O São Paulo - 3382

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SEMANÁRIO DA ARQUIDIOCESE DE SÃO PAULO

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Ano 67 | Edição 3382 | 9 a 15 de fevereiro de 2022

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00

No Dia Mundial do Enfermo, Papa convoca cristãos a estar ao lado de quem sofre Vatican Media/CNA - out.2016

Instituído por São João Paulo II em 1992, o Dia Mundial do Enfermo, celebrado em 11 de fevereiro, chega a sua 30ª edição, com o tema “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36), um chamado do Papa Francisco para que na Igreja e na sociedade haja proximidade e caridade com os doentes. O Pontífice ressalta que muito se avançou no cuidado com os enfermos e no acompanhamento pastoral a eles prestado,

mas ainda muito deve ser feito para que consigam “viver o período da doença unidos a Cristo crucificado e ressuscitado”. O SÃO PAULO fala sobre as iniciativas da Pastoral da Saúde e apresenta uma ação da Aliança de Misericórdia em favor dos enfermos. Além disso, uma médica testemunha o quanto a escuta atenciosa ao paciente é fundamental no processo de recuperação clínica. Página 10

Editorial

Encontro com o Pastor

Liturgia e Vida

Reportagem Especial

O amor, em sentido verdadeiro, não pode existir separado da verdade

Por sua origem, força vivificante, dinâmica e meta final, a Igreja é santa

Bendito o homem que confia no Senhor e tem Nele sua esperança

O que muda para as paróquias com a Lei Geral de Proteção de Dados?

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2 | Encontro com o Pastor | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

CARDEAL ODILO PEDRO SCHERER Arcebispo metropolitano de São Paulo

E

ntre as qualidades da Igreja de Jesus Cristo está a santidade. Afirmar isso faz parte da nossa profissão de fé cristã: “Creio na Igreja una, santa, católica e apostólica”. À primeira vista, afirmar isso pode até parecer surpreendente, chocante e exagerado, pois ouvimos constantemente falar dos defeitos e pecados da Igreja, dos seus malfeitos ao longo da história e do chamado à conversão dirigido a ela, como também fez repetidas vezes o Papa Francisco. Que entendemos, pois, quando afirmamos que a Igreja é santa? Comecemos por recordar que a Igreja não é feita apenas de pessoas humanas frágeis, falíveis e pecadoras. Ela é uma realidade divino-humana, que teve sua origem no envio do Filho Eterno ao mundo por Deus Pai, com a missão de reunir a grande família de Deus, que estava dispersa. A Igreja teve origem da convocação da humanidade pela Palavra de Deus, proclamada pelo Filho, na força do Espírito Santo. Ela não nasce de um pacto social, mas da graça de Deus e da resposta humana de fé, dada à

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Creio na Igreja santa palavra de Deus. Por sua origem, força vivificante e dinâmica e pela sua meta final, a Igreja é absolutamente santa. A motivação de sua origem e existência não é má nem desonesta; ela não existe para uma finalidade condenável, muito pelo contrário! Por esse lado, a Igreja é, portanto, o “povo santo de Deus”, chamado a viver vida santa. A Igreja também é santa pelos meios de santificação que ela possui, por vontade e graça de Deus, sobretudo a Palavra de Deus e os sacramentos. Ela é santa nos seus muitos Santos e Santas do céu, que praticaram as virtudes humanas e cristãs em grau excelso. Eles já estão confirmados em santidade e fazem parte da Igreja celeste, para a qual estamos encaminhados todos nós também. Eles são estímulo e exemplo para os membros da Igreja que continuam a peregrinar neste mundo entre fraquezas, angústias, sofrimentos, esforços e lutas, buscando ter parte na santidade e na glória de Deus e na companhia dos Santos e Santas, na “Jerusalém celeste”. Isso posto, podemos admitir que a Igreja também é pecadora? Sem dúvida, sim, porque nós, seus membros peregrinantes, somos pecadores. Ela não deixa de ser santa, mesmo tendo homens e mulheres pecadores entre seus membros. Lembremos que Jesus

não veio chamar apenas os santos a fazerem parte da Igreja, mas também os pecadores, para que se convertam e também se tornem santos. A Igreja é divina, mas também humana, formada por nós, pecadores e pessoas ainda não confirmadas em santidade. Mas o grande chamado, feito a todos os membros, é a santidade. Infelizmente, os pecados dos membros da Igreja desonram e causam dano à Igreja de Cristo. Os escândalos e pecados dos filhos da Igreja, no passado e no presente, expõem ao descrédito e à vergonha a Igreja santa e dificultam a aceitação da Boa Notícia da salvação, que a Igreja anuncia e testemunha a todos os homens. Por isso, a mesma Igreja “santa” é chamada à contínua conversão, para ser configurada mais e mais à imagem Daquele que é o único verdadeiramente Santo. Por isso, nesta vida nunca devemos esquecer que, embora membros da Igreja santa, nós ainda não estamos confirmados em santidade e podemos até ser condenados a não ter parte com ela para sempre, se continuarmos nos nossos pecados. Enquanto vivem neste mundo, os filhos da Igreja precisam arrepender-se com frequência dos seus pecados, implorar com sincera humildade o perdão restaurador de Deus e crescer nas virtudes humanas e cristãs. A vida cristã deve ser um

testemunho luminoso da santidade de Deus e da Igreja santa. Nenhum dos membros da Igreja, neste mundo, pode ter a pretensão soberba de já estar confirmado em santidade. Achar-se “acima do bem e do mal” e apontar o dedo contra os pecadores seria uma atitude soberba e hipócrita. Ninguém está seguro de que, amanhã, a tentação e o pecado também possam derrubar quem já vive a virtude em alto grau. Os verdadeiros Santos sempre foram humildes e se consideravam grandes pecadores. Faziam penitência e se exercitavam nas virtudes, sobretudo na caridade e na oração. A falsa santidade e a soberba são detestáveis aos olhos de Deus e dos homens. A Igreja é um mistério de pecado e graça. Mais graça que pecado, ainda bem! E a graça, finalmente, triunfará sobre o pecado. Jesus não chamou aqueles que já são santos, mas chama a todos ao seu seguimento para fazerem parte da família de Deus e para se tornarem santos. Somos membros pecadores da Igreja santa e temos de agradecer todos os dias porque Deus nos acolhe entre seus filhos, apesar de sermos ainda pecadores. Sua graça, que recebemos pela ação do Espírito Santificador, nos possibilita o crescimento em santidade. Continuemos, pois, a proclamar com fé e humildade: Creio na Igreja santa!

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Elisângela Brito

Dom Odilo anuncia a retomada dos trabalhos do sínodo arquidiocesano FERNANDO GERONAZZO

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Na festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora da Candelária, Setor Vila Maria, na Região Santana, no dia 2, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu a missa das 15h, também em ação de graças pelo 20º ano de sua ordenação episcopal. Concelebraram o Pároco, Padre Aparecido Octaviano Pinto da Silva, SCJ; e o Vigário Paroquial, Padre Marcelo Alves dos Reis, SCJ, assistidos pelo Diácono Permanente Marcelo Reis. (por Fernando Fernandes)

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia São José, no bairro do Jardim Monte Alegre, na Região Episcopal Lapa, o Reverendíssimo Padre Messias de Moraes Ferreira, pelo período de 03 (três) anos. Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santa Terezinha, no bairro Jardim Regina, na Região Episcopal Lapa, o Reverendíssimo Padre Admário Gama Cambrainha, pelo período de 03 (três) anos. Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santo Antônio, no bairro do Lauzane Paulista, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Jovair Milan, pelo período de 06 (seis) anos. Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Menino Jesus, no bairro Vila Mazzei, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Roberto Fernando Lacerda, pelo período de 06 (seis) anos. Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia São João Evangelista, no bairro da Casa Verde, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Paulo Cesar Gil, pelo período de 06 (seis) anos. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santo Antônio, no bairro da Itaberaba, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Edemilson Gonzaga de Camargo, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 04/02/2022. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santa Cruz, no bairro do Jardim Santa Cruz, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Frei Carlos Lúcio Nunes Corrêa, OFM, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 06/02/2022. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Nos-

| 9 a 15 de fevereiro de 2022 | Geral/Atos da Cúria | 3

A Arquidiocese de São Paulo prepara-se para a retomada dos trabalhos do caminho sinodal iniciado em 2017. Devido às restrições da pandemia de COVID-19, a realização da assembleia sinodal arquidiocesana prevista para acontecer em 2020 foi suspensa. Em carta enviada aos membros da assembleia sinodal arquidiocesana, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo, ressaltou que os dois anos de suspensão das atividades não foram um tempo perdido. “Com toda a Igreja, fomos confrontados com novas situações, como a pandemia, a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe e o Sínodo Universal – ‘por uma Igreja sinodal’, em ‘comunhão, participação e missão’”, afirmou. “O que aprendemos com essas novas situações e vivências? O que Deus

nos está mostrando? O que o Espírito Santo diz à Igreja mediante essas novas questões e por meio da palavra da Igreja durante esse novo período? Quais novas questões desse período precisam ser levadas em conta pela assembleia sinodal arquidiocesana?”, indagou o Arcebispo, propondo a realização de uma pré-assembleia para retomar as reflexões realizadas nas primeiras etapas do sínodo, enriquecidas com os aprendizados e vivências desse período de emergência sanitária. A pré-assembleia terá início em todas as paróquias da Arquidiocese no dia 13 de março e consistirá na realização de suas reuniões ampliadas do Conselho Paroquial de Pastoral (CPP), a partir de propostas de reflexões e roteiros a serem fornecidos pela Comissão Arquidiocesana do Sínodo. As contribuições desses encontros serão reunidas pelas regiões episcopais e encaminhadas para a Secretaria-geral do sínodo.

Atos da Cúria

sa Senhora das Dores, no bairro Sítio Morro Grande, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre João Henrique Novo do Prado, pelo período de 06 (seis) anos, em decreto que entrou em vigor em 08/02/2022. Em 04/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santo Agostinho, no bairro da Liberdade, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Frei Everton de Freitas Costa, OSA, pelo período de 06 (seis) anos. Em 04/01/2022, foi nomeado e provisionado como Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia, no bairro da Vila Mariana, na Região Episcopal Sé, o Reverendíssimo Frei Eliseo Lopez Bardón, OSA, pelo período de 06 (seis) anos.

Reverendíssimo Padre Luciano Grigório, RCJ, pelo período de 01 (um) ano. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial,“ad nutum episcopi”, da Paróquia Santa Cruz, no bairro do Jardim Santa Cruz, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Frei Marx Rodrigues dos Reis, OFM, em decreto que entrou em vigor em 06/02/2022. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial,“ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro Sítio Morro Grande, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Pedro Ricardo Pieroni, em decreto que entrou em vigor em 08/02/2022.

PRORROGAÇÃO DA NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE PÁROCO: Em 31/01/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Consolata, no bairro do Jardim São Bento, na Região Episcopal Sant’Ana, do Reverendíssimo Padre José Roberto Facchini, IMC, até 31/01/2025. Em 31/01/2022, foi prorrogada a nomeação e provisão de Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores, no bairro da Casa Verde, na Região Episcopal Sant’Ana, do Reverendíssimo Cônego Antônio Aparecido Pereira, até 31/01/2025.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL: Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Santíssima Trindade, no bairro da Casa Verde Alta, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Severino dos Ramos Lima Araújo. Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Santa Zita, no bairro da Vila Maria, na Região Episcopal Sant’Ana, o Reverendíssimo Padre Aloizio José Nunes de Azevedo Junior. Em 25/01/2022, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial, “ad nutum episcopi”, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro Vila Souza, na Região Episcopal Brasilândia, o Reverendíssimo Padre Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, em decreto que entrou em vigor em 06/02/2022.

NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE VIGÁRIO PAROQUIAL: Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial,“ad nutum episcopi”, da Paróquia Santo Alberto Magno, no bairro Jardim Bonfiglioli, na Região Episcopal Lapa, o Reverendíssimo Padre Hayang Lim Koo (Padre Daniel). Em 01/02/2022, foi nomeado e provisionado como Vigário Paroquial,“ad nutum episcopi”, da Paróquia São Pedro Apóstolo, no bairro Central Parque Lapa, na Região Episcopal Lapa, o

POSSE CANÔNICA: Em 30/01/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Imaculada Conceição, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiran-

No dia 7 de maio, acontecerá na Catedral da Sé uma celebração de reabertura da assembleia sinodal arquidiocesana, cujos membros serão convocados novamente para os trabalhos. Com o tema “Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”, o sínodo arquidiocesano foi convocado pelo Cardeal Scherer na celebração de Corpus Christi de 2017. Na ocasião, o Arcebispo convidou toda a Igreja em São Paulo a “olhar-se no espelho”, refletir sobre sua presença e missão da cidade, perguntar-se se a atual organização pastoral, administrativa correspondem aos desafios atuais da sociedade. “Nosso sínodo será uma grande bênção para toda a nossa Arquidiocese. Estamos em sintonia com o Papa Francisco, que nos chama a sermos uma Igreja sinodal, com as qualidades da comunhão, participação e missão”, completou Dom Odilo na recente carta.

ga, ao Reverendíssimo Padre Rodrigo Thomaz. Em 30/01/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Jesus Ressuscitado, no bairro do Jardim Santa Bárbara, na Região Episcopal Belém, ao Reverendíssimo Padre Frei Luiz Carlos Batista, OSA. Em 30/01/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Jesus Ressuscitado, no bairro do Jardim Santa Bárbara, na Região Episcopal Belém, ao Reverendíssimo Padre Frei Ábdon de Santana Mendes Santos, OSA. Em 30/01/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Santa Teresinha, no bairro Santa Teresinha, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Fernando Campane Vidal, SDB. Em 30/01/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Santa Teresinha, no bairro Santa Teresinha, na Região Episcopal Sant’Ana, ao Reverendíssimo Padre Mauro Maximiliano Chiarot, SDB. Em 30/01/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Jefferson Mendes de Oliveira. Em 29/01/2022, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Santa Cristina, no bairro do Parque Bristol, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Rodrigo Felipe da Silva. Em 26/01/2022, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia Santa Ângela e São Serapião, no bairro de Vila Moraes, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Christopher Costa Velasco. Em 26/12/2021, foi dada a posse canônica como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Conceição – Santa Ifigênia, no bairro de Santa Ifigênia, na Região Episcopal Sé, ao Reverendíssimo Padre Jesus Neres de Sousa, SSS.


4 | Ponto de Vista | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

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Editorial

Na verdade, o amor

U

ns anos atrás, o Family Policy Institute of Washington viralizou um vídeo que expressa bem o caldo cultural em que vivemos. Na gravação, um jovem caucasiano de 1,75m entrevista alguns universitários americanos sobre questões de identidade pessoal. Ele pergunta aos estudantes o que eles diriam se ele afirmasse ser uma mulher – e como todos dizem que aceitariam sua declaração como verdadeira, ele vai acrescentando novos qualificadores. Em dado momento, ele pergunta se aceitariam que ele é uma mulher chinesa, de 7 anos de idade, e com 1,95m de altura – e nenhum deles é capaz de olhá-lo nos olhos e simplesmente dizer que ele estaria errado! De fato, um dos maiores “pecados” de que uma pessoa pode ser acusada no ambiente cultural de nossos dias é a “intolerância”. Para a sociedade de

hoje, as verdades fundamentais sobre o homem, sobre o bem e o mal, e sobre Deus não são mais uma coisa extramental, que existe “fora de nossa mente”, no mundo real, e que vale para todos. Pelo contrário, cada indivíduo constrói sua própria verdade relativa conforme seus desejos, e todas as opiniões devem ser igualmente aceitas – exceto, paradoxalmente, a opinião que nega o relativismo. Se um jovem aceita com firmeza o Credo da Igreja, por exemplo, é taxado de “fundamentalista” e “opressor”, que “não aceita a visão dos outros”. Além de intelectualmente inconsistente e autocontraditória, esta Ditadura do Relativismo gera um grave problema prático e social: se a verdade é apenas o fruto da vontade individual, torna-se impossível debater racionalmente sobre qualquer assunto importante. Por outro lado, alguém poderia

objetar que muitas vezes as opiniões de alguém vêm associadas a uma carga emocional muito forte – de modo que qualquer questionamento poderia ser percebido como uma agressão. Esta situação pode, de fato, ocorrer, e merece atenção. Há várias maneiras de apresentar uma mesma verdade – e nem sempre é o caso de ser incisivo como aquele “sou amigo de Platão, mas sou mais amigo da Verdade”. Como dizia em 1937 a seus pares da Academia Brasileira de Letras o antigo Bispo de Cuiabá (MT), Dom Francisco de Aquino Corrêa, “aqui vêm a propósito aquelas duas palavras com que os livros santos definem a ação da Providência no governo do mundo: fortiter e suaviter, as quais bem se podem aplicar ao floreio elegante da dialética, na mão dos paladinos da causa católica: firmeza na verdade, gentileza no defendê-la. Um grande exemplo desta força

suave nas discussões, inspirada na caridade, nos vem de Santo Tomás de Aquino. Quando enfrenta uma questão intelectual, Tomás nunca coloca “tabus” ao que pode ser discutido: até mesmo a existência de Deus entra em questão (Suma, 1.2.3.). E a posição do adversário é sempre veiculada com a máxima fidelidade e robustez – sua versão do Argumento do Mal contra a existência de Deus, por exemplo, é das mais elegantes já formuladas. No entanto, Tomás tinha a clareza de que a discussão não era um caminhar errático e interminável – só é possível progredir quando se tem um destino, uma verdade objetiva a ser procurada. O verdadeiro amor (em cristão, a caridade) não pode existir separado da verdade: e só é capaz de amar um homem caucasiano de 1,75m quem é capaz de lhe dizer que ele não é uma mulher chinesa de 7 anos de idade e 1,95m de altura.

Opinião

A vida religiosa consagrada e a cidade de São Paulo Arte: Sergio Ricciuto Conte

PADRE REUBERSON FERREIRA, MSC A vida religiosa consagrada foi celebrada mais uma vez pela Igreja no último dia 2 de fevereiro. A presença dessa vida religiosa consagrada é inegável desde as origens da cidade de São Paulo. A missa que marcou a fundação desta capital, celebrada no átrio do futuro Pateo do Collegio, foi presidida por um sacerdote religioso. Ele era filho de uma ordem religiosa, que surgiu no século XV sob a inspiração de Inácio de Loyola, a Companhia de Jesus. Essa ordem, como várias outras, no final do medievo, surgiu sob a pecha de, num mundo em mudança, atuar nas novas fronteiras que a modernidade abria à Igreja. Ao longo dos séculos, incontáveis religiosos serviram nas fileiras da Igreja paulistana. Homens e mulheres que assumiram valorosos serviços em nome do Evangelho. Alguns pela via da Saúde; outros pelas sendas da Educação; e, outros, ainda, pelo viés da ação pastoral paroquial. Nessa história, muitos bispos que conduziram esta Igreja eram oriundos de ordens religiosas, como os Franciscanos Miguel da Madre de Deus e Manuel da Ressurreição ou, mais recentemente, Paulo Evaristo Arns. A seu modo, como filhos de um carisma específico, deram suas respostas aos reptos de seu tempo. À luz dos desafios hodiernos, cabe

indagar qual a atual missão da vida religiosa na metrópole. Entre tantos, três: ser sinal escatológico do Reino de Deus; ser presença entre os pobres e assumir ministérios como dons carismáticos. O sinal escatológico da vida religiosa deriva da sua própria natureza. Ela surgiu para se opor à mundanização da Igreja e para volver seu olhar para Deus. Nesse sentido, numa São Paulo secularizada e imanentista, a vida religiosa, sem descuidar da realidade, é chamada a despertar a vocação ao transcendente na humanidade. Igualmente, numa Igreja que padece de um certo mundanismo

espiritual (cf. exortação apostólica Evangelii gaudium, 93-97), a vida religiosa deveria constranger a si e a comunidade eclesial a deixar de ser autorreferencial e divisar na busca do Reino o mote de sua ação. Ser presença entre os pobres é outro desafio à vida religiosa nos nossos tempos. O teólogo Baptist Metz afirmou certa vez que a vida religiosa é “uma terapia de choque eclesial”. Desse modo, não surge atrelada ao poder, mas do deserto, da periferia. Nesse sentido, a imensa massa de pobres que cresce nas diversas regiões de São Paulo é um imperativo da ação eclesial. A vida religiosa deve ser

a primeira a ocupar esse espaço. Na atual conjuntura, contudo, vê-se um encolhimento da periferia para o centro por parte da vida religiosa. Visto que esse estado de vida eclesial é a “terapia de choque da Igreja”, estar junto aos pobres seria o caminho para desafiar todo estamento eclesial a uma preocupação maior com as causas da pobreza. Urge, na metrópole, com qualidade um regresso às periferias. Por fim, nessa cosmopolita capital, a vida religiosa, mormente a masculina, não pode se conformar em ser apenas suplência da escassez de clero em paróquias. Não se assume um trabalho pastoral somente por falta de contingente. Antes o contrário, em plena comunhão com os planos diocesano de pastoral, ao assumir serviços eclesiais, deve-se introduzir aquilo que é próprio do carisma, contribuindo para apresentar uma Igreja cada vez mais plural, bem como responder a uma demanda social e evangélica de um público específico. Tais desafios se configuram como os mais prementes neste espaço. Eles, a nosso ver, em tempos da primavera eclesial que toma forma a partir de Francisco, ajudam a constituir uma vida religiosa mais fiel ao Evangelho e ciente dos desafios da evangelização na grande metrópole paulista. Padre Reuberson Ferreira, MSC, mestre e doutorando em Teologia pela PUC-SP, é Pároco da Paróquia Nossa Senhora do Sagrado Coração.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 9 a 15 de fevereiro de 2022 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

SÉ Cida Rubens e Nilda Jardim

Padre Air José assume a Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas CENTRO PASTORAL DA REGIÃO SÉ Em missa no sábado, 5, Dom Carlos Lema Garcia deu posse ao Padre Air José de Mendonça, MSC, como Pároco da Paróquia Sagrado Coração de Jesus em Sufrágio das Almas. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé falou sobre as funções próprias de um padre, ao recordar um discurso do Papa Francisco em sua viagem apostólica ao Brasil em 2013: “‘No início do seu caminho vocacional, há uma escolha divina: ‘Não foste vós que me escolhestes, fui eu que o escolhi’. A Igreja terrestre é peregrina em relação à igreja celestial. Para chegarmos à Igreja

celestial, precisamos aprender o que Jesus ensinou. Precisamos receber a graça dos sacramentos. E o caminho para Deus nesta Paróquia vai ser orientado, encaminhado, instruído e santificado pelo ofício do Pároco, junto com os demais padres que aqui trabalham. O padre tem que ser Jesus que acolhe, que cura e que alimenta seu povo”. O Bispo também exortou que a comunidade de fiéis esteja sempre disposta a ajudar o Pároco. Concelebraram a missa, também transmitida pelo YouTube da Paróquia, os Padres Edvaldo Rosa de Mendonça, MSC, e Ailton Damasceno Costa, MSC.

Moacir Beggo

FALECIMENTOS Arquivo pessoal

PADRE ANTÔNIO MECHANGO ANTUNES

A Arquidiocese de São Paulo informou no sábado, 5, o falecimento do Padre Antônio Mechango Antunes, aos 74 anos. Paulistano, Padre Mechango, como era conhecido, foi ordenado sacerdote em 1º de novembro de 1985. Ele exercia o ofício de Vigário Paroquial na Paróquia Cristo Rei, na Região Episcopal Brasilândia, na qual também atuou em outras paróquias, como a São Luís Gonzaga, na Vila Pereira Barreto, e Cristo Libertador, na Cohab Taipas.

(Com informações de Margarida Maria André e Rita de Cássia Pinheiro Pereira)

Arquivo pessoal

PADRE ANTÔNIO MARCOS GIRADI

O Movimento Católico Maranata comunicou, no domingo, 6, o falecimento de seu fundador e Diretor Espiritual, o Padre Antônio Marcos Girardi, no Hospital Santa Catarina, em São Paulo. Ele tinha 85 anos. Foi ordenado sacerdote em 1963. Em 1980, fundou o Movimento, voltado para o serviço da caridade e da promoção humana, com sede na Casa Verde, na zona Norte da capital paulista.

[BRASILÂNDIA] Na noite do domingo, 6, em missa na Paróquia Santa Cruz, no Jardim Peri Alto, Dom Carlos Silva, OFMCap, deu posse ao Frei Carlos Corrêa, OFM, como novo Pároco, e apresentou o Frei Marx dos Reis, OFM, como Vigário Paroquial, e o irmão leigo Frei João Lopes da Silva, OFM, como cooperador da Paróquia. Em 30 de janeiro, a comunidade paroquial realizou a missa de despedida do antigo Pároco, o Padre Bernardo Daly. A reportagem completa pode ser lida no site do O SÃO PAULO, pelo link a seguir: https://cutt.ly/sOZnm9B. (com informações de Flávio Casimiro de Souza e Moacir Beggo)

Espiritualidade Felizes... DOM CARLOS SILVA, OFMCAP BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO BRASILÂNDIA

A

o celebrarmos o 6º Domingo do Tempo Comum, somos convidados a refletir sobre a ação salvadora de Deus em nossas vidas. As leituras nos exortam a não nos afastarmos dos caminhos de Deus. De maneira particular, o profeta Jeremias alerta-nos para o grande perigo de vivermos a autossuficiência (infidelidade) e o distanciamento da presença de Deus. Viver às margens das suas propostas de salvação é se empenhar em uma cultura de morte. Estes versículos concla-

mam o povo de Israel a viver da esperança e da confiança no Senhor. Como profeta da aliança, Jeremias denuncia que o afastamento dos governantes de Israel e do povo diante dos preceitos do Senhor pode levá-los ao risco de cair no mais profundo caos. Por outro lado, ele faz uma ressalva àqueles que confiam unicamente em Deus e colocam Nele a sua esperança, como uma árvore plantada à beira da água, a qual pode mergulhar as suas raízes bem fundas e encontrar solidez, segurança e vida em plenitude. São Paulo, escrevendo para a comunidade de Corinto, chama a atenção para o propósito da vida humana, mas dentro de uma catequese voltada para a ressurreição. Nela, Paulo instrui a comunidade sobre a realidade da nossa própria ressurreição, enquanto consequência do crer na ressurreição de Jesus. Com isso, o Apóstolo procura responder o sentido da morte e da vida humana mediante a fé cristã. Talvez pelo pensamento grego

de muitos de sua comunidade que ainda tinham dúvidas sobre as realidades corpóreas e espirituais é que Paulo responde com a certeza da ressurreição, que garante aos cristãos um projeto de salvação e de vida como uma concretização de sua fé. No Evangelho, Lucas nos apresenta Jesus diante do primeiro anúncio, bem como com as atividades libertadoras. A partir dos pobres, as bem-aventuranças, narradas pelo Cristo, estão dentro de um contexto de libertação. Diferentemente de Mateus, que coloca Jesus na montanha discursando como Moisés, Lucas usa da proximidade, ele faz Jesus descer da montanha e seu discurso é dirigido aos pobres numa planície. As quatro bem-aventuranças são referentes aos pobres, aos que têm fome, aos que choram, aos que são perseguidos. Lucas usa uma linguagem mais simples para que seus ouvintes possam compreender a missão libertadora de Jesus e

que os pobres são verdadeiramente bem-aventurados, pois colocam sua confiança em Deus, que os liberta. Ele está ao lado do indigente e do sofredor, dos que vivem à margem de uma sociedade classista e exclusivista. Esta prioriza quem tem dinheiro e poder, e se exclui, assim, do Reino de Deus, feito para quem é pobre, e faz a experiência da pobreza cotidiana, mas que sente alegria em partilhar o pouco que tem, haja vista que confia na ação de Deus em sua vida. As bem-aventuranças narradas por Lucas são um consolo aos sofredores e um lembrete a nós Igreja do século XXI. Este é um projeto anunciado por Jesus na sinagoga de Nazaré, e que não perdeu sua validade, seu poder. Os desígnios de Deus, porém, exaltam os pobres e os desfavorecidos, em um Reino inaugurado por Jesus, que nos convida a sermos discípulos missionários de um mundo novo, um mundo de irmãos, no qual reinam fraternidade, justiça e paz.


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SÉ Dirce Domingues

Padre José Donizeti Coelho celebra jubileu sacerdotal Na manhã do domingo, 6, na Paróquia Santo Antônio, na Barra Funda, Setor Pastoral Bom Retiro, Dom Carlos Lema Garcia presidiu missa em ação de graças pelos 25 anos de ordenação sacerdotal do Padre José Donizeti Coelho, Pároco. Além dele, concelebrou o Padre João Benedicto Villano. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé ressaltou a caminhada de Pároco e a importância

de se comemorar o jubileu de sacerdócio: “Júbilo é alegria, são 25 anos de consagração a serviço da Palavra de Deus”. Padre Donizeti foi ordenado em 2 de fevereiro de 1997, na Paróquia de São Vito Mártir, pelo então Bispo Auxiliar da Arquidiocese, Dom Antonio Gaspar. Escolheu como lema “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra” (Jo 4,34). Sua fala preferida é: “Precisamos olhar as pessoas com os olhos

Marta Gonçalves

Arquivo paroquial

CENTRO PASTORAL DA REGIÃO SÉ

de Deus, e sentir as pessoas com o coração de Deus”. Os 25 anos de sua trajetória foram marcados pela prática da caridade e forte atividade pastoral: trabalhou com famílias sem lar, mulheres marginalizadas, pessoas em situação de rua, jovens, crianças e idosos. Além dos paroquianos, participaram da missa os parentes do jubilando e os fiéis da Paróquia São Joaquim, onde Padre José Donizeti foi Pároco por 22 anos. (Com informações de Dirce Domingues)

[LAPA] A comunidade de fiéis da Paróquia São João Bosco, no Alto da Lapa, Setor Leopoldina, celebrou a memória litúrgica do padroeiro em 31 de janeiro. (por Benigno Naveira) [SÉ] No sábado, 5, na Catedral Metropolitana de São Paulo, o Padre Luiz Claudio de Almeida Braga presidiu missa em ação de graças pelos dez anos de sua ordenação sacerdotal. (por Centro Pastoral da Região Sé)

[BRASILÂNDIA] No dia 1º, tomou posse como Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, Setor Freguesia do Ó, o Padre Aldenor Alves de Lima (Padre Aldo), em missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, que na ocasião também apresentou o novo Vigário Paroquial, o Padre Armênio Rodrigues Nogueira. Houve a participação de muitos fiéis de paróquias onde os padres atuaram anteriormente. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia ressaltou a importância da comunidade na vida dos padres e do acolhimento nestes momentos de adaptação em novas paróquias. (por Marta Gonçalves)

[LAPA] No dia 2, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, na Vila Hamburguesa, Setor Leopoldina, teve o início da novena da padroeira. Haverá missas diárias. A memória litúrgica será celebrada na sexta-feira, 11, com missas às 15h e 18h. No domingo, 13, haverá uma carreata às 9h30, seguida de missa às 11h. A programação completa da festa pode ser consultada no Facebook (@pnslourdessp2). (por Benigno Naveira)

[SÉ] Na quinta-feira, 3, estiveram reunidos, de forma on-line, os membros da Pascom da Região Sé. Foram abordadas, além do calendário para o ano, as orientações para o envio de materiais de divulgação das ações das paróquias nos canais oficiais da Região e da Arquidiocese. Falou-se, também, sobre a adequação das atividades pastorais à Lei Geral de Proteção de Dados e aos direitos de imagem. Foi proposto criar a oferta regular de formações para os membros da Pascom, além de articular ações conjuntas para o Dia Mundial das Comunicações Sociais nas paró(por Lívia Miranda e Centro Pastoral) quias. Coordenação Setor Medeiros

Lucas Sant’Ana

[SANTANA] Na manhã do domingo, 6, na Paróquia São José Esposo da Virgem Maria, Setor Medeiros, Dom Jorge Pierozan presidiu missa em ação de graças pelo jubileu de prata da Irmã Madalena Batista dos Santos, da Congregação das Irmãs Carmelitas Missionárias de Santa Teresa do Menino Jesus. Concelebraram os Padres Mário Guinzoni, OSJ, e Alexandre Alves Moreira, MSJ, Pároco, assistidos pelo Diácono Felipe. [BRASILÂNDIA] Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa na manhã do domingo, 6, na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Souza, durante a qual apresentou o novo Administrador Paroquial, o Padre Luiz Carlos Ferreira Tose Filho. Entre os concelebrantes esteve o Padre Everton Fernandes Moraes, Chanceler do Arcebispado de São Paulo. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia destacou a figura dos apóstolos e concluiu, dizendo: “Lancem as redes em águas mais profundas, se deixem guiar no Senhor que o milagre da pesca vai acontecer. Sejam perceverantes e ajudem o Padre Luiz a caminhar junto de vocês” (por Lucas Sant´Ana)

(por Coordenação Setor Medeiros) Arquivo paroquial

[IPIRANGA] Na terça-feira, 8, reuniu-se, pela primeira vez em 2022, o clero atuante na Região Episcopal Ipiranga. Além de Dom Ângelo Ademir Mezzari, Bispo Auxiliar da Arquidiocese nessa Região, esteve presente o Cardeal Odilo Pedro Scherer, que falou sobre a 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, a qual recolheu as contribuições do povo de Deus, retomou as indicações da V Conferência Geral do Episcopado latino-americano e caribenho e levantou novos desafios que surgiram desde Aparecida 2007. O Arcebispo Metropolitano também explanou sobre os conceitos de Comunhão, Participação e Missão propostos no tema do Sínodo Universal e animou os presbíteros e diáconos à ativa participação no 1º sínodo arquidiocesano: “É tempo favorável para retomarmos, a partir das fontes, a reflexão sobre a Igreja”. (por Padre Christopher Velasco) [BELÉM] No mês de março, serão retomadas as atividades da Escola de Formação de Catequistas da Região Belém. As inscrições estão abertas para novos alunos e também para a atualização do cadastro dos que já participam da escola, por meio do formulário: https://forms.gle/Gtg3fq7U9SDgZWRS7. (por Fernando Arthur)

[BELÉM] Em 30 de janeiro, o Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu missa na Paróquia Jesus Ressuscitado, durante a qual deu posse ao Padre Frei Luiz Carlos Batista, OSA, como novo Pároco; e apresentou o Padre Frei Ábdon de Santana Mendes Santos, OSA, como Vigário Paroquial. (por Fernando Arthur)


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LAPA

Comportamento Dignidade e vocação da mulher

CRP discute os desafios da evangelização na comunidade paroquial Benigno Naveira

BENIGNO NAVEIRA

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Região Episcopal Lapa se reuniu na manhã do sábado, 5, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa, com a assessoria de Dom José Benedito Cardoso e com a participação de padres, diáconos e coordenadores regionais de pastorais. O encontro foi iniciado com uma oração conduzida pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Na sequência, a secretária do CRP, Maria do Rosário Fátima Ferreira, fez a leitura da ata da reunião anterior. Depois, Dom José falou sobre o tema cen-

tral da reunião – “Os desafios da evangelização nas comunidades paroquiais” – e convidou o Padre João Carlos Deschamps de Almeida a tratar sobre a Campanha da Fraternidade de 2022, com o tema “Fraternidade e Educação”. Já o Padre Raimundo Rosimar Vieira da Silva foi convidado a falar sobre o Ano da Família, instituído pelo Papa como oportunidade para crescer o amor em família e para colocá-la no centro da vida da Igreja e da sociedade. O Sacerdote também destacou a exortação apostólica Amoris laetitia, na qual o Papa Francisco se refere à família como um laboratório do amor de Deus por excelência, um

laboratório de amor na alegria, na tristeza e na dificuldade, um laboratório do perdão. Ainda durante a reunião, Mariana Al Zaher falou sobre o Sínodo dos Bispos; Padre Pedro Augusto Ciola de Almeida relatou as propostas de formação de comunidades missionárias e o dinamismo do trabalho realizado pela comunidade missionária em algumas paróquias e na Comunidade do Sapé; Padre Geraldo Pereira destacou o curso de Catequese on-line da Região Lapa; e o Padre Antônio Francisco Ribeiro expôs o trabalho da Pastoral de Comunicação e da Pastoral Social nas paróquias. Fernando Fernandes

[SANTANA] No sábado, 5, na Paróquia Santa Rita de Cássia, Setor Vila Maria, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu missa durante a qual apresentou os dois novos Vigários Paroquiais: Frei Rafael Manrique e Frei Pelayo Moreno Palacios. Além deles, concelebraram a missa

os Frades Cássio Ramon Nascimento, Pároco; Márcio Manosso, Provincial dos Agostinianos do Brasil; Gutemberg de Albuquerque, Conselheiro Provincial; Robison Machado, Conselheiro Provincial; e Everton Freitas, Pároco da Paróquia Santo Agostinho, na Região Sé. (por Fernando Fernandes)

Você Pergunta Desceu à mansão dos mortos: sinônimo de purgatório? PADRE CIDO PEREIRA

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Esta boa pergunta me foi enviada pela Dina, do Parque São Lucas: “Quando no Credo falamos ‘desceu à mansão dos mortos’ é uma referência ao purgatório?”. Dina, você vai entender esta verdade de nossa fé se pensar em toda a multidão de homens e mulheres que ansiosamente anuncia-

ram e viveram a expectativa do Salvador, do Messias desde os nossos primeiros pais até o último israelita. Pense, Dina, em Noé, Abraão, Isaac, Jacó e seus doze filhos, pense em Moisés e Aarão, pense em Josué e nos juízes do povo, pense nas grandes mulheres bíblicas, pense nos reis Saul, Davi, Salomão. Pense, enfim, nas grandes mulheres de Israel. E pense nos profetas que anunciaram o Messias.

Todos foram para a mansão dos mortos. Cristo foi até eles para que fossem também à redenção. Para eles, a salvação de Cristo aconteceu também de forma retroativa, quando foi ao encontro de todos, quando Ele desceu à mansão dos mortos. Espero, Dina, que agora, quando você proclamar que Jesus desceu à mansão dos mortos, entenda o devido significado.

CRISLEINE YAMAJI Recentemente, ouvi de uma profissional de renomado escritório de Advocacia, com boa formação acadêmica, carreira estruturada e futuro promissor, o quanto se arrependia por ter colocado sua carreira à frente da gravidez; encontrava-se em dificuldade de engravidar após diversos tratamentos dolorosos e estressantes. Outra jovem, no mesmo período, relatou também que, em sua busca de emprego, foi aconselhada por uma headhunter a esconder sua condição de mulher recém-casada e sua potencial maternidade para não prejudicar sua construção de sua carreira. Muitas vezes, nesses contextos, a mulher é aconselhada a negar sua vontade e disposição de ser mãe. Parece haver um desvirtuamento nessa conquista da mulher de carreira e espaço no mundo corporativo. As ideias de direitos iguais passam muito longe da dignidade da mulher. E essa visão preconceituosa sobre a mulher profissional, desapegada da família, do casamento e da maternidade, impede, muitas vezes, a mulher de estabelecer uma parte essencial de sua dignidade e de sua vocação que é a própria maternidade. Essa afirmação do direito feminino à maternidade não significa negar a importância, na vida da mulher, do trabalho quotidiano, da dedicação da mulher a um empreendimento próprio, de sua formação acadêmica e profissional, de participação ativa nos trabalhos sociais e na política. Também não significa relativizar uma luta dura e necessária por maior proteção da mulher contra a violência doméstica e o feminicídio, por menor discriminação da mulher em seus ambientes de estudos e trabalho, e maior colaboração masculina em casa. Todos esses relatos nos fazem lembrar dos ensinamentos de São João Paulo II, em sua carta apostólica Mulieris dignitatem, que, desde a década de 1980, fala da necessidade de reconhecimento das especificidades da situação da mulher e da vocação feminina na sociedade. A mulher gera em seu ventre a vida humana e tem direito de proteção da vida, a partir da proteção constitucional da maternidade, incluído entre direitos sociais e reconhecido acima de qualquer circunstância, o que implica a proteção do direito da mulher para sustentar e educar seus filhos. A carreira é meio e não fim, e não pode ser justificativa para nenhuma forma de alienação, especialmente a parental. A mulher pode se dedicar ao trabalho e desenvolver seus talentos onde e como quiser, sendo mãe de família, acompanhando seu filho ao médico, ajudando em sua lição de casa e equilibrando família e carreira. Deve, acima de tudo, ter sua dignidade reconhecida na proteção ao seu direito de ser mãe. Sujeitar a mulher à uma escolha exclusiva maternidade versus carreira parece submetê-la a uma escolha injusta, indigna, viciada de uma vontade que não se expressa livremente. Tudo isso significa entender que o próprio Direito, ao prever que todos são iguais perante a lei, busca estabelecer uma igualdade em dignidade de ser humano, com suas vocações, em busca de oportunidades, nunca sem intervir para balancear as desigualdades. A igualdade está em tratar desiguais desigualmente, tratar a igualdade na medida das necessidades, e não em simplesmente tratar uma mulher como se homem fosse e a obrigar a negar a maternidade e sua importância na completude de sua vida. Isso está longe de ser igualdade e longe de ser dignidade. O debate sobre direitos femininos é polêmico e sempre tende aos extremos e aos radicalismos. Algo precisa ter um equilíbrio na situação da mulher na sociedade e no Direito. A mulher deve ser livre para seu desenvolvimento e sua vocação, e o Direito deve promover sua proteção com mecanismos adequados e efetivos, respeitando diferenças e decisões. E isso nos leva a concluir pensando muito no papel do Direito na conformação dessa igualdade e na exigência de uma sociedade mais engajada, de homens e mulheres, comprometidos com a eliminação de discriminações e injustiças de longa data. Crisleine Yamaji é advogada, doutora em Direito Civil e professora de Direito Privado. E-mail: direitosedeveresosaopaulo@gmail.com


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BELÉM

Fé e Cidadania Os objetivos da República e a discriminação por ideia

Tema da Campanha da Fraternidade deste ano é apresentado em encontro regional Fernando Arthur

DANIELA JORGE MILANI É muito triste assistir aos constantes ataques perpetrados em redes sociais entre brasileiros que têm ideologias divergentes. Infelizmente, o debate de opiniões foi substituído por ataques pessoais, discurso de ódio, fake news, “cancelamento” do outro... Tudo com o objetivo de vencer. As posições políticas de “esquerda” e “direita” mais se parecem com torcida organizada de times, em que tudo vale para que o “meu lado” saia vencedor. Joga-se no lixo a Constituição federal com essa atitude em sociedade. Sim, pois a Constituição é para ser cumprida por todos, não apenas por políticos, juízes e pessoas públicas. Nada melhor para entender o que deveria ser o tão propalado Estado de Direito do que recordar os objetivos da República, contidos no artigo 3º, incisos I a IV: I - Construir uma sociedade livre, justa e solidária; II - Garantir o desenvolvimento nacional; III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais; IV - Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Cada brasileiro deve ter como objetivo de vida em sociedade a solidariedade com o outro brasileiro, seja ele quem for ou o que pense. Isso em nível nacional, para o bem de todos, em todas as regiões de nosso enorme País, para que a fome seja erradicada e não haja quem seja ameaçado em sua dignidade, sua vida e seus direitos, em virtude de qualquer tipo de discriminação, inclusive por suas concepções filosóficas e políticas. O que fundamenta uma República é o reconhecimento por governantes e governados que o poder emana do povo e para o bem do povo deve ser exercido. Deve-se combater a corrupção, o mau uso do poder outorgado pelo povo e não as pessoas que pensam em saídas diversas para os problemas, seja acreditando que o Estado deve ter a mão mais pesada na vida privada, seja acreditando no contrário. Assiste-se, de parte a parte, lados opostos querendo derrotar o outro a qualquer custo. O embate, entretanto, que deve ficar no campo das ideias, não autoriza deixar em suspenso o dever de solidariedade. Ser solidário é tratar o outro com respeito, se comprometer com o seu bem e reconhecer sua dignidade, ainda que ele não tenha chegado ao seu “grau de iluminação”. É fato que há um “progressismo” em curso, que, na pretensão de libertar o ser humano, vem aniquilando tudo o que é tradicional, notadamente valores caros ao Cristianismo, impondo mudanças de comportamento, querendo influenciar crianças de tenra idade, desvalorizando o que traz solidez às famílias e à sociedade. O jovem de hoje é invadido de concepções fluídas sobre o ser humano a partir da forma de viver de muitos (especialmente famosos), pela publicidade, mídias diversas, sobretudo redes sociais e até na educação formal. Modernidade líquida, já afirmava o sociólogo polonês Zygmunt Bauman: verdade é apenas o que você escolhe ser, amor é aquele que só faz você feliz, sofrimento nem de longe se admite em prol de algo maior. E pensar que Deus veio ao mundo para sofrer e morrer para que nós pudéssemos ser salvos... O desespero, por vezes, toma conta dos que ainda se firmam em alguma solidez, fazendo com que adotem atitudes de ódio. Não é esse o caminho. Ser firme em suas ideias e posturas não exige a destruição do outro que pensa diferente. Destrua ideias, argumente, convença, mas, principalmente, seja alguém que o outro queira ser também! Daniela Jorge Milani é mestra e doutora em Filosofia do Direito pela PUC-SP e advogada em São Paulo.

FERNANDO ARTHUR

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No sábado, 5, no Centro Pastoral São José, aconteceu o estudo e apresentação da Campanha da Fraternidade 2022, que contou com uma exposição feita pelo Padre Reuberson Ferreira, MSC, com o apoio do Padre Marcelo Maróstica Quadro, Coordenador Regional de Pastoral, e do Cône-

go José Miguel, Vigário Episcopal para a Região Belém. Participaram um representante de cada paróquia da Região, sacerdotes e coordenadores das pastorais. O encontro também foi transmitido pelas redes sociais da Região Belém. Padre Reuberson reforçou a importância da leitura e meditação do texto-base da CF, bem como do conhecimento sobre o

Pacto Educativo Global, também apresentado no texto-base. Após a exposição, os membros que compõem a equipe de reflexão da CF na Região Belém falaram sobre as expectativas de cada um para a campanha deste ano. O encontro na íntegra e o material de apoio podem ser visualizados no Facebook da Região Episcopal Belém (@regiaobelem).

Cardeal Odilo Pedro Scherer preside missa na Paróquia São José do Maranhão Marina Oliveira

Na manhã do domingo, 6, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu missa na Paróquia São José do Maranhão, no Tatuapé. Concelebrou o Padre Arlindo Teles, Pároco. No início da celebração, o Cardeal saudou os fiéis e exortou-lhes a rezar pelos doentes. Na homilia, Dom Odilo destacou que as leituras do 5º Domingo do Tempo Comum falam de vocações e das experiências do encontro com Deus, vivenciadas pelo profeta Isaías e por São Paulo Apóstolo, relatadas na primeira e na segunda leituras, respectivamente. O Cardeal também falou sobre o chamado dos apóstolos na pesca milagrosa, descrita no Evangelho, e exortou os fiéis a sentirem o chamado de Deus em suas vidas. Dom Odilo também lembrou que os chamados acontecem hoje em dia na vida da Igreja: “É pela graça de Deus, pela força de Deus que fazemos o que fazemos”, disse Dom Odilo sobre as vocações, e exortou os fiéis a terem um olhar de fé. O Arcebispo também pediu aos fiéis que rezem pelos padres, pelos bispos e pelo Papa. Ao final da celebração, Padre Arlindo agradeceu a presença do Cardeal e o parabenizou pelos 20 anos de ordenação episcopal, completados no último dia 2. (FA) Pascom paroquial

[IPIRANGA] Em missa no domingo, 6, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, deu posse ao Padre Hernane Santos Módena (à direita do Bispo) como Pároco da Paróquia São Bernardo de Claraval, Setor Pastoral Anchieta. (por Karen Eufrosino)

Maurício Lavado

[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, deu posse ao Padre Anderson Bispo como Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Vila Guarani, Setor Pastoral Imigrantes, durante missa no domingo, 6. (por Karen Eufrosino)


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À luz da fé cristã, CF 2022 propõe diálogos sobre a realidade educativa do Brasil Reprodução CNBB

FERNANDO GERONAZZO

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Na Quarta-feira de Cinzas, 2 de março, começa a Quaresma, tempo litúrgico de preparação para a celebração da Páscoa. Há 60 anos, a Igreja no Brasil realiza neste período a Campanha da Fraternidade (CF), como convite aos cristãos para refletirem sobre as realidades da sociedade que necessitam de atenção especial e de ações concretas na perspectiva da caridade. Em 2022, a CF terá como tema “Fraternidade e Educação”, e como lema “Fala com sabedoria, ensina com amor” (Pr 31,26). Essa campanha tem, portanto, o objetivo geral de promover diálogos a partir da realidade educativa do Brasil, à luz da fé cristã, propondo caminhos em favor do humanismo integral e solidário. Já os sete objetivos específicos são: analisar o contexto da Educação na cultura atual e seus desafios potencializados pela pandemia; verificar o impacto das políticas públicas na Educação; identificar valores e referências da Palavra de Deus e da Tradição cristã, em vista de uma Educação “humanizadora” na perspectiva do Reino de Deus. A campanha também visa a refletir sobre o papel da família, da comunidade de fé e da sociedade no processo educativo, com a colaboração dos educadores e das instituições de ensino; incentivar propostas educativas que, enraizadas no Evangelho, promovam a dignidade humana, a experiência do transcendente, a cultura do encontro e o cuidado da criação. De igual modo, a CF pretende estimular a organização do serviço pastoral nas escolas, universidades, centros comunitários e outros espaços educativos, em espe-

cial das instituições católicas de ensino; e promover “uma Educação comprometida com novas formas de economia, de política e de progresso verdadeiramente a serviço da vida humana, em especial, dos mais pobres”.

PACTO EDUCATIVO GLOBAL

A temática da CF 2022 está em sintonia com o Pacto Educativo Global, iniciativa proposta pelo Papa Francisco em 2020, a partir de sete compromissos: colocar a pessoa no centro de cada processo educativo; ouvir a voz das crianças, adolescentes e jovens a quem são transmitidos valores e conhecimentos; favorecer a plena participação das meninas e adolescentes na instrução [reconhecendo que há nações onde as meninas são privadas ao acesso à educação formal]; ver na família o primeiro e indispensável sujeito educador; educar e educar-se para o acolhimento, abrindo-se aos mais vulneráveis e marginalizados; encontrar outras formas de compreender a economia, a política, o crescimento e o progresso; e guardar e cultivar a “casa comum”, protegendo-a da exploração dos seus recursos. “No atual contexto profundamente marcado por contrastes sociais e sem uma visão comum, é urgente uma mudança de rumo que só será possível por meio de uma educação integral e inclusiva, capaz de uma escuta paciente e de um diálogo construtivo no qual a unidade supere o conflito”, ressalta o texto-base da CF 2022, referindo-se ao Pacto Educativo Global.

LIÇÕES DA PANDEMIA

Ao abordar o impacto da pandemia de COVID-19 na Educação, o texto-base en-

fatiza as consequências do confinamento para os estudantes, não só em relação ao seu desempenho acadêmico e impactos psicológicos, como também ao evidenciar as desigualdades existentes para o acesso às aulas remotas, tanto por parte de alunos quanto de professores. Em contrapartida, a pandemia estimulou o desenvolvimento de novas metodologias e tecnologias educacionais com as aulas on-line e o crescimento da educação a distância (EaD).

EDUCAÇÃO CRISTÃ

O material da CF também recorda que toda proposta educativa traz, de forma subjacente, uma concepção do ser humano, da cultura, da sociedade e da história, ou seja, “a cada pedagogia corresponde uma antropologia”. Nesse sentido, o documento sublinha que a Educação que parte de uma Antropologia cristã também considera o fim último da pessoa: conhecer e amar a Deus no tempo e na eternidade, e os irmãos por meio da fraternidade. “A Educação não é só integral no sentido temporal, mas eterno. Ela deve conduzir a pessoa a desenvolver suas capacidades em vista do amor a Deus e ao próximo (Mt 22,37-39), sem descuidar da promoção da vida e da dignidade humana, no horizonte da salvação”, diz o texto.

PASTORAL

Ao tratar da cultura do encontro, o texto-base sublinha o papel da Pastoral da Educação nas dioceses, chamadas a voltar seu olhar para a educação pública. “Atenção, sensibilidade e apoio serão fundamentais, se quisermos ser presença

apostólica neste vasto campo, de mais de 42 milhões de estudantes em escolas de educação básica e nas universidades. É necessário apoiar e promover a Pastoral da Educação”, destaca o documento. Sobre a formação dos profissionais da Educação, o subsídio da CF 2022 incentiva a criação de parcerias com as instituições de ensino superior que possuem cursos de licenciatura e formação de professores para a inclusão de projetos de extensão para professores. O texto também motiva o apoio à formação continuada dos educadores a partir das propostas do Pacto Educativo Global, envolvendo as secretarias municipais e estaduais da Educação, redes de educação confessional e movimentos de educação comunitária, entre outras iniciativas.

ENSINO RELIGIOSO

Quanto ao Ensino Religioso nas escolas, o texto-base recorda que esse tema é contemplado no artigo 210 da Constituição federal e é um componente da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) no ensino fundamental. O subsídio ainda menciona a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), que diz: “O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo”. O texto-base também ressalta que o Acordo Brasil-Santa Sé assegura o Ensino Religioso Católico e de outras confissões religiosas, portanto, podendo haver um modelo “não confessional” e outro confessional, “este segundo os referenciais teológicos da sua tradição religiosa, assegurando a liberdade religiosa”. “Sabemos que os países que se desenvolveram mais rapidamente nos últimos 20 anos foram aqueles que investiram na Educação. Essa é a proposta que a Campanha da Fraternidade 2022 nos faz, para olharmos para a Educação, pois todos os entes da sociedade têm uma parcela de responsabilidade para promovê-la”, sublinhou Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar de São Paulo e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade, ao apresentar o texto-base da CF 2022, em um seminário de estudos sobre a temática, realizado em novembro de 2021.

Curso de especialização on-line de Teologia em Ensino Religioso REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

O Vicariato Episcopal para a Educação e a Universidade da Arquidiocese de São Paulo e a Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) promovem um

curso de especialização de Teologia em Ensino Religioso. A formação realizada inteiramente on-line é voltada para professores de Ensino Religioso do ensino fundamental e médio das redes pública e privada; gestores, diretores e demais profissionais da Educação; público em geral interessado no tema. O curso constará de três módulos, perfazendo um to-

tal de 360 horas de aula e 30 horas de monografia, distribuídas em três semestres. As aulas acontecerão às segundas e quartas-feiras, das 19h às 22h. O investimento é de 18 parcelas de R$ 348,00. Os interessados devem acessar o site https://vicariatoedusp.org. Outras informações em (11) 3660-3747 ou pelo e-mail: vicariatoeducacaouniversidade@gmail.com.


10 | Reportagem | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

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NA CELEBRAÇÃO DO 30º DIA MUNDIAL DO ENFERMO, O SÃO PAULO DESTACA COMO O OLHAR MISERICORDIOSO COM OS DOENTES RESSOA NA VIDA CRISTÃ E EM INICIATIVAS DA IGREJA

Aliança de Misericórdia

Um amplo chamado à misericórdia com os enfermos

DANIEL GOMES

osaopaulo@uol.com.br

Sensibilizar os cristãos e toda a sociedade para que se assegure a melhor assistência possível aos enfermos, ajudá-los a compreender seu sofrimento, reforçar o serviço pastoral à Saúde, destacar a formação espiritual e moral dos agentes de Saúde e estimular a maior compreensão dos sacerdotes sobre a assistência religiosa aos doentes são alguns dos objetivos do Dia Mundial do Enfermo, instituído por São João Paulo II em 1992 e celebrado desde 1993 sempre em 11 de fevereiro. Na mensagem para a 30ª edição da data, o Papa Francisco faz um amplo chamado à Igreja e à sociedade para a proximidade e caridade com os doentes, conforme se expressa no tema escolhido para este ano: “Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso” (Lc 6,36). O Pontífice ressalta que, nestes 30 anos em que a data tem sido celebrada, muito se avançou no cuidado com os enfermos e em seu acompanhamento pastoral, mas ainda há um longo caminho a percorrer para que consigam “viver o período da doença unidos a Cristo crucificado e ressuscitado”. O Papa lembra, também, as dificuldades das populações de regiões mais pobres para acessar os serviços de saúde, obter medicamentos e as vacinas contra a COVID-19. Francisco recorda, ainda, que Deus é “rico em misericórdia” (Ef 2,4) e que Jesus é a Suprema testemunha do amor misericordioso do Pai, razão pela qual Ele manda que seus apóstolos priorizem a atenção aos enfermos.

AOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE

Médicos, enfermeiros, técnicos de laboratório, auxiliares e cuidadores dos enfermos recebem menção especial do Pontífice na mensagem: “Queridos profissionais da

Missionários da Aliança de Misericórdia visitam mulher enferma; ‘O ministério da consolação é tarefa de todo o batizado’, lembra o Papa

saúde, o vosso serviço junto dos doentes, realizado com amor e competência, ultrapassa os limites da profissão para se tornar uma missão. As vossas mãos que tocam a carne sofredora de Cristo podem ser sinal das mãos misericordiosas do Pai”, diz o Papa, que assegura suas orações para que eles, “ricos em misericórdia, ofereçam aos pacientes, juntamente com os tratamentos devidos, a sua proximidade fraterna”. Francisco bendiz ao Senhor pelos progressos da ciência médica e ressalta que de modo algum se deve “esquecer a singularidade de cada doente, com a sua dignidade e as suas fragilidades. O doente é sempre mais importante do que a sua doença, e por isso qualquer abordagem terapêutica não pode prescindir da escuta do paciente, da sua história, das suas ansiedades, dos seus medos”. Médica há 30 anos, a infectologista Ana Angélica Bulcão Portela, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, destaca ao O SÃO PAULO o papel fundamental da escuta ao paciente por parte de toda a equipe multidisciplinar: “Toda essa atenção faz uma diferença muito grande não só para ele exteriorizar o que está sentindo, mas também para que tenha conhecimento sobre a própria doença e a família saia da obscuridade”. Ana Angélica lamenta, porém, que nem sempre seja possível realizar essa escuta atenta. “Infelizmente, se coloca ao profissional de Saúde metas a cumprir, número de pacientes a ser atendidos, e todo esse processo de escuta fica muito prejudicado”, comenta, também pedindo mais compreensão dos atendidos e dos gestores para com os profissionais da Saúde.

INSTITUIÇÕES CATÓLICAS NA SAÚDE: OBRAS PRECIOSAS

Ainda na mensagem, o Papa recorda a atuação histórica das instituições católicas em favor dos doentes, em especial

as crianças, idosos e pessoas mais fragilizadas. “Misericordiosos como o Pai, muitos missionários acompanharam o anúncio do Evangelho com a construção de hospitais, dispensários e lugares de tratamento. São obras preciosas, através das quais se concretizou a caridade cristã e se tornou mais credível o amor de Cristo, testemunhado pelos seus discípulos.” Uma dessas iniciativas é realizada pela associação privada de fiéis Aliança de Misericórdia. No projeto “Vítimas da Misericórdia”, pessoas acometidas por doenças graves oferecem seus sofrimentos e suas dores a Jesus, em expiação, pela salvação das almas e por toda a Aliança. Desde 2016, a missionária celibatária Irmã Maria Paula participa desta iniciativa. O acompanhamento às “vítimas de misericórdia” ocorre por meio de visitas as casas, para que elas possam orar em comunidade, receber a Comunhão e participar de Celebração da Palavra. “Se nessa visita percebemos que a pessoa precisa de alguma ajuda material, como, por exemplo, uma assistência médica, nós fazemos esta ponte com o hospital ou com a assistência social. Portanto, é uma iniciativa de acompanhamento espiritual e material. Também buscamos por cestas básicas, cadeiras de rodas e outros itens se for preciso”, detalhou, comentando que mesmo durante a pandemia as atividades não foram interrompidas. “A dor sempre vai ter um sentido maior quando é vivida na ótica do amor, pois o amor não existe sem renúncia, sem oferecimento, sem sacrifício, tanto por parte da própria vítima quanto das pessoas que estão à volta dela. Nós sempre saímos muito engrandecidos dessas visitas, pois elas sempre apontam para uma esperança maior”, afirma a Irmã Maria Paula.

PROXIMIDADE PASTORAL

O agir pastoral da Igreja em favor dos doentes é recordado pelo Pontífice na mensagem para o 30º Dia Mundial

do Enfermo, na qual ele lembra que não se pode deixar de oferecer aos enfermos “a proximidade de Deus, a sua bênção, a sua Palavra, a celebração dos sacramentos e a proposta de um caminho de crescimento e amadurecimento na fé”. Coordenador da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo, José Gimenez assegura que ao longo da atual pandemia a Pastoral não só manteve os trabalhos de assistência religiosa como precisou ampliá-los. “Foi preciso mudar algumas estratégias por causa da não realização de visitas pessoalmente, mas estivemos próximos dos nossos enfermos por todo o tempo, seja por mensagens, telefonemas, bem como os auxiliando e ajudando no que fosse necessário. Mesmo quando precisavam de algum respaldo de medicamentos ou de ida a médicos, tentávamos viabilizar. A Pastoral da Saúde nos últimos dois anos trabalhou neste modelo não presencial muito mais do que fazia quando era só presencialmente”, garante, comentando, ainda, que a Pastoral intensificou o diálogo com os profissionais da Saúde para prestar seu apoio e agradecimento pelo empenho em suas funções neste momento de pandemia.

MISSÃO DE TODOS OS BATIZADOS

Ao final da mensagem, o Papa Francisco recorda que a atenção aos enfermos é uma das obras de misericórdia, algo, portanto, que todo batizado deve se comprometer a fazer: “Gostaria de lembrar que a proximidade aos enfermos e o seu cuidado pastoral não competem apenas a alguns ministros especificamente delegados para isso; visitar os enfermos é um convite feito por Cristo a todos os seus discípulos. Quantos doentes e quantas pessoas idosas há que vivem em casa e esperam por uma visita! O ministério da consolação é tarefa de todo batizado, recordando-se das palavras de Jesus: ‘Estive doente e me visitastes’ (Mt 25,36)”.


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| 9 a 15 de fevereiro de 2022 | Reportagem | 11

Mães, médicas e influencers Arquivo pessoal

DESDE OUTUBRO DE 2020, AS IRMÃS KARINA E KELLY MANTÊM UM PROJETO PELO QUAL PUBLICAM NO INSTAGRAM CONTEÚDOS COM TEMAS COMO EDUCAÇÃO EM SAÚDE, GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA, EDUCAÇÃO DOS FILHOS NAS VIRTUDES, FÉ E VIDA FAMILIAR

VALE A PENA

FERNANDO GERONAZZO

osaopaulo@uol.com.br

Conciliar a maternidade, vida conjugal, profissão, fé e vida social não é uma tarefa fácil, ainda mais quando se é “marinheira de primeira viagem”. Muitas mulheres se sentem inseguras ou imaginam que não vão dar conta de todas essas dimensões sozinhas. No entanto, isso não é impossível. Foi por sentirem na própria pele esses desafios que duas irmãs de Brasília (DF) tiveram a ideia de compartilhar suas experiências em um perfil no Instagram. Além de irmãs e mulheres, Karina Estrela de Andrade, 29, e Kelly Estrela Felippes, 27, têm outras coisas em comum: ambas são mães e médicas. Assim, nasceu, em outubro de 2020, o projeto Mães Médicas (instagram.com/maes.medicas). Residente em Ginecologia e Obstetrícia, Karina é casada há seis anos e tem três filhos. Kelly é especialista em clínica médica, casada há dois anos e mãe de um filho. Elas contaram ao O SÃO PAULO que foram motivadas pelo desejo de compartilhar não só o conhecimento que adquiriram durante o tempo de formação acadêmica como também a vivência cotidiana delas ao buscarem conjugar essas diferentes facetas da vida feminina. “Tudo isso precisava ser dividido com as demais mães para ajudá-las a viverem com mais leveza e alegria, amando a maternidade e sendo fiéis à vocação que receberam”, ressaltou Kelly.

VIDA COTIDIANA

Os conteúdos publicados tratam de temas como educação em Saúde, Ginecologia e Obstetrícia, educação dos filhos nas virtudes, fé e vida familiar em geral. Além dos referenciais teóricos, as mães

das pessoas tendem a abrir mão de uma dessas dimensões, deixando para ter os filhos apenas após alcançarem a estabilidade profissional sonhada, ou interrompem o curso para se dedicarem integralmente à família.

Irmãs Kelly Felippes e Karina de Andrade, criadoras do perfil Mães Médicas no Instagram

médicas compartilham experiências concretas do dia a dia e, a partir delas, desenvolvem reflexões, bate-papos e tiram dúvidas das mães. O investimento das irmãs para esse projeto é o tempo, algo bastante precioso para ambas. Seja no caminho para o trabalho, seja durante a soneca das crianças ou no intervalo de um parto ou atendimento médico, elas respondem as caixinhas de perguntas ou fazem stories sobre temas diversos. Mesmo sem “impulsionalmento” ou patrocínio de posts, algo comum nas mídias dos influenciadores digitais famosos, em pouco mais de um ano, o “Mães Médicas” alcançou 4,2 mil seguidores, número comemorado pelas autoras. Elas afirmam que, mais do que sucesso, o principal objetivo é ajudar outras mulheres com informações que as levem a perceber que não estão sozinhas nessa missão.

RETORNO

“É muito bonito ver como pequenos detalhes e coisas cotidianas que partilhamos geram uma grande repercussão e ajudam tantas pessoas. Muitas seguidoras mandam mensagens sobre o quanto o perfil as ajudou a mudar a visão sobre a maternidade”, destacou Kelly, contando como exemplo o caso de uma seguidora que compartilhou seu medo de se casar e engravidar logo em seguida. “Ao ver a nossa trajetória, ou melhor, a nossa tentativa de viver a nossa vocação, ela afirmou ter perdido esse medo e se entregou à maternidade”, completou a médica. Além das publicações cotidianas,

as mães realizam lives sozinhas ou com convidadas para aprofundar temas relacionados à gestação, amamentação, puerpério, fertilidade, entre outros. Também disponibilizam materiais gratuitos para ajudar no dia a dia das mães, como modelos de planilhas de cronograma de atividades, lista de compras e de tarefas. Há, ainda, indicações de histórias para crianças, playlist para rotina de sono, banho e brincadeiras com os filhos e indicações de cursos voltados para a mulher.

UM DIA DE CADA VEZ

Quando perguntadas sobre como conseguem conciliar a vida de mães, médicas, esposas e influencers, as irmãs respondem que buscam viver um dia de cada vez, “com muita ordem, sem reclamar e olhar muito para o próprio umbigo e cansaço, com a graça de Deus, pois não somos perfeitas nem super-heroínas, fazendo também o que dá, sem uma autocobrança exagerada ou uma visão utópica de nós mesmas”. As mães médicas reconhecem que não é um processo fácil e é justamente por essa consciência que consideram importante testemunhar que, ao contrário do que, muitas vezes, a sociedade propaga, ser mãe não é um empecilho para a vida da mulher, assim como o trabalho profissional não prejudica a maternidade, desde que vivido com equilíbrio e consciência daquilo que é essencial na vida. Karina, por exemplo, experimentou isso desde o início, pois seus dois primeiros filhos nasceram quando ela cursava o 4º e o 5º anos de Medicina. Em uma situação como essa, a maioria

A jovem estudante, no entanto, decidiu seguir em frente, contando com uma importante rede de apoio, sobretudo as avós das crianças e, mesmo tendo levado um pouco mais de tempo que os demais colegas de turma, concluiu a faculdade sem se descuidar dos filhos. Na sua colação de grau, estavam Karina, sua família e o diretor da faculdade. “Tudo isso que eu vivi valeu a pena. Não trocaria me formar oito meses antes em vez de ter os dois filhos, que são os presentes da minha vida e me fazem ser uma médica melhor”, contou Karina, em um dos vídeos do perfil. “Nós realmente queremos ajudar cada vez mais mulheres. Por essa mídia, conseguimos atingir mais pessoas do que antigamente. Para nós, é um apostolado, uma entrega que, muitas vezes, custa tempo, mas vemos como um chamado que devemos encarar com responsabilidade, comprometimento e, sobretudo, alegria”, concluiu Kelly.

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Arcebispo da Igreja GrecoCatólica Ucranianna pede o fim da ‘idolatria da violência’ https://cutt.ly/vOVNYnr Afeganistão: 24 milhões de pessoas vivem em condições críticas, mas Talibã recusa ajudas externas https://cutt.ly/eOVNAnY Dom Odilo exorta fiéis a se prepararem para a Campanha da Fraternidade 2022 https://cutt.ly/1OVNGOJ Tradição e liturgia: a coleção de prataria e ourivesaria do MAS-SP https://cutt.ly/mOVNLrB USP oferece cursos gratuitos para pessoas com mais de 60 anos https://cutt.ly/VOVNC1H Inca defende cuidados mais justos para controle do câncer https://cutt.ly/6OVNNU3


12 | Reportagem | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

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Economize dinheiro mudando hábitos domésticos e de consumo de LED, que são cerca de 60% mais econômicas; Lavar mais roupas em menos vezes; Verificar possíveis pontos de vazamento de água; Reaproveitar a água da chuva e da máquina de lavar roupas.

aça o cozimento dos alimentos F sempre com a panela fechada; Corte os alimentos em pedaços menores: quanto menor, mais rápido vai cozinhar! Evite abrir o forno toda hora quando estiver assando algo.

(Sem açúcar, sem farinha e sem leite)

NÃO EXAGERE NO USO DOS ITENS DE HIGIENE E DE LIMPEZA

ECONOMIA NA COZINHA

ROSEANE WELTER

Cuidar das finanças é uma prioridade para muitos brasileiros, a começar pela economia doméstica, a fim de que economizar se torne um hábito, evitando, assim, o consumismo e o desperdício, e incentivando, em contrapartida, o consumo sustentável. Pequenos gestos e mudanças de hábitos na hora das compras, na reutilização de itens que se tem em casa, na economia de água, energia ou consumo de alimentos colaboraram na obtenção de uma boa economia doméstica.

AÇÕES EM FAMÍLIA

Pixabay

Fátima Miquelim, nutricionista e fitoterapeuta, apresentou à reportagem uma lista de dicas para reduzir os gastos com os alimentos e para se evitar desperdícios: Sobrou molho da macarronada? A dica é congelar em forminhas de gelo e depois utilizar os cubinhos para temperar sopas, carnes e outros molhos. Utilize-os no lugar de temperos industrializados; A carne está muito cara? Substitua por ovos ou a utilize em quantidade menor e acrescente legumes e vegetais ricos em proteínas, como brócolis, couve e berinjela; Reaproveite os alimentos! Use as folhas e os talos das verduras e legumes, que são ricos em nutrientes e vitaminas, para fazer caldos e bolinhos; Substitua a carne vermelha por frango, peixe ou ovos.

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

ovos 4 180g de chocolate meio amargo Modo de preparo Bata as claras em neve, sem desligar a batedeira, acrescente as gemas e continue batendo até obter um creme fofo. Após isso, derreta o chocolate no micro-ondas de 30 em 30 segundos e agregue o creme de ovos com um fuê delicadamente para que não perca as bolhas de ar. Unte a assadeira e leve para assar, em forno preaquecido a 180 graus, por aproximadamente 35 minutos ou até que se espete um palito e ele saia limpo. Para a calda do bolo (opcional) 100ml de leite de coco 2 colheres (sopa) de cacau em pó

E, para que as dicas não fiquem só no papel, experimente fazer estas duas receitas repassadas pela Fátima:

Modo de preparo Misture todos os ingredientes e leve ao micro-ondas por dois minutos. Depois, é só espalhar a calda pelo bolo e colocar raspas de chocolate amargo (70%).

OVOS À PARMEGIANA Arquivo pessoal

ECONOMIZE GÁS Pixabay

Cristiane Lima é artesã e a cada dia mais tem pesquisado formas para economizar em casa. “Atualmente, tenho optado por promoções no supermercado, compro as frutas da época, que são mais baratas, e faço substituições nas refeições. A criatividade é nossa aliada nesses tempos de alta constante dos alimentos”, afirmou. “Costumo higienizar a casa e meu ateliê com água sanitária, detergente e álcool, evitando comprar aqueles produtos caros das prateleiras do supermercado”, relatou. Em entrevista ao O SÃO PAULO, Maiara Xavier, educadora financeira, ressaltou que a economia doméstica é uma “arte de controlar e administrar o orçamento familiar, suprindo as necessidades de bem-estar, segurança, educação, saúde e lazer. Uma ferramenta eficaz para gerenciar e equilibrar o quanto se ganha e o quanto se gasta todos os meses”. Ela destacou que o planejamento financeiro é um guia norteador para tomada de decisões, e que, diante de recursos mais escassos, algumas posturas são fundamentais para todas as famílias: Não comprar por impulso; Fazer uma lista dos itens necessários, sem extrapolar o orçamento familiar; Pesquisar preços e promoções. Por vezes, comprar pela internet é sinônimo de economia de tempo e de transporte; Priorizar uma alimentação mais natural e feita em casa; Trocar as lâmpadas comuns pelas

BOLO DE CHOCOLATE Arquivo pessoal

O SÃO PAULO APRESENTA DICAS PARA UMA BOA GESTÃO DA ECONOMIA DOMÉSTICA, QUE VÃO DO REAPROVEITAMENTO DE ALIMENTOS À PRODUÇÃO DE ITENS DE LIMPEZA

colher (sopa) de azeite 1 6 ovos inteiros Sal e pimenta-do-reino a gosto 1 xícara (chá) de molho de tomate ½ xícara (chá) de queijo branco picadinho Orégano, salsinha e cebolinha a gosto Modo de preparo Em uma frigideira antiaderente, em fogo baixo, adicione o azeite e acrescente os ovos um a um, deixando-os lado a lado separados. Tampe a frigideira e espere as claras começarem a ficar branquinhas. Acrescente sal, pimenta e, com cuidado, adicione o molho por cima dos ovos. Coloque o queijo branco cobrindo tudo, salpique orégano, tampe a panela e deixe cozinhar os ovos (pode ser com gema mole ou gema dura). Para finalizar, acrescente salsinha e cebolinha. Servir quentinho!

Fátima Miquelim também compartilhou algumas dicas para economizar na hora da limpeza da casa. “As pessoas costumam usar produtos de limpeza em excesso, compram em quantidade ou embalagens maiores. Por exemplo: sabão líquido para louças de cinco litros. Ler o rótulo é fundamental para administração e uso certo”, pontuou, indicando que uma colher do detergente diluído em 100ml de água já é o suficiente para lavar uma pia cheia de louças. Outro exemplo mencionado por Fátima é o hipoclorito, conhecido popularmente como água sanitária. “As pessoas estão acostumadas a derramar em quantidade para garantir a limpeza das bactérias e germes. Eu indico que a cada um litro de água se utilize uma colher de sopa do ingrediente. O suficiente para limpar, por exemplo, o banheiro”, pontuou. Além disso, ela lembra que o vinagre pode ser usado em lugar do amaciante de roupas, “pois ambos eliminam as sujeiras e os odores”. Já o bicarbonato de sódio diluído em água pode ser usado para limpar o box do banheiro.

JÁ PENSOU EM PRODUZIR SABÃO EM CASA?

E é possível fazer estas e outras delícias economizando gás de cozinha, conforme orienta Fátima: Limpe sempre as bocas do fogão para evitar escape de gás e, consequentemente, um gasto maior, e até prevenir acidentes; Use as bocas certas do fogão: nada de colocar panelas pequenas nas bocas grandes, pois isso causa desperdício; Use a panela de pressão e acelere o tempo de cozimento;

Na internet e nas redes sociais existem vários sites e canais com receitas e dicas para fazer em casa os próprios itens de limpeza. Umas dessas foi compartilhada por Maria Aparecida para transformar óleo de cozinha em sabão. Para isso, você vai precisar de: 5 litros de óleo de cozinha coado; 1 litro de soda líquida; 1 pote de detergente de coco; 200 ml de desinfetante eucalipto Modo de preparo Em uma vasilha, misture todos os ingredientes e mexa bem. Depois, derrame em uma fôrma forrada com jornal. Após três dias, basta cortar e está pronto para o uso. *Atenção: a soda líquida exige cuidado. Assim, evite a proximidade com a região dos olhos e boca.


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| 9 a 15 de fevereiro de 2022 | Pelo Brasil | 13

Arquidiocese de Curitiba (PR) repudia ‘comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos’ na Igreja do Rosário REDAÇÃO

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A Arquidiocese de Curitiba (PR) divulgou na segunda-feira, 7, uma nota, assinada por seu Arcebispo, Dom José Antonio Peruzzo, na qual se posiciona sobre o episódio ocorrido na tarde do sábado, 5, na Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de São Benedito, no centro da capital paranaense. Na ocasião, um grupo se reuniu no Largo da Ordem, em frente ao templo, para protestar contra os recentes assassinatos de dois homens negros no Rio de Janeiro: o repositor de supermercados Durval Teófilo Filho, de 38 anos, morto a tiros por um vizinho na cidade de São Gonçalo; e o imigrante congolês Moïse Kabagambe, 24, morto a mando do dono de um quiosque para quem ele trabalhava na capital fluminense. A morte do congolês gerou comoção nacional. No sábado, 5, ocorreram protestos em diferentes partes do Brasil, incluindo o feito em Curitiba. Anteriormente, na quinta-feira, 3, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação

Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Rede CLAMOR Brasil e a Rede Solidária para Migrantes e Refugiados emitiram uma nota pedindo por justiça diante do episódio.

A Arquidiocese de Curitiba detalha que o protesto em frente à Igreja do Rosário, construída por negros e inaugurada em 1737, teve início “no mesmo horário da celebração da missa. Solicitados a não tumultuar o momento litúrgico, lideranças do grupo [que

protestava] instaram a comportamentos invasivos, desrespeitosos e grotescos”. Embora pondere que a questão racial no Brasil “ainda requer muita reflexão e análises honestas, que promovam políticas públicas com vistas a contemplar a igualdade dos direitos de todos”, a Arquidiocese lembra que “não é menos verdadeiro que a justiça e a paz nunca serão alcançados com destemperos ou impulsividades desequilibradas”. “Infelizmente, o que houve no último sábado foram agressividades e ofensas. É fácil ver quem as estimulou. A posição da Arquidiocese de Curitiba é de repúdio ante à profanação injuriosa. Também a Lei e a livre cidadania foram agredidas. Por outro lado, não se quer ‘politizar’, ‘partidarizar’ ou exacerbar as reações. Os confrontos não são pacificadores. O que se quer agora é salvaguardar a dignidade da maravilhosa, e também dolorosa, história daquele Templo.” Na terça-feira, 8, Dom Peruzzo enviou um comunicado aos padres da Arquidiocese de Curitiba, incentivando que nos dias 12 e 13 celebrem missas rezando pela paz. Fonte: Arquidiocese de Curitiba

Projeto ‘Olhar Integral’ analisa a realidade brasileira a partir da DSI O Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP inicia um programa de postagens no Instagram para comentar sobre a realidade brasileira atual à luz da Doutrina Social da Igreja (DSI). O projeto denominado “Olhar Integral” é voltado especialmente ao público universitário. O coordenador do Núcleo, o sociólogo Francisco Borba Ribeiro Neto, ressalta que “a Doutrina Social da Igreja se caracteriza por não ser partidária, de esquerda ou de direita, progressista ou conservadora, mas integral, buscando sempre acolher os acertos e condenar os erros em todas as posições”.

“Em todo tema polêmico, procuramos ouvir, compreender e encontrar os aspectos positivos e as motivações de cada posição”, explica Borba. “Feito isso, buscamos nos documentos da Doutrina Social da Igreja um discernimento não só sobre o problema, na sua forma final, mas, também, sobre as motivações e os argumentos de cada lado. Procuramos apresentar a conclusão final desse trabalho em textos curtos e abertos, para que cada leitor possa chegar a sua própria conclusão, tendo como base a Doutrina da Igreja, mas dialogando com suas posições pessoais.” O uso de postagens no Instagram

foi escolhido porque permite uma interação rápida, na qual um fato pode ser comentado imediatamente, dispensando encontros e estudos mais demorados. Existe uma atenção especial para os posicionamentos do magistério em relação a temas políticos candentes, como os programas sociais de renda mínima ou o déficit público, mas, também, sobre questões culturais, como afetividade e sexualidade, ou as interpretações distorcidas de pronunciamentos dos papas. O acesso pode ser feito pelo link: https://www.instagram.com/olharintegral.

Curso on-line sobre processo canônico de dissolução do vínculo matrimonial A Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo da Arquidiocese de São Paulo promove nos dias 22 e 23, das 20h às 21h30, um curso de extensão sobre o processo administrativo de dissolução do vínculo matrimonial rato et non consummato (ratificado, não consumado), especialmente na fase diocesana. Realizada na modalidade on-line, a formação é destinada a bispos, sacerdotes, diáconos, seminaristas, religiosos, estudantes, mestres e doutores em Direito Canônico, advogados, bacharéis em Direito e colaboradores dos tribunais eclesiásticos e câmaras eclesiásticas. De acordo com o Direito Canônico, duas são as características que devem existir para uma união matrimonial ser considerada indissolúvel: de um lado, o caráter sacramental (rato) e, de outro, a consumação (consummato). Com efeito, quando falta um desses elementos, o Matrimônio pode ser dissolvido mediante um processo jurídico canônico específico. O processo de dissolução do vínculo difere, portanto, da declaração de nulidade matrimonial, que é quando se verifica, também mediante um processo canônico, se uma união foi sacramentalmente válida ou nula na sua origem. A formação tratará de temas como a natureza da dispensa pontifícia e seus pressupostos; casos difíceis com consulta ao Tribunal da Rota Romana (Santa Sé); procedimento canônico da dissolução do vínculo; e a análise de casos concretos. O curso será aberto pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e Grão-Chanceler da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo. As aulas serão ministradas pela professora Maria Christina Figueira de Mello Behring Amado Ferreira, advogada, doutora em Direito Canônico e oficial dos tribunais eclesiásticos de São Paulo, Osasco e Jundiaí. O investimento para a realização completa do curso, incluindo a inscrição, é de R$ 55,00. As inscrições podem ser feitas em www.facdcsp.com.br. Outras informações em (11) 20615011 (WhatsApp) ou pelo e-mail: facdcspcursos@gmail.com.

Ministério oferece programas a municípios paulistas atingidos por enchentes No sábado, 5, uma comitiva do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) esteve nos municípios paulistas de Santa Isabel, Franco da Rocha e Francisco Morato, recentemente atingidos por fortes chuvas. Durante encontro, a ministra Dama-

res Alves e secretários da pasta falaram sobre iniciativas como o projeto “Qualifica Mulher”, que oferece capacitação profissional para mulheres em situação de vulnerabilidade social; a Casa da Mulher Brasileira (CMB), que reúne em um único espaço serviços de atendimento a

mulheres em situação de violência doméstica e familiar; o Programa Famílias Fortes, voltado ao fortalecimento de vínculos familiares; o Programa de Equipagem e de Modernização da Infraestrutura dos Órgãos, das Entidades e das Instâncias Colegiadas de Promoção

e de Defesa dos Direitos Humanos (Pró-DH); cursos de capacitação gratuitos para a rede de proteção da criança e do adolescente; e a implementação do Centro de Atendimento Integrado à Criança e o Adolescente Vítimas de Violência. (Com informações do Governo Federal)


14 | Reportagem | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

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Após a cratera, como ficam as obras da linha 6 do Metrô? Governo do Estado de São Paulo

GOVERNO PAULISTA MONTA COMITÊ PARA AVERIGUAR RAZÕES DO ACIDENTE DO DIA 1º; MORADORA VIZINHA A UMA DAS FUTURAS ESTAÇÕES RELATA SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA

O QUE FAZER DIANTE DE PROBLEMAS NA ESTRUTURA DA CASA?

DANIEL GOMES

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Uma semana após o acidente nas obras da futura estação Santa Marina da linha 6-Laranja do Metrô, as condições do trânsito na Marginal do Tietê, entre as pontes do Piqueri e da Freguesia do Ó, estão voltando à normalidade depois da inauguração, na segunda-feira, 7, de uma via emergencial nas proximidades do local do acidente. No dia 1º, uma tubulação de esgoto se rompeu perto da estação e resultou na abertura de uma cratera nas pistas local e central da Marginal, no sentido da Rodovia Ayrton Senna. Não houve feridos. O trânsito na pista local continua interrompido, mas com a estabilização do solo e o fechamento da cratera, a via central foi liberada. A pista expressa não foi afetada. As obras da futura estação estão temporariamente suspensas.

APURAÇÕES E RESPONSABILIZAÇÕES

O Governo de São Paulo criou um comitê para investigar as causas do acidente e fazer estudos para soluções técnicas voltadas à realização da drenagem, retomada da construção da estação e o conserto da tubulação de esgoto e da Marginal do Tietê. O grupo irá monitorar o cumprimento de providências pela construtora espanhola Acciona, responsável pelas obras. Também o Instituto de Pesquisas Tecnológicas foi contratado para apurar os fatos e as responsabilidades do acidente. Todos os custos dessas operações serão pagos pela Acciona. O Ministério Público de São Paulo também instaurou inquérito civil para investigar as causas do acidente e os decorrentes danos ambientais e urbanísticos. Deverão prestar esclarecimentos a Acciona, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) – sobre a rede de esgoto; a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) – sobre o ordenamento do trânsito; e a Defesa Civil estadual – a respeito da existência de risco nos imóveis do entorno. Ainda no dia 1º, o diretor da Defesa Civil da Lapa, Robson da Silva Bertolotto, descartou haver risco de que o acidente tenha afetado a estrutura de prédios próximos, como o Condomínio Terazza Marina. A mesma garantia foi dada pelo secretário estadual de Transportes Metropolitanos de São Paulo, Paulo José

pactos posteriores. Porém, devido ao recente acidente, ele avalia que é preciso redobrar o acompanhamento: “Deve-se fazer uma análise mais profunda sobre aquilo que foi atingido e também é importante verificar o que está acontecendo com a obra, afinal encheu de esgoto no túnel aberto pela tuneladora. A Acciona e o governo do estado precisam estar em alerta”.

Preenchimento da cratera, perto da futura estação Santa Mariana, começou já no dia 1º

Galli, e confirmada por uma perícia particular contratada por esse condomínio.

SENSAÇÃO DE INSEGURANÇA

Para quem vive próximo às obras da linha 6 do Metrô, entretanto, a sensação não é de tranquilidade, em especial quando há sinais evidentes do impacto das obras. Amanda Telles de Souza Valério mora, com o esposo e os filhos de 11 e 14 anos, em uma casa na Rua Ameliópolis, vizinha à futura estação João Paulo I. Ela relatou à reportagem que desde 2021, com a intensificação das ações de detonação das rochas no terreno da futura estação, ela e outros moradores têm percebido os impactos nas casas. “O meu portão é de trilho, e percebermos que a estrutura dele ficou abalada, pois para puxá-lo está mais difícil. Depois, surgiram rachaduras na minha garagem [foto ao lado]. Como as detonações continuaram, apareceram mais, e por uma das rachaduras conseguimos até ver o quintal da vizinha”, detalhou. “Ver o acidente na estação Santa Marina, tão próxima, nos deixou completamente inseguros. É uma situação que preocupa todo o bairro. A primeira coisa que deveriam ter feito era dar um parecer claro à comunidade, pois ainda há pessoas em pânico. Não temos conseguido dormir em paz, pois imaginamos que pode acontecer aqui o que houve na Marginal. Ninguém se preocupou em vir conversar conosco”, lamentou. Amanda relatou que a Acciona disponibiliza uma central de atendimento para que os moradores relatem a ocorrência de problemas estruturais nas casas, e que regularmente uma equipe da empresa vista as residências. “O que nos preocupa, porém, é que a Acciona diz que só conseguirá fazer os reparos nas casas depois que forem finalizadas as obras. A equipe vem, tira fotos, usa al-

guns equipamentos, faz laudos e os manda para o departamento de Engenharia da empresa. No entanto, documento algum nos é passado, cópia alguma dos laudos fica conosco”, assegurou. Procurada pela reportagem, a Acciona não respondeu aos questionamentos sobre vistorias e orientações às famílias que moram próximas às obras. Em nota à imprensa, no dia 1º, a empresa informou que, em caso de dúvidas, a população pode entrar em contato por uma central de atendimento pela internet ou pelo telefone 0800-580-3172. Comunicou, ainda, que “o incidente [ocorrido na Marginal] é pontual e não interfere nas demais frentes de trabalho do projeto, que seguem em execução”.

É NECESSÁRIO REDOBRAR O MONITORAMENTO

Na avaliação do engenheiro Emiliano Stanislau Affonso Neto, diretor do Sindicato dos Engenheiros no Estado de São Paulo, o acidente na Marginal em si não coloca em risco as comunidades próximas a outras estações. Entretanto, as ocorrências de problemas estruturais sempre devem ser averiguadas, apesar de nem todas as rachaduras serem motivo para preocupação. “Existem dois tipos de trinca: uma delas é reta, aos poucos se abre uma fenda, geralmente perpendicular ao chão, e que não representa maiores riscos. O problema maior ocorre quando uma fenda apresenta algum ângulo, pois isso indica que uma parte da fundação do imóvel está se mexendo de um jeito diferente, ou seja, está havendo impacto na estrutura”, explicou o engenheiro, que trabalha na Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) há 39 anos. Affonso Neto comentou, ainda, que a ocorrência de vibrações no entorno das obras é algo comum, mas se o trabalho for bem executado não há im-

O advogado Antonio Carlos de Freitas Junior, especialista em Direito Constitucional, explicou à reportagem que como a linha 6 do Metrô é uma concessão feita no modelo de Parceria Público-Privada (PPP), a responsabilidade primeira por quaisquer acidentes é da empresa concessionária. No entanto, quando o morador próximo de uma das obras perceber eventuais danos estruturais significativos em sua casa, o recomendável é que acione inicialmente a Defesa Civil do Município: “É ela que vai ver as condições do local, avaliar se precisa retirar as pessoas e se há algum tipo de emergência”. O advogado explicou, ainda, que nessas situações deve haver uma perícia inicial para se estimar o que tem provocado os problemas. “É importante que, imediatamente, seja feita essa perícia técnica, pois daqui há um ano, por exemplo, não será possível saber, tecnicamente, de quem foi a culpa.” Outra atitude indispensável é registrar a evolução dos fatos. “As pessoas, às vezes, notam o problema e não tiram uma foto, não mandam um e-mail para os responsáveis, e assim as responsabilidades não vão sendo provadas. É importante registrar ao longo do tempo a evolução desse deterioramento”, destacou Freitas Junior. Arquivo pessoal

Casa próxima à futura estação João Paulo I


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| 9 a 15 de fevereiro de 2022 | Papa Francisco | 15

A fraternidade é a base de todas as relações entre povos FILIPE DOMINGUES

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO, EM ROMA

Como membros da mesma família humana, todos podemos promover uma cultura de paz compartilhando “sentimentos de fraternidade”, afirmou o Papa Francisco, em sua mensagem na segunda Jornada Internacional da Fraternidade Humana, na sexta-feira, 4. A data recorda a publicação do “Documento sobre a Fraternidade Humana pela Paz Mundial e a Convivência Comum”, há três anos, assinado por ele e pelo Grande

Imã de Al-Azhar, Ahmad Al-Tayyeb. “A fraternidade é um dos valores fundamentais e universais que deveria estar na base das relações entre os povos, de modo que os que sofrem ou são desavantajados não se sintam excluídos e esquecidos, mas acolhidos”, declarou, em um vídeo gravado para a ocasião. “Todos nós vivemos sob o mesmo céu, independentemente de onde e como vivemos, da cor da pele, da religião, do nível social, do sexo, da idade, das condições de saúde e econômicas; Somos todos diferentes, e, mesmo assim, todos iguais, e este período de

pandemia nos demonstrou isso. Repito mais uma vez: sozinho ninguém se salva!”, insistiu o Pontífice. Ele convidou a humanidade a, mais uma vez, “caminhar unida” e não deixar para amanhã a promoção de um futuro de unidade e de paz. Também incentivou todas as pessoas de fé e todas aquelas de boa vontade a “dar-se as mãos para celebrar nossa unidade na diversidade, para dizer às comunidades e às sociedades que chegou o tempo da fraternidade”, disse. “Ou somos irmãos, ou tudo cai por terra”, exortou o Santo Padre.

A guerra ‘contradiz a Criação divina’ Formar uma família e levar adiante a sociedade é construir, mas “a guerra é destruir”, disse o Papa Francisco, em um popular programa de entrevistas da televisão pública italiana, “Che tempo che fa” (“Há quanto tempo”), no domingo, 6. “A guerra é uma contradição da Criação. Na Bíblia, Deus cria o homem e a mulher, mas depois chega a guerra entre irmãos, um malvado contra um inocente, por inveja, e depois uma guerra cultural”, recordou. “A guerra está no sentido contrário à Criação. A guerra é sempre destruição”, comentou o Pontífice, na TV Rai 3, entrevistado pelo apresentador Fabio Fazio. Embora o Papa não tenha feito afirmações novas na conversa, muitas pessoas que não estão habituadas a ouvi-lo assistiram à entrevista, dada a popularidade do programa. Sobre a questão migratória, Francisco insistiu que a Europa precisa desenvolver sua política comum. “O migrante deve ser acolhido, acompanhado, promovido e integrado”, disse. Ele também denunciou a “globalização da indiferença”, usando como exemplo a guerra no Iêmen, que existe há anos e não se resolve. A respeito da questão climática, ele falou especificamente do desmatamento na Amazônia. “Sabemos o que significa

Vatican Media

uma política de desmatamento: menos oxigênio, mudança climática, morte da biodiversidade, matar a Mãe Terra. Significa não ter aquela relação que têm os povos originários, que eles chamam de ‘bem viver’, que é viver em harmonia com a Terra.” O Papa Francisco também falou de sua vida na Argentina, amizades, gostos musicais e culturais. Como sempre, pediu que se rezasse por ele, “porque preciso da proximidade das pessoas”, disse. (FD)

Evento sobre sacerdócio e comunhão entre vocações Um simpósio organizado no Vaticano vai refletir sobre a vocação sacerdotal, suas bases teológicas e questões fundamentais da atualidade. Entre elas, o celibato, o clericalismo e a sinodalidade. O tema central do evento é “Por uma teologia fundamental do sacerdócio”, organizado entre 17 e 19 de fevereiro, pela Congregação para os Bispos e pelo Centro de Pesquisa e de Antropologia das Vocações. O Papa Francisco deve abrir o encontro, na manhã do primeiro dia. De acordo com o Cardeal Marc Ouellet, Prefeito da Congregação para os Bispos e um dos animadores do encontro, será analisado não só o sacerdócio ministerial, que é aquele dos padres e bispos, mas o chamado “sacerdócio comum”, que inclui todos os membros batizados da Igreja no seu chamado ao testemunho de vida e à evangelização. “O objetivo é focalizar a reflexão teológica sobre todas as vocações batismais e, assim, ajudar o povo de Deus a conhecer e aprofundar os dons de graça que existem em toda chamada à santidade suscitada pelo Espírito Santo”, disse o Cardeal na apresentação do simpósio, em abril de 2021. O evento é pensado principalmente para os bispos. A relação entre o sacerdócio dos ministros ordenados e o dos fiéis batizados requer atenção especial, “porque exige reajustes pastorais, e envolve questões ecumênicas que não podem ser ignoradas, assim como movimentos culturais que questionam o lugar da mulher na Igreja”, declarou o Cardeal. “Como viver uma conversão missionária de todos os batizados sem uma nova consciência do dom do Espírito Santo à Igreja e ao mundo por meio do Cristo Ressuscitado?” Tudo isso será pensado no contexto da sinodalidade, que necessariamente depende da “comunhão de vocações”. (FD)


16 | Pelo Mundo | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

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Bento XVI comenta relatório sobre abusos cometidos por clérigos em arquidiocese alemã Vatican Media/Arquivo

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

O Papa emérito Bento XVI escreveu uma carta endereçada aos fiéis da Arquidiocese de Munique e Freising, na Alemanha, comentando o recente relatório sobre os abusos sexuais contra menores e pessoas vulneráveis nessa Igreja particular da qual ele, o então Cardeal Joseph Ratzinger, foi Arcebispo por quase cinco anos. Com um tom penitencial, o Pontífice emérito, de 94 anos, usa a expressão latina do rito da missa “mea maxima culpa” (minha grandíssima culpa) para expressar seu pesar pelo sofrimento evidenciado no documento. Na primeira parte da carta, Bento XVI agradece àqueles que colaboraram com ele na visualização do material documental e na preparação das respostas enviadas à comissão. Como já havia feito dias atrás, ele pede desculpas novamente pelo erro, absolutamente não intencional, de sua presença na reunião de 15 de janeiro de 1980, durante a qual foi decidido acolher na Arquidiocese um padre que precisava de tratamento. Ele também diz estar “particularmente grato pela confiança, apoio e orações que o Papa Francisco expressou para mim pessoalmente”. Na segunda parte da missiva, o Papa emérito se diz impressionado com o fato de que todos os dias a Igreja coloca no centro de cada celebração da missa, “a confissão de nossa culpa e o pedido de perdão”. “É claro que a palavra ‘grandíssima’ não se refere da mesma maneira a cada dia, a cada dia singularmente considerado. Mas a cada dia, me pergunto se também hoje não devo falar grandíssima culpa. E me diz de forma consoladora que, por maior que seja minha culpa hoje, o Senhor me perdoa, se com sinceridade me deixo ser escrutado por Ele e

vida e me permite atravessar a porta escura da morte com confiança”.

ESPECIALISTAS REAFIRMAM QUE NÃO HOUVE ENCOBERTAMENTO

estou verdadeiramente disposto a mudar a mim mesmo”, continua.

OUVIR AS VÍTIMAS

O Papa emérito recorda, em seguida, suas conversas presenciais com as vítimas de abusos cometidos por clérigos: “Em todos os meus encontros, sobretudo durante minhas muitas viagens apostólicas, com vítimas de abuso sexual por parte de padres, olhei nos olhos as consequências de uma grandíssima culpa e aprendi a entender que nós mesmos somos arrastados para esta grande culpa quando a negligenciamos ou quando não a enfrentamos com a decisão e responsabilidade necessárias, como muitas vezes tem acontecido e acontece”. “Como naqueles encontros, mais uma vez só posso expressar a todas as vítimas de abuso sexual minha profunda vergonha, minha grande dor e meu sincero pedido de perdão. Tive grandes responsabilidades na Igreja Católica. Tanto

maior é minha dor pelos abusos e erros que ocorreram durante o tempo de meu mandato nos respectivos lugares. Cada caso de abuso sexual é terrível e irreparável. Para as vítimas de abusos sexuais, vai minha mais profunda compaixão e lamento cada caso”, afirma o Pontífice emérito. Ele conclui sua carta com estas palavras: “Muito em breve, me encontrarei perante o juiz supremo de minha vida. Embora eu possa ter muitos motivos de temor e medo, quando olho para trás em minha longa vida, sinto-me, em todo caso, com ânimo alegre porque confio firmemente que o Senhor não é apenas o juiz justo, mas ao mesmo tempo o amigo e irmão que já sofreu Ele mesmo minhas insuficiências e é, portanto, como juiz, ao mesmo tempo meu defensor (Paráclito). Em vista da hora do julgamento, a graça de ser cristão torna-se clara para mim. Ser cristão me dá o conhecimento, mais que isso, a amizade com o juiz da minha

Junto com a carta de Bento XVI, também foi publicado um pequeno anexo de três páginas, redigido pelos quatro especialistas em Direito – Stefan Mückl, Helmuth Pree, Stefan Korta e Carsten Brennecke – que já tinham sido envolvidos na elaboração das 82 páginas de resposta às perguntas da comissão. Os especialistas reiteram que o então Cardeal Ratzinger, ao receber o padre que deveria ser tratado em Munique, não estava ciente de que o mesmo fosse um autor de abusos. Eles também afirmam que, em nenhum dos casos analisados pelo relatório, Joseph Ratzinger teve conhecimento de qualquer abuso sexual cometido ou suspeito de ter sido cometido por padres. A documentação não fornece prova alguma em contrário e, de fato, em resposta a perguntas específicas sobre este ponto durante a coletiva de imprensa, os mesmos advogados que redigiram o relatório declararam que presumiam com probabilidade que o Cardeal sabia, mas sem que esta alegação fosse corroborada por testemunhos ou documentos. O anexo assinado pelos quatro consultores especialistas em Direito, por cujo trabalho o Papa emérito assumiu a responsabilidade, contribui, assim, para esclarecer o que saiu da mente e do coração de Ratzinger, e o que é o resultado da pesquisa de seus consultores. Bento XVI reitera que não tinha conhecimento dos abusos cometidos pelos padres durante seu breve episcopado. Mas com palavras humildes e profundamente cristãs, ele pede perdão pela “grandíssima culpa” dos abusos e pelos erros e subestimações que ocorreram durante seu mandato. Fonte: Vatican News


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| 9 a 15 de fevereiro de 2022 | Com a Palavra | 17

Filipe Domingues

‘A Igreja precisa estar nas redes e promover o encontro’ Arquivo pessoal

DANIEL GOMES

osaopaulo@uol.com.br

Jornalista, mestre e doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, Filipe Domingues, colaborador do jornal O SÃO PAULO, publicou recentemente o livro “Selflessness in the Age of Selfies”, fruto de sua pesquisa para o doutorado, concluído em 2019. A obra, por ora apenas disponível em inglês, mas da qual já resultaram alguns artigos em português, aborda como a mídia e as redes sociais fazem parte da dinâmica da cultura do descarte e do consumismo, e propõe reflexões sobre a presença da Igreja no ambiente digital. Domingues também se baseou nas preocupações externadas pelos jovens no Sínodo dos Bispos de 2018, do qual ele participou como perito para as questões de ética na comunicação. Leia a íntegra a seguir:

O SÃO PAULO – Como surgiu a ideia de produzir o livro “Selflessness in the Age of Selfies”? Filipe Domingues – Embora eu seja jornalista – e agora trabalhando também no meio acadêmico –, durante a pesquisa do meu doutorado em Ciências Sociais, eu achei que precisava sair da zona de conforto e me voltar para a análise das redes sociais, a partir dos princípios do ensinamento social da Igreja. A ideia inicial era fazer uma reflexão ética sobre as redes sociais, como nos comportamos ali, por que elas são como são, e como deveriam ser para que a gente tivesse uma vida melhor. Você foi membro da comissão redatora do documento pré-sinodal e participou, como perito, do Sínodo dos Bispos sobre os jovens em 2018. O quanto essa experiência contribuiu para as reflexões que apresenta no livro? Quando eu trabalhava na parte teórica da pesquisa, meu orientador pediu que eu acrescentasse uma análise concreta. Tive a sorte de, ao mesmo tempo, ser convidado para participar da reunião pré-sinodal e depois da assembleia do Sínodo, cujo tema era “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”. Dali, tirei meus dados para a pesquisa “de campo”. Juntei as duas coisas e terminei com uma reflexão ética, sobre a cultura do descarte nas redes sociais, que se confirma nas falas dos próprios jovens durante o Sínodo. Quais são as reflexões centrais apresentadas neste livro que em seu título, em tradução livre, remete a dois conceitos aparentemente opostos: o altruísmo/atenção com o próximo e a personalização/individualismo?

Sim, infelizmente em português não temos uma palavra equivalente a “selflessness”, que em inglês seria o esvaziamento ou “apagamento” de si mesmo. Daí eu faço um jogo de palavras com “selfie”, que é a foto de si, um autorretrato digital, feito com o celular. Na era dos selfies, como podemos deixar de nos colocar sempre em primeiro lugar? Essa é a reflexão de fundo, e chamo os jovens para conversar. Duas pessoas me influenciaram muito: um é o estudioso inglês Roger Silverstone, morto em 2006, que fala da “mediapolis”. Ele diz que hoje nós nos encontramos e nos relacionamos principalmente por meio da mídia, da tecnologia. Quase tudo o que sabemos sobre o mundo e sobre o outro, aquele que é diferente de nós, sabemos por meio da mídia. E quem aparece mais na mídia tem mais voz. Quem não aparece não é lembrado. A outra influência foi o Papa Francisco, que trouxe a expressão “cultura do descarte” para o magistério social da Igreja, influenciado por outros teóricos, como Zygmunt Bauman. Francisco diz que, nessa cultura, uma parcela de pessoas está totalmente excluída do sistema econômico e social. Elas não estão só marginalizadas, o que já seria ruim; elas simplesmente “não existem”, estão fora do sistema, descartadas, e são tratadas com total indiferença. Procurei entender, então, como a mídia e as redes sociais fazem parte da dinâmica do descarte, e como os jovens sentem isso tudo. O que caracteriza a “Age of Selfies” e o quanto entendê-la pode nos ajudar a compreender as posturas dos jovens de hoje?

A cultura do descarte define essa era. Suas bases são o consumo, o mercado, a aceleração do tempo e o desperdício. No livro, eu falo desses pontos. Mas, basicamente, na cultura predominante, nós consumimos muito, mas estranhamente somos muito desapegados dos bens materiais – descartamos as coisas rapidamente, e elas são feitas para durar pouco. O que é velho é considerado ruim. Aplicamos uma lógica de mercado a quase tudo, às nossas relações, à religião, à educação, à saúde… tudo é considerado na base da troca, sem um sentido de gratuidade, e apenas de tirar o máximo proveito da situação de forma egoísta. E tudo acontece muito rápido. As coisas perdem valor porque só o que é útil é válido. A velocidade nos diferencia da era pré-digital. Por meio dos algoritmos, as redes sociais estão cada vez mais arquitetadas a partir das preferências de cada usuário. Qual impacto isso tem causado para os relacionamentos interpessoais? Quem assistiu ao documentário “O dilema das redes”, na Netflix, viu que as redes sociais nascem como uma iniciativa boa, de democratização da informação, de facilitar as comunidades, de aproximar as pessoas pelo que elas têm em comum. O que as desvirtua é a monetização, ou seja, quando elas se tornam negócios que têm que dar lucro e praticamente não são reguladas. Já não podemos mais falar em “usuários”, porque quem está ali não está só usando uma ferramenta, mas está ali com toda a sua pessoa, com sua personalidade, suas relações, que são reais, participando da cultura digital, se encontrando com outros

humanos, mas em ambientes digitais. Os algoritmos são códigos que servem para acompanhar nossos comportamentos, associando conteúdos a pessoas conforme o que eles consideram relevante, e isso tudo é usado por empresas como um negócio que tem que dar lucro. A Igreja tem se feito presente como deveria no ambiente digital, de modo a bem acompanhar e orientar os jovens? O que ainda pode ser aprimorado? A resposta curta é não, não tem. Mas a resposta longa é que ninguém tem feito isso bem, ainda. Essa é uma realidade em constante transformação. Até as empresas como o Facebook, que agora se chama Metaverso, ou Apple, Amazon, Google, estão todos “correndo atrás do rabo”, tentando descobrir qual é a próxima grande revolução. Ninguém sabe ainda o que a tecnologia pode nos proporcionar em 50 anos. O que podemos fazer hoje, e a Igreja pode contribuir mais, é ajudar as pessoas comuns, especialmente os jovens, a entender como as redes funcionam, quais são os interesses por trás do seu funcionamento, e ensinar as virtudes humanas, os princípios cristãos, que podem e devem ser aplicados também à vida digital. No recém-lançado livro “Evangelização Juvenil – Desafios e Perspectivas”, há um artigo de sua autoria intitulado “Jovens e redes sociais: é possível construir a ‘cultura do encontro’ digital?”. Considerando que seja possível tal construção, isso envolve quais passos principais? A cultura do encontro, nas palavras do Papa Francisco, é o oposto da cultura do descarte. Se o descarte é marcado pelo consumo, pela velocidade, pela indiferença, o encontro é marcado pela escuta, pela lentidão, pela proximidade, inclusive de pessoas diferentes. É possível fazer isso nas redes sociais? Os jovens de hoje não vão sair das redes, e o Sínodo mostrou que eles querem ser acompanhados pelos mais velhos, gostam de ser ouvidos, mas também de ouvir. Ficar longe das redes não nos aproxima dos jovens. Pelo contrário, a Igreja precisa estar lá e promover o encontro, ajudando os jovens com oportunidades de conhecer pessoas diferentes, praticar a misericórdia, obras corporais e espirituais no mundo digital, a dialogar de forma respeitosa, a não cair em armadilhas políticas e fake news... Nas redes, é muito fácil bloquear alguém, é muito difícil recuperar uma amizade. Será que a Igreja pode criar espaços para nos “desbloquearmos” uns aos outros? O Evangelho mostra que sim. Agora temos que tornar isso como uma prioridade da “era dos selfies”.

As opiniões expressas na seção “Com a Palavra” são de responsabilidade do entrevistado e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editoriais do jornal O SÃO PAULO.


18 | Reportagem | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

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Projeto reacende debate sobre a legalização dos jogos de azar no Brasil A tramitação na Câmara dos Deputados do Projeto de Lei 442/91, que legaliza os jogos de azar no Brasil, trouxe à tona novamente a polêmica em torno dessa modalidade e seus impactos na sociedade. O texto que tramitará sob regime de urgência na Câmara é uma atualização do projeto

pendem única e exclusivamente do fator sorte e, portanto, não é necessário habilidade ou nenhum outro requisito para o ganho. A partir dessa definição geral, são incluídos nessa categoria tanto os jogos como loteria, rifa, roleta, jogo do bicho, caça-níqueis, bingos, quanto as apostas simples, por exemplo, o “cara ou coroa”. A Lei de Contravenções Penais não proíbe os jogos de azar em si, mas a prática e comercialização deles em lugares públicos, como é o caso das roletas, ca-

original, de 1991, organizada pelo deputado Felipe Carreras (PSB-PE). O substitutivo prevê a elaboração de regras “sobre a exploração de jogos e apostas em todo o território nacional”, como cassinos integrados em resorts, cassinos urbanos, jogo do bicho, apostas esportivas, bingos, jogos de habilidade e corridas de cavalos. No projeto também está prevista a criação do Sistema Nacional de Jogos e Apostas, órgão público regulador responsável por aplicar a legislação aprovada às casas de aposta, bem como para “prevenir e combater o uso de jogos e apostas para as práticas de crimes, especialmente a sonegação fiscal, a lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo”.

ça-níqueis, bingo, jogo do bicho e os cassinos, que são proibidos de funcionar no País. Apostas esportivas e apostas sobre corrida de cavalos fora do hipódromo ou dos locais autorizados também são proibidas. A legislação brasileira, no entanto, não proíbe a prática desses jogos de maneira informal, com os amigos e familiares, desde que não haja nenhum fim comercial na prática. A história sobre a proibição de jogos no Brasil remonta ao Decreto-Lei 9.215, de 30 de abril de 1946, promulgado pelo então presidente Eurico Gaspar Dutra. Na época, argumentou-se que essa prática era altamente viciante e, consequentemente, prejudicial, fazendo com que as pessoas desenvolvessem transtornos que impactariam diretamente em suas vidas e convívio social. Além disso, o crescimento da manipulação de tais jogos por parte do crime organizado motivou a decisão de Dutra.

PROIBIÇÃO

JOGOS AUTORIZADOS

FERNANDO GERONAZZO

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São denominadas jogos de azar aquelas modalidades em que a vitória ou a derrota de-

De forma autorizada e regulamentada, os únicos jogos de azar permitidos no Brasil são as loterias, que contam

com a supervisão do Governo Federal. Outros como o bingo e a rifa são autorizados desde que não sejam executados em locais públicos e com fins de angariar lucros pessoais, mas com finalidades beneficentes, por exemplo. Jogos como o pôquer não são considerados de azar, pois existe um entendimento de que a vitória nessa modalidade depende da capacidade de leitura das ações do adversário e do cálculo de probabilidades das cartas que estão em jogo, e não estritamente da sorte.

minosas assumam o aspecto de lucros e receitas legítimas”.

DEPENDÊNCIA

A dependência grave sobre a qual alerta o Catecismo é reconhecida pelos profissionais da saúde mental, que costumam chamá-la de “jogo patológico”, o qual consiste na compulsão ou mesmo adicção (vício) nessas práticas, com sintomas semelhantes aos da dependência de substâncias como álcool e drogas. Na literatura médica, o jogo patológico é considerado como doença desde 1980, e atualmente é Javon Swaby/Pexels classificado como “transtorno do controle dos impulsos não classificados em outro local” ou como “transtorno de hábitos e impulsos”. O jogo patológico pode ser definido como o comportamento recorrente de apostar em jogos de azar apesar das consequências negativas decorrentes desta atividade. O indivíduo perde o domínio sobre o jogo, tornando-se incapaz de controlar o tempo e o dinheiro gasto, mesmo quando está perdendo. Os principais sinais dessa dependência são: necessidade de apostar quantias de dinheiro cada vez maiores, a fim de atingir a excitação desejada; inquietude ou irritabilidade quando tenta reduzir ou interromper o hábito de jogar; preocupação frequente com o jogo; constantemente joga quando se sente angustiado; mente para esconder a extensão de seu envolvimento PREOCUPAÇÃO DOS BISPOS com o jogo; prejudica ou perde um rePor meio de uma nota emitida no dia lacionamento significativo, emprego ou 1º, a Conferência Nacional dos Bispos do uma oportunidade educacional ou profissional em razão do jogo; depende de Brasil (CNBB) manifestou sua oposição outras pessoas para obter dinheiro, a fim à aprovação do projeto que autoriza os de saldar situações financeiras desespejogos de azar. radoras causadas pelo jogo. “Cabe-nos, por razões éticas e evangélicas, alertar que o jogo de azar DOUTRINA DA IGREJA traz consigo irreparáveis prejuízos O Catecismo da Igreja Católica (CIC), morais, sociais e, particularmente, ao tratar do sétimo mandamento – “não familiares. Além disso, o jogo compulsivo é considerado uma patologia roubarás” –, menciona os jogos de sorte no Código Internacional de Doenças e apostas, assim como os riscos que tais da Organização Mundial da Saúde. O práticas podem trazer quando excedem sistema altamente lucrativo dos jogos e causam dependência nas pessoas. de azar tem sua face mais perversa na “Os jogos de azar (jogos de carta etc.) pessoa que sofre dessa compulsão”, ou apostas em si não são contrários à justiça. Tornam-se moralmente inaceitáveis afirma o episcopado. quando privam a pessoa daquilo que lhe A conferência também questiona é necessário para suprir suas necessidaos argumentos em favor da aprovação des e as dos outros. A paixão pelo jogo do projeto, os quais “não consideram a corre o risco de se transformar em uma possibilidade de associação dos jogos dependência grave. Apostar injustamende azar com a lavagem de dinheiro e o te ou trapacear nos jogos constitui matécrime organizado”. E prossegue: “Diversas instituições de Estado têm alertado ria grave, a menos que o dano infligido que os cassinos podem facilmente se seja tão pequeno, que aquele que o sofre transformar em instrumentos para que não possa razoavelmente considerá-lo recursos provenientes de atividades crisignificativo” (CIC, 2413).


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| 9 a 15 de fevereiro de 2022 | Geral/Fé e Vida | 19

Teologia na PUC-SP: Um curso, duas titulações e múltiplas possibilidades REDAÇÃO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

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Ainda é possível começar neste semestre os estudos de Teologia na PUC-SP. Até o dia 14, os interessados podem se inscrever no processo seletivo complementar que será feito por meio de uma prova on-line, no dia 17, ou a partir da nota obtida pelo estudante no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), entre as edições de 2016 a 2021. A inscrição, no valor de R$ 50,00, pode ser feita no portal Nucvest – Vestibulares e Concursos, acessível pelo link encurtado a seguir: https://cutt.ly/SOPDfiT. O curso de bacharelado em Teologia tem duração de quatro anos, para a turma matutina, e de cinco anos, no período noturno. As aulas presenciais acontecem no campus Ipiranga da PUC-SP, localizado na Avenida Nazaré, 993. O diploma de Bacharel em Teologia da PUC-SP tem duplo reconhecimento: o civil, pelo Ministério da Educação (MEC), e o eclesiástico, pela Santa Sé, desde que o estudante já tenha cursado a graduação em Filosofia ou a faça posteriormente, em uma complementação filosófica oferecida pela faculdade, no período noturno.

POR QUE ESTUDAR TEOLOGIA?

Em recente entrevista à rádio 9 de Julho, o Diretor da Faculdade de Teologia da PUC-SP, Padre Boris Agustín Nef Ulloa, elencou alguns dos muitos benefícios que um leigo pode obter com o estudo da Teologia. “A formação teológica faz com que a pessoa entenda a sua fé de uma forma mais aprofundada, mais ampla. A Teologia transforma, em primeiro lugar, a vida da pessoa”, comentou. Padre Boris detalhou que o estudo da Teologia permite que o leigo aprofunde saberes sobre a fé revelada, tendo como fundamento o tripé Sagrada Escritura, Tradição e Magistério da Igreja, um conhecimento que será enriquecedor não só para quem o adquire, mas também para a comunidade a qual essa pessoa pertença e para toda a Igreja. “Estimular mulheres, homens, leigos e leigas a aprofundar o estudo teológico ajuda também a amadurecer e progredir essa Igreja mais ministerial, mais sinodal, missionária e em saída que o Papa tem insistido. A ciência teológica, embora seja um instrumental necessário para a ordenação de ministros ordenados, não deve estar exclusivamente ‘nas mãos’ dos ministros ordenados, religiosos e religiosas, mas também dos leigos”, enfatizou o Diretor da Faculdade.

ESTUDE TEOLOGIA NA PUC-SP AINDA NESTE SEMESTRE

Inscrições: até 14/02, no portal Nucvest – Vestibulares e Concursos, acessível em https://cutt.ly/SOPDfiT Valor: R$ 50,00 Processo seletivo por prova on-line: 17/02, das 19h30 às 21h Seleção a partir da nota do Enem: o instrumento para a seleção é o resultado obtido pelo candidato no Enem nas edições entre 2016 e 2021, desde que a média obtida tenha sido igual ou superior a 450 pontos Local de estudo: Campus Ipiranga da PUC-SP (Avenida Nazaré, 993) Duração: 4 anos (matutino) ou 5 anos (noturno) Mensalidade para ingressantes: R$ 1.678,00 (matutino); R$ 1.253,00 (noturno) Para mais detalhes sobre o curso: www.pucsp.br/graduacao/teologia Canais de atendimento: WhatsApp – (11) 3124-5797; E-mail vestibular@fundasp.org.br

MUITOS CAMPOS DE ATUAÇÃO

O Sacerdote também falou sobre as várias possibilidades de atuação profissional dos leigos que se formam em Teologia: “Essas pessoas, capazes de dar um testemunho mais qualificado da própria fé, podem trabalhar no Ensino Religioso, em alguma instituição católica ou simplesmente prestar concursos públicos em que se exige alguma graduação em nível superior”. Padre Boris também recordou que muitas empresas hoje têm buscado por profissionais graduados em Teologia, dada a crescente demanda de questões referentes à ética. “Há muitos teólogos que trabalham em comitês de ética, atuam com questões relativas aos direitos humanos, combate à violência, defesa da criança e dos idosos, enfim, existem muitas instituições que precisam de pessoas que tenham uma formação teológica adequada”, exemplificou. Além das possibilidades profissionais, Padre Boris comentou que leigos bem formados em Teologia podem melhor servir a Igreja em diferentes pastorais, na Catequese, como ministros extraordinários, bem como colaborar na formação espiritual dos fiéis. “O Santo Padre tem pedido uma formação mais qualificada dos catequistas, e assim o curso de Teologia pode dar acesso às pessoas compreenderem as razões de sua fé e melhor dialogar na sociedade contemporânea diante dos atuais problemas. Portanto, há toda

uma reflexão da fé, mas que aterrissa na realidade concreta”, explicou.

INVESTIMENTO

O valor atual das mensalidades para os estudantes ingressantes é de R$ 1.678,00 (matutino) e R$ 1.253,00 (noturno). A Faculdade de Teologia não concede bolsas de 100%, mas há um fundo solidário, mantido pelos professores e por doações, para facilitar o acesso dos leigos a esta graduação. “Nós oferecemos bolsas que em alguns semestres chegam a 50% do valor da mensalidade, em outros a 70%, isso depende muito do fundo que conseguimos manter”, comentou o Padre Boris, mencionando ainda a possibilidade de o estudante obter bolsas de estudos junto à Fundação São Paulo, mantenedora da PUC-SP. O Diretor da Faculdade de Teologia também explicou que se tem feito um trabalho de sensibilização junto às paróquias da Arquidiocese e de outras dioceses da Província Eclesiástica de São Paulo sobre a possibilidade de que custeiem parte dos estudos dos leigos que queiram cursar Teologia. “Na Paróquia em que sou Pároco, a Imaculada Conceição, no Ipiranga, temos aprovado pelo conselho paroquial uma ajuda econômica para duas pessoas leigas, que vão iniciar o curso de Teologia este ano. É importante achar caminhos nas próprias paróquias e comunidades, mesmo as que têm menos recursos”, avaliou.

Liturgia e Vida 6º DOMINGO DO TEMPO COMUM 13 DE FEVEREIRO DE 2022

Confiar e esperar no Senhor PADRE JOÃO BECHARA VENTURA A um homem de fé podem se insinuar dúvidas sobre se vale a pena confiar e permanecer com Deus. A doença, a ruína econômica e os maus resultados na profissão, na família ou na Igreja podem contribuir para isso. O quadro fica ainda mais negativo quando se olha ingenuamente para a felicidade enganosa dos que não seguem a Deus, que o rejeitam ou praticam injustiças. Para nos livrar da tentação do desânimo, a Escritura contrasta o destino dos justos e o dos maus! “Feliz o homem que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, mas encontra seu prazer na lei de Deus” (Sl 1,1-2). Acalmando o coração dos fiéis, o Salmo 1 assegura que, apesar da aparente felicidade, “os ímpios não resistem no juízo, nem os perversos. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte” (Sl 1,5-6). Deus ainda adverte: “Maldito o homem que confia no homem e faz consistir sua força na carne humana, enquanto o seu coração se afasta do Senhor” (Jr 17,5). Confiar “no homem” e “na carne” aqui significa se apoiar em falsas “seguranças” que não são Deus: ídolos, bens materiais, saúde, beleza, dinheiro, poder, admiração e afeto dos homens. Tudo isso possui valor relativo e passará; nada disso poderá nos salvar! Ao contrário, é “bendito o homem que confia no Senhor, cuja esperança é o Senhor” (Jr 17,7). Jesus faz um contraste semelhante no Evangelho: “Felizes vós, os pobres (...) Mas, ai de vós, ricos, porque já tendes vossa consolação!”; “Felizes vós que tendes fome (...) Ai de vós, que agora tendes fartura, porque passareis fome!”; “Felizes vós que chorais (...) Ai de vós, que agora rides, porque tereis luto e lágrimas!” (Lc 6,21-26). O Senhor não condena os bens materiais, a comida, a alegria e a boa fama, que são coisas boas. Apenas quer recordar que “a figura deste mundo passa” (1Cor 7,31) e devemos nos apoiar Nele! A real felicidade está na comunhão com Deus e na salvação eterna; estas, por sua vez, são incompatíveis com as aspirações mundanas. As “bem-aventuranças” propostas pela mídia, pela publicidade e pelos governantes-sem-Deus são autoafirmação, dinheiro, sexo livre, reivindicação de “direitos” egoístas e falsos, autocompaixão, visualizações na internet mesmo que ao sacrifício do bom gosto e da decência… Quem vive essa mentira, porém, é “como palha seca espalhada e dispersada pelo vento” (Sl 1,4). Para tal ilusão, valem as palavras de Jesus: “Aquilo que é exaltado entre os homens é abominável aos olhos de Deus” (Lc 16,15). Ao contrário, o Senhor ensina: “Felizes sereis quando vos insultarem, expulsarem e amaldiçoarem por causa de Mim”. O mundo odeia o que é bom, justo e santo. Quem for fiel será desprezado ou perseguido. Mas, para os que cedem à tentação de se desviarem da verdade para agradar o mundo – quiçá sob o pretexto do diálogo –, vale a advertência do Senhor: “Ai de vós quando todos vos elogiam! Era assim que tratavam os falsos profetas” (Lc 6,26).


20 | Reportagem | 9 a 15 de fevereiro de 2022 |

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LGPD: um benefício para a proteção dos dados pessoais dos brasileiros Cottonbro/Pexels

PARÓQUIAS E INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS ESTÃO NO PROCESSO DE ESTUDO E ADEQUAÇÃO FRENTE ÀS NOVAS EXIGÊNCIAS DECORRENTES DA LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE DADOS, QUE REGULAMENTA O USO, PROTEÇÃO E TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÕES PESSOAIS NO BRASIL ROSEANE WELTER

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Os avanços tecnológicos têm, constantemente, mudado a forma como as empresas e organizações produzem e armazenam as informações. O formato on-line ganha espaço, e o cuidado com os relatórios sobre o perfil dos cidadãos necessita de atenção, a fim de se evitar fraudes e o uso indevido das informações. Para garantir a segurança desses dados, está em vigor desde setembro de 2020 a Lei 13.709/2018 – Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) –, que estabelece as diretrizes para a coleta, processamento e armazenamento de dados pessoais.

Proteção de Dados (ANPD) tem regulamentado aspectos importantes da Lei, ou seja, editado normas infralegais adicionais para complementar e detalhar melhor a sua atuação, alguns conceitos da LGPD, seus critérios de aplicação e interpretação”, destacou Crisleine. “Esse é o caso da edição da Resolução nº 2, de 27 de janeiro de 2022, que trata da regulamentação dos agentes de tratamento de pequeno porte. O conceito inclui as pessoas jurídicas de direito privado, entre as quais as organizações religiosas que poderão ser beneficiadas por esse tratamento”, explicou.

PROTEÇÃO DE DADOS PESSOAIS E SENSÍVEIS

LGPD E AS INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS

A LGPD aborda os dados em duas categorias: dados pessoais, com as informações que identificam alguém (CPF, RG e nome) – alguns incluem nesse rol também informações de caráter cadastral (endereço, telefone, informações bancárias); e os dados sensíveis (origem racial, étnica, convicção religiosa, opinião política ou filiações partidárias, opções referentes à saúde). Em entrevista ao O SÃO PAULO, Crisleine Yamaji, advogada, doutora em Direito Civil, professora de Direito Privado e colaboradora de LGPD nas Paróquias Nossa Senhora do Brasil e São Vito Mártir, na Região Episcopal Sé, destacou que “esse tratamento de dados envolve uma série de ações e operações de conduta daqueles que os detêm, já que podem ser usados para o bem ou para o mal”.

EDIÇÃO DE NORMATIVOS INFRALEGAIS

Apesar de sancionada em 2018, a LGPD entrou em vigor aos poucos e vem sendo contemplada por uma paulatina edição de normativos infralegais. “Aos poucos, a Autoridade Nacional de

A advogada ressaltou que, antes mesmo da edição dessa resolução, várias paróquias e entidades sem fins lucrativos católicas iniciaram a revisão de suas operações de tratamento de dados, a fim de se enquadrarem espontaneamente na lei e garantir a segurança dos dados pessoais não só de paroquianos, mas de colaboradores, voluntários, doadores, entre outros. “As paróquias lidam com muitos dados pessoais e também com dados sensíveis, tanto de adultos quanto de crianças e idosos, e isso exige atenção redobrada”, disse, recordando que “muitas paróquias ainda coletam dados fisicamente, em cadastros feitos em fichas de papel, mas há todo um sistema eletrônico de cadastro, troca de e-mails, mensagens de WhatsApp ou redes sociais, formulários em sites que precisam de atenção.” Uma mudança provocada, enfatizou Crisleine, foi “a reflexão sobre a aplicação no dia a dia dos princípios da LGPD: a finalidade da coleta de dados, necessidade dos dados, adequação às finalidades, transparência das informações no uso dos dados, segurança e prevenção a incidentes e a res-

ponsabilização de todos”, evidenciou. Outro aspecto é a definição da base legal do tratamento de dados. “O consentimento não é a única forma de tratamento e, também, não pode sempre ser considerado a forma mais adequada para todos os casos. Por exemplo, muito do que acontece na Igreja Católica é pautado por cumprimento de uma obrigação legal, especialmente no que diz respeito ao Direito Canônico, mas há também algumas situações em que se requer o consentimento específico ou o legítimo interesse ou o exercício regular de um direito na esfera judicial ou administrativa”, mencionou.

AÇÃO CONJUNTA

“A não adequação e o não atendimento de direitos de titulares de dados poderão levar a registros de reclamações direto na ANPD, a pedidos de esclarecimentos da própria ANPD, em sua atividade fiscalizadora de condutas, e à aplicação de sanções, o que inclui advertências, multas, publicização da infração e outras medidas”, ressaltou Crisleine. Nesse processo de adaptação, devem participar ativamente os párocos, os membros da secretaria e os coordenadores de pastorais e todos aqueles que lidam com o tratamento de dados pessoais nas paróquias. “Por isso, a Igreja, e de modo particular a Arquidiocese de São Paulo, tem se preocupado com o treinamento e a capacitação das pessoas envolvidas no tratamento de dados pessoais”, detalhou a advogada. Priscila de Castro Tieghi Almada, secretária da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, enfatizou à reportagem que com a LGPD tem se intensificado o cuidado com os dados dos paroquianos: “As normas e indicativos da Lei vêm para assegurar ainda mais as informações coletadas na Paróquia”.

O QUE MUDA CONCRETAMENTE PARA AS PARÓQUIAS Cada paróquia ou instituição religiosa deve ter um programa de privacidade para a proteção de dados, com cláusulas e regras claras. Segundo Crisleine Yamaji estes são os impactos mais significativos já percebidos em paróquias e pastorais: Têm sido frequentes a adequação de sites de paróquias e a inclusão de uma clara política de privacidade com um canal de comunicação ativo para interação com os titulares de dados. As paróquias também começam a adequar o tratamento de dados dos seus empregados e prestadores de serviços; Tem havido a inclusão de formas de descadastramento (opt-out) em mailings, newsletters e cadeias de e-mails. Muitas pessoas se cadastram por meio de sites das organizações para receber notícias. É importante que se tenha meios de descadastrar automaticamente, com link no próprio e-mail, ou terão que solicitar o descadastramento pelo canal de comunicação constante da política de privacidade, com uma resposta clara, tempestiva e efetiva das organizações; Muitos formulários de cateque ses, matrimônios, dizimistas, apostolados e outras pastorais têm passado por uma revisão criteriosa nas paróquias, com uma reflexão sobre a finalidade e necessidade da coleta dos dados; e a reflexão parte em torno do questionamento: todos os dados anteriormente coletados são realmente necessários para a finalidade daquele curso ou daquele sacramento? Isso leva a excluir campos e adequar formulários nas paróquias; Outra revisão é da política de privacidade nos sites das organizações e da clareza das informações sobre a aplicação de outras políticas, quando, por exemplo, se usam meios de pagamento (links para pagamento por cartão de crédito ou boleto), redes sociais etc., ou da existência de uso de cookies ou google analytics nos sites; As políticas de privacidade têm sido atualizadas também para deixar clara a própria posição das paróquias como controladoras conjuntas da Mitra Arquidiocesana e do necessário compartilhamento de informações com a Arquidiocese, em algumas situações; Os mailings ou relação de cadastrados em newsletter passam por revisão para permitir um imediato descadastramento (opt-out) ou o cadastramento com escolha de direcionamento para uma determinada pastoral ou recebimento de uma determinada informação.


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