centrais destinadas à proteção do
apresentada no mapa de gabarito está condizente com a
patrimônio ambiental, histórico e cultural, com o objetivo
proposta do Plano Diretor, mesmo este fato segregando
de garantir a preservação e proteção dos bens existentes.
ainda mais a cidade.
Esta região apresenta coeficiente de aproveitamento
é
possível
averiguar
que
a
Mapa 15: mapa de zoneamento setor 02
máximo de 1,5, onde suas edificações podem possuir no máximo até 9 metros. Zoneamento destinado ao potencial
:
turístico do bairro Centro, como abordado anteriormente. De forma a garantir a preservação, pois assim é possível diminuir os impactos gerados pelos adensamentos nas cidades, bem como respeitar os limites do cone visual do
:
Convento da Penha.
O mapa 17, pode-se verificar que a poligonal de estudo se encontra na área de proteção do cone visual do Convento da Penha, o que demanda maior cuidado na inserção de verticalização no local, com o uso da operação urbana consociada. CANAL DA COSTA Fonte: PMVV, editado pela autora
:
71
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Segundo o
PDM, a área identificada neste estudo como
Esta região apresenta coeficiente de aproveitamento
Setor 3 (mapa 15), Cultural e Paisagístico, está situada na
máximo de 1,5, onde suas edificações podem possuir no
Zona de proteção Ambiental e Cultural (ZEPAC) –, constitui-
máximo até 9 metros. Zoneamento destinado ao potencial
se de áreas centrais destinadas à proteção do patrimônio
turístico do bairro Centro, como abordado anteriormente,
ambiental, histórico e cultural, com o objetivo de garantir
de forma a garantir a preservação, pois assim é possível
a preservação e proteção dos bens existentes.
diminuir os impactos gerados pelos adensamentos nas
Mapa 15: mapa de zoneamento setor 02 :
cidades, bem como respeitar os limites do come visual do Convento da Penha.
No mapa 16, pode-se verificar que a poligonal de estudo se encontra na área de proteção do cone visual do Convento da Penha, o que demanda maior cuidado na inserção de verticalização no local, com o uso da operação urbana consociada.
:
CANAL DA COSTA Fonte: PMVV, editado pela autora
72
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 16: mapa de cones visuais do Convento da Penha
Fonte: PMVV, editado pela autora
73
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
4.6
SÍNTESE
DAS
POTENCIALIDADE
E
VULNERABILIDADES LOCAIS
consequentemente o uso de outros meios de transporte se tornou menosprezado, e um dos principias pedidos está relacionado a mobilidade, além da falta de
Para intervir na cidade é importante entendermos como o
integração de modais e de ciclovia por toda a cidade.
espaço é produzido. Compreender, suas vulnerabilidades e
Atrelada a realidade do canal, outro pedido constante
potencialidades, de forma que seja possível desenvolver
está relacionado ao incomodo devido a sua poluição. Foi
uma proposta que contemple as reais necessidades do
possível verificar vários pedidos de despoluição do canal,
local e do público.
com intuito de propor um novo espaço de lazer público com melhores equipamentos destinados ao uso da
Em função do processo de revisão do Plano Diretor
população. Estas propostas, baseadas em fomentar o
Municipal,
turismo da cidade, visto que é muito defasado.
a
prefeitura
municipal
de
Vila
Velha
disponibilizou, através de seu site, a oportunidade dos moradores publicarem suas contribuições para as 5 regiões
Sabe-se que o Canal da Costa, em um passado próximo,
administrativas .
incorporava
um
importante
eixo
para
a
cidade.
Atualmente, se tornou receptáculo de dejetos, entretanto Esse estudo compilou as principais demandas dos
ele
moradores das regiões 01 e 02 área de abrangência da
potencialidade para Vila Velha. Destaca-se que este
poligonal.
descaso
Conclui-se
que
os
principais
pedidos
da
em
sua
com
essência
o
rio
se
consagra
ocasionou
uma
como
serie
uma
de
população estão diretamente conectados com o canal da
consequências no seu entorno. Dentre elas, famílias
Costa. Visto que a supressão dos cursos hídricos está
buscam suas encostas como opção de moradia, sem o
relacionada a valorização do veículo automotor, e
mínimo de estrutura, intensificando mais ainda a poluição.
74
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Estes locais por ventura, acabam se tornando renegados
Baseado nas contribuições dos moradores da cidade de
pela sociedade, intensificando a insegurança, poluição,
Vila Velha, as propostas do projeto desenvolvido buscam
alagamentos, disseminação de pragas e doenças.
integrar diretrizes que possibilitem minimizar esses
impactos e favorecer os pontos fortes. Entretanto, o Canal apresenta uma extensão com diferentes realidades contrastantes que reforça a ideia da necessidade
:
de uma proposta de intervenção. Em virtude de sua localização, próxima ao litoral e com vias arteriais que integram
a
região
a
outros
municípios
da
região
metropolitana, a área apresenta várias potencialidades.
Foram
destacados
nessa
fase
os
diferentes
empreendimentos de impacto e serviços nas proximidades, como os shoppings, órgãos públicos, instituições de ensino
e pequenos comércios da região. O que leva a reflexão que estes locais agregam diferentes públicos, em diferentes horários durante o dia que atravessam a áreas em direção a
atividades
situadas
em
edificações
introspectivas,
indicando a carência de espaço púbico para descanso ou
descontração.
75
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Tabela 04: potencialidades x vulnerabilidades x diretrizes POTÊNCIALIDADES
DIRETRIZES
AÇÕES
PRESENÇA DO CANAL DA COSTA
VALORIZAÇÃO DO CANAL
PROMOVER A RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA, E A DESPOLUIÇÃO DO CANAL, A FIM DE VALORIZAR A AÁREA COM IMPLANTAÇÃO DE UM PARQUE LINEAR
A EXTENSÃO DO CANAL S COMPREENDE EM VÁRIOS BAIRROS
PROPORCIONAR A ESSES USUÁRIOS DIFERENTES ATIVIDADES
PROMOVER INTEGRAÇÃO E UNIÃO DOS BAIRROS LIMITROFES
PROXIMIDADE DO CANAL COM TERMINAIS URBANOS
VALORIZAR A INTEGRAÇÃO ENTRE DIFERENTES MEIOS DE TRANSPORTE
IMPLANTAR CICLOVIA DE FORMA QUE CONECTE O BAIRRO
VULNERABILIDADES
DIRETRIZES
AÇÕES
POLUIÇÃO DA CANAL DA COSTA
GERAR NOVAMENTE VITALIDADE NO LOCAL
PROMOVER DESPOLUIÇÃO DO CANAL DE FORMA QUE SEJA POSSÍVEL REINTEGRA-LO NA SOCIEDADE NOVAMENTE
VIAS DE FLUXO INTENSO
PRIORIZAR O PEDESTRE
IMPLANTAR FAIXAS ELEVADAS, E FAIXAS COMPARTILHADAS
INSEGURANÇA
PROMOVER PLACEMAKING
DESENVOLVER ATIVIDADES ATRATIVAS E QUE PROPORCIONEM FLUXO CONSTANTE EM DIFERENTES HORÁRIOS DO DIA
MORADIAS PRECARIAS NO ENTORNO DO CANAL
REALOCAR MORADORES
PROMOVER MORADIAS DIGNAS A ESTES MORADORES, RALOCANDO-OS E AUXILIANDO TAMBEM NO IMPACTO DA POLUIÇÃO DO CANAL
FALTA DE ESPAÇOS CONVIDATIVOS QUE FORNEÇAM MOBILIÁRIOS URBANOS DE QUALIDADE E ARBORIZAÇÃO
PROMOVER QUALIFICAÇÃO DE ÁREAS DE LAZER PÚBLICO
PROMOVER ARBORIZAÇÃO E MOBILIÁRIOS URBANOS QUE ATENDAM A DEMANDA DOS MORADORS DA REGIÃO
LOTES VAZIOS
FUNÇÃO SOCIAL DA PROPRIEDADE
PROMOVER USO AOS LOTES DE FORMA QUE ATENDA AS CARÊNCIAS DOS BAIRROS
Fonte: desenvolvido pela autora
76
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 17: potencialidades x vulnerabilidades x diretrizes
Fonte: desenvolvido pela autora
77
Baseado no resultado obtido no capítulo 04 – contextualização da área de estudo, foi possível desenvolver uma nova proposta
05 PROPOSTA - O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
de intervenção de forma que possibilite a reintegração do canal à cidade, baseada nos princípios dos conceitos de vitalidade,
segurança,
identidade,
mobilidade
e
sustentabilidade, estabelecidos no capitulo 03 - estratégia de intervenção urbana.
78
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
5.1 VIABILIZAÇÃO
5.2 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO
Para intervir na cidade é importante entendermos como o
Como apresentado no mapa 01, a proposta de Operação
espaço é produzido. O processo de urbanização brasileiro,
Urbana Consorciada abrange a área do Canal da Costa e
desigual e incompleto reproduz a exclusão.
seu entorno imediato. A proposta se baseia em atender
as principais diretrizes estabelecidas no capítulo 04. Como forma de minimizar os impactos ocasionados por este processo e viabilizar a construção do parque linear no
.
Canal da Costa foi proposta a aplicação de uma Operação Urbana Consorciada. Pois esta consiste em um conjunto de
:
intervenções, gerenciadas pelo Poder Público Municipal, abrangendo também participação de investidores, onde buscam desenvolver melhorias estruturais, sociais e a valorização ambiental.
Uma característica da operação é a admissão de CEPACS, Certificados de Potencial Adicional de Construção, pois na Operação Urbana Consorciada é possível estabelecer coeficientes de aproveitamento básico e máximos, onde assim
o
empresário
pode
adquirir
maior
potencial
construtivo com a compra de CEPACS, e o capital obtido se retorna apenas para a área de intervenção.
:
79
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 18: intervenção no setor 01
Fonte: desenvolvido pela autora
80
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Ao observar o mapa 18, compreende-se que o processo de
Figura 27: Conjuntos habitacionais no entorno do canal da Costa
renovação incorpora uma grande parcela da poligonal, essa realidade se dá devido a falta de infraestrutura das edificações, principalmente nas proximidades do parque
urbano de Cocal, o que propicia a implantação de equipamentos e usos que os integrem. Como proposta, estes locais serão desapropriados e então implantados usos coerentes e com infraestrutura necessária para atender a população. Fonte: google maps, 2018
A população de baixa renda e os moradores que antes ocupavam as áreas desapropriadas serão realocados em Conjuntos habitacionais dentro da poligonal. De forma que apenas
as
edificações
em
estado
precário
sejam
Para reverter a sensação de insegurança narrada pelas pessoas
que
utilizam
a
região
foi
previsto
uma
modificação dos usos atuais, incorporando atividades que estenda o fluxo de diferentes pessoas em diversos
removidas.
horários do dia, verificado em alguns trechos da A presença de conjuntos habitacionais é marcante nesta região (figura 27), que por sua vez acabaram se consolidando
nos
entornos
do
canal,
denegrindo
a
vitalidade urbana destas regiões, devido a presença de
poligonal, para toda a área, incluindo equipamentos que favoreçam também a permanência. É possível encontrar também a presença de grandes lotes vazios, de grande potencial para implantação de equipamentos públicos.
edificações introspectivas. :
81
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 19: intervenção no setor 02
Fonte: desenvolvido pela autora
82
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Ao observar o mapa 20, percebe-se que há uma melhor
Figura 28: Locais serem desapropriados na av. Luciano das Neves
infraestrutura, visto que grande concentração dessas edificações
serão
mantidas
na
operação
urbana
consorciada. Entretanto há uma parcela de edificações
onde há necessidade de desapropriação. São as que estão localizadas ao longo do canal, desprovidas de salubridade e vulneráveis a doenças.
Destaca-se que grande parte dessas edificações se concentram nas proximidades de 2 importantes eixos
Fonte: google maps, 2018, editado pela autora. Figura 29: Locais serem desapropriados na av. Santa Loepoldina
comerciais e viários para Vila Velha, a avenida Luciano das Neves (28) e avenida Santa Leopoldina (Figura 29). O que justifica a necessidade de uma intervenção, devido à importância destes locais para a cidade.
Fonte: google maps, 2018, editado pela autora.
83
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Já o setor 03 (mapa 20) é marcante pela presença da
Assim como os lotes vazios no entorno do canal e os
terceira ponte e pelos espaços criados pelo vão do pé
locais para desapropriação, que juntos propiciam a
direito da ponte, que se tornam locais de grande
implantação de novos espaços de lazer para valorização
potencialidade para a implantação de equipamentos e
do uso público.
áreas de permanência. Mapa 20: intervenção no setor 03
Fonte: desenvolvido pelaeditado autora pela autora. Fonte: google maps, 2018,
84
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
5.3 CONCEITO E PARTIDO
O conceito da proposta de intervenção deste projeto, com o uso do marketing das cidades, se baseia na
O projeto de renovação do Canal da Costa com uso da
valorização
Operação
por
estabelecidos, de forma a serem sintetizados em um
intermédio da implantação de um parque linear para a
tema: reintegração urbana. Reintegrar uma área remete
cidade de Vila Velha, como visto no diagnóstico, a região
a incorpora-la novamente ao seu meio assim como a
carece de espaços de lazer de uso público.
ideia de desenvolvimento desta pesquisa.
Entretanto antes de estabelecer o desenvolvimento do
Com o uso do marketing das cidades e renovação
desenho do projeto se faz necessário resgatar alguns
urbana, é possível promover uma valorização espacial,
conceitos
de
visto que, esta vertente do marketing busca desenvolver
intervenção urbana. Destaca-se vitalidade, segurança,
uma identidade para a cidade, transformando um
identidade, mobilidade e sustentabilidade.
problema
Urbana
abordados
Consorciada,
no
capitulo
foi
03
idealizado
Estratégia
Figura 30: diagrama conceitual: Reintegração
destes
em
principais
solução,
eixos
assim,
de
como
carência
verificado
anteriormente, Vila Velha sofre com problemas de
poluição e com as águas.
Sob este ponto de vista, o mapa 21 apresenta a proposta de reestruturação de algumas conexões para promover a integração entre as principais áreas de uso
público da poligonal. Fonte: desenvolvido pela autora
85
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 22: Integração
ÁREAS DE LAZER DE USO PÚBLICO PRINCIPAIS POLOS GERADORES DE TRÁFEGO PRINCIPAIS VIAS CONECTANDO AO EIXO PAISAGÍSTICO LIMITE POLIGONAL CONEXÕES PARA O EIXO PAISAGÍSTICO CANAL DA COSTA
Fonte: Google maps, 2018, editado pela autora
86
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
São polos geradores de tráfego que demandam atenção
De acordo com a perspectiva do marketing das cidades,
quanto as suas conexões com o novo eixo paisagístico do
o mapa 22 abrange as setorizações propostas para o
canal da Costa. Apresenta também as principais vias que
eixo paisagístico do canal. Esta se deu levando em
transpassam pelo canal. Este estudo torna possível
consideração os estudos desenvolvidos no diagnóstico e
desenvolver uma inserção de usos de forma que possa
a síntese das potencialidades e vulnerabilidades da área.
atender e conectar os espaços públicos de lazer existentes, bem como, auxiliar a forma de estudo do fluxo viário, para assim proporcionar a inserção de novos modais e conectálos.
Mapa 22: Integração SETOR PAISAGÍSTICO TURÍSTICO SETOR DE SERVIÇOS
SETOR DE CONTEMPLAÇÃO
SETOR DE ENTRETENIMENTO
LIMITE POLIGONAL
CANAL DA COSTA
Fonte: Google maps, 2018, editado pela autora
87
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Entretanto,
5.4 PROJETO
apesar
do
local
apresentar
estas
particularidades, a presença de espaços públicos de lazer A apresentação de um modelo de planejamento e formulação de diretrizes para moldar um projeto urbano,
deve ser realizado, com a presença de um diagnóstico de estudos da área, para assim se desenvolver , uma proposta de
projeto
que
englobe
,
parâmetros
ambientais,
para atender a essa demanda se faz escassa. Tornando essa proposta uma oportunidade de transformar o cenário local. Proposta que se baseia na renovação da área com a implantação de uma Operação Urbana Consorciada. Mapa 23: área de projeto
sustentáveis e inclusivos.
A escolha da área de projeto (mapa 23) se deu devido aos levantamentos realizados. O canal da costa em sua
:
existência já se configura como uma potencialidade, e em seu entorno constatou-se a presença de grandes lotes vazios e polos geradores de fluxo, como por exemplo a
Universidade Vila Velha, Shopping Vila Velha e o fórum, entre outros. Outro agravante na escolha do local se deu pelo terreno se localizar nas proximidades de importantes vias da cidade, a avenida Luciano das Neves e a Santa Leopoldina e av. Délio silva Britto, o que facilita o acesso da
população ao parque linear. Fonte: Desenvolvido pela autora
:
88
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Mapa 24: novos usos
Fonte: desenvolvido pela autora
89
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
A proposta projetual, de novos usos (mapa 24) buscou
O projeto de um parque linear (mapa 25) na extensão do
compreender as necessidades da cidade, bem como as de
canal
seus usuários.
consequentemente sua reconciliação.
da
Costa
promove
a
integração
social
e
Mapa 25: Parque linear
Fonte: desenvolvido pela autora
90
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
O projeto desenvolvido, se apresenta na forma de estudo
de
preliminar e está fundamentado nos princípios da operação
permeabilidade física e visual por toda sua extensão.
urbana consorciada. Buscou promover uma nova ocupação
Foram então previstos espaços que acolhem banca de
harmônica no entorno do canal, promovendo não somente
jornais, áreas de descanso, comércios, floricultura, áreas
vitalidade,
econômica,
de contemplação, chaveiros, caixas eletrônicos, área para
sociais
leitura, esportes entre outros. Em todo o parque foram
mas
transformações
também
valorização
urbanísticas,
melhorias
e
forma
que
o
uma
buscou valorizar o pedestre, de forma integral, todos os
acessíveis.
usuários com suas diferentes necessidades, terão acesso a
A transição de pedestres pelo canal, foi favorecida pela
todas as áreas do parque, através de rampas e caminhos
inserção de novas pontes, de forma que não comprometa
acessíveis. A proposta fortalece assim a caminhabilidade
o trânsito nem o fluxo do canal (figura 31).
ao
longo
dos
com
promover
também
intensificada
áreas
possa
valorização ambiental. Além destas vertentes, a proposta
com o uso de uma pavimentação
previstas
espaço
estacionamentos
aliada a arborização
percursos
e
áreas
de
Figura 31: imagem de referência para a ponte
permanência.
Destaca-se ainda que o princípio da operação urbana
:
consorciada prevê na imediação da área de intervenção, usos que promovam e mobilizem a perpetuação do espaço urbano de forma integral. Frente a esta realidade, no interior de todo o parque linear
instalou-se instrumentos,
a
presença
de
inúmeros
atrativos
e Fonte: (CONEXÃO AMSTERDAM, 2018)
91
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Como abordado anteriormente, o parque linear foi separado em setores, de forma que se torne possível, melhor atender
Figura 32: imagem de referência de horta comunitária
suas especificidades.
5.4.1 SETOR CONTEMPLAÇÃO O setor contemplação se destaca pela valorização da ambiência da paisagem, para que o local incentive a execução de atividades que promovam a permanência, valorizando a vivencia dos mesmos. Fonte: (GARDENS, 2018)
O espaço prevê equipamentos para acomodar atividades que se desenvolvam principalmente nas proximidades do
Figura 33: imagem de referência de pista de cooper
canal, como leitura, áreas de redários, yoga, meditação, dog park, hortas comunitárias (figura 32) e cooper (figura 33).
Fonte: (CAMPOS, 2018)
92
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Estes usos foram situados nessa área para atender a
Essa área foi caracterizada pela implantação de hotéis,
demanda
conjuntos
uso institucional, comércios e centro de apoio ao turista. A
habitacionais do entorno. A proposta é integrá-las aos que
presença do parque linear neste trecho, se aplica com
frequentam as instituições do entorno visando criar uma
intuito de trazer permeabilidade e vitalidade, visto que a
nova realidade paisagística que estimule os proprietários
região é marcada por ocupações fragmentadas com
dos condomínios a tornarem seus muros permeáveis
conjuntos habitacionais e áreas mais adensadas, e nas
visualmente.
proximidades não há um local de descanso e lazer público.
das
pessoas
que
moram
nos
Essa proposta se baseou nos conceitos abordados no capitulo 03 - Estratégia de intervenção urbana, e este
aborda a segurança como essencial para promover
5.4.3 SETOR TURISTICO PAISAGÍSTICO
reintegração, trazer a proposta de uma zona de apreciação favorece a vitalidade urbana.
Ainda partindo dos princípios do capitulo 03, destaca-se a importância de se atribuir uma identidade a região. Não somente Vila Velha, mas todo o estado do Espirito
5.4.2 SETOR DE SERVIÇOS O capitulo 03 - Estratégia de intervenção urbana, aborda o conceito de mobilidade, sendo assim, neste setor buscou-se implantar serviços de apoio, devido à proximidade com o
terminal urbano de Vila Velha, o que facilita o acesso,
Santo apresenta um grande potencial turístico porem muito defasado. Buscou-se então uma identidade paisagística, com
uma
valorização
dos
locais
com
potencial
naturalístico, como o morro do moreno e o Convento da Penha, a fim de propor o incentivo ao turismo.
dinamizando a mobilidade local.
93
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Esta se dá com a qualificação das trilhas de acesso ao
A região com o passar de tempo vem apresentando um
morro do morrendo e inserção de um funicular para tornar
desenvolvimento de um perfil gastronômico concentrado
acessível a todas as pessoas o mirante do morro do
moreno, onde pode ser implantado um deck de
ao longo da Avenida Castelo Branco, percebe-se uma maior concentração destes serviços atualmente no bairro
da Praia da Costa, sendo assim a implantação e incentivo contemplação (figura 34). Figura 34: imagem de referência deck de contemplação no morro do moreno
de um polo gastronômico auxilia na composição desta identidade local. Assim como os outros setores, este também está inserido na extensão do parque linear do canal da costa, e em suas proximidades foi proposto a inserção de um edifício híbrido sob
híbrido
sob pilotis, de forma a manter a
permeabilidade entre o parque e a cidade, visto que essa é a região em que se concentra a maior verticalização.
A área abaixo da terceira ponte será utilizada como Fonte: (RIO, 2018)
espaço para eventos sazonais, sendo estas feiras, food trucks e para instalação de equipamentos públicos.
94
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
5.4.4 SETOR ENTRETENIMENTO
quadra poliesportiva. De forma que se torne possível
O setor definido como entretenimento apresenta uma ampla
acomodar estes usos, foram propostos toaletes e
área destinada a agregar funcionalidade em diversos horários
vestiários no setor, e a presença de arquibancadas. Além
do dia, devido a seu entorno apresentar diferentes tipos de
de uma academia
público. Foi então proposto um espaço livre de uso público
paraidosos, área de aulas de ginastica e aeróbicos.
que possa propiciar comodidade e bem-estar, englobando
Pensando no descanso (figura 37) e acomodação destas
todos estes usuários. Além de apresentar características
pessoas, instalou-se redários (Figura 38), pergolados
relacionadas ao lazer, esporte, comércio e entretenimento.
(Figura 39) com acesso a tomadas, espaço gramado para
O capitulo 03 - Estratégia de intervenção urbana, aborda
yoga (figura 40) e área para piquenique (figura 41). No
conceitos que foram atrelados no desenvolvimento desta
espaço voltado para crianças e adolescentes foram
proposta, destaca-se a sustentabilidade e identidade, devido
previstos equipamentos de caráter lúdico, além de
uma grande influência ambiental, o parque apresenta a
atividades de estimulo mental (figura 42) como jogos de
presença de bacias de estocagem. Estas auxiliam em épocas
tabuleiro, damas, parquinho (figura 43) e pista de skate.
de chuva, pois possui um desnível de 1,5 metros em relação a
(figura 44).
implantação do parque, possibilitando a estocagem das águas em épocas de grandes chuvas. Como abordado no principio do marketing das cidades, “transformar um problema em inovação transformando-o em sua identidade”, visto que o problema relacionado as águas na cidade de Vila Velha são
antigos
e
crônicos,
Apresenta
ainda
um
comunitária (figura 36),
academia
Para intensificar a proximidade com a água, foi instalado um deck para contemplação, além de uma diferença de nível (figura 45) que possibilita o acesso e contato da população com o canal, pedalinhos (figura 46) e para o lazer e fontes interativas (figura 47).
complexo
poliesportivo (figura 35), uma quadra de bocha, futebol e uma
95
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
Pensando em uma forma de atrair fluxos em diferentes horários, o parque foi contemplado com uma área de
um teatro e entretenimento noturno, sendo estes,
eventos sazonais e um palco (figura 48), com intuito de
bares, restaurantes e boates.
atrair feiras livres, eventos artísticos, instalações efêmeras
e food trucks, além de comércios e serviços (figura 49 e 50) A presença de um edifício híbrido sob pilotis (figura 51), intensifica ainda mais diferentes fluxos no parque, além de manter a permeabilidade. A presença de um viveiro (figura 52) e pet park, (figura 53)
enaltece a ideia de valorização da proximidade com a natureza. Para a implantação do parque algumas edificações que apresentavam estrutura precária foram suprimidas e suas famílias realocadas nas habitações de interesse social
previstas para ocuparem uma área vazia da própria poligonal, de forma que estes moradores não fiquem segregados. No entorno do canal houve mudança de uso de alguns lotes, de forma que se possa integrar a proposta do setor,
buscando trazer entretenimento em diferentes horários do dia, destaca-se a instalação de um centro de convenções,
96
Figura 35: รกrea de esportes Fonte: desenvolvido pela autora
Fotografia 01: รกrea de yoga Fonte: autoral
Figura 36: academia Fonte: desenvolvido pela autora
98
Figura 37: รกrea de descanso Fonte: desenvolvido pela autora
99
Figura 38: redรกrio Fonte: desenvolvido pela autora
100
Figura 39 : pergolados Fonte: desenvolvido pela autora
101
Figura 40: รกrea de yoga Fonte: desenvolvido pela autora
102
Figura 41: รกrea de piquenique Fonte: desenvolvido pela autora
103
Figura 42: รกrea de jogos Fonte: desenvolvido pela autora
104
Figura 43:parquinho Fonte: desenvolvido pela autora
105
Figura 44: รกrea de skate Fonte: desenvolvido pela autora
106
Figura 45: desnĂvel Fonte: desenvolvido pela autora
107
Figura 46: pedalinho Fonte: desenvolvido pela autora
108
Figura 47: fonte interativa Fonte: desenvolvido pela autora
109
Figura 48: รกrea de eventos Fonte: desenvolvido pela autora
110
Figura 49: área de comércios e serviços 111 Fonte: desenvolvido pela autora
Figura 50: área de comércios e serviços Fonte: desenvolvido pela autora
112
Figura 51: EdifĂcio sob pilotis Fonte: desenvolvido pela autora 113
Fotografia 01: รกrea de yoga Fonte: autoral
Figura 52: Viveiro Fonte: desenvolvido pela autora
114
Figura 53: Pet Park Fonte: desenvolvido pela autora
115
CONCLUSÃO
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
O desenvolvimento de uma cidade com boas estruturas que
A cidade de Vila Velha apresenta grande potencial de
propiciem aos usuários uma boa vitalidade, se faz essencial
recuperação, sabe-se que apresenta grande potencial
pós processo de urbanização desordenada. Esta realidade
turístico, entretanto, ainda pouco explorado. Como
fez com que as cidades abraçassem os rios para crescer, e
posteriormente os menosprezassem.
moradora e usuária da cidade de Vila Velha, a realização
Percebesse na
cidade de Vila Velha, uma grande ruptura entre o meio
de uma proposta de renovação do canal, se tornaria a realização de um grande sonho para sua sociedade, visto
urbano e natural.
que implicaria em grandes mudanças Com este trabalho de conclusão de curso, buscou-se
positivas para a
cidade .
compreender as reais potencialidades e patologias da cidade de Vila Velha, a fim de propor uma reconciliação entre o meio urbano e os cursos hídricos, utilizando-o este como elemento estruturador para definição de um desenho harmonioso da cidade.
O eixo paisagístico desenvolvido no Canal da Costa, visa trazer de volta ao senso comum a importância dos rios para a cidade, além de propor novos espaços de lazer de uso público.
Baseado
nos
conhecimentos
adquiridos
no
diagnóstico, desenvolveu-se o conceito reintegração, onde
as
propostas
visaram
segurança,
vitalidade,
sustentabilidade, mobilidade e identidade.
117
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124
08 APENDICE
B 01
02
A
+0,15
27
D +0,15
26
0,0
29 03
10 11
03
25
C
RUA SETE
07
02
21
24
0,0
03
02
02
08
20
09 19
18
02
09
25 03
27
03 -1,50
02
27
12
13 01
04 05
14 12
22
23
15 16
02 17
01
28
06 B
D VEGETAÇÃO
REPRESENTAÇÃO
NOME POPULAR
PAU FERRO
CANAFÍSTULA
JACARANDÁ AZUL
NOME CIENTÍFICO CAESALPINIA LEIOSTACHYA
PELTOPHORUM DUBIUM
PISO
ALTURA
REPRESENTAÇÃO
ESPECIFICAÇÃO DECK DE MADEIRA ITAÚBA, NÃO ABSORVE ÚMIDADE COLORAÇÃO CERNE MORROM AMARELADO, PLACAS DE 90 CM
ACIMA DE 12 M
PAVI QUADRADO - PISO DE CONCRETO POROSO DIMENSOÊS: 20X20 CM
ACIMA DE 15 METROS
MOBILIÁRIO
ESPECIFICAÇÃO
LOCALIZAÇÃO
CONJUNTO EM CONCRETO VIBRADO E ENVERNIZADO COM XADREZ PASTILHADO
ÁREA DE JOGOS
POSTE PARA VIAS E PEDESTRES EM AÇO GALVANIZADO A FOGO, COM BRAÇO DE 1,5 M
CALÇADA DO PARQUE LINEAR
ATÉ 15 METROS
BANCO EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO, TRATADA E ENVERNIZADA COMPRIMENTO 1,65 M
PAVI TIJOLO, PISO DE CONCRETO POROSO, DIMENSOÊS: 6X8 CM
IPÊ - ROSA
HANDROANTHUS HEPTAPHYLLUS
INTERIOR DA ACADEMIA DE IDOSOS, ACADEMIA POPULAR E PARQUINHO
ATÉ 12 METROS
PISO DE BORRACHA ANTINFLAMAVEL, PERMITE PERMEABILIDADE PELAS JUNTAS, CORES VARIADAS
CALÇADAS DO PARQUE LINEAR
GRAMA ESMERALDA
ZOYSIA JAPONICA
IMPLANTAÇÃO HUMANIZADA
CORTE AA SEM ESCALA
PAVI SEXTAVADO PISO DE CONCRETO POROSO, DIMENSOÊS: 10X20 CM JACARANDA MIMOSIFOLIA
A
AV. SANTA LEOPOLDINA
-
PISO TÁTIL DIRECIONAL 25 X 25 CM
CALÇADAS DO PARQUE LINEAR
POR TODO PARQUE LINEAR LIXEIRA EM FERRO FUNDIDO
FLOREIRA EM CONCRETO, COM 4 ASSENTOS
PISO TÁTIL DE ALERTA 25 X 25 CM POSTE ESTILO CHAPEU CHINES, PARA PEDESTRES, ALTURA 4 METROS
LEGENDA DE USOS 01
COMÉRCIOS E SERVIÇOS
07
DESNÍVEL
13
QUADRA POLIESPORTIVA
19
ÁREA DE GINÁSTICA
25
REDÁRIO
02
PERGOLADO
08
PET PARK
14
ARQUIBANCADA
20
VIVEIRO
26
EDIFÍCIO HÍBRIDO SOB PELOTIS
03
PONTE DE PEDESTRE
09
FONTE
15
CAMPO DE BOCHA
21
ÁREA DE YOGA
27
ESTACIONAMENTO
04
ÁREA DE EVENTOS
10
ÁREA DE PIQUINIQUE E SLACKLINE
16
VISTIÁRIO E SANITÁRIOS
22
ACADEMIA DE IDOSOS
28
ÁREA DE JOGOS DE RACIOCÍNIO
05
PALCO
11
PEDALINHOS
17
PISTA DE SKATE
23
ACADEMIA POPULAR
29
PONTE DE VEÍCULOS
06
ALUGUEL DE BICICLETAS
12
ÁREA DE DESCANSO
18
PARQUINHO
24
QUADRA DE FUTEBOL
POR TODO PARQUE LINEAR
ÁRVORES DO INTERIOR DO PARQUE LINEAR POR TODO PARQUE LINEAR
CORTE CC SEM ESCALA
CORTE DD
PERGOLADO EM MADEIRA DE REFLORESTAMENTO TRATADA E ENVERNIZADA
QUIOSQUE EM CONCRETO COM MESAS E 4 CADEIRAS
CORTE BB SEM ESCALA
SEM ESCALA
ÁREA DE COMÉRCIOS E SERVIÇOS
09 ANEXOS
.................................................................................................................................................................................................O USO DA OPERAÇÃO URBANA CONSORCIADA NA RENOVAÇÃO DO CANAL DA COSTA
ANEXO 01
ANEXO 02
Fonte: PDM de Vila Velha
Fonte: PDM de Vila Velha
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