O São Paulo - 3374

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 66 | Edição 3374 | 1º a 7 de dezembro de 2021

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1ª Assembleia Eclesial é concluída com chamado à sinodalidade e à conversão pastoral Conferencia del Episcopado Mexicano

Na Cidade do México, cerca de 100 pessoas participam da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, unindo-se a outras mil, de modo on-line, em diferentes países do continente

Na mensagem final da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, realizada entre os dias 21 e 28 de novembro, os participantes enfatizam que foram chamados a “repensar e relançar a missão evangelizadora nas novas circunstâncias latino-americanas e caribenhas;

Editorial É no presente que Deus nos espera com as suas luzes e com o seu auxílio

tarefa que nos tem comprometido em um caminho de conversão decididamente missionário, para submeter tudo ao serviço da instauração do Reino da vida (cf. DAp, 366)”. Além disso, eles apresentaram 12 desafios pastorais para a Igreja na América Latina e no Caribe.

Nas festas de fim de ano, cuidados contra a COVID-19 devem continuar Página 22

Na avaliação do Cardeal Scherer, Arcebispo de São Paulo e 1º Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), a Assembleia Eclesial “trouxe a percepção de uma Igreja viva, encarnada e atuante em nosso continente”. Páginas 11 a 13

Papa Francisco terá encontro com refugiados na Ilha de Lesbos

Conheça as ações caritativas dos católicos de SP para o Natal

Página 20

Páginas 14 e 15

Felipe Rodrigues

Montar o presépio: uma tradição que atravessa gerações e evangeliza

Página 4

Encontro com o Pastor A Assembleia nos remeteu ao centro da vida cristã e da missão da Igreja

Página 2

Espiritualidade Advento: tempo de renovação espiritual que aponta para a vinda de Jesus

Página 5

Liturgia e Vida Com vigor, todos somos chamados a preparar os caminhos do Senhor

Página 23

No começo do Advento, é tradição que famílias católicas montem presépios em suas casas

A cada peça colocada, um breve diálogo sobre a fé e o significado dos personagens, e assim, de pais para filhos, de avós para netos, a montagem do presépio ajuda a evangelizar em família. “A partir da infância e, depois, em cada idade da vida, o presépio educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com Ele”, diz o Papa Francisco na carta Admirabile signum. Página 17


2 | Encontro com o Pastor | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

A

assembleia eclesial da América Latina e do Caribe foi concluída no domingo, dia 28 de novembro, na basílica de Nossa Senhora de Guadalupe, na Cidade do México, onde havia sido aberta uma semana antes. Mais de mil delegados participaram da assembleia, a grande maioria deles de maneira remota, pela internet. Apenas um pequeno grupo, formado sobretudo por pessoas responsáveis pela organização e animação do evento, participou presencialmente, na sede da Conferência Episcopal do México. Muitas impressões cada participante poderia compartilhar; tentarei fazê-lo nos limites deste artigo. A realização da Assembleia foi um ato de coragem e até de ousadia, vistas as muitas dificuldades para promover um evento dessas dimensões em tempos de pandemia e com as características próprias dessa Assembleia, que não foi apenas episcopal, mas “eclesial”, com a participação de leigos, religiosos, diáconos, presbíteros e bispos, além de convidados especiais. Os participantes eram de todos os países

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Aonde aponta a Assembleia Eclesial? do continente, inclusive dos Estados Unidos e Canadá, trazendo grandes diferenças de cultura e mentalidade. Impressionante é pensar que, com tanta variedade, foi possível sentar juntos, refletir, compartilhar, propor, discernir. Fato novo e promissor foi fazer isso, sobretudo, remotamente. A Assembleia mostrou que temos muito em comum, apesar de nossas diferenças. Sobretudo, temos como base o mesmo Evangelho, a mesma fé, a mesma Igreja, verdadeira família que une a todos e suscita uma presença criativa em cada povo e país, conforme situações particulares enfrentadas. A Igreja em nosso continente é muito rica em vitalidade eclesial e experiências autênticas de vida cristã. Temos muitos problemas a enfrentar no cumprimento de nossa missão. Foi bonito perceber que podemos conversar juntos, discernir e buscar juntos. Fizemos uma bela e verdadeira experiência de Igreja sinodal. Várias vezes, fui perguntado sobre os frutos e sobre o que se pode esperar de concreto dessa Assembleia Eclesial. É compreensível que nos perguntemos sobre os objetivos das iniciativas pessoais e comunitárias. No entanto, os frutos nem sempre aparecem imediatamente, quando se trata de iniciativas

e ações humanas. A Assembleia foi, mais que tudo, uma experiência vivida juntos, cuja memória se leva no coração e que desencadeará novas iniciativas. É como uma semeadura, cujos frutos devem ser esperados pacientemente. Temos as indicações conclusivas da Assembleia, que agora precisam ser levadas à prática. Mas, com certeza, foi uma semeadura rica, cheia de esperança para o futuro da Igreja. O Papa Francisco havia recomendado que a Assembleia fizesse uma avaliação dos frutos da Conferência de Aparecida, 14 anos depois de sua realização, em maio de 2007. Pediu também que se verificassem as lacunas na aplicação das ricas orientações do Documento de Aparecida e se fizesse um discernimento sobre as novas questões que desafiam a vida e a missão da Igreja em nosso continente. Isso foi feito do início ao fim da Assembleia e tomou-se consciência de que resta muito a fazer. Sobretudo, chegou-se à conclusão de que a questão central, posta na Conferência de Aparecida, precisa ser retomada. Ela diz respeito ao renovado encontro pessoal e comunitário com Jesus Cristo. Essa questão central no Documento de Aparecida permanece atual e urgente em nossos dias. Nos parágrafos 10-12 do Documento,

encontram-se algumas chamadas que podem ser consideradas como o foco central de todo o Documento: “Esta Conferência se propõe à grande tarefa de cuidar e alimentar a fé do povo de Deus e de recordar também aos fiéis deste continente que, em virtude de seu Batismo, são chamados a ser discípulos e missionários de Jesus Cristo” (nº 10). A fé é o maior tesouro da Igreja e a missão mantém a Igreja viva e atuante. Sobre a urgência da missão, o Documento diz: “A Igreja está chamada a repensar profundamente e a relançar com fidelidade e audácia sua missão nas novas circunstâncias latino-americanas e mundiais. Ela não pode se resignar diante de quem só vê confusão, perigos e ameaças, ou diante de quem pretende encobrir a variedade e a complexidade de situações com uma capa de ideologismos radicais, ou de agressões irresponsáveis. Tratase de confirmar, renovar e revitalizar a novidade do Evangelho, arraigada em nossa história, a partir de um encontro renovado com Jesus Cristo” (n° 11). A Assembleia Eclesial nos remeteu ao centro da vida cristã e da missão da Igreja. E isso precisa ser buscado de maneira sinodal, todos juntos, em comunhão, participação e missão.

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| 1º a 7 de dezembro de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

Entrega dos Prêmios de Dom Odilo irá ordenar 4 sacerdotes na Catedral da Sé Comunicação da CNBB REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Por imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, serão ordenados padres no sábado, 4, às 15h, na Catedral da Sé, quatro diáconos seminaristas, após um itinerário formativo de cerca de dez anos. Receberão o presbiterato, que é o segundo grau do sacramento da

Ordem: Diácono Álvaro Moreira Gonçalves, 27; Diácono Claudinês Venancio da Silva, 42; Diácono Ignacio Torres Julián, 30; e Diácono Nicolò Stauble, 32, sendo que estes dois últimos realizaram seu processo formativo no Seminário Missionário Internacional Redemptoris Mater São Paulo Apóstolo, ligado ao Caminho Neocatecumenal e destinado à formação de padres diocesanos para a missão.

Encerramento do bicentenário de nascimento de São Kim Degun No domingo, 5, às 10h30, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidirá missa na Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, na Região Episcopal Sé, por ocasião do encerramento do bicentenário de nascimento do Santo, que foi o primeiro sacerdote coreano. São Kim Degun nasceu em 21 de agosto de 1821 e foi martirizado com outros 102 católicos em 16 de setembro de 1846, aos 26 anos de idade. São João Paulo II os canonizou durante sua visita à Coreia do

Sul, em 6 de maio de 1984, na comemoração dos 200 anos do catolicismo nesse país asiático. O jubileu do bicentenário foi oficialmente encerrado em 27 de novembro. Ao longo de um ano, a igreja localizada na Rua Nair de Teffé, 147, no Bom Retiro, foi um dos locais mundiais de peregrinação a pedido da Conferência Episcopal da Coreia. Realizou-se, inclusive, uma exposição sobre a vida de São Kim Degun. (por Redação)

Na segunda-feira, 6, às 20h, em cerimônia que será transmitida pelo facebook da Arquidiocese de São Paulo (@arquisp), o Cardeal Scherer fará a entrega da premiação aos ganhadores da 53ª edição dos Prêmios de Comunicação da CNBB, de veículos que se localizem na cidade de São Paulo, na área de abrangência da Arquidiocese. Os ganhadores foram anunciados em 20 de outubro, durante evento on-line transmitido por tevês de inspiração católica.

Ganhadores

Na cerimônia do dia 6, serão entregues cinco troféus, quatro dos quais referentes a trabalhos jornalísticos e uma menção honrosa: Microfone de Prata, de rádio, categoria “Entreterimento” - RadinhoBDF (Camila Ariza Salmazio, do jornal Brasil de Fato); Microfone de Prata , de rádio, categoria “Religioso” - Uma conversa sobre Lázaro nas ruas de SP (Alexandre Ferreira Santos e Pedro Luiz Amorim, do “Uma Conversa Podcast”); Microfone de Prata, de rádio, categoria “Jornalismo” – Estupro corretivo e marital: a voz de quem sofre em silêncio (Leno Falk eTheren Klein, da Agência RadioWeb); Dom Helder Câmara, de imprensa, categoria “jornal” - jornal O Trecheiro, reportagens sobre “A luta pela sobrevivência em tempos de pandemia” (Karla Maria de Souza). Menção honrosa póstuma a José Maria Mayrink, jornalista especializado em religião, morto em dezembro de 2020.

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Papa: catequista, missão insubstituível na transmissão da fé https://cutt.ly/ZT6p7x7 Pontífice escreve mensagem por ocasião do Dia Internacional das Pessoas com Deficiência https://cutt.ly/FT6awJR Em Congresso Estadual, Pastoral da Saúde motiva ao agir com esperança em favor do próximo https://cutt.ly/mT6ayBe Anvisa atualiza regras para a entrada de viajantes no Brasil https://cutt.ly/eT6aoEr Regional Sul 1 da CNBB recebe a mais alta honraria da Assembleia Legislativa de SP https://cutt.ly/VT6asp1

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

EDITAL DE CONVOCAÇÃO

A FUNDAÇÃO SANTA TEREZINHA, CNPJ/MF nº 69.273.050/0001-49, nos termos do artigo 7º, parágrafos primeiro e segundo, do Estatuto alterado e consolidado em 16.12.2003, livro nº 1485, fls. nº 029, 27º Tabelião de Notas da Capital - SP, convoca os membros da sua Mesa Administrativa para a Assembleia Geral Ordinária a realizar-se em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, sala 14, São Paulo, SP, na data de 13 de dezembro de 2021, às 16:00 horas, em primeira chamada, com pelo menos 2/3 dos membros da Mesa Administrativa presentes; e, às 16:30 horas, em segunda chamada, com os membros da Mesa Administrativa que estiverem presentes. A Assembleia Geral Ordinária terá como pauta: 1 – Assuntos ordinários da Fundação Santa Terezinha; 2- Outros assuntos. São Paulo, 30 de novembro de 2021. Provedor da Fundação Santa Terezinha.

A FUNDAÇÃO METROPOLITANA PAULISTA, CNPJ/MF nº 50.951.847/0001-20, nos termos do artigo 8º, caput, primeira parte, do Estatuto alterado e consolidado em 30.03.2017, devidamente registrado sob nº 718.169, junto ao Terceiro Oficial de Registro de Títulos e Documentos da Comarca de São Paulo em 17.05.2017, convoca os membros do Conselho Curador para a Assembleia Geral Ordinária a realizar-se em sua sede à Av. Higienópolis nº 890, sala 16, São Paulo, SP, na data de 13 de dezembro de 2021, às 14:00 horas, em primeira chamada, com todos os membros do Conselho Curador; e, às 14:30 horas, em segunda chamada, com os membros do Conselho Curador que estiverem presentes. A Assembleia Geral Ordinária terá como pauta: 1 – Apresentação e aprovação do orçamento anual para o exercício de 2022, nos termos do artigo 9º, alínea “e”, do estatuto vigente; 2- Análise de proposta para migração do sistema de transmissão de ondas médias (AM) para frequência modulada (FM) do órgão de serviços – Rádio 9 de Julho; 3- Assuntos ordinários dos Órgãos de Serviços (art. 10, § 2º, estatuto); 4- Outros assuntos. São Paulo, 30 de novembro de 2021. Presidente da Fundação Metropolitana Paulista.

A FUNDAÇÃO CAPELLA MENINO JESUS E SANTA LUZIA, CNPJ/MF nº 56.462.237/0001-49, nos termos do artigo 7º, primeira parte, do Estatuto alterado e consolidado em 16.12.2003, livro nº 1485, fls. nº 025, 27º Tabelião de Notas da Capital–SP, convoca os membros da sua Diretoria para a Assembleia Geral Ordinária a realizar-se em sua sede à Avenida Higienópolis nº 890, sala 12, São Paulo, SP, na data de 13 de dezembro de 2021, às 15:00 horas, em primeira chamada, com pelo menos 2/3 dos membros da sua Diretoria presentes; e, às 15:30 horas, em segunda chamada, com os membros da sua Diretoria que estiverem presentes. A Assembleia Geral Ordinária terá como pauta: 1 – Assuntos ordinários da Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia; 2- Outros assuntos. São Paulo, 30 de novembro de 2021. Presidente da Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia.

Dom Odilo Pedro Scherer Provedor Fundação Santa Terezinha

Dom Odilo Pedro Scherer Presidente Fundação Metropolitana Paulista

Dom Odilo Pedro Scherer Presidente Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia


4 | Ponto de Vista | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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Editorial

O Mestre está presente e te chama!

N

o último domingo, iniciamos o tempo do Advento (do latim adventus, “chegada”, “vinda”), em que a Igreja nos coloca diante da realidade das “três vindas” de Cristo. E são de fato três as visitações de Jesus em nossa história: a primeira, já há dois milênios, quando o Verbo se fez carne no seio imaculado de Maria Santíssima; e a terceira, no fim dos tempos, quando Ele de novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos. Entre essas duas, no entanto, há a “segunda vinda” de Cristo: sua presença atual, a cada momento que vivemos: “O tempo da graça é agora. É no instante que passa que Deus nos espera com as suas luzes e com o seu auxílio, em reforço da nossa vontade débil. Houve quem qualificasse de ‘sacramento’ o dever do momento presente. E assim é, de algum modo: o que agora me cabe fazer, se realmente o faço, como que cristaliza, materializa a graça divina. A pontualidade é o veículo da ação de Deus, ponto de aplicação da força de Deus. (...) Quem se deixa guiar pela

vontade próxima e concreta de Deus nas horas do seu dia, nas etapas da sua vida, em livre e delicada atenção ao querer de Deus, (...) poderá, ao término dos seus dias, olhar para trás e ver que a eternidade entrou aos poucos no seu tempo. Em cada momento – e isto não é uma utopia –, a imagem que irradia coincide com a imagem que Deus, desde antes que houvesse tempo, fez dele para esse momento; essa pessoa não é uma alma atrasada e muito menos abortada. Terá chegado para ela o momento de descansar, como um fruto maduro” (A virtude da ordem, Francisco José de Almeida). Mas será que esta presença atual de Cristo continua real, na era da informação imediata e das redes sociais? A resposta é que sim – mas que ela só será descoberta se nos aplicarmos a um especial esforço de recolhimento, que consiste numa dupla consciência que adquirimos, primeiro de Deus, depois de nós mesmos –, sem violência, mas não sem algum esforço árduo. Para alcançar este hábito, os autores espirituais advertem que “deveríamos evitar ciosamente

qualquer ansiedade em receber notícias, em saber o que se passa no grande mundo que nos cerca. Até sentirmos a presença habitual de Deus e podermos reverter tudo facilmente a Ele; é de admirar a prontidão com que os outros assuntos nos prendem e ocupam a atenção; e é justamente isso que não lhes devíamos permitir. Não são poucos aqueles a quem a leitura dos jornais tem afastado da perfeição” (Progresso na vida espiritual, Padre Faber). Estas palavras foram primeiro publicadas no distante ano de 1855 – e imaginemos o que diria hoje seu autor, se soubesse que a leitura dos jornais já foi quase totalmente substituída pelas notícias instantâneas de aplicativos, celulares e redes sociais? Se no século XIX já era perigosa a ansiedade em receber notícias, em saber o que se passa no grande mundo que nos cerca, o que dizer nos dias de hoje? No último domingo, fomos exortados na missa a “ficar atentos e orar a todo momento” (Lc 21,36) – mas parece que o que mais fazemos é “ficar atentos e olhar o celular a todo momento”!

Até nos parece que Nosso Senhor disse aquele Levate capita vestra (Lc 21,28) já imaginando a geração de viciados na telinha: “Erguei vossas cabeças!” – levantai os olhos do celular, e olhai para as realidades celestes! Neste Advento, então, peçamos a Jesus que reconheçamos sua vinda: “Senhor, chegou o momento da tua visita: é a plenitude dos tempos; cada segundo da minha vida é o teu tempo, tempo de plenitude, que não pode ser vivido a meias ou então recusado Àquele que me amou e chorou sobre mim como chorou sobre Jerusalém. Senhor, Tu me visitaste e eu fui à minha vida, deixando-te só em minha casa, a ti que me vinhas trazer sentido para os meus dias, alegria de viver. (...) Senhor, que eu te corresponda dizendo faça-se, que me visites encarnando-te nas minhas obras, todas, as de agora, não as de ontem nem as de amanhã, que são pesadelos ou fantasmas. (...) Que eu reconheça cada instante da minha vida como tempo da tua visita. Amém.” (A virtude da ordem, op. cit.)

Opinião

Rosto indígena de Maria Santíssima na América Arte: Sergio Ricciuto Conte

Padre José Ulisses Leva No mistério da Encarnação – “E o Verbo se fez carne” (Jo 1,14) –, Jesus Cristo assumiu os traços maternos de Maria Santíssima. Sendo Deus – “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus e o Verbo era Deus” (Jo 1,1) –, a fisionomia humana de Jesus Cristo, certamente, assemelhava-se à de sua mãe. “Quando, porém, chegou a plenitude dos tempos, enviou Deus o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sob a Lei, para remir os que estavam sob a Lei, a fim de que recebêssemos a adoção filial” (Gl 4,4-5). De Maria Santíssima, nasceu-nos o Salvador. “[...] Maria, sua mulher, que estava grávida [...] ela deu à luz seu filho primogênito [...] nasceu-vos hoje o Salvador, que é o Cristo-Senhor [...]” (Lc 2,3-11). Na inteira humanidade de Jesus Cristo está presente a inteira humanidade de sua mãe. O evangelista São Lucas nos diz que Maria Santíssima seria lembrada para sempre: “Todas as gerações me chamarão de bem-aventurada” (Lc 1,48). Maria, ao dizer ‘sim’ ao projeto de Deus, entrou definitivamente nas nossas vidas. O Concílio de Éfeso, em 431, declarou, solenemente, Maria como Mãe de Deus. Jesus Cris-

to, ao entregar sua mãe a São João Evangelista, também no-la deu por mãe: “Eis a tua mãe! E, a partir dessa hora, o discípulo a recebeu em sua casa” (Jo 19,27). Em todas as partes do mundo, vemos imagens, ícones e pinturas de Nossa Senhora. Apresentam-se nos vários momentos da história, representando as muitas tonalidades de época. São retratadas, muitas vezes, com a fisionomia do artista ou com o rosto de pessoas do lugar onde essas pérolas artísticas são produzidas.

Na América, antes de 1492, com a chegada dos navegadores espanhóis, os povos autóctones possuíam suas características próprias. A terra encontrada pelos europeus foi batizada com o nome de América, em homenagem a Américo Vespúcio. Os habitantes do lugar foram chamados de indígenas, pensando os conquistadores terem chegado às Índias. Em 1531, portanto há 490 anos, Maria Santíssima, assumindo o rosto indígena, apresentou-se da parte de Deus a um índio, chamado Juan

Diego, canonizado por São João Paulo II, em 2002. A revelação privada de Maria Santíssima, em Guadalupe, assegurou a predileção do Altíssimo para com os habitantes da América. Muitas são as invocações e títulos que Nossa Senhora recebe neste imenso continente. De fato, a Igreja, em toda a América, somente reconhece a aparição de Maria Santíssima, no México. Em uma rádiomensagem, em 12 de outubro de 1945, por ocasião dos 50 anos da coroação canônica da Virgem de Guadalupe, o Papa Pio XII reafirmou Nossa Senhora de Guadalupe como Padroeira do México e das benesses recebidas pelos fiéis de toda a América. Em 27 de janeiro de 1979, em visita ao México, São João Paulo II referendou sua devoção à América Latina. Sem barreiras geográficas ou divisões continentais, Maria, com seu rosto indígena, apresentou-se aos primeiros e autênticos povos dessa região. Precisamos, reiteradamente, assumir que as vidas indígenas, do extenso continente indígena, importam e devem ser valorizadas e salvaguardadas. “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10,10). Padre José Ulisses Leva é professor de História Eclesiástica da PUC-SP.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


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| 1º a 7 de dezembro de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

BRASILÂNDIA Assembleia regional mobiliza lideranças pastorais Pascom Brasilândia

Leandro Silva

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Com a presença de representantes pastorais, padres, diáconos, religiosos, seminaristas e de Dom Carlos Silva, OFMCap, a Região Episcopal Brasilândia se reuniu na manhã do sábado, 27 de

novembro, no Santuário da Mãe e Rainha, no Setor Jaraguá, para a realização de sua assembleia regional de pastoral. O encontro começou com a oração conduzida pelo Padre Roberto Moura, convidando o povo de Deus a ser “Luz do Mundo e Sal da Terra” (Mt 5,13-16). Na sequência, o Bispo Auxiliar da Arqui-

diocese na Região Brasilândia comentou que a “salvação deriva do sal, que traz sabor e nos leva à salvação”. E, diante do atual contexto pandêmico, o Bispo pediu aos participantes da assembleia que sejam sal e luz ainda este ano. Os trabalhos tiveram início com uma palestra ministrada pelo Cônego Antonio Manzatto. Ele fez um breve histórico da Região Brasilândia, que sempre se destacou pela promoção e defesa da vida, sobretudo com a presença nas questões sociais, que nos últimos anos foram desarticuladas. Em seu entender, atualmente se vive um momento de letargia, mas que a história mostra a capacidade de a Região se mobilizar pelos pobres a partir de uma ação profética. Para isso, lembrou quatro prioridades inspiradas por Dom Paulo Evaristo Arns (1921-2016): trabalho, moradia, direitos humanos e Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), fundamentando em outras quatro conversões indicadas pelo Papa Francisco para a vida da Igreja na atualidade: Pastoral – poten-

cializando o aspecto missionário; Cultural – não temer a diversidade; Ecológica; e Sinodal – pois somente unidos é possível caminhar para o Reino. Após a apresentação da síntese das prioridades discutidas nas assembleias setoriais, os participantes, divididos em grupos de trabalho, aprofundaram os temas, tendo a juventude, a família e a acolhida entre as mais indicadas. Eles refletiram sobre as prioridades indicadas à luz dos apontamentos feitos pelo Cônego Manzatto, com o objetivo de sugerir ações pastorais para a região. Juventude, Família e Pastoral de Conjunto foram os temas mais abordados e debatidos. Durante a reflexão da plenária, Dom Carlos Silva submeteu à assembleia a criação, em 2022, de três fóruns para aprofundar as ações pastorais nos eixos indicados. A proposta foi aprovada por aclamação. A assembleia foi finalizada com a bênção aos participantes e o pedido de intercessão a Nossa Senhora.

Marcos Greco

Fernando Ferragino

[LAPA] No sábado, 27 de novembro, na Paróquia Santa Mônica, no Jardim Santa Mônica, Setor Pirituba, o Padre Flavio Heliton da Silva, Pároco, presidiu a missa na qual 25 crianças recebem a primeira Eucaristia. (por Marcos Greco, da Pascom paroquial)

[SÉ] Em 25 de novembro, na Capela do Hospital Santa Catarina de Alexandria, na Avenida Paulista, foi celebrada missa por ocasião da festa da padroeira, presidida por Dom Carlos Lema Garcia. Concelebrou o Padre Alexandre Massariol, Capelão. No início da celebração, as colaboradoras do hospital prepararam uma coreografia orante sobre a vida de Santa Catarina. Participaram da missa as Irmãs da Santa Catarina Virgem e Mártir, colaboradores do hospital, fiéis e frequentadores da Capela. (por Padre Alexandre Massariol)

Espiritualidade Advento, um tempo espiritual Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO IPIRANGA

O

Advento se caracteriza por ser um tempo de renovação espiritual, ao apontar para a vinda de Jesus, o Emanuel, que manifesta ao mundo a glória de Deus Pai e seu plano de salvação. Como nos recorda São João (Jo 1,14), “a Palavra se fez carne e veio morar entre nós. Nós vimos a sua glória, glória que recebe do seu Pai como Filho único, cheio de graça e verdade”. Esse tempo litúrgico, de quatro semanas, nos prepara para o Natal

do Senhor, quando acolhemos Aquele que veio morar entre nós, cheio de graça e verdade. Com confiança, dizemos: “Vem, Senhor Jesus”. Não é um tempo penitencial como a Quaresma, que nos prepara para a Páscoa, mas é a alegre expectativa para celebrar a Encarnação do Verbo. Não deixa de ser um tempo, porém, de conversão, mudança de vida, para retomar e aprofundar a comunhão com Deus e os irmãos. Nas duas primeiras semanas, meditamos sobre a segunda, última e definitiva vinda de Cristo no final dos tempos (a parusia). Nas duas semanas sucessivas, refletimos sobre a chegada do Menino Jesus, o Emanuel – Deus conosco –, o Filho nascido da Virgem Maria. Tempo de espera e alegre esperança, pela proximidade da vinda do Salvador. Com a sua vinda, chegamos à plenitude do tempo e o Reino de Deus está próximo. Neste caminho espiritual, a Igreja nos

lembra de alguns valores fundamentais, como a fé intensa, a esperança vigilante, a oração persistente, o amor transbordante, a alegria do coração, a simplicidade, o renovamento da vida pessoal, familiar, eclesial e social. A Sagrada Escritura nos conduz na caminhada espiritual, rumo ao encontro do Senhor que vem. Entre alguns textos litúrgicos deste período, ouviremos sobretudo Isaías, o profeta da esperança, que anuncia a libertação do povo, um novo tempo, a libertação que se aproxima. Também João Batista, aquele que prepara o caminho do Senhor, aponta para o Cordeiro de Deus, e prega a urgência da conversão, o Reino está chegando, é preciso acolhê-lo com amor. Entre os sinais visíveis que indicam o itinerário espiritual em preparação ao Natal, temos a Coroa do Advento, feita de galhos verdes entrelaçados, formando um círculo, no qual são colocadas quatro

velas representando as quatro semanas do Advento. O círculo da coroa é sinal do amor de Deus = “Aliança”, a ser renovada, vencendo o mal, conferindo o perdão dos pecados. A Coroa dá uma ideia de “elo” – a união entre Deus e as pessoas. Os ramos e fitas são verdes, cor da esperança e da vida. A fita e o laço vermelho simbolizam o amor de Deus, pois toda a criação será redimida com a chegada do Menino Jesus. As luzes das velas acendidas, ao longo dos domingos do Advento, nos indicam o caminho a seguir e nos aproximam do Natal. São sinais da fé e alegria pelo Deus que vem e um convite a purificar os corações para acolher o Emanuel, Deus Conosco. Vamos levantar-nos, erguer a cabeça, o Senhor está chegando, as antigas promessas se cumprem. Somos chamados a viver este tempo em profundo discernimento e perseverante oração. Vigiai e orai. Vem, Senhor Jesus.


6 | Regiões Episcopais | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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Benigno Naveira

LAPA Dom José Benedito faz visita pastoral à Paróquia São João Batista Benigno Naveira

colaborador de comunicação na região

Dom José Benedito Cardoso fez uma visita pastoral à Paróquia São João Batista, na Vila Ipojuca, Setor Lapa, em 25 de novembro. Inicialmente, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa presidiu missa, tendo como concelebrante o Padre Fabiano de Souza Pereira, Pároco. Após a missa, o Bispo conduziu uma formação sobre comunhão eclesial, vivência de fé e desafios da Paróquia e a importância de se viver o caminho sinodal em unidade. Na sequência, os agentes de pastorais e demais membros da Paróquia se apresentaram a Dom José, relatando as atividades que desenvolvem na igreja. O Bis-

po ainda conversou com os fiéis, e conheceu a realidade da vida da comunidade. Em conversa com a Pastoral de Comunicação paroquial, Dom José Benedito comentou que a visita pastoral foi frutuosa e exortou que os fiéis leigos sejam a Igreja em saída, assumindo a responsabilidade de batizados em missão, homens e mulheres que não devem ter uma ideia de pastoral de manutenção, mas, sim, de evangelizadores do Reino, comunicando a Boa-Nova de Jesus Cristo. Dom José assinou os livros de sacramentos e ficou a par das condições econômicas da Paróquia. Ao final, Padre Fabiano Souza agradeceu ao Bispo a visita pastoral.

[lapa] Em missa em 21 de novembro, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Setor Leopoldina, aconteceu a formatura de 12 pessoas da 2ª turma da Escola Regional de Formação de Catequistas da Região Episcopal Lapa, que teve como paraninfo o professor Felipe Moraes. A celebração foi presidida por Dom José Benedito Cardoso e concelebrada pelo Padre Geraldo Pereira. No início da missa, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa cumprimentou os formandos e a equipe de coordenação, formada pelo Padre Geraldo Pereira, Coordenador, e as catequistas Fátima Ferreira, Marlene Raulino, Claudia Almeida, Maria Virginia Alves, Araceli Petegoli e Aparecida Acayaba. Após a missa, Dom José Benedito entregou os certificados e houve o juramento dos catequistas. Em fevereiro, serão abertas as inscrições para a nova turma, com início das aulas previstas para 7 de março de 2022. (por Benigno Naveira) Maria Angela Brugarolas

(Colaborou: Marcos Wilkens, da Pascom paroquial)

SÉ Missas vocacionais nos Setores Aclimação e Cerqueira César Sérgio Silva

[SÉ] Na Paróquia Santa Generosa, Setor Pastoral Paraíso, no domingo, 28 de novembro, Dom Carlos Lema Garcia conferiu o sacramento da Crisma a 52 adultos, durante missa concelebrada pelo Padre Cássio Albério Pereira de Carvalho, Pároco. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé falou sobre os efeitos deste sacramento de efusão do Espírito Santo e de confirmação do Batismo em quem o (por Italo Queiroz de Souza) recebe. Fernanda Figueiredo Atra Machado

CENTRO PASTORAL DA REGIÃO SÉ No domingo, 28 de novembro, o Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional da Arquidiocese de São Paulo, presidiu duas missas em ação de graças e orações pelas vocações. Às 10h, a missa foi na Paróquia Nossa Senhora Achiropita, no Setor Cerqueira César, concelebrada pelo Padre Antônio Sagrado Bogaz, PODP, Pároco. Estavam presentes membros da comunidade, além de religiosos e religiosas atuantes na igreja.

Às 18h, a Eucaristia foi na Paróquia São Joaquim, no Setor Aclimação (foto). Concelebraram os Padres Geraldo Pedro dos Santos, Administrador Paroquial, e José Elias Fadul, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Rainha dos Apóstolos e Coordenador do Setor Aclimação. No altar, estiveram ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, cerimoniários da Paróquia São Joaquim, além dos jovens e coroinhas da Paróquia Rainha dos Apóstolos. (com informações de Eva Yu Bertani e Mariza Figueredo)

Dom Carlos Lema orienta que paróquias ampliem atendimentos CENTRO DE PASTORAL DA REGIÃO SÉ O clero atuante na Região Sé esteve reunido presencialmente em 24 de novembro no salão da Paróquia São Paulo da Cruz – Igreja do Calvário, Setor Pastoral Pinheiros. Após a oração inicial conduzida pelo Padre Norberto Donizetti Brocardo, CP, Pároco, Dom Carlos Lema Garcia fez uma explanação pautada no contexto de “abrir as portas da igreja”. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé destacou que é preciso ampliar os atendimentos nas paróquias, proporcionando mais momentos

para confissões, escuta, orientações espirituais, além de ampliar as catequeses para crismandos e primeira Eucaristia, motivar mais cursos de Batismo, pois há muitas pessoas esperando para serem atendidas. O Bispo disse ainda que os padres também devem procurar por momentos de orientação espiritual. Padre José Arnaldo Juliano dos Santos, Coordenador Regional de Pastoral, falou aos padres sobre os prazos para o envio à Cúria Regional das respostas do processo de escuta do Sínodo universal (20212023), os pedidos da Campanha da Fraternidade de 2022, entre outros assuntos.

[BRASILÂNDIA] Em 21 de novembro, aconteceu o encerramento da festa do padroeiro da Paróquia Cristo Rei, no Setor Perus, com missa presidida pelo Padre Orisvaldo Carvalho, Administrador Paroquial, e concelebrada pelo Padre João Henrique Novo do Prado, Vigário Paroquial. Na ocasião, houve uma procissão com a imagem de Cristo Rei pelas ruas do bairro, com a bênção das casas e famílias; e na véspera aconteceu uma carreata com a imagem do padroeiro, passando pelas cinco comunidades da Paróquia: Santíssima Trindade, São Francisco, São Mateus, Santo Oscar Romero e a matriz, Cristo Rei. (por Rodrigo Fernandes)

[BRASILÂNDIA] Foi encerrada no sábado, 27 de novembro, a novena da padroeira da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Morro Doce. Na ocasião, houve missa presidida pelo Padre João Inácio, RCJ. A festividade ocorreu durante todo este mês. Às quintas-feiras, houve momentos especiais de oração, missas e shows com músicos católicos. Além do Pároco, as missas foram presididas pelos Padres Airton Conceição Almeida, RCJ, Vigário da Paróquia São Pedro Apóstolo, na Lapa; Geraldo Tadeu, RCJ, Superior Provincial Rogacionista; e João Henrique Novo do Prado, Vigário da Paróquia Cristo Rei. Os shows foram com os cantores Hugo Santos e Mayara Colo de Deus, Marília Melo, Diego Fernandes e Banda Dominus. (por Fernando Oliveira) Pascom paroquial

[SÉ] Em 21 de novembro, na Paróquia Assunção de Nossa Senhora, Setor Pastoral Cerqueira César, Dom Carlos Lema Garcia conferiu o sacramento da Crisma a 80 adultos e jovens da comunidade local e adolescentes do Colégio Assunção. Concelebrou o Padre Juarez Pedro de Castro, Pároco. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé lembrou que Jesus Cristo é a única pessoa que estará ao lado de cada cristão desde antes de nascer até após a morte. Destacou, ainda, que o crismando é um cristão que decidiu conscientemente e com maturidade seguir os passos de Jesus. Lembrou ainda que a Confissão e a Eucaristia preparam a alma do cristão para encontrar o Reino de Deus e permanecer ali. (por Elisa Marconi) [BRASILÂNDIA] Cerca de 1,5 tonelada de alimentos foi recebida na terceira campanha de arrecadação, na qual também foram recebidos produtos de higiene e limpeza. A iniciativa foi organizada pelo Terço dos Homens da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, Setor Freguesia, no sábado, 27 de novembro.

[SÉ] Em 22 de novembro, aconteceu a festa da padroeira da Paróquia Santa Cecília, com várias celebrações durante o dia, sendo a das 12h presidida por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, e concelebrada pelo Cônego Alfredo Nascimento Lima, Pároco; Padre Carlos Eduardo Campos dos Santos, Vigário Paroquial; e Padre José Edson de Santana Barreto, Pároco da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, no Setor Pinheiros. Santa Cecília é a padroeira dos músicos, artistas e noivos. Por isso, a celebração contou com a presença do Coral Musicanto, sob a regência do Maestro Antonio Margarido.

(por Marta de Oliveira Gonçalves)

(por Pascom Paróquia Santa Cecília)


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Fé e Cidadania

SANTANA

Dom Jorge: ‘Nossa Senhora das Graças ocupa um lugar destacado no tempo do Advento’ José Henrique Ramos Monfré

José Henrique Ramos Monfré

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No sábado, 27 de novembro, foi celebrada a festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no Setor Casa Verde. Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, presidiu a Eucaristia, concelebrada pelos Padres Maurício José de Lima, Roberto Lacerda e Paulo Mzé, assistidos pelo Diáconos Permanentes José Luiz Silvério e Franco Abelardo. “Maria, Nossa Senhora das Graças, ocupa um lugar destacado no tempo do Advento. Ninguém viveu essa espera, esse sofrimento, inclusive fisicamente, pois trazia Jesus em seu ventre. Sua figura silenciosa transborda de esperança e, com ela, será mais fácil prepararmos a alma para a chegada do

Padre Reuberson Ferreira

Salvador”, disse Dom Jorge, na homilia. “Sejamos vigilantes, arrumemos nossa casa interior, abramos nosso coração para uma experiência de acon-

chego, de proximidade, de esperança e de fé, e estejamos atentos para as bênçãos que Deus nos concede”, exortou o Bispo.

Juliana Bacci Lima

Divulgação

[SANTANA] No sábado, 27 de novembro, Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora da Salette, durante a qual conferiu a Crisma a pessoas que se prepararam para receber este sacramento nesta igreja e também na Capela Nossa Senhora de Fátima e Paróquias Santo Antônio do Limão e Santa Teresinha - salesianos. Concelebrou o Padre Marcos Almeida, Pároco. A assistência foi do Diácono Márcio Cesena. (por Juliana Bacci Lima) Bianca araújo

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan conferiu o sacramento da Crisma a 50 jovens, no domingo, 28 de novembro, durante missa na Paróquia Nossa Senhora da Piedade, Setor Jaçanã. Concelebrou o Padre Luís Molento, Pároco, com a assistência do Diácono transitório José Geraldo Albuquerque, SDB. (por Bianca Araujo) [ipiranga] A Paróquia São Francisco de Assis, na Vila Clementino, comemorou, no sábado, 27 de novembro, a primeira grande celebração desde o início da pandemia: a missa, na qual 60 jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma pelas mãos de Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ. Concelebrou o Pároco, Frei Valdecir Schwambach, OFM. Dom Ângelo acolheu os 60 crismandos, provenientes do catecumenato de adultos da Paróquia, dos jovens do Colégio Nossa Senhora Aparecida, além de seis catequizandos da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Moema. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga enalteceu o testemunho e os trabalho de evangelização que permitiram que essas 60 pessoas recebessem o sacramento da Confirmação. Também explicou que a Crisma é um ato, ao mesmo tempo ritual e espiritual, pois recorda Pentecostes. Quem recebe este grande dom está em unidade e em comunhão com a Igreja. (por Luiz Fernando Ribeiro )

Diocese de São Paulo: 276 anos!

[LAPA] No dia 23 de novembro, na Cúria da Lapa, aconteceu a reunião do clero atuante na Região, coordenada por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa. Participaram padres e diáconos. Em pautas estiveram assuntos como os planejamentos para o ano de 2022 em nível regional e paroquial, Sínodo e a continuação das missas on-line. [BELÉM] No sábado, 27 de novembro, na Paróquia Cristo Rei, 37 crianças do Colégio Espírito Santo receberam a primeira Eucaristia durante missa presidida pelo Padre Lauro Wisnieski, Pároco. Participaram da celebração os pais das crianças, os catequistas e os representantes do colégio. (por Fernando Arthur) Luiz Fernando Ribeiro

Há um processo longo, laborioso e prudente até que uma diocese seja erigida e instalada como tal. O Brasil, desde a sua fundação até hoje, excluindo outras circunscrições eclesiásticas, tem em seu vasto território 217 dioceses. O primeiro bispado criado no País foi o de São Salvador, na Bahia (hoje Arquidiocese) em 1551; e o último, o de Cruz das Almas, curiosamente no recôncavo baiano, em 2017. A história eclesiástica, sobretudo após a Proclamação da República, registra uma multiplicação de novas dioceses. Contudo, durante todo o período do império, poucas dioceses açambarcavam todo o território nacional. Havia, é verdade, questões ligadas ao regime do padroado que não concorriam para a rápida criação dessas circunscrições. Não obstante esses atenuantes e num contexto de um Brasil imperial, desmembrada da Diocese do Rio de Janeiro, a cidade de São Paulo foi elevada a sede de bispado, por meio da bula “O resplendor da Luz Eterna” (Candor Lucis Aeternae), no dia 6 de dezembro de 1745, dia fadado a ser permanentemente recordado. Essa data, hodiernamente, pode ser vista como uma singela efeméride. Trazê-la à memória, desse modo, é associar simbolicamente a história escrita na São Paulo de hoje com aquela que foi redigida sob o suor, as preces, as lágrimas e o sangue de abnegados homens e mulheres, clérigos e leigos, povo de Deus. Trata-se de um reconhecimento de que os passos dados na atualidade estão umbilicalmente atados àqueles outrora trilhados pelos nossos predecessores. De fato, do amplo território da, à época, Diocese de São Paulo, vários outros bispados surgiram. Do despojado trabalho de valorosos presbíteros, surgiram novas igrejas, brotaram novos cristãos. Do zeloso pastoreio de vários bispos, surgiram paróquias, seminários, sacerdotes e novas comunidades religiosas. Enfim, fragmentos da Luz Eterna fecundaram essa história e fizeram surgir, mesmo que com algumas rusgas, caminhos novos no processo evangelizador. Hoje, passados 276 anos da criação dessa Sé diocesana e já ela tendo sido, desde 1908, elevada à dignidade de Arquidiocese, recobrar a memória daquele 6 de dezembro é divisar a responsabilidade de cada cristão que vive nesta grande metrópole em que “Deus habita [...] e nós somos suas testemunhas”, isto é, a de escrever uma história respeitosa dos nossos predecessores, à altura do Evangelho e dos desafios do nosso tempo. Padre Reuberson Ferreira, MSC, é Pároco e Reitor do Santuário de Nossa Senhora do Sagrado Coração.


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IPIRANGA Pastoral promove tarde de oração ‘Alegria do Amor em Família’ Maria Leonice e Roberto Pietro Mariannini

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

A Pastoral Familiar da Região Episcopal Ipiranga, neste ano de São José, animou os setores pastorais a promoverem ações concretas sobre a exortação apostólica Amoris laetitia e São José. No domingo, 28 de novembro, o Setor Pastoral Ipiranga organizou na Paróquia Imaculada Conceição a tarde de oração “Alegria do Amor em Família”. O encontro contou com um momento oracional, conduzido pelo Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, Pároco e Reitor do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida. Houve ainda reflexões, partilhas e dinâmicas, conduzidas pelo Frei Fábio Luiz Ribeiro, OSM, Pároco da

Pastoral Familiar Regional

Paróquia Nossa Senhora das Dores e Coordenador do Setor Ipiranga. Os participantes foram convidados a ingressar em um momento de ‘deserto’, a exemplo de Abraão, a fim de suscitar uma experiência de intimidade pessoal com Deus. Posteriormente, todos se reuniram em círculos de partilhas. Neste processo de escuta, as reflexões compartilhadas serão destinadas, a título de contribuição e participação, à primeira etapa diocesana do Sínodo universal (2021-2023). A tarde de oração foi viabilizada com a participação das paróquias do Setor Ipiranga, contando com o apoio do casal Cleuza Maskovics e José Roberto Maskovics, coordenadores do Setor Ipiranga, e do Frei José Maria Mohomed Jr., Assessor da Pastoral Familiar Regional.

BELÉM Dom Luiz Carlos preside missa na festa de Nossa Senhora das Graças Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No 1º Domingo do Advento, em 28 de novembro, Dom Luiz Carlos Dias, Vigário Episcopal na Região Belém, nomeado Bispo de São Carlos (SP), presidiu a Eucaristia na Paróquia Nossa Senhora das Graças, na Vila Antonieta. Concelebrou o Padre Valdir João Silveira, Pároco.

“Hoje se inicia um tempo belíssimo, que nos convida a uma expectativa, e a rever a nossa vida. É um tempo de expectativa para a vinda do Senhor”, disse o Bispo, no começo da missa. Na homilia, Dom Luiz Carlos Dias falou sobre a devoção a Nossa Senhora das Graças, cuja memória litúrgica foi celebrada no sábado, 27 de novembro. Ele disse que Maria é a medianeira de graças e ressaltou a oração da

BRASILÂNDIA Adultos recebem o sacramento da Crisma na Paróquia São Luís Gonzaga

Ave-Maria, na qual se repete o Evangelho, quando se diz que Maria é cheia de graça. O Bispo também exortou os fiéis a não perderem a sensibilidade da fé e do amor: “Deus vem também a nós por meio das pessoas”, afirmou, exortando que sempre se dê ajuda às pessoas que mais precisam. Ao final da celebração, Dom Luiz Carlos Dias foi homenageado pela co-

munidade. O Padre Valdir dirigiu-lhe algumas palavras, recordando a presença do Bispo como um verdadeiro pastor, e agradeceu por todas as vezes em que o Prelado visitou a comunidade e o carinho e a atenção para com todos os fiéis. Também na ida à Paróquia, o Bispo assinou o livro tombo, que foi elaborado pelo Pároco e os paroquianos Rafaella Ramos e Vitor Garcia.

Errata Na edição anterior do O SÃO PAULO, publicada em 24 de novembro, as foto-legendas abaixo foram publicadas na ordem inversa. A seguir, a publicação correta, com fotos e textos correspondentes: Magnólia Alves Galvez e Rafaela Souza

Taíse Cortês

Taíse Cortês

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No 1º Domingo do Advento, em 28 de novembro, na Paróquia São Luís Gonzaga, Setor Pereira Barreto, um grupo de adultos do catecumenato recebeu o sacramento da Crisma, durante missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, concelebrada pelo Padre Roberto Moura, Pároco, e assistida pelo Diácono Jeferson de Lima. “O Advento é tempo de esperança. É preciso estar vigilante, em pé, com a cabeça levantada, porque Ele nos mostra o caminho e nos faz andar em suas estradas”, disse, na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia. “Deus foi o primeiro amor ao

nos mandar de presente seu único Filho, que se fez gente como nós”, completou. Dirigindo-se aos crismandos, indicou que na Crisma há a consciência de que se quer levar o perfume de Deus e que o Espírito Santo é aquele que ajuda, que dá discernimento. Não é visto, mas é sentido, assim como um vento forte. E finalizou: “Os caminhos do Senhor são do amor e da verdade. Que vocês possam sentir a presença do amor e seguir o caminho”. Dom Carlos também lembrou aos padrinhos e madrinhas sobre a missão de acompanharem os afilhados, incluindo rezar por eles. Ainda no domingo, o novo grupo de jovens, que se prepara para o sacramento da Crisma, recebeu do Bispo durante a missa a Bíblia e o livro que será utilizado na catequese.

[BRASILÂNDIA] Dom Carlos Silva, OFMCap, conferiu o sacramento da Crisma a um grupo de fiéis durante missa em 21 de novembro na Comunidade Santa Terezinha da Paróquia Santa Luzia, Setor Freguesia do Ó. Ele exortou os crismandos a se esforçarem para entrar na via estreita que leva ao Reino de Deus. “Cultivem a amizade com Deus e a oração”, pediu a todos os fiéis. (por Mauro César) Priscilla Messias

[BRASILÂNDIA] Em 20 de novembro, um grupo que se preparou para a Crisma durante três anos recebeu o sacramento na Comunidade Nossa Senhora das Dores da Paróquia Imaculado Coração de Maria, durante missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap, e concelebrada pelo Padre Dorival Ferreira. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia lembrou que este sacramento é o sinal visível do Espírito Santo. (por Karina Marta)


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BELÉM Pastoral da Juventude regional finaliza mês de missões Coordenação da Pastoral da Juventude da Região Belém

Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

No domingo, 28 de novembro, os membros da Pastoral da Juventude da Região Episcopal Belém se reuniram na Paróquia Nossa Senhora das Graças, Setor Antonieta, para participar da celebração da Eucaristia, concluindo o tempo de missão, após um caminho percorrido de oração, vivência e aprendizado. A celebração foi presidida pelo Padre Valdir João Silveira, Pároco, e pelo Padre Ivaldino de Assis Tavares, CSSp. Na homilia, Padre Assis deixou a mensagem

de que a Igreja deve se abrir mais para a juventude e exortou os jovens a permanecerem firmes na caminhada. Ao final

da celebração, os jovens foram enviados em missão aos lares, nos diversos setores da Região Episcopal Belém.

Lene Zuza

[SANTANA] Em missa no domingo, 28 de novembro, na Comunidade Santa Rosa de Lima, pertencente à Paróquia São Pedro, Setor Tremembé, Dom Jorge Pierozan conferiu o sacramento da Confirmação a jovens e adultos. Concelebraram os Padres Claudinei de Arruda Lucio, Pároco e Edmilson Silva, assistidos pelo Diácono Vinicius Andrade. Na ocasião, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana falou da importância dos padrinhos e madrinhas para testemunhar a fé aos crismandos. A Comunidade conta com o apoio das Irmãs Paroquiais de São Francisco. (por Coordenação da Pascom Setor Tremembé)

O tempo de missão da Pastoral da Juventude se iniciou no dia 17 de outubro, na Paróquia São Marcos, quando os jovens puderam ter uma tarde de espiritualidade; em seguida, em 7 de novembro, se encontraram no Arsenal da Esperança para uma vivência com os acolhidos; em seguida, realizaram um retiro no Centro de Juventude da Companhia de Jesus (Anchietanum), nos dias 12 a 14 de novembro; no dia 20 de novembro, também realizaram diversas celebrações pelo dia da Consciência Negra; e, por fim, a celebração na Paróquia Nossa Senhora das Graças. Pascom paroquial

[BRASILÂNDIA] No domingo, 28 de novembro, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa na Paróquia São Luís Maria G. de Montfort, Setor Jaraguá, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a 14 jovens e adultos. Concelebrou o Padre Daniel Nogueira de Assis, Vigário Paroquial. (por Pascom paroquial) Arquivo paroquial

Érika dos Santos Silva

[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu a missa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora das Graças, no sábado, 27 de novembro. (por Caroline Dupim) Arquivo Comunidade Santo Antônio

[BRASILÂNDIA] No sábado, 27 de novembro, aconteceu um casamento comunitário na Paróquia São José Operário, Setor Dom Paulo Evaristo. A cerimônia foi assistida pelo Padre Gilson Feliciano Ferreira, SV, que lembrou aos três casais que “a cerimônia do casamento não se encerra com a bênção final. Muito pelo contrário, inicia-se uma vida nova para os casais em Cristo”. (por Keli Ferreira dos Santos Silva) Pacom Santa Cruz

[IPIRANGA] Em missa, no domingo, 28 de novembro, na Comunidade Santo Antônio, pertencente à Área Pastoral São Paulo, no Heliópolis, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, conferiu o sacramento da Crisma a oito pessoas. (por Caroline Dupim)

[BRASILÂNDIA] Dom Carlos Silva, OFMCap, ministrou o sacramento da Crisma a 32 jovens, no sábado, 27 de novembro, durante missa na Paróquia Santa Cruz de Itaberaba, Setor Freguesia do Ó. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia exortou os crismandos “a trilharem o caminho do Cristo, do Senhor”, em menção ao Salmo 24, relembrando toda a trajetória da vida cristã: Batismo, Eucaristia e agora o sacramento da Confirmação. (por Eliana Lubianco)

[SÉ] No domingo, 28 de novembro, na Paróquia Nossa Senhora Achiropita, aconteceu a celebração da 1ª Eucaristia de 29 crianças preparadas e acompanhadas desde a Pré-Catequese até a Perseverança, ao longo de dois anos por 13 catequistas. A missa foi presidida pelo Pároco, Padre Antônio Sagrado Bogaz, PODP, e o Padre Edson Teixeira de Lima, PODP, sacerdote Orionita e colaborador na Paróquia.

[BRASILÂNDIA] Em 23 de novembro, na Comunidade Santo Antônio, em Taipas, da Paróquia São Luís Maria G. de Montfort, aconteceu a missa em ação de graças pelos 21 anos da fraternidade missionária de Emaús. A missa foi presidida pelo fundador, Padre Valdiran Santos, que já foi Pároco desta igreja. Concelebrou o Padre Daniel Nogueira de Assis, atual Vigário Paroquial.

(por Modesto Chaves Maciel)

(por Patrícia Beatriz Lopes)


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Dom Odilo ordenará 12 diáconos para a Arquidiocese José Ferreira Filho

osaopaulo@uol.com.br

Na Catedral da Sé, no sábado, 11, às 15h, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, ordenará 12 candidatos ao diaconato, pri-

Fotos: Arquivo pessoal

Alan Santos, 33, de Osasco (SP)

“Cresci na região de Campo Limpo, periferia de São Paulo. O chamado sacerdotal se deu por volta de 2007, quando colaborava como intercessor em uma vigília da Renovação Carismática Católica (RCC) para jovens. Estava diante de Jesus Sacramentado quando ‘senti’ o chamado, algo inusitado, pois meus planos eram, até então, ter um futuro próspero e constituir uma família, mas Deus tinha algo especial reservado para mim.”

meiro grau do sacramento da Ordem. Destes, quatro se tornarão diáconos permanentes. Eles são leigos que constituíram família e que, com a anuência das esposas e após um período de discernimento e formação, receberão o ministério e se colocarão à dis-

posição da Igreja e do povo de Deus. Os outros oito, seminaristas, serão diáconos transitórios. Destes, quatro fazem uma caminhada formativa vinculada diretamente à Arquidiocese de São Paulo, a fim de se tornarem padres diocesanos daqui a um ano. Os outros

quatro pertencem à Ordem de Santo Agostinho (OSA), responsável por sua formação. Daqui a seis meses, estarão aptos à ordenação presbiteral, por meio da qual se tornarão padres religiosos, ou seja, vinculados à referida ordem e chamados a viver seu carisma.

Diáconos seminaristas diocesanos

Cleyton Pontes Silva, 26, de São Paulo (SP)

“Desde criança, participava da Comunidade São João Gualberto e tinha envolvimento com as atividades paroquiais. Com o passar do tempo, tive maior engajamento e passei a ajudar na Catequese, movimentos, grupo de jovens, coroinhas. Entre 2012 e 2013, conheci o trabalho da Comunidade Eucarística Voz dos Pobres e, nesse contato com os mais humildes, além da adoração Eucarística, senti cada vez mais forte o chamado ao caminho presbiteral.”

Lucas Antonio S. Martinez, 26, de São Paulo (SP)

“Desde pequeno, acompanhava meus pais às missas. Na juventude, comecei a me engajar na paróquia a partir de um retiro de jovens. Depois, passei a tocar nas missas e grupos de oração e a ajudar na liturgia. Acompanhando o pároco em suas atividades pastorais, pude perceber que Deus me chamava para algo que ainda não sabia o que era. Após o discernimento, percebi que a vontade Dele era que eu pudesse segui-lo de maneira mais próxima, por meio do sacramento da Ordem.”

Nilo Massaaki Shinen, 43, de São Paulo (SP)

“Via que o mundo, principalmente o do entretenimento, só apresentava ídolos bonitos na forma, mas vazios por dentro, que não ensinavam nenhum valor. Na Crisma, essa sede de sentido encontrou saciedade em Deus e aí começou a despertar a minha vocação. O momento em que Deus falou mais alto, porém, foi pouco antes da morte do meu pai, que pôde contar com a abnegação de um padre que lhe trouxe a Eucaristia a tempo, fato que realmente me marcou.”

Diáconos seminaristas religiosos

Frei Fábio B. Silva, OSA, 41, de Maringá (PR)

“Aos 11 anos, quando fui conhecer meu avô materno, no norte de Minas Gerais, uma região muito pobre e distante, minha tia relatou que o padre ficava meses sem ir até lá. Naquele momento, pensei: ‘Por que não ser padre para vir ajudar nesta região?’. Cresci e segui outro caminho, busquei trabalhar e estudar, mas a inquietude sempre me tocava. Em um curso, conheci Santo Agostinho, me identifiquei muito, procurei estudar mais sobre ele e busquei responder ao chamado de Deus.”

Frei Jean A. de Lima, OSA, 41, de Currais Novos (RN)

“Senti meu chamado desde criança ainda no grupo de acólitos e, mesmo tendo resistido durante um tempo, Deus insistiu em seu chamado. E, ao conhecer a Ordem de Santo Agostinho, me senti imensamente identificado com o carisma. Hoje, posso afirmar que me sinto realizado e desejo servir ao povo de Deus.”

Frei Pedro F. R. de Matos, OSA, 25, de São Francisco (MG)

“No berço familiar, aprendi os primeiros valores: o amor a Deus e ao próximo. Aos 17 anos, decidi me lançar nos braços do Senhor e deixar com que minha vida se configurasse à vontade Dele, e, mesmo com todas as mazelas e fragilidades inerentes à nossa humanidade, tenho a alegria de afirmar que o Senhor fez com que eu chegasse até este momento de dar um passo mais à frente no serviço aos irmãos e à Santa Mãe Igreja.”

Frei Ronã P. Aguiar Filho, OSA, 34, de Gurupi (TO)

“Aos 23 anos, logo após minha conversão à fé católica, participei de um Encontro de Jovens com Cristo (EJC), no qual pude experimentar o amor misericordioso de Deus e escutar a sua voz suave me chamando ao serviço do Reino. Ao buscar conhecer melhor a fé e a espiritualidade cristãs, deparei-me com as ‘Confissões’, de Santo Agostinho, que muito me tocaram e me levaram a uma mudança radical de vida. Senti em meu coração o desejo de viver para Deus e de servir à sua Igreja.”

Diáconos permanentes

Nilson de Oliveira Amancio, 61, de Cunha (SP)

“Frequentei a Igreja Metodista até meus 18 anos. Aos 22, conheci minha esposa, católica. Logo depois do casamento, comecei a frequentar as missas e fizemos o Encontro de Casais com Cristo (ECC). Fiz a primeira Eucaristia e a Crisma e meu amor pela Igreja só aumentava. Percebi que Deus me chamava a servir cada vez mais e, ao conhecer o diaconato permanente, fiquei encantado em saber que o meu chamado poderia ser fortalecido com a graça sacramental.”

Orlando Luciano da Silva, 53, de Jundiaí do Sul (PR)

“Afastado das atividades paroquiais, participava apenas das missas dominicais quando houve a missão de férias dos seminaristas, em 2008. Em visita a minha casa, eles me incentivaram a retornar, e, com isso, conheci o Padre Uilson dos Santos, que me convidou a participar da Catequese e, tempos depois, do conselho de assuntos econômicos. Em 2011, regularizei o meu Matrimônio no religioso. Posteriormente, senti o chamado a me doar mais e iniciei a caminhada ao diaconato.”

Pedro E. dos Santos Júnior, 51, de Avaré (SP)

“Meu desejo de servir à Igreja por meio do diaconato começou quando fui convidado a participar da Pastoral de Rua na paróquia. Ali, vi o quanto é importante estar em missão e servir aos irmãos em situação de vulnerabilidade. Todas as sextas-feiras, saíamos de madrugada para entregar marmitas às pessoas em situação de rua. Foi nesse período que conheci o diaconato e fiquei feliz em saber que a principal missão do diácono é estar a serviço dos mais necessitados.”

Sidnei Roberto Piotto, 56, de Nova Esperança (PR)

“Frequento a paróquia com minha esposa desde o nosso casamento, há mais de 30 anos, e participamos das pastorais e da vida das comunidades. Em 2008, tive meu primeiro chamado ao diaconato permanente. Em 2013, Deus usou a voz do Padre Edivaldo Batista da Silva e o meu sim foi dado com muita alegria! No ano seguinte, iniciei as atividades na Escola Diaconal São José. Com a graça de Deus, serei ordenado diácono permanente.”


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| 1º a 7 de dezembro de 2021 | Com a Palavra | 11

Cardeal Odilo Pedro Scherer

‘A Assembleia trouxe a percepção de uma Igreja viva, encarnada e atuante em nosso continente’ Conferencia del Episcopado Mexicano

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Proposta pelo Papa Francisco para retomar as orientações da Conferência de Aparecida 2007 e olhar para os desafios atuais da missão evangelizadora da Igreja no continente americano, a 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe foi concluída no domingo, 28 de novembro. Como 1º Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o Cardeal Odilo Pedro Scherer participou presencialmente das atividades na Cidade do México. Nesta entrevista, o Arcebispo de São Paulo fala sobre como foram os trabalhos deste evento que ele classifica como “uma experiência sinodal bonita, na linha daquilo que o Papa Francisco está propondo: uma Igreja sinodal, que caminha em comunhão, participação e missão”. Também explica de que maneira a Assembleia Eclesial está inserida no processo do Sínodo universal (2021-2023) e como será de grande valia para a realização da assembleia do sínodo arquidiocesano em 2022. Leia a íntegra a seguir.

O SÃO PAULO – Um dos grandes propósitos para a realização da 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe foi o de retomar os indicativos do Documento de Aparecida. Concluída a Assembleia, já é possível falar sobre o que avançou desde 2007 e o que ainda precisa ser efetivado? Cardeal Odilo Pedro Scherer – Muita coisa caminhou e muita coisa precisa ainda ser retomada. E é necessário observar também que nem tudo caminhou do mesmo modo, em todas as partes. Algumas propostas foram mais assumidas em algumas regiões do continente; outras, em outras partes. Sem dúvida, avançou a percepção de que precisamos ser uma Igreja que se renova na missão, que precisa voltar-se mais para o Reino de Deus e acolher o Evangelho de forma renovada. Avançou a compreensão de que precisa avançar um renovado encontro pessoal e comunitário com Deus, por meio de Jesus Cristo, mas isso nem sempre aconteceu na prática. Em alguns países, a missão continental foi abraçada bem, mas em outros, muito pouco. Precisa avançar mais a renovada formação cristã do povo católico, em especial, a formação do laicato. Percebe-se também que, de maneira geral, a vida pastoral não se renovou nem integrou a dimensão missionária. Ainda estamos muito fixados apenas na pastoral de conservação. A comunhão eclesial cresceu, sem dúvida, mas também apareceram novas questões que desafiam a comunhão eclesial.

Temos, pois, motivos para voltar às diretrizes do Documento de Aparecida, como pede o Papa. A partir do compartilhamento das vivências dos participantes da Assembleia Eclesial, o que ainda se apresenta como mais desafiador para a conversão pastoral missionária proposta pelo Documento de Aparecida à Igreja na América Latina e no Caribe? As situações no continente apresentam uma enorme diversidade e não podemos falar da América Latina como se fosse uma única comunidade, povo ou país; isso seria uma abstração, que não corresponde à realidade. Há uma variedade muito grande, de norte a sul do continente, e a Igreja está encarnada e atua no meio dos povos, culturas e situações locais. Assim, em relação às orientações e apelos do Documento de Aparecida, em algumas regiões, falta assumir mais a dimensão missionária; em outras, falta aprofundar a “conversão pastoral e missionária”; em outras, é necessário expressar melhor a adesão a Jesus Cristo, mediante um renovado encontro pessoal com Ele, no Evangelho, na Igreja e nos pobres. Além disso, parece que, de maneira generalizada, a questão das vocações para os ministérios ordenados e a vida consagrada não foi assumida de maneira suficiente.

Um dos pedidos do Papa aos participantes da Assembleia Eclesial foi o de que se abrissem à ação criativa do Espírito Santo para pensar caminhos para a evangelização e ação pastoral da Igreja no continente. Como isso foi vivenciado ao longo dos dias? A Assembleia refletiu sobre isso, ouviu testemunhos positivos sobre experiências e realidades que já vão acontecendo. Foi, sem dúvida, uma bela experiência de “escuta do Espírito Santo”. Mas acho que, após a Assembleia, esse apelo do Papa deverá ser retomado pelas Igrejas locais e, sobretudo, pelas dioceses e seus organismos. É ali que está a Igreja viva, feita de pessoas, e onde as questões tomam formas e rostos concretos. Neste amplo processo de escuta que foi a Assembleia Eclesial, o que mais chamou a atenção do senhor sobre a realidade evangelizadora e missionária da Igreja no continente americano? Acho que a Assembleia deixou mais clara a percepção sobre a Igreja, como “comunidade dos discípulos missionários de Jesus Cristo”, presente no meio dos povos de nosso continente, com enormes diferenças, mas unidos todos como comunidade de fé, esperança e amor, família de irmãos. Foi uma experiência sinodal bonita, na linha daquilo que o Papa Francisco está propondo:

uma Igreja sinodal, que caminha em comunhão, participação e missão. A Assembleia trouxe a percepção de uma Igreja viva, encarnada e atuante em nosso continente, como mostram os desafios e as propostas pastorais elaborados pela Assembleia. Isso é sinal de grande esperança para toda a Igreja. Um dos momentos da Assembleia foi a realização do painel “Da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe ao Sínodo sobre a sinodalidade”. De que modo a Assembleia Eclesial está inserida no processo do Sínodo universal? A Assembleia foi convocada e preparada antes que fosse anunciada e convocada a próxima assembleia do Sínodo dos Bispos, de outubro de 2023. Agora, ficou evidente que o processo da Assembleia foi inserido estreitamente ao processo da assembleia sinodal. O método de preparação da Assembleia Eclesial e a própria realização dela vão oferecer muitos elementos para a assembleia do Sínodo. A Igreja do nosso continente vai oferecendo, mais uma vez, sua contribuição à universalidade da Igreja. Foi muito significativa a presença, na Assembleia, do Cardeal Mário Grech, Secretário-geral do Sínodo, e do Cardeal Jean-Paul Hollerich, Arcebispo de Luxemburgo, que será o Relator da próxima assembleia do Sínodo dos Bispos. A partir das conclusões da Assembleia Eclesial, o que se fará de agora em diante? Está prevista a apresentação do que se falou nestes dias ao Papa Francisco? O Papa receberá sem demora o relatório sobre a Assembleia Eclesial. O pós-Assembleia deverá acontecer, sobretudo, nas comunidades locais, dioceses e conferências episcopais. A Assembleia desencadeia um processo, que vai ser assumido e produzirá frutos nas comunidades locais. O Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e seus organismos estará promovendo algumas iniciativas para ajudar as conferências episcopais nesta tarefa. Da dinâmica utilizada para a realização da Assembleia Eclesial, algo poderá ser adotado para a assembleia do sínodo arquidiocesano em 2022? Sem dúvida. A experiência da Assembleia Eclesial será útil para a realização da assembleia do nosso sínodo arquidiocesano. Deveremos retomar o processo de escuta e, sobretudo, de discernimento sobre o que o Espírito de Deus nos diz, a partir dos passos já realizados. Creio que o modo de fazer o discernimento e de elaborar as propostas sinodais possa se beneficiar muito da experiência vivida na Assembleia Eclesial.


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1ª Assembleia Eclesial é concluída com o compromisso de permanente conversão pastoral e missionária da Igreja na América Latina e no Caribe Conferencia del Episcopado Mexicano

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Atendendo ao chamado do Papa Francisco para avaliar a aplicação dos indicativos da Conferência de Aparecida, realizada em 2007, e discernir sobre os desafios atuais da missão evangelizadora da Igreja no continente americano, foi realizada, entre os dias 21 e 28 de novembro, a 1ª Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Com o tema “Somos todos discípulos missionários em saída”, o encontro organizado pelo Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) ocorreu com cerca de cem pessoas presencialmente na sede da Conferência Episcopal Mexicana, na Cidade do México, e outras mil de modo on-line. Bispos, padres, diáconos, religiosos(as) e leigos(as) deram sequência às reflexões iniciadas na fase de escuta da Assembleia Eclesial, realizada de abril a agosto. Na missa de encerramento, no domingo, 28, no Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe, o Cardeal Marc Ouellet, Prefeito para a Congregação dos Bispos e Presidente da Pontifícia Comissão para a América Latina, afirmou que a Assembleia Eclesial fez com que a Igreja voltasse a “tomar consciência de sua identidade missionária como povo a caminho; como corpo e esposa de Cristo, como povo sacerdotal, portador e mediador do dom do Espírito Santo a todas as nações”, e contribuiu “para forjar ainda mais a unidade de nosso continente cristão, mariano e cada vez mais sinodal”, afirmou na homilia. Em coletiva de imprensa, no sábado, 27, Dom Miguel Cabrejos, Presidente do Celam, comentou que ao longo da Assembleia todos aprenderam mais sobre o espírito de oração, comunhão e fraternidade. Um relatório sobre o evento deve ser apresentado ao Papa Francisco em breve e as reflexões poderão ser aprofundadas nas dioceses e conferências episcopais do continente americano.

PROXIMIDADE E ESPERANÇA

Em mensagem final ao

Inédito encontro feito pela Igreja no continente americano acontece com participações presenciais, na Cidade do México, e de modo on-line

povo da América Latina e do Caribe, os participantes afirmaram que, ao longo do encontro, Jesus os acompanhou na tarefa de “repensar e relançar a missão evangelizadora nas novas circunstâncias latino-americanas e caribenhas; tarefa que nos tem comprometido em um caminho de conversão decididamente missionário, para submeter tudo ao serviço da instauração do Reino da vida (cf. Documento de Aparecida, DAp, 366); propósito em que avançamos e que requer maior responsabilidade pastoral”. Ressaltaram, ainda, ter vivido “uma verdadeira experiência de sinodalidade, na escuta mútua e no discernimento comunitário a respeito do que o Espírito quer dizer à sua Igreja. Temos caminhado juntos, reconhecendo nossa poliédrica diversidade, mas sobretudo aquilo que nos une, e no diálogo nosso coração de discípulos se tem voltado para as realidades que vivem o continente, suas dores e esperanças. Constatamos e denunciamos a dor dos mais pobres e vulneráveis que sofrem o flagelo da miséria e das injustiças”, consta no texto em que se alerta, ainda, para a destruição da casa comum e a “cultura do descarte”. “Preocupa-nos, também, a falta de profetismo e solidariedade efetiva com os mais pobres e vulneráveis. Por outro lado, nos enche de esperança a presença dos sinais do Reino de Deus que levam por caminhos novos para a escuta

e o discernimento. O caminho sinodal é um significativo espaço de encontro e de abertura para a transformação das estruturas eclesiais e sociais que permitam renovar o impulso missionário e a proximidade com os mais pobres e excluídos”, consta em outro trecho. Os participantes expressaram, ainda, que “esta Assembleia é um kairós, um tempo propício para a escuta e o discernimento que nos conecta de forma renovada com as orientações pastorais de Aparecida e o magistério do Papa Francisco e nos impulsiona a abrir novos caminhos missionários para as periferias geográficas e existenciais e lugares próprios de uma Igreja em saída”. Por fim, lembraram que a sinodalidade é parte da essência da Igreja, “assim, não é uma moda passageira ou um lema vazio. Com a sinodalidade, estamos aprendendo a caminhar juntos como Igreja povo de Deus, envolvendo a todos sem exclusão na tarefa de comunicar a todos a alegria do Evangelho”.

DESAFIOS PASTORAIS

A partir das reflexões feitas ao longo do encontro, foram sintetizados 12 desafios pastorais para a Igreja no continente, os quais são referentes à participação dos jovens e das mulheres nas instâncias de discernimento e decisão; ao acompanhamento às vítimas de injustiça, pobres, povos originários e afrodescendentes; à

ampla defesa da vida e da dignidade humana; à valorização da sinodalidade e erradicação do clericalismo; ao itinerário formativo nos seminários; à priorização da ecologia integral e ações para propiciar aos fiéis o encontro pessoal com Cristo (leia mais na página 13). Esses temas sobressaíram nas reflexões dos grupos comunitários de trabalho, estiveram nas falas dos assessores da Assembleia e foram trazidos a público nas coletivas de imprensa realizadas ao longo do evento. No dia 23, por exemplo, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e 1º Vice -Presidente do Celam, falou aos participantes da Assembleia sobre a conversão pastoral e missionária apresentada no Documento de Aparecida, que indica que se passe de uma pastoral de mera conservação a uma verdadeira renovação missionária, que ofereça respostas às novas questões eclesiais e sociais. “A Igreja como um todo é chamada a se renovar, a se voltar cada vez mais para Jesus e a renovar a sua adesão a Cristo e ao Evangelho”, o que, conforme lembrou Dom Odilo, exige de todos “coragem para assumir novas ati-


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tudes e abandonar velhas práticas que já não dão frutos, que já estão pastoralmente superadas”. Em uma das coletivas de imprensa, a Irmã Liliana Franco, presidente da Confederação Latino-Americana e Caribenha de Religiosos e Religiosas (Clar), comentou que deve haver a valorização das mulheres na Igreja, na medida em que trazem “uma espiritualidade nova, criativa, simbólica e atualizada à maneira de Jesus”. Já a Irmã Maria Inês Vieira Ribeiro, presidente da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), lembrou que a uma vida religiosa profética segue a opção preferencial pelos pobres e não discute a ordenação de mulheres, mas, sim, a presença feminina nos processos decisórios: “O papel da mulher na Igreja é estar presente onde a vida mais clama”. No sábado, 27, o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispo Emérito de São Paulo, falou sobre a Igreja na Amazônia. Ele recordou que, na Jornada Mundial da Juventude de 2013, o Papa Francisco destacou que a presença da Igreja na região não tem um fim exploratório, mas, sim, a transmissão da fé. “Mas gostaria, diz o Papa, de acrescentar que deveria ser mais incentivada e relançada a obra da Igreja ali na Amazônia, para consolidar os resultados no campo da formação de um clero autóctone. E consolidar, vejam, consolidar, por assim dizer, o rosto amazônico da Igreja. E sobre isso, dizia o Papa, por favor, peço para serem corajosos, para serem ousados”, lembrou o Presidente da Conferência Eclesial da Amazônia (Ceama), organismo criado em 2020. Em uma das coletivas de imprensa, o padre colombiano Venâncio Mwangi, IMC, pediu que se olhe com mais atenção à população afrodescendente na Igreja e na sociedade como um todo, pois estes fiéis também querem “viver o mistério da Encarnação” e “sentar-se à mesa”. Irmã Blanca Karina Farias Torres, do Canadá, falou sobre a urgência de um trabalho integrado da Igreja com outras instituições em favor dos migrantes e refugiados. Já o Padre Juan Luis Negrón, de Por-

to Rico, destacou que é importante preparar os seminaristas para viver, desde já, uma experiência de corresponsabilidade na Igreja. A Pastoral Juvenil Latino-Americana apresentou uma carta aos participantes, mapeando as situações desafiadoras aos jovens no continente, como o desemprego, pobreza, exclusões, violências e dificuldades para acesso a políticas públicas. Pediu, também, mais espaço nas esferas de decisão da Igreja. “Não somos uma parte isolada da comunidade, somos membros da comunidade e, como disse o Papa Francisco: ‘A juventude não é uma sala de espera’ (Missa final da JMJ do Panamá 2019).” Aos 35 anos, o advogado brasileiro Alan Faria Andrade Silva, mestre e doutorando em Direito pela PUC-SP, foi um dos 82 participantes que tinham até esta faixa etária. Ele ressaltou à reportagem que o Papa Francisco a todos convida para “viver na unidade que é igual à sinodalidade. Por mais que a sinodalidade seja um termo e uma proposta nova, a unidade sempre foi algo presente, tanto no Judaísmo quanto no Cristianismo. Também há o respeito à diversidade e peculiaridades do nosso povo latino-americano e caribenho, com nossas línguas, construções históricas, culturas, sofrimentos e alegrias”.

SINODALIDADE

A sinodalidade, tema do Sínodo universal (2021-2023), foi um dos assuntos centrais das reflexões feitas ao longo da 1ª Assembleia Eclesial. Durante o painel “Da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe ao Sínodo da Sinodalidade”, na quinta-feira, 25, o Cardeal Ouellet lembrou que, com o Sínodo universal, o Papa “quer que aprendamos a ouvir melhor o Espírito Santo em todos os níveis da Igreja”, o que significa “escutar a todos e a cada um com atenção, sem pressa, sem ideias preconcebidas ou preconceitos”. Em coletiva de imprensa, o Purpurado comentou que em uma Igreja cada vez mais sinodal, todos devem se sentir “participantes, respeitados, membros, que todos tenham uma

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contribuição a fazer”. Também enfatizou que a Igreja é uma só: “Não existe o povo de Deus e a Igreja hierárquica; a hierarquia é parte do povo de Deus”. Participante do mesmo painel, o Cardeal Mario Grech, Secretário do Sínodo dos Bispos, lembrou que a comunidade sinodal “tem um desejo inesgotável de oferecer misericórdia, dar frutos e sabe celebrar”. Ele alertou que é preciso haver uma “conversão sinodal” daqueles grupos e seitas cristãs “que promovem uma compreensão individualista e íntima da fé”. Ainda nessa perspectiva, o Cardeal disse, em coletiva de imprensa, que a Igreja é como um prisma, uma mesma realidade, mas com rostos diversos: “No povo de Deus, todos devemos aprender e cada um começa sua caminhada em um ponto diferente”. A “Sinodalidade do povo de Deus” foi o tema do momento de reflexão da sexta-feira, 26, com o teólogo venezuelano Rafael Luciani e a Irmã María Dolores Palencia, mexicana. Luciani lembrou que a sinodalidade requer uma escuta autêntica, que “deve envolver todos os sujeitos eclesiais, em relações horizontais baseadas na dignidade batismal e no sacerdócio comum de todos os fiéis” e que para tal também é preciso desfazer “as relações desiguais, de superioridade e subordinação próprias do clericalismo, e apostar na necessidade recíproca e no trabalho conjunto”. Irmã María Dolores recordou que já há no continente americano sinais emergentes da Igreja sinodal, como o Celam e a Ceama, bem como os sínodos diocesanos e a própria Assembleia Eclesial. A religiosa destacou a necessidade de que se fortaleça a ideia de que “todo o povo de Deus é responsável por ações transformadoras, flexíveis, atentas às necessidades das novas gerações e, junto com elas, que possam recriar uma comunidade eclesial participativa, de consenso, com novas e diversas formas de viver a autoridade e de tomar decisões”. (Com informações do Celam e da comunicação da 1ª Assembleia Eclesial)

Conferencia del Episcopado Mexicano

12 DESAFIOS PASTORAIS 1 Reconhecer e valorizar o protagonismo dos jovens na comunidade eclesial e na sociedade como agentes de transformação;

2 Acompanhar as vítimas das injustiças sociais e eclesiais com processos de reconhecimento e reparação;

3 Impulsionar a participação ativa das mulheres nos ministérios, nas instâncias de governo, de discernimento e decisão eclesial;

4 Promover e defender a dignidade da vida e da pessoa humana, desde sua concepção até a morte natural;

5 Incrementar a formação voltada para a sinodalidade, a fim de erradicar o clericalismo;

6 Promover a participação dos leigos nos espaços de transformação cultural, política, social e eclesial;

7 Escutar o clamor dos pobres, excluídos e descartados;

8 Reformar os itinerários formativos dos seminários, incluindo temáticas como ecologia integral, povos originários, inculturação e interculturalidade e pensamento social da Igreja;

9 Renovar, à luz da Palavra de Deus e do Vaticano II, nosso conceito e experiência de Igreja povo de Deus, em comunhão com a riqueza de sua ministerialidade, para que se evite o clericalismo e se favoreça a conversão pastoral;

10 Reafirmar e dar prioridade a uma ecologia integral em nossas comunidades, a partir dos quatro sonhos de Querida Amazonia;

11 Propiciar o encontro pessoal com Jesus Cristo encarnado na realidade do continente;

12 Acompanhar os povos originários Bispos participam da missa de encerramento da 1a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, em 28 de novembro

e afrodescendentes na defesa da vida, da terra e das culturas.


14 | Reportagem | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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Um Natal com fé, esperança e caridade Organizações católicas e paróquias já se mobilizam para ações natalinas em favor de quem mais precisa

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Celebração da vida, o Natal é a época do ano em que as pessoas mais estão sensíveis aos valores da

dignidade humana, perante o mistério de um Deus que se faz um de nós para nos falar de esperança e de solidariedade. Os dias que antecedem o Natal evocam sentimentos de bem e gra-

tuidade, sistematizados em muitas iniciativas que proporcionam esperança e dignidade a crianças e famílias em situação de vulnerabilidade social, como o jornal O SÃO PAULO apresenta a seguir.

COR UNUM AMPLIA INICIATIVAS Paroquianos e voluntários da Paróquia Nossa Senhora do Brasil, na Região Sé, se uniram em várias frentes de ação na associação Cor Unum, com o intuito de ajudar os irmãos em situação de vulnerabilidade social. Uma das frentes de atuação – ou braços, como chamam os organizadores – é o Kits Cor, que mensalmente viabiliza a doação de aproximadamente 300 kits de higiene pessoal e chinelos às pessoas internadas no Instituto de Infectologia Emílio Ribas (IIER). “Os kits são frutos de doações da comunidade e que beneficiam os pacientes que necessitam de itens como xampu, condicionador, pente, sabonete, escova e creme dentais e chinelos”, comenta uma das articuladoras do Cor Unum, que pede que não seja identificada, uma vez que fala em nome de todo o grupo. Padre João Inácio Mildner, Capelão do IIER e Assistente Eclesiástico Arquidiocesano da Pastoral da Saúde, enfatizou a importância desta ação de solidariedade. “É um projeto de amor, de solidariedade e fraternidade, que garante aos pacientes kits de higiene individualizados, um

gesto que permite que eles possam escovar os dentes, tomar banho e andar no quarto com segurança, sem se machucarem”, detalhou o Sacerdote ao O SÃO PAULO. Em novembro, a demanda de solicitações aumentou e o Cor Unum doou mais de cem kits de higiene ao Serviço Franciscano de Solidariedade (Sefras), mantido pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil (Sefras), e a mesma quantidade para a Fraternidade O Caminho. “Ajudar a quem precisa renova em nós o verdadeiro sentido do Natal – abrir o coração para acolher e devolver dignidade às pessoas que necessitam”, disse uma das voluntárias. No dia 20, o Cor Unum participará da campanha de Natal na Paróquia São Vito Mártir, no Brás, com a doação de cestas básicas, e o grupo de jovens da Paróquia Nossa Senhora do Brasil vai distribuir brinquedos para mais de 120 crianças carentes. “Neste Natal, queremos, de modo especial, agradecer todas as doações recebidas e renovar o desejo de continuar essa obra de amor e gratuidade e atingir a meta de poder ajudar ainda mais a quem precisa”, disse uma das voluntárias.

Paróquia Nossa Senhora do Brasil

Participantes do Cor Unum preparam kits de higiene para doação ao Instituto de Infectologia Emílio Ribas

dias ainda MAIS FELIZes NO INSTITUTO MENINOS DE SÃO JUDAS TADEU Instituto Meninos de São Judas Tadeu

Crianças recebem doações nas ‘Sacolinhas de Natal’ no Instituto Meninos de São Judas Tadeu

O Instituto Meninos de São Judas Tadeu (IMSJT), vinculado aos Padres do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), na zona Sul da capital, fundado há 75 anos, arrecada todos os anos, por ocasião do Natal, itens para distribuir aos atendidos nos nove centros mantidos pela congregação. Com a Campanha “Sacolinhas de Natal”, os 2 mil atendidos, até 17 anos, receberão um kit composto de roupas, sapatos e brinquedos. “O objetivo é proporcionar um Natal de esperança e dar um presente que seja de uso pessoal”, explicou à reportagem o Padre Cristiano Francisco de Assis, Diretor do instituto. O Sacerdote informou

que para ser voluntário nesta ação basta que a pessoa se dirija à recepção do IMSJT e retire uma sacolinha que já traz a identificação da idade da criança e sugere quais itens comprar. “A generosidade dos doadores é algo que surpreende. Além, dos itens indicados, sempre acrescentam doces e chocolates”, comentou o Padre, destacando que a entrega das sacolinhas acontecerá na sexta-feira, 24, em um momento de confraternização das crianças, com os colaboradores e os religiosos. Outra forma de contribuir com as ações do IMSJT é tornar-se um benfeitor do Instituto ou adquirir itens do bazar.


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MUTIRÃO DE AÇÕES NA PARÓQUIA SANTA CRUZ A Paróquia Santa Cruz, na Região Episcopal Santana, conduzida pelos Padres da Congregação Servos da Caridade (SdC), por ocasião do Natal, promove nas pastorais várias ações sociais em prol dos irmãos necessitados.

forma de agradecer a Deus tudo o que Ele me proporciona. Como não tenho filhos, a ação me permite acolhê-los como filhos do coração”. Este ano, ela doou os itens para a confecção de três sacolinhas.

Sacolinhas de Natal

Iniciada no meio da pandemia em 2020, a Pastoral da Solidariedade Guanelliana, outra ação da Paróquia que foi reconhecida com a Medalha São Paulo Apóstolo 2021, irá distribuir aproximadamente 150 marmitas para a ceia de Natal. “A Pastoral nasceu da necessidade de amenizar o drama da fome. O Natal é uma celebração em família, e muitas não têm o básico para viver. Assim, decidimos, como equipe de solidariedade, estender a ação e doar as marmitas com comidas típicas de Natal”, afirmou Douglas Denardi, 67, professor aposentado e paroquiano. Ele destacou que o intuito da ação “é resgatar a essência do Natal, que é amor e esperança”, disse.

Um dos gestos concretos é a “sacolinha de Natal”, promovida pela Pastoral da Criança. Em média, 73 crianças são beneficiadas. “A ação conta com a ajuda de ‘padrinhos’ e ‘madrinhas’ que adotam uma criança com a doação de itens que são entregues na sacolinha. Para isso, pedimos a doação de roupas, calçados, brinquedos, calcinhas ou cuecas, meias e produtos de higiene”, destacou Carla Marta Belli, 67, professora aposentada e coordenadora da Pastoral na Paróquia. Ela enfatizou que o objetivo é arrecadar os itens para todas as crianças que estão cadastradas na Pastoral da Criança e atingir também os irmãos destas crianças com idade até 10 anos. Carla ajuda, todos os anos, a arrecadar doações, montar os kits e entregar os presentes. “Vemos as crianças crescendo e muitas vêm nos agradecer por todo o trabalho realizado. É muito gratificante”, contou. “Tudo é feito pensando na celebração do Natal em família. As sacolinhas, por exemplo, são entregues para as crianças, e suas famílias recebem uma cesta básica com itens natalinos, um panetone e um frango congelado para a ceia”, ressaltou, reforçando, ainda, a doação de itens de enxoval para as gestantes. Claudia Machado de Campos, 52, é uma das “madrinhas” que todos os anos participam da campanha: “Esse é um gesto de generosidade, e poder ajudar é uma

Paróquia Santa Cruz

Saciar a fome

Cestas natalinas

Este ano, mesmo com as dificuldades da pandemia, a Pastoral dos Vicentinos – Conferência São Luís Guanella se mobilizou para conseguir doações para as cestas de Natal. “Promovemos uma confraternização de Natal com as 29 famílias cadastradas e, ainda, doamos cestas natalinas para as famílias celebrarem o Natal em casa, reunidas”, destacou Kely Regina de Sousa Ribeiro, 45, auxiliar de enfermagem, leiga consagrada Vicentina e coordenadora da Pastoral. “É um trabalho edificante, pois nos coloca diante das necessidades básicas de muitas pessoas, cujas vidas dependem de ajuda, como as promovidas em nossa Paróquia”, afirmou. Reila Souza Machado Oliveira, mo-

No Natal, Paróquia Santa Cruz, na Região Episcopal Santana, vai ampliar ações caritativas

radora do bairro Jardim Peri, nas proximidades da Paróquia, é assistida pelas atividades dos Vicentinos há três anos. “Sou grata pelas doações que garantem o sustento da minha família nestes tempos difícieis”, afirmou.

Pequenos gestos de grande valor

Padre Flávio Demoliner, SdC, Pároco da Paróquia Santa Cruz, idealizador da Pastoral da Solidariedade Guanelliana, destacou a importância do mutirão das ações em prol das pessoas em situação de vulnerabilidade. “A atuação dos paroquianos e dos

leigos nas pastorais é um sinal da renovação do espírito do Natal – de olhar e acolher o irmão em suas necessidades”, relembrou, evidenciando que todas as ações são possíveis graças à generosidade das doações que possibilitam a concretização de um “Natal sem fome e com itens básicos para a dignidade humana”. A atual pandemia impôs muitas dificuldades às ações pastorais, mas os voluntários da Paróquia não desistiram de ir ao encontro dos mais necessitados. No decorrer do ano, os paroquianos também realizam outras campanhas, como a de doação de agasalhos, cobertores no inverno e cestas básicas.

ingredientes para a solidariedade NO INSTITUTO PADRE CHICO Instituto Padre Chico

Produção de salgados e massas é feita na cozinha do Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico

Dirigido pelas Irmãs da Companhia das Filhas da Caridade de São Vicente de Paulo, o Colégio Vicentino de Cegos Padre Chico é uma escola filantrópica, inclusiva, que atende crianças e adolescentes com deficiência visual, com baixa visão ou ainda com outros comprometimentos de aprendizagem. A venda de salgados e massas foi uma das maneiras que o Instituto encontrou para angariar recursos para manter as atividades. “Nossa equipe de cozinheiras especializadas produz e aceita encomendas de salgados e massas para festas, feitos com todo o cuidado e carinho vicentino”, enfatizou Ana Maria Diniz Rosalini, coordenadora pedagógica do Instituto. Diariamente, na cantina do Instituto, podem ser adquiridos quibes, coxinhas, empadas, nhoques, rondellis. “Todos feitos com ingredientes provenientes de doações”, pontuou Ana Maria Rosalini. Pensando na celebração do Natal, o Instituto está pedindo a doação de panetones e caixas de bombom para serem entregues aos 130 atendidos, em um momento de confraternização. “Neste perí-

odo, muitas pessoas chegam ao Instituto com contribuições e cresce a mobilização em torno da Campanha de Natal, que, este ano, será composta por panetones e doces natalinos, como uma oportunidade de celebrarmos junto com as crianças, adolescentes e seus familiares a chegada do Menino Deus que vem ao nosso encontro”, enfatizou Ana Maria. Maria Aparecida da Fonseca, 55, é avómãe do Cauã Lima de Oliveira, 12, aluno do Colégio Padre Chico. “O Instituto é um diferencial na vida do meu neto. Excelente escola, um lugar de acolhida e respeito para com cada atendido”, disse. Ela é voluntária do bazar beneficente do Instituto, e conta que o Instituto, em todas as suas ações e, de modo especial, neste período, promove a dimensão dos valores humanos e da espiritualidade. “A entidade promove esse espírito natalino no gesto de acolher e cuidar das crianças e adolescentes cegos que são aqui amados e incluídos com amor e respeito”, afirmou. “Eu gosto de estar no colégio, lá aprendo, me divirto. Estou ansioso para a ação de Natal, é bom ser lembrado e mimado”, contou o Cauã.


16 | Balanço | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia CNPJ nº 56.462.237/0001-49

DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA (Método Direto)

BALANÇO PATRIMONIAL

DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e 2019 (Valores expressos em reais)

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e 2019 (Valores expressos em reais)

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e 2019 (Valores expressos em reais)

ATIVO Nota 2020 2019 CIRCULANTE Caixa e equivalentes de caixa .................................. 4 85.630 93.569 Impostos a recuperar ................................................ 144 144 Outros valores a receber........................................... 2.083 87.857 93.713 NÃO CIRCULANTE Imobilizado ................................................................ 5 Imóveis...................................................................... 401.009 401.009 Móveis e utensílios.................................................... 11.143 12.939 Benfeitorias em imóveis próprios.............................. 32.738 40.997 444.890 454.945 TOTAL DO ATIVO ......................................................... 532.747 548.658

Nota 2020 2019 Receita operacional liquida Artigos Religiosos e Donativos.................................. 9 212.768 333.556 Despesas operacionais Despesas com pessoal............................................. 10 (201.662) (211.081) Despesas paroquiais................................................. 11 (15.082) (33.370) Despesas administrativas e gerais........................... 12 (12.320) (29.633) Despesas com serviços públicos.............................. 13 (5.960) (7.810) Despesas com manutenções.................................... 14 (855) (11.235) Despesas com depreciação e amortizações............. (10.056) (10.056) (245.935) (303.185) Défict/Superávit operacional antes do resultado financeiro (33.167) 30.371 Resultado financeiro Receitas financeiras.................................................. 15 278 1.797 Despesas financeiras................................................ 16 (2.831) (3.811) (2.553) (2.014) Déficit/Superávit do Exercício.................................. (35.720) 28.357

2020 2019 Fluxos de caixa das atividades operacionais Valores recebidos por venda de artigos religiosos e doações 212.767 333.556 Valores pagos a empregados...................................... (200.426) (216.513) Valores pagos a fornecedores e prestadores de serviços (35.779) (85.782) Outros recebimentos/pagamentos Receitas financeiras recebidas.................................... 278 1.797 Despesas bancárias.................................................... (2.831) (3.811) Caixa líquido (aplicado nas) proveniente das atividades operacionais....................................... (25.991) 29.247 Fluxos de caixa das atividades de investimentos..... - Fluxo de caixa das atividades de financiamento Captação/amortização de empréstimos outras instituições 18.052 51 Caixa líquido proveniente das atividades de financiamento 18.052 51 ......................................................................................... (Redução) Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa (7.939) 29.298 (Redução) Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa No início do exercício................................................... 93.569 64.271 No fim do exercício...................................................... 85.630 93.569 (Redução) Aumento líquido de caixa e equivalentes de caixa (7.939) 29.298

PASSIVO Nota 2020 2019 CIRCULANTE Obrigações sociais e trabalhistas ............................. 6 25.405 24.169 Obrigações tributárias .............................................. 715 274 Fornecedores a pagar .............................................. 649 569 Adiantamentos de outras empresas ......................... 7 25.364 17.099 Outras contas a pagar............................................... 9.787 61.920 42.111 NÃO CIRCULANTE PATRIMÔNIO LÍQUIDO Patrimônio social ...................................................... 8 120.000 120.000 Superávits acumulados ............................................ 386.547 358.190 Resultado do exercício ............................................. (35.720) 28.357 470.827 506.547 TOTAL DO PASSIVO ................................................... 532.747 548.658 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

DEMONSTRAÇÃO DOS RESULTADOS ABRANGENTES

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e 2019 (Valores expressos em reais)

Déficit/Superávit do exercício Outros resultados abrangentes................................. Resultados abrangentes do exercício........................

2020 (35.720) (35.720)

2019 28.357 28.357

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO

9. Receita operacional líquida 2020 2019 Artigos religiosos............................................................ 39.801 96.235 Receita com doações..................................................... 69.391 67.978 Receita com dízimos...................................................... 43.912 96.882 Receita com arrecadações (eventos)............................. 59.664 72.461 212.768 333.556

Exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e 2019 (Valores expressos em reais)

Patrimônio Superávits Resultado 10. Despesas com pessoal Líquido acumulado do exercício Total 2020 2019 Saldo em 31 de dezembro de 2018......................................................................................... 120.000 444.694 (86.504) 478.190 Salários e ordenados..................................................... (85.662) (78.312) Transferência resultados acumulados..................................................................................... - (86.504) 86.504 Côngruas........................................................................ (20.889) (30.000) Superávit do exercício............................................................................................................. - - 28.357 28.357 Encargos sociais............................................................ (36.578) (31.672) Saldo em 31 de dezembro de 2019......................................................................................... 120.000 358.190 28.357 506.547 Benefícios sociais........................................................... (40.854) (42.993) Transferência resultados acumulados..................................................................................... - 28.357 (28.357) Férias............................................................................. (10.584) (10.055) Déficit do exercício.................................................................................................................. - - (35.720) (35.720) 13º. salário...................................................................... (7.095) (7.076) Saldo em 31 de dezembro de 2020......................................................................................... 120.000 386.547 (35.720) 470.827 Rescisão contratual........................................................ - (10.973) As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras. (201.663) (211.081) Esses gastos referem-se a despesas com pessoal, sendo incluso eventuais benefícios sociais ofertados aos funcionários. Notas explicativas às demonstrações financeiras Exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e 2019 (Valores expressos em reais)

1. Contexto operacional A Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia é uma Entidade sem fins lucrativos, e tem por finalidade propugnar pela formação cívica, moral, cultural e religiosa do povo brasileiro. A Fundação é isenta da tributação do imposto de renda e da contribuição social, de acordo com a Lei nº 9.532/97, que estabelece no seu art. 15, que a Fundação deverá reunir as seguintes condições, cumulativamente, para fazer jus a essa isenção: a. Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados. b. Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais. c. Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão. d. Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, assim como, a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial. e. Apresentar, anualmente, a declaração de rendimentos. Todas as condições apresentadas são rigorosamente atendidas pela Fundação. • Impactos do COVID-19 (Coronavírus) Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de emergência global em razão da disseminação da COVID-19. Em 11 de março de 2020, ela declarou a COVID-19 como um surto pandêmico. Desde março de 2020 até 31 de dezembro de 2020, as autoridades governamentais de várias jurisdições impuseram confinamento ou outras restrições para conter o vírus, ocasionando a suspensão ou redução de atividades de empresas em diversos setores da economia. O impacto final na economia global e nos mercados financeiros é esperado com retração dos Produtos Internos Brutos - PIB das maiorias dos países, incluindo o Brasil. A Administração promoveu a implantação do distanciamento dentro da Fundação, a distribuição de álcool gel em todos os ambientes e a implementação de alterações nas rotinas de trabalho, visando a segurança de seus colaboradores e a manutenção de suas operações. Diante dos desafios promovidos pela pandemia, a Fundação teve uma redução nas receitas de 2020 na ordem de R$120.788, vide Nota Explicativa nº 9. Adicionalmente, ações de austeridade e controle das despesas foram tomadas para que houvesse o equilíbrio financeiro, resultando em reduções significativas nas despesas operacionais, conforme demonstrado nas notas explicativas: 10 a 14. O conjunto dessas ações possibilitou que a Fundação, diminuisse o impacto da redução da receita, mesmo com essas ações o resultado de 2020 foi deficitário em R$35.720. As perspectivas para 2021 ainda são incertas, não havendo estimativa concreta para o término da pandemia em curso tampouco a retomada normal das atividades. A Administração considera que tem gerido de forma adequada os recursos existentes, minimizando os impactos financeiros, e que dispõem de liquidez e apoio da comunidade católica para enfrentar eventuais agravamentos que podem ocorrer nos próximos meses.

2. Base de preparação (a) .Declaração de conformidade (com relação às normas IFRS e às normas do CPC) As demonstrações financeiras foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil. A presente demonstração financeira inclui dados não contábeis e dados contábeis como, operacionais, financeiros. (b) Base de mensuração As demonstrações financeiras foram preparadas com base no custo histórico com exceção pelos instrumentos financeiros mensurados pelo valor justo por meio do resultado. (c) Moeda funcional e moeda de apresentação Essas demonstrações financeiras são apresentadas em Real, que é a moeda funcional da Fundação e atualmente usada no país.

3. Resumo das principais práticas contábeis a. Apuração do superávit do exercício O reconhecimento das receitas e despesas é efetuado em conformidade com o regime contábil de competência de exercício. A receita com vendas de artigos religiosos são reconhecidas no resultado em função de sua realização. Uma receita não é reconhecida se há uma incerteza significativa na sua realização.

b. Estimativas contábeis A elaboração de demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil requer que a Administração use de julgamento na determinação e registro de estimativas contábeis. A Fundação revisa as estimativas e premissas pelo menos anualmente. c. Ativo circulante e não circulante • Caixa e equivalentes de caixa Caixa e equivalentes de caixa abrangem saldos de caixa, banco conta movimento e aplicações financeiras com vencimento original de três meses ou menos a partir da data da contratação, os quais são sujeitos a um risco insignificante de alteração no valor, e são utilizadas na quitação das obrigações de curto prazo. • Demais ativos circulantes e não circulantes São apresentados ao valor líquido de realização. d. Ativo imobilizado Registrado ao custo de aquisição, formação ou construção, inclusive juros e demais encargos financeiros capitalizados. e. Passivo circulante e não circulante São demonstrados pelos valores conhecidos ou calculáveis, acrescidos, quando aplicável, dos correspondentes encargos e variações monetárias incorridas até a data do balanço. f. Demonstrações financeiras comparativas As demonstrações financeiras dos exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e 2019 não tiveram saldos reclassificados.

2020 2019 Velas............................................................................... (7.153) (19.194) Artigos religiosos e imagens.......................................... (1.182) (6.025) Espórtula de missa......................................................... (6.160) (3.880) Vinhos e frascos............................................................. (468) (1.740) Cartelas, pulseiras, broches e outros............................. (119) (2.531) (15.082) (33.370)

12. Despesas administrativas e gerais 2020 2019 Alimentação.................................................................... (3.795) (10.023) Donativos ...................................................................... - (4.914) Copa e cozinha.............................................................. (627) (2.024) Material de escritório...................................................... (333) (899) Material de Limpeza....................................................... (605) (978) Transporte...................................................................... - (226) Contribuições a entidades de classe.............................. (584) (228) Gastos com eventos....................................................... (3.079) (3.272) Materiais para manutenção de imóveis.......................... (1.011) (5.218) Outras despesas administrativas................................... (2.286) (1.851) (12.320) (29.633)

13. Despesas com serviços públicos

4. Caixa e equivalentes de caixa 2020 2019 Caixa e bancos conta movimento.................................. 203 307 Aplicações financeiras livre de risco (a)......................... 85.427 93.262 85.630 93.569 (a). Essas aplicações possuem características de equivalentes de caixa em função de estarem em aplicações de curtíssimo prazo e livres de risco.

5. Imobilizado 2020 2019 Imóveis........................................................................... 401.009 401.009 Móveis e utensílios......................................................... 19.007 19.007 Benfeitorias em imóveis próprios................................... 94.232 94.232 514.248 514.248 Depreciações e amortizações........................................ (69.358) (59.303) Imobilizado líquido....................................................... 444.890 454.945

2020 2019 Telecomunicações.......................................................... (1.431) (1.713) Energia elétrica.............................................................. (3.059) (3.807) Água e esgoto................................................................ (1.470) (2.290) (5.960) (7.810) Despesas oriundas de utilização de serviços públicos e infraestrutura consumida, diariamente, nas atividades paroquiais.

14. Despesas com manutenções 2020 2019 Manutenção e reparos – infraestrutura e mobiliário....... (855) (10.845) Manutenção de máquinas e equipamentos................... - (390) (855) (11.235) Esses gastos referem-se a despesas com manutenção e reparos de bens.

15. Receitas financeiras

6. Obrigações com pessoal e social 2020 2019 Salários a pagar............................................................. 7.453 11.316 Férias e encargos a pagar............................................. 14.513 10.463 INSS sobre folha de pagamento a recolher................... 1.653 1.441 FGTS a recolher ............................................................ 1.591 809 PIS sobre folha de pagamento a recolher...................... 195 140 25.405 24.169 Estas obrigações referem-se àquelas relacionadas com a remuneração de empregados e os respectivos encargos sociais incidentes sobre essas remunerações.

7. Adiantamento de outras empresas Mitra Arquidiocesana de São Paulo (a)..........................

11. Despesas paroquiais

2020 2019 25.364 17.099 25.364 17.099

(a) Refere-se a adiantamento financeiro realizado pela Mitra à Capella utilizado para honrar obrigações trabalhistas, bem como outras despesas operacionais.

8. Patrimônio líquido O Patrimonio Social da Fundação, no motante de R$ 120.000, conforme escritura de alteração e consolidação dos estatutos da Fundação registrado, microfilmado e digitalizado no Primeiro Oficial de Registro de Títulos e Documentos Civil de Pessoa Juridica, sob o nº 298.644, em 22 de março de 2004. As doações, geralmente, ocorrem em dinheiro e são registradas em contas de resultado. O Patrimônio líquido da Fundação em 31/12/2020 é de R$ 470.827

2020 2019 Descontos obtidos.......................................................... - 215 Juros sobre aplicação financeira.................................... 278 1.582 278 1.797

16. Despesas financeiras 2020 2019 Tarifas bancárias............................................................ (2.445) (2.667) Despesas gerais de cobrança........................................ (340) (807) Juros e multas por atraso............................................... (45) (179) Impostos s/ rendimentos aplicação financeira............... (1) (158) (2.831) (3.811)

17. Aprovação das Demonstrações Financeiras A aprovação e emissão das demonstrações financeiras da Fundação Capella Menino Jesus e Santa Luzia para o exercício findo em 31 de dezembro de 2020 foram autorizadas pela sua Diretoria em 30 de junho de 2021. Diretoria Dom Odilo Pedro Scherer Presidente Pe. Zacarias José de Carvalho Paiva Edivaldo Batista da Silva Diretor Financeiro Contador - CRC 1SP 212622/O-2


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| 1º a 7 de dezembro de 2021 | Reportagem | 17

De pais para filhos: na preparação do Natal, a transmissão da fé que atravessa gerações Luciney Martins/O SÃO PAULO

Montar o presépio e a árvore de Natal são tradições mantidas em muitas famílias brasileiras e que proporcionam momentos de encontro e catequese entre pais e filhos, avós e netos Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Jair Militão da Silva, 72, professor universitário, e Maria Tereza, 67, psicóloga clínica, são pais de Daniel, Maria e Marta e avós de cinco netos. O casal herdou dos pais o costume de celebrar o Natal em família e faz questão de manter viva essa tradição. Reunir a família todos os anos para a montagem do presépio e da árvore de Natal é “um costume que atravessa gerações e, hoje, vejo esse gesto se repetir no lar dos meus filhos, que replicam o aprendizado com seus filhos”, afirmou Silva. Convicto na ideia de manter vivo o legado da fé herdada no ambiente familiar, o casal decidiu, então, usar a criatividade para vivenciar com a família o período de preparação. “Por exemplo, ao montar o presépio, a cada peça colocada, há um pequeno diálogo sobre a fé e o significado de cada personagem”, disse. Silva recordou que tanto com os filhos quanto com os netos, o ato de criar, desenhar e explicar sobre os símbolos do Natal reporta a uma dimensão “pedagógica e catequética, sobretudo, para inserir as crianças no mistério do Natal cristão”. “O ato de preparar juntos a casa, o cenário para os símbolos do Natal gera um ambiente de espera, de expectativa. Este ano, os netos, juntamente com os primos, criaram os personagens, o curral e a manjedoura. São momentos que significam muito”, ressaltou. O professor recordou que as crianças aprendem e ressignificam a partir do exemplo e do testemunho dos pais. “No dia do seu casamento, o Daniel nos agradeceu por termos transmitido a fé para ele”, contou.

A FÉ EM FAMÍLIA

Uma das filhas do casal, Maria Pereira Militão Moreira, 42, também é professora. Em entrevista ao O SÃO PAULO, ela falou da importância da dinâmica dos pais na transmissão da fé no ambiente familiar. “Recebi a fé dos meus pais e tenho a possibilidade de transmiti-la para meus filhos”, disse, contando que mantém a tradição de, anualmente, reviver a preparação natalina em família. “Tenho registrado na memória os momentos, ainda criança, com minha avó e ao lado dos meus pais, montando o cenário do presépio. Com carinho e amor, cada personagem era introduzido, seguido de explicações sobre a passagem bíblica e a simbologia do que estávamos fazendo”, contou. Maria Pereira recordou ainda, que, no ano passado, ela e os filhos fizeram a peregrinação dos reis magos pelos ambientes da casa. A cada semana, eles estavam em um cômodo se aproximando da manjedoura. “O presépio para as crianças remete a uma questão muito lúdica. Eles entendem esse colorido que o Natal traz como algo novo, cheio de significado, de partilha e união da família”, afirmou a professora. A experiência, segundo ela, tem sido, a cada ano, de momentos de aprendizagem sobre o real sentido do espírito natalino e uma oportunidade de dialogar com os filhos sobre valores implícitos na história do Natal.

infância e, depois, em cada idade da vida, educa-nos para contemplar Jesus, sentir o amor de Deus por nós, sentir e acreditar que Deus está conosco e nós estamos com Ele, todos filhos e irmãos graças àquele Menino, Filho de Deus e da Virgem Maria” (AS,10). “Armar o presépio em nossas casas ajuda-nos a reviver a história sucedida em Belém”, destacou Francisco, evidenciando que, “de modo particular, o presépio é um convite a ‘sentir’, a ‘tocar’ a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de Deus na sua encarnação, tornando-se, assim, implicitamente, um apelo para O seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da manjedoura de Belém e leva até a Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos mais necessitados (cf. Mt 25,31-46).

ORIGEM DO PRESÉPIO

“Buscamos elucidar o verdadeiro sentido e a espiritualidade do Natal, para que este seja sinônimo de encontro, de esperança, de fé e família unida e reunida”, ponderou, recordando ainda que o jogral é um momento esperado pelos filhos e, que, além das celebrações na comunidade, aos domingos a família reza a oração das laudes. “A única herança que podemos deixar para os filhos é a fé, uma vez que os bens materiais são passageiros, enquanto a fé é um legado que permanece e atravessa gerações. A oração e a espiritualidade são bases que nos fortalecem em todos os momentos, como esse que atravessamos de pandemia”, concluiu.

TODOS JUNTOS, UNIDOS

Lucas Militão Moreira, 14, é filho da Maria e neto do Jair. Recentemente, recebeu o sacramento da Crisma. O adolescente recordou que, desde pequeno, sempre acompanhou os pais à Igreja. “Participar em família fortaleceu a minha fé e me aproximou de Deus. Além disso, montar o presépio e a árvore de Natal em casa são momentos de constante aprendizagem”, destacou, ressaltando a criatividade dos pais e avós para elucidar o sentido do Natal. “Todo ano, a cena se repete, de um jeito totalmente diferente”, disse.

O PRESÉPIO EM CASA

Na carta apostólica Admirabile signum, Admirável sinal (AS), sobre o significado e valor do presépio, de 2019, o Papa Francisco destacou que montar o presépio em casa “estimula os afetos, convida a sentir-nos envolvidos na história da salvação, contemporâneos daquele evento que se torna vivo e atual nos mais variados contextos históricos e culturais”, escreveu o Pontífice, apontando ainda, que “o presépio faz parte do suave e exigente processo de transmissão da fé. A partir da

O presépio é um dos símbolos que alcançam de forma especial os lares católicos no tempo litúrgico do Advento e do Natal. O termo vem do latim Praesepe, que significa “estrebaria” ou “curral”. E, geralmente, contém as imagens da Sagrada Família, cercada de animais, pastores, anjos e os reis magos. Contudo, o presépio pode ser representado apenas com as imagens da Virgem Maria, São José e o Menino Jesus. O primeiro presépio de que se tem registro foi feito por São Francisco de Assis, em 1223, em uma gruta na cidade de Greccio, com o objetivo de facilitar a compreensão popular sobre o sentido do Natal. O Santo de Assis queria que as pessoas compreendessem melhor o nascimento de Jesus. Assim, celebrou o Natal do Senhor rodeado de animais, para demonstrar a simplicidade do nascimento de Jesus. As tradições bizantinas do Oriente cristão já retratavam a cena da Natividade do Senhor na gruta de Belém. O presépio é montado no início do Advento e, geralmente, é desmontado no dia 6 de janeiro, data em que a Igreja celebra a solenidade da Epifania do Senhor.


18 | Pelo Brasil/Fé e Vida | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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Arquivo pessoal

Novo estatuto assegura atendimento integral às pessoas com câncer Daniel Gomes

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Odette Vidal, morta aos 8 anos, tem virtudes heroicas reconhecidas O Papa Francisco assinou, na quinta-feira, 25 de novembro, o decreto pelo qual reconhece as virtudes heroicas da Serva de Deus Odette Vidal Cardoso (1931-1939). Filha de pais portugueses, ela nasceu no Rio de Janeiro e morreu na mesma cidade, aos 8 anos de idade. Odettinha, como se tornou mais conhecida, participava todos os dias da Santa Missa com a sua mãe e rezava o Terço em família todas as noites. Começou na catequese aos 5 anos de idade, e ensinava aquilo que aprendia às filhas das empregadas domésticas de casa. Recebeu a primeira Eucaristia em 1937. Em outubro de 1939, foi diagnosticada com tifo, doença que a levaria à morte no mês seguinte. Conta-se que vivenciou as dores com serenidade e paciência e pedia para diariamente receber a Comunhão. Antes de falecer, recebeu os sacramentos da Crisma e da Unção dos Enfermos. O processo de canonização e beatificação de Odette Vidal Cardoso foi aberto em 2013. Com o reconhecimento das virtudes heroicas, ela passa a ser considerada venerável. O processo segue em curso na Congregação para as Causas dos Santos (DG). Fontes: Vatican News e Arquidiocese do Rio de Janeiro

Destinado a assegurar e a promover, em condições de igualdade, “o acesso ao tratamento adequado e o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais da pessoa com câncer, com vistas a garantir o respeito à dignidade, à cidadania e à sua inclusão social”, entrou em vigor, em 22 de novembro, o Estatuto da Pessoa com Câncer, Lei Federal 14.238/21. A legislação é oriunda do projeto de lei 1.605/19, de autoria do ex-deputado Eduardo Braide, aprovado pela Câmara dos Deputados, em outubro. A sanção por parte do presidente Jair Bolsonaro ocorreu em 19 de novembro. Para os efeitos da lei, é considerada pessoa com câncer “aquela que tenha o regular diagnóstico, nos termos de relatório elaborado por médico devidamente inscrito no conselho profissional, acompanhado pelos laudos e exames diagnósticos complementares necessários para a correta caracterização da doença”. Por ano, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima que sejam diagnosticados 625 mil novos casos da doença no Brasil.

Direitos fundamentais

A nova lei assegura como direitos fundamentais da pessoa com câncer a obtenção de diagnóstico precoce; o acesso a tratamento universal, equânime, adequado e menos nocivo; o acesso a informações transparentes e objetivas relativas à doença e ao seu tratamento; o provimento de assistência social e jurídica e prioridade de atendimento nos serviços públicos, bem como prioridade na tramitação dos processos judiciais e administrativos. À pessoa com câncer também passa a ser assegurada a presença de acompanhante durante o atendimento e o período de tratamento; prioridade para tratamento domiciliar, bem como o acolhimento, preferencialmente, por sua própria família em vez de abrigo ou de instituição de longa permanência,

exceto se tal acolhimento não assegurar a sua sobrevivência. Quanto ao atendimento educacional, a pessoa com câncer poderá recebê-lo em classe hospitalar ou regime domiciliar.

Amparo da sociedade, da família e do Estado

O artigo 5º da lei 14.238/21 estabelece que “é dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar à pessoa com câncer, prioritariamente, a plena efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação, à assistência social e jurídica, à convivência familiar e comunitária, entre outros decorrentes da Constituição federal e das leis”. Além disso, conforme o artigo 6º, nenhuma pessoa com câncer deve ser objeto de negligência, discriminação ou violência. Já ao Estado, compete desenvolver políticas públicas de saúde específicas, entre as quais ações e campanhas preventivas da doença; acesso universal, igualitário e gratuito aos serviços de saúde; avaliação periódica do tratamento ofertado ao paciente com câncer na rede pública de saúde e adotar as medidas necessárias para diminuir as desigualdades existentes; estimular o desenvolvimento científico e tecnológico para promoção de avanços na prevenção, no diagnóstico e no combate à doença; capacitar e orientar familiares, cuidadores, entidades assistenciais e grupos de autoajuda de pessoas com câncer; e organizar programa de rastreamento e diagnóstico que favoreça o início precoce do tratamento.

Atendimento integral

Conforme disposto no artigo 12 do estatuto, é obrigatório o atendimento integral à saúde da pessoa com câncer por intermédio do Sistema Único de Saúde (SUS). Para os efeitos da lei, entende-se por atendimento integral “aquele realizado nos diversos níveis de complexidade e hierarquia, bem como nas diversas es-

pecialidades médicas, de acordo com as necessidades de saúde da pessoa com câncer, incluídos assistência médica e de fármacos, assistência psicológica, atendimentos especializados e, sempre que possível, atendimento e internação domiciliares” (Art. 12, §1º). Ainda segundo a lei, “o atendimento integral deverá garantir, ainda, tratamento adequado da dor, atendimento multidisciplinar e cuidados paliativos” (Art. 12, §2º).

Veto relativo a medicamentos

Bolsonaro vetou um ponto da lei que estabelecia como dever do Estado garantir o acesso de todos os pacientes aos medicamentos mais efetivos contra o câncer. A justificativa do Governo Federal para tal foi a de que “a proposição contraria o interesse público, tendo em vista que comprometeria o processo estabelecido de análise de tecnologia em saúde no Brasil e afrontaria a equidade em relação ao acesso a tratamentos medicamentosos de outros pacientes portadores de enfermidades igualmente graves”.

Avaliação positiva

A entrada em vigor do estatuto foi comemorada pela Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale), que lidera o movimento nacional Todos Juntos Contra o Câncer (TJCC). “A lei indica o papel de alguns atores sociais para que o câncer seja visto como uma responsabilidade de todos, em uma realidade na qual as famílias, comunidades, poder público e a sociedade em geral estejam unidos pela plena garantia dos direitos previstos, universalidade ao acesso, tratamento digno, com qualidade e em tempo oportuno”, escreveu a associação no seu site. No entanto, a instituição disse que, embora as garantias previstas na lei já estejam valendo, ainda “é necessário que sejam disseminadas aos pacientes e familiares, para que conheçam e busquem os seus direitos”. Fontes: Agência Câmara, Planalto e Abrale

Você Pergunta Investir em um filho para ser atleta é pecado? Padre Cido Pereira

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Recebi esta pergunta da Graça Paiva: “Padre, gostaria de saber se é pecado investir em um filho para ser um atleta? Um jogador? Eu tenho um filho que é goleiro”. Graça Paiva, ser jogador de futebol em nosso Brasil é o sonho de muitos meninos. O sucesso, a fama, o dinheiro ga-

nho aos montões, a vida de prazeres que o mundo dá, tudo isso fascina os jovens e seus pais. O que pouco se discute, o que pouco vem à tona é que por trás de poucos, pouquíssimos que fazem sucesso, há milhares de jogadores que vivem no anonimato, muitos deles recebendo tão pouco que não dá para viver com dignidade. Além disso, sem nenhum preconceito, é claro, falta à maioria uma visão de mundo e uma base cultural que os

ajudem no futuro para outros desafios fora das quatro linhas do campo. Num país pobre, muitos meninos acrescentam o sonho de ajudar sua família, o que é bonito, mas nem sempre é fácil o sucesso. Entristece-me ver o abandono da escola, o investimento no seu futuro e a ausência de ideais maiores nestes jovens. Eu acho, então, minha irmã, que

você deve dialogar muito com seu filho. Fale da importância do estudo. Fale do quanto é curta a carreira de futebolista. Incentive-o, é claro, a ir em frente se ele se sente com talento. Mas que não deixe de estudar, de frequentar uma escola, de enxergar outros horizontes na vida. E, quanto a você e seu marido, confiem seu filho a Deus e procurem ajudá-lo a discernir e a fazer as escolhas certas na vida.


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| 1º a 7 de dezembro de 2021 | Reportagem | 19

É tempo de planejar as finanças para fugir das dívidas Karolina Grabowska

Pesquisa recente aponta o aumento do endividamento dos brasileiros; frente a esse cenário, O SÃO PAULO apresenta dicas para uma boa gestão das finanças domésticas e para o consumo consciente Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Se você está endividado ou com dificuldades de pagar suas dívidas, saiba que não está sozinho. Dados divulgados pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) apontam que o endividamento das famílias brasileiras atingiu o maior nível em 11 anos. A pesquisa indicou que dos 16,8 milhões de lares, quase 12 milhões tinham dívidas no fim de junho, acréscimo de 733,9 mil famílias em relação ao ano passado e crescimento de 1,36 milhão se comparado a 2019. O total de lares com dívidas aumentou 11,5%, em dois anos, conforme o estudo.

IMPACTO ECONÔMICO

Os reflexos da pandemia agravaram ainda mais a realidade do endividamento. O aumento do desemprego, a alta inflação, o preço elevado dos itens básicos fizeram com que muitos não conseguissem cumprir com as despesas básicas do mês. Maria Consuelo, 54, é diarista e por causa da pandemia ficou um período sem trabalhar e a dívida aumentou. “A única renda era a aposentadoria do meu esposo, um salário mínimo; enfim, as contas se acumularam e o financiamento no banco ficou sem pagamento”, disse. Nilson José, 26, é autônomo e, também, sentiu os impactos da crise. “Está difícil pagar as contas do mês, os preços aumentaram demais. Então, para dar conta do básico, é preciso cortar, economizar e confiar”, disse. O endividamento pessoal acontece quando os gastos individuais ou familiares extra-

a hora dos presentes de N fim de ano, pecamos por escolher coisas caras e esquecemos, muitas vezes, que o intuito do Natal é união, amor e família. Opte por lembrancinhas ou itens que caibam no seu orçamento; faça a lista dos presentes. É tempo de economizar, proteger seu orçamento financeiro e poupar; Pesquise e compare os preços em sites especializados ou em lojas físicas; Evite comprar por impulso; Negocie sempre! Se houver desconto à vista e tiver o valor, sem pesar no orçamento, vale a pena; caso não, verifique o número de parcelas e as condições de pagamento. Em síntese: a dica é priorizar, pesquisar e negociar.

PAGAR DÍVIDAS OU INVESTIR O 13º SALÁRIO

polam a receita individual ou a renda familiar. “O impacto da pandemia ainda é sentido por todos e, provavelmente, se estenda até 2023, quando os níveis de inflação e o equilíbrio entre oferta e demanda voltarão a níveis pré-pandêmicos”, afirmou Jenni Almeida, estrategista financeira e CEO da Invest4U.

PLANEJAMENTO

Grande parte dos brasileiros não tem o hábito de planejar a vida financeira. Ao planejar as finanças, é possível sair das dívidas, gerenciar com propriedade os gastos, perceber onde e como economizar e fazer investimentos. “Um erro das famílias é não ter o hábito de fazer o orçamento doméstico, com um gesto simples de anotar o quanto se ganha e com o que se gasta o dinheiro. Ainda, não se tem o hábito de economizar e ter uma reserva de emergência”, expressou Jenni, convocando todos a “criar o hábito de fazer um planejamento, colocar as metas e os objetivos no papel, a começar pelas simples até as mais ousadas e, a cada etapa, avaliar os resultados”, orientou.

DICAS PARA A BOA GESTÃO DAS FINANÇAS

A estrategista financeira listou para O SÃO PAULO algumas dicas para a boa gestão das finanças. Tenha um alinhamento com todos os membros da família sobre as realidades das finanças;

eserve pelo menos um dia no mês R para sentar e discutir o orçamento com a família; todos devem estar cientes do que está impactando as coisas dentro de casa, principalmente os filhos; Construa uma reserva de emergência, mesmo que aos poucos, mas que suporte pelo menos seis meses das despesas mensais; Organize as rendas e as despesas para conhecer seus números; Após essa organização, liste os essenciais, não essenciais e desnecessários; Tente eliminar os gastos desneces sários e diminuir ao máximo os não essenciais; Dê preferência a compras à vista, evite novos financiamentos ou prestações, pois postergar as dívidas pode gerar uma sensação de alívio momentâneo e virar uma “bola de neve” lá na frente; Cuide muito bem do seu cartão de crédito, não extrapole com gastos não programados; afinal, ele é o dinheiro mais caro que você tem disponível para uso, mas, também, é o de mais fácil acesso.

DICAS PARA O CONSUMO CONSCIENTE

Para ajudar a lidar com as finanças, Jenni também elaborou uma lista de dicas que vão estimular a adoção de hábitos de consumo responsável e consciente: Listar os itens e priorizar as compras por urgência, necessidade e utilidade;

A especialista aponta que o 13º salário pode ser usado de diferentes maneiras e o perfil vai identificar e ajudar a redirecionar o valor. “Para quem está sem dívidas, é uma maneira de adiantar as contas do novo ano ou até mesmo começar o ano investindo. Já para quem está com o orçamento mais justo, serve para zerar as pendências. Para quem está no vermelho, deve pensar e verificar os créditos, juros, antecipação, multas e parcelas”, ressaltou, ponderando que “o intuito do 13º é auxiliar você a começar o próximo ano de forma tranquila e com segurança financeira”.

EVITE NOVAS DÍVIDAS

Jenni destacou ainda, algumas dicas para não mergulhar em dívidas: Pagar as contas sempre em dia; Controlar os gastos no cartão de crédito; Separar os gastos em prioridades, focar o que é básico e necessário e eliminar os supérfluos; Fazer uso dos recursos disponíveis para organizar o orçamento; existe a ferramenta chamada “Priorização Financeira”, que é específica para o direcionamento dos gastos que a família possui. Conhecendo a própria realidade financeira, é possível traçar planos de forma consciente e sólida e iniciar um novo ano com planejamento e livre de dívidas.


20 | Papa Francisco | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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Ouvir os ‘sinais dos tempos’ e fazer pastoral para o mundo de hoje Filipe Domingues

Especial para O São Paulo, em Roma

Famoso comunicador católico e fundador da Família Paulina, o Beato Tiago Alberione foi capaz de compreender os “sinais dos tempos” e adaptar sua prática pastoral às necessidades do momento em que viveu. Assim resumiu o Papa Francisco na audiência com paulinos e paulinas, na quinta-feira, 25 de novembro, no Vaticano. Este ano, eles celebram o 50° ano da morte de seu fundador. Essa festividade serve para recordar a atualidade do carisma de Alberione, que, inspirado pelo apóstolo São Paulo - daí a “Família Paulina” -, conseguiu “valorizar os instrumentos e as linguagens mais eficazes ofe-

recidos pelo progresso tecnológico”. O Beato Alberione viveu entre 1884 e 1971. Sacerdote italiano, ele fundou diversas congregações religiosas masculinas e femininas, e ficou internacionalmente conhecido pelas editoras que publicam livros no mundo todo (no Brasil, Paulus e Paulinas).

Paixão pelo Evangelho

A “concretude” das obras de Alberione, disse o Papa Francisco, deve inspirar a Família Paulina ainda hoje, que “na oração recebe a capacidade de escutar os sinais dos tempos para adequar os projetos apostólicos às situações e às necessidades da gente de hoje”. “Um Evangelho feito só de palavras não funciona: o Evangelho

toca o coração, a paixão”, afirmou Francisco, novamente à luz dos ensinamentos de São Paulo apóstolo. “É exatamente a paixão pelo Evangelho que brilha em suas numerosas iniciativas apostólicas, animadas pela mesma motivação e finalidade que encontramos no apóstolo”, acrescentou. Assim como no passado, o Beato Alberione aplicou os meios de comunicação à sua disposição para difundir o Evangelho, agora os cristãos são chamados a se adaptar. Para os paulinos e paulinas, “é decisivo”, disse o Papa, que “assumam os instrumentos modernos da comunicação como elementos de pastoral ordinária”, mas “animados pelo seu carisma próprio e enriquecidos pela experiência do trabalho de campo.”

Papa encontra presidente da França e fala sobre questão ambiental O Papa Francisco recebeu em audiência privada o presidente francês, Emmanuel Macron, na sexta-feira, 26 de novembro. De acordo com o comunicado oficial, os dois conversaram particularmente sobre a questão ambiental e os resultados da Conferência do Clima das Nações Unidas de Glasgow (COP 26), realizada entre 31 de outubro e 12 de novembro. Também dialogaram sobre a presença da França no Líbano, no Oriente Médio e na África; e sobre a futura presidência da França da União Europeia, informou o Vaticano. Como de praxe, Macron também se reuniu com o Cardeal Pietro Parolin, que é Secretário de Estado do Vaticano e, portanto, líder da diplomacia pontifícia. (FD)

Missionário em Chipre e na Grécia, como Paulo e Barnabé Faltando poucos dias para sua viagem apostólica a Chipre e à Grécia, que será entre 2 e 6 de dezembro, o Papa Francisco gravou uma mensagem em vídeo na qual se apresenta como “peregrino” e “missionário”, como os apóstolos Paulo e Barnabé – companheiros de missão e os primeiros evangelizadores da região. “É bonito voltar à origem e é importante para a Igreja, para reencontrar a alegria do Evangelho. Com esse espírito, me disponho a essa peregrinação às fontes, cuja preparação peço a todos que me ajudem com a oração”, disse o Papa.

Duas “fontes” devem se destacar durante sua visita apostólica. A primeira delas, completou ele, é a “fonte de fraternidade” apostólica na tradição da Igreja, algo que se torna especialmente importante no contexto atual, em que a Igreja coloca em prática a sinodalidade. Outra “fonte” de onde beber na viagem papal, acrescentou Francisco, é a “fonte da antiga Europa”. Ele se refere, especialmente, ao Mar Mediterrâneo, que ajudou o continente europeu a alcançar o progresso, e que também permitiu “o Evangelho a se difundir”. Mar que ainda hoje, comentou,

convida à “convivência recíproca” – sinalizando a questão migratória, já que o Mediterrâneo é um dos principais canais de entrada de migrantes da África e do Oriente Médio na Europa. Tendo em mente essa grave questão humanitária, o Papa retornará à Ilha de Lesbos, da Grécia, onde esteve há cinco anos, em visita a um campo de refugiados. Em sua ida a Lesbos, desta vez, levará “a convicção de que as fontes do viver comum voltarão a florescer somente na fraternidade e na integração: juntos. Não há outra estrada”, disse ele, “e com essa ‘ilusão’ venho até vocês”. (FD)


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| 1º a 7 de dezembro de 2021 | Pelo Mundo | 21

COVID-19: a corrida científica para encontrar seres humanos resistentes ao coronavírus Thirdman/Pexels

José Ferreira Filho

osaopaulo@uol.com.br

Algumas pessoas estiveram em contato direto com outras que contraíram a COVID-19 e nunca foram infectadas. E, mesmo tendo feito os testes de PCR ou imunológico, os resultados deram negativo. São essas raras pessoas no mundo, com resistência genética ao vírus que causa a COVID-19, que podem ter uma informação muito valiosa sobre como prevenir esta doença que já causou mais de 5 milhões de mortes em todo o planeta. É por esse motivo que um grupo de cientistas de dez países, integrantes do Consórcio Internacional de Estudo Genético Humano da COVID-19, está conduzindo uma pesquisa para encontrar esses indivíduos resistentes ao SARSCov-2. Os pesquisadores fizeram um anúncio na revista Nature e, desde então, recrutaram mais de 500 voluntários para se submeterem a testes para checar se eles carregam essa resistência genética. “Procuramos membros de uma família, um casal, por exemplo, em que um ficou gravemente doente enquanto o outro cuidava dele, sem contrair a infecção em nenhum momento”, explicou a médica Sara Espinosa, do Instituto Nacional de Pediatria do México. “Ou pode ser um profissional de saúde, como um médico que ficou exposto, cuidando de pacientes doentes e positivos e nunca foi infectado”, acrescenta a médica, que coordena no país as ações e pesquisas do consórcio.

RESISTENTE, NÃO ASSINTOMÁTICO

O candidato “ideal”, explicam os pesquisadores, é uma pessoa que foi repetidamente exposta ao vírus e nunca foi

infectar, ter o vírus e passá-lo a outras”, explica o imunologista Evangelos Andreakos, da Athens Biomedical Research Foundation, na Grécia, e que também faz parte do consórcio. “O processo biológico de um paciente assintomático é diferente e não estamos procurando essas pessoas para este estudo.” “A categoria que procuramos são os indivíduos resistentes que não estão infectados com o vírus. Ou seja, embora o vírus entre em contato com o trato respiratório dessas pessoas, ele não pode entrar nas células e nem se replicar dentro delas”, explica o pesquisador.

CASOS RAROS

infectada. Ela deve ter apresentado resultados negativos no teste de PCR após a exposição ao vírus. E, depois de fazer o teste de anticorpos, ele deve ser negativo e mostrar que a pessoa não desenvolveu anticorpos contra o vírus porque, mesmo tendo sido exposto a ele, esse indivíduo nunca foi infectado. “A pessoa resistente deve ter estado em contato próximo com a infectada e não apresentar sintomas, mas também devemos confirmar que o vírus não a

infectou, por meio de um teste de PCR negativo e um teste de anticorpo imunológico negativo”, explica a doutora Sara.

DIFERENÇAS

Sabe-se que muitos podem ter sido infectados com o vírus sem desenvolver os sintomas da doença. Os pesquisadores enfatizam, porém, que essas pessoas que não apresentam sintomas não são necessariamente resistentes ao SARS-Cov-2. “Uma pessoa assintomática pode se

“Achamos que essa resistência é muito rara porque é o que vimos com outras doenças infecciosas, em indivíduos com variantes genéticas que os tornaram resistentes à infecção pelo HIV, malária e anemia falciforme”, disse o doutor Andreakos. Os pesquisadores estão conduzindo análises de DNA de voluntários com o objetivo de detectar regiões diferentes e compará-las com indivíduos infectados com o vírus. “O principal objetivo é entender e conhecer o mecanismo pelo qual alguma mudança genética não leva ao processo infeccioso”, disse a doutora Sara. “E esse conhecimento pode levar a encontrarmos drogas que são eficazes contra o SARS-Cov-2, porque até hoje os medicamentos que temos são para reduzir as complicações da doença, mas não temos nenhum contra o microrganismo propriamente dito. E esta pesquisa também visa a ajudar a encontrar essas drogas.” Na América Latina, além do México, o Estudo Genético Humano da COVID-19 está sendo realizado na Colômbia e no Brasil. Fontes: TV Cultura / BBC News

3 bilhões de pessoas continuam off-line, mas pandemia acelera acesso Mais de 30 anos depois da criação da internet, uma das maiores revoluções tecnológicas da história continua inacessível a quase 3 bilhões de pessoas em todo o mundo. Dados divulgados pela União Internacional de Telecomunicações (UIT) indicam que 37% da população mundial ainda não utilizou a internet. A agência das Nações Unidas para tecnologias de informação e comunicação destaca a existência de um forte crescimento global no uso da internet, que chegou a 4,9 bilhões de pessoas em 2021. Em 2019, a taxa era de 4,1 bilhões.

EXPANSÃO

A expansão inédita da web é considerada como “anormal” e sugere que as medidas tomadas durante a pandemia – lockdown e fechamento de escolas –,

combinadas com a necessidade de as pessoas terem acesso a notícias, serviços governamentais, atualizações de saúde, comércio eletrônico e bancos on-line, contribuíram para um “impulso à conectividade devido à COVID-19. Em comparação às taxas de 2019, um total de 782 milhões de pessoas passaram a se conectar, um aumento de 17%. Só no primeiro ano da pandemia, a expansão foi de mais de 10%, o maior aumento anual em uma década.

A DESIGUALDADE CONTINUA

Apesar da expansão, a agência alerta que a capacidade de conexão permanece profundamente desigual. “Dos 2,9 bilhões de pessoas ainda off-line, 96% vivem em países em desenvolvimento. E mesmo entre os 4,9 bi-

lhões contados como ‘usuários da internet’, muitas centenas de milhões podem apenas ter a chance de se conectar on-line com pouca frequência, por meio de dispositivos compartilhados ou usando velocidades de conectividade que limitam acentuadamente a utilidade de sua conexão”, diz a UIT. Para Doreen Bogdan-Martin, diretora do Departamento de Desenvolvimento de Telecomunicações da UIT, um “vasto abismo de conectividade” permanece. Nos 50 países mais pobres do mundo, quase três quartos das pessoas nunca se conectaram à internet.

PAÍSES RICOS X PAÍSES POBRES

Uma situação especialmente difícil ainda vivem as mulheres nos países mais pobres. Quatro em cada cinco ainda não

estão conectadas, e muitas dessas “excluídas digitalmente” enfrentam pobreza, analfabetismo, acesso limitado à eletricidade e falta de habilidades digitais e conscientização. Na média mundial, 62% dos homens usam a internet em comparação com 57% das mulheres. Nos países ricos, a disparidade de gênero na internet foi praticamente eliminada. Nessas economias, 89% dos homens e 88% das mulheres estão on-line. Nos países mais pobres, porém, a taxa de homens usando a web é de 31%, contra apenas 19% das mulheres. “A divisão de gênero permanece particularmente pronunciada na África, com 35% dos homens com acesso à internet em comparação com 24% das mulheres”, disse. (JFF) Fonte: UOL


22 | Reportagem | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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Nas férias e festividades de fim de ano, como fica a COVID-19? August de Richelieu/Pexels

Assim como em 2020, esta época será vivida em meio à pandemia; famílias que estão planejando viajar precisam manter o foco nos protocolos de combate à COVID-19 Ira Romão

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O ano está próximo do fim e muitas pessoas já se preparam para as tão sonhadas férias e festas de fim de ano, momentos em que todos querem se reunir com os amigos e a família. Contudo, não se pode esquecer que, apesar do atual cenário brasileiro ter como destaque mais de 60% da população vacinada e queda de casos e óbitos em decorrência da COVID-19, em comparação aos períodos mais críticos, a pandemia ainda não acabou nem está completamente controlada. Por isso, evitar riscos de contaminação ainda se faz necessário. No estado de São Paulo, por exemplo, em 24 de novembro, a média móvel diária de mortes estava em 61, indicando uma tendência de alta. O valor era 34% maior do que o registrado nas duas semanas anteriores. Houve alta também na média diária de casos, que estava em 1.289, representando um aumento de 10% em comparação a duas semanas anteriores.

De malas prontas

Com a retomada do turismo, ainda que com cautela, muitos moradores da capital paulista e região metropolitana planejam viajar entre o fim de 2021 e o início de 2022.

Embora a prefeitura carioca tenha confirmado, na quinta-feira, 25 de novembro, que manterá os planos para o réveillon e carnaval do próximo ano, alegando que não há evidência científica que indique a necessidade de restrição à realização de eventos na cidade, a pasta continuará monitorando o panorama epidemiológico para avaliar se haverá necessidade de alterações. A Prefeitura de Gramado (RS) também está mantendo a programação de fim de ano. O 36º Natal Luz da cidade, iniciado em 28 de outubro, prossegue até 30 de janeiro de 2022. Contudo, a programação ao ar livre é restrita na quantidade de público e segue o protocolo de turismo do Ministério da Saúde.

Cancelamento do carnaval

A jornalista Renata Garcia, 46, é uma dessas pessoas. Moradora de Perdizes, zona Oeste, ela viajará com a filha, Ananda, 14, para Rondônia, onde visitarão a família e amigos. Será a primeira viagem delas desde 2020. “Optamos por viajar porque sabemos que as pessoas já se vacinaram, temos mais conhecimento sobre a COVID-19 e tomamos todos os cuidados possíveis”, afirma Renata, frisando que irá manter o uso da máscara e o distanciamento social. Renata e a filha ficarão hospedadas na casa de familiares. “Essa opção foi totalmente influenciada pela pandemia. Reduziremos os passeios e visitaremos apenas as pessoas que sabemos que estão se cuidando”, conta Renata, que, mesmo assim, revela certo receio. “O tempo de voo e estar em lugares públicos ainda me incomodam um pouco. Ainda me sinto um pouco apreensiva, mas não neurótica, por estar em contato com muitas pessoas ao mesmo tempo”, afirmou. Para ela, isso é reflexo da pandemia. “São quase dois anos de isolamento, vendo poucas pessoas e saindo para poucos lugares. Mas precisamos nos adaptar a essa nova forma de viver, pois essa situação planetária ainda vai perdurar por muito tempo”, avaliou.

gem para relaxar, se manterá atenta aos protocolos sanitários para garantir a segurança da família, sobretudo, a do pai, que está com 83 anos de idade. “É essencial. No momento, não podemos abrir mão disso. Temos que usar máscara e álcool em gel sempre”, reforça Marisa. “Se eu visitar algum lugar e encontrar muita gente [na rua], eu não ficarei em casa com a mesma roupa, vou trocá-la, como faço aqui.” Ainda sobre os cuidados, Marisa comenta que se prevenir é um ato de responsabilidade coletiva. “Porque a saúde não é só minha, eu tenho que cuidar da minha saúde e da saúde do meu próximo.” Outro cuidado que está no planejamento da auxiliar é se hospedar em uma casa da família que não está sendo habitada. “É o correto ficarmos nela, até mesmo para mantermos certo distanciamento nos primeiros dias.” Marisa está considerando fazer, antes da viagem, um teste laboratorial para ter certeza de que não está com o vírus da COVID-19. “Quero fazer [o teste] antes de embarcar porque é uma segurança, não só pra quem vou visitar, mas para mim também”, comenta Marisa, acrescentando que, se necessário for, fará outro teste ao chegar à cidade de destino.

Nenhum cuidado é demasiado

Para quem está pensando em viajar para outras cidades e contratar serviços de hospedagem, é importante atentar-se à flexibilização das medidas restritivas em cada região. Além do mais, é fundamental checar as restrições do lugar de destino, conferindo as informações e orientações da prefeitura local, que podem sofrer alterações. Até os destinos mais procurados como a cidade do Rio de Janeiro, que tem a mais famosa queima de fogos na praia de Copacabana, pode ter mudanças nas medidas protetivas.

Quem também está de malas prontas para reencontrar a família é a auxiliar do lar, Marisa Rocha, 43. Ela mora em Barueri, na Grande São Paulo, e planeja viajar com a irmã para Minas Novas (MG) na primeira semana de 2022. “Vamos de ônibus. Precisamos visitar nosso pai e nossos irmãos que ainda moram lá”, conta Marisa. “É bem melhor viajar depois das festas [de fim de ano], porque encontramos os ônibus mais vazios e podemos ir mais tranquilas.” Ela afirma que, embora seja uma via-

Restrições no turismo

Mesmo com o avanço da vacinação, por receio de uma nova onda de propagação da COVID-19, algumas cidades brasileiras decidiram cancelar o carnaval de 2022. No estado de São Paulo, mais de 70 cidades já optaram pelo cancelamento. Entre elas, Jundiaí, Mogi das Cruzes, Poá e até São Luiz do Paraitinga, que promove uma das folias de rua mais tradicionais do carnaval. “O atual momento ainda requer atenção, cautela e responsabilidade de nossa parte, pois ainda não oferece a devida segurança, não sendo propício para um evento de tamanha magnitude”, diz um trecho que consta na nota da prefeitura.

Uso de máscara

Uma das medidas sanitárias que têm seguido especificações locais é o uso de máscaras. Em 24 de novembro, o governador de São Paulo, João Doria, anunciou que a partir do dia 11 de dezembro o estado vai flexibilizar o uso de máscaras de proteção em locais abertos. A decisão final, porém, caberá a cada prefeitura. O governo paulista, no entanto, já declarou que poderá rever a decisão diante de casos de COVID-19 com a variante Ômicron do coronavírus. A primeira capital brasileira a adotar a não obrigatoriedade do uso em locais abertos foi o Rio de Janeiro, onde a medida está em vigor desde 28 de outubro. Muitos países europeus que flexibilizaram o uso da máscara, com base no avanço da vacinação, estão voltando com a medida. Entre eles, Holanda, Alemanha, Inglaterra e recentemente França, que, além da máscara, adotará novas medidas como a distribuição de doses de reforço, para frear a recente onda de casos da doença. “Em toda esta pandemia, a Europa foi uma janela para o futuro das Américas”, advertiu a diretora da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Carissa F. Etienne. “O futuro está se revelando diante de nós e deve ser um alerta para nossa região”, acrescentou.


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| 1º a 7 de dezembro de 2021 | Geral/Fé e Vida | 23

Luto: de uma experiência de dor à manutenção de boas lembranças Reprodução

Padre especialista em prevenção ao suicídio e jornalista lançam livro sobre como superar a morte de alguém querido, para que permaneçam doces recordações e não a dor da perda Daniel Gomes

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O falecimento de um familiar em outubro de 2019 fez com que o jornalista Rodrigo Luiz dos Santos aprofundasse as reflexões sobre o processo de luto com um amigo, o Padre Licio de Araujo Vale, do clero da Diocese de São Miguel Paulista e membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio. Das conversas entre os dois e diante do cenário de pandemia no Brasil, que levou muitas famílias à perda repentina de pessoas próximas, surgiu o livro “Superando a dor da perda de quem você ama: Uma ajuda no processo de transformação do luto em uma doce lembrança”, lançado em novembro pela editora Canção Nova. “Cada pessoa vive o processo de luto de uma maneira diferente. É algo muito pessoal, mas o fato de muitas pessoas não terem conseguido se despedir de quem amavam tornou o processo mais desafiador”, comentou Santos ao O SÃO PAULO.

Uma dor que não passa

Apesar da permanente saudade de quem morreu, para quem fica o ritmo de vida volta ao normal após alguns meses, mas quando isso demora a acontecer ocorre o chamado luto prolongado. “Isso acontece quando o indivíduo se torna emocionalmente paralisado com o luto por um longo período de tempo, sofrendo intensamente e tendo prejuízos na maioria das áreas da sua vida, senão em todas. Ele vivencia um forte medo de emoções dolorosas e da possibilidade de ‘perder o controle’. Há também o medo de esquecer a pessoa ou que a estará traindo, se seguir em frente. Pensamentos de que ele nunca mais será o mesmo, uma raiva ou culpa excessiva, descrença e desesperança persistente e uma quantidade significativa de ruminação de pensamentos disfuncionais também podem estar presentes”, explicou Padre Licio à reportagem. A maior incidência de casos assim fará com que a partir de 2022

o luto prolongado seja considerado um transtorno psiquiátrico na Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde (CID-11). Deste modo, poderá ser devidamente tratado como uma doença. Padre Licio alertou que muitas vezes o luto prolongado é confundido com depressão: “Muitas pessoas entram em ciclos problemáticos de uso de álcool, drogas, analgésicos ou outras substâncias como uma maneira de escapar um pouco da dor do sofrimento, que pode tornar a superação ainda mais complexa. Por isso, se estiver com dificuldade e com muito sofrimento, não hesite em buscar apoio psicológico. Uma psicoterapia pode ajudá-lo a aceitar a situação atual e a lutar para alterá-la”. O Sacerdote assegurou que não existem receitas prontas, cartilhas ou fórmulas para lidar com a questão, pois é algo peculiar, de modo que o luto deve ser respeitado, ouvido e vivido: “É importante entrar em contato com aquilo que ajuda e atrapalha nesse percurso, cuidar da dor, identificar emoções e comunicá-las, poder pedir ajuda ou espaço quando necessário e contar com a rede de apoio para essas tarefas”.

Luto saudável

Padre Licio destacou a existência do luto saudável, aquele que permitirá que a pessoa passe da dor da perda à restauração. “O enlutado voltado para a dor nega e evita a realidade da morte e da perda, vê fotografias, fala sobre o ente falecido, rumina sobre como seria a vida se ele não tivesse falecido e anseia pela sua proximidade. Em algum momento, porém, ele passa a experimentar movimentos orientados para a restauração: responde às mudanças e reorganizações necessárias, assume tarefas antigas ou novas, se distrai e lida com a nova

identidade pós-perda. O esperado é que o enlutado possa oscilar entre essas duas esferas, perda e restauração, pois é esse movimento que possibilita a elaboração do luto. Aquela dor que a princípio toma conta de tudo, em algum momento passa a ser tomada pelo enlutado como sua, uma dor assimilada, que encontra um lugar seguro dentro dele, e os dois, dor e enlutado, podem conviver de forma mais ‘harmoniosa’”, comentou. Para se chegar a essa harmonia, porém, “é preciso chorar, sentir, entrar em contato com a dor, mas também, por outro lado, se permitir sorrir, experimentar coisas novas e antigas, aprender e reaprender. Ressignificar a vida após a perda é encontrar um novo lugar no mundo diante da ausência daquela pessoa amada, atribuir um novo significado para o vazio deixado, rever crenças e prioridades, planos e expectativas. No livro, chamamos isso de ‘transformar dor em saudade’: o desejo de acomodar a dor em algum lugar para que ela não tome conta de tudo que é nosso e que permaneçam vivas as boas lembranças, as histórias, os momentos vividos e o vínculo contínuo”, explicou.

Para a vida eterna

Apresentador do jornal “Canção Nova Notícias – Edição da Manhã”, Rodrigo dos Santos recordou que o tema do luto não está à margem da experiência cristã: “Jesus chorou o luto do amigo Lázaro. A Bíblia dá ênfase a esse sentimento ao destacar um versículo ao choro de Jesus. Os Salmos também estão repletos de relatos desse processo humano. O Salmo 56, por exemplo, afirma que Deus recolhe cada uma de nossas lágrimas e não desperdiça nenhuma delas. A partir do ensinamento da Igreja, por meio dos Papas e de santos como Agostinho, é possível encontrar luzes para viver esse processo de superação”. Também o Padre Licio destacou que, diante da morte de alguém querido, sempre é preciso lembrar que não se trata do fim: “A fé na ressurreição é um fator preponderante na elaboração do luto. Saber que a pessoa amada está viva no seio de Deus e que um dia nos reencontraremos Nele ajuda a confortar a perda temporária dessa pessoa. E a esperança cristã colabora para a transformação do luto, porque para ‘aqueles que creem, a vida não é tirada, é transformada’. No livro, lembramos a quem fica que: deve-se permitir confiar naquilo que se crê e não se entende; que não se cobre mais; que a pessoa amada cumpriu a sua missão e agora vive a eternidade feliz junto do Senhor!”, concluiu.

Liturgia e Vida 2º Domingo do Advento 5 de dezembro de 2021

‘Preparai o caminho do Senhor’ Padre João Bechara Ventura Segundo um axioma teológico, “A graça pressupõe a natureza e a aperfeiçoa”. Deus realiza maravilhas! Ele nos instrui, redime, santifica, une-nos a Si, comunica-nos os dons do Espírito Santo e nos salva. Mas, para tanto, não despreza nossa pobre humanidade. Ao contrário, Ele a utiliza como matéria-prima e a eleva. Como um artista que extrai uma criação preciosa do bloco de pedra rústico, assim também o Senhor quer se servir de nossa inteligência, vontade, afetos, corpo, de tudo o que somos e possuímos, para realizar uma obra-prima que perdurará eternamente. A conversão e a santificação do cristão são obra de Deus, pois a caridade, a esperança e a fé vêm Dele. A nós cumpre que nos abramos, sejamos dóceis e nos deixemos guiar. Como o barro nas mãos do oleiro, somos modelados pela ação da graça; como a pedra, aceitamos os golpes do cinzel. Deste modo, o Senhor nos faz participantes da sua natureza, comunica-nos a graça santificante, apaga nossos pecados, ilumina-nos a inteligência, fortalece-nos a vontade, pacifica-nos as paixões e ordena-nos os sentimentos. Essa obra é Dele, é divina! No entanto, devido ao pecado original, deixar-se conduzir por Deus e sua graça é algo que exige muita determinação e vontade de ação. Não é um ato “espontâneo” que dispense o esforço pessoal. Afinal, facilmente somos levados pelo caminho mais fácil, pelas paixões mais baixas, pelos maus hábitos adquiridos, pela mediocridade e pelo comodismo. Frequentemente, resistimos à graça e a desperdiçamos! Por isso, Jesus adverte: “Esforçai-vos para entrar pela porta estreita, pois Eu vos asseguro que muitos tentarão entrar, mas não conseguirão” (Lc 13,24). Não é que a graça de Deus seja insuficiente para nos salvar ou que sejamos “estoicos” que prescindem do auxílio divino. O fato é que, para fazer sua obra, Deus espera que empreguemos o melhor de nossa natureza, como cooperadores! Cumpre a nós esforçar-nos! São imprescindíveis a disciplina, a assiduidade na oração, a busca constante por boa formação cristã, a luta para vencer vícios e defeitos, o sacrifício para renunciar às tentações, o recurso frequente aos sacramentos, o exercício para adquirir a humildade, a fortaleza e todas as virtudes. Assim, compreendemos estas palavras: “Desde João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e os violentos se apoderam dele” (Mt 11,12). Como o trabalhador que ara a terra com força, temos de “preparar os caminhos do Senhor” (cf. Lc 3,4) com vigor… Como São João Batista! Ele não era a Graça mas, pela penitência e retidão moral, preparou o campo para que a Graça produzisse seus frutos. Fazendo “violência” ao pecado e às más inclinações, viveremos o seu lema neste Advento: “Que Cristo cresça e eu diminua” (Jo 3,30). Desse modo, valerão para nós as palavras: “Todo vale será aterrado, toda montanha e colina serão rebaixadas; as passagens tortuosas ficarão retas e os caminhos acidentados serão aplainados. E todos verão a salvação de Deus” (Lc 3,5-6).


24 | Publicidade | 1º a 7 de dezembro de 2021 |

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