Revista Giz educação & trabalho Home Apresentação Corpo editorial Normas para publicação Endereço de contato Incubadora de projetos Trabalho 04/03/2016
O tutor nas práticas da educação à distância Por José Salvador Faro Talvez seja possível ampliar um pouco a dúvida, sempre com objetivo de tornar mais clara nossa compreensão sobre as atividades desse novo tipo de profissional cuja referência e presença vão se tornando cada vez mais comuns no cenário da educação brasileira: O tutor ministra aulas? O tutor é um auxiliar de ensino no sentido acadêmico do termo e não apenas na sua funcionalidade? O tutor orienta o estudo do aluno? O tutor soluciona dúvidas dos estudantes? É um mediador? Ou é um funcionário especializado na operação e manutenção dos equipamentos que dão suporte à EaD? O tutor abre o polo, acende as luzes, liga as máquinas, põe ordem na sala, faz as vezes de um bedel de luxo e depois deixa tudo arrumadinho para uma nova sessão? Afinal de contas, o que é que o tutor faz? O tutor surgiu de uma demanda gerada pela expansão das Tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs) aplicadas à Educação. Num país como o Brasil, onde mudanças importantes correm soltas e de forma aleatória sem obedecer a qualquer projeto estratégico, esse processo – o da implantação das TICs à Educação – foi visto menos como um conjunto de transformações destinadas a qualificar o ensino e a formação dos jovens e mais como uma possibilidade de expansão mercantil daqueles segmentos das escolas – majoritariamente de nível superior – de perfil lucrativo, praticamente todas elas. Com exceção de algum experimentalismo nas universidades públicas e de alguns centros de pesquisa que, mesmo particulares, procuram preservar um padrão de excelência que tem nas tecnologias digitais um suporte de natureza avançada na aquisição e na produção de conhecimento, o que ocorreu com a expansão do ensino digital foi um processo de crescimento exponencial do número de estudantes, o momento em que as escolas de maior porte empresarial espalharam sua presença pelo território nacional através dos chamados polos (1*). Segundo a Associação Brasileira de Educação a Distância (ABED), nos últimos anos o segmento cresceu 70% e tinha no final de 2015 3,8 milhões de alunos (2*). É importante reiterar que se tratou de uma expansão descontrolada e, como tal, ocorrida com uma forte dose de desarticulação interna em cada uma das empresas de ensino, em especial nos processos propriamente relacionados ao trabalho do professor – tanto no plano da educação presencial quanto no plano do teletrabalho desenvolvido intensamente na EaD. Há uma série de outras características associadas a essa, mas a desmontagem do papel nuclear do docente, tanto do ponto de vista didáticopedagógico quanto sob o aspecto do respeito à especificidade de suas atividades e de seus direitos, parece ter se constituído num dos eixos moduladores (3*) que espalharam seus efeitos por todo o sistema,