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Floresta: o que mudou nos últimos 17 anos? * António Augusto Fontoura de Ataíde Guimarães (Presidente da AFBV)
Em Portugal, a floresta é, sem dúvida, o único bem renovável que possuímos e, por tanto que nos dá, deve merecer todo o carinho e atenção da sociedade. Neste sentido, e tentando uma reflexão simples sobre os últimos 17 anos da floresta, orientarei este pequeno texto de encontro a três dimensões complementares: 1. A avaliação do desempenho da Associação Florestal do Baixo Vouga (AFBV), que represento. e do movimento Associativo em geral; 2. A identificação das principais limitações sentidas e enfrentadas no nosso percurso; 3. A apresentação dos nossos desejos e desafios, para um melhor futuro da floresta. 1. AFBV e movimento associativo O balanço dos últimos 17 anos de atividade da AFBV é muito positivo. Conta atualmente com cerca de 1500 associados e representa quase 25% da área florestal da região de Aveiro. Neste período, a AFBV procurou adaptar-se aos contextos e dinâmicas socioeconómicas na sua região de trabalho e implementou uma linha de serviços completa, colocando-os ao ser14
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viço do produtor: a identificação das propriedades no terreno e apoio à sua gestão, beneficiando das economias de escala geradas pela organização e planeamento; a certificação da gestão florestal; a entrada nos mercados dos produtos lenhosos; a representação da floresta regional junto de entidades públicas e privadas; a presença em projetos de investigação em várias matérias relevantes; a evolução para modelos de gestão conjunta, agregando a propriedade de modo a ultrapassar as dificuldades gravíssimas do minifúndio, etc. Este percurso, que consideramos de sucesso, é comum a centenas de organizações homólogas em todo o país, apenas motivadas pela grande paixão pela floresta e pelo reconhecimento do trabalho por parte dos seus associados. Mesmo sentindo-nos muito abandonadas pelo poder político, os resultados alcançados até ao momento permitem-nos afirmar com grande certeza de que “As organizações de produtores florestais, único agente no terreno, são fundamentais para mobilizar os proprietários e colocar na floresta as ações previstas pelas estratégicas e políticas assertivas, também necessárias aos mercados do setor “. 2. Limitações sentidas Na nossa modesta opinião, a principal limitação ao desenvolvimento da
floresta em Portugal tem sido a ausência de políticas sólidas, duradouras com soluções de compromisso entre governos e estáveis no tempo, que deem segurança às decisões de investimento dos agentes privados. Os diferentes governos e governantes continuam a insistir nas suas leis erráticas, fazendo com que a floresta que devia ser amada por todos, comece a ser vista pelos produtores como uma grande dor de cabeça e pela maioria da sociedade como um pesado fardo. Basta de mais comissões, estudos de diagnóstico, reformas estruturais teóricas, mais legislação ou mais investimento em estruturas e meios de combate aos incêndios. Definitivamente é preciso chegar ao território, trabalhar com as suas comunidades e investir na sua gestão e na prevenção! A ausência de investimento na gestão é a razão principal para um território cada vez mais abandonado e entregue a si mesmo. De forma muito clara e simples, a mobilização dos proprietários, ou de qualquer outra entidade pública ou privada, para investir na gestão da floresta só acontecerá por uma de duas vias: investimento privado e perspetiva de rendimento; ou financiamento público, que pelo histórico conhecido não tem dado frutos com visibilidade. 3. Desafios e necessidades para o futuro: