02/12/2015 - Jornal Semanário - Edição 3187

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Quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Geral

Êxodo rural preocupa produtores de uva A escassez de mão de obra qualificada, preços baixos do quilo da uva e a vida nos centros urbanos mais atrativa que a rotina do campo, torna o êxodo rural de jovens vitivinicultores da região mais crescente. Essa situação atinge principalmente o pequeno e médio produtor, pois o jovem que não consegue, no campo, uma qualidade de vida superior tende a abandonar o trabalho nos parreirais. A Tecnovitis, como uma feira que expõe essas questões, traz a promessa de solução para um desses problemas, com a máquina que colhe uvas no Sistema Latada. O engenheiro agrônomo, Valdecir Bellé, é pouco otimista ao prever que, entre cinco a 10 anos, se o setor não se mecanizar, a colheita da uva estará comprometida. “A máquina de colher uva, estrategicamente falando, é a viabilidade do setor vitícola, ou trazemos essa colheitadeira para nossos parreirais ou, com certeza, nos próximos anos o setor decairá”, explica. O protótipo exposto no evento propõe suprir a demanda de safristas, tornando a colheita mais rápida e barata. De acordo com o produtor vitícola Marcos Vinícios Patussi, 31, a situação do setor precisa melhorar e, a colheitadeira pode ser uma saída para os produtores que gastam muito tempo e dinheiro com as colheitas. Já para o também produtor, Daniel Baptistello, 48, o êxodo rural é fato, pois nenhum jovem quer ficar preso no campo, trabalhando pesado, lidando com venenos e não ter um bom retorno financeiro.

“Aprendi a função da criação da uva com meus tios, pois meu pai é caminhoneiro, agora ele está aposentado e me ajuda na produção, pois a mão de obra é cara e não tem qualidade. Gosto de trabalhar com a uva e pretendo continuar com a plantação, mas espero que a situação para o produtor de uva melhore, se não terei que desistir do cultivo da uva. Os preços caros e a falta de mão de obra dificultam muito o nosso trabalho. Sobre a colheitadeira de uva acho que será uma boa saída para os produtores. Deveríamos criar uma cooperativa e dividir a utilização da máquina entre os membros, assim o custo não ficaria tão pesado e solucionaria um dos problemas da produção. Planto uva há 15 anos e sempre tive algumas temporadas de produção ruins, idas e vindas, muitas chuvas, porém nos últimos anos a situação ficou mais complicada, os preços dos produtos subiram muito por causa do dólar e a entrega da uva é a pior parte, a gente não consegue colocação e o preço de venda é baixo”, Marcos Vinícios (E) com o pai João Hélio Patussi.

A uva de vinho está crítica, o pessoal aguenta porque é teimoso. Mas também não há como largar, não é como soja e milho que pode parar de produzir por um tempo e depois voltar. Sobre a Tecnovitis, esperamos que venha novidades, como essa máquina colheitadeira, pois dependemos muito da mão de obra. Não digo que ela seja a solução, porém ameniza um monte, por exemplo, eu dependo de 8 a 10 funcionários para colher a uva, com essa máquina não terei tanto gasto, nem estresses. Fui eu que tratei as parreiras para o pessoal, essa feira é muito interessante, porque aprendemos muito sobre as novas tecnologias e os novos produtos e venenos do mercado. A visibilidade que a feira trará para o agricultor pode ajudar a solucionar alguns problemas na produção. O êxodo rural é fato, é mais vantagem para o jovem procurar trabalho fora do setor, meus filhos estudam engenharia e nenhum deles dará continuação a minha produção de uva”, Daniel Baptistello, produtor de uva.

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