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"Proposta de Avaliação e Financiamento

Entrevista

Foto:POLARIS SPORTS PATRÍCIA MAMONA:

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“Se o corpo está a dar-me sinais de que preciso descansar, tenho de respeitar. ”

Texto: André Rubim Rangel

Sentiste-te alguma vez dividida entre o atletismo, que cedo já corria em ti, e outra área como a medicina, cuja bolsa te levou depois para uma universidade americana?

Sim, o facto de eu ter ido para os Estados Unidos foi mesmo a oportunidade que agarrei, porque na altura tinha que decidir entre uma e outra. Infelizmente, naquele tempo, era muito difícil conseguir conciliar as duas coisas. Tinha horários incompatíveis entre a parte académica e a parte de treino. Na altura, também era menor de idade e não tinha carta de condução: não conseguia chegar a tempo nem ao treino nem à Universidade. Então tive que escolher entre ambos. Como jovem que não sabe o que é que vai acontecer a nível de atletismo, escolhi a Universidade. Tive a sorte, nesse momento, de receber o convite para fazer parte da equipa universitária de atletismo dos EUA, no Estado da Carolina do Sul. Ali têm um programa próprio para estudantes atletas. Se não fosse isso, pensei que o meu sonho do atletismo ia acabar rapidamente. Não hesitei em ir para os EUA: caso corresse mal, tinha sempre aquela hipótese de voltar a Portugal.

Mas correu bem e nalgumas competições tiveste dois pódios. Isso deu-te alento e fez-te ver que a tua decisão estava correta?

Sim, foi lá que eu percebi que o atletismo era mais sério na minha vida do que eu pensava que seria. Eles têm uma cultura desportiva muito forte e o atletismo é uma das disciplinas-rainha, principalmente no sistema universitário, muito parecido com o profissional. Aliás, quase todos os atletas profissionais da América saem do desporto universitário. É outro mundo! Percebi que não era só naquele intuito de gostar, porque eu sempre gostei muito de desporto e – como se diz – “quem corre por gosto não se cansa”, mas comecei a vê-lo como uma profissão. Vi o meu talento. O facto de ter ganho lá dois campeonatos nacionais, sem nenhum treino técnico ou sem me aventurar em treinar especialmente para o triplo salto, fez-me perceber que eu tinha ainda muito para dar e que podia ser uma possibilidade. Consegui fazer lá o meu curso e regressei a Portugal por ter cá condições melhores para treinar só triplo salto. E com o apoio do Prof. José Uva, que sempre me treinou e acompanhou os meus saltos quando eu estava na América. Juntos fizemos, então, um pacto: tínhamos quatro anos para tornar a Patrícia Mamona numa atleta de elite. Acho que correu tudo muito bem. Atingi o objetivo em atingir uma final olímpica, no Rio de Janeiro 2016. E entretanto sempre a estudar, como plano B, pois o triplo salto é uma disciplina muito violenta. Há muitos atletas que têm muitas lesões. Leva depois tempo a recuperar. É uma disciplina muito ingrata nesse sentido. Com o meu curso de medicina terminado nos EUA, infelizmente não tive equivalência em Portugal. Optei cá por ingressar no curso de engenharia biomédica, que ainda frequento e espero poder acabar em um ou dois anos. Tive dois anos parada por causa dos Jogos Olímpicos de Tóquio.

O estares uns anos da adolescência/juventude sem a família por perto, antes já tinham emigrado, ajudou-te na tua forma de ser, ver a vida e resolvê-la?

Eu acho que sim. Estas experiências fazem também algo de nós. O que eu notei, quando não tive os meus pais presentes durante aquela fase, foi ter tido uma maturidade mais repentina em relação aos outros jovens da minha idade. Tive de aprender a resolver os problemas por mim mesma, embora sempre tivesse o apoio deles, mas através da comunicação digital, que era o modo como conseguíamos falar. Mas aquilo que eu sou, de ser lutadora e de trabalhar muito foi fruto daquilo que eu tinha aprendido antes. Os meus pais sempre quiseram que eu fosse a melhor aluna da turma, a melhor nos «Olímpicos Jovem», a melhor nas olimpíadas de matemática. Ou seja, em tudo aquilo que eu interessava. E ser melhor não depende só de mim, mas também dos outros. Para eu ser a melhor tenho de entregar tudo: isto é e foi a minha educação desde muito nova. Aprendi e consegui levar isso para o resto da minha vida. Às vezes, queremos ser os melhores o mais rápido possível, mas temos de ter a consciência que as coisas também durar um bocado a aparecer. Eu, só agora e depois de 20 anos, é que estou a conseguir medalhar-me a nível olímpico e passar a ser uma das melhores atletas do mundo. Tive muito trabalho e é fruto do que aprendi com os meus pais.

Até porque “filha de peixe sabe nadar” e o significado do teu apelido vindo do teu pai, angolano, é “visionário”. Sentes-te também uma visionária desta vida?

(risos) Sim, felizmente o meu nome não é tão mau quanto parece! (risos) Sinceramente sinto-me um pouco isso. Faz parte da minha personalidade ter bem definido aquilo que eu quero fazer, os meus objetivos, aquilo que quero ser e acreditar que vai dar frutos. Embora eu preferisse “Patrícia Visionária” no meu nome (risos).

Campeã da Europa este ano e vice-campeã olímpica há três semanas: ainda te sentes nas nuvens ou já completamente focada nos próximos desafios principais?

Pergunta difícil de responder, porque estou num misto. Acho que ainda não processei tudo. Já percebi bem o que aconteceu, já consegui ver a minha prova, pois durante dias não consegui ver e ter aquela sensação de ter feito muita coisa, mas nunca tinha visto de fora. Estava, de facto, numa forma espetacular (risos). Já comecei a treinar, porque ainda tinha objetivos depois dos Jogos Olímpicos, pelo menos até meio de setembro que quero continuar a competir. Tive que descer um bocadinho à terra e tentar focar nos próximos objetivos. Agora, está assim a meio. Antes, ia para o treino e treinava sossegada. Hoje, entre treinos, há pessoas a pedirem fotografias, pessoas que querem dar o seu carinho. Isso faz-me sentir muito nas nuvens, mas depois quando estou a treinar aterro e foco-me no que tenho de fazer.

Como constróis esse foco abstraindo-te de tudo o resto que distrai?

Acho que é um misto de experiência, porque já tinha ido a outros dois Jogos Olímpicos. Nesses, as minhas emoções não me deixaram mostrar o que realmente eu valia. Lembro-me, em Londres 2012, de entrar no estádio às nove da manhã, completamente cheio, com uma sensação de medo que não estava nada habituada, de não saber gerir o que estava a acontecer. Isso não jogou a meu favor e, infelizmente, não fui à final. Depois de várias experiências desse género, percebi que tinha de ter um treino mental e emocional que me permitisse conseguir estar psicologicamente no meu melhor, numa competição desse nível, porque o meu corpo também já estava no seu melhor. A partir daí decidi dar muito mais valor à minha parte mental e desde há quatro anos que trabalho com um psicólogo. Neste momento, trabalho com dois, para treinar não apenas a parte mental e emocional, mas também do comportamento. Depois de muitos treinos mentais, descobri que a minha zona de conforto é estar muito focada, equilibrando as emoções mais positivas e menos positivas. É muito difícil explicar, porque é algo muito sentido. Ainda agora em Tóquio, eu sabia que muitas colegas minhas podiam estar nas medalhas e não estiveram porque, emocionalmente, não estavam em alinhamento com o corpo.

Não sei se pensas nisso e/ou se te ajuda pensar: tens uma adversária de peso, a venezuelana Yulimar Rojas. Sente-la como uma ameaça ao ouro – ora no próximo Mundial ora em Paris 2024 –, e dado até o recorde mundial dela em mais 66 cm do que o teu?

Uma coisa que eu também aprendi, e mudei muito o meu discurso nesse sentido, é que a única coisa em que me posso focar é naquilo que eu faço e que posso fazer. Eu não posso dizer o que é que a Yulimar faz, porque isso só pode influenciar negativamente o que eu faça. Foco-me em estar bem mental e fisicamente e conseguir bons resultados nas provas. É nisso que tenho de me focar! Mas também aprendi, com algumas provas que já fiz com a Yulimar, que ela é tão humana como eu, embora ela tenha o tipo genético perfeito para o triplo salto e que possa bater o recorde mundial – que já é dela – por muito mais ainda. Contudo, tenho de ver que tudo pode acontecer nas competições. Faz parte delas serem imprevisíveis. Sinceramente, acho que a Yulimar tem a parte humana e essa parte humana se não tiver 100% afinada, ela pode deslizar e eu subir. Ou eu, também, posso deslizar. Importa é estar focada para atingir a meta.

Treinas todos os dias, mesmo em férias. Se estiveres um dia sem fazê-lo, por não conseguires mesmo ou por estares doente, que sensação te fica? De que modo reage o teu corpo?

Se o corpo está a dar-me sinais de que preciso descansar, tenho de respeitar. E acho que isso é uma mais-valia e uma das minhas valências: já cheguei ao ponto de conseguir perceber o que é que o meu corpo precisa

e consigo comunicá-lo muito bem com o treinador. Quando chegamos a essas situações, eu falo com ele, que percebe muito bem e confia naquilo que lhe digo. E tenho mais descanso, sem preocupações, porque o treino só faz sentido quando o teu corpo está descansado. Como vemos no overtraining (= treino exagerado), o facto de não teres descansado pode dar origem a lesões, por vezes muito sérias. Quando descanso é tranquilo, sem stresse, sem dar voltas à cabeça por não estar a treinar. As únicas vezes onde me sinto pior é nas férias: uma pessoa está tão habituada a treinar, treinar e treinar e fica duas semanas sem fazer nada. E o corpo estranha e pergunta: o que se passa aqui, tanto tempo parada? (risos) Dá-me aquela sensação de que preciso fazer qualquer coisa. Depois duma semana farto-me e vou correr ou faço um pouco de preparação física, só para o corpo não sentir a falta de exercício. Mas mentalmente tento descansar o mais possível, porque sei que quando começar a pré-época vai ser duro, outra vez.

E além do descanso, que cuidados tens e necessitas de ter para manter essa tua forma física vigorada? Passando, por exemplo, pela alimentação…

Eu, felizmente, também tive de mudar. Eu era uma atleta que não acreditava muito nisso, na minha cabeça era uma falácia, pois eu comia qualquer coisa e saltava muito na mesma. Mas, depois, chegou uma altura em que senti estagnada. Pensei, então, que qualquer coisa tinha de mudar se eu queria evoluir. E mudei essa parte da nutrição, apesar dum pouco à força, depois do meu treinador me dizer que tinha de perder uns quilinhos. A verdade é quando comecei a alterar os meus

Foto: POLARIS SPORTS

hábitos alimentares, a minha performance melhorou muito, exponencialmente.

Com a pandemia, várias privações e instabilidade de treinos assolaram vários desportistas e fizeram agravar a tensão e a pressão da saúde mental, que já antes existia. Consideras que ainda não se leva a sério este problema e como consegues lidar com ele? Sim, primeiro temos que quebrar o tabu de que os problemas mentais fazem de nós “malucos”. Não é nada disso! Acho que todos nós, no nosso crescimento, temos problemas físicos, nem que seja uma tosse, e fazemos qualquer coisa para tratar dela. O mesmo tem de ser com a parte mental e emocional. Depois, deve-se falar muito mais sobre este assunto. E o facto de pessoas com maior impacto, como a Simone Biles, falarem nesta questão da saúde mental faz abrir mais os olhos. De facto, há muita pressão nas competições e há atletas que não conseguem sair dessa pressão. Pressão até causada, por vezes, pelas pessoas que não percebem dos sacrifícios que os atletas fazem. A nível mental sempre tive muita ajuda e, pela minha maneira de ser, é algo que tenho conseguido combater, a nível da pressão. Quem tem estes problemas não deve ter medo de pedir ajuda. Como me dizia o Nélson Évora, há muito: a cabeça é que comanda tudo. É verdade! Por isso, ela tem de estar no sítio. E esta questão não se aplica só ao Desporto.

O que achas do fomento e educação desportiva na Austrália, em que até aos 12 anos todos têm de praticar uma modalidade individual e outra em equipa? Daí esse país estar no top-10 com mais medalhas olímpicas da História…

Acho muito bem. Mas, acima de tudo, não é só pensar em medalhas e no desporto de elite, eu acho que é também criar pessoas. Nessas experiências que nós temos quando éramos mais novos, num desporto de equipa, dá-nos a entender que na nossa vida normal nós não conseguimos fazer tudo sozinhos. Precisamos sempre de alguém que tem a ferramenta que se calhar precisamos e que nós podemos ser a ferramenta que a outra pessoa precisa. O trabalho da equipa é muito importante para conseguirmos chegar ao objetivo das nossas vidas. Essas são as pequenas lições que querem transmitir aos mais novos e acho que não tanto de querermos ter xis medalhas. Embora o resultado seja depois natural e o desporto possa ser uma potência. Gosto muito desta iniciativa!

Imaginemos que estás nessa situação: tens até 12 anos e a tua modalidade individual está escolhida, bem escolhida. Qual seria aquela que escolherias para jogar em equipa?

Não sei, talvez o voleibol. Eu gosto de vólei, também tens de saltar muito(risos). Também podia ser o andebol. Todos aqueles desportos que impliquem um pouco mais de salto seriam, para mim, uma mais-valia.

Mas desses o voleibol é o teu segundo desporto favorito?

Penso que é aquele que teria mais jeito.

O que é que, a nível pessoal e ao longo da tua vida, te tem dado mais satisfação? E, por outro lado, o que te tem provocado maior preocupação?

Pergunta difícil! Se calhar o que me dá mais satisfação é mesmo poder acordar e fazer uma coisa que realmente gosto. É das melhores sensações. Há pessoas que não entendem e dizem: “vais levantar-te para ir treinar, vais sofrer”… Mas é isto que gosto de fazer. E porque o que terei a seguir é tudo muito fruto do meu trabalho, que vai recompensar. Em simultâneo, a minha preocupação e frustração surge daí: é eu trabalhar, trabalhar e trabalhar e os resultados não aparecerem. É combater este sentimento do que preciso de fazer mais para sair o salto que eu quero. E se não sair como eu quero, sei que posso estar descansada porque, acima de tudo, eu dei o meu melhor. É, um dia, acabar a minha carreira em paz e saber que fiz o melhor que tinha e sabia.

Li dois registos na internet: que és a desportista mais bonita em Portugal e a mais promissora. Identificas-te em ambos os elogios? Porquê?

Eu acho que qualquer elogio é bom quando te fazem sentir um bocadinho melhor (risos). É um privilégio esses elogios, mas acho mais importante ser vice-campeã olímpica, pois é o que traz valor à minha pessoa, é para isso que trabalho e na qual quero ser reconhecida. Compreendo isso, até porque estamos numa era em que a imagem é importante e se eu tenho essas oportunidades, tenho de aproveitá-las obviamente a meu favor. Quero, ainda, melhorar a minha imagem na parte mais comunicativa: quero aprender a falar melhor. Aliás, quero melhorar em tudo! O meu mote de vida é: ser uma pessoa melhor, no geral, e fazer sempre melhor. Mas com esses elogios não fico com o ego super grande, quero marcar ainda mais a imagem ou marca «Patrícia Mamona».

Entrevista

pessoais e nacionais. Que outros recordes, quanto a virtudes humanas, são a tua marca valiosa e gostarias que fossem os de todas as pessoas?

Primeiro, acho que todos nós devemos perceber que temos algo importante para ser e dar à sociedade. Apesar disso, é muito esquisito quando as pessoas me colocam num patamar super alto e eu respondo: eu não sou nenhuma extraterrestre nem nada de especial para estar nesse patamar. Sou uma pessoa normal, que trabalhou para aquilo que eu achava que era capaz. E, isto, qualquer pessoa pode fazê-lo, desde que tenha a vontade que aconteça e que trabalhe para isso. Às vezes, as pessoas olham para mim ou para pessoas de elite, como pessoas extraordinárias que fizeram coisas que elas julgam não serem capazes de fazer. E desistem logo dos próprios sonhos porque acham que só acontece aos melhores. A mensagem é precisamente ao contrário: temos de encontrar algo em que nos apreciemos a nós mesmos e, depois, há sempre qualquer coisa que as pessoas como útil contributo para a sociedade. Há que encontrá-lo e partilhá-lo com o mundo, fazendo com que este seja ainda melhor! Com isso vamos dar valor a ele e sairemos, também, valorizados.

Se tivesses de votar agora na tua região portuguesa preferida, a opção do Douro seria a melhor? Ou fica, pelo menos, no teu top-3?

Está no meu top-3, mas Lisboa primeiro. Eu adoro o Norte. Há qualquer coisa fantástica quando chego aí, que eu não sei explicar: é o ar, a energia, as pessoas são super simpáticas, come-se bem, é a própria cultura e arquitetura. Quando chego ao Norte, e ao Douro, digo sempre: “isto é lindo!”. Tudo me encanta e, por alguma razão, sempre que aí vou eu salto muito. Faço grandes saltos! Se eu tiver de fazer recordes pessoais em Portugal é no Norte! Tem sido assim, pelo facto de estar bem, porque me sinto bem no Douro e todo o Norte. Quem vai a esta região percebe o que eu digo; é o acordar de manhã, ver aquelas paisagens, as pontes, as luzes (suspiros).

E há alguma localidade do Douro que consigas eleger, ou que mais gostaste ou por alguma história de memória grata?

Sempre que sinto precisar de alguma paz, de assentar na Terra e que preciso sentir-me mais humana, ali é o local ideal, com uma paisagem arrebatadora, e que eu gosto muito. Por acaso sou suspeita a falar bem do Norte porque vou muito a Matosinhos, por ter lá muitos amigos. Sempre que vou aí é uma alegria, fico muito feliz, mas tem a ver com as pessoas. Mas acho que as cidades também são feitas das pessoas e daquilo que elas nos transmitem. Nesse caso, nem é o cenário em si, são mesmo as pessoas por elas serem assim.

Por fim, que palavra de estímulo neste tempo queres deixar a todos os que te seguem e apreciam? E mesmo para os que não o fazem…

Primeiro, quero agradecer. O carinho e as palavras que me têm andado têm sido mesmo espetaculares. São eles que me fazem sentir nas nuvens. Depois, obviamente, que na parte do desporto irei sempre dar o meu melhor. Podem estar confiantes que representarei todos os Portugueses da melhor maneira, em Portugal e na Diáspora. E o meu repto é: tenham esperança num futuro melhor; que a pandemia acabe rápido, para voltarmos ao antes; e vão sempre à procura dos vossos sonhos. ■

Tabuaço Projeto cinematográfico rodado em Tabuaço

Depois de “Tábuas com História”, “Transfugo” e “A Margem”, todas produções galardoadas em inúmeros festivais de cinema por todo o mundo, arrecadando mais de 30 distinções, segue-se “Chouriço Santo” que, segundo a produção, “promete arrecadar muitas gargalhadas do público e acima de tudo divulgar Tabuaço”.

Durante este mês de agosto Tabuaço serve de cenário à mais recente produção cinematográfica realizada em Portugal. O projecto conta com nomes bem conhecidos da sétima arte portuguesa e a estreia está marcada para a época de natal. João de Carvalho, Luís Mascarenhas, Paula Luiz, Sara Norte ou Henrique Gomes são apenas alguns dos nomes que compõem o elenco de “Chouriço Santo”. O Santuário de Nossa Senhora do Sabroso, a Igreja Matriz de Chavães, a Foz do Távora e algumas das Quintas do Concelho servem de cenário àquela que é a mais recente produção cinematográfica portuguesa e que terá Tabuaço como tela de fundo. Realizada por Bernardo Antero, com apoio da Câmara Municipal, faz também parte do elenco o TEATRAÇO, Grupo de Teatro Local, cuja direção de atores está ao encargo do diretor da companhia Beto Coville, a quem também pertence a ideia original do projeto. Na equipa técnica salienta-se a participação de Rodrigo Tavares, um dos grandes nomes na direção de fotografia de cinema, que tem conquistado inúmeros prémios ao longo da sua carreira e que já trabalhou com o TEATRAÇO na realização das duas curtas, também muito galardoadas, A Margem e Transfugo. Manuela Martins, presidente do Teatraço conta que as gravações têm corrido bem, “não é a nossa primeira experiência no cinema, já fizemos duas curtas e uma longa metragem, por isso já não há aquele fator de novidade. Depois, trabalhamos com pessoas com quem já trabalhamos em outros projetos, o que também nos dá alguma segurança, como é o caso do Bernardo Antero ou o Rodrigo Tavares, isto ajuda a que o trabalho seja tão fluido. O ‘Chouriço Santo’ é uma comédia e isso, no que toca ao Teatraço, dá-nos outra liberdade porque nós vimos do teatro cómico, já trazemos essa bagagem que tem ajudado muito neste projeto”. Para a responsável pelo grupo de teatro, um fator decisivo no sucesso deste trabalho é o apoio da autarquia que vê neste projeto a oportunidade de promover o concelho em plataformas diferenciadas. “A câmara municipal, que é a principal promotora deste projeto, vê nesta plataforma, o cinema, uma forma de divulgar o território, daí tentarmos também que este projeto passe pelo maior número de freguesias do nosso concelho. Mesmo, por exemplo, os nomes dos santos que são usados nesta produção são os daqui, uma forma de preservarmos a identidade deste território. É muito interessante esta visão que a autarquia tem, a meu ver é muito inteligente porque é uma forma diferente de promover o território. Com a nossa primeira longa metragem fomos a Hollywood receber um prémio, as curtas estiveram um pouco por todo o mundo em festivais de cinema, é uma promoção única, que não se conseguiria de outra forma. Gostávamos de conseguir também o apoio de algumas marcas da região, como temos por exemplo da Paladino mas infelizmente em Portugal não há essa visão, não se olha para o cinema como um veículo de promoção territorial”. Paula Luiz é uma das atrizes com maior currículo e notoriedade do elenco, à nossa reportagem confessa que a região a “tem recebido muito bem”. “Por vezes as pessoas reconhecem-me e vêm falar comigo e eu gosto muito disso, tem acontecido de uma forma muito espontânea”. Sobre o trabalho que está a ser realizado, Paula Luiz afirma que as gravações decorrem a bom ritmo. “Está a correr muito bem porque está a ser muito divertido. Desde logo por ser uma comédia mas para além disso é muito bem escrita. É uma comédia que está assumidamente cómica e mesmo nós divertimo-nos imenso durante as gravações”. Participar neste projeto tem também dado à atriz a oportunidade de conhecer a região, uma descoberta que afirma estar a ser muito interessante. “Está a ser uma descoberta muito bonita, eu sou muito do campo. Gosto muito de praia, do mar, mas desde muito pequena que passo as minhas férias no campo e tenho mesmo esta necessidade de estar imersa no verde e com estruturas antigas, portanto, estou muito satisfeita. Ainda ontem estivemos na igreja de Sabroso e foi muito interessante estar em contacto com uma igreja da época medieval portanto, esse lado histórico daqui do concelho de Tabuaço também me interessa. Tem sido uma descoberta muito interessante”. ■

Alijó Inaugurada Porta de Entrada no Tua

> Na foto: José Paredes e Artur Cascarejo

Localizada em São Mamede de Ribatua, a Porta de Entrada no Parque Natural Regional do Vale do Tua, em Alijó, é a quarta a ficar disponível ao público.

No recuperado edifício da antiga escola primária da freguesia alijoense funciona, a partir deste mês de agosto, mais uma Porta de Entrada no PNRVT, um espaço que se pretende de conhecimento e aprendizagem, destacando as características únicas deste concelho e do Vale do Tua. A Porta de Entrada oferece um conjunto de experiências focadas na preservação e valorização ambiental, na herança cultural e patrimonial, na economia local e nas dinâmicas sociais do território, que se quer assumir como local prioritário de visitação, onde os turistas se devem dirigir quando chegam para procurar informação, obter apoio, solicitar serviços, adquirir produtos, e onde podem aprender, divertir-se, etc., e depois disso partir à descoberta com mais informação. “Esta era uma escola que estava devoluta, acho que fomos muito felizes na escolha deste espaço, inicialmente esta porta estava pensada para Alijó mas a partir do momento que ganhei a autarquia em 2017 pensei logo em fazê-la aqui, até porque São Mamede de Ribatua está situada dentro da área do Parque Natural do Vale do Tua. Este equipamento tem uma larga oferta de conteúdos sobre este vale que abrange diversos setores da nossa realidade, desde a economia local à oferta cultural, entre muitos outros, podendo assim o turista agregar uma série de informações bem estruturadas. Será um espaço que trará um forte contributo para a região, atraindo mais gente a este território, fixando-as por mais tempo. É um espaço magnífico, bastante amplo e que contribuirá para aquilo que foi erguido”, afirmou José Paredes, autarca alijoense em declarações à comunicação social na inauguração do espaço. As Portas de Entrada no PNRVT nascem como resposta a diversas necessidades de organização do turismo do território, centralizando a oferta numa estrutura específica, criar motivos de atração adicional, monitorizar o acesso de visitantes e organizar visitaspromovendo a sensibilização e educação ambiental, prolongando o período médio de estadia no PNRVT e concelhos integrantes, enriquecendo o tempo passado durante a visita. “O turista pode encontrar aqui duas coisas, tudo aquilo que é a atividade do Parque nas suas três dimensões: ambiental, turística e socioeconómica, e ainda as características únicas do município em que está inserida. O município de Alijó tem esta característica única de ligar o Tua ao Douro, tornando-se na síntese daquilo que é a aposta estratégica do próprio Vale do Tua, que é afirmar-se como uma marca e um território registado do ponto de vista turístico, não esquecendo toda a sua envolvente. Cada vez mais temos que vender o nosso território como um todo e na lógica do Turismo de Natureza. Se conseguirmos, como toda esta oferta, segurar aqui os turista durante uma semana, será ótimo para, em vez de ficarem apenas um fim de semana. Cada vez mais é essa a nossa aposta. A ideia é que cada uma destas portas se complementem, despertando a curiosidade de quem visita uma delas para visitar as restantes. A ideia é “vender” todas as potencialidades do território do Vale do Tua, do ponto de vista natural, cultural, gastronomia e vinhos, património, etc. Nós temos aqui uma riqueza enorme, a questão é organizá-la de forma turística, como um produto”, afirmou o diretor do PNRVT, Artur Cascarejo. A funcionar em pleno estão já quatro Portas de Entrada (Murça, Carrazeda de Ansiães, Mirandela e Alijó), faltando apenas abrir ao público a Porta de Entrada de Vila Flor, que está pronta contudo os condicionalismos com a pandemia, e mais recentemente a campanha para as eleições autárquicas, têm atrasado a sua abertura. As “Portas” são um complemento de proximidade do Centro Interpretativo do Vale do Tua, localizado em Foz Tua, equipamentos que integram uma lista de respostas qualificadas que a Agência de Desenvolvimento Regional do Vale do Tua (ADRVT) e o PNRVT têm vindo a implementar, como são exemplos, o próprio CIVT, a Rede de Percursos Pedestres, a Certificação do Vale do Tua como “Destino Turístico Starlight”, a Rede de Miradouros, a Rede de Percursos de Birdwatching, em implementação, o património edificado recuperado, os programas de empreendedorismo e a criação da Tua Incubadora, que incentivam a criação de novas empresas, essencialmente, na área do Turismo de Natureza. “Com a pandemia estes territórios registaram um aumento da procura, resta-nos saber aproveitar esta oportunidade. Temos que apostar no valor que aqui temos. Cada vez mais, territórios com esta pureza de ar, com as paisagens que nós temos e com o capital cultural que aqui há, é difícil encontrar, por isso, quem aqui vem tem que pagar”, afirmou Artur Cascarejo. ■

Santa Marta de Penaguião

Pavilhão Gimnodesportivo disponível durante o mês de agosto

O Pavilhão Gimnodesportivo é uma infraestrutura que se presta à realização das mais diversas atividades pelos mais variados utilizadores, funcionando como zona de lazer e ocupação de tempos livres, através da prática de atividades desportivas. Depois de um período de confinamento que privou os amantes da prática das modalidades desportivas, nomeadamente as de grupo, o Município de Santa Marta de Penaguião decidiu continuar a disponibilizar o Pavilhão Gimnodesportivo durante o mês de agosto, para que todos pudessem usufruir de mais uma forma de combater a sedentariedade e o isolamento que a Covid nos impôs.■

Autarquia procura penaguienses funcionários da Casa do Douro

O Município de Santa Marta de Penaguião está a proceder ao levantamento dos nomes de todos os penaguienses que foram funcionários da Casa do Douro. Como tal, se conhece algum penaguiense que foi funcionário da Casa do Douro, entre em contacto com a Câmara Municipal através do 254 810 130 ou gap@cm-smpenaguiao.pt ■

Inaugurada nova sede da Associação de Caça e Pesca

Foi inaugurada, no passado dia 14 de Agosto pelo Presidente do Município de Santa Marta de Penaguião, Luís Machado, o novo espaço da associação, em Banduge. A Associação de Caça e Pesca de Penaguião, agradeceu ao município a cedência destas instalações, “estando certos que será uma mais valia para o clube e para os sectores da caça e da pesca no nosso concelho”. ■

Autarquia assinala Dia do Município

O Município de Santa Marta de Penaguião assinalou o seu Feriado Municipal e a comemoração da Padroeira da Região Demarcada do Douro – Santa Marta, com uma cerimónia mais restrita em virtude da situação pandémica que vivemos hoje. O programa contou com a habitual cerimónia do Hastear de Bandeiras, na Praça do Município, seguida da Eucaristia em Honra de Santa Marta, no Fórum de Atividades. ■

Armamar Cozinheiro armamarense lança projeto único na região

Hugo Laranjeira é natural de Armamar e afirma que a cozinha foi sempre uma paixão para si, tanto que decidiu criar um novo conceito em que leva a sua arte até casa dos clientes, o Laranja D’ouro.

A ideia de criar este serviço de chefe ao domicílio surgiu durante o primeiro confinamento provocado pela Covid-19, quando os restaurantes tiveram que fechar, como nos conta Hugo. “A ideia surge porque com a pandemia os restaurantes começaram a fechar, nessa altura decidi dar o passo em frente e criar este projeto que não se resume apenas a ir a casa das pessoas cozinhar mas também preparar picnics ou refeições a bordo de embarcações que passeiam no rio. É uma ideia que acho que é inovadora na região, não conheço outro projeto igual a este”. O percurso de Hugo na cozinha começa de forma mais séria em 2017 quando decidiu inscrever-se no curso de Cozinha e Pastelaria da Escola de Hotelaria e Turismo de Lamego. Contudo, a paixão pelo fogão vem de longe, dos tempos de infância. “A minha mãe costumava estar sempre a reclamar comigo porque sempre que ela estava a cozinhar lá ia eu para a cozinha ver o que ela estava a fazer e como o fazia”. Desde que terminou o curso, Hugo Laranjeira tem passado por algumas das principais cozinhas da região, tendo mesmo já chegado a trabalhar com chefes de renome como é o caso do famoso Ljubomir Stanisic no Six Senses Douro Valley. Com o confinamento Hugo acabou por ficar em casa sem trabalho. Ávido por encontrar uma solução, este chefe natural de Armamar não desistiu e criou o projeto Laranja D’ouro, nada mais que um chefe ao domicílio “mas também pode ser num barco ou num qualquer miradouro da região, por exemplo”, explica Hugo. Com diversos serviços já realizados, Hugo Laranjeira faz um balanço positivo deste início de atividade. Para o chefe armamarense este projeto torna-se ainda mais interessante por poder estar em contacto com os seus clientes, no seu espaço. “Dá-me algum gozo ir a casa das pessoas e poder cozinhar para elas, tê-las ali a ver o que faço, é um conceito muito interessante. A experiência tem sido muito boa, as pessoas têm ficado muito contentes e tentam sempre aproveitar para saberem um pouco mais. Também há aqueles que estão sempre dispostos a ajudar mas eu prefiro que as pessoas relaxem enquanto trabalho para depois desfrutarem da sua refeição”. Natural de uma região onde predomina a cultura da maçã e o cabrito, Hugo Laranjeira afirma que estes são dois dos produtos que mais gosta de usar, tendo ainda parcerias com diversas quintas da região, o que lhe permite fazer harmonizações entre os vinhos da região e os pratos que confeciona. “Tento sempre usar produtos da região, sendo de Armamar gosto muito de usar aa maçã, por exemplo, e o cabrito, que é uma das marcas do nosso concelho. É um estilo de cozinha tradicional com um toque de modernidade. Tenho também algumas parcerias com quintas da região para servir os seus vinhos e ainda uma outra coM uma marca de cocktails de espumante, um produto diferenciado e que tem tido imenso sucesso, até pelo impacto visual que tem”. ■

> Hugo Laranjeira, chefe de cozinha

RTP emitiu especial 7 Maravilhas

Lamego

A RTP esteve em direto a partir da cidade de Lamego para uma emissão dedicada às "7 Maravilhas da Nova Gastronomia".

Num programa em que foram apresentados os candidatos das categorias "Petiscos" e "Vegetariana", a emissão especial foi apresentada por José Carlos Malato, Joana Teles e Rita Belinha, tendo como cenário o belo Santuário de Nossa Senhora dos Remédios. Ao longo de mais de cinco horas, o programa transmitido pela RTP1 e pela RTP Internacional promoveu o concelho de Lamego como um destino turístico de excelência. Foram convidados o Presidente da Câmara Municipal de Lamego, Ângelo Moura, a Quinta de Santa Eufémia, uma propriedade situada em Parada do Bispo com uma antiquíssima vocação vinhateira, e a empresa "Rumimel", vocacionada para a produção e comercialização de mel e produtos apícolas. O Rancho Regional de Fafel também animou a emissão. Em destaque também esteve o facto das Festas em Honra de Nossa Senhora dos Remédios terem sido eleitas no ano passado, através de votação popular, uma das "7 Maravilhas da Cultura Popular", tendo em conta a expressão da sua autenticidade e religiosidade. ■

Autarquia e GNR distribuem equipamentos de teleassistência

A Câmara Municipal de Lamego, em parceria com o Comando Distrital da Guarda Nacional Republicana (GNR) e o apoio da Agência para o Desenvolvimento da Sociedade de Informação e do Conhecimento (ADSI), vai disponibilizar um dispositivo eletrónico de apoio gratuito aos idosos e aos munícipes com necessidades especiais que vivem em zonas mais isoladas. O sistema “eGuard” permitirá obter assistência permanente em qualquer eventualidade. Os primeiros munícipes a receber este equipamento já estão identificados pela autarquia. O equipamento associado ao sistema “eGuard” trata-se de um objeto do tamanho de um comando de portão, com apenas um botão que, quando premido durante mais de 3 segundos aciona uma chamada SOS para a GNR. Este dispositivo poderá ser utilizado caso o idoso presencie ou seja vítima de crime ou de uma situação de perigo ou, no caso, por exemplo, de doença súbita ou ocorrer um incêndio nas redondezas. O protocolo de cooperação firmado entre a Câmara Municipal de Lamego e a GNR que visa garantir condições de segurança e tranquilidade das pessoas idosas foi assinado no Salão Nobre dos Paços do Concelho, pelo Presidente Ângelo Moura e pelo Coronel Vítor Assunção. ■

Lamego recriou peregrinação a Santiago de Compostela

O Largo da Sé foi palco no domingo de manhã de uma cerimónia de lava-pés aos peregrinos que iam a Caminho de Santiago de Compostela, um momento que culminou uma recriação histórica da peregrinação a Santiago, promovida pelo Município de Lamego. A iniciativa teve início no Convento de Ferreirim, acompanhada ao longo de todo o percurso pelas explicações do historiador Joel Cleto. "Os Caminhos de Santiago também são, hoje em dia, um motor de atividade económica e de promoção dos territórios por onde passam. Lamego ocupa uma posição privilegiada, neste contexto, ao ser cruzada por dois caminhos muito conhecidos: o Caminho do Interior e o Caminho de Torres. Quisemos afirmar Lamego, a este nível, por ser Ano Xacobeo", explicou o Presidente Ângelo Moura no final do evento. Os Caminhos de Santiago constituem algumas das rotas mais antigas do mundo, percorridas por peregrinos desde o período medieval. Com o passar dos anos, tornaram-se itinerários espirituais e culturais, feitos anualmente por milhares de pessoas. A recriação histórica que decorreu em Lamego foi promovida no âmbito da iniciativa "Redes de Património e Caminhos em Ano Xacobeo", financiada pelo FEDER, tendo passado por diversos pontos de interesse histórico, nomeadamente o Convento de Ferreirim, as Igrejas de São Lázaro, Senhora dos Meninos, Senhora dos Aflitos e Desterro, o Teatro Ribeiro Conceição e a Igreja Catedral. ■

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