A Paraisópolis que nem todos amam
Moradores contam suas histórias, denunciam problemas e criticam novela que, para eles, não retrata uma das maiores favelas de São Paulo 17/06/2015 Por José Coutinho Júnior, De Paraisópolis (SP) Branca de Neve passeava calmamente pela rua da Jangada. Seguia de mãos dadas com sua mãe, que guiava um cachorro, deixando para trás os barracos – assim são chamadas as casas pelos próprios moradores –, bares, pessoas e o córrego entupido da parte baixa da favela de Paraisópolis, na capital paulista. Assim como a garotinha fantasiada como princesa numa tarde de quartafeira, a segunda maior favela de São Paulo, com quase 43 mil habitantes segundo o IBGE ou 100 mil, de acordo com a União em Defesa da Moradia (UDMC), parece, aos olhos da sociedade, um conto de fadas graças à novela I Love Paraisópolis (Eu amo Paraisópolis, tradução livre), da Rede Globo. A realidade da favela, no entanto, não poderia ser mais distante do que a telinha mostra diariamente. A começar por um elenco que, em sua maioria, tem atores paulistanos e cariocas. O que se contrapõe a uma comunidade com raízes nordestinas, que vieram para São Paulo na esperança de melhorar de vida.