O São Paulo - 3384

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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

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Ano 67 | Edição 3384 | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022

Editorial A universidade católica e a dedicação a todos os aspectos da verdade

Página 4

Encontro com o Pastor A nossa fé se liga a Jesus Cristo por meio dos apóstolos

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

Papa exorta Igreja na América Latina a maior inserção nas realidades sociais e culturais

Vatican Media

Página 2

Espiritualidade Com a sabedoria popular e os provérbios do povo, o Senhor anuncia o Reino

Página 5

Liturgia e Vida A boca do homem fala daquilo que seu coração está cheio (cf. Lc 6,45)

Página 19

Reportagem Transportes superlotados e descuidos facilitam a transmissão da COVID-19

Páginas 14 e 15

Escolas comunitárias são opção gratuita e mais participativa Divulgação

Papa recebe em audiência membros da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano, entre os quais o Cardeal Scherer, no sábado, 19

Na última semana, a presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) esteve em visita a organismos da Santa Sé e foi recebida em audiência pelo Papa Francisco, no sábado, 19. Em entrevista ao O SÃO PAULO, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano e 1º Vice-Presidente do Celam, detalha que foi apresentado ao Pontífice uma síntese sobre a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, realizada em novembro de 2021, bem como a nova organização desse organismo. “Francisco conhece bem o Celam e tem muito interesse no seu bom funcionamento e serviço à Igreja do continente. Destacou que não

se trata de uma ‘superconferência episcopal’, mas de um ‘Conselho Episcopal’, que está a serviço das conferências episcopais e do cumprimento da missão destas. Insistiu novamente na formação dos leigos para a vida pública e na inserção da Igreja nas diversas realidades culturais e sociais do continente. Falou novamente da importância da Conferência de Aparecida, que ainda tem muito para oferecer à Igreja no continente”, detalhou Dom Odilo. O Arcebispo também comentou sobre a realização de um simpósio internacional sobre sacerdócio, que ocorreu no Vaticano entre os dias 17 e 19. Páginas 10 e 11 Tânia Rêgo/Agência Brasil

O texto-base da Campanha da Fraternidade 2022, com o tema “Fraternidade e Educação”, aponta que é direito das famílias cristãs “escolher instituições e processos educativos que estejam de acordo com seus princípios e crenças” (nº 188). Diante disso, pais e organizações têm criado e gerido escolas comunitárias, que atendem especialmente comunidades e famílias de baixa renda. Página 17

Paróquias na cidade de Petrópolis (RJ) têm recebido doações e abrigado pessoas após a tragédia

Católicos estão ao lado dos que mais sofrem em Petrópolis (RJ) Desde a tragédia decorrente das fortes chuvas que caíram na cidade, no dia 15, a Diocese de Petrópolis (RJ) abriu as portas dos seus templos e suas estruturas para ações caritativas em favor das vítimas. No dia 18, o Papa Francisco manifestou sua proximidade e orações aos afetados. Campanha de arrecadação de itens e recursos financeiros continua. Saiba como participar. Página 16


2 | Encontro com o Pastor | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 |

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo

E

m nossas reflexões sobre a profissão de fé católica, no que diz respeito à Igreja, chegou o momento de tratarmos da qualidade apostólica da Igreja. A lógica e linha de reflexão é esta: nossa Igreja vem de Jesus Cristo por meio dos apóstolos. Nossa fé liga-se a Jesus Cristo por meio dos apóstolos. Isso é uma perene e firme nota de autenticidade da fé da Igreja, afirmada e reafirmada sempre de novo. Nós não inventamos a Igreja, mas participamos dela pela graça de Deus. Ninguém, depois dos apóstolos, pode se apresentar, com credibilidade e autenticidade, como apóstolo e fundador de uma Igreja cristã, pois temos apenas um único fundador da Igreja: Jesus Cristo. Essa fundação passou à história e chegou até nós por meio do testemunho dos apóstolos e daqueles que são reconhecidos autênticos sucessores dos apóstolos na Igreja, ou seja, os bispos, em comunhão com o sucessor do apóstolo Pedro – Papa. Já no início da Igreja, conforme lemos nos Atos dos Apóstolos, encon-

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Creio na Igreja apostólica tramos a síntese do que era a vida da Igreja: “Perseveravam todos no ensinamento dos apóstolos, na fração do pão e nas orações. E era grande a alegria entre eles”. Esse “perseverar no ensinamento dos apóstolos” reflete a preocupação de seguir o testemunho e a pregação dos apóstolos, não se afastando deles por qualquer motivo que fosse. Essa era uma marca de autenticidade da comunidade cristã, junto com as orações em comum e a “fração do pão”, que se referia à Eucaristia, à caridade e à partilha fraterna. Ao longo dos séculos, em momentos de crise, esse parâmetro sempre foi determinante para a avaliação das pregações e ensinamentos “novos” ou “diferentes” que apareciam. A pergunta era: isso está em conformidade com o ensinamento dos apóstolos? Se não está, então deve ser considerado como um ensinamento falso ou, ao menos, suspeito. É claro que o ensinamento dos apóstolos não é algo estático e fossilizado, e deve ser interpretado sempre de novo ao longo do tempo e diante das novas circunstâncias históricas e culturais. O Espírito Santo assiste a Igreja para que ela, mantendo-se fiel ao ensinamento dos apóstolos, também consiga compreender bem o que os apóstolos ensinam hoje. No entanto, as reinterpretações

da “doutrina dos apóstolos”, ao longo do tempo, não podem negar ou contradizer esse mesmo ensinamento dos apóstolos. Por isso, a Igreja, por meio do magistério dos sucessores dos apóstolos, que tem o carisma e o dever de zelar pela reta profissão de fé na Igreja, faz seu constante discernimento sobre o que se deve ensinar em nome da Igreja. E se pergunta: isso também está em conformidade com o que a Igreja sempre creu e teve como verdadeiro? A Igreja não se contradiz na sua fé, ao longo do tempo. Pode apresentar novas luzes e interpretações, e isso é normal. Mas nunca contradiz o que ensinaram os apóstolos, nem o que ela própria sempre creu. Por isso, a Igreja Católica zela muito pela autêntica “sucessão apostólica” na linha episcopal. Nenhum bispo católico dá a si mesmo o episcopado, mas o recebe pela regular nomeação do Papa, que garante a ininterrupta sucessão apostólica, e pela imposição das mãos de, ao menos, três outros bispos católicos. O bispo tem, portanto, a missão de manter a porção da Igreja que lhe é confiada numa diocese na comunhão de fé e doutrina da Igreja e no testemunho da vida cristã, inserido nas diversas realidades culturais e sociais. Aos católicos, é sempre reco-

mendado que estejam em comunhão com seu bispo diocesano, por meio dos padres que ele nomeia e encarrega das paróquias. Pelo bispo, também estão unidos aos demais bispos católicos e ao Papa. Católico que não está em comunhão com o bispo e o Papa precisa refletir seriamente sobre esta questão: se está na verdadeira Igreja Católica. Sinal dessa comunhão eclesial com o Papa e com o bispo diocesano é a inserção do nome deles na Oração Eucarística de cada missa, após a consagração. Na Oração II, pedimos assim: “Lembrai-vos, ó Pai, da vossa Igreja que se faz presente no mundo inteiro: que ela cresça na caridade, com o Papa Francisco, com o nosso bispo (diz-se o nome) e com todos os ministros do vosso povo”. Em cada missa, pedimos que Deus “conserve a Igreja unida na fé e na caridade”: ou seja, na doutrina e no testemunho dos apóstolos. “Com o Papa e com o bispo” do lugar: eles são os sucessores dos apóstolos, que garantem a apostolicidade da nossa fé. “E com todos os ministros do vosso povo”: os sacerdotes, diáconos e outros ministros que, em graus diversos, servem o povo na fé e na caridade, unidos ao Papa e aos bispos locais. Que Deus nos conserve sempre unidos na verdadeira fé e na caridade.

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| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Atos da Cúria | 3

Atos da Cúria NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 10/02/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santa Rosa de Lima, no bairro Jardim Tremembé, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Cândido da Costa, pelo período de 06 (seis) anos. Em 10/02/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santa Inês, no bairro Lauzane Paulista, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre José Esteves Filho, pelo período de 06 (seis) anos. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Jaraguá, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Carlos Shimura, ISch, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 20/02/2022. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia São José, no bairro do Jardim Russo, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Juarez Dirceu Passos, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 20/02/2022. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Cristo Rei, no bairro do Jardim Britânia, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Orisvaldo da Silva Carvalho, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 17/02/2022. PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 15/02/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia São Gabriel Arcanjo, no bairro Jardim Paulista, na Região Episcopal Sé, do Reverendíssimo Cônego Sérgio Conrado, pelo período de 03 (três) anos. Em 15/02/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Imaculado Coração de Maria - PUC, no bairro das Perdizes, na Região Episcopal Sé, do Reverendíssimo Padre Valeriano dos Santos Costa, pelo período de 03 (três) anos. Em 15/02/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Universitária Imaculado Coração de Maria - PUC, no bairro das Perdizes, na Região Episcopal Sé, do Reverendíssimo Padre Valeriano dos Santos Costa, pelo período de 03 (três) anos. Em 10/02/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Salette, no bairro de Santana, na Região Episcopal Sant’Ana, do Reverendíssimo Padre Marcos Antônio Dias de Almeida, MS, até 10/02/2025. Em 25/01/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia São José, no bairro de Vila Palmeiras, na Região Episcopal Brasilândia, do Reverendíssimo Padre Márcio Campos da Silva, CSCh, pelo período de 03 (três) anos, em decreto que entrou em vigor em 21/02/2022.

nado como Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora da Salette, no bairro de Santana, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Luciano Santos Batista, MS. Em 10/02/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo, no bairro Vila Paulistana, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Maurício Dias de Araújo, MS, pelo período de 01 (um) ano. Em 10/02/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora da Salette, no bairro de Santana, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Carlos José Guimarães da Silva, MS. Em 07/02/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia São Judas Tadeu, no bairro do Jabaquara, na Região Episcopal Ipiranga, o Reverendíssimo Padre Cleiton Guimarães dos Santos, SCJ. Em 03/02/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia São Benedito, no bairro de Vila Nilo, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Iber Sampi Malu, CSJ. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia São José, no bairro de Vila Palmeiras, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre José Carlos da Silva Leite, CSCh, em decreto que entrou em vigor em 22/02/2022. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no bairro do Jaraguá, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Gabriel Felipe Oberle, ISch, em decreto que entrou em vigor em 20/02/2022. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no bairro do Morro Doce, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Airton Conceição de Almeida, RCJ, em decreto que entrou em vigor em 19/02/2022. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL: Em 10/02/2022, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Santa Teresinha do Menino Jesus, no bairro do Jaçanã, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Sulliver Rodrigues do Prado. NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ASSISTENTE PASTORAL: Em 10/02/2022, foi nomeado e provisionado como Assistente Pastoral da Paróquia Santa Zita, no bairro da Vila Maria, na Região Episcopal Sant’Ana, o senhor Diácono Permanente Jorge Fernandes Albuquerque Vides, pelo período de 02 (dois) anos.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL:

POSSE CANÔNICA:

Em 10/02/2022, foi nomeado e provisio-

Em 11/02/2022, foi dada a posse canônica

como Pároco da Paróquia São Rafael, no bairro da Mooca, na Região Episcopal Belém, ao Reverendíssimo Padre José Adelson Maria Ramos das Mercês, CRSP.

Santa Rita de Cássia, no bairro Parque Novo Mundo, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Frei Rafael Manrique Arija, OSA.

Em 10/02/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, no bairro da Vila Progresso, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Hamilton Wagner da Rosa.

Em 05/02/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Santa Rita de Cássia, no bairro Parque Novo Mundo, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Frei Pelayo Moreno Palacios, OSA.

Em 08/02/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro do Sítio Morro Grande, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre João Henrique Novo do Prado. Em 08/02/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro do Sítio Morro Grande, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Pedro Ricardo Pieroni. Em 06/02/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro da Vila Guarani, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Anderson Pereira Bispo. Em 06/02/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia São Bernardo de Claraval, no bairro da Vila Liviero, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Hernane Santos Modena. Em 05/02/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia

Em 04/02/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia São João Batista, no bairro da Chácara Califórnia, na Região Episcopal Belém, ao Reverendíssimo Padre Érick Vinícius Pinheiro Barboza, SAC. Em 02/02/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Cristo Libertador, no bairro do Conjunto Habitacional Brigadeiro Eduardo Gomes, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Maycon Wesley da Silva. Em 01/02/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no bairro da Freguesia do Ó, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Aldenor Alves de Lima. Em 01/02/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no bairro da Freguesia do Ó, na Região Episcopal Brasilândia, ao Reverendíssimo Padre Armênio Rodrigues Nogueira. Reprodução


4 | Ponto de Vista | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 |

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Editorial

A missão da universidade católica

O

contexto em que vivemos pode bem ser chamado de “Era da tecnologia”: dos equipamentos industriais de ponta aos veículos de transporte terrestre e aéreo, dos eletrodomésticos e eletrônicos à internet, smartphones e redes sociais – quase todos os aspectos do nosso dia a dia são profundamente marcados por conquistas técnicas recentes. Esse extraordinário desenvolvimento tecnológico, é claro, não veio do nada: ele está estreitamente ligado ao progresso da ciência moderna, em estreito vínculo com a universidade do mundo ocidental. Embora haja muito o que comemorar com o progresso da tecnologia – basta pensar nos remédios e intervenções cirúrgicas que salvam tantas e tantas vidas –, este contexto gera, no entanto, um sério risco de superexaltação das ciências empíricas, o que implicaria um reducionismo cientificista pretensioso e despro-

vido de valores éticos e humanitários, uma vez que, por si só, por sua própria definição de busca de conhecimento com base na investigação empírica sistematizada do mundo, não é capaz de fazer juízos éticos nem políticos. Quem se esquece dessas limitações e pretensamente guia suas ações exclusivamente pela pesquisa empírica corre o sério risco de praticar e justificar atrocidades como aquelas cometidas pelos eugenistas nazistas que, “em nome da ciência”, encarregaram o Dr. Mengele, o “Anjo da Morte” de Auschwitz, de conduzir experimentos desumanos com gêmeos, anões e pessoas com heterocromia... Há muitas outras formas de conhecimento, além daquele baseado na observação empírico-científica: do que fazem exemplo a Matemática e suas abstrações, o Teatro, a Literatura, a Filosofia... Como, aliás, nos lembra o Catecismo da Igreja Católica, devemos certamente admirar as “investigações científicas que

enriqueceram magnificamente os nossos conhecimentos sobre a idade e a dimensão do cosmos, a evolução dos seres vivos, o aparecimento do homem” – no entanto, há ainda “uma questão de outra ordem, que ultrapassa o domínio próprio das ciências naturais. Porque não se trata apenas de saber quando e como surgiu materialmente o cosmos nem quando é que apareceu o homem; mas, sobretudo, de descobrir qual o sentido de tal origem” (nºs 283-284). Diante de um mundo fortemente tentado a um cientificismo exagerado, uma das principais missões da universidade católica é relembrar aos homens, vez e outra, essas questões mais profundas sobre as indagações fundamentais do homem, sobre como viver e como morrer – e mostrar-lhes que tais discussões não estão excluídas do âmbito da racionalidade nem devem ser relegadas à esfera da subjetividade. Como dizia São João Paulo II, “a Universidade Católica é chamada

de um modo especial a responder a esta exigência: a sua inspiração cristã consente-lhe incluir a dimensão moral, espiritual e religiosa na sua investigação e avaliar as conquistas da ciência e da técnica na perspectiva da totalidade da pessoa humana” (Ex Corde Ecclesiae, 7) Para isso, ela se apoia na convicção de que as diversas ciências e ramos do saber são aspectos de uma única Verdade suprema, que é Deus. Nunca pode haver verdadeiro desacordo entre fé e ciência – pois “o mesmo Deus, que revela os mistérios e comunica a fé, também acendeu no espírito humano a luz da razão. E Deus não pode negar-Se a Si próprio, nem a verdade pode jamais contradizer a verdade” (Catecismo, 159). “Em prol de uma espécie de humanismo universal, a Universidade Católica dedica-se completamente à investigação de todos os aspectos da verdade no seu nexo essencial com a Verdade suprema, que é Deus – fé e razão não se contradizem” (Ex Corde Ecclesiae, 4).

Opinião

Ecos da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe Arte: Sergio Ricciuto Conte

ALAN FARIA ANDRADE SILVA No final de novembro de 2021, a Igreja Católica na América Latina e no Caribe se reuniu em assembleia para aprofundar o Documento de Aparecida e discernir em conjunto novas formas de implementar os apelos que o Espírito Santo impulsionou ao Corpo Místico de Cristo na “Grande Pátria”. Antes que se definisse a realização dessa atividade, pensou-se numa nova Conferência Geral do Episcopado, que geraria um novo documento do magistério da Igreja para orientar a evangelização no continente. Entretanto, o Papa Francisco, seguindo a inspiração imprevista do Espírito Santo, considerou que, em vez de uma nova Conferência, seria interessante realizar uma assembleia com todo o povo de Deus para aprofundar o Documento de Aparecida, pois nele havia muitos aspectos importantíssimos que ainda podíamos desfrutar. Esse movimento, que o Papa Francisco fez e compartilhou com os responsáveis pela Assembleia Eclesial, é muito típico da vida espiritual e dos grandes místicos católicos. É um movimento de retornarmos a pontos importantes nos quais Deus se fez presente e nele aprofundarmos a experiência vivenciada, pois “não é o muito saber que sacia e satisfaz a pessoa, mas o sentir e saborear as coi-

sas internamente” (Santo Inácio de Loyola, Exercícios Espirituais 2,4). Também podemos compreender como um retorno à fonte de água viva ou, como fazem nossos irmãos de fé judaica, fazer memória viva dos sinais vivos da presença significativa do Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó (cf. Ex 3,15). Assim, em nossas realidades, somos convidados a relembrar as graças vividas e recebidas de Deus, para mantermos nossa mente em conexão com Ele. Nós, cristãos católicos, sempre fomos acostumados a ser guiados por aquilo que o Magistério nos propôs ao longo da história e precisamos ter cla-

reza disso, de que a nossa fé também passa pelo Magistério e pela história. Entretanto, nossa fé também passa pela experiência individual e coletiva com o Deus vivo, Pai de Jesus Cristo, e em comunhão com o Espírito Santo. Na Assembleia Eclesial, buscou-se proporcionar ao povo de Deus na América Latina e no Caribe uma experiência eclesiológica e sinodal (de caminhar juntos) para encontrarmos a vontade de Deus nos tempos atuais. Na Assembleia Eclesial, a primeira a ser realizada na América Latina e no Caribe, estávamos juntos, rezando juntos e partilhando nossa vida e trabalho pastoral em pequenos grupos.

Esses grupos menores deram uma grande colaboração à compilação dos “desafios pastorais” e à criação das “novas exigências pastorais em comum”. Podia-se ver, na Assembleia, que tudo deriva, em suma, das exigências que Jesus Cristo faz no Evangelho a nós. É muito importante nos reunirmos, nos animarmos mutuamente no espírito de comunhão e compartilharmos a vida com os irmãos de fé e de caminhada. E é muito importante, também, termos claro em nossas mentes que tudo deriva de Jesus de Nazaré, que nasceu, morreu e ressuscitou por nós. Às vezes, entender a nossa própria fé cristã católica se torna um processo muito difícil, pois precisamos estar abertos para escutar a Palavra de Deus, lê-la e compreendê-la. Nossa fé passa, muitas vezes, por experiências provindas da compreensão textual de uma história lida ou narrada. E demanda muita graça de Deus para aceitarmos isso. Então, vemos que necessitamos da graça. A graça é um sinal visível, em nossa vida concreta, da presença de Deus. Então, podemos pedir a fé, mas podemos pedir a graça de que Deus seja revelado a nós em nossa realidade. Alan Faria Andrade Silva, membro da Comunidade de Vida Cristã (CVX) e participante da Economy of Francesco (EoF). É advogado e doutorando em Direito pela PUC-SP. Participou das sessões virtuais da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

IPIRANGA Dom Ângelo Ademir Mezzari preside missa na abertura do ano letivo do Itesp FRANCISCO DAVID RODRIGUES

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Na segunda-feira, 21, houve a abertura do ano jubilar e acadêmico do Instituto São Paulo de Estudos Superiores (Itesp). A solenidade contou com a presença de Dom Ângelo Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, que presidiu a santa missa, tendo entre os concelebrantes Dom Vicente de Paula Ferreira, C.Ss.R, Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belo Horizonte (MG), e padres das congregações mantenedoras do Itesp: os Missionários de São Carlos (Scalabrinianos) e os Missionários Redentoristas. Na homilia, Dom Ângelo fez uma reflexão em torno da fé e da missão da Igreja e apresentou algumas indi-

Francisco David

cações para o início do ano acadêmico: sobre a Igreja que crê; como resgatar a fé para que seja renovada em Jesus Cristo; e a centralidade de Jesus. “A Teologia não se faz sobre conceitos ou métodos, mas sobre a fé. Que a Teologia nos leve a amadurecer a fé. Toda ciência nos faz compreender a fé”, enfatizou. Após a missa, no auditório do Instituto, Dom Vicente Ferreira falou sobre o tema “Assembleia Eclesial: desafios e perspectivas”. A mesa diretiva foi composta pelo Professor Doutor Padre Paulo Sérgio Carrara, C.Ss.R, Diretor do Itesp; pelo Professor Doutor Padre Antonio Carlos Frizzo, da Diocese de Guarulhos (SP) e Presidente da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica (ABIB); e por João Neto, vice-presidente do Diretório Acadêmico. Robson Francisco

Facebook da Paróquia

[BRASILÂNDIA] Na manhã do domingo, 20, Dom Carlos Silva, OFMCap, deu posse ao Padre Juarez Dirceu Passos (com a imagem de Nossa Senhora) como Pároco da Paróquia São José, em Perus. Na mesma missa, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia apresentou como Vigários Paroquiais o Padre Ezael Juliatto e o Cônego Antônio Manzatto. (por Redação)

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa, no domingo, 20, na Paróquia Santa Zita, Setor Medeiros, durante a qual deu posse ao novo Administrador Paroquial, o Padre Aloizio José Nunes de Azevedo Junior. Concelebraram os Padres Carlos Alberto Doutel e Jorge da Silva, assistidos pelos Diáconos Jorge Fernandes de Albuquerque Vides e Mario José Rodrigues. (por Robson Francisco)

Pastoral do Menor Santa Ifigênia

[SÉ] No dia 12, a Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Santa Ifigênia, em atividade desenvolvida pela equipe da Pastoral do Menor, em parceria com o Sindicato dos Contabilistas de São Paulo, atendeu 60 famílias em situação de vulnerabilidade residentes em ocupações nas ruas Marconi, Mauá e Benjamin Constant, entregando cestas básicas e oferecendo orientações em relação a outras demandas apresentadas. A Paróquia está aberta a parceiros que queiram ajudar nesta caminhada de amor ao próximo. Outras informações pelo telefone (11) 3229-6706. (por Paulo Fernandes)

Espiritualidade Parábolas, comparações, provérbios DOM JOSÉ BENEDITO CARDOSO

J

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO LAPA

esus atraía muitas pessoas porque falava a partir daquilo que o povo já tinha certa familiaridade. Fazia comparações com o jeito como os agricultores faziam suas plantações, com situações rotineiras que aconteciam nas cozinhas onde as mulheres manipulavam os alimentos, com a natureza quando soprava o vento... Da sabedoria popular, dos provérbios do povo, brotava inspiração para falar do Reino. Gosto muito de um provérbio africano que diz: “Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco co-

nhecidos, consegue mudanças extraordinárias”. Não fala de Deus, mas lembra o fermento na massa, a semente de mostarda, o sal na comida, a pequena Belém, os desconhecidos José e Maria. Quanta coisa extraordinária que brotou daquilo que parecia insignificante. Podemos até pensar na força das pequenas comunidades eclesiais missionárias. O livro do Eclesiástico é um “livro de resistência capaz de reavivar a memória histórica de um povo, desmascarando a linguagem e ideologia dos opressores” (José Bortolini). Para tanto, recolhe os saberes do povo que são extremamente reveladores. Do povo da roça se refere à peneira e à árvore: “Quando a gente sacode a peneira, ficam nela só os refugos”; “O fruto revela como a árvore foi cultivada”. Da realidade urbana o artesão: “O forno prova o vaso do oleiro”. E conclui: “Não elogies a ninguém antes de ouvi-lo falar: pois é no falar que o homem se revela”. É uma crítica à linguagem de tapeação empregada pelos que se impunham

com um discurso agradável e promessas enganadoras. A gente costuma dizer que as aparências enganam. O importante é ir peneirando para ver se não ficam só os refugos, observar se, como uma árvore, produzem frutos azedos ou se, como um vaso, estouram quando cobrados com mais firmeza. Tenhamos a certeza de que “o tempo da crueldade passará, o tempo dos homens mínimos passará”. “Pode um cego guiar outro cego? Primeiro tira a trave que está no teu olho para depois tirar o cisco do olho do teu irmão.” Com palavras e textos de fácil compreensão, Jesus alerta seus discípulos que queriam ser orientadores de outras pessoas, mas estavam cheios de defeitos, querendo corrigir, sendo até mesmo duros com os outros, mas maleáveis com seus próprios defeitos. São como árvores frutíferas que estão cheias de folhas, mas não passam disso, fruto que é bom não se encontra, ou pior, produzem espinhos que machucam e repelem as pessoas. Jesus fala que são hipócritas, pessoas que

continuamente estão a encontrar defeitos nos outros, mas nunca se perguntam se aquilo que detestam nos outros não se encontra, em medida ainda maior, nelas mesmas. Jesus diz que é preciso cuidar do coração, “recipiente” onde se guardam os “tesouros” que possuímos, porque a boca fala do que o coração está cheio, e, se não tiver cheio de coisas boas, “o peixe vai morrer pela boca”. Na próxima semana, vamos começar a Quaresma, tempo forte de conversão. Daremos início à Campanha da Fraternidade, que vai nos dizer que é preciso “falar com sabedoria, ensinar com amor”. Teremos a oportunidade de ver a realidade da Educação em nosso País tendo em mente aquele provérbio africano que diz: “Há coisas que só podem ser vistas a partir dos olhos de quem chorou”. E iluminados pela Palavra, num Pacto Educativo Global, avançaremos juntos “cuidando do broto para que a vida nos dê flor e fruto”. Vivamos intensamente este tempo novo que está chegando.


6 | Regiões Episcopais | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Pascom paroquial

Facebook da Paróquia

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SÉ Setor Perdizes faz formação para Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão Walter Capello Júnior

[SÉ] Na manhã do domingo, 20, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, presidiu a missa na Paróquia São Januário, Setor Brás, e deu a posse ao Padre Wellington Laurindo dos Santos como Pároco. Anteriormente, o Sacerdote atuava como Administrador Paroquial. Também concelebrou a missa o Padre João Benedictu Villano. (por Pascom paroquial)

Priscila Balbino Mariano

[BRASILÂNDIA] Dom Carlos Silva, OFMCap, deu posse ao Padre Carlos Shimura como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição, Setor Jaraguá, na noite do domingo, 20. Na ocasião, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia também apresentou o Padre Gabriel Oberle como Vigário Paroquial. (por Redação)

[BRASILÂNDIA] Na tarde do sábado, 19, na Paróquia Santa Terezinha, Setor Dom Paulo Evaristo, foi realizada a missa de abertura dos trabalhos de 2022 da Pastoral da Criança regional. Participaram a coordenadora regional, Eliana Vilarim; membros da equipe regional e líderes da Pastoral, além do doutor Nelson Arns Neumann (foto), coordenador nacional adjunto e coordenador internacional da Pastoral da Criança. (por Priscila Balbino Mariano)

[BRASILÂNDIA] No sábado, 19, aconteceu o 14° Encontro do Terço dos Homens no Santuário Nacional de Aparecida. Representantes do grupo da Paróquia Santos Apóstolos estiveram presentes naquele momento. Ao retornarem, realizaram uma caminhada pelas ruas do bairro em direção à matriz paroquial, onde foram acolhidos pelo Pároco, Padre Jaime Izidoro, e suas famílias. Houve um momento de oração e bênção com a imagem da Padroeira do Brasil. (por Pascom da Paróquia Santos Apóstolos)

[IPIRANGA] A Pastoral da Saúde da Região Ipiranga reiniciou os trabalhos na quinta-feira, 17, em reunião com os agentes da Pastoral na Cúria do Ipiranga. (por Karen Eufrosino)

Robson Francisco

[SANTANA] No sábado, 19, na Paróquia Santo Antônio de Lisboa, Setor Medeiros, Dom Jorge Pierozan presidiu a missa na qual 17 jovens receberam o sacramento da Confirmação. Concelebrou o Padre Adailton Nascimento Costa, Pároco. (por Robson Francisco)

Entre os dias 14 e 16, na Paróquia-Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Setor Perdizes, aconteceu o curso de formação para Ministros Extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC). Cerca de 200 pessoas foram recebidas pelo Frei Jair Roberto Pasquali, Pároco e Reitor do Santuário. Os assuntos tratados em cada dia foram, nesta ordem: “Fundamentação Bíblica da Eucaristia”, com o Frei José Almy Gomes, OP, Vigário Paroquial da Paróquia São Domingos; “Ensino da Igreja sobre a Eucaristia”, com o Padre Valeriano dos Santos Costa, Pároco da Paróquia Pessoal Universitária Imaculado Coração de Maria – PUC; e “Sacramento da Euca-

ristia e seu mistério”, com o Padre Helmo Cesar Faccioli, Auxiliar do Cura da Catedral da Sé, Coordenador dos Ministros Extraordinários e da Liturgia na Arquidiocese de São Paulo e na Região Sé. Durante as palestras, ressaltou-se que um MESC tem a função extraordinária e supletiva da distribuição da comunhão, a qual requer cuidados especiais neste momento de pandemia. Ele não é um voluntário, mas, sim, escolhido, e precisa já ter desenvolvido outras atividades na comunidade, por, pelo menos, seis anos. Somente os MESCs que participaram dessas formações realizadas em cada setor pastoral poderão exercer seus ministérios. Cada pároco deve enviar a carta ao Bispo com os nomes dos ministros extraordinários que vão atuar na Paróquia.

[BELÉM] Na manhã do dia 12, os membros das comunidades do Setor Vila Alpina se reuniram na Paróquia São Pedro Apóstolo, no Jardim Independência, para a retomada das atividades conjuntas. O tema “Sinodalidade e Colegialidade” foi apresentado pelo Padre Edélcio Ottaviani. Também se destacou a importância da formação continuada dos membros de pastorais e se decidiu que estas sejam realizadas em unidade entre todas as paróquias. Em seguida, foram definidas as datas das reuniões que ocorrerão durante o ano. (por Kleyton Gustavo de Rezende)

[SÉ] Entre os dias 18 e 20, aconteceu no Santuário Nacional de Aparecida a 14ª Romaria Nacional do Terço dos Homens. Na ocasião, o Grupo do Terço dos Homens da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Paulistano, foi representado pelos senhores Ezequiel, Júlio e Valter. O grupo foi formado no começo de 2018 e hoje conta com 32 participantes, com reuniões semanais (presencial e on-line) todas as sextas-feiras, às 19h15. Interessados em participar podem entrar em contato pelo WhatsApp da Paróquia: (11) 99821-4141. (por Rogério Nakamoto)

WALTER CAPELLO JÚNIOR

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Rogério Nakamoto

Reprodução da internet

[SÉ] Com o intuito de reativar o grupo de jovens da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Paulistano, no Setor Jardins, aconteceu um primeiro encontro no sábado, 19, às 10h, com a participação de 19 jovens, sendo três convidados de um grupo de jovens já atuante em outra comunidade e que partilharam suas experiências. Os interessados em participar podem entrar em contato pelo telefone (11) 30830033 ou (11) 99821-4141. (por Rogério Nakamoto)

[SÉ] No dia 15, Dom Carlos Lema Garcia concedeu entrevista no programa “Gente de Fé”, da TV Canção Nova, apresentado pelo Padre Anderson Marçal. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé descreveu sua trajetória de vida, desde sua origem como membro de uma família muito católica, até os dias atuais, destacando os momentos mais relevantes que o fizeram seguir o caminho do sacerdócio e, hoje, do episcopado. (por Centro de Pastoral da Região Sé)


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| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

LAPA Dom José Benedito Cardoso preside missa de abertura do ano pastoral

Comportamento Solidariedade: princípio social Benigno Naveira

BENIGNO NAVEIRA

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Na tarde do sábado, 19, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, com grande presença de fiéis, religiosas, religiosos, membros de movimentos e agentes de pastorais das paróquias, realizou-se a missa em ação de graças pela abertura do ano pastoral da Região Lapa, presidida por Dom José Benedito Cardoso e concelebrada por padres atuantes na Região. Ao saudar os participantes no

começo da missa, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa lembrou que todos os que ali estavam têm atividades pastorais e que no decorrer dos serviços nem sempre é possível acertar, há falhas, e necessitam do perdão de Deus e dos irmãos. De igual modo, é preciso que cada pessoa compreenda a falha do próximo. “Todos nós necessitamos desse jeito, desse olhar, desse comportamento misericordioso, que o Senhor Jesus nos ensinou: sede misericordiosos com também vosso Pai é misericordio-

so, não julgueis e não sereis julgados, não condenais e não sereis condenados, perdoai e sereis perdoados”, disse Dom José, destacando que sempre é preciso confiar na misericórdia do Senhor. Na homilia, o Bispo lembrou que a terceira etapa do sínodo arquidiocesano será reiniciada este ano, e que a abertura da assembleia sinodal ocorrerá em maio. Dom José refletiu ainda que todos são Igreja. “A Igreja sinodal é anúncio e testemunho do Evangelho por todos nós, filhos de Deus”, concluiu.

Lene Zuza

Pascom paroquial

[LAPA] No sábado, 19, em missa na Paróquia Nossa Senhora do Líbano, Setor Pirituba, foram comemorados os 25 anos de sacerdócio do Padre José Antônio Filho, Pároco, em missa concelebrada pelo Padre Pedro Cardoso, Pároco da Paróquia São Tomás More, Setor Rio Pequeno. (por Pascom paroquial)

[SANTANA] No domingo, 20, Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Paróquia Santa Rosa de Lima, Setor Tremembé, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana falou aos crismandos sobre a importância dos padrinhos e madrinhas em suas vidas e o quanto é preciso escolhê-los bem; e a estes explicou o quanto são importantes na vida dos afilhados, devendo apoiá-los sempre. Concelebrou o Padre Roberto Fernando Lacerda, Pároco, assistidos pelos Diáconos Pedro Domenico Bruno e Leandro Pereira Duarte. (por Coordenação Pascom Setor Tremembé)

[LAPA] Na manhã do domingo, 20, na Paróquia Santo Alberto Magno, no Jardim Bonfiglioli, Setor Butantã, realizou-se o rito de nomeação dos acólitos, na missa presidida pelo Padre Antonio Francisco Ribeiro, Pároco.

CRISLEINE YAMAJI A Doutrina Social da Igreja atribui à solidariedade o caráter de princípio social. E assim também a reconhece o Direito, um princípio social sob o prisma constitucional dos direitos fundamentais e dos objetivos da República Federativa brasileira. Como princípio social previsto na Doutrina Social da Igreja, a solidariedade tem foco na interdependência e cooperação entre seres humanos, na sociabilidade e na igualdade em dignidade e em direitos. Como princípio jurídico, afeta todas as relações e ramos do Direito Privado e do Direito Público, inclusive relações entre pessoas comuns, relações familiares ou relações da pessoa com o Estado e estruturais internas do próprio Estado. A solidariedade é um meio de realização de Justiça Social. Caracteriza-se como um paradigma nas relações humanas e sociais, especialmente para o enfrentamento de desequilíbrios e desigualdades sociais. E condena formas de exploração do outro e de corrupção própria, pessoal ou de Estado. Nesse contexto de interdependência social, faz-se necessária uma posição constante de combate a situações de desigualdades, a partir de um enfoque ético, jurídico e social. Por isso, fala-se em uma solidariedade ético-social, a qual começa nas relações de afeto, familiares e comunitárias. Como se nota, é algo bastante próximo ao ser humano em seu dia a dia, o que exige sua busca por efetividade nos pequenos atos cotidianos. De todo modo, se a solidariedade permeia as relações humanas, permeia também o desenvolvimento social, a partir de uma melhor organização estrutural e institucional; move-nos para a transformação de estruturas, envolvendo-nos em um contexto de atuação sempre em prol do bem comum. Por meio da efetividade desse princípio, além das pequenas relações humanas e familiares, busca-se também uma corresponsabilidade na construção social. Assim, indica nossa Constituição federal ao incluir, entre os objetivos fundamentais, a construção de uma “sociedade livre, justa e solidária”, somada a outros objetivos de garantia do desenvolvimento, erradicação da pobreza e promoção do bem de todos, sem qualquer forma de discriminação.

(por Benigno Naveira)

Crisleine Yamaji é advogada, doutora em Direito Civil e professora de Direito Privado. E-mail: direitosedeveresosaopaulo@gmail.com

Você Pergunta Quem consome bebida alcoólica pode comungar? PADRE CIDO PEREIRA

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O autor da pergunta preferiu não se identificar, mas está com a seguinte dúvida: “Se a pessoa bebe, ela pode receber a hóstia consagrada?”. Meu irmão, sua pergunta é interessante e pode ser entendida de várias

maneiras. Vamos lá! 1. Uma pessoa que bebe pode comungar? Se ela bebe socialmente e não é alcoólatra, claro que ela pode comungar. Não podemos nos esquecer de que na última ceia foi servido vinho. Se não, como poderia Jesus ter tornado o vinho seu sangue? 2. O alcoólatra pode comungar? Eu pen-

so que se ele não faz esforço algum para viver com sobriedade, ele não vai poder comungar, particularmente se ele estiver fazendo sofrer pai, mãe, esposa e filhos. Que peça a Deus e se esforce por sua libertação. 3. Após a comunhão pode beber? Sim, desde que haja um tempo entre a recepção do Corpo e Sangue de Jesus e a

ocasião na qual serão servidas bebidas alcoólicas. Vale a pena e é sinal de respeito discernir e deixar o coração decidir se vai beber ou não. E vale lembrar que o vinho provém da uva. Oferecê-lo com respeito e amor aos entes queridos, com o cuidado para não se tornar um vício, é o caminho que todos devem seguir.


8 | Fé e Vida/Regiões Episcopais | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 |

Fé e Cidadania Metaverso católico FABIO GALLO Se você pudesse escolher entre a dura realidade ou viver melhor no mundo virtual, qual a sua opção? Esta questão está sendo colocada para todos nós. A possibilidade de escolha entre os dois mundos está se tornando realidade. A possibilidade de viver on-line, combinando realidade virtual, realidade aumentada, internet é conhecida como metaverso. O assunto teve muita repercussão desde outubro de 2021, quando foi anunciado que o Facebook mudou seu nome para “Meta”. Metaverso é um conceito trazido por Neal Stephenson, que em 1992 lançou seu romance intitulado “Snow Crash” (“Nevasca”, São Paulo: Aleph, 2008). Na sua narrativa, os humanos interagem em um ambiente completamente digital, onde a aparência de cada indivíduo é construída como desejada e se pode viver em imóveis digitais tão valiosos quanto os da vida real. Essa ideia, hoje, é realidade. No metaverso, todas as pessoas podem consumir ou investir dinheiro nesse ambiente virtual, por exemplo, comprando imóveis. É isso mesmo. Qualquer um pode comprar uma casa no local desejado. Uma casa digital que pode ser visitada, ter festas, servir para encontros com os amigos. Sem dúvida, o metaverso aparece como uma das coisas mais empolgantes dos últimos tempos e em que muitos estão embarcando para não perder oportunidades, mas ainda é um campo que está em sua primeira infância. O fato é que as pessoas estão investindo dinheiro “real” no mundo “virtual”. Mais que isso: investindo tempo, crenças, ideias... vida no mundo virtual. Essa situação tem levado algumas pessoas a uma nova maneira de ser ou, talvez, de parecer católico. Para o bem ou para o mal, no metaverso nós podemos ser quem quisermos, falar o queríamos, ter a aparência desejada, nos encontrarmos com pessoas que tenham a mesma opinião que a nossa e com o escudo do anonimato. Isso traz um novo significado para a paróquia. Antes da pandemia, as pessoas escolhiam as paróquias de acordo com o local, a comunidade, o pároco e como a liturgia era realizada. No novo ambiente, a comunidade perde a força, o que interessa é o horário para “participar” da missa. O que provoca mudanças é a homilia e outras questões de como a liturgia está sendo conduzida. Agora temos a “paróquia virtual”. Esse ambiente virtual, entretanto, não permite a participação ativa dos fiéis, como preconiza o Concílio Vaticano II: “É por isso que a Igreja se esforça empenhadamente para que os fiéis cristãos não assistam a este mistério da fé como espectadores estranhos ou mudos, mas que, compreendendo-o bem nos seus ritos e preces, participem consciente, ativa e piedosamente na ação sagrada, sejam instruídos pela Palavra de Deus, se alimentem à mesa do Corpo do Senhor, deem graças a Deus; oferecendo a hóstia imaculada, não só pelas mãos do sacerdote, mas, também, em união com ele, aprendam a se oferecer a si mesmos e, por Cristo mediador, dia a dia sejam consumados na unidade com Deus e entre si, para que finalmente Deus seja tudo em todos” (Sacrosanctum concilium, SC, 48). Por outro lado, podemos ver a liturgia como o nosso próprio metaverso. A Liturgia terrena é antecipação da Liturgia celeste (SC, 8). Mas, diferentemente do ambiente virtual, na liturgia temos contato real com o sagrado. Além do que o recebimento de sacramentos não é possível virtualmente, somente com a presença física. O futuro nos dirá como aproveitar a nova era digital. O mundo virtual nos propõe uma vida sem dores e feliz, mas a linha entre sonhos utópicos e ilusões perigosas é muito tênue. Fabio Gallo é professor da Fundação Getulio Vargas (FGV-SP); e ex-docente da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

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LAPA Padre João Deschamps: 30 anos de dedicação à Igreja e ao serviço do povo Benigno Naveira

BENIGNO NAVEIRA

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Padre João Carlos Deschamps de Almeida, Vigário-Geral Adjunto da Região Episcopal Lapa e Pároco da Paróquia Santo Antônio de Pádua, na Vila Universitária, Setor Rio Pequeno, rendeu graças a Deus pelos 30 anos de sacerdócio, no domingo, 20, em missa presidida por Dom José Benedito Cardoso. Concelebrou o jubilando, assistidos pelo

Diácono Permanente Claudio Bernardo. Na homilia, Dom José Benedito destacou o trabalho do Padre Deschamps e seu empenho pela evangelização a partir da Paróquia. Padre Deschamps, antes da bênção final, falou sobre seu sacerdócio: “Nestes 30 anos de ordenação sacerdotal, agradeço primeiramente a Deus o dom da vida, a este chamado de Deus, aos meus pais e familiares, que me apoiaram nessa caminhada, nessa vocação que começou como Josino Monteiro

coroinha, depois acólito. Aos 17 anos, entrei para o seminário menor. No dia 15 de fevereiro de 1992, aconteceu a minha ordenação sacerdotal. Agradeço também às comunidades por onde passei, sendo que a minha primeira Paróquia foi a São José, em Carinhanha (BA), onde trabalhei como missionário. Agradeço à Arquidiocese de São Paulo, ao Cardeal Scherer, aos bispos, a Dom José Benedito Cardoso a acolhida e a toda a comunidade que também me acolheu”.

SÉ Setor Paraíso promove dias de estudo sobre a CF 2022

[BRASILÂNDIA] No dia 15, Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, deu posse ao Padre Carlos Alves Ribeiro como Pároco da Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, Setor Freguesia do Ó. Entre os concelebrantes da missa esteve Dom Eduardo Malaspina, Bispo Auxiliar da Diocese de São Carlos (SP). Aos fiéis, o novo Pároco destacou a acolhida com que foi recebido, e aos amigos sacerdotes mencionou a amizade e indicou a importância de os padres se ajudarem neste momento de mudanças e de pandemia. (por Eliana Lubianco) Rodrigo Fernandes

[BRASILÂNDIA] Na quinta-feira, 17, Dom Carlos Silva, OFMCap, deu posse ao Padre Orisvaldo Carvalho como Pároco da Paróquia Cristo Rei, na Anhanguera, Setor Perus. Até então, ele desempenhava a função de Administrador Paroquial. Na ocasião, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia apresentou à comunidade o Diácono Seminarista Alan Santos Leite, que auxiliará o Pároco nas atividades na igreja matriz e nas Comunidades São Mateus, Santo Oscar Romero, São Francisco e Santíssima Trindade. (por Rodrigo Fernandes)

CENTRO PASTORAL DA REGIÃO SÉ Entre os dias 15 e 17, no auditório da livraria Paulinas, no metrô Ana Rosa, o Setor Paraíso realizou um momento de estudo sobre a Campanha da Fraternidade de 2022, com o tema “Fraternidade e Educação” e o lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26). O encontro teve como referência o texto-base da CF 2022. No primeiro dia, a assessoria foi do biblista e teólogo Carlos Vasques, que aprofundou o “escutar”, a partir de Jo 8,1-11. “Precisamos construir um novo humanismo que coloque a pessoa como foco da Educação. Aprendermos a olhar o mundo com os olhos de Deus”, disse. Na segunda noite, a assessoria foi do teólogo Rogerio Silva, que atua como ministro da Palavra na Paróquia Nossa Senhora Mãe e Rainha, na Região Brasilândia, que aprofundou o “Discernir”, destacando que “o discernimento deve partir sempre da Palavra de Deus”, destacando a importância da família, da escola e da Igreja. A assessora da última noite foi Márcia Mathias de Castro, que atua na escola Fé e Política da Região Belém, e discorreu sobre o tema do “agir”. Ressaltou os ensinamentos do Papa Francisco para “sermos uma Igreja em saída” e a necessidade de criarmos redes de comunhão e de participação, de trabalharmos numa “política” que busca o bem comum. A coordenação dos trabalhos foi do Padre Mário Pizetta, Coordenador do Setor Paraíso. (com informações de Rami Borba)


| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Regiões Episcopais/Geral | 9

BELÉM 130 marmitas são distribuídas em ação caritativa da Paróquia São José do Maranhão Paróquia São josé do maranhão

FERNANDO ARTHUR

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Pessoas em situação de rua próximas à matriz da Paróquia São José do Maranhão, no Tatuapé, receberam doações de marmitas no dia 12, iniciativa que marcou a retomada das atividades de ação caritativa da Paróquia. “No Evangelho, as bem-aventuranças se dirigem aos pobres, aos que têm fome, aos que choram, aos que são perseguidos. Propõem uma verdadeira libertação e plenitude vindoura, pois depositaram no Senhor toda a sua esperança (Sl 24,20)”, recordou o Padre Ar-

BRASILÂNDIA Pastoral da Comunicação realiza reunião ampliada TAÍSE CORTÊS

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

A Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Brasilândia realizou, na tarde do sábado, 19, na Paróquia Santos Apóstolos, uma reunião ampliada com todos os seus agentes. O objetivo foi apresentar o plano de ação previsto para este ano. Foram estabelecidos grupos de trabalho de acordo com os eixos propostos pelo Diretório de Comunicação – Documento 99 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB): formação, articulação, produção e espiritualidade, que também são dimensões do projeto nacional da Pascom. Os três grandes temas prioritários desses eixos e que surgiram na assembleia regional de comunicação, feita em 2021, são: estudo do

Diretório de Comunicação; criação de textos jornalísticos; e mídias sociais. Foi realizada também uma reflexão sobre a identidade desta Pastoral frente às paróquias e comunidades; percepção do que vira notícia; e notícia sobre a vida da comunidade. Para finalizar, houve um momento de espiritualidade, recordando a vida do Beato Carlo Acutis (1991-2006), que levou o Evangelho ao mundo por meio da internet e das mídias digitais. Com bênção final proferida pelo Padre Evander Bento Camilo, Assessor do Setor São José Operário, todos os agentes de Pascom foram exortados a trabalhar unidos, como membros de um só corpo, sendo importante ser e estar no trabalho pastoral para comunicar o Evangelho com sabedoria e responsabilidade. Catedral da Sé

lindo Teles, Pároco, que foi ao encontro dos mais necessitados, juntamente com os fiéis da Paróquia. Ao todo, houve a distribuição de 130 marmitas. O Padre ressaltou que as obras de caridade, sejam como iniciativas pessoais, sejam como serviço às pessoas débeis, oferecidas nas grandes instituições, não podem se reduzir a um gesto filantrópico, mas devem ser sempre uma expressão tangível do amor providencial de Deus. O Sacerdote recordou, ainda, os ensinamentos de São Luís Orione: “A caridade é a melhor apologia da fé católica. A caridade arrasta, move, leva à fé e à esperança”.

Aline Imercio

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[BELÉM] No dia 13, em missa na Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração, presidida pelo Pároco, Padre Reuberson Ferreira, MSC, houve o envio das Irmãs Luci Jane e Fabilene, da Congregação Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração, para a missão que irão realizar na Diocese de Registro (SP). (por Fernando Arthur) Isadora Félix

[BRASILÂNDIA] Entre os dias 18 e 20, a Paróquia Imaculado Coração de Maria, Setor São José Operário, realizou retiro com as lideranças e agentes de pastorais. No segundo dia, houve missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, concelebrada pelo Pároco, Padre Dorival Ferreira, CRL; e pelo Padre Antônio, CRL. Também participaram quatro seminaristas dos Cônegos Regulares Lateranenses, que estão em visita missionária à Paróquia. A íntegra da notícia pode ser lida no link a seguir: https://cutt.ly/DPIFzEA. (por Fabrício Santos e Karina Martha)

[BRASILÂNDIA] Nos dias 19 e 20, a Comunidade Santa Teresa d’Ávila da Paróquia Imaculado Coração de Maria, Setor São José Operário, realizou em sua cozinha comunitária a preparação e distribuição de refeições para a população vulnerável atendida pela Pastoral da Criança e o grupo dos Vicentinos. Tanto a doação quanto a distribuição dos alimentos foram realizadas em parceria com o Instituto IBEP, o Coletivo Sankofa e a Associação dos Moradores do Alto da Vila Brasilândia (AMAVB), totalizando cem marmitas entre(por Marcos Rubens) gues diretamente. [BRASILÂNDIA] No dia 15, foi realizada uma ação solidária na Paróquia São Luís Maria Grignion de Montfort, no Jardim Rincão, Setor Jaraguá, em prol das famílias em situação de vulnerabilidade social do bairro. Houve a distribuição de 130 cestas básicas. Essa iniciativa é repetida mensalmente e conta com a contribuição e serviço dos paroquianos e (por Patrícia Beatriz Lopes) suas pastorais.

[SÉ] Na noite do sábado, 19, cerca de cem jovens missionários da Jornada da Aliança de Misericórdia (JAM) de São Paulo, após adoração e preparação na Igreja Nossa Senhora da Boa Morte, saíram em procissão e louvor pelas ruas do centro com o Santíssimo. A bênção com o Santíssimo ocorreu no marco zero da cidade, conduzida pelo Padre Rodrigo Elias e o Diácono Júlio Neto. (com informações de Geriane Oliveira)

[IPIRANGA] A Pastoral Familiar da Região Ipiranga promoveu no domingo, 20, a primeira reunião em preparo ao encontro Jesus o Bom Pastor, para casais em nova união. A coordenação e animação foi de Joselito Papa e Sidinéia Torres. O encontro está previsto para os dias 23 e 24 de abril, na Paróquia Imaculada Conceição. (por Maria Leonice Marianinni)

Catedral passa por ação solidária de limpeza REDAÇÃO

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Quem esteve recentemente na Catedral da Sé se deparou com o templo mais bem higienizado. Isso porque, entre os dias 14 e 18, cerca de 20 profissionais participaram de uma ação de limpeza, removendo a sujeira do piso e das colunas, feitos em granito, bem como da fachada. A iniciativa solidária foi conduzida pela Fundação da Unidade de Formação do Mercado de Limpeza Profissional (Fundação UniAbralimp), em conjunto com as empresas de limpeza profissional Tufann,

Spartan do Brasil, Asservo, Grupo Opção, LocLav, Certec, Bralimpia, Loca Tudo, Kärcher e Grupo Limber, afiliadas à Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp). De acordo com David James Drake, presidente do Conselho Curador da Fundação UniAbralimp, “as empresas de limpeza profissional envolvidas doaram máquinas, equipamentos, produtos e o serviço de limpeza para tornar possível essa iniciativa. Por isso, agradeço muito a todos os envolvidos”. As torres e vitrais, bem como as laterais e teto do templo, não foram limpos nesta ação.

A Fundação UniAbralimp (https://www.uniabralimp.org.br) é um centro nacional de excelência em conhecimento e formação em limpeza profissional, instituída pela Abralimp em 2021, com o objetivo de oferecer cursos e treinamentos nas modalidades on-line, presencial e videoaulas para o setor de limpeza profissional e todos os segmentos que demandam serviços de higienização. No ano passado, a Fundação já havia doado itens de limpeza e higienizado o complexo histórico-cultural-religioso do Pateo do Collegio. (Com informações da Abralimp e TV Canção Nova)


10 | Reportagem | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 |

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Papa aponta a proximidade com Deus, com o bispo e com os irmãos como pilares para um sacerdócio fecundo Vatican Media

FERNANDO GERONAZZO

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“Por uma teologia fundamental do sacerdócio” foi o tema do simpósio internacional realizado entre os dias 17 e 19, na Sala Paulo VI, no Vaticano. Promovido pela Congregação para os Bispos e pelo Centro de Pesquisa e Antropologia das Vocações, o evento reuniu membros de dicastérios da Cúria Romana, sacerdotes, bispos e superiores de institutos de vida consagrada para aprofundar a reflexão sobre temas como “Tradição e novos horizontes”, “Trindade, missão, sacramentalidade” e “Celibato, carisma, espiritualidade”.

MUDANÇA DE ÉPOCA

O simpósio foi aberto pelo Papa Francisco, que, em seu discurso, partiu de sua experiência pessoal de mais de 50 anos de sacerdócio para falar da vocação. O Pontífice afirmou que, em um tempo de “mudança de época”, os sacerdotes devem aprender a responder ao desafio, não recuando para o passado, buscando “uma espécie de proteção contra riscos”; nem por um “otimismo exagerado” que ignora as dificuldades da mudança. Em vez disso, afirmou ainda, “prefiro a resposta nascida de uma aceitação confiante da realidade, ancorada na sábia e viva Tradição da Igreja, que nos permite ‘ir ao fundo’ sem medo”. O Santo Padre concentrou sua reflexão nos “pilares da vida sacerdotal”: proximidade com Deus, com o bispo, com os irmãos sacerdotes e com o povo de Deus. O Bispo de Roma insistiu que os padres são chamados, acima de tudo, à proximidade com Deus, o que os ajuda

Pontífice ressalta que os padres são chamados à proximidade com Deus, o que os ajuda a ‘atrair toda a força necessária para seu ministério’

a “atrair toda a força necessária para seu ministério”. Ao se aproximarem de Jesus, os sacerdotes experimentam com Ele alegrias e tristezas, precisamente porque confiam não na própria força, mas na que vem do Senhor. Essa proximidade deve ser nutrida pela oração e pela contemplação silenciosa de Deus. Ao mesmo tempo, leva os sacerdotes a se aproximarem de seu povo, que, por sua vez, os aproxima de Deus.

COMUNHÃO E UNIDADE

Aproximar-se do bispo, salientou Francisco, significa aprender a ouvir, reconhecer a vontade de Deus na obediência ao outro e no relacionamento com os outros. O bispo, disse ele, é um vínculo que estabelece e preserva a Igreja na unidade. “É precisamente a partir da comunhão com o bispo que surge um terceiro víncu-

lo de proximidade: a fraternidade”, acrescentou o Papa, referindo-se à amizade entre os padres unidos no presbitério. Essa fraternidade sacerdotal envolve “escolher deliberadamente buscar a santidade junto com os outros, e não por si mesmo”.

DOM DO CELIBATO

Francisco sublinhou que só “aqueles que procuram amar estão seguros” e reforçou que, onde existe a fraternidade sacerdotal e há laços de verdadeira amizade, ali também é possível viver com mais serenidade a escolha celibatária. “O celibato é um dom que a Igreja latina guarda, mas é um dom que, para ser vivido como santificação, requer relações saudáveis, relações de verdadeira estima e verdadeiro bem que encontrem suas raízes em Cristo. Sem amigos e sem oração, o celibato pode se tornar um fardo insuportável e um contratestemunho

Sinal do Cristo que derrama a graça Na homilia da missa de conclusão do evento, no sábado, 19, o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, inspirou-se na Palavra de Deus para refletir sobre a figura e o papel do sacerdote, recordando que o presbítero “é um sinal” de Cristo que “derrama graça, antes de tudo quando celebra a Eucaristia, fonte e ápice de toda a vida cristã. Este é o seu grande poder, que só pode ser recebido no sacramento das ordens sacerdotais”, disse. Na Eucaristia e na Confissão, “está o coração da sua identidade exclusiva”. Ao falar sobre a identidade sacerdotal, o Cardeal Parolin destacou que, na vida do padre, não é possível separar os momentos em que se está com Jesus ou com o povo. “O sacer-

dote está sempre com Jesus, mesmo realizando uma dimensão fundamental de sua própria identidade: viver com seus irmãos, uma característica especialmente peculiar ao sacerdote diocesano, que o Concílio Vaticano II chamou de ‘caridade pastoral’”, afirmou, recordando as palavras do Papa Francisco: “O sacerdote é um contemplativo da Palavra e também um contemplativo do povo”. “Como disse também São Paulo VI, o sacerdote ‘aprende com todos os seus irmãos a saber ler a mensagem de Deus nos acontecimentos’”, completou o Secretário de Estado.

FIDELIDADE AO ESSENCIAL

O Bispo Auxiliar de Milão, na Itália, Dom Paolo Martinelli, ava-

liou positivamente o simpósio. Ele afirmou ao Vatican News que o evento ajudou a aprofundar a reflexão sobre a dimensão vocacional do sacerdócio. O Prelado acrescentou que se sentiu confortado pelo discurso do Papa. “Não precisamos de coisas estranhas para viver a relação com o Senhor e não são necessários projetos grandiosos para viver o sacerdócio. Precisamos de fidelidade aos aspectos mais simples da vida sacerdotal, como a oração, a celebração, o silêncio, o cultivo de amizades sadias com os irmãos e, sobretudo, aquela imanência real ao povo de Deus”, destacou, completando que basta “andar com alegria na tarefa que o Senhor nos confiou”. (FG)

da própria beleza do sacerdócio”, afirmou o Papa.

COM O POVO

O Santo Padre descreveu a relação dos sacerdotes com o povo de Deus não como um dever, mas uma graça. “Por esta razão, o lugar próprio de cada sacerdote é no meio do povo, em estreita relação com os outros.” No entanto, Francisco insistiu que isso significa estar envolvido em suas “vidas reais”, em vez de se protegerem das dificuldades e misérias das pessoas. O Papa pediu aos sacerdotes que imitem o estilo de Jesus, Bom Pastor, fazendo-se próximos, com “compaixão e ternura”. Por fim, o Pontífice afirmou que “as formas de proximidade que o Senhor exige não são um fardo a mais: são um dom que Ele nos dá para manter viva e fecunda a nossa vocação”.

Abusos: pesar e reparação O simpósio internacional também tratou dos casos de abusos sexuais praticados por clérigos, enfatizando a importância de reconhecer com humildade esse mal que também assola sacerdotes, buscando aprimorar cada vez mais os mecanismos de penalização como também de prevenção de tais crimes. O Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos, indicou um caminho necessário a ser seguido para enfrentar esse mal: continuar pedindo perdão. “Esta ocasião é propícia para expressar nosso sincero pesar e pedir perdão às vítimas, que sofrem por suas vidas destruídas por comportamentos abusivos e criminosos, o que permaneceu por muito tempo escondido e tratado com leveza, pela vontade de proteger a instituição e os culpados em vez das vítimas.” (FG)


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| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Com a Palavra | 11

Dom Odilo Pedro Scherer

Em Roma, Cardeal destaca a atenção do Papa para com a Igreja na América Latina L’Osservatore Romano/Vatican Media

FERNANDO GERONAZZO

osaopaulo@uol.com.br

Em entrevista ao O SÃO PAULO, diretamente de Roma, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, fala sobre os principais compromissos da viagem iniciada na quinta-feira, 17. O principal destaque do programa foi a visita da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) a diversos organismos da Santa Sé, concluída com uma audiência do Papa Francisco no sábado, 19. Primeiro Vice-presidente do Celam, Dom Odilo relatou que a longa conversa com o Pontífice se concentrou na partilha das experiências da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, e na reestruturação do conselho episcopal e sua participação no caminho sinodal proposto pelo Papa. Confira.

O SÃO PAULO – Qual foi o propósito dessa viagem a Roma? Cardeal Odilo Pedro Scherer – Desde o dia 16 de fevereiro passado, os membros da presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano estiveram em visita à Santa Sé para uma visita regular ao Papa e seus colaboradores, com o objetivo de relatar sobre a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, realizada em novembro de 2021, para tratar das reformas do Celam e da preparação do Sínodo universal, com o tema “Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Quais foram os principais encontros realizados na Cúria Romana? Foi um programa repleto de contatos e reuniões com o Papa Francisco, a Secretaria de Estado, a Congregação para os Bispos, a Comissão para a América Latina (CAL), o Sínodo dos Bispos e outros dicastérios. Fiz também diversos contatos pessoais, mais diretamente ligados a questões de interesse da Arquidiocese de São Paulo, como as congregações para os Bispos, o Clero, a Educação Católica e os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica. A consulta e o diálogo com os colaboradores imediatos do Papa para as diversas questões relativas à vida e missão da Igreja são sempre úteis e necessários. O que o senhor destaca das reuniões do Celam com a Congregação para os Bispos e a Comissão para a América Latina? A reunião teve como ponto de interesse principal a reforma do Celam, sua nova estrutura organizacional e funcional. Foram discutidos seus programas a serviço das conferências episcopais e em

função da vida e da missão da Igreja em todo o subcontinente latino-americano e caribenho. Foi destacado o serviço à colegialidade episcopal, nos princípios da solidariedade e da subsidiariedade, especialmente em relação àquelas conferências episcopais que necessitam de mais do apoio do Celam. Tratou-se também das iniciativas conjuntas entre o Celam e as conferências dos Estados Unidos e do Canadá, bem como a colaboração do Celam com a CAL e com a Congregação para os Bispos. A presidência do Celam também pediu a homologação dos novos Estatutos, já aprovados por sua assembleia em meados de 2021. E em relação ao encontro com o Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos? A reunião com o Cardeal Mario Grech, Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, foi interessante e esteve focada, sobretudo, na participação do Celam como organismo episcopal continental, na preparação do Sínodo de 2023, sobre a “Igreja sinodal”. O Sínodo dos Bispos está profundamente empenhado em suscitar o máximo de participação na atual fase de preparação do Sínodo, em todos os níveis da vida eclesial. O Cardeal Grech destacou que não se trata simplesmente de uma “preparação”, mas de uma efetiva experiência de participação no Sínodo, cuja fase final será a assembleia episcopal do Sínodo, em outubro de 2023. Mas o “Sínodo sobre a sinodalidade” já está em andamento. Prevê-se uma fase continental desse “caminho sinodal”, antes de outubro de 2023; a proposta, ainda não bem definida, é uma

assembleia eclesial sinodal da América Latina e do Caribe antes de março de 2023. Haverá, também, uma etapa nacional, no âmbito de cada conferência episcopal do continente. O que se prevê são vários “momentos sinodais” antes da assembleia do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2023. Como foi a audiência com o Papa Francisco? No dia 19 de fevereiro [sábado], o Papa Francisco nos recebeu para uma longa audiência, durante a qual lhe expusemos, em síntese, como foi a Assembleia Eclesial de novembro passado e sobre a nova organização do Celam. Francisco conhece bem o Celam e tem muito interesse no seu bom funcionamento e serviço à Igreja do continente. Destacou que não se trata de uma “superconferência episcopal”, mas de um “Conselho Episcopal”, que está a serviço das conferências episcopais e do cumprimento da missão destas. Insistiu novamente na formação dos leigos para a vida pública e na inserção da Igreja nas diversas realidades culturais e sociais do continente. Falou novamente da importância da Conferência de Aparecida, que ainda tem muito a oferecer à Igreja no continente. Em maio deste ano, comemoram-se os 15 anos da realização da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, que resultou no Documento de Aparecida. Essa pode ser mais uma boa ocasião para retomar o Documento de Aparecida, recordando as suas linhas mestras e diretrizes mais incisivas.

Além do Celam, o senhor tem compromissos com o Conselho para a Economia? No dia 23 de fevereiro [quarta-feira], antes de retornar a São Paulo, ainda devo participar, na Secretaria para a Economia da Santa Sé, da reunião do Conselho para a Economia, do qual também sou membro. O Conselho é formado por especialistas em economia, administração e finanças, entre os quais estão sete mulheres de diversas nacionalidades, e por alguns bispos e cardeais nomeados pelo Papa Francisco. Não é um organismo executivo, mas de supervisão, vigilância e proposição de diretrizes para as questões econômicas e financeiras do conjunto da Santa Sé. Entre os dias 17 e 19, aconteceu no Vaticano o Simpósio Internacional sobre o sacerdócio. O senhor participou de algum momento desse evento? Na tarde de sexta-feira, 18 de fevereiro, consegui participar um pouco do simpósio sobre o sacerdócio e as demais vocações de vida consagrada na Igreja, que acontecia na Sala de Audiências “Paulo VI”, promovido pelo Cardeal Marc Ouellet e uma fundação voltada a pesquisas sobre questões de Antropologia. Havia mais de mil participantes de todo o mundo, clérigos, religiosos e leigos. O programa foi denso de temas, com teólogos e especialistas de vários países. O temário do simpósio será em breve publicado na forma de um livro e estará acessível a todos os interessados. Também houve uma visita ao Pontifício Colégio Pio Brasileiro e aos padres estudantes? No meu programa de encontros em Roma também esteve a visita ao Colégio Pio Brasileiro, para contatos com a direção e com os padres estudantes que estão em Roma. Fiquei hospedado por alguns dias no Colégio, um lugar que me é familiar, pois também fui estudante residente no Colégio durante meus cinco anos de estudos em Roma. Com todos esses compromissos, ainda sobra tempo para visitar algo mais da ‘Cidade Eterna’? Sim, sobra sempre algum tempo para ver algo de Roma, o que não é difícil e é bem agradável, pois basta colocar o pé para fora da porta, e logo se está diante de coisas interessantes para visitar e desfrutar. Quando estou em Roma, faço minhas caminhadas pelo centro histórico no final do expediente de trabalhos e das reuniões. Roma é uma cidade riquíssima em patrimônio histórico, artístico e cultural, e seria uma pena não aproveitar para apreciar algo disso.


12 | Papa Francisco/Pelo Mundo | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 |

Mineira, Irmã Benigna tem virtudes heroicas reconhecidas Congregação das Irmãs Auxiliadoras de Nossa Senhora da Misericórdia

FILIPE DOMINGUES

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA

O processo de beatificação da religiosa mineira Benigna Victima de Jesus avançou uma etapa. Na sexta-feira, 18, o Papa Francisco reconheceu as virtudes heroicas da “serva de Deus”, que passa a ser chamada de “Venerável”. Irmã Benigna nasceu em 1907, em Diamantina (MG), e morreu em 1981, aos 74 anos, em Belo Horizonte, no mesmo estado. Conhecida por sua fé e pela caridade, a religiosa ganhou fama de santidade na igreja local e teve seu processo de beatifi-

cação iniciado em 2011, na Arquidiocese de Belo Horizonte. Ela era religiosa da Congregação das Irmãs Auxiliadoras de Nossa Senhora da Misericórdia. Seu nome de batismo é Maria da Conceição Santos. Para que avance o processo de beatificação, é preciso que a Santa Sé reconheça um milagre por intercessão da venerável Benigna. A devoção à religiosa é bastante viva nos locais onde viveu, e os relatos de graças recebidas são muitos. Ela tem fama de ter vivido grandes penas, como o preconceito racial e problemas de saúde, mas ainda se dedicou integralmente ao amparo dos mais necessitados.

Papa: ‘Somos apegados à guerra, e isso é trágico’ Em audiência aos participantes da assembleia plenária da Congregação para as Igrejas Orientais, na sexta-feira, 18, o Papa Francisco recordou a longa história de evangelização das igrejas do Oriente, historicamente marcada por muitos conflitos e pela violência. “Somos apegados à guerra, é isso é trágico”, disse o Pontífice. “A humanidade, que conta vantagem por avançar na ciência, no pensamento, em tantas coisas bonitas, retrocede no tecer a paz. Somos campeões em fazer guerra. E isso nos envergonha a todos. Temos que rezar e pedir perdão por esse comportamento”, acrescentou.

Ele mencionou os conflitos no Iraque, na Síria e no Oriente Médio como um todo, além da região do Tigray, na Etiópia – todas zonas com forte e antiga presença dos cristãos, mas duramente marcadas pela guerra. Mesmo assim, para levar adiante a missão de anunciar o Evangelho, disse, é preciso “escutar a riqueza das diferentes tradições”. Francisco elogiou a capacidade sinodal das igrejas orientais, a beleza da iconografia cristã oriental, as diferentes expressões litúrgicas e a capacidade de envolver as crianças na catequese com ensinamentos da tradição mística e monástica. (FD)

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Anuário Estatístico da Igreja aponta para aumento do número de católicos REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

A Santa Sé publicou na última semana os dados do Anuário Pontifício 2022 e do Annuarium Statisticum Ecclesiae 2020, cuja edição foi editada pelo Escritório Central de Estatística da Igreja. De acordo com os dados, os católicos batizados no mundo passaram de 1,344 bilhão em 2019, para 1,360 bilhão em 2020, um aumento de 1,2%. Comparando esses dados com a evolução da população mundial, que passou de 7,578 para 7,667 bilhões no mesmo período, observa-se que a incidência de católicos na população mundial é igual, nos dois anos, a 17,7%. Olhando para o número de católicos nas várias áreas continentais no total mundial, confirma-se a tendência de aumento do peso da África, cujos católicos passaram de 18,7% em 2019 para 18,9% em 2020 em relação ao mundo, e, por outro lado, a queda na Europa, para a qual a percentagem do total mundial cai em 2020, de 21,2% em 2019, para quase um quinto de ponto percentual. Em 2020, a América continua sendo o continente ao qual pertencem 48% dos católicos do mundo. Destes, quase 28% estão presentes na América do Sul. Finalmente, a incidência no mundo católico do continente asiático parece estar aumentando moderadamente, que, com um peso de 59% da população mundial, os católicos permanecem em torno de 11%. A incidência de católicos batizados na Oceania no total mundial permanece estável, reunindo 0,8%.

BISPOS

O número de bispos no mundo entre 2019 e 2020 passou de 5.364 para 5.363. Esta situação de queda é verificada em quase todos os continentes, com exceção do continente americano, onde houve aumento de 16. A maior concentração no total está na América e na Europa.

PADRES

No final de 2020, existiam 410.219 sacerdotes, tanto diocesanos quanto religiosos, uma diminuição de 4.117 em relação ao ano anterior. A comparação com 2019 mostra, no que diz respeito à distribuição territorial, que na América do Norte e na Europa há um decréscimo, respectivamente, de 1.114 e 4.374 padres. Por outro lado, aumentos significativos foram registrados na África (+1.004) e na Ásia (+778). Nos últimos dois anos, a Europa, embora detenha a cota mais elevada, registrou uma diminuição do número de sacerdotes no total mundial:

em 2019, mais de 168 mil sacerdotes representavam pouco menos de 41% do total do grupo eclesiástico, enquanto um ano depois caem, como já foi observado, para uma participação de 40%. A África e a Ásia, por outro lado, estão ganhando terreno ao conquistar, no geral, um percentual de quase 30% do total mundial, de 28,9% em 2019, enquanto a Oceania permanece relativamente estável em torno de uma participação de pouco mais de 1%.

DIÁCONOS PERMANENTES

Os diáconos permanentes constituem o grupo com maior evolução ao longo do tempo: de 48.238 em 2019 para 48.635 em 2020, com um aumento relativo de quase 1%. Houve acréscimo no continente americano – em 2019 eram 31.668, e, em 2020, 32.226 – e decréscimo na Europa – de 15.267 para 15.170.

RELIGIOSOS

Uma variação numérica significativa é a registrada por religiosos professos que não são sacerdotes. Em 2019, eram 50.295 no mundo e, em 2020, chegaram a 50.569. O aumento está concentrado na África (+1,1%), Ásia (+2,8%) e Europa (+4%). Entretanto, os consagrados diminuíram na América (-4%) e na Oceania (-6%). Em 2020, a incidência de religiosos não sacerdotes da África e da Ásia atingiu, em geral, a parcela de 43% do total mundial, ante 42% em 2019. O mundo dos religiosos professos mostra uma dinâmica fortemente decrescente. Globalmente, eles passam de 630.099 em 2019 para 619.546 em 2020, com uma variação de -1,7%. Em termos evolutivos, os consagrados aumentam na África (+3,2%) e Ásia (+0,2%), em comparação com uma contração na Europa (-4,1%), América (-2,8%) e Oceania (-5,7%).

SEMINARISTAS

Os candidatos ao sacerdócio passaram de 114.058 em 2019 para 111.855 em 2020. A queda é observada em todos os continentes, com exceção da África, onde houve aumento de 2,8% (de 32.721 para 33.628). A distribuição percentual dos seminaristas por continente destaca, no biênio, pequenas mudanças. África e Ásia contribuíram com 58,3% do total mundial em 2019; em 2020, sua participação sobe para 59,3%. Além do ligeiro ajuste negativo na Oceania, a América e a Europa como um todo veem sua participação diminuir: em 2019, os seminaristas americanos e europeus representavam quase 41% do total, um ano depois caíram para 39,9%. Fonte: L’Osservatore Romano


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| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Reportagem | 13

Tensões na Colômbia põem em risco comunidades cristãs UN-OCHA

AO MENOS DOIS BISPOS RELATARAM SOFRER AMEAÇAS DE GRUPOS EXTREMISTAS QUE DOMINAM ÁREAS CONSIDERADAS ROTAS DO NARCOTRÁFICO DANIEL GOMES

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Passados cinco anos da assinatura do acordo de paz entre o governo colombiano e os membros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), o país vive um cenário de violência e insegurança devido à atuação de dissidentes do grupo extremista, de membros do Exército de Libertação Nacional (ELN) e de guerrilhas que lutam pelo controle de áreas que se tornaram rotas para o narcotráfico. Pessoas de baixa renda, indígenas, membros de grupos de direitos humanos e líderes religiosos estão entre os alvos das perseguições dos criminosos. Um relatório divulgado em fevereiro pela ONG Portas Abertas reporta que líderes de igrejas e grupos cristãos que fazem oposição às atividades criminosas das Farc estão sendo vítimas de monitoramento sistemático, sequestros, ameaças, extorsões, deslocamento forçado e mortes. “Também ocorrem ataques a prédios cristãos e ameaças diretas de violência sexual e recrutamento forçado contra filhos de pastores. Essas medidas são especialmente dirigidas a cristãos que defendem os direitos humanos, pregam [a Palavra] a combatentes e civis, conduzem atividades de oração em áreas violentas e desencorajam jovens a se unir a grupos criminosos”, denuncia o documento.

CONIVÊNCIA DO EXÉRCITO COM GRUPOS PARAMILITARES

Na última semana, Dom Juan Carlos Barreto, Bispo de Quibdó e Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social da Colômbia, afirmou que sofre pressões e ameaças do Exército colombiano após ter denunciado a conivência de membros das forças públicas das regiões de Chocó e Antioquia com o Clã do Golfo, o grupo paramilitar mais poderoso do país. Em alguns lugares, conforme disse o Bispo em uma entrevista reproduzida pelo site do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), há livre circulação de paramilitares, sem qualquer resistência do Exército. Em 21 de janeiro, Dom Juan Carlos e líderes de grupos sociais enviaram uma carta ao presidente da República, Iván Duque, na qual ratificam as denúncias e pedem que o governo as reconheça e averigue se as forças de segurança ainda mantêm o controle efetivo de territórios em Chocó e Antioquia.

De 2020 a 2021, deslocamentos internos motivados pela violência aumentam 181% na Colômbia

O Bispo de Quibdó contou, ainda, que o Exército pediu detalhes sobre os modos, lugares e pessoas que têm feito as perseguições. Dom Juan Carlos disse, porém, que não apresentará tais informações por temer que isso coloque ainda mais em risco aqueles que estão sendo perseguidos. Ele assegurou que os trabalhos pastorais nos territórios ameaçados estão sendo mantidos, e que a Igreja não abandonará os que mais sofrem.

ve aumento de 181% no deslocamento interno motivado pela violência na Colômbia. Do total de deslocados, 64% fugiram após receberem ameaças diretas por telefone, panfletos e mensagens. Em se tratando apenas da região do Pacífico colombiano, o relatório aponta para uma “crise de proteção associada à presença de mais de cinco atores armados que disputam o controle territorial e social”.

DOM RÚBEN JARAMILLO: ‘CONTINUAREMOS ACOMPANHANDO O POVO’

Em 13 de março, os colombianos vão às urnas para eleger os novos membros do Congresso da República. Estão aptos a votar mais de 38,8 milhões de eleitores, que, em maio, também elegerão o novo presidente do país. Recentemente, a Defensoria do Povo divulgou um alerta sobre cenários de risco durante o processo eleitoral, em especial no Departamento de Antioquia, onde atualmente 125 municípios têm a presença e influência de grupos insurgentes armados. Na sexta-feira, 18, representantes da comunidade internacional que vivem no país, incluindo o Núncio Apostólico da Colômbia, Dom Luis Mariano Montemayor, conclamaram em um comunicado que, diante da proximidade das eleições, grupos armados declarem um cessar-fogo e que sejam respeitadas “as disposições do direito internacional humanitário para a proteção da população civil”. Também a conferência dos bispos colombianos, em uma mensagem no dia 17, externou sua preocupação com tal cenário e exortou todos os colombianos a ajudar a construir um país melhor, onde cada vez mais haja a prática da justiça, o diálogo e a fraternidade; que se respeite a vida humana em todas as etapas e expressões, bem como a família, a liberdade de consciência e o meio ambiente; e que se abandone o caminho da intolerância e da violência, “que tanto despojo, dor e morte tem deixado”. Em setembro de 2016, após mais de meio século de conflitos entre as forças estatais e as Farc, foi firmado um acordo de paz, que entrou em vigor em de-

Outro prelado que já sofreu ameaças de morte por denunciar as ações de grupos armados é Dom Rúben Darío Jaramillo, Bispo de Buenaventura, que tem sido até impedido por grupos criminosos de circular em algumas áreas de abrangência da diocese. Em coletiva de imprensa, na quinta-feira, 17, durante a assembleia geral do episcopado colombiano, Dom Rúben lembrou que não apenas em Buenaventura, mas em toda a região do Pacífico colombiano há ameaças de morte a diferentes pessoas, bem como desaparecimentos e deslocamentos forçados. “Nós, que estamos à frente dessas comunidades, sendo a voz daqueles que não podem denunciar, continuaremos manifestando nosso compromisso como povo de Deus. Não importa nossa vida. Prosseguiremos contribuindo para a construção da paz e ajudando a buscar novas saídas por meio do diálogo e entendimento entre todas as instituições”, enfatizou. “O Estado tem me dado garantias de segurança, mas o que me dói são os irmãos que estão nos rios, nos estuários, que estão caminhando pelas estradas e que veem afetadas as suas vidas e os seus territórios pelas incursões de grupos à margem da lei, aos quais nós exigimos que respeitem a vida, porque a vida é sagrada, e o único que a dá é Deus”, enfatizou o Bispo de Buenaventura. No último dia 15, o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários divulgou que no comparativo entre 2020 e 2021 hou-

PREOCUPAÇÃO COM AS ELEIÇÕES

zembro daquele ano. Pelo trato, 7 mil guerrilheiros ingressaram na vida civil e as Farc entregaram as armas e se transformaram no partido Força Alternativa Revolucionária do Comum. Entretanto, os dissidentes extremistas mantiveram as tensões no país, tendo sido registrados até setembro de 2020 ao menos 60 massacres de civis. Algumas tratativas do acordo não saíram do papel, como a erradicação dos cultivos de drogas ilegais – principal modo de financiamento das atividades guerrilheiras; os programas sociais para integrar mais de 6 mil rebeldes à sociedade civil; uma reforma agrária integral e políticas de reparação para as vítimas do conflito armado. (Com informações de CEC, Celam e Agência Brasil)

www.osaopaulo.org.br No site do jornal O SÃO PAULO, você acessa conteúdos atualizados sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente. Societas Apostolatus Catholici

Dom Odilo visita casa geral dos Palotinos em Roma https://cutt.ly/kPSL051 Conselho de Segurança da ONU faz reunião de emergência diante de tensões na Ucrânia https://cutt.ly/4PSmi9n Bispos colombianos repudiam descriminalização do aborto no país https://cutt.ly/bPSm7ba Cáritas Bangladesh oferece assistência médica gratuita a mulheres grávidas https://cutt.ly/iPSQa9d Igreja Ortodoxa Copta presta homenagem a martirizados na Líbia há 7 anos https://cutt.ly/WPSQEyY CF 2022: escolas católicas recebem auxílio com compêndio de Pastoral Escolar para a educação básica https://cutt.ly/GPSmJCw


14 | Reportagem | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 |

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Transporte público é ambiente potencial para a transmissão da COVID-19 Arquivo pessoal

SUPERLOTAÇÃO NOS ÔNIBUS, TRENS E METRÔS, ALIADA AO DESCUIDO DOS USUÁRIOS QUANTO ÀS MEDIDAS PROTETIVAS, PODE FACILITAR A DISSEMINAÇÃO DO CORONAVÍRUS CLÁUDIA PEREIRA

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Com 100% da população adulta da capital paulista já vacinada – o que corresponde a 9 milhões de pessoas – e 60,9% já tendo tomado a dose de reforço contra a COVID-19, uma certa sensação de segurança em relação ao coronavírus talvez ajude a explicar o comportamento de muitas pessoas que desrespeitam os já conhecidos protocolos de combate ao vírus, como o uso de máscaras, higienização das mãos e evitar aglomerações. E não é difícil constatar o descumprimento desses protocolos sanitários: basta utilizar os transportes públicos, superlotados em alguns horários, para observar o descuido de usuários e a falta de ação dos órgãos responsáveis para assegurar, por exemplo, um mínimo distanciamento entre as pessoas. Na última semana, a reportagem do jornal O SÃO PAULO realizou alguns percursos de ônibus, trem e metrô para observar essa realidade e conversou com usuários, motoristas, cobradores e agentes de segurança.

‘EU NÃO TENHO OUTRA OPÇÃO’

O auxiliar de limpeza Wilson de Oliveira, 51, mora no Jardim Novo Pantanal, no extremo da zona Sul da capital. Cinco vezes por semana, duas vezes por dia, ele utiliza ônibus, trem e metrô. Para chegar ao terminal de ônibus Santo Amaro, por volta das 6h, ele embarcou em um ônibus cheio e aguardava por outro em direção ao bairro Jardim Caravelas, local de trabalho daquela segunda-feira, 14. A cada dia, Oliveira trabalha em um bairro diferente. O terminal é o ponto de acesso para o sistema de transporte da cidade. Ele e a família já foram con-

Ambiente propício para a propagação do coronavírus: nos horários de pico, aglomeração nas plataformas e escadas rolantes do Terminal Barra Funda

taminados pela COVID-19 e estão com ciclo vacinal completo. “Eu não tenho outra opção de transporte. Fiquei quase um ano desempregado e preciso trabalhar. Os transportes públicos, além de serem caros, não oferecem segurança. Não existe distanciamento. As pessoas não respeitam, e eu nunca vi higienização dos ônibus”, assegura Oliveira, que demonstra preocupação em ser contaminado novamente com o coronavírus.

E A MÁSCARA?

Enquanto usuários aguardam o embarque nos ônibus com máscaras no queixo e sem distanciamento na plataforma, avisos sonoros quase inaudíveis alertam para o uso obrigatório delas. Nos telões, há informações sobre o coronavírus e dicas de prevenção. Motoristas e cobradores relatam que muitos usuários não obedecem à exigência do uso de máscara ou a usam de forma inadequada. Esse comportamento

NÃO SE DEVE DESCUIDAR DAS MEDIDAS PREVENTIVAS No início de fevereiro, a Secretaria Municipal de Saúde detectou um caso da sublinhagem BA.2 da variante ômicron. A capacidade de contaminação da ômicron em um único dia pode colapsar não só o sistema de Saúde, mas ter impacto também nas atividades econômicas. A cepa, embora apresente taxa de letalidade baixa, é altamente transmissível, e os transportes públicos contribuem para isso se todos os cuidados não forem tomados. “Nada é tão eficaz quanto a vacina para nos proteger contra a COVID-19, mas é indispensável o uso de máscaras, testagem e a higienização dos transportes públicos. Do contrário, teremos ainda muitos transtornos”, diz o infectologista Hélio Bacha, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Bacha frisa que as novas variantes surgem pelo comportamento das pessoas, a exemplo das condições a que são expostos os trabalhadores paulistanos que obrigatoriamente utilizam os transportes públicos.

é visível e não existe um critério para o tipo de máscara a ser utilizado. “Avisos e alertas aos cuidados e protocolos sanitários estão para todos os lados, mas muitos não obedecem, e quando chamamos a atenção, somos xingados”, desabafou um motorista que não quis ser identificado. Dalvina Rodrigues, 46, desloca-se do Jardim São Luiz, na zona Sul, para a zona Oeste três vezes por semana. O trajeto é feito de ônibus e de metrô. Ela se considera protegida pelas duas doses da vacina e, por isso, avalia que o uso das máscaras não deveria ser obrigatório, uma vez que a maioria das pessoas já está imunizada. Já Valdirene dos Santos, que utiliza duas conduções para chegar ao trabalho na região de Santo Amaro, diz não se sentir segura, mesmo estando com a imunização completa contra a COVID-19: “Não vejo higienização dos ônibus e observo que o risco de ser contaminada é muito alto. Os ônibus saem cheios dos bairros. Nem parece que estamos enfrentando uma pandemia”. Em alguns terminais da cidade, como o de Santo Amaro, Pinheiros e Barra Funda, a reportagem constatou que não é realizada a higienização dos ônibus no intervalo entre o desembarque e o embarque de passageiros. Também foi observado que os ônibus dos bairros aos terminais estão sempre cheios nos ho-


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rários de pico, e as pessoas ficam aglomeradas nas plataformas de acesso aos ônibus, trens e metrô.

INCERTEZAS SOBRE A CORRETA VENTILAÇÃO

A maioria dos ônibus, principalmente os articulados, possui sistema de ar-condicionado e poucos têm janelas abertas na lateral. De acordo com o engenheiro Leonardo Cozac, em qualquer ambiente fechado, com ou sem ar-condicionado, é necessária a renovação do ar: “Nós somos seres contaminantes. Liberamos micro-organismos, e a qualidade do ar precisa dos mesmos cuidados que temos com os alimentos”, alerta. Cozac e Constantino Mehlmann, também engenheiro, presidem a Associação Brasileira de Refrigeração, Ar-Condicionado, Ventilação e Aquecimento (Abrava). Eles explicam que o sistema de ar dos transportes difere dos comuns, a exemplo do split utilizado em espaços menores que não possuem filtros. O sistema adotado nos transportes é central e possui diversos filtros que ajudam na renovação do ar. Eles ressaltam que a manutenção correta do ar-condicionado é essencial para diminuir o contágio nos transportes públicos. Os engenheiros explicam que os ônibus, trens e metrôs possuem mecanismos de insuflamento forçado de ar. Por meio de dutos e ventiladores, o sistema extrai e conduz o ar externo para a máquina que o resfria, devolvendo-o em seguida para o ambiente interno. Essa mistura de ar precisa ser filtrada com frequência em razão das inúmeras partículas, pólen e outros agentes. Nos transportes coletivos, os equipamentos filtram e mantêm mais tempo as partículas virais circulando, o que explica a importância da higienização periódica. Cozac e Mehlmann comentam que a correta manutenção destes sistemas de ar não previne somente do contágio por COVID-19, mas por outros vírus de transmissão aérea nocivos à saúde.

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VAI DE TRANSPORTE PÚBLICO? ENTÃO NÃO SE ESQUEÇA! – Use máscara de forma adequada, de preferência as cirúrgicas ou PFF2 e N95; – Higienize as mãos sempre que sair do ônibus, metrô e trem. Nesses espaços, as pessoas sempre estão em contato com algumas superfícies, como, por exemplo, o corrimão das escadas; – Se possível, espere por um ônibus ou vagão que esteja mais vazio; – Ao desembarcar dos vagões do trem e do metrô, bem como do ônibus, aguarde alguns instantes para evitar aglomerações em locais como as escadarias dos terminais e estações. De igual modo, evite o uso de elevadores lotados; – Mantenha uma distância de, no mínimo, um metro e meio das pessoas nas filas de embarque; – Evite fazer refeições nos transportes públicos.

No fim de janeiro, um estudo feito pela Sociedade Brasileira de Controle de Contaminação (SBCC), feito a pedido da empresa de comunicação CNN, apontou que os transportes públicos impulsionaram a disseminação da variante ômicron do coronavírus no Brasil. Uma das principais razões apresentadas pelo estudo é que a taxa de renovação de ar no interior de ônibus, trens e metrôs é insuficiente para a eliminação das gotículas contaminadas pelo vírus. Um dos exemplos do estudo é que, em um ônibus com 45 passageiros sentados e 50 em pé, deveriam ser injetados aproximadamente 243 litros de ar novo a cada segundo, mas a taxa de renovação de ar por segundo não passa de 100 litros. A reportagem questionou alguns motoristas e cobradores de ônibus sobre a manutenção e renovação do ar no interior dos veículos. Alguns dizem que as empresas informam o que fazem, outros afirmam que nos primeiros anos da pandemia isso era realizado com frequência. Os funcionários afirmam não ter acesso às informações sobre a manutenção dos equipamentos nem a frequência com que ela ocorre.

‘NÃO EXISTE DISTANCIAMENTO’

Passava das 9h do dia 14 e a optometrista Karen de Almeida, que mora no Piqueri, zona Noroeste, aguardava a multidão subir as escadas rolantes no

terminal Barra Funda. Essa é a forma que ela encontra para fugir das aglomerações nas estações de trem e de metrô para ir ao trabalho. Ela afirma que a cada dia os trens e as plataformas dos terminais estão mais cheios. A técnica de enfermagem Joseline Silva, que mora no Capão Redondo, zona Sul, depende de um ônibus e três linhas do metrô para chegar ao trabalho, um itinerário que ela manteve mesmo nos períodos mais críticos da pandemia. “Não existe distanciamento, e os vagões do metrô estão sempre cheios. No início da pandemia, as pessoas respeitavam um pouco esse distanciamento. Agora, além de não respeitarem, tiram a máscara em qualquer lugar, comem, andam com a máscara no queixo ou com o nariz para fora. Eu ‘sinto vergonha alheia’ quando vejo alguém ser repreendido por motoristas e cobradores que pedem para as pessoas respeitarem o protocolo”, comentou Joseline, enquanto aguardava o metrô na estação Sé. Ao longo do percurso realizado pela reportagem, foi observado que, além da forma inadequada da utilização das máscaras, dificilmente as pessoas higienizam as mãos com álcool em gel. Todas as linhas do Metrô da capital possuem avisos sonoros, banners, vídeos no interior dos vagões e estações para orientar os passageiros, incluindo o desFotos: Arquivo pessoal

No Terminal Santo Amaro, zona Sul da capital, alguns usuários ignoram as medidas protetivas e não respeitam o distanciamento

taque para que as crianças também utilizem máscaras; no entanto, muitos pais não obedecem a tais normas e outros ainda as desconhecem. Os agentes de segurança, tanto da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) quanto do Metrô a todo momento abordam usuários dentro e fora dos vagões para pedir o uso das máscaras.

O QUE DIZEM OS ÓRGÃOS RESPONSÁVEIS?

A reportagem questionou a Secretaria de Transportes Metropolitanos (STM) referente às condições dos terminais e ônibus cheios e o descumprimento do protocolo sanitário, e sobre quais providências realiza para evitar as aglomerações. Não houve respostas até a finalização da reportagem. Já a São Paulo Transporte S/A (SPTrans) informou que a frota de ônibus sempre esteve acima da demanda durante toda a pandemia. Atualmente, a frota operacional é de 97,73% nos bairros mais afastados do centro e de 91,19% em toda a cidade, para uma demanda de 74% de pessoas em comparação com o período anterior à pandemia. Com referência à transmissão da COVID-19, a SPTrans afirma que, nos transportes públicos, o inquérito sorológico realizado pela Prefeitura mostra que a proporção de pessoas infectadas que saem de casa para trabalhar ou realizar outras atividades essenciais é menor em relação a quem sai para locais e atividades não essenciais, independentemente do meio de transporte ou da forma de deslocamento. Também mencionou que o avanço da vacinação na cidade de São Paulo possibilitou que a população imunizada retomasse as atividades e a utilização do transporte público. A SPTrans afirma também que adotou uma série de medidas preventivas em relação à COVID-19, como a higienização dos veículos e dos terminais, inclusive com equipamento automatizado, além do uso obrigatório de máscara no interior dos coletivos. Com relação à renovação do sistema de ar-condicionado, a empresa assegura que atende à legislação e normas exigidas a padrões técnicos. O sistema conta com dupla filtragem do ar e deve assegurar, a cada três minutos, a troca do ar que circula no veículo conforme previsto em norma. Além disso, o equipamento passa por limpeza/higienização periódica, a cada cinco meses, de vários componentes.


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Em Petrópolis (RJ), Igreja dá amplo apoio às vítimas da tragédia Tânia Rêgo/Agência Brasil

DANIEL GOMES

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“Que o nosso coração jamais se esqueça dos que se foram e jamais se esqueça dos que hoje permanecem entre nós sem lar, sem grandes possibilidades. Cada um de vocês e eu somos a possibilidade desse povo que pede a nossa presença.” A exortação foi feita por Dom Gregório Paixão Neto, OSB, Bispo da Diocese de Petrópolis (RJ), na segunda-feira, 21, durante a missa de sétimo dia em sufrágio da alma dos falecidos na tragédia que se abateu sobre a cidade fluminense, no dia 15, após fortes chuvas que provocaram enxurradas e desmoronamentos. Até a manhã da terça-feira, 22, já haviam sido confirmadas 182 mortes e as buscas por 89 desaparecidos prosseguiam, segundo informações da Secretaria de Estado de Polícia Civil (Sepol).

CHAMADO À SOLIDARIEDADE

Dom Gregório presidiu a missa na Paróquia Santo Antônio do Alto da Serra, local em que desde as primeiras horas após a tragédia famílias desalojadas foram acolhidas. Ao todo, 240 pessoas estão nos salões da igreja e recebem – além de alimentação –, acompanhamento psicológico, médico e orientações para a obtenção de benefícios sociais a que têm direito. Essa paróquia, assim como outras na cidade de Petrópolis, também é ponto para o recebimento de doações de alimentos, água, roupas, colchões e itens de higiene e limpeza. O próprio Bispo e padres por ele designados têm participado de reuniões com as autoridades estaduais e muni-

Voluntários organizam doações recebidas em paróquia perto de área afetada em Petrópolis (RJ)

cipais para pensar ações emergenciais e futuras em prol do bem-estar da população da cidade. “Que nenhum de nós sofra daquilo que tenho chamado de ‘síndrome do céu azul’, o que significa que as nuvens vão se dissipar e, logo, logo, Petrópolis ficará com o céu como nós o conhecemos, profundamente azul, mas as nuvens não podem levar a lembrança e a responsabilidade que todos devemos ter por aqueles que durante meses terão de ser sustentados, acalentados. Naturalmente para estes, devemos providenciar o melhor possível, para que não apenas a vida possa voltar ao normal, mas para que possa ser feliz, apesar das dificuldades que encontrarmos ao longo do caminho”, ressaltou Dom Gregório na homilia. O Bispo também enfatizou que Deus não deseja a morte nem a miséria de ninguém e que muitas pessoas que vivem em locais de risco o fazem por falta de melhores opções.

Em carta na quinta-feira, 17, o Prelado enfatizou que “a Igreja que está em Petrópolis, ao ver a lágrima na face dos seus filhos e filhas, tem procurado, com a ajuda de muitos, prestar todo tipo de suporte possível: material, médico, psicológico e sobretudo espiritual, iluminando o vale tenebroso do medo e da morte com a brilhante luz que emerge de Jesus Ressuscitado”. No domingo, 20, em todas as igrejas da Diocese houve um dia de oração pelas vítimas da tragédia das chuvas, com as missas sendo celebradas na intenção dos atingidos e em sufrágio dos falecidos.

PROXIMIDADE DO PAPA

Na sexta-feira, 18, foi divulgado que o Papa Francisco enviou um telegrama a Dom Gregório, assinado pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, no qual manifesta “profundo pesar pelas trágicas consequências do deslizamento de terras nessa

cidade” e transmite às famílias das vítimas “as suas condolências e a sua participação na dor de todos os enlutados ou despojados de seus haveres. Pedindo a Deus Pai de misericórdia eterno repouso para os falecidos, conforto para os sinistrados aos quais deseja pronto restabelecimento, serenidade e consolação da esperança cristã a todos os atingidos pela dolorosa provação, envia a quantos estão em sofrimento e a quantos procuram aliviá-lo propiciadora bênção apostólica”. Após a oração do Angelus no domingo, 20, o Pontífice voltou a expressar sua proximidade com a população de Petrópolis. “Que o Senhor receba os mortos em sua paz, conforte suas famílias e apoie aqueles que os estão ajudando.”

TODOS PODEM COLABORAR

Mesmo quem não está próximo da cidade de Petrópolis pode ajudar as vítimas da tragédia com doações em dinheiro via depósito bancário ou PIX para a Mitra Diocesana de Petrópolis.

Banco Bradesco:

Mitra Diocesana de Petrópolis CNPJ 28.805.190/0001-33 Agência 0814-1 C.C.: 48500-4 PIX: 24988280216 Os valores arrecadados já estão sendo empregados na compra de mantimentos, roupas e na assistência às vítimas da tragédia. Dúvidas podem ser esclarecidas diretamente na Diocese de Petrópolis pelo WhatsApp (24) 98828-0215. (Com informações de G1, Agência Brasil, Vatican News e Diocese de Petrópolis)


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| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Reportagem | 17

CF 2022 – FRATERNIDADE E EDUCAÇÃO

Escolas comunitárias, um modelo educativo gratuito e mais participativo Daniel Guimarães/EducaçãoSP

DANIEL GOMES

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Direito de todos e dever do Estado e da família, a Educação, conforme consta no artigo 205 da Constituição federal, deve ser “promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. A Campanha da Fraternidade 2022 também destaca a Educação como um direito universal, razão pela qual “é importante que haja diversidade de ofertas, entre as quais a educação cristã, de forma que, servindo-se de seus direitos, as famílias cristãs possam escolher instituições e processos educativos que estejam de acordo com seus princípios e crenças” (CF 2022, nº 188). Na busca de garantir uma Educação alinhada a seus princípios, pais, comunidades e instituições têm criado e gerido escolas comunitárias, “um modelo que está previsto no artigo 213 da Constituição. São confessionais e filantrópicas e têm como público-alvo comunidades e famílias de baixa renda. Uma experiência que precisa ser ainda mais conhecida” (CF 2022, nº 134).

CARACTERÍSTICAS

Em linhas gerais, as escolas comunitárias, filantrópicas e confessionais são administradas por pequenas instituições, sem fins lucrativos, devendo oferecer ensino gratuito e com igualdade de condições para o acesso e permanência dos estudantes. “A escola comunitária é um sistema público, gratuito, e está principalmente nas periferias e nas regiões onde não há um serviço com qualidade. Esse atendimento é feito por grupos de famílias e entidades sérias, que seguem todas as legislações, a Base Nacional Comum Curricular, mas têm autonomia pedagógica. Trata-se, por-

Maior financiamento público a escolas comunitárias, filantrópicas e confessionais pode ampliar opções de ensino gratuito e de qualidade

tanto, de uma terceira opção, que permite diversificar o modelo de sistema de educação, uma vez que hoje a maioria das famílias só encontra ou o sistema estatal ou o privado”, detalhou, ao O SÃO PAULO, o professor Edivan Mota, diretor do Instituto de Estudos Avançados em Educação, e que tem se empenhado para a disseminação das escolas comunitárias no Brasil.

VANTAGENS

Segundo Mota, entre as vantagens das escolas comunitárias está a maior atenção dada a cada estudante, uma vez que as turmas são menores, e o envolvimento dos pais é maior no processo educativo. “Nessas escolas, é a própria comunidade e as famílias que cuidam de todo o processo, desde pensar a proposta pedagógica até a contratação de professores. Concretamente, as escolas comunitárias contemplam algo que a Campanha da Fraternidade deste ano está preconizando: que a família participe como coautora do processo educativo, que levará à formação integral da pessoa, o que envolve a educação da afetividade, da vontade, da

convivência social, a própria formação intelectual e educação para a transcendência”, detalhou. Ainda de acordo com Mota, a ampliação na quantidade de escolas comunitárias, filantrópicas e confessionais permitirá atender à demanda crescente de estudantes na rede pública. “Temos visto agora a falta de vagas nos primeiros anos da educação básica, uma vez que, por causa da pandemia, as famílias perderam a renda e tiraram seus filhos da rede privada. Com mais escolas comunitárias, isso seria diferente”, analisou.

BUSCA POR AMPLO FINANCIAMENTO

Embora os recursos públicos destinados à Educação possam ser direcionados às escolas comunitárias, confessionais ou filantrópicas, conforme previsto tanto no artigo 213 da Constituição quanto no artigo 77 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), hoje o repasse das verbas do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Edu-

cação (Fundeb) a essas escolas só ocorre para o período da educação infantil (de 0 a 5 anos) e não durante toda a educação básica (de 0 a 17 anos). Ao longo da discussão do novo Fundeb, em 2020, a ampliação dos repasses também para os ensinos fundamental e médio foi proposta por diferentes instituições, incluindo a Igreja Católica, mas o texto final aprovado no Senado manteve os repasses nos moldes atuais. De acordo com Mota, a realização da CF 2022 é uma oportunidade de colocar o tema novamente em discussão, a fim de que a sociedade compreenda esse modelo e se rediscuta os repasses do Fundeb a essas escolas em todos os ciclos da educação básica, uma proposta que está em sintonia com a Doutrina Social da Igreja: “Os pais têm o direito de fundar e manter instituições educativas. As autoridades públicas devem assegurar que se distribuam as subvenções públicas de modo tal que os pais sejam verdadeiramente livres para exercer o seu direito, sem ter de suportar ônus injustos” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, nº 241).

Estudo de caso: as escolas paroquiais em Petrópolis (RJ) Há mais de 50 anos, em Petrópolis (RJ), a Prefeitura e a Diocese possuem convênios para a manutenção das escolas paroquiais, que perfazem cerca de 16% do total das escolas públicas municipais. Na tese de doutorado “As escolas paroquiais no município de Petrópolis (RJ): um estudo de caso da Escola Santa Luiza de Marilac”, apresentada em 2019 na Universidade Católica de Petrópolis, Cristiane Noel Souza da Cruz mostra o perfil e a eficácia dessas escolas. Entre os muitos aspectos observados pela pesquisadora estão a disciplina exigida aos estudantes; a cobrança de responsabilidades dos envolvidos

no processo educativo, incluindo os pais – “é perceptível também a busca do envolvimento das famílias por meio das apresentações e culminâncias de projetos realizados” –; e a promoção de iniciativas que levem os estudantes a virtudes e valores compatíveis com os de suas famílias. Cristiane Noel faz uma análise mais detalhada sobre a Escola Santa Luiza de Marilac, fundada em 1964 pela Congregação das Filhas da Caridade, e que no ano de 2017 alcançou a maior pontuação no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) entre as escolas de Petrópolis. A pesquisadora relata que nessa esco-

la, com dez turmas do 1º ao 5º ano do ensino fundamental, “os alunos são oriundos de todos os bairros da cidade, pois as vagas existentes para o primeiro ano do ensino fundamental são distribuídas entre as creches do município” e há baixo índice de reprovação. Além disso, conforme constava no projeto pedagógico do ano de 2018, “os responsáveis comparecem à escola sempre que solicitados e procuram participar da vida escolar dos filhos da melhor maneira possível [e] nossa escola procura resgatar e destacar os valores, visando a aperfeiçoar e fortalecer a personalidade do aluno, no âmbito de uma filosofia humanística que respeita cada membro da comunidade”.

Em outro trecho da tese, é mencionado que “em algumas turmas há, inclusive, o grupo de WhatsApp dos pais. Isso é bom, pois demonstra o acompanhamento e a participação da família quanto ao que é trabalhado na escola”. Na conclusão da tese, Cristiane Noel aponta que “o valor das escolas paroquiais consiste em favorecer o processo de conhecimento e apreensão do valor, com destaque para o valor religioso, oportunizando o pleno desenvolvimento da pessoa humana, por meio da educação da sensibilidade”. A íntegra da tese pode ser acessada em: https://cutt.ly/rPnjKuv. (DG)


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Pesquisadores criam plataforma para estabelecer o distanciamento social ideal em ambientes fechados DANIEL GOMES

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Em meio à primeira onda da pandemia de COVID-19, em maio de 2020, pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Federal de São Paulo (ICT/Unifesp), da Universidade Estadual de Maringá (UEM) e do Instituto Federal de São Paulo (IFSP) uniram conhecimentos para criar um sistema que facilitasse a tarefa dos gestores escolares e professores em manter o distanciamento social dos estudantes nas salas de aula das escolas. O grupo de 12 pesquisadores desenvolveu a plataforma Sala Planejada (http://www.salaplanejada.unifesp.br), on-line e de uso gratuito, que tem o apoio do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria, sediado no Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação da USP, em São Carlos (SP).

SALA PLANEJADA

OUTRAS POSSIBILIDADES

FÁCIL USABILIDADE

Mestre e doutor em Matemática Aplicada pela Unicamp, com pós-doutorado no Departamento de Computação da USP, o professor Luiz Felipe Bueno, um dos coordenadores da iniciativa, contou ao O SÃO PAULO que foi pensada uma interface compreensível pela maioria das pessoas. “Pensamos em algo que fosse fácil e, por isso, colocamos mais no escopo de sala de aula para ficar bem intuitivo para quem precisar usar”, detalhou. Ao acessar a plataforma, o usuário precisa informar as dimensões de largura e comprimento da sala e das carteiras, bem como o distanciamento desejado entre os estudantes. Deve ainda optar por uma simulação que leve em conta uma quantidade máxima de alunos na sala ou, se já houver uma quantidade estabelecida de estudantes, o sistema busca mantê-los com o maior distanciamento possível. Os cálculos

nava a plataforma. Muitos professores de lá procuraram a nossa equipe com dúvidas, e conseguimos esclarecê-las.”

são feitos automaticamente pelo algoritmo da plataforma, levando também em consideração se as carteiras terão posicionamento fixo, em fileiras ou não, ou se poderão ser movidas. “Matematicamente, estamos apontando como os ambientes podem se tornar mais seguros diante de protocolos preestabelecidos pelas autoridades sanitárias e que são essenciais para a proteção da população e para minimizar os impactos do contágio da doença”, prosseguiu o pesquisador.

NO ENEM E NAS ESCOLAS CARIOCAS

De acordo com Bueno, mais de 15 mil layouts já foram simulados diretamente na plataforma Sala Planejada, sem contar o uso mais significativo, que se deu na edição de 2021 do Exame Nacio-

nal do Ensino Médio (Enem), quando o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), que organiza a prova, fez a utilização da plataforma para estabelecer o distanciamento ideal entre as carteiras nas salas. “Em 2021, o Inep usou a nossa ferramenta, fez um pedido à parte para este uso e nos deu um retorno muito positivo de que a plataforma ajudou bastante a evitar salas superocupadas como aconteceu na aplicação da prova do ano anterior”, detalhou Bueno. A plataforma Sala Planejada também foi muito acessada por diretores e professores de escolas da rede municipal de ensino do Rio de Janeiro para que pensassem a disposição das salas na retomada das aulas presenciais. “Lá do Rio de Janeiro vieram muitos e-mails para pedidos de esclarecimentos, de como funcio-

A plataforma também é capaz de simular a disposição dos ambientes fechados, considerando obstáculos que neles existam, como portas, pilastras ou escadas. “Além das coisas que é possível se calcular no site, temos mais ferramentas nessa plataforma. Uma das possibilidades é a de simular que há uma pilastra no ambiente ou outros objetos de posicionamento fixo, como caixas, guichê de atendimento, churrasqueiras, mas essas opções não estão disponíveis on-line, a fim de não complicar o entendimento de quem é leigo no assunto. Essas outras possibilidades nós já utilizamos, por exemplo, para planejar a volta às aulas aqui nos nossos laboratórios”, contou Bueno. No próprio site do projeto, é ressaltado que, embora o foco seja voltado para o planejamento de salas de aulas, “os recursos desenvolvidos podem ser utilizados em vários outros contextos. Por exemplo, a disposição de assentos em anfiteatros e estádios, mesas em restaurantes, cadeiras em salas de espera de hospitais, entre outros”. O professor Luiz Felipe Bueno comentou sobre um destes usos a que a equipe de pesquisadores teve conhecimento: “Obtivemos um comunicado da Petrobrás, dizendo que o uso da plataforma Sala Planejada os ajudou a pensar os espaços”. “É uma satisfação ver o exemplo concreto de Matemática como ciência básica a ser usada como ciência aplicada. O site foi usado em 35 países, recebemos respostas de pessoas do exterior, falando que usaram a plataforma, a maioria no contexto de educação”, concluiu.


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| 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 | Reportagem/Fé e Vida | 19

Livro-romance conta a história do Santo Sudário e da Igreja Católica Luciney Martins/O SÃO PAULO

ROSEANE WELTER

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O livro “A Saga Desconhecida do Santo Sudário de Cristo e de sua Igreja”, publicado pela editora Lumen et Virtus, conduz o leitor a uma viagem histórica, filosófica, teológica e imagética, analisada sob a perspectiva da fé e da ciência. O lançamento do livro aconteceu no sábado, 19, no Museu de Arte Sacra de São Paulo (MAS). Na ocasião, o autor, Jack Brandão, proferiu uma palestra sobre o conteúdo da obra, contextualizando e aprofundando a temática do Santo Sudário. Ele é doutor em Literatura pela Universidade de São Paulo (USP), pesquisador da Arte e Literatura do período medievo ao século XVII e diretor do Centro de Estudos Imagéticos, Condes-Fotos Imago Lab.

APÓS 30 ANOS DE PESQUISA

Na obra, o autor apresenta de maneira verossimilhante a origem do tecido de linho – desde a plantação do linho no Egito, sua manufatura nos teares sírios até sua chegada a Jerusalém –, os meios empregados para salvaguardá-lo e protegê-lo dos possíveis inimigos da fé, bem como sua elevação a objeto científico, a partir da fotografia de Pio Secondo, em 1898. O estudo publicado é fruto de 30 anos de pesquisa de um dos mais renomados estudiosos do tema no Brasil. O professor aborda um dos objetos mais estudados do século XX, o Santo Sudário de Turim. A obra não se resume apenas a contar a trajetória da relíquia, uma vez que também aborda todo o contexto que a acompanhou, como a história da Igreja e a dos impérios pelos quais passou, em mais de 2 mil anos de Cristianismo. O itinerário traçado pelo autor propõe aos leitores questionamentos e reflexões sobre aquilo que, realmente, conhecem da história de Jesus, bem como seu legado difundido por seus discípulos.

ROMANCE

O gênero literário escolhido para a narrativa do livro foi o romance. O Sudário é o personagem principal de sua saga. O autor conduz o leitor não somente a uma viagem histórica sobre o Santo Sudário, mas, também, sobre o surgimento e desenvolvimento da Igreja, sua história, seus anseios e seus conflitos no interior do Império Romano e Persa. A obra está dividida em nove capítulos com personagens históricos e outros, criados para dar fluidez à leitura. Na narrativa, o autor apresenta o apóstolo João como uma figura-chave na salvaguarda do Sudário, uma vez que

Liturgia e Vida 8º DOMINGO DO TEMPO COMUM 27 DE FEVEREIRO DE 2022

‘A boca fala do que o coração está cheio’ (Lc 6,45) PADRE JOÃO BECHARA VENTURA

Jack Brandão, autor de ‘A Saga Desconhecida do Santo Sudário de Cristo e de Sua Igreja’

o Evangelho de São João fala sobre os panos no túmulo de Jesus. “Por exemplo, um capítulo é dedicado à história do linho, como é plantado, como se dá seu processo de fabricação na indústria têxtil da época. Outro capítulo traz a cidade de Edessa como personagem, pois, segundo as pesquisas, é o lugar para onde o Sudário foi levado”, explicou o autor. Segundo Brandão, a priori serão seis volumes da saga: “O primeiro vai do século I ao III, que corresponde, de acordo com as minhas pesquisas e de outros pesquisadores, ao período em que o Sudário esteve escondido na cidade de Edessa; o segundo volume vai do século III ao VI, período da redescoberta do Sudário na época de Justiniano e, assim, a obra prossegue até chegar ao século XXI, com o apelo do Papa Francisco de, no início da pandemia, expor o Santo Sudário aos fiéis”, informa. Os próximos volumes serão lançados em breve.

MAIS QUE UMA RELÍQUIA

O Santo Sudário é o pano de linho que teria envolvido o corpo de Cristo após sua crucificação, e ainda hoje intriga religiosos, cientistas e demais pesquisadores a respeito de sua veracidade. Para alguns pesquisadores, o Sudário não passaria de uma pintura medieval; enquanto para outros, seria a verdadeira imagem de Cristo. Embora muitas pesquisas tenham surgido a respeito da relíquia, um estudo envolvendo a arte e a ciência elaborado por Brandão afirma não ser possível o tecido ser uma pintura medieval.

ARTE E CIÊNCIA

Brandão elucidou que durante muitos anos a arte era mimética (imitação pura), ou seja, os artistas se imitavam entre si e, por outro lado, a arte era paradigmática. “Quando os artistas começam a querer pintar ou representar Jesus Crucificado, faltava-lhes o paradigma, pois Constantino, no século IV, proibiu a crucificação. Coube, então, ao artista criar aquilo

que ele achava que era a crucificação. Outro aspecto importante a ser ressaltado é que os modelos de crucificação que temos na arte não correspondem aos modelos vistos no Sudário de Turim. Pelo contrário: se o Sudário fosse uma farsa medieval como foi apregoada a partir do exame do Carbono 14, ele deveria ser a representação de um modelo preexistente, e esse modelo não existia”, destacou. Quando se publicaram, em 1989, os resultados do teste do Carbono 14 do Sudário de Turim, muitos cientistas, agnósticos e teístas de diversas agremiações religiosas não católicas comemoraram seu resultado diante do suposto “desmascaramento” da relíquia. Brandão mencionou que estes se esqueceram, porém, de que a história da arte, mais do que documentada há séculos, demonstra exatamente o contrário: sua confecção imagética seria inconcebível entre 1260 e 1390, período apontado como de sua provável criação. O autor recordou que a visão se modificou a partir do século XIX por meio de uma fotografia. “Quando o fotógrafo amador Secondo Pia fotografou o Sudário, ocorreu uma descoberta incrível: a imagem que vemos quase que embaçada no pano – se transforma no que na fotografia chamamos de negativo fotográfico (cores da foto estão invertidas) para o que chamamos de positivo (cores originais são reveladas)”, disse o autor, ressaltando que a relação entre o Sudário de Turim e a fotografia é extremamente importante para as pesquisas no campo da ciência. Os cientistas, no final do século XIV, ficaram intrigados com essa questão. “Ao olhar para o Sudário in loco, praticamente não se vê nada; o Sudário só é visível a partir de três metros de distância”, ressaltou o professor. Brandão busca, por meio de sua pesquisa e cursos, apresentar o Santo Sudário de Turim não apenas como um objeto de cunho religioso, uma “mera” relíquia, mas como um objeto que transcende o sacro e adentra tanto o campo artístico quanto o científico.

Palavras comunicam mais do que simples ideias. Sobretudo quando falamos sobre fé, convicções, valores, pessoas e ideais, expressamos mais do que meras opiniões: comunicamos um pouco de nós mesmos, da verdade do nosso coração. Sem nos darmos conta, apenas tendo aberto a boca, já exprimimos o nosso estado de ânimo momentâneo: alegria, preocupação, impaciência, cansaço, medo, entusiasmo. Aqueles que conversam habitualmente conosco identificam até mesmo traços do nosso caráter, que são revelados pela fala. Há quem fale com pouca sinceridade, protegendo-se sempre dos juízos alheios; outros não passam além das conversas superficiais; outros falam com impulsividade e indiscrição; outros, por autoproteção, transformam qualquer conversa em deboche; outros são negativos e pessimistas; outros falam muito de si mesmos; outros, ao abrir a boca, transmitem paz e confiança; outros contagiam o ambiente com ansiedade e desconforto… O Senhor Jesus atraía muitos por meio da fala. “Nenhum homem jamais falou como este Homem!” (Jo 7,46), diziam os guardas que se recusavam a prendê-Lo. Segundo São Lucas, enquanto falava na sinagoga, “todos testemunhavam a favor Dele, maravilhados com as palavras de graça que saíam da Sua boca” (Lc 4,22). Formou profundamente o caráter dos apóstolos, falando-lhes ao pé do ouvido coisas profundas, que não explicava a todo o povo. Aliás, ainda hoje, quando meditamos ou silenciamos diante do Sacrário ou após a Comunhão, é Ele quem nos fala ao coração, mesmo sem palavras. Enfim, a palavra de um homem expressa algo dele próprio! Por essa razão, o Eclesiástico aconselha: “Os defeitos de um homem aparecem no seu falar. Não elogies a ninguém antes de ouvi-lo falar: pois é no falar que o homem se revela” (Eclo 27,5.8). E Nosso Senhor, no Evangelho, afirma que a palavra é o “fruto” capaz de atestar a qualidade da “planta”, isto é, do coração humano (cf. Lc 6,43). Pois, a boca de um homem “fala do que o coração está cheio” (Lc 6,45). Portanto, examinemo-nos: o que nossas palavras, em geral, comunicam? Mentiras, intrigas, queixas, maledicências, tristeza, calúnias, maldições, adulação, frivolidade, autocompaixão, vanglória, impureza, ira, medo, desesperança?… Ou, ao contrário, sinceridade, fortaleza, serenidade, alegria, compaixão, profundidade, lealdade, bênção, otimismo, castidade, caridade e benignidade? Podemos também nos perguntar qual tem sido o efeito de nossas palavras nos ambientes por onde transitamos: família, trabalho, amigos, Igreja, redes sociais etc. Sabemos transmitir aos outros caridade, veracidade, força e alegria, como Nosso Senhor? Jamais deixemos de falar com Deus, e Ele nos ensinará a falar bem! E não nos envergonhemos de falar sobre Deus para os homens, pois nossos lábios existem para bendizê-Lo! Tendo conhecido o Senhor e Seus ensinamentos, “não podemos deixar de falar de tudo o que vimos e ouvimos” (At 4,20)!


20 | Reportagem | 23 de fevereiro a 1º de março de 2022 |

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Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga, completa 80 anos Luciney Martins/O SÃO PAULO

CRIADA EM 19 DE FEVEREIRO DE 1942, IGREJA É FRUTO DO IV CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL; EM 2017, FOI ELEVADA A SANTUÁRIO ARQUIDIOCESANO

ROSEANE WELTER

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Os fiéis do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Ipiranga, na zona Sul, se reuniram no sábado, 19, para a celebração de abertura das comemorações dos 80 anos de criação da Paróquia. A liturgia foi presidida pelo Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, Pároco e Reitor do Santuário Arquidiocesano e Assessor Eclesiástico da Pastoral Familiar. Concelebraram os Padres Jefferson Mendes de Oliveira, Vigário Paroquial, e Sidinei Lang, sacerdote colaborador, assistidos pelo Diácono Luís Henrique Massoneto.

TEMPLO HISTÓRICO

A história da Paróquia está intimamente ligada ao IV Congresso Eucarístico Nacional, realizado em 1942, quando o então Arcebispo Metropolitano, Dom José Gaspar d’Afonseca e Silva, escolheu Nossa Senhora Aparecida como primeira peregrina do Congresso. A Paróquia foi criada para abrigar a imagem de Nossa Senhora Aparecida, tendo como primeiro Pároco o Padre Mário Marques e Serra. Para sua construção, membros da comunidade e moradores do bairro estiveram empenhados em campanhas como a do tijolo e a do livro, além de rifas e festas para angariar recursos financeiros. A primeira missa, quando o prédio ainda estava sendo construído, aconteceu em outubro de 1949. Em 1955, deu-se a inauguração da nave central do templo. Em 1970, os sinos da torre começaram a ser içados, mas a obra foi concluída somente em 1991, quando o Cônego Cosmo

Missa pelos 80 anos da Paróquia Nossa Senhora Aparecida é presidida pelo Padre Zacarias Paiva

Maestri já exercia a função de Pároco. Por ocasião das celebrações dos 300 anos do encontro da imagem de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil, e dos 75 anos de fundação da Paróquia, em outubro de 2017, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, elevou a igreja à categoria de santuário.

ANO JUBILAR

Na homilia, Padre Zacarias enfatizou que a celebração dos 80 anos é um momento para edificação da fé e reavivamento do sentido de pertença à comunidade paroquial. “É uma oportunidade para rememorar nossa história, recordar os sacerdotes que por aqui passaram, os paroquianos que contribuíram não só com a edificação do templo, mas, também, para a solidificação da comunidade de fé, das pastorais eclesiais e sociais”, disse. “Neste ano jubilar, o desejo é intensificar o reavivar da fé e o senso de pertença à comunidade”, disse o Sacerdote, destacando que o trabalho pastoral e missionário tem sido feito continuamente com o objetivo de tornar o Santuário conhecido e que ele seja, cada dia mais, um lugar de peregrinação para os fiéis de São Paulo. Padre Zacarias recordou que a Paróquia nasceu como fruto do IV Congresso Eucarístico e que a celebração de oito décadas acontece no momento em que o Papa Francisco constantemente convoca a

todos a ser uma Igreja em saída e em meio ao sínodo arquidiocesano. “Vivemos uma igreja sinodal à luz do magistério do Papa Francisco, que pede uma Igreja de conversão, de comunhão e animação missionária. Este ano jubilar é um ano de graças especiais –de comunhão, perdão, conversão, encontros para celebrar a fé e renovar a esperança, mesmo em tempos pandêmicos”, recordou. Entre as atividades comemorativas, uma exposição está sendo preparada pela Pastoral da Comunicação (Pascom) paroquial para fazer um resgate histórico, evidenciar a contribuição da igreja no fortalecimento da fé e das ações sociais com a comunidade paroquial. “Nosso objetivo, ao longo do ano, é mostrar – no formato de documentário, vídeos e fotos –, a história da Paróquia e a participação efetiva de tantos fiéis que ajudaram a edificar não só o templo mas, também, que deixaram um legado de fé para as novas gerações”, disse Duilio Tapuira Murai, 32, coordenador da Pascom, que professa a fé católica desde 2019. “Aqui no Santuário recebi os sacramentos. Como fruto da fé, busco servir na gratuidade, doando meu tempo e conhecimentos”, afirmou. Padre Zacarias destacou que, para celebrar as oito décadas da Paróquia, há uma série de atividades programadas: confissões diárias em dois horários (das 9h às 12h e das 14h às 17h); plantão pas-

toral, diariamente, antes das celebrações; às quartas-feiras, formação do laicato com estudos sobre a fé e temas pertinentes; retiro quaresmal no formato on-line; criou-se, também, uma equipe missionária paroquial para retomar as visitas às famílias e houve a retomada dos encontros presenciais de Catequese. “Antes da pandemia, havíamos feito um estudo com as realidades e necessidades dos paroquianos, e nosso desejo é retomar e dar continuidade às atividades. Mais importante que a torre, que é avistada de longe, são as pessoas que vêm e participam”, destacou. Helenice Furlanetto, 84, é paroquiana há mais de 30 anos. “A fé é a base da nossa vivência cristã. Cresci em uma família religiosa, e a participação ativa na comunidade nas celebrações e nas pastorais era prioridade”, disse em entrevista ao O SÃO PAULO. A paroquiana citou, ainda, as doações feitas pela Paróquia às pessoas em situação de vulnerabilidade social. “Gosto de ver a caridade promovida em favor das pessoas necessitadas, com a doação de cestas básicas, roupas e kits de higiene. Um gesto concreto a partir do Evangelho – ‘Dai de comer a quem tem fome, de vestir a quem precisa. Quando fizerdes isto a um dos meus irmãos é a Mim que o fizeste”, disse, recordando a passagem bíblica (Mt 25,35.37.42).

ITINERÁRIO DE FÉ

Ao entrarem no Santuário, localizado na rua Labatut, 781, no Ipiranga, os fiéis percorrem um itinerário de fé registrado em pinturas em azulejos, nas paredes laterais, que contam toda a história do templo. De um lado, o aparecimento da imagem mariana, em Aparecida (SP). Do outro, a construção da igreja, com a bênção da pedra fundamental. Há também uma homenagem aos muitos leigos que ajudaram a construir a história, com seus nomes gravados. No presbitério, existe um globo terrestre com uma abertura frontal no formato do mapa do Brasil, onde está entronizada a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Nas laterais, foram esculpidas as bandeiras do Brasil e do Vaticano. Junto à igreja, está a gruta de Nossa Senhora de Lourdes.

Curso on-line sobre sinodalidade acontecerá em março REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

A Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e a Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, ambas da Arquidiocese de São Paulo, realizarão no mês de março um curso de extensão teológica e pastoral sobre o tema “A sinodalidade da Igreja”. Oferecida inteiramente na modalidade on-line, a formação abordará assuntos como a sinodalidade, como modo de ser da Igreja; sua dimensão pneumatológica; a

contribuição do Direito Canônico para uma Igreja sinodal; e a sinodalidade nos organismos eclesiais. O curso será aberto pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler das duas faculdades. As aulas serão ministradas pelos seguintes professores: Cônego Antônio Manzatto, doutor em Teologia pela Universidade Católica de Lovaina (Bélgica); Irmã Maria Freire da Silva, doutora em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma; Padre Paulo Profilo, mestre em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, professor e doutorando da Faculdade de Direito Canônico São Paulo

Apóstolo; e Dom Sergio de Deus Borges, Bispo Diocesano de Foz do Iguaçu (PR), mestre em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense de Roma.

INFORMAÇÕES

As aulas acontecerão nos dias 7, 14, 21 e 28 de março, às 20h (horário de Brasília). O investimento para a participação completa no curso, incluindo a inscrição, é de R$ 20,00. As inscrições podem ser feitas pelo site https://facdcsp.com.br. Outras informações em (11) 2061-5011 (WhatsApp) ou pelo e-mail: facdcspcursos@gmail.com.


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