

eita, que Muído!
Muído é uma gíria paraibana que em Campina Grande faz parte do cotidiano da população. Quem chega por aqui descobre que muído pode ser alvoroço, confusão, reclamacão, dificuldade, burocracia, mas também tem muído dos bons. Uma festa pode ser um muído maravilhoso, assim como nossa revista, que nasce com o propósito de trazer à tona esses diversos significados, permitindo que nossos leitores conheçam um pouco mais sobre a essência dessa cidade, desde a cultura, como também a tecnologia, até a educação.
Portanto, queremos que vocês conheçam um pouco do muído de Campina a partir de nosso olhar.
Boa leitura e bons muídos pra você!
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
Jornalismo 2023/1
JORNALISMO DE REVISTA
Profª Michele Wadja
PROJETO GRÁFICO
Estevão Barbosa
Marcus Pedrosa
REPÓRTERES
Angélica Araújo
Estevão Barbosa
Eva Leite
Érica Pereira
Juliana
Litália Barros
Luana Lima
Marcus Pedrosa
COLABORAÇÃO
Jurani Clementino
JUNHO, 2023
Campina Grande, Paraíba - Brasil

sumário
40 campina grande, cidade criativa!

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Cidade Universitária: Berço de grandes profissionais, Campina Grande e famosa pelas Universidades públicas e privadas

Saúde e cultura nordestina: Conheça a história da enfermeira que encontrou no cordel, uma inspiração sexta-feira sem muído




campina... doce campina
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CAMPINA GRANDE: A CIDADE REFERênCIA EM DESENVOLVIMENTO TECNOLóGICO
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26 UNIVERSIDADES MOVIMENTANDO AS PRáTICAS ESPORTIVAS


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Campina Grande no centro do mundo criativo: o hibridismo arte midiático da UFCG
Campina Grande no centro do mundo criativo: o hibridismo arte midiático da UFCG

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Cidade Universitária:
Berço de grandes profissionais, Campina Grande e famosa pelas Universidades públicas e privadas.

Campina Grande é uma cidade do nordeste brasileiro, localizada no planalto da Borborema, fundada em 1 de dezembro de 1697, adquiriu o título de cidade em 11 de outubro de 1864. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), no ano de 2021 a população era de 413.830 mil habitantes, muitos destes são oriundos de outras cidades circunvizinhas ou de outros Estados. Pessoas que se deslocam para Campina em busca de oportunidades e de uma vida melhor.

Foi a partir da década de 1950 que o ensino superior começou a crescer na cidade, polos foram construídos a exemplo, a Escola Politécnica de Campina Grande (1952) e a Faculdade de Ciências Econômicas (1955), um período de desenvolvimento que marcou a história da educação motivando as grandes transformações que viriam nos anos seguintes. Campina Grande é conhecida como um dos principais polos de tecnologia do Brasil, o que atrai muitos estudantes que buscam um ensino de qualidade, com opções de formação presencial e EAD.
Existem 11 instituições públicas e privadas que oferecem ensino superior e técnico, nas mais diversas áreas de formação. De acordo com o levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado no ano de 2020, Campina Grande ocupava o 9o lugar no ranking de municípios brasileiros para os quais os alunos de ensino superior, que moram em outras cidades escolhem estudar.
A Rainha da Borborema, como é conhecida, abriga três grandes pólos universitários, a exemplo a Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), que oferece ensino superior para mais de 18 mil estudantes, em 84 cursos recebendo cerca de três mil novos alunos por semestre. De acordo com o professor Eli Brandão, 70% dos alunos são egressos de escola pública como Nayara Torres, que formou-se em Jornalismo em 2022. Ela conta que o deslocamento da cidade de Santa Cruz do Capibaribe no Estado de Pernambuco até Campina Grande é de quatro horas por dia, o que deixava sua rotina ainda mais cansativa, por isso, ela optou por vir morar na cidade: “Era muito exaustivo essa viagem todos os dias, como eu trabalhava pela manhã e tarde, não tinha como estudar. Por isso, eu vim para Campina Grande para me dedicar ao máximo e concluir o curso”.
Neste ano a UEPB celebra 57 anos, motivo de alegria a todos que fazem parte da instituição. “Estamos comemorando os 57 anos de fundação. E com isso nós precisamos cada dia mais defender a nossa instituição. Defender a autonomia da nossa Universidade conquistada em 2004, além de defender sempre também que ela seja uma universidade pública, gratuita e forneça uma educação de qualidade para fazer a diferença na sociedade da Paraíba e do Nordeste do Brasil”. Disse a atual reitora, a professora Célia Regina no evento em comemoração aos 57 anos da instituição. Além da fundação, também é celebrado 36 de Estadualização, 27 de Reconhecimento pelo MEC e 19 de Autonomia, uma trajetória longa e árdua que contribui para o crescimento da instituição.
Outra instituição que contribui para o reconhecimento da cidade como polo universitário é a Universidade Federal da Paraíba (UFCG). De acordo com informações oficiais do site, a UFCG está distribuída em 7 campi universitários, oferta 77 cursos de graduação, 11 centros de ensino, 47 programas de pós-graduação com 34 mestrados e 13 doutorados. Ou seja, 18.168 alunos de graduação, 2.259 na pós-graduação, 1.367 mestrandos e 892 em doutorado, no total são ofertadas 4.685 vagas de ingresso por meio do Sistema de Seleção Unificado (SISU).

Fábio Bastos, natural do Estado do Rio de Janeiro, vive na cidade de Queimadas há 16 anos, e tem uma relação de longa data com a Universidade. Formou-se em 2014 no curso de Administração e atualmente é aluno do curso de Estatística na Federal, quando questionado sobre estar pela segunda vez em uma graduação na mesma instituição, declara que: “Eu já conhecia a rotina, a metodologia de alguns dos professores, já estava habituado. Foi na minha primeira graduação que surgiu o conhecimento por estatística e suas aplicações no campo das finanças, que contribuíram para que eu voltasse novamente.” Fábio conta que seu intuito é a carreira acadêmica, e fazer parte da instituição alavanca as chances de sucesso na profissão, já que alguns dos professores do curso de estatística tem reconhecimento internacional.
A Universidade também oferece para os alunos oportunidades de vivenciar a experiência acadêmica no exterior, e o programa BRAFITEC aos alunos proporciona isso através do intercâmbio, o que foi oportunidade para Maria Gabriela Abreu, de viver a cultura francesa enquanto cursa engenharia elétrica. A estudante faz parte do programa na modalidade Sanduíche, que é a graduação feita em dois lugares, no caso dela: Brasil e França. Maria destaca que desde cedo engajou-se em atividades na universidade em busca da oportunidade de intercâmbio e que o processo de preparação foi árduo, já que em poucos meses precisou aprender o idioma para realizar a prova de proficiência: “Eu estudava todos os dias equivalente a um período de 4-5 horas por dia, como eu comecei a estudar em junho e em novembro eu deveria estar pronta para a prova”. Ela veio do Estado de Alagoas para Campina Grande para estudar na UFCG, e foi na recepção dos feras que descobriu todas as oportunidades que teria na instituição. Ela viajou para França em agosto de 2022 para cidade de Valence, e está estudando na L’école Nationale Supérieure en Systèmes avancés et Réseaux (ESISAR), a previsão de retorno ao Brasil é para agosto de 2024 para concluir a graduação na UFCG. A estudante ainda destaca como essa experiência mudou sua vida: “Impacta diretamente a vida profissional, as chances de trabalhar aumentam por eu falar outra língua e por ter tido a experiência em outro país. Como também na vida pessoal, amadureci muito e aprendi a me virar, como estou longe da família, preciso aprender a fazer as coisas diárias sozinha”.
O Centro Universitário Unifacisa também atrai estudantes de várias partes do país para Campina Grande. Oferece 16 cursos de graduação e está presente em mais de 105 locais de Campina Grande, como em clínicas, hospitais, empresas que auxiliam os alunos, além de equipamentos e laboratórios completos e de última geração que favorecem ainda mais a qualidade de ensino. A instituição ainda faz parte do seleto grupo das 5% mais bem avaliadas nas Instituições de Ensino Superior do Brasil, de acordo com o Ministério da Educação (MEC). Melissa Marinho e Tiago

Cesarino são primos, e estudam medicina na Unifacisa, uma faculdade privada da cidade. Melissa revela que: “O sonho da minha avó sempre foi ter pelo menos um neto médico, surpreendentemente eu fui a primeira a passar no curso e logo depois meu primo”. A instituição desenvolve uma estrutura de formação que proporciona suporte aos alunos, como a criação da Clínica Escola e o Hospital Help o que Melissa destaca como ponto positivo para sua formação.
“Abre portas para nós alunos de uma forma imensa. Desde o primeiro período eu tenho contato com os pacientes.” Tiago Cesarino é natural da cidade de Santa Luzia na Paraíba e mudou-se para Campina Grande para estudar Medicina na Unifacisa, mas antes cursava Direito na Capital João Pessoa, ele conta que não se identificou com a graduação e optou por uma nova formação. Recebeu o apoio da família ao fazer essa mudança de carreira, como ele mesmo conta “Independente do que fosse fazer, minha vontade sempre foi ajudar o máximo de pessoas, nesse contexto a medicina foi o melhor meio que encontrei para isso. Não só minha avó, mas toda a família sempre me influenciou a fazer medicina, então todos ficaram muito felizes ”. Além de graduação a faculdade conta com 25 cursos de pós-graduação, e oferece condições de financiamento, créditos universitários e bolsas de estudos. Com modalidade presencial e EAD. A tradição universitária além de atrair estudantes de todo o Brasil tem um papel relevante na vocação inovadora da cidade.
Recentemente o município ganhou destaque nacional como a cidade mais inovadora do Brasil, de acordo com o Índice de Cidades
Empreendedoras (ICE) 2023, que analisa e compara ecossistemas empreendedores, criado pela Endeavor e produzido pela Escola Nacional de Administração Pública (ENAP) divulgado em março de 2023.
A cidade universitária é marcada pelo movimento de idas e vindas de jovens de todo o país. A cada semestre calouros e concluintes chegam e partem movimentando a cidade. Não por acaso, a história de Campina Grande está diretamente ligada ao acolhimento. A vila, que nasceu como lugar de parada de comerciantes e suas tropas de burros, segue como uma especialista em receber. Dos Tropeiros da Borborema aos universitários que desbravam a cidade existe um elo de afeto bem semelhante. Como uma experiência de “passagem” ou de “permanência”, Campina Grande segue adotando ou se despedindo de quem realiza, aqui, o sonho da Universidade.

Saúde e cultura nordestina: Conheça a história da enfermeira que encontrou no cordel,

inspiração
/Por Marcus Pedrosa e Samanta RochaumaFoto: Silvio Toledo
Tratando-se de literatura, o Nordeste é berço de grandes nomes, tais como Ariano Suassuna, Josué de Castro, João Cabral de Melo Neto, Rachel de Queiroz e Patativa do Assaré. Alguns desses autores são famosos por trazerem a suas obras o regionalismo, dando vida a personagens que vivem cotidianos muito parecidos com os dos nordestinos. Dentre essas obras regionalistas, a mais popular é a literatura de cordel, que apesar de não ter origem brasileira, e sim, europeia, se democratizou no Brasil por volta de 1893, quando o cordelista paraibano Leandro Gomes de Barros publicou os primeiros versos no país.
Os folhetos eram vendidos e repassados de mão em mão por um valor simbólico, ao contrário dos livros que na época eram inacessíveis à população menos favorecida. O cordel logo caiu no gosto das pessoas, já que os versos ali escritos abordavam situações
cômicas e trágicas do cotidiano, que eram transmitidas oralmente por artistas em feiras livres.
Campina Grande é conhecida como um berço de talentos e também de cultura. Na cidade nasceram cordelistas, poetas e poetisas que encontraram nas tradições, uma inspiração. A exemplo de Anne Karolynne, que é filha de professora e desde os sete anos, começou a escrever poesias de 4 estrofes, iniciando sua trajetória, com a estética de cordel.
“Sempre fui motivada a isso. Aos 13 anos, me inscrevi nos primeiros causos de cordel na escola, fiz algumas apresentações escolares e continuei escrevendo sempre”, relatou.
Anne, que hoje é enfermeira especialista em saúde mental, encontrou na poesia uma forma de unir seu amor pelas profissões, expressando através das palavras aquilo que

sente, as belezas que vê e as situações que vive. Quando questionada sobre suas principais inspirações na literatura, Anne citou Castro Alves, Augusto dos Anjos, Chico de Assis, entre outros.
“No cordel, me identifico e sempre gostei também da escrita de Manoel Monteiro. Conheci ele quando ainda era vivo. Manoel falava muito de saúde nos cordéis e tinha essa característica de ser muito zeloso pela escrita, e até usava da escrita mais rebuscada no próprio cordel”
Ainda tratando de inspirações, ela ressalta a falta de mulheres na literatura e enaltece algumas das autoras que tem como referência.
“Maria das Neves Batista Pimentel, também paraibana, foi a primeira mulher cordelista do Brasil. Em 1938, ela lançou seu primeiro folheto, foi um marco. Costumo dizer que se não fosse Maria das Neves, se não fosse a coragem dela enquanto mulher, que não podia publicar na época, eu não estaria aqui. Inclusive, ela não publicou com o nome dela, precisou usar o pseudônimo do marido, Altino Alagoano, para publicar o seu primeiro cordel e suas publicações iniciais. A mulher não podia escrever, muito menos lançar cordel . Então numa época em que o feminismo não tinha muita força e ela desbravou, lutou contra esse patriarcado para ousar, lançar sua escrita no mundo. Eu até me emociono falando dela, porque realmente eu estou aqui por mulheres como ela”, disse emocionada.
Durante seus 33 anos, a poetisa já acumula cerca de 40 cordéis e ainda faz parte de um coletivo, o Marias da Poesia , composto pelas escritoras e poetas, Juliana Soares,
e representatividade. De acordo com Anne, o coletivo iniciou em 2020, ainda durante a pandemia da Covid-19, e teve como objetivo inicial produzir apenas um cordel, que teve como título “Nenhuma mulher merece ter o seu direito negado”, que aborda assuntos como misoginia, machismo e outras vulnerabilidades que a mulher vive na sociedade. “A escrita da poesia serviu tanto
para desabafar nossas dores, como também para dar voz para outras mulheres que não conseguem ter espaço de fala e poder, além de se expressar sobre esses assuntos, e tantas outras que, inclusive, não estão mais entre nós porque já tiveram suas vidas ceifadas pelo machismo e pelo feminicídio. A escrita foi lenta e difícil porque nós precisamos nos despir de nós mesmas para poder vestirmos nossa poesia”, relatou. Anne destacou que apenas mulheres participaram de toda a produção, desde a orientação, organização, diagramação e até a xilogravura que estampa a capa da obra. O cordel foi publicado com o selo Cordel Personalizado, um micro empreendimento formalizado criado por ela, e ainda se tornou um livro que deve ser lançado em breve pela Editora da Universidade



Estadual da Paraíba – EDUEPB. Em 2020, Anne conta que, concorrendo com quase 400 poetas cordelistas do país, foi classificada em primeiro lugar no Prêmio Nísia Floresta de Literatura – 210 anos, iniciativa realizada pela ONG CECOP – Centro de Documentação e Comunicação Popular e pelo Museu Nísia Floresta. O prêmio resultou na publicação de um livro com os 20 melhores trabalhos selecionados.
“Tenho muito orgulho dessa coletânea porque estou junto a poetas renomados e de grande representatividade na poesia de cordel no Brasil. Além disso, ter ganhado esse primeiro lugar é muito importante pra mim, porque quando uma mulher ganha um espaço de tamanha notoriedade, de certa forma, a gente quebra muitos paradigmas já que a gente ainda sofre muito machismo no cordel”, registrou. Atualmente, Anne trabalha na área artística com apresentações de eventos, declamações e recitais. É através do cordel que a poetisa, além de encontrar um propósito, usa o espaço para lutar pelos direitos femininos, ocupando espaços que são majoritariamente ocupados por homens, mas principalmente, é a forma que ela encontra para expressar o amor que tem pelas palavras. Quando perguntada sobre como definiria a poesia, Anne aproveitou a oportunidade para responder recitando.

“Para escrever poesia basta ter inspiração, caminhar com Deus na vida, em qualquer ocasião.
É escrever sem ter censura. Alegria, amargura, tristeza, felicidade, um assunto emocionante, uma história fascinante, Versada com liberdade.Foto: Silvio Toledo
sexta-feira sem muído

Sexta-feira é considerado o dia mais aguardado daqueles que adoram curtir a noite. No entanto, muitos jovens dessa geração já não aguardam ansiosamente a sexta-feira para sair de casa. A festa mais lotada, o barzinho mais badalado perderam espaço para o lazer que é proporcionado ao ficar em casa. Atualmente jogar vídeo game, maratonar a série preferida ou até mesmo dormir tornou-se o “novo normal” e a melhor opção para uma sexta à noite.
Um estudo realizado pela Universidade de San Diego e pelo Bryan Mawe College, revelou que a geração Z (nascidos entre 1997 e 2010) consomem menos bebidas alcoólicas e tem menos relações sexuais, ou seja, os jovens estão mais caseiros. Quais fatores podem ser considerados para essa mudança de comportamento?
Alana, 23 anos, estudante de Serviço Social pela UFCG relata que a pandemia mudou drasticamente sua rotina de saídas noturnas. Antes da pandemia de Covid-19 se prolongar por longos 2 anos, ela costumava passar os finais de semana fora da sua cidade. Alana viajava para curtir rolês aleatórios, como ir a lanchonetes, barzinhos ou simplesmente para ficar de bobeira na calçada, com amigos,
até altas horas da noite.
A estudante conta que no momento mais crítico da pandemia ficou apavorada e ansiosa “só de lembrar me faltar o ar, o desespero triplicou, fiquei em misto de sensação e emoção”. A forma que ela encontrou para sair desse abismo de ansiedade foi se conectar com a natureza e consigo mesmo. Admirar o pôrdo-sol, contemplar o universo, ouvir música e escrever tudo que sentia, tornou-se a válvula de escape do caos que instaurava no mundo e em seu ser.
No entanto, apesar de árduo, esse momento foi necessário para que ela descobrisse e refletisse sobre seus sentimentos e sobretudo o que estava em sua volta “Diria que, ao mesmo tempo que perdi, eu também ganhei. Ganhei no que se diz respeito de ter tirado um tempo pra mim, para me conhecer e aprender tanto.” Após a pandemia Alana não sente a necessidade de festas, o que antes enchia seus olhos, hoje não faz mais tanto sentido. Ela não deixou de sair, porém, tornouse mais seletiva para onde ir e sente menos a pressão dos amigos.
A responsabilidade de não morar mais com os pais, trabalhar e estudar em outra cidade contribui para que seus finais de semana
sejam dedicados ao que é mais importante para ela, seu lazer e sua família. Hoje, ouvir sua playlist favorita, compartilhar bons momentos com quem ama e ter seu tempo sozinha é sua definição de fim de semana perfeito. O relacionamento de Alana com a sexta-feira não é muito diferente do meu.
A pandemia também abriu espaço para que eu me conhecesse mais. Os livros durante esse período caótico foram o meio que eu encontrei de escapar da turbulenta pandemia. Devorava mais de 4 exemplares por mês. Hoje esse hobbie continua sendo o meu preferido, é onde eu me encontro, é onde eu esqueço de tudo o que acontece lá fora. Nas sextas meu muído é em casa, uma série, um livro e o conforto do meu lar fazem parte, também, da minha definição de final de semana perfeito.
A psicóloga Lucianna Mello explica que esse fenômeno tem sido uma realidade constante em todo o mundo. Os jovens têm saído menos, e alguns fatores influenciaram para esse fenômeno acontecer, como: a pandemia, o uso excessivo das tecnologias e uma falta de pertencimento ao meio vivido. A profissional alerta que o isolamento pode desenvolver e influenciar negativamente o psicológico, trazendo problemas emocionais.
Pois, as relações interpessoais e as interações sociais são essenciais para o desenvolvimento humano em todos os aspectos. Para evitar o adoecimento emocional é importante buscar possibilidades de lazer que agreguem e contribuam positivamente com a mente, deixando-a conectada com o que de fato é importante.

Ao ser questionada sobre qual dica daria para alguém que queira aderir essa mudança de maneira positiva e saudável, Alana relata que é necessário ter seu tempo sozinha, mas que é de extrema importância dividir momentos com alguém “todos nós precisamos um do outro. Isso nos torna únicos, isso nos torna humanos”.
Não sair, não significa não curtir. Os jovens precisaram passar por um amadurecimento que fora necessário para o momento em que viviam e para a formação dos jovens/adultos que o mundo teria após a pandemia. Para alguns, nada mudou, mas para outros o isolamento trouxe grandes reflexões que fizeram mudar sua maneira de ver o mundo, alterando assim seus pensamentos e suas rotinas. E você, o que tem feito na sexta à noite?
campina... doce campina



Quando eu cheguei por aqui, cheguei como que fugindo de mim. De você não conhecia nada. Não entendia nada. Para mim, era tudo novidade. Tudo me surpreendia. Como muitos que por aqui chegaram (ou chegariam), eu era um forasteiro. Um sertanejo errante e curioso. Um menino de sítio, caboclo, matuto, sonhador. Cheguei aqui repleto de saudades de lá. Cheio de lembranças. De coração partido pela tristeza de uma primeira partida. Com os olhos vermelhos de chorar. Você me acolheu. Fui recebido pelas suas ruas molhadas e pela sua gente jovem. Fui conquistado pelo seu clima diurno (às vezes frio, às vezes quente) e pelas suas noites sempre agradáveis. Aos poucos fui me sentindo em casa. Eras a minha nova casa.
Aqui conquistei novos amigos. Todos eles cheios de sonhos iguais a mim. Descobri que foram eles (os sonhos) que me condiziam até aqui. Foram os desejos oníricos que me fizeram atravessar o sertão e o cariri para fazer morada em ti. Agrestinamente. Cheguei assustado. Cheio de incertezas, e medo, de dúvidas... Mas foram os desejos migrantes que me fortaleceram e me deram coragem de seguir em frente. Numa longa e árdua batalha desprovida de regalias. Vim sozinho.

Desembarquei feito um tropeiro com o matulão cheio de esperanças. Chorando as dores da partida, mas de coração esperançoso. Não sabia o que ia encontrar. Nem se ia encontrar. Mas te encontrei. Linda! Receptiva. Sedutora. Enigmática. Fui tomado por ti. Seduzido pelo teu canto de sereia serrana. Mas não era engano. Tudo em ti era verdade. Tudo em ti era sincero.
Não me negaste um sorriso. Nem um abraço. Nem um aconchego nas noites frias. Acolheu-me com carinho. Feito uma mãe recepcionando o filho que estava ausente. Recebeu-me com um largo sorriso. Abraçoume. E nesse abraço fui ficando. Mesmo sentindo saudades de onde vim, (saudades que jamais perderei) permaneci abraçado por ti. Acolhido em teus braços. Já se passaram 22 anos daquele nosso primeiro encontro. Uma vida. Estive jovem, adolescente e debutante de ti. Hoje estou adulto de ti. Não sei o que me espera. Talvez nem queira saber. Viver é preciso. Desconheço lugar melhor pra morar. Continue me aceitando, me abraçando, me recebendo. Sou todo seu.
Obrigado, Campina! Com carinho e gratidão: Jurani Clementino – Maio de 2023
Fotos: Acervo Retalhos Históricos de Campina GrandeUNIVERSIDADES MOVIMENTANDO AS PRáTICAS ESPORTIVAS

Se você pensa que as universidades de Campina Grande só formam alunos para as áreas profissional e acadêmica, está enganado. Aqui as “uni” são craques em promover programas de esporte que incluem alunos e a população no geral, como também formam campeões na área esportiva. Vem conferir o nosso “muidão” do esporte.

Vamos começar nossa jornada falando sobre uma escolinha que oferece atividades esportivas gratuitas para população com idade a partir de 7 anos. Entre as modalidades estão, natação, hidroginástica, atletismo, futsal, ginástica rítmica, artística e parkour, danças, lutas e musculação. Este é um projeto promovido por alunos de Educação Física e Jornalismo da Universidade Estadual da Paraíba, (UEPB) . O programa faz parte do LPSEL: laboratório pedagógico: saúde, esporte e lazer no departamento de educação física e é financiado pela pró-reitoria de extensão da universidade.



Segundo a organização do projeto, a média de pessoas matriculadas por semestre é de 400 inscrições, ou seja 800 pessoas ano, mas existem matrículas que são renovadas por
mais um ano. Tanto que tem gente que cresceu no programa, como é o caso da professora Lucélia, hoje formada em Educação Física. Ela fazia aulas de dança quando criança, depois entrou na universidade, ingressou no programa como extensionista e fez o seu Trabalho de Final de Curso (TCC) sobre o projeto. Na pesquisa do TCC ela identificou que, assim como ela, outros alunos que participaram das atividades esportivas na infância também foram estimulados a sonhar em um dia estudar na Universidade. “ Eu sempre desde criança, dizia a minha prima que ia comigo, que um dia ia ser uma professora daquela, só que eu não imaginava como. Na época, eu não sabia que era Educação Física. Fui crescendo com esse desejo, e aí quando eu entrei na universidade, no primeiro período eu já comecei como voluntária na escolinha. Comecei a dar aula de dança, que era o que eu fazia aos sete anos de idade. Então, teve importância fundamental na minha vida, nas minhas escolhas. Até porque quando eu passei para Educação Física, passei em outros quatro cursos, mas o desejo que criou em mim lá, pesou mais na minha decisão.


A Universidade Estadual da Paraíba através da Coordenadoria de Esporte e Lazer (COEL) também patrocina várias atividades de extensão e equipes de esportes, como, por exemplo o Tropa Campina, uma equipe de futebol americano, aqui da Paraíba, e uma das principais do nordeste. O time foi fundado em 2013, por atletas de outros clubes da cidade. O Tropa Campina chegou a ser campeão invicto em 2016, no campeonato nordestino. A equipe que leva o nome da universidade no uniforme, recebe assistência em saúde,
através dos serviços das clínicas de psicologia, odontologia, enfermagem e fisioterapia. A universidade também oferece um local de treino adequado com um campo, profissional, para futebol americano. Outras equipes também são apoiadas pela universidade, como a equipe de judô campeã de 12 medalhas nos jogos universitários, equipe de kendo (arte marcial japonesa) e a equipe Rugby (esporte em que uma bola oval é conduzida pelos pés ou pelas mãos dos jogadores, com semelhanças com o futebol americano.

A UEPB não é a única que oferece essa oportunidade nos diversos esportes, a Universidade Federal de Campina Grande, a UFCG, também possui uma cultura nos esportes. Isso pode ser percebido na participação ativa dos alunos da instituição nos jogos universitários paraibanos e brasileiros, ao qual a universidade participa desde 2005. A JUP’s (Jogos Universitários Paraibanos) é a competição universitária mais importante do estado, pois é a partir dela que os campeões de cada modalidade são classificados para representar o estado da Paraíba nos Jogos

Universitários Brasileiros, o JUB’s. A última competição do Jogos Universitários Paraibanos foi em 2022, onde os atletas da universidade conquistaram 39 medalhas nos jogos, nas modalidades de atletismo, natação, xadrez masculino, judô, karatê, tênis de mesa, westling feminino e jogos eletrônicos (Clash Royale, Fifa, Poker, League of legends e Free fire). Segundo o chefe do setor de esportes da UFCG, Dione de Assis, essa foi a melhor participação da instituição nos JUP’s. “Mesmo enfrentando dificuldades da pandemia para o treinamento, com a realização das atividades remotas, a equipe conseguiu conquistar várias medalhas. Foram 19 medalhas de ouro, 11 de prata e nove de bronze.” No mesmo ano, segundo a assessoria da UFCG, vinte atletas da universidade federal foram para Brasília para representar o estado da Paraíba nos Jogos Universitário Brasileiros, e voltaram com 5 medalhas, uma de ouro e quatro de prata. E olha que massa, das 5 medalhas ganhas na competição, 3 foram conquistadas pelo atleta Danilo Azevedo, aluno do curso de psicologia, que conquistou medalha de ouro no lançamento de dardo e prata nas provas de arremesso de peso e lançamento de disco.

Ainda de acordo com a assessoria, as outras duas medalhas de prata foram garantidas pelos atletas Denilson Deivid, no Breaking (dança urbana), e Hélder Nunes, no Poker, ambos do curso de Ciência da Computação.
Mas não é só de jogos universitários que a UFCG vivencia os esportes, os alunos do campus de Campina Grande, realizam torneios na instituição durante o ano, além de formar equipes para participação em competições estaduais ou nacionais. Como, por exemplo, o torneio de futebol que já vai em sua décima oitava edição. E atenção às mulheres, este ano está sendo realizado pela primeira vez o torneio de futebol feminino.

Os torneios tem como objetivo “promover a integração sócio esportiva entre os estudantes dos diversos cursos e centros da UFCG, além de ampliar o acesso e utilização do campo de futebol a um maior número de estudantes, bem como criar condições para que estes descubram no esporte o prazer de praticá-lo como forma de lazer e melhoria da qualidade de vida”, é o que explica Dione de Assis. Além do torneio de futebol existem os Jogos Intercursos, Jogos Inter Feras, Jogos das Residências Universitárias, Torneio de Tênis, Torneio de Basquete e Torneio de Vôlei.

A prova de que o esporte não fica somente restrito a projetos e práticas apenas na universidade, está no time de basquete Unifacisa. A equipe foi fundada em 2012 por meio do Centro Universitário, e tornouse uma referência nacional e uma verdadeira paixão para os campinenses. O time formado na universidade particular, participa do Novo Basquete Brasil, NBB, que é a principal liga de basquete profissional do país. Embora jovem a equipe já coleciona títulos importantes, conquistou o ouro na Supercopa Brasil de Basquete, em 2017, foi Campeã da Liga Ouro 2019, Hexacampeã Paraibano, Bicampeã do Nordeste, Bicampeã do JUB’s e Campeã da Liga Paraibana.


O Basquete Unifacisa é formado por um time masculino misto, com jogadores de várias regiões do Brasil e de outros países. Segundo a assessoria do time, a liga chegou a ter um jogador refugiado de Camarões, ele estudou Sistemas de Informação na faculdade e jogou na equipe durante a Liga Ouro. Mas é importante ressaltar que desde do início da formação do Basquete Unifacisa alunos da própria instituição viraram jogadores de peso




na equipe. Atualmente, o time conta com o aluno de Educação Física da instituição ,Lucas Rocha, que atua como armador no time.
Em conversa com o jogador, ele destacou que participar do time foi uma realização de um sonho “Primeiramente é um prazer representar a Unifacisa, tanto pelo basquete, quanto pelo estudante que sou da universidade, é uma instituição que vem ganhando mais espaço no cenário nacional em todos os aspectos, e recebi o convite para participar da equipe no segundo semestre de 2021 e aceitei logo de cara por sempre ter sido meu sonho de jogar basquete profissional e também vi a oportunidade de cursar educação física na faculdade…”
Apoio e cuidado não faltam para esse time. Já que os alunos que estudam na instituição, também auxiliam esses jogadores com atendimento de fisioterapia, nutrição, psicologia e medicina do esporte.
A Universidade também possui uma arena exclusiva para o treino e jogos do clube, inaugurada em agosto de 2017, a Arena Unifacisa também conta com uma academia local onde os jogadores realizam todos os seus treinos físicos.
CAMPINA
GRANDE:
A CIDADE REFERênCIA
EM DESENVOLVIMENTO TECNOLóGICO
/Por Juliana

Cidade à ter um dos cinco primeiros Parques Tecnológicos implantados no País durante os anos 80, Campina Grande vem se destacando como referência em soluções tecnológicas. A segunda cidade mais populosa da Paraíba, Campina se destaca no desenvolvimento de tecnologias inovadoras para empresas nacionais e internacionais.
O alto índice de investimento e desenvolvimento educacional na região, fez com que a cidade ganhasse o título de tecnopólo. Isso porque além de hospedar o primeiro parque tecnológico do estado, a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB), Campina Grande também possui a Fundação de Apoio à Pesquisa do Estado da Paraíba (Fapesq). Fundada no ano de 1992, a instituição é voltada ao incentivo à pesquisas científicas e tecnológicas no estado. Vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia, Inovação e Ensino Superior (SECTIES), a fundação desenvolve bolsas de estímulo à pesquisa no estado. Entre as bolsas ofertadas, estão as bolsas de Estudos e Pesquisas Prioritárias na Área de Saúde Pública e as Bolsas de Iniciação Científica Júnior para estudantes que buscam financiamento para o desenvolvimento de projetos. Em entrevista, Helda Suene de Araújo, assessora da instituição, explicou como funcionam as bolsas de incentivo, “São ofertadas
bolsas de iniciação científica a alunos de graduação, selecionados por meio de editais”. Helda, ainda complementa que o estudante também pode ter acesso às seleções por meio da própria reitoria das universidades.


A assessora ainda fala sobre as instituições que a Fapesq apoia. “Temos convênios assinados com algumas instituições de ensino, pesquisa e inovação, a exemplo de universidades, Faps - Fundações e Amparo à Pesquisa, Sebrae, ministérios, entre outros”. Para Helda, a Fapesq se torna um órgão fundamental na execução de programas e projetos pensados nas reais necessidades da região. “É um órgão de fomento de projetos que vão beneficiar a população paraibana direta ou indiretamente, através do financiamento de pesquisa”.
Já para Railson Oliveira, pesquisador da Fapesq, a fundação se torna em suas palavras “indispensável na Paraíba”. Ele ainda afirma que o fato da instituição oferecer não somente a concessão de cotas de bolsas para pesquisadores, mas recursos para estruturação e manutenção de ambientes de pesquisas, faz com que o estado possua uma lugar de destaque à nível nacional. A Fundação, possui pesquisas relevantes na área de agricultura e produção industrial. Recentemente, financiou um Centro Multiusuário que busca melhorar o processamento de produção da cachaça no estado.
Além das instituições de incentivo à pesquisa, em Campina Grande, os pólos universitários voltados ao desenvolvimento de pesquisas científicas e tecnológicas, fortalecem ainda mais o título de cidade tecnopólo. No ano de 2020, a Universidade Federal da Paraíba, atingiu a viceliderança no Ranking Nacional de Depositantes Residentes de Patentes de Inovação, ficando atrás apenas da Petrobrás. Em conversa, o professor Marcelo Barros explica como são mantidas as pesquisas desenvolvidas pela universidade. “As pesquisas são essencialmente financiadas por agências de apoio estatal como o CNPQ, CAPES, FNDE, MS, marcos legais de incentivo tais como a Lei do Bem, Lei de Inovação, Lei de Informática, e é claro, as empresas que fazem parceria de P&D&I”.


Para Marcelo, o título adquirido por Campina Grande como cidade inovadora, é mérito dos programas de capacitação e incentivo à pesquisa aplicada, os quais cita como exemplo, a própria UFCG com o NITT (Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia), a FIEP/ PB e a UEPB e com os programas de excelência em pesquisa aplicada e extensão, como o Nutes (Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde). O professor cita a importância do
título conquistado pela UFCG como motivo de “orgulho” e “inspiração” e denomina Campina Grande, como “cidade inovadora”.
Ainda nos pólos universitários, O NUTES (Núcleo de Tecnologias Estratégicas em Saúde), localizado no Campus I da Universidade Estadual da Paraíba, surgiu de um convênio firmado entre a própria UEPB e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Ministério da Saúde (MS) e a Fundação Parque Tecnológico da Paraíba (PaqTcPB), tem como finalidade atender a demanda de mercado e atuar como facilitador de inovação para o governo, empresas e centros de desenvolvimento.
Leonardo Alves, o assessor da instituição descreve o NUTES como “[...] um centro de referência para a pesquisa, desenvolvimento, produção, inovação, voltados à prestação de serviços tecnológicos aplicada ao setor de saúde humana”. O núcleo, que possui seis laboratórios para desenvolvimento de pesquisas especializadas na área saúde, domina o campo de engenharia biológica, clínica e no desenvolvimento de software de equipamentos médicos.
Campina Grande, Cidade criativa!


Com uma rica história cultural, o município de Campina Grande se destaca por suas diversas manifestações artísticas e projetos inovadores. A cidade é reconhecida nacionalmente pelo seu São João, uma das festas juninas mais tradicionais do país, que atrai milhares de turistas todos os anos. Além disso, a cidade é considerada um importante polo tecnológico, abrigando universidades, centros de pesquisa e empresas de tecnologia. Essa combinação de tradição cultural e inovação faz de Campina Grande um lugar único, no qual o passado e o futuro se encontram, impulsionando o desenvolvimento da criatividade.
Com o título de cidade criativa, obtido pela Unesco em 2021, Campina Grande tem se destacado pela sua capacidade de promover e valorizar as expressões culturais locais. Diversas iniciativas têm sido implementadas para incentivar a participação da população e o fomento da criatividade. A cidade conta com espaços culturais como teatros e museus, que oferecem oportunidades para artistas e grupos locais apresentarem seu trabalho.
Além disso, o ambiente propício à inovação tecnológica tem impulsionado o surgimento de startups e empreendimentos criativos na área da tecnologia.
As Universidades de Campina Grande desenvolvem papel fundamental quando o assunto é produção cultural. Para além do selo de cidade criativa, as Instituições levam a sério o incentivo à produção artística, que vai da música ao audiovisual, celebrados em eventos culturais, exposições, projetos e festivais por toda a cidade e região. Além disso, a Rainha da Borborema possui um acervo histórico e cultural distribuído em museus e centros históricos, que contam com o apoio direto das Universidades para constante fomento e manutenção.
Essa combinação de expressões culturais e inovação tecnológica tem fortalecido a identidade criativa de Campina Grande, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social da cidade e consolidando seu reconhecimento como um cenário de inovação e criatividade. Conheça algumas dessas iniciativas:
O Festival Internacional de Música da Universidade Federal de Campina Grande - FIMUS - (UFCG) é um evento anual que reúne artistas e estudantes de música de diversas partes do mundo. Durante o festival, os participantes têm a oportunidade de assistir a workshops, masterclasses e concertos, ministrados por renomados professores e músicos internacionais. As atividades abrangem diferentes áreas da música, incluindo instrumentos de cordas, sopro, percussão e canto. Além disso, o festival também realiza competições e premiações, reconhecendo o talento e a dedicação dos estudantes de música.
O FIMUS é uma iniciativa para a prom O Festival contribui para fortalecer a formação musical, expandir horizontes artísticos e consolidar Campina Grande como um polo cultural e artístico.

O MAAC (Museu de Arte Assis Chateaubriand) é uma instituição cultural de grande importância em Campina Grande. Localizado em um belo prédio histórico no centro da cidade, o espaço abriga um acervo diversificado que contempla obras de artistas nacionais e internacionais. O Museu tem como objetivo promover a apreciação da arte e proporcionar um espaço para a expressão criativa e cultural da comunidade.
O acervo do MAAC é composto por pinturas, esculturas, fotografias e instalações contemporâneas, representando diferentes estilos e períodos artísticos. Além das exposições permanentes, o museu também organiza mostras temporárias, trazendo trabalhos de artistas consagrados e emergentes. O espaço é utilizado não apenas para exibição das obras, mas também para a realização de atividades educativas, buscando democratizar o acesso à cultura e estimular o interesse pela arte. O MAAC é um verdadeiro tesouro cultural em Campina Grande, que preserva, promove e celebra a diversidade artística em suas mais diversas formas.

O Festival Audiovisual de Campina Grande, o Comunicurtas, é um evento promovido pela Universidade Estadual da Paraíba em parceria com Coordenadoria de Comunicação Institucional – CODECOM, Departamento de Comunicação – DECOM, Pró-reitora de Cultura – PROCULT, Ypuarana Cultural e outros, com o objetivo de fomentar a cultura através do cinema, jornalismo e publicidade, por meio de produções artísticas e audiovisuais que rompem as fronteiras da Rainha da Borborema e abrem espaço para a criatividade regional, nacional e internacional.

O evento promove mostras, palestras, oficinas e debates que reforçam e discutem as produções e questões sociais no que tange o cinema e o audiovisual enquanto meio democratizador da arte e cultura. Para além da exibição dos filmes e curtas no evento, o Festival permanece em atividade durante todo o ano levando informação e entretenimento através dos filmes para cidades circunvizinhas, numa ação do Comunicurtas Itinerante.
Em 2022, o Comunicurtas realizou sua 17º edição, intitulada “Cinema da Paraíba”, que trouxe para exibição e debate não somente a história cinematográfica do Estado, mas também novos formatos, linguagens e conceitos que continuam a construir o enredo das novas gerações do audiovisual paraibano. Nesta
edição, mais de 130 produções participaram das mostras competitivas: Tropeiros da Borborema, Brasil, Longas-metragens, Tropiqueers, Som da Serra e Território e Liberdade, Filmes do Mundo, Estalo, A Ideia é…, Tropeiros de Telejornalismo e Curtas e Longas internacionais. A premiação concede aos vencedores o troféu Machado Bittencourt, nomeado em homenagem ao cineasta, jornalista, fotógrafo, professor e escritor radicado em Campina Grande, Jureni Machado Bittencourt.
De projeção internacional, o Comunicurtas une a arte do cinema e da comunicação numa celebração que nasceu no seio do curso de Jornalismo da UEPB.
Unindo a comunicação e a cultura tradicional popular, Campina Grande recebe todos os anos o Seminário Os Festejos Juninos no contexto da Folkcomunicação e da Cultura Popular. O evento acadêmico promovido pelo Departamento de Comunicação da Universidade Estadual da Paraíba, em parceria com a Rede de Estudos e Pesquisa em Folkcomunicação, tem como Diretor Regional do Nordeste e idealizador do Folkcom na UEPB, o professor Dr. Luiz Custódio da Silva. O Seminário tem o compromisso de preservar e enaltecer a cultura popular, através de iniciativas que vão desde apresentações culturais a estudos no campo da comunicação.

Este ano, celebrando a 18º edição, o evento teve como tema principal a Folkcomunicação, Cultura e Religiosidade Popular, com uma programação imersiva voltada para a valorização da fé e manifestações religiosas das culturas tradicionais. Durante a realização do evento, a comunidade acadêmica e o público em geral podem não somente prestigiar shows artístico-culturais e mostras audiovisuais, como também participar de palestras, mesas-redondas, debates e oficinas, que contemplam a religiosidade, regionalidade, literatura e a comunicação dentro do folclore. Este ano, foram oferecidas
oficinas de marketing e produção de pauta, crônica, cordel e videoclipe em Folkcom. Ao discutir o papel dos festejos juninos e manifestações religiosas na construção identitária da sociedade, o Folkcom celebra a importância desse contexto na esfera da comunicação popular, num diálogo que envolve os estudantes, pesquisadores e agentes culturais, para fomento e manutenção do tema. Ainda nesta edição, o curso de Jornalismo, da UEPB, também foi homenageado pelos cinquenta anos de história, com um resgate da memória e transformações, socioculturais e do corpo docente do curso, que marcam a trajetória da comunicação paraibana para além do território regional.
Localizado às margens do Açude Velho, em Campina Grande, o Museu de Arte Popular Paraibana (MAPP) abriga música, arte e literatura. A fim de preservar e valorizar a cultura popular paraibana, o Museu realiza exposições cíclicas.
A arquitetura exuberante, ancorada nas águas do açude, com estruturas arredondadas, cobertas em vidro, são características do renomado arquiteto Oscar Niemeyer, responsável pelo projeto arquitetônico, e trazem um ar contemporâneo e moderno ao MAPP.

Os três círculos lembram pandeiros, e por isso foi carinhosamente, pela população, chamado de “Museu dos Três Pandeiros”.
O Museu foi inaugurado em dezembro de 2012. São 11 anos de história, preservação e valorização da cultura paraibana e de artistas locais. O espaço dispõe de três áreas distintas destinadas às exposições: uma dedicada à música, outra ao artesanato e outra à literatura de cordel.
Além de rico historicamente, o museu ainda é uma porta para estudantes de Jornalismo da UEPB, na qual eles têm a possibilidade de atuarem como extensionistas ajudando a guiar os visitantes dentro dos espaços. Além da atividade desenvolvida diretamente com a cultura popular local, os alunos têm a oportunidade de trabalhar com assessoria e outras áreas da comunicação.
Campina Grande no centro do mundo
criativo: o hibridismo arte midiático da UFCG

Em sua 21º edição, a Semana de Arte e Mídia da UFCG buscou cruzar formatos, linguagens e sentidos num diálogo sobre arte e tecnologia.

O curso de Arte e Mídia, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), tem tudo a ver com o selo de cidade criativa concedido pela Unesco à Rainha da Borborema em 2021, na categoria Artes Midiáticas. Há mais de duas décadas de existência, o curso busca trazer cada vez mais inovação e tecnologia em seu processo de ensino-aprendizagem, envolvendo as vertentes da arte digital, sonora, realidade virtual e aumentada, fotografia digital, cinema, artes plásticas e teatro. E é através do constante fomento à criatividade e produções culturais, que o primeiro curso de Arte e Mídia do país coloca Campina Grande no centro de um verdadeiro “muído” artístico e tecnológico.
Conhecido não apenas pelo seu pioneirismo, mas principalmente pela notoriedade das obras e projetos desenvolvidos pelos estudantes, o curso de Arte e Mídia projeta um potencial que dialoga com a arte e inovação, dentro de um polo tecnológico na Paraíba que só tende a crescer. Para Nathan Cirino, atual coordenador do curso, que participou do processo de submissão de Campina Grande à referida categoria na Unesco, esse potencial merece ser fomentado, contribuindo para a preservação do título de criatividade: “Precisamos nos dedicar mais a esse selo no sentido de transformar a cidade cada vez mais numa cidade realmente arte midiática, trazendo várias linguagens com a tecnologia, com a quebra de fronteiras,
misturando cores, provocando o novo e experimentando. Isso é o sentido da arte midiática”.
Esses esforços são traduzidos, ano após ano, na Semana de Arte e Mídia (SAM), um dos eventos mais aguardados pelos ferinhas e veteranos do curso. Em sua vigésima primeira edição, este ano, o evento celebrou o tema “Hibridismos”, com uma proposta diferente, que culminou numa programação plural e diversa, trazendo professores, veteranos e egressos do curso para discutir sobre o cenário de Arte e Mídia em mesas redondas, oficinas práticas sobre som, luz, maquiagem, cenário e efeitos especiais para o audiovisual, e ainda apresentando as mostras e exibições Cine SAM e I Mostra INPUT de Artes Midiáticas, com produtos produzidos pelos próprios estudantes.
Diferentemente das edições anteriores, a XXI SAM dialogou com uma convergência de assuntos e protagonistas, permitindo o hibridismo de linguagens que fez brilhar as mentes criativas dos alunos. Antes, a semana era dividida para contemplar as diferentes áreas separadamente: um dia para o teatro, outro para o cinema e por fim as artes plásticas,
e isso dificultava a interação entre elas. Este ano, a organização resolveu fazer diferente, como explica Nathan: “Somos um curso que trata de tecnologia, de mistura de linguagens, a gente mexe um pouco com tudo e o filtro disso para nós é a tecnologia. Nessa edição, todos os dias falamos sobre tudo, chamando alguém de teatro para falar com alguém do cinema, alguém dos quadrinhos para falar com alguém de música, por exemplo. A proposta foi bem essa. É o que o curso de Arte e Mídia se propõe a ser”.
Essa mudança na dinâmica do evento procurou instigar mais os alunos, mediante demandas abordadas por eles próprios, que contam ainda com participação ativa tanto na organização geral quanto no planejamento da SAM. Para a estudante Letícia Oliveira, que está no 3º período do curso e foi uma das coordenadoras do evento, a Semana de Arte e Mídia proporciona um olhar diferente não apenas para os alunos, mas também para quem é de fora: “Traz mais experiência para a gente, e acho que chama mais a atenção das pessoas para o curso. Eu acredito que dá uma movimentação, então a gente consegue mais visibilidade”.
“Acreditamos muito que a SAM fomenta, instiga, provoca, e que é importante a gente manter isso para o desenvolvimento do curso”, explica Nathan Cirino.
Tal experiência é o que permite os estudantes vivenciarem a SAM em toda a sua essência. Com uma semana inteira voltada somente à programação do evento, todos os participantes podem trocar conhecimento e verdadeiramente respirar arte: “Temos uma semana de folga, mas é uma folga que enriquece, que faz a gente respirar e se renovar enquanto grupo, porque a gente se integra e aprende coisas que não vemos nas disciplinas naturalmente. É uma semana essencial para nós que lidamos com criatividade, com arte, pois precisamos estar com a cabeça boa pra trabalhar e fazer arte dessa forma”, aponta Nathan Cirino.
Um dos maiores destaques dessa edição foram as mesas redondas. Algumas das temáticas chave envolviam a relação entre o ser humano e a tecnologia, nas perspectivas da Inteligência Artificial, como explica o coordenador do curso: “Tivemos uma mesa sobre corpo e tecnologia, onde a gente discutiu como o corpo se apropria dessas tecnologias para produzir arte, outra sobre inteligência artificial, o chat GPT, e como isso influencia na produção da arte, através de imagens geradas por computador. Tivemos todo esse pensamento de aproximar a tecnologia dessa produção artística e plástica, a partir de dispositivos como o computador”.
Outro momento marcante do evento
foi a mesa redonda sobre políticas públicas para a cultura, na qual foram discutidas as perspectivas municipais, estaduais e federais para o financiamento público-governamental da produção de arte. A temática é parte fundamental do fomento à essa arte midiática, uma vez que regulamenta as verbas e a geração de produtos para a área, promovendo ainda a criação de ações e eventos que traduzam o incentivo à arte e resgatem a visibilidade que o selo criativo representa para a cidade.
“O curso de Arte e Mídia está disposto a contribuir e fazer esse selo ficar por aqui por muitos e muitos anos”, destaca Nathan Cirino, coordenador do curso de Arte e Mídia da UFCG.

Falar sobre arte implica imergir numa pluralidade de sentidos, e é através de discussões como as que a SAM trouxe em sua 21º edição, que o curso de Arte e Mídia da UFCG procura provocar, com impacto e também sensibilidade, a velha e nova geração que move a economia de uma cidade que tem como característica a grandeza cultural, além de ser, em sua essência, puramente criativa.

Cultura e tradição popular: os encantos do Grupo Acauã da Serra
Por Angélica Araújo e Eva Leite

Há mais de três décadas fomentando a arte e cultura tradicional popular em seus espetáculos, o Grupo vinculado à UEPB reúne um acervo rico em premiações e artefatos que marcam a sua trajetória nos palcos do Brasil e fora do país.
Xaxado, xote, baião, maracatu, frevo e os mais diversos tipos de danças populares iluminam os palcos e espaços de dança pelo Brasil afora, através das cores, cantos e encantos do Grupo Acauã da Serra, fundado há 37 anos. A viagem pela história do Grupo começa em 1986, com os esforços do professor de geografia, Agnaldo Barbosa. Ele que é pesquisador, fundador e atual diretor geral do Acauã da Serra, buscava, naquele ano, transmitir as raízes das tradições populares e folclóricas. Barbosa começou reunindo alguns alunos e dançarinos no pátio de uma escola pública em Campina Grande. Com a difusão de suas atividades pela cidade, foi ganhando notoriedade, e pouco tempo depois, veio o convite para vincular-se à Universidade Estadual da Paraíba (UEPB).

Agnaldo conta que, durante uma viagem ao sertão paraibano, ouviu o cantar do pássaro Acauã, nas serras. Daí, surgiu o nome do Grupo, que carrega impresso hoje, orgulhosamente, em medalhas e troféus.
O Grupo é referência nacional quando se fala em cultura popular, e carrega a responsabilidade e honra de levar o nome de Campina Grande e da Paraíba para o Brasil e o mundo através de parcerias estabelecidas com a UEPB, que promove o suporte, desde a confecção dos figurinos até as viagens interestaduais e internacionais, e com o Conselho Internacional de Festivais Folclóricos e Artes Tradicionais (CIOFF). Junto a essa rede de apoio, o Grupo já passou por países como Portugal, Itália, Espanha, França e Bélgica, espalhando o que temos de mais bonito: a arte. E em reconhecimento à essa missão, o grupo recebeu o prêmio I Troféu Imprensa da Paraíba, em 2000, e a medalha Augusto dos Anjos, pela Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba em 2003, tornando-se assim o primeiro Grupo de Tradições Populares a conquistar esse marco.
Dessa maneira, o Acauã da Serra desenvolve o árduo e doce trabalho de manter a cultura local viva e pulsante no coração e nas vivências da nova geração, através de performances em festivais culturais, e marcando presença nos festejos do Maior São João do Mundo, no Parque do Povo. Para fazer isso acontecer, é com muito esforço, trabalho e dedicação que jovens e adultos investem o pouco tempo que sobra da correria do dia a dia para manter frequência nos ensaios e trabalhos relacionados ao Grupo. Agnaldo ressalta que o processo de elaboração das coreografias, figurinos, montagem dos espetáculos e apresentações acontece mediante estudo e verdadeira imersão no tipo de dança popular. Uma vez definidos os principais elementos, é hora do show, que conta ainda com um detalhe marcante em todas as apresentações do Grupo: as músicas são ao vivo. Assim, a voz e instrumentos dos integrantes se unem à dança e ao sentimento que embala as performances.
O acervo numeroso de premiações, documentos, honrarias, quadros, fotos e figurinos traduz a vasta trajetória do Grupo, que completou 37 anos no último dia 01 de maio. Ao longo desses anos, parte do acervo foi
exibido em exposições fotográficas, festivais e memoriais, enquanto alguns outros itens ficaram perdidos no tempo em decorrência de furtos. Agnaldo destaca a importância da segurança na preservação do acervo do Acauã da Serra, como forma de preservar o legado do Grupo, para assim seguir fomentando a cultura nordestina e os estímulos às manifestações tradicionais populares. A sede oficial fica na Central Acadêmica da UEPB, campus Campina Grande. No entanto, todo o seu acervo encontra-se no prédio do Centro Artístico-Cultural da UEPB, localizado na Avenida Getúlio Vargas, no centro da cidade, onde o Grupo também se reúne para ensaios e apresentações. Mais do que apresentar um conjunto de danças e costumes populares, o Acauã da Serra promove arte e conhecimento, e torna-se, portanto, patrimônio da Universidade Estadual da Paraíba.
Todos os anos, o aniversário do Grupo conta com espetáculos para homenagear e comemorar sua trajetória. 2023 marca a volta do Acauã da Serra após algum tempo sem promover suas atividades durante a pandemia de Covid-19, e embora ainda não haja muitos detalhes dos preparativos para este ano, o Grupo certamente promete um grande reencontro da cultura nordestina com o povo.

