Jornal Z Norte - 422ª Edição (19/01/2018)

Contas de água em nome do consumidor já estão sendo entregues

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9 de Janeiro de 2018

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SAMU

Sorocaba | 19 de Janeiro de 2018 | Nº - Ano 12 www.jornalznorte.com.br - Distribuição GRATUITA

resgatando vidas através da compaixão

Prefeitura adia data de entrega de escola no Carandá Pág. 08

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Prefeito assina autorização para instalar o BRT Pág. 04

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Sorocaba, 19 de Janeiro de 2018

Editorial

Amar faz bem...

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esta edição do Jornal Z Norte destacamos uma reportagem especial sobre o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU. É verdade que já publicamos diversas reportagens relatando atrasos no atendimento, mas desta vez, é diferente: queremos convidar você a se colocar do outro lado da história.

Dever do (bom) jornalismo, pôr-se no lugar do outro é um ato, infelizmente, cada vez mais raro em nossa sociedade. O motorista Reginaldo e a enfermeira Marli, porém, no último dia 6, fizeram diferente ao, além de transportar uma paciente acamada de 88 anos, deram-lhe banho e comida. Dona Maria estava há dias com fome e sede, deitada sob o próprio xixi e, abandonada pela filha adotiva, literalmente gritou por socorro. A dupla, diante da situação, não pôde fechar os olhos. Marli e Reginaldo são exemplos de como podemos, todos os dias, praticar um exercício que faz bem para corpo e a mente: a solidariedade.

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Contas de água em nome do consumidor já estão sendo entregues O s clientes do Saae-Sorocaba estão recebendo desde a segunda-feira (15) os novos modelos da conta de água. A principal mudança é a emissão no nome do responsável por cada imóvel, atendendo a antigo pedido da população e a legislação vigente. Pode ser aceita como comprovante de endereço e ainda tem layout moderno e mais informações.

O diretor geral interino do Saae-Sorocaba, Luís Fernando Zaccariotto, ressalta que a mudança garante mais justiça, já que eventuais atrasos no pagamento e dívidas serão de responsabilidade de quem efetivamente usou a água.

Confira o seu nome na conta Como as contas são emitidas com os nomes dos responsáveis pelos imóveis cadastrados no Saae-Sorocaba, a orientação é que todo o consumidor confira se o nome na conta é o do responsável pelo consumo.

Nos eventuais casos de nome incorreto, deve ser observado qual é o cronograma de atendimento para a atualização e no mês correspondente ao cronograma ir até a uma das sete unidades da Casa do Cidadão ou na sede do Saae-Sorocaba, na avenida Pereira da Silva, 1.285, em Santa Rosália.

Toda a conta está sendo entregue com um panfleto explicativo sobre o cronograma e como identificar o seu período no cronograma, de acordo com o grupo que consta na conta. (Leia abaixo).

Documentos necessários O consumidor que for o proprietário ou titular do imóvel deve levar o RG ou documento correspondente, CPF/CNPJ, IPTU, matrícula do imóvel/contrato de compra e venda ou documento similar.

Já o consumidor que for locatário/in-

quilino deve apresentar o RG ou documento correspondente, CPF/CNPJ, IPTU e contrato de localização.

Quem tiver dúvidas pode entrar em contato com o Saae-Sorocaba pelos telefones 3224-5800 ou 0800-770-1195 (ligação gratuita), pela internet no site www. saaesorocaba.com.br ou pessoalmente na Casa do Cidadão mais próxima, ou na sede do Saae-Sorocaba.

RÁPIDAS

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Prefeitura pede patrocínio para realização de Carnaval em Sorocaba Guilherme Maganhato guilherme@grupozcomunica.com.br

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Secretaria de Cultura e Turismo (Secultur) publicou edital de chamamento para patrocínio da realização do Carnaval em Sorocaba. O chamamento pede oferecimento de uma atração artística de renome nacional, no estilo samba, para se apresentar em 11 de fevereiro, num evento aberto ao público, na praça Ayrton Senna – a praça do Paço – a partir das 21h. No ato da inscrição, o proponente deverá, ainda, apresentar, em um envelope, documentos que comprovem o nome da pessoa jurídica, o CNPJ, o endereço completo e (esta parte, ainda, destacada no texto) o portfolio ou material de atração que comprove sua relevância nacional no meio musical voltado ao público do samba, além de “proposta documentada do proponente com o contato e a disponibilidade do artista, de sua resposta havendo seu interesse ou de seu representante legal, na eventual confirmação de participação do evento em questão”.

A contrapartida para o patrocínio é a possibilidade de promoção visual durante todo o evento, no entanto, conforme o texto, “é de responsabilidade da Secultur a elaboração de um projeto de progra-

mação visual e divulgação de todas as ações referentes ao Carnaval de 2018, inclusive com a inserção de logomarcas de seus apoiadores e patrocinadores”.

foi visto no sexto andar do Paço, durante anúncio de assinatura do contrato entre o município e a ConSor, que vai operar o BRT na cidade.

Ele também Quem também voltou, mas desta vez para a Câmara de Sorocaba, foi Daniel Police, ex-secretário de Abastecimento e Nutrição. Police foi exonerado após denúncias de duplicidade em pagamentos a fornecedores da merenda escolar, que começaram enquanto Alexandre Hugo – também exonerado – ainda chefiava a pasta. Police é funcionário concursado do Saae, mas foi cedido – mediante portaria publicada no Jornal do Município – à Câmara, para atuar no gabinete do presidente da Casa, Rodrigo Manga (DEM).

Ele voltou O ex-secretário de Licitações e Contratos, Hudson Zuliani, teve sua admissão publicada no átrio da Prefeitura nesta segunda-feira (15). Exonerado no último dia 5 (sexta-feira), alegando uma viagem, Zuliani fora substituído por João Batista Sigillo Pellegrini. Presidente do diretório municipal do Democratas (DEM), Zuliani ocupou, na primeira fase do governo Crespo, a chefia de Gabinete Central e

Gastos A Câmara publicou no Jornal do Município da última quarta-feira (17) os gastos de cada gabinete durante o mês de dezembro. O parlamentar com menos gastos neste mês foi Hélio Brasileiro (MDB): zero. Quem também teve gasto zero foi o colega emedebista Hudson Pessini. Este, no entanto, teve gastos com aluguel de máquina reprográfica (R$ 91,18), mas reembolsou a Casa. Já o vereador com mais gastos no mês de dezembro foi Fausto Peres (Podemos), com R$ 2.729,36, sendo R$ 91,18 com aluguel de máquina reprográfica, R$ 125,53 de combustível, R$ 1.163 com material de escritório e R$ 1.349,65 com postagens.

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Prefeito assina autorização para instalar o BRT

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prefeito José Crespo (DEM) assinou a autorização para implantar o BRT (Bus Rapid Transit), durante entrevista coletiva à imprensa, na manhã desta segunda-feira (15), no Paço Municipal. O vencedor da concorrência internacional que assume o contrato é a Consórcio BRT Sorocaba, que vai implantar e operar o sistema BRT no município.

O Consórcio BRT Sorocaba agora vai preparar os projetos e, na sequência, iniciar as obras, com a previsão da conclusão em 18 meses. “Sorocaba ganha muito com isso, é um novo sistema de transporte”, declarou o prefeito durante o anúncio.

Com corredores e faixas exclusivas, as linhas terão maior velocidade comercial, garantindo pontualidade e regularidade entre as partidas. A frota será totalmente substituída por veículos novos e mais confortáveis, com ar condicionado e WiFi. Serão 125 ônibus novos: 41 articulados com capacidade para 141 passageiros; 11 padrons especiais, com capacidade para 96 passageiros e 73 padrons, com capacidade para 82 passageiros. Os ônibus terão portas em ambos os lados, as da esquerda do veículo terão a mesma altura das plataformas, sem a necessidade dos passageiros descerem ou subirem escadas. As estações para a espera serão tubulares, com ar condicionado e Wi-Fi e o pagamento da tarifa será pago pelo passageiro no ato de entrar na estação, dando mais agilidade para o embarque nos ônibus. O valor da tarifa, no entanto, ainda não foi definido.

Ao longo do corredor BRT os pontos de ônibus serão substituídos por estações no canteiro central, garantindo a acessibilidade e segurança. O pavimento, a sinalização e os semáforos serão substituídos e adequados ao sistema. Serão construídos três terminais de bairros para a integração entre as linhas e maior conforto na espera do ônibus.

As obras iniciarão pelo Corredor BRT Itavuvu, que vai sair do bairro Vitória Régia até o Terminal Santo Antonio. Serão 5,5 quilômetros de corredor, um terminal no bairro Vitória Régia, dez estações BRT e duas estações de integração. O corredor estrutural H. Matarazzo terá 1,9 km e cinco abrigos. O corredor estrutural Comendador Oeterer terá 1,7km e seis abrigos.

O corredor estrutural Centro vai ligar o Terminal São Paulo ao Terminal Santo Antonio, com 17 abrigos. O corredor estrutural sul terá 4 km e 28 abrigos. No corredor estrutural leste serão 5,9 km e 28 abrigos. O corredor BRT Ipanema terá 6,2 km, um terminal BRT, nove estações BRT e uma estação de integração. O corredor estrutural General Osório terá 2,2 km e 13 abrigos e o corredor BRT Oeste terá cinco quilômetros de extensão, um terminal BRT, nove estações BRT e uma estação de integração.

O prazo de concessão é de 20 anos e o valor do contrato de R$ 2,4 bilhões.

Haverá subvenções, inclusive com investimentos do Governo Federal. Serão R$ 127,2 milhões em recursos do Ministério das Cidades, R$ 6,7 milhões em contrapartida da Prefeitura e R$ 65 milhões em recursos da concessionária que assumiu o contrato.

A presidente do Consórcio BRT Sorocaba, Niege Chaves, declarou que nos próximos dias fará a divulgação do cronograma mais detalhado da implantação do BRT. Citou que serão feitas pesquisas com os cidadãos para que o BRT os atendam da forma mais eficaz. Durante a entrevista coletiva, o secretário da Mobilidade e Acessibilidade e presidente da Urbes – Trânsito e Transportes, Luiz Carlos Siqueir Franchim, declarou que o BRT faz os itinerários muito mais rapidamente e que a qualidade do transporte vai ficar muito melhor.

O secretário de Planejamento e Pro-

jetos, Luiz Alberto Fioravante, enfatizou que a autorização para a implantação do BRT é um marco histórico, vai garantir qualidade e aumentar o número de passageiros, reduzindo o déficit no caixa único. O chefe da Promotoria Econômica, Alceu Segamarchi disse que o início da implantação do BRT é uma vitória, um salto de qualidade e com R$ 127,2 milhões em subsídios do Governo Federal.

Além dos nomes já citados, participaram do ato da assinatura para a autorização do início da implantação do BRT, a primeira dama e presidente do Fundo Social de Solidariedade, Lilian Crespo, os secretários municipais Jeferson Calixto (Igualdade e Assistência Social), Alexandre Robin (Gabinete do Poder Executivo), José Olímpio Júnior (Abastecimento e Nutrição), Eloy Oliveira (Comunicação e Eventos); Eric Vieira (Gabinete Central), Fábio Pilão (Conservação, Serviços Públicos e Obras), Gustavo Barata (Assuntos Jurídicos e Patrimoniais), Hudson Zuliani (Licitações e Contratos), Jessé Loures (Meio Ambiente, Parques e Jardins), Marcelo Regalado (Fazenda), Marinho Marte (Relações Institucionais e Metropolitanas) o secretário interino de Recursos Hídricos

e diretor geral interino do Saae Sorocaba, Luís Fernando Zacariotto, Marina Elaine Pereira (Ouvidora do Município), Carlos Rocco Júnior (Corregedor do Município), o diretor do Procon, Laerte Moleta e os vereadores Rafael Militão, Fausto Peres, Pastor Luis Santos e a vereadora Cíntia de Almeida foi representada pela assessora Cláudia Previtalli.

Dados do BRT Sorocaba 40 km de corredores e faixas exclusivas; 28 Estações de embarque; 4 Estações de Integração; 3 Terminais de bairro 96 Abrigos novos; Wi-Fi 6 Novas Linhas Exclusivas do BRT 125 Ônibus Novos Renovação Urbana: adequação de calçadas, ciclovias, mobiliário urbano, paisagismo nas áreas de influência das estações e abrigos.

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ESPECIAL

SAMU: resgatando vidas através da compaixão Guilherme Maganhato guilherme@grupozcomunica.com.br

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vida é uma escola. Cada dia eu aprendo mais. E eu vejo a cada dia que o ser humano está difícil.

Não se tem mais aquele amor, da mãe cuidar do filho, do filho cuidar da mãe”. Estas são as lições que Marli Frias, de 50 anos, enfermeira do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, o SAMU, tem aprendido. A sala de aula?

Uma ambulância, pilotada pelo companheiro de equipe, Reginaldo César de Oliveira, de 43 anos. Os dois iniciaram 2018 passando por uma prova difícil de esquecer: o resgate de uma senhora acamada, de 88 anos, identificada apenas como Dona Maria, no último dia 6. “A Polícia Militar foi chamada no local, porque os vizinhos ouviram os gritos dela.

Acho que eles arrombaram a porta, viram a situação e nos chamaram. Nós chegamos lá e nos deparamos com ela deitada na cama, em um colchão com um plástico, que era uma piscina de urina. Fazia dias que ela estava ali, com sede e fome”, lembra ele. Esta, inclusive, era a motivação dos gritos de Dona Maria.

Segundo informações, ela mora com a filha adotiva, de 22 anos – que seria usuária de drogas – em uma residência no Central Parque, na Zona Oeste. “Ela falava que estava sozinha, que tinha dor, que estava com sede. ‘Minha filha sai, não volta nunca. Eu comecei a gritar, alguém escutou e chamou a polícia’”, relata a enfermeira, que conversou com Dona Maria durante o atendimento. A situação chocou tanto os policiais quanto os profissionais da saúde. Eles, então, decidiram transportá-la até a Unidade Pré-Hospitalar (UPH) da Zona Norte, mas antes, sentiram que precisavam fazer algo além do resgate. “A Marli sugeriu que a gente desse um banho nela, e eu aceitei. Tentei ligar o chuveiro, mas estava queimado.

Enquanto a Marli tirava a roupa dela, eu lavei quatro panelas, coloquei água e esquentei no fogão”, conta o motorista. “Eu liguei para a Central, falei: doutor, pelo QTH [sigla utilizada em radiocomunicadores para tratar sobre o local da chamada], não tem condição. O médico me autorizou a fazer o que achasse melhor.

Avisamos os policiais, também, que eles precisariam esperar um pouco mais”, afirma Marli.

Ela, ainda, tirou algumas fotos do local, mas nos autorizou a publicar somente uma: a de Reginaldo, enquanto esquentava a água para o banho. Além das roupas espalhadas e muita bagunça, foi possível ver a geladeira suja, com comida aparentemente estragada, gatos em uma caixa de papelão, o banheiro sujo e portas corroídas. “Ela estava com um pãozinho, enrolado dentro de uma sacola, mas tinha

Marli Frias, de 50 anos, enfermeira e Reginaldo César de Oliveira, de 43 anos, motorista

mosquito verde dentro. A polícia também encontrou larvas em restos de comida. Ela estava há tanto tempo deitada em cima da urina, que a pele dela estava enrugada”, relata a dupla. Depois do banho improvisado, Reginaldo conta que encontrou, em meio as roupas no chão, um creme hidratante, que passou por todo o corpo de dona Maria. “Trouxemos ela aqui, ela estava com muita fome. Eu desci, ia dar meu lanche para ela, mas uma enfermeira viu e se prontificou a pagar um marmitex. Eu não vi, mas disseram que ela comeu muito rápido”, ressalta o motorista.

Dividir, multiplicar e compartilhar Segundo o dicionário Michaelis, uma das definições do substantivo feminino “compaixão” é: “participação da dor alheia com o intuito de dividi-la com o sofredor”. E esta foi a atitude de Marli e Reginaldo, que ficaram sensibilizados com a situação de Dona Maia. “É revoltante uma filha largar uma mãe, assim, ainda mais que ela pegou para criar. Ela quis a criança. Agora é a vez dela. Quantas fraldas ela não trocou da menina?”, questiona Marli, que tem duas filhas: uma de 24 anos, formada em Direito, e outra de 31 anos, formada em Administração. Reginaldo também tem duas filhas, uma de 20 anos, que trabalha com Turismo, e outra de dez. “Tudo que acontece aqui, eu relato em casa, principalmente para a minha mais nova, para que ela pense bem antes de reclamar de alguma coisa. Não está boa a comida? A roupa não está legal? Tem gente pior”, destaca ele. Já Marli orienta suas filhas a fazerem tudo com amor. “Eu trabalhei no Natal, trabalhei dia 31 [de dezembro], e em nenhum momento eu reclamei, porque eu que quis fazer isso. E eu falo pra elas que é mil vezes melhor estarem do lado de cá, do que do lado de lá. É muito melhor ver você cuidando, do que ser cuidada”.

Marli é enfermeira há 22 anos, e trabalha há cinco no SAMU. Reginaldo transporta os pacientes há sete anos. Para ambos, situações parecidas com a de Dona Maria acontecem com frequência. “Eu sempre quis isso. Fazer a diferença para aquela pessoa que está precisando, está acidentada. Mas essas questões sociais, eu não esperava”, afirma ele. “Eu estava no shopping, um moço veio de frente comigo, me cumprimentou e disse: ‘você não lembra de mim, mas eu nunca vou esquecer de você. Eu sou um que teve acidente de moto, no Campolim, você me atendeu no Santo An-

tonio [hospital público de Votorantim]. Marli, você foi tão importante na minha vida, eu nunca mais vou esquecer você’”. Reginaldo também já foi reconhecido. “Uma vez eu estava na Santa Casa, e uma morena ficou olhando para mim. Ela chegou perto, me pediu um abraço e me mostrou uma senhora, que era lá do Cajuru. ‘Ela quase morreu, e vocês atenderam ela tão bem. Ela agradece vocês’. E eu dei o abraço nela”. Como enfermeira, Marli também já trabalhou em hospitais, tratando de pessoas em coma.“Eu chegava e dava bom dia. O médico falava que estava em coma, e eu respondia ‘doutor, deixa eu falar com ele. Pode ser que esteja ouvindo’. Eu falava se estava sol, se estava chovendo, chamava para dar banho”.

Pressão, obstáculos e criatividade Quem trabalha no Serviço de Atendimento Móvel de Urgência precisa lidar com as dificuldades, sob pressão. Muitas vezes, a falta (ou a falha) de um equipamento e o nervosismo da família durante o resgate podem, inclusive, atrapalhar os profissionais na hora de salvar uma vida. “A gente joga muito com o psicológico na hora de atender uma ocorrência. Os pais, a família, pressionam você”, conta Reginaldo. Marli lembra que, no caso de uma ocorrência envolvendo uma criança, a tensão pode ser maior ainda. “Eles [os pais] entregam na sua mão o que eles têm de maior valor, que é o filho. Uma vez eu estava aqui [na UPH Zona Norte, onde as ambulâncias ficam estacionadas, aguardando uma chamada], a moça com a criança no colo, ela deu a criança para mim, disse que não tava respirando. Já não tinha o que fazer, mas ela estava esperançosa. Nessas horas a gente tem que manter a calma, não entrar em desespero”. Os companheiros de equipe, no entanto, dizem lidar bem com isso.

“Para quem está esperando, 20 minutos são duas horas. Só que pelo bom trabalho, eles acabam se acalmando. Se bater de frente, a gente não atende o paciente e não resolve com quem reclama”. Para evitar problemas técnicos durante os atendimentos, Marli faz revisões diárias nos equipamentos, e Reginaldo faz a vistoria mecânica do veículo. “Eu olho tudo e, se precisar arrumar alguma coisa, eu já aviso que o carro não sai enquanto não arrumar”, salienta. “O trânsito de Sorocaba é uma tristeza. Eles não deixam a gente passar. Aí tem uma chamada no Cajuru. Como você vai sair daqui e chegar lá rapidamente?”. Além disso, a central de chamadas também sofre com trotes. “Acontece de a pessoa cair da moto, li-

garem pra nós, aí a pessoa levanta e vai embora, e não avisa a Central. Você abre a sirene, sai daqui, você pode causar um acidente. E eles [solicitantes do atendimento] exageram, para que você possa ir mais rápido”, contam eles.“Já aconteceu de pegar acidente, e a pessoa precisar daquele Head Block, o colar cervical, para ficar imóvel. São dois jogos que tem no carro, e aí tem três vítimas, e o apoio vai demorar. Aí a gente usa dois frascos de soro, amarra com a faixa e dá um jeito. Nunca deixamos nada pra trás”. Reginaldo conta que, atualmente, o SAMU conta com cinco viaturas de Unidade de Suporte Básico (USB), como a dele, e uma UTI móvel. “Até ano passado tínhamos duas, mas acharam que não tinha necessidade de uma cidade com quase 700 mil habitantes terem duas UTI, o que é um erro. Se eu pegar uma [ocorrência de] parada cardiorrespiratória, o paciente vai precisar ser entubado. Nós não temos esse aparato, o médico tem. E cadê o médico? Está ocupado, fazendo outro trabalho”.

Para o médico Paulo Sampaio, coordenador municipal do Serviço, “o SAMU tem uma característica: ele atende ao miserável e ao mais rico. A urgência não tem hora nem local para acontecer”, salienta. “Eu tenho muito orgulho da equipe que trabalha comigo. Em dez anos, foram poucas mudanças. São funcionários que prezam e gostam daquilo que fazem”. Sobre o número de ambulâncias na cidade, Paulo explica que a diminuição da frota aconteceu em março de 2016, mas que já foi pedido o aumento. “A gestão já nos autorizou a montar a segunda unidade avançada.

Só estamos precisando de mais profissionais, para completar a escala. Também já passamos a rodar com seis Unidades de Suporte Básico, e estamos pedindo ao Ministério da Saúde o aporte para mais uma. Aumentando a frota, conseguimos aumentar o tempo de resposta a uma ocorrência”.

E a Dona Maria?

Atendida em 6 de janeiro, um sábado, Dona Maria ficou em observação na UPH durante todo aquele final de semana, e depois foi transferida para o hospital da Santa Casa de Misericórdia, onde foi diagnosticada com anemia e, através de uma biópsia, câncer de mama. Até o fechamento desta reportagem, ela ainda estava internada. Já Marli e Reginaldo seguem com os atendimentos do SAMU, resgatando muito mais do que vidas. “A Dona Maria pegou na minha mão. Ela não parava de beijar a minha mão, chorando. Disse para a Marli: graças a Deus existem anjos como vocês. Quem deveria ser carinhosa com ela, largou ela na mão”. Horas depois, via WhatsApp, Marli enviou para Reginaldo a foto que mostra ele esquentando a água, com a legenda: “companheiro é companheiro. Obrigado pelo empenho. Se todos fossem assim o mundo seria melhor. Deus abençoe, em nome da dona Maria”.

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Parte integrante da edição nº 422 do Jornal Z Norte

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Prefeitura adia data de entrega de escola no Carandá Guilherme Maganhato guilherme@grupozcomunica.com.br

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revista para ser inaugurada no mês que vem, a escola municipal que atenderá aos alunos dos residenciais Carandá e Altos do Ipanema, na Zona Norte de Sorocaba, teve seu prazo de inauguração adiado para março. A Prefeitura informou, por meio de nota, que o prazo legal para a entrega das obras é de 28 de fevereiro, no entanto, uma das placas da obra indicava que a escola deveria ser entregue em 21 de fevereiro. Ainda segundo a Prefeitura, as obras, que começaram em 24 de agosto, estão aceleradas.

O projeto prevê a construção de 25 salas de aula, quadra poliesportiva, banheiros, pátio coberto, cozinha, saguão de entrada e demais estruturas de serviços, totalizando 3.104 metros quadrados de área construída. Será a maior escola da cidade e absorverá 750 alunos da pré -escola até a nona série do ensino fundamental.

De acordo com os engenheiros da Secretaria de Conservação, Serviços e Obras (Serpo), responsáveis pela fiscalização das obras, atualmente os serviços se concentram na cobertura dos módulos das salas de aula. Também já estão sendo montados os módulos onde funcionará a administração da unidade escolar. A próxima etapa será o assentamento dos pisos e instalações elétricas. Até o início de fevereiro, ainda segundo os responsáveis pela obra, os trabalhos deverão se concentrar na fase de acabamento interno e no pátio.

O secretário de Conservação e Obras, Fábio Pilão, explica que para a obra está sendo usada uma nova tecnologia, a de PVC Concreto. “O uso dessa tecnologia permite uma maior agilidade em sua construção, muito mais do que se estivéssemos realizando nos modelos convencionais de alvenaria, já que o método de encaixe entre os módulos também não necessita de reboque, pintura ou outro material do gênero”, diz.

Moradores pedem investigação de obra da escola no Carandá

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arte dos moradores do Carandá devem pedir ao Ministério Público uma investigação nas obras da escola no Residencial Carandá.

A preocupação dos moradores é quanto aos materiais utilizados e segurança no projeto, já que um dos engenheiros responsáveis, Luiz Lopes Varella Neto, respondeu processo pela queda do telhado de uma escola pública em Natal, no Rio Grande do Norte. O acidente vitimou um aluno e deixou outras quatro pessoas em estado grave.

Segundo a Prefeitura de Sorocaba, engenheiros da Secretaria de Conservação, Serviços Públicos e Obras (SERPO) vistoriam as obras diariamente e nenhuma irregularidade foi encontrada até agora. Luiz Lopes Varella Neto

foi denunciado pelo Ministério Público do Rio Grande do Norte por homicídio qualificado e lesão corporal, pois era o responsável pela obra do telhado, além de outro engenheiro, responsável pelo projeto.

No documento, que já circula pelos dois residenciais para coleta de assinatura, os pais e responsáveis afirmam estarem “preocupados com a segurança da construção desta escola e a integridade física de nossos filhos e por esta razão, solicitamos a apuração dos fatos pelo Ilmo. Sr. Promotor de Justiça, para o fim de defender e garantir os interesses da população sorocabana”.

O documento deve ser protocolado no Ministério Público na próxima semana.

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