ARQ 116. Estudo de caso da QUINTA MONROY (Alejandro Aravena, ELEMENTAL)

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QUINTA MONROY

DISCIPLINA: ARQ 116, TEORIAS DA ARQUITETURA PROFESSORA: DENISE MONACO DOS SANTOS ESTUDANTE: JOSÉ ENRIQUE BOYA MEBULO- 100959

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CONCEITO E PARTIDO 1. CONCEITO - A ELEMENTAL foi fundada em 2001 pelo arquiteto Alejandro Aravena e pelo engenheiro Andres Iacobelli como uma empresa com �ins lucrativos em parceria com a COPEC (Companhia Chilena de Petróleo) e a Ponti�ícia Universidade Cátolica de Chile. Ele se concentra no desenvolvimento prático de projetos de infraestrutura urbana, espaço público, transporte e habitação como atalhos para a igualdade. Aravena também é Diretor da Alejandro Aravena Architects, fundada em 1994. Foi Professor Visitante na Harvard Graduate School of Design de 2000 a 2005, e é membro do Júri do Prêmio Pritzker desde 2009 e Membro Internacional do Royal Institute of British Arquitetos desde 2010. Suas obras incluem edi�ícios públicos, casas, museus, edi�ícios institucionais e design.

Tratando-se de um projeto que envolvia o âmbito social, Aravena utilizou como conceito do conjunto da QUINTA MONROY: - Densidade sem superlotação - Estruturas modulares que pudessem sofrer expansões e modi�icações futuras. -Um conjunto estrutural onde a forma servisse à função; com simplicidade, clareza, e baixo custo. - Preservação dos aspectos culturais típicos das moradias no Chile, junto à relevância e o respeito à terra.

1.1 NECESSIDADES CONSTRUTIVAS A Elemental teve como objetivo maximizar a pegada construída no local e também permitir a eventual expansão das habitações. A solução altamente densa dos arquitetos garante que todas as 93 famílias possam permanecer em suas terras e desfrutar de condições de vida drasticamente melhoradas. As principais necessidades construtivas que exigia o projeto da QUINTA MONROY foram as seguintes: - Alocar às famílias em áreas urbanas consolidadas. - Construir incrementalmente, garantindo a segurança e economia das futuras ampliações. - Prevenir a degradação do bairro. - Desenhar as casas com a participação da população.

2. PARTIDO

1. Alejandro Aravena. https://i1.wp.com/www.arquine.com/wp-content/uploads/2016/01/Alejandro-Aravena.jpg

1. Hipótese A – Tipologia Casa Isolada

- A adoção desta tipologia implicava que só fossem inseridas trinta e duas habitações no terreno, o que signi�icava que sessenta e oito famílias, das cem existentes, teriam de ser realojadas noutro lugar. Ao considerar uma casa equivalente a um lote, esta tipologia era muito ine�icaz quanto ao uso do solo. - Para além de não ser e�icaz nem quanto ao número de famílias que poderia acolher, nem quanto à permanência das famílias no local, esta tipologia era incapaz de facilitar o crescimento progressivo da casa e de garantir o desenvolvimento de um espaço urbano harmonioso. Normalmente, o que acaba por veri�icar-se com a sua adoção é uma lógica desordenada de acrescentos que prejudica fortemente o sentido de unidade no conjunto habitacional.

Tomada a decisão de manter as famílias no mesmo terreno, os arquitetos começaram a estudar as hipóteses disponíveis no mercado. Como a ELEMENTAL sabia que no processo de desenho participativo é fundamental dar a conhecer aos moradores todas as hipóteses, explicando as restrições e vantagens de cada, apresentaram-lhes três tipologias já testadas: 2. Casa Isolada

3. Modelo da casa isolada


2. Hipótese B – Tipologia Casa de Dois Andares De modo a conseguirem um melhor aproveitamento do terreno, a ELEMENTAL testou outra solução presente no mercado: uma tipologia de dois andares onde a largura do lote coincide com a largura total da casa. Com esta tipologia conseguiriam aumentar a densidade e colocar sessenta famílias no terreno, sendo que quarenta famílias teriam de ser transferidas para otro lugar. No entanto, o verdadeiro problema desta tipologia consistia no desenho dos eventuais acrescentos da casa, pois todas as hipóteses projetadas deixavam as divisões já existentes bloqueadas no meio, afetando a sua ventilação, luz e privacidade (uma vez que estas tinham de ser atravessadas para se chegar à nova divisão). Tal resultaria na confusão e sobrelotação do espaço, em vez de aumentar a e�iciência das casas. Por estas razões, esta tipologia foi eliminada como possibilidade.

4. Casa de dois andares

5. Modelo de dois andares

3. Hipótese C – Tipologia Edi�ício em Altura Finalmente, poder-se-ia construir um edi�ício de apartamentos em altura, a solução mais comum. Esta tipologia era bastante e�iciente em termos de uso do terreno, mas não permitia a futura expansão da casa. O orçamento e as condições do projeto tornavam possível que os apartamentos tivessem uma área de, em média, apenas 30m2. Assim, com esta tipologia, o aumento futuro da casa era absolutamente necessário. Por estas razões, um edi�ício de apartamentos não seria uma opção viável.

6. Edificio

7. Modelo de edificio

4. Proposta �inal Finalmente, a ELEMNTAL conseguiu dar a melhor resposta às condições do projeto da QUINTA MONROY (QM.). - ``Quando se tem fundos para fazer somente metade do projeto, qual se faz? Optamos por fazer aquela metade que uma família, individualmente, nunca poderá alcançar, por mais tempo, esforço e dinheiro que se invista. E é dessa forma que procuramos responder com ferramentas próprias da arquitetura a uma pergunta não-arquitetônica: como superar a pobreza.`` (ARAVENA) - Ao invés de fazer uma moradia pequena (em 30m², onde tudo é minúsculo), se optou por projetar uma habitação de classe média, a qual foi entregue com os recursos disponíveis, somente uma parte. Neste sentido, as partes di�íceis da casa (banheiros, cozinha, escadas e paredes divisórias) seriam projetadas para o estado �inal (uma vez ampliado), quer dizer, para uma habitação de 70m².

8. proposta final imagem editada pelo estudante

9. Disposição e composição estrutural imagem editada pelo estudante


FORMA 1. VOLUMES - Os volumes ou módulos que compõem as estruturas da Quinta foram dispostos de duas maneiras diferentes, a �in de criar um espaço cheio e outro vazio. - A expansão dos módulos seria da seguinte maneira: + Os módulos do térreo creceriam horizontalmente + Os módulos do andar de cima cresceriam horizontalmente e depois verticalmete. - A disposição dos módulos cria um ritmo de crescimento que combina ordem e proporção.

10. Volumes, cheios e vazios imagem editada pelo estudante

2. MATERIAIS

- Os materiais utilizados foram estudados quanto à versatilidade, geometria e composição. Sendo estos classi�icados em naturais e arti�iciais. + Materiais Naturais: Madeira + Materiais Arti�iciais: Concreto, Aço, Vidro e Zinco

3. SISTEMA ESTRUTURAL

- As vigas estruturais possuem 36x14 cm de largura - A laje possui uma espessura de 10cm - As cores e texturas são proprias dos materiais escolhidos. 11. visualização dos materiais no processo construtivo - Foram feitas janelas de vidro, para levar luz nos apartamentos. - As paredes estruturais foram feitas de concreto. As outras dedicadas à expanção dos cômodos, foram feitas de pranchas de madeira. - As colunas e vigas estruturais foram feitas de concreto armado. Isto se deve a que a estrutura precisaria suportar o peso dos modulos atuais e futuros. - As escadas e a varandas são de madeira, e cobertura dos apartamentos é de aço.

12. Modeo estrutural, cheios e vazios imagem editada pelo estudante

- Térreo A habitação construída no piso térreo era projetada com uma área de implantação de 9mx9m, embora o volume inicial (entregue aos moradores) tivesse apenas 6mx6m, com 2,5m de pé direito. Neste espaço existia uma instalação sanitária, cozinha e a sala de estar com uma zona para refeições. - 1° e 2° Andar Sob uma laje de betão reforçado, que separava as casas, os arquitetos desenharam um apartamento duplex com 6mx6m, e um pé direito total de 5m. A verba disponível permitiu-lhes entregar apenas metade da obra, ou seja, um volume com 3mx6m, e 5m de altura – sendo o resultado um loft que continha o mesmo programa da casa do piso térreo. A construção foi feita com uma estrutura sólida que garantia um bom isolamento acústico e proteção contra incêndios. A parede do duplex que fazia a ligação entre o volume inicial e o volume da futura ampliação era feita com blocos de pinho, de dimensões 5cmx5cm.

13. Modelo de vista frontal em corte, cheios e vazios imagem editada pelo estudante 14. Sistema estrutural imagem editada pelo estudante


CONSTRUTIVO 1. PROJETO INOVADOR - O design é participativo e intrativo. - Se genera um clima de con�iança, respeito, aceitação e compromisso. - Na convivência; emoções, ideais e valores são o papel central.

15. Ilustrações do Workshop, desenhos das crianças

2. PROCESSO CONSTRUTIVO

17. Antigo Bairro ( Favela da Quinta Monroy)

http://4.bp.blogspot.com/-VLclGNLBr2k/T2apkmIwu_I/AAAAAAAAAuE/FDlK13H0Tbw/s400/elemental2.jpg

18. Acampamento temporário imagem editada pelo estudante

BANHEIRO

20. Apartamento do térreo

21. Dois apartamentos do térreo

19. Planta baixa: térreo, primeiro e segundo andar

https://i.pinimg.com/564x/3a/96/c6/3a96c615cb38776c02c171d792dd7ebe.jpg

BANHEIRO

COZINHA

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-Fases da construção

COZINHA

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-A construção foi feita com uma estrutura sólida que garantia um bom isolamento acústico e proteção contra incêndios. -A parede do duplex que fazia a ligação entre o volume inicial e o volume da futura ampliação era feita com blocos de pinho, de dimensões 5cmx5cm, e aglomerado de madeira de 10mm, de modo a possibilitar extensões nessa direção, pois eram materiais facilmente amovíveis. -Ambas as habitações foram desenhadas de forma a permitir que os primeiros acrescentos acontecessem dentro dos volumes iniciais, como por exemplo o restante equipamento de cozinha e o espaço da sala de estar e jantar (estes três espaços funcionavam como um grande open space).

COZINHA

3. EDIFICAÇÃO

BANHEIRO

Antes de começar com a construção do que seriam as novas estruturas da QM., Se procedeu a demolir a favela anteriormete localizada nesse lugar, depois teve-se que construir um acampamento temporário. Para o planeamento do campo temporário fez-se também um levantamento do que se poderia aproveitar (materiais e equipamentos) da favela. Este material foi guardado e reutilizado pelas famílias no campo provisório, nas casas de�initivas e, por �im, nos acrescentos �inais das casas. Reciclaram-se painéis, portas, janelas, lances de escadas, móveis, louça sanitária, etc. Após este levantamento preparou-se um terreno com espaço para acolher 50 lotes de 3mx3m, de modo a conseguirem acolher todas as famílias que iriam necessitar do campo de habitação provisório.

16. workshop do processo de integração e interação


22. Colocação da laje

27. Localização imagem editada pelo estudante

23. Levantamento dos duplex

24. Colocação das escadas

28. Corte Longitudinal imagem editada pelo estudante

https://www.disenoarquitectura.cl/wp-content/uploads/2018/12/disenoarquitectura.cl-quinta-monroy-alejandro-aravena-planta-emplazamiento.jpg

USOS

Sendo estas estruturas habitações sociais, a sua função principal seria a de abrigar às 93 familias que depois da desocupação da favela, �icaram sem moradia. Após dezoito meses, a equipe da ELEMENTAL analisou o progresso da construção da outra metade da casa e o nível de satisfação dos residentes em relação ao projeto. Para tal, realizaram um inquérito dividido em três categorias: bairro, pátio e casa. - Bairro Após a entrega das chaves, se deixou cinco dias de aconselhamento por parte dos arquitetos para os moradores. Estes auxiliavam com instruções para proceder na ampliação ou a �inalização das partes internas e externas dos apartamentos. + A maioria das expansões foi construída por pro�issionais (menos de 30% foram feitas pelos próprios donos). Nestes casos, o papel dos arquitetos foi apenas o de supervisionar a qualidade do trabalho. + Os antes ´´favelados´´ e agora cidadãos da QM. foram dotados da liberdade creativa na hora de completar a fachada, mas estes tinham que manter a harmonia da mesma. Alguns mantiveram seus aspectos culturais próprios, utilizando elementos reciclados nas ampliações, mas houve outros que de acordo com a nova visão concedida, decidiram inovar esses aspectos culturais utilizando novos e melhores materiais.

25. Colocação da cobertura

26. Cinco apartamentos com expansões

29. Corte transversal imagem editada pelo estudante 30. Fachada com expansões https://images.adsttc.com/media/images/5010/2e32/28ba/0d42/2200 /1003/slideshow/stringio.jpg?14 14338642

31. Pátio, ocupação veicular https://www.disenoarquitectura.cl/wp-content/uploads/2018/12/disenoarquitectura.cl-quinta-monroy-al ejandro-aravena-foto-exterior7.jpg


32. Pátio https://invi.uchilefau.cl/wp-content/uploads/2016/04/DSCF5010.jpg

- Patios comuns + Os arquitetos incluiram no projeto um espaço comum que fomentasse o convívio entre vizinhos, de modo a facilitar amizades e relações para além do núcleo familiar. + Se criou quatro patios dedicados às vivendas que o circundavam, estes eram divididos por grupos familiares; os que possuiam uma familia extensa, os que pertenciam à mesama tribo e outros que possuiam mais antiguidade residencial no local. + pela falta de segurança e dependendo da maneira como são desenhados, corre-se o risco de que alguns patios se tornem espaços de passagem, em vez de espaços de estada, sendo assim propícios ao trá�ico de droga, assaltos, etc. + Os Arquitetos foi criaram um único acesso à rua, eliminando um percurso contínuo entre pátios interiores que di�icultaria o controle da segurança. + Em conjunto com os residentes, os arquitetos conseguiram chegar ao desenho de espaços comuns proporcionais onde havia espaço su�iciente para estacionamento, circulação e atividades de lazer e convívio.

33. Os quatro pátios com as suas respectivas entradas imagem editada pelo estudante

- Casa + Os moradores da QM. pediam por espaços externos privados, em vista disso, os arquitetos decidiram que aqueles que �icassem no térreo possuiriam um pátio na parte posterior do apartamento, sendo este usado como lavanderia. No duplex, este problema foi resolvido criando um banheiro com su�iciente espaço para colocar os equipamentos precisos. + Ao deixar aos próprios moradores �inalizar a construção das moradias, a exceção do espaço dedicado à cozinha e ao banheiro, os demais espaços foram distribuidos da maneira que fosse mais ventajosa para eles.

34. Interior de um apartamento no Térreo

CONTEXTO

35. Interior de um apartamento Duplex

- O objetivo era assentar 100 famílias nos 5.000 m² que ocuparam ilegalmente por 30 anos em Iquique, uma cidade no deserto chileno. O orçamento foi de US $ 7.500 no total, com os quais as familias tinham que pagar pelo terreno, a infraestrutura e a arquitetura. - A solução a isso, foi a construção de uma série de residências de 72 m², das quais apenas a parte que o orçamento permitisse seria construída, os outros 50% seriam gerados por autoconstrução. - A participação bidirecional foi uma estratégia que ajudou no contexto orçamental em que estavam trabalhando, sendo este muito limitado, era de grande interesse para os arquitetos esta colaboração com os residentes, de modo a conseguirem identi�icar facilmente quais eram os costumes e rotinas daquela população e quais os materiais e outros recursos locais que poderiam incorporar no projeto. Recolhidas estas informações, tratava-se de direcioná-las a favor do projeto.

36. Interior de um apartamento no Térreo

37. Interior de um apartamento Duplex em construção

REFERÊNCIAS E IMAGENS - Imagem 2,3,4,5,6,7 https://www.moma.org/interactives/exhibitions/2010/smallscalebigchange/projects/quinta_monroy_housing.html - Imagem 10, 11, 15, 16 http://www.redfundamentos.com/blog/obras/obras/detalle-143/ - Imagem 18, 33 https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/1407770020546763/Dissertacao%20Diana%20Figueiredo%20Arouca_70292.pdf - Imagem 8, 9, 12, 13, 14 https://mohinogarcia1.�iles.wordpress.com/2016/04/grupo-6-alejandro-aravena.jpg - Imagem 34, 35, 36, 37 https://www.archdaily.com.br/br/01-28605/quinta-monroy-elemental - Imagem 20, 21, 22, 23, 24, 25, 26 https://www.moma.org/interactives/exhibitions/2010/smallscalebigchange/projects/quinta_monroy_housing.html - Imagem 28, 29 http://www.elementalchile.cl/wp-content/uploads/2018/07/ABC-VIVIENDA-ELEMENTAL-HOUSING.zip


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