Rosadas sem grainha, Michele Palieri, Brancas sem grainha, Vitoria e Dona Maria) e 200 hectares de outros frutos (pêssego, ameixa, romã, alperce, figo, morangos, pera, maçã, dióspiro). Ser uma Organização de Produtores deu-nos escala e capacidade de resposta para chegar aos híper e supermercados de todo o país. Ao mesmo tempo, permitiu-nos abrir o leque de produtos em produção, cada vez mais diversificado. GR: A Frutalmente é uma hoje uma empresa que comercializa vários tipos de fruta. A qualidade dos produtos que colocam no mercado tem a ver com a forma como trabalham com os agricultores vossos associados? MR: Quando criámos a Organização de Produtores queríamos falar a uma só voz, unir os produtores e produzir fruta com uma qualidade consistente, otimizando custos de produção e promovendo práticas de cultivo sustentáveis que respeitem o meio ambiente e fomentem a biodiversidade. Essa partilha das melhores práticas e implementação de regras comuns a todos é fundamental para termos produtos com características de elevado sabor, qualidade e, muito importante, consistência. Não tenho dúvidas de que é a forma como trabalhamos enquanto OP que tem impacto no produto final que conseguimos alcançar.
GR: As novas tendências da alimentação que influência tiveram na forma de produção dos vossos produtos? MR: Somos produtores de várias gerações e é essa experiência diversificada que nos dá uma diferenciação no mercado. Produzimos uva de mesa ao ar livre desde sempre e de forma tradicional, grande parte num sistema de sequeiro. Usamos o sistema de cordão bilateral e em Y, em que os cachos crescem em troncos mais altos. Este sistema permite não só ter mais produtividade na colheita, como também contribui para reduzir o uso de água e de fertilizantes, comparado com outros sistemas. O uso responsável dos recursos e a preocupação ambiental é uma preocupação dos consumidores de hoje, mas na Frutalmente sempre tivemos a preocupação de gerir os recursos naturais que temos à disposição de forma muito criteriosa. Por isso, penso que há uma conjugação entre aquilo que são as tendências da alimentação e o que fomos adotando enquanto produtores, no campo. Trabalhamos com um produto excelente, que é a fruta, alimento essencial para a saúde e para a promoção de bons hábitos de vida. Com o consumidor mais preocupado com a sua alimentação, acabamos também por conseguir responder, naturalmente, a essa tendência.
GR: Na sua opinião, quais os principais problemas que afetam o setor em Portugal? MR: As alterações climáticas são o maior desafio para os agricultores não só em Portugal, como no Mundo. Estamos sempre condicionados a todos os fatores imprevisíveis que podem afetar a colheita ou o desenvolvimento dos frutos, mas com o aquecimento global e a escassez de água lidamos com alterações profundas. GR: O futuro da agricultura em Portugal, e deste setor em particular, passa cada vez mais pela lógica: “o agricultor produz, nós comercializamos”, à imagem do que se passa noutros países? MR: O futuro da agricultura passa pelo reconhecimento da importância dos agricultores na sociedade e pela organização do setor. GR: Na sua opinião, quais os efeitos positivos que a pandemia trouxe? MR: Talvez a muito longo prazo possamos identificar “efeitos positivos” da pandemia. O que posso dizer é que o contexto que obrigou os produtores a testarem a sua capacidade de produção e de abastecimento de alimentos seguros. Nunca parámos, conseguimos sempre garantir fruta de qualidade. www.gazetarural.com
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