O São Paulo - 3372

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Semanário da Arquidiocese de São Paulo

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ano 66 | Edição 3372 | 17 a 23 de novembro de 2021

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Capela Santa Luzia é reinaugurada em complexo arquitetônico na Bela Vista Luciney Martins/O SÃO PAULO

‘Temos a alegria de viver este momento. De ver reaberta a Capela Santa Luzia e abençoá-la novamente depois de um restauro profundo’, afirma o Cardeal Scherer, na reinauguração do templo

Um dos símbolos do crescimento da cidade de São Paulo e da imigração italiana no Brasil no início do século XX, a Capela Santa Luzia, no bairro da Bela Vista, abriu suas portas novamente após ter sido restaurada. A reinauguração da igreja centenária aconteceu durante uma missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, no sábado, 13. Na ocasião, o Arcebispo Metropolitano de São

Editorial Com a graça de Deus, sermos pessoas carinhosas e que transmitem a paz

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Encontro com o Pastor Uma assembleia para uma nova consciência da Igreja sobre sua missão

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Paulo instituiu o templo como sede da Capelania Ambiental de Santa Luzia e nomeou como Reitor o Padre Maurício Matarazzo Falcão, membro da Prelazia do Opus Dei, à qual foram confiados os cuidados pastorais da Capelania. A reabertura da Capela Santa Luzia marca a primeira etapa de funcionamento da Cidade Matarazzo, complexo arquitetônico que reunirá hospedagem, cultura, moda, gastro-

nomia e bem-estar com foco na preservação ambiental. O local, que estava abandonado e deteriorado, foi adquirido pelo Grupo Allard, em 2011. A segunda etapa do projeto está prevista para ser entregue em abril de 2023, quando a Cidade Matarazzo deve se tornar o maior parque privado da capital paulista. Páginas 12 e 13

Cristãos dão testemunho da prática da caridade com os mais pobres

Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe começa no dia 21

No V Dia Mundial dos Pobres, no domingo, 14, múltiplas ações foram promovidas pelos católicos em favor das pessoas em situação de vulnerabilidade. No Vaticano, o Papa ressaltou que os cristãos devem partilhar o pão com os famintos e devolver-lhes a dignidade.

Atividade, que será presencial e on-line, reunindo mais de mil pessoas de todo o continente, supõe a “ressignificação das identidades eclesiais e seu modo de participação na Igreja”, afirma Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, Presidente do Celam.

Páginas 8, 9,10 e 21

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Espiritualidade O reinado do Senhor se sustenta no serviço generoso e paz verdadeira

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Liturgia e Vida O poder de Jesus Cristo, Rei do Universo, nunca lhe será tirado

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2 | Encontro com o Pastor | 17 a 23 de novembro de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

C

omeça no próximo domingo, dia 21 de novembro, a Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. A sede será a Cidade do México, mas apenas os convidados especiais e os encarregados da coordenação dos trabalhos estarão no México. Os demais membros dessa Assembleia, que somam mais de mil participantes, estarão espalhados em todos os países do continente e participarão de maneira remota, pela internet. A abertura e a conclusão serão celebradas na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe. Trata-se de um evento sem precedentes na história da Igreja. Geralmente são os bispos que participam desse tipo de reuniões eclesiais, representando a Igreja de suas dioceses, conferências episcopais e países. Desta vez, haverá bispos, padres, diáconos e religiosos, mas a maioria dos membros da assembleia será composta de leigos. O Papa Francisco, que convocou a assembleia, quis que os leigos participassem em grande número.

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Uma grande assembleia da Igreja Será, portanto, uma assembleia “eclesial”, sinal e expressão do conjunto dos membros da Igreja. Todos são importantes no Corpo de Cristo, e cada um participa, à sua maneira, da vida e da missão da Igreja (cf. 1Cor 12,12-31). Para entender o objetivo de semelhante reunião eclesial, é preciso situar-se brevemente na história recente da Igreja, em nosso continente, onde há a tradição já consolidada das grandes Conferências Gerais do Episcopado da América Latina e do Caribe. Até agora, foram realizadas cinco, conhecidas pelo nome das cidades onde aconteceram: Rio de Janeiro (1955), Medellín (Colômbia, 1968), Puebla (México, 1979), Santo Domingo (República Dominicana, 1992) e Aparecida (2007). Cada uma dessas Conferências Gerais, cujos participantes sempre foram bispos, representando as Conferências Episcopais de seus países, deixou um documento importante, que marcou a vida da Igreja em nosso continente. Passados quase 15 anos da realização da Conferência de Aparecida, o Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) pediu que o Papa Francisco convocasse uma nova Conferência Geral. Mas o Papa ponderou que era

melhor ainda continuar com as conclusões da Conferência de Aparecida, muito ricas e importantes para a vida e a missão da Igreja em nosso continente. E pediu, ainda, que se organizasse um evento eclesial, não apenas episcopal, para avaliar os frutos já produzidos, as lacunas ainda existentes na aplicação do Documento e as novas questões a serem enfrentadas pela evangelização em nosso continente. Assim, desde o início de 2020, a Assembleia Eclesial começou a ser preparada por uma Comissão encarregada pelo Celam. O tema dessa Assembleia Eclesial está estreitamente relacionado com o Documento de Aparecida: “Somos todos discípulos missionários em saída”. O discipulado missionário, central na Conferência de Aparecida, reaparece aqui, enriquecido com um novo aspecto convocatório: “em saída”. Francisco, que esteve na Conferência de Aparecida e conhece muito bem o conteúdo e as orientações do documento, insiste na dimensão missionária da Igreja, que não deve ficar voltada sobre si mesma (“autorreferencial”), nem se contentar com uma pastoral de mera conservação daquilo que já conseguiu fazer ao lon-

go de cinco séculos de evangelização. A Igreja precisa tomar nova consciência de si mesma e de sua missão, para não ficar à margem da vida dos povos deste continente, tornando-se insignificante para eles. A Assembleia Eclesial começou a ser preparada antes que o Papa chamasse toda a Igreja a fazer um “processo sinodal”, em vista da assembleia do Sínodo dos Bispos em 2023. Podese afirmar que a preparação e a realização da Assembleia Eclesial já anteciparam a experiência sinodal, que o Papa agora estende à Igreja do mundo inteiro. Assim, a Igreja em nosso continente oferece mais uma contribuição importante para a “conversão pastoral e missionária” e para a “experiência sinodal” de toda a Igreja. O programa da Assembleia Eclesial prevê vários momentos, ao longo da semana, de participação aberta de todos os interessados. O programa está sendo divulgado nas mídias da Igreja. Unamo-nos em oração ao Espírito Santo por essa grande reunião eclesial. E que Nossa Senhora de Guadalupe interceda pelos bons frutos deste evento eclesial importante, que se abre e será concluído no seu Santuário, no México.

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| 17 a 23 de novembro de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

Padres novos atuantes na Arquidiocese têm encontro com o Arcebispo redação

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Entre os dias 9 e 11, em Campos do Jordão (SP), o Cardeal Odilo Pedro Scherer reuniu os padres novos – aqueles que têm até oito anos de sacerdócio e atuam na Arquidiocese de São Paulo – para o encontro que ocorre anualmente entre eles. Trata-se de uma oportunidade de convivência, partilha e formação, na qual a troca de experiências é fundamental para o enriquecimento pastoral, pessoal e ministerial dos sacerdotes. Na edição deste ano, que teve a participação de aproximadamente 40 sacerdotes, o Arcebispo de São Paulo, como de costume, conduziu a exposição dos assuntos e o intercâmbio de ideias. Num primeiro momento, Dom Odilo exortou os sacerdotes a observarem questões importantes a fim de manter o ministério fecundo e o entusiasmo sacerdotal e, assim, evitar a aridez espiri-

tual: cultivar a vida de oração, celebrar a Eucaristia diariamente, manter a direção espiritual em dia, alimentar a amizade fraterna entre si, observar momentos de lazer e descanso, buscar viver o cotidiano de forma organizada, entre outros aspectos. Também se interessou em saber acerca da motivação dos sacerdotes em relação ao próprio ministério, como se sentiam interiormente diante da atuação diária como padres, com seus desafios e satisfações. Entre os demais temas abordados, destacam-se as considerações canônicas acerca da preparação dos noivos para o sacramento do Matrimônio, bem como questões e cuidados referentes à documentação que deve ser apresentada pelos interessados, à elaboração do processo correspondente e aos detalhes referentes às novas situações que têm surgido na sociedade recentemente, bem como aspectos relacionados à celebração do sacramento propriamente. Também foi

Arquivo pessoal

objeto de partilha a atualização promovida recentemente pelo Papa Francisco nas disposições que legislam sobre os crimes canônicos. Outros tópicos que mereceram atenção naqueles dias foram os que dizem respeito à administração paroquial – com atenção especial para as disposições contidas no Plano de Manutenção da Arqui-

diocese – e o zelo que deve existir pelas coisas do povo de Deus. Todas as questões tratadas contaram com a constante interação dos sacerdotes participantes, que puderam expor seus pontos de vista, esclarecer dúvidas e emitir sugestões em relação à vivência pastoral, administrativa e ministerial na Arquidiocese de São Paulo.

Candidatos ao diaconato permanente se preparam para receber o ministério ordenado Entre os dias 12 e 15, os candidatos ao diaconato permanente participaram de um retiro na Abadia de Santa Maria, das monjas beneditinas, no bairro do Tremembé, zona Norte da capital paulista. A atividade faz parte da formação prevista, como última etapa da preparação para a ordenação diaconal, que acontecerá em 11 de dezembro, às 15h, na Catedral da Sé. Nilson de Oliveira Amâncio, 61; Or-

lando Luciano da Silva, 53; Pedro Ernesto dos Santos Júnior, 51; e Sidnei Roberto Piotto, 55, são os quatro candidatos eleitos que, além de terem sido acompanhados nos últimos anos, cumpriram os estudos de graduação em Teologia na PUC-SP, participaram das formações na Escola Diaconal São José e mantiveram uma atuação pastoral constante nas paróquias, condições necessárias para receber

o primeiro grau do ministério ordenado. O retiro foi conduzido pelo Padre Fabiano Alcides Pereira, Pároco da Paróquia São Paulo Apóstolo, na Região Episcopal Belém, que abordou diversas temáticas: a espiritualidade diaconal e a vocação dos discípulos missionários à santidade, como é tratado no Documento de Aparecida; aspectos relacionados ao discipulado e à missionariedade; a boa-Nova da família; e,

por fim, como Maria é retratada nos diversos documentos magisteriais. No sábado, 13, Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, esteve presente no retiro e expôs aos candidatos o diretório do diaconato permanente da Arquidiocese de São Paulo, além de tratar de aspectos do rito da ordenação propriamente e, por fim, dos documentos como a profissão de fé e o juramento.

No Paraná, novena de Nossa Senhora do Rocio é encerrada em missa com o Cardeal Scherer REDAÇÃO

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Na noite do domingo, 14, houve a missa de encerramento da novena da 208ª Festa de Nossa Senhora do Rocio, realizada desde o dia 6 no Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio, na cidade de Paranaguá (PR). Ao longo dos nove dias, todas as missas noturnas das 19h foram celebradas por um bispo de uma das 18 dioceses

do Paraná, exceto a do último domingo, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo. Entre os concelebrantes esteve Dom Edmar Peron, Bispo de Paranaguá. Esta foi a primeira vez que Dom Odilo participou da Festa de Nossa Senhora do Rocio, porém, em outras oportunidades ele visitou o Santuário. “É com muita alegria que venho para, junto com os devotos, homenagear a Padroeira do Paraná”, afirmou. Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio

Cardeal Odilo Scherer com a imagem de Nossa Senhora do Rocio, Padroeira do estado do Paraná

O último dia de novena teve como tema “Mãe do Rocio, envolvei os trabalhadores em vosso manto de amor e proteção”. “Sob qualquer título que invoquemos Nossa Senhora, ela é sempre mãe de Jesus Cristo, filha de Deus, mãe da Igreja, nossa mãe, então a mensagem é esta: que nós tenhamos com ela, primeiro, toda a familiaridade de filhos com a mãe; segundo, confiança também nos momentos mais difíceis. A mãe está próxima dos filhos quando eles choram, têm fome, sofrem, quando estão doentes. Então, nesta situação em que vivemos, de fim de pandemia, é muito bom nos aproximarmos de Nossa Senhora, nossa mãe, com esse sentimento de filhos e confiar a ela nossas tristezas, além do luto que sofremos por aqueles que perdemos para este vírus, sempre tendo esperanças de que a vida continua, retoma, colocando tudo isso com muita alegria e confiança no colo da mãe”, disse o Arcebispo de São Paulo na homilia. O Reitor do Santuário do Rocio, Padre Dirson Gonçalves, falou sobre a alegria em encerrar a novena com a presença do Cardeal Scherer: “Ter a presença de Dom Odilo é uma alegria imensa,

pois sempre sonhei em ver o Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio como um santuário nacional, com a Mãe do Rocio sendo conhecida em todo o Brasil e a devoção cada vez maior”. A festa da Padroeira do Paraná foi encerrada na segunda-feira, 15, com uma procissão com a imagem de Nossa Senhora do Rocio pelas ruas da cidade de Paranaguá, com a participação de aproximadamente 50 mil pessoas, que conduziram a imagem do santuário mariano até a Catedral Diocesana de Paranaguá. (Com informações do Santuário do Rocio)

Atos da Cúria DECRETO DE NOMEAÇÃO E PROVISÃO DE ADMINISTRADOR PAROQUIAL: Em 11/11/2021, foi nomeado e provisionado como Administrador Paroquial, ad nutum episcopi, da Paróquia São Vicente de Paulo, no bairro do Moinho Velho, na Região Episcopal Ipiranga, o Reverendíssimo Padre Euzébio Spisla, CM.


4 | Ponto de Vista | 17 a 23 de novembro de 2021 |

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Editorial

Cristãos alegres, afetuosos e compreensivos

P

elo Batismo, nós, cristãos, somos chamados a imitar Jesus Cristo, a nos parecer com Ele. “Revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”, diz-nos São Paulo. É uma meta audaciosa – e seria absolutamente pretensiosa se contássemos apenas com nossas forças. Mas Deus não apenas nos chama, como nos oferece os meios para nossa santificação; muito especialmente os sacramentos. Alta é a meta, mas não impossível. Com a ajuda de Deus, podemos! Esse grito de esperança – que, repita-se, não se apoia nas nossas forças, mas na graça divina – deve levar a nos questionarmos. Estamos nos aproximando da meta? Estamos, de fato, à medida que avança a nossa vida, parecendo-nos mais com Jesus Cristo? Trata-se de uma pergunta íntima, pessoal. Não são os outros que devem responder. E, a rigor, nem mesmo nós próprios. Devemos encaminhar essa pergunta a Deus. Como recorda São Paulo, “quem me julga é o Senhor”.

Deus é o grande feitor da nossa santificação, mas isso não significa que sejamos espectadores passivos. Deus nos quer protagonistas da nossa vida, colaboradores ativos da nossa santificação. “Aquele que te criou sem ti não te salvará sem ti”, lembra-nos Santo Agostinho. Ou seja, nós também somos responsáveis por nossa identificação com Cristo. E o que significa se parecer com Jesus Cristo? Perfeito Deus e perfeito Homem, Ele reúne em Si todas as virtudes e qualidades, divinas e humanas. Frente a nossas muitas limitações e defeitos, a perfeição de Jesus pode nos levar a uma situação de perplexidade. Por onde devemos começar? O que é mais importante? Jesus mesmo nos dá a resposta: “Como Eu vos tenho amado, assim também vós deveis-vos amar uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros”. A caridade é, deve ser, a virtude que nos identifica como cristãos. Por isso, ao

nos perguntarmos se estamos nos aproximando da meta, devemos pedir, na oração, luzes a Deus para examinar a nossa caridade, a nossa relação com o próximo. Em algumas circunstâncias, essa excelência na caridade pode nos parecer muito distante de nossa vida diária, tantas vezes preenchida por outros hábitos, outras preocupações, outras urgências. Sempre, mas especialmente nessas horas, devemos olhar para Jesus Cristo, para não perder de vista o que significa, na prática, imitá-Lo. O ideal cristão não está desvinculado de nossa vida corrente, de nossas ocupações diárias. E aqui convém recordar o que vemos ao longo de todo o Evangelho. Jesus Cristo é perfeito Homem, com uma humanidade riquíssima, agradabilíssima, amorosíssima – que atrai, que encanta, que emociona. Imitar Jesus – crescer em caridade – é, portanto, encaminhar-se na vida para sermos, com a graça de Deus, pessoas realmente carinhosas, que transmitem paz e

compreensão ao seu redor. Na família e na vida pública, no trabalho e nas férias, nos dias úteis e nos fins de semana – em todas as situações da vida. O ideal cristão não tem nada de carrancudo, severo, distante, solitário, emburrado, triste. Deus nos chama a lutar seriamente contra nossos defeitos – a enfrentar, com a Sua graça, os vícios que nos afastam Dele e das pessoas –, para sermos humilde e luminosamente pessoas encantadoras. “Vós sois o sal da terra. Vós sois a luz do mundo”, convida-nos Jesus. A proposta cristã não é, portanto, agregar novas e cada vez mais difíceis exigências à nossa vida, que estariam a reclamar um esforço hercúleo. É realizar, com a ajuda de Deus, esse profundo ideal de humanidade e caridade que levamos no coração. Pessoas amáveis e alegres, realmente encantadoras, que difundem, com uma incrível naturalidade (dada pelas virtudes teologais e humanas), paz e calor onde estão. Essa é a chamada de Deus para cada um de nós.

Opinião

Equilíbrio Trabalho-Família

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Ângela Vidal Gandra Martins Tive oportunidade de trabalhar na transição do governo, quando o presidente Bolsonaro ganhou as eleições, e instituímos o equilíbrio Trabalho-Família como uma meta a ser conquistada, envolvendo a sociedade civil. De fato, a vida profissional, com toda a sua exigência e competitividade, tem dificultado a qualidade do tempo dedicado à família. Entendendo o trabalho e a família como bens básicos – tesouros! – para cada ser humano, decidimos, desde o primeiro momento deste governo, estabelecer esse tema como prioritário, de forma a dar as condições para que cada pessoa possa efetivamente protagonizar seu papel insubstituível no lar, e, ao mesmo tempo, dar toda sua contribuição social por meio da vida profissional. Vimos a proposta como um desafio, pois ainda temos que lutar pela igualdade em direitos e deveres no ambiente laboral e no lar, como preconiza nossa Constituição federal em seu artigo 226, parágrafo 5, efetivando em primeiro lugar a possibilidade de que as mães não sofram bullying em relação à maternidade e que se possa estabelecer uma corresponsabilidade no lar – coeducação; coprovimento; compartilhamento de tarefas; equidade etc. –, de forma a permitir que esse equilíbrio se apoie em um pressuposto saudável e justo. A igualdade no ambiente laboral depende, de certa forma, da equidade no lar, e vice-versa, e essas, por sua vez, constituem a base de um verdadeiro equilíbrio entre trabalho e família. Para atingir nossos objetivos, além de estar trabalhando o tema no Congresso Nacional,

que se tem demonstrado parceiro na pauta da família, que une de forma suprapartidária, buscamos, desde o primeiro momento, o apoio da sociedade civil, especialmente dos empresários e comerciantes, para que fomentassem práticas familiarmente responsivas, de maneira criativa, e não, taxativa. Nesse sentido, oferecemos o selo “empresa amiga da família” como reconhecimento de práticas familiarmente responsivas, apresentando-as como benéficas e replicáveis. Na pandemia, também oferecemos o prêmio boas práticas para as empresas que tiveram em conta as famílias durante a crise sanitária. Dessa forma, vai-se criando uma

cultura de foco na família a partir do ambiente laboral, que, por outro lado, significa um tremendo ganho em produtividade e crescimento econômico, pois a família estruturada trabalha mais e melhor. Nesse sentido, entendemos também que boas práticas em equilíbrio Trabalho-Família são radicalmente opostas a uma condescendência, que diminui o ritmo, a exigência e a competência profissional. Pelo contrário, significa compaginar liberdade, responsabilidade, flexibilidade, produtividade e relacionalidade. Essa perspectiva cresceu durante a pandemia, também pela prática do home office, que se confirmou como

uma realidade produtiva, e que necessita, com urgência, de estudo e regulamentação. Por outro lado, tendo instituído a Partnership for Families na ONU, a partir de uma iniciativa do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos e do Ministério das Relações Exteriores, estamos levando esse debate para a arena internacional, de forma a intercambiar experiências e fortalecer a família. Consideramos esse tema como decisivo para a projeção – mais do que uma proteção paternalista – da mulher, fomentando também a complementaridade no ambiente doméstico e laboral, tão rica à família e à sociedade. Parece-nos um desafio bastante positivo, que pode, por sua vez, trazer tantas boas consequências, desde a educação, passando pelo desenvolvimento econômico e pela saúde mental, e atingindo ainda a harmonia nas relações familiares, a partir do fortalecimento de vínculos, que transcende para a vida profissional e social. Recentemente, assinamos um Acordo de Cooperação Técnica com o Ministério da Economia para implementar nosso Programa na administração pública federal, dando exemplo de coerência. Porém, é um tema para todos! Por essa razão, termino o artigo convocando cada família e cada empregador a refletir e pensar em pequenas ações ou metas que se podem implementar para que, na busca desse equilíbrio, a família ganhe efetivamente o lugar que merece! Ângela Vidal Gandra Martins é doutora em Filosofia do Direito, pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e secretária nacional da Família no Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


| 17 a 23 de novembro de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

BELÉM Clero peregrina por ocasião do Ano de São José Rita Tamada

Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Em 10 de novembro, cerca de 50 padres e diáconos que atuam na Região Episcopal Belém peregrinaram à Paróquia São José, no Belenzinho, por ocasião de Ano de São José. A peregrinação teve início pela manhã, no Centro Pastoral São José. Pelas ruas do bairro, o clero rezou a Deus, cantou louvores e pediu a intercessão de São José. Dos comércios e casas, as pessoas acompanhavam a atividade e pediam bênçãos. Ao chegar à Paróquia, todos foram acolhidos por Dom Luiz Carlos Dias, Vigário Episcopal na Região, nomeado Bispo de São Carlos (SP). Na sequência, o Padre Antônio César Seganfredo, Scalabriniano e Pároco da Paróquia São João Batista, na Região Ipiranga, falou sobre o papel de São José

na vida e na missão do clero, como pai adotivo de Jesus na vida clerical. “Que a vida de São José nos inspire cada vez mais para seguirmos nosso dia a dia, comprometidos com o nosso povo, sendo ‘pais’ para as nossas comunidades”, disse Dom Luiz Carlos, no começo da missa. Anteriormente, todos foram acolhidos pelo Padre Marcelo Maróstica Quadro, Pároco. Na homilia, o Bispo recordou que a peregrinação era um dos últimos encontros com o clero atuante na Região, antes que venha a assumir a Diocese de São Carlos, em 18 de dezembro. Dom Luiz Carlos ressaltou que os padres e bispos são chamados a se reapropriar da figura de São José como um pai de coração imenso e totalmente dedicado à sua missão: “Assim pudemos refletir e aprofundar aspectos da pessoa de São José e da maneira como cumpriu sua missão,

o que deve ter nos reencantado e atraído pelos exemplos de suas grandes virtudes”. O Bispo disse, ainda, que São José a todos ensina a importância da disponibilidade permanente do ministro ordenado. “As paróquias precisam do padre full time e podemos estabelecer um paralelo entre um sítio ou negócio qualquer com uma paróquia, pois se o cultivo na paróquia for feito somente em alguns dias, a evangelização fica muito prejudicada. Se o padre fica só em casa e não coloca a mão na massa, pode ser um grande letrado, mas muito pouco efetivo para o seu povo e prestará contas a Deus”, comentou. Ao final da celebração, entoou-se a Ladainha de São José, pedindo a intercessão do Pai adotivo de Jesus pelo clero atuante na Região e rezou-se a Oração a São José, escrita pelo Papa Francisco para este ano especial. Por fim, Dom Luiz Carlos, em tom de despedida e gratidão, recordou sua passagem como Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, destacando o dinamismo e o empenho do clero e o apoio que sempre recebeu. Padre Eduardo Binna, responsável pela Pastoral Litúrgica da Região Episcopal Belém, e o Padre Tarcísio Mesquita, Coordenador de Pastoral Arquidiocesano, discursaram em gratidão ao Bispo. A missa em ação de graças pelo ministério de Dom Luiz Carlos Dias ocorrerá em 5 de dezembro, às 15h, na Paróquia Nossa Senhora de Lourdes, com a presença do Cardeal Scherer, Arcebispo Metropolitano.

Valter Capello Junior

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[SÉ] As missas dominicais às 11h30 no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima, Setor Pastoral Perdizes, têm tido maior participação de crianças após o Frei Jair Roberto Pasquale, TOR, ter introduzido a bênção especial para as crianças ao término da missa, o que, segundo o Pároco, incentivou os pais a trazerem seus filhos para esta celebração. Muitas crianças e adolescentes têm sido convidados e dito sim para servir o altar como coroinhas, e se percebeu o aumento daqueles que se inscreveram para a Catequese. (por Walter Capello Júnior) Luiz Alberto Reis

[SÉ] Na Paróquia Santa Teresa de Jesus, Setor Jardins, no sábado, 13, Dom Carlos Lema Garcia conferiu o sacramento da Crisma a 23 adultos e cinco jovens. Concelebrou o Pároco, Frei Atanael de Almeida Lima, O.Carm, e o Vigário Paroquial, Frei Miguel Guzzo Coutinho, O.Carm. Na homilia, Dom Carlos reforçou que a “Crisma produz uma grande mudança, tanto interior quanto exterior na vida de cada um”. (por Erika Carvalho)

Espiritualidade O reino da verdade Dom José Benedito Cardoso

BISPO AUXILIAR DA ARQUIDIOCESE NA REGIÃO LAPA

L

ogo que Jesus nasceu, alguns magos vieram do Oriente, e chegando a Jerusalém, perguntaram: “Onde está o recém-nascido rei dos judeus?”. O rei Herodes ficou abalado, bem como toda a Jerusalém. Durante sua vida pública, Jesus foi mostrando como esse Reino poderia ser construído, Reino que abalou Herodes e outros que detinham o poder nesse tempo. Contou, por meio de parábolas, que o Reino começa bem pequeno como uma semente de mostarda ou como o fermento na massa. Reino que é serviço, simplicidade, renúncia e doação. Mostrou que o Reino não se constrói sozinho, mas em equipe, e para isso chamou os discípulos. Ensinou a rezar, pedindo: “Venha a nós o

vosso reino, assim na terra como no céu”. É desse Reino que Jesus é rei. Se no nascimento é Herodes quem fica abalado e usa do seu reinado para tentar sepultar a esperança do povo, no processo de julgamento e condenação é Pilatos, o governador, quem vai atuar de forma decisiva para que o justo seja condenado. Pilatos traz um modelo de reinar que se alimenta de violência, armas, crueldade e exploração do povo pobre, beneficiando os grandes. A lógica é combater e vencer a todo custo, mesmo que isso arrebente com os mais frágeis. É bom lembrar que hoje, ainda em pandemia, os mais ricos ficaram ainda mais ricos, sendo que 1% da população detém 50%, a metade da riqueza do país. Um escândalo. O reinado de Jesus não tem marcas de violência nem favorecimento para os grandes. Seu Reino tem como marca o acolhimento, o serviço gratuito e a paz. Jesus é um rei que não destrói ninguém, não derrama o sangue dos outros e não sacrifica ninguém. Não é o povo que morre para salvar o rei, mas o rei que morre para salvar o povo: o pastor que dá a vida por suas ovelhas. Interrogado por Pilatos, Jesus respon-

de, dizendo que seu reinado não é deste mundo e que Ele veio para dar testemunho da verdade. Então, não se trata de uma realidade abstrata, intelectual, mas da própria pessoa de Jesus, o “Caminho, a Verdade e a Vida”. Não atua como fanáticos que buscam a todo custo impor suas mentiras como se verdade fossem. Ele é testemunha e não se beneficia do poder que tem, mas o utiliza em defesa dos pequenos, dos feridos na vida, dos esquecidos. Não tolera a mentira e o encobrimento das injustiças. Não suporta a manipulação da verdade e o deboche do sofrimento humano, como vimos numa cena perversa em que uma autoridade imitava uma pessoa agonizando por falta de oxigênio. É urgente retomar a essência do reinado de Jesus. Na última ceia, depôs o manto, tomou o avental e passou a lavar os pés dos discípulos. Quem recebe a Eucaristia tem que aprender a lavar os pés dos outros em sinal de serviço; afinal “quem quiser ser o primeiro entre vós seja o servidor de todos” (Mc 10,44). No Sermão da Montanha, Jesus disse que são “felizes os que promovem a paz”. Em outra passagem, no processo de julgamento, logo que Pedro fere a orelha

do servo do Sumo Sacerdote, Jesus diz: “Guarda a espada na bainha, pois todos que pegam a espada pela espada perecerão” (Mt 26,52). O Papa Francisco escreve dizendo que “a história nos ensina que os reinos fundados no poder das armas e na prevaricação são frágeis e, mais cedo ou mais tarde, desabam”. O reinado de Jesus se sustenta pelo serviço generoso e pela paz verdadeira, pois Ele é o “príncipe da paz”. Junto com a festa de Cristo Rei, celebramos também o dia do leigo, aquelas pessoas que não receberam o sacramento da Ordem e atuam na Igreja, seja no ambiente interno, nos diversos ministérios, pastorais e movimentos, seja no ambiente externo, sendo presença no mundo da política, da educação, da saúde, da economia, do esporte, nas periferias. No livro do Apocalipse, capítulo 1, versículo 6, está escrito que Jesus fez de nós um reino de sacerdotes. Banhados nas águas batismais, somos impulsionados a fazer o Reino acontecer a partir da vocação que nos é específica, tornando mais santas as realidades em que atuamos, pois “todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.


6 | Regiões Episcopais | 17 a 23 de novembro de 2021 |

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lapa Santo Alberto Magno é comemorado no Jardim Bonfiglioli Marcos Btenheuser

A comunidade de fiéis da Paróquia Santo Alberto Magno, do Jardim Bonfiglioli, Setor Butantã, comemorou no domingo, 14, a memória litúrgica do Padroeiro, com uma missa presidida pelo Padre Antônio Francisco Ribeiro, Pároco, assistido pelo Diácono Antônio Geraldo de Souza. Antes, houve uma procissão pelas ruas do bairro. Durante a celebração, 35 ministros extraordinários da Sagrada Comunhão (MESC), da igreja matriz, da área Pastoral São João Batista e da Comunidade Nossa Senhora Auxiliadora receberam e

renovaram seus mandatos pelos próximos dois anos. Padre Antônio, na homilia, lembrou a importância do trabalho dos ministros extraordinários e do compromisso destes com ele, Pároco, e com os membros da comunidade, principalmente em relação aos enfermos. A comunidade também participou do ‘IV Dia de Ação Caritas’ na Lapa, com a arrecadação de mantimentos, roupas, brinquedos, materiais de higiene e limpeza. Houve, ainda, corte de cabelo e outras atividades e um show com a Banda Beatus, do músico e compositor Mario Vieira, que fez o lançamento do seu primeiro CD Álbum Católico Beatus

Arquivo paroquial

Pascom paroquial

Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Caros Henrique Pazin

[BELÉM] No domingo, 14, Dom Luiz Carlos Dias conferiu o sacramento da Crisma a dez jovens na Paróquia Santa Rosa de Lima, Setor Vila Alpina. Concelebrou o Padre Francisco Martins, Pároco.

[LAPA] O Conselho Regional de Pastoral (CRP) da Lapa se reuniu, no sábado, 13, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa. Os trabalhos foram coordenados por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, com a participação do Coordenador Regional de Pastoral, Padre Antônio Francisco Ribeiro, e dos coordenadores de pastorais. Em pauta esteve o planejamento dos projetos pastorais para 2022. Houve a avaliação do mês missionário, falou-se sobre a programação do centenário de nascimento de Dom Paulo Evaristo Arns e das ações sobre o Dia Mundial dos Pobres.

(por Fernando Arthur)

(por Tatiana Vieira, da Pastoral Fé e Política da Região Lapa)

[BRASILÂNDIA] No sábado, 13, um total de 49 jovens da Paróquia Bom Pastor – igreja matriz e comunidades – foram crismados na Escola Renato Arruda Penteado, em missa presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap. Concelebrou o Padre Natanael Pires, Pároco. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia destacou que o Espírito Santo “é como o vento que a gente sente, mas não podemos ver. Que ao recebermos o Espírito Santo no sacramento da Crisma, possamos acordar e sentir Sua força ao nosso lado todos os dias”. (por José Marcelo)

sé Paróquias promovem ação conjunta em prol de pacientes com câncer POR PASCOM PAROQUIAL A Paróquia e Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima e a Paróquia São Domingos, ambas no Setor Pastoral Perdizes, uniram-se à ONG Instituto Amor Rosa (Rua Marquês de Itu, 70, Vila Buarque) para a campanha “Tampinhas e Lacres de Amor”. O instituto é formado por mulheres e

homens, que por meio das suas próprias experiências pessoais com o câncer ou mesmo das de familiares, acolhem, amparam, orientam e, principalmente, oferecem amor às pessoas que se encontram em situação de fragilidade por causa da doença. Uma das iniciativas do instituto é a coleta de tampinhas de plástico das garrafas PET e lacres das latas de alumínio de cerveja e refrigerante. O dinheiro arArquivo da Área Pastoral

[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, presidiu missa no sábado, 13, na Área Pastoral Santo Estevão. Na ocasião, dez jovens e adultos receberam o sacramento da Crisma. (por Caroline Dupim)

recadado com a venda desses itens é revertido em cestas básicas, suplementos e complementos alimentares, enterais ou não, cadeiras de rodas e de banho, entre outros equipamentos destinados à mobilidade, fraldas geriátricas, absorventes higiênicos, coletores de urina, acessórios para ostomia e afins úteis às pessoas com câncer, sendo que a demanda de pacientes encaminhados ao instituto é sempre maior que a capacidade de acolhimento.

Frei Márcio Alexandre Couto, OP, Pároco da Paróquia São Domingos, destaca que já foi enviada ao Instituto Amor Rosa uma grande quantidade de tampinhas e lacres. Já Frei Jair Roberto Pasquale, TOR, Reitor do Santuário de Fátima, comenta que a campanha contempla a dimensão da caridade e do cuidado com o meio ambiente. Outros detalhes podem ser vistos em: https://www.amorrosa.org.br. Zetildes Lima

[IPIRANGA] No sábado, 13, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, presidiu a celebração dos Mártires da Caminhada da Região Episcopal Ipiranga, na Comunidade Nossa Senhora da Moradia, no Jardim São Savério. Houve a recordação das lutas e conquistas dos irmãos de caminhada das Pastorais Sociais, Pastoral e Movimento de Moradia, Pastoral Operária e Casa da Solidariedade. (por Caroline Dupim)


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BRASILÂNDIA Nova estação de metrô poderá receber o nome de Dom Paulo Arns Comunicação da Presidência da Alesp

Leandro Silva

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No di a 9, D om C arlos Si lva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, e os representantes do Fórum Pró-Metrô Freguesia/ Brasilândia – Leandro Silva, Kleber Jr., João Mota e Benedito Camargo – apresentaram ao presidente da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), Carlão Pignatari, uma proposta de mudança da denominação da futura estação Vila Cardoso para Dom Paulo Arns. O encontro ocorreu por mediação do ex-deputado estadual João Caramez. Segundo os líderes do Pró-Metrô, a atual denominação não tem qualquer relação com o local, pois o bairro se chama Jardim Maristela e está entre os limites dos distritos da Freguesia do Ó e Brasilândia. Os membros do Fórum argumentam

que homenagear Dom Paulo Evaristo Arns é reconhecer a luta da Igreja para a chegada do metrô à Brasilândia – algo pensado pelo Cônego Noé Rodrigues (já falecido) e liderado por João Mota –, e, sobretudo, agraciar o esforço da Comunidade Guadalupe, construída pelo Car-

deal Arns a partir da operação periferia, que foi desapropriada e demolida para a construção do complexo hospitalar e estação do metrô. Dom Carlos destacou a importância deste reconhecimento no ano em que a Igreja celebra o centenário de

Simone Arruda

[SANTANA] Em missa no sábado, 13, na Paróquia Santíssima Trindade, Setor Casa Verde, Dom Jorge Pierozan administrou o sacramento da Crisma a 13 jovens da Paróquia e da Capela Nossa Senhora do Rosário. Concelebraram o Padre Raimundo Paulette, Administrador Paroquial, e o Padre Iber Sompi Malú, Vigário Paroquial. (por Simone Arruda) Luciana Pinheiro

Pascom paroquial

[BRASILÂNDIA] Na sexta-feira, 12, foi celebrada na matriz da Paróquia Cristo Rei Anhanguera a missa de abertura da novena do Padroeiro, presidida por Dom Carlos Silva, OFMCap. Houve, ainda, a investidura dos novos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão. Foi inaugurada a nova imagem do Cristo Crucificado, substituindo a antiga pintura do Cristo Rei, e, também, houve a bênção da imagem de Cristo Rei. A novena (por Rodrigo Fernandes) do Padroeiro se estenderá até o dia 21.

[BRASILÂNDIA] No sábado, 13, na Comunidade Nossa Senhora Aparecida da Paróquia São José Operário, no Jardim Damasceno, aconteceu a celebração da primeira Eucaristia de sete adolescentes que estavam se preparando antes da pandemia e somente agora puderam receber o sacramento. A missa foi presidida pelo Pároco, Padre Gilson Feliciano Ferreira, SV. (por Keli Ferreira dos Santos Silva)

[SANTANA] No domingo, 14, Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, Setor Tucuruvi, e ministrou o sacramento da Crisma a 41 adultos. Concelebraram os Padres Eduardo Rodrigues Coelho e Luiz César Bombonato, Pároco. (por Luciana Pinheiro) Robson Francisco

[SÉ] Na Paróquia Nossa Senhora Achiropita, Setor Cerqueira César, no domingo, 14, Dia Mundial dos Pobres, duas crianças receberam o sacramento do Batismo, em missa presidida pelo Padre Luiz Antonio Miotelli, PODP, Provincial da Ordem Orionita. No ofertório, as equipes dos Vicentinos e da Campanha “Natal de Luz” representaram a ação social da Paróquia em favor das 200 famílias e 348 crianças da (por Cida Godoy) comunidade. [IPIRANGA] No domingo, 14, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, presidiu a missa de encerramento da festa de São Serapião, na Paróquia Santa Ângela e São Serapião. (por Caroline Dupim)

[SANTANA] No sábado, 13, em missa na Paróquia Nossa Senhora da Livração, Setor Medeiros, Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, conferiu o sacramento da Confirmação a dez adultos. Concelebrou o Pároco, Padre Silvano Alves dos Santos, MSJ. (por Robson Francisco)

nascimento do “Cardeal da Esperança”. O pedido da mudança da denominação da estação, assinado pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Silva, o professor João Mota e o Fórum Pró-Metrô, foi entregue ao presidente da Alesp, que prontamente acolheu a solicitação e assumiu o compromisso de encaminhá-lo às demais instâncias. Durante a reunião, ele fez contato com Silvani Pereira, presidente do Metrô, repassando o pedido. As obras da Linha 6 – Laranja foram retomadas há um ano, após quatro de paralisação, e sua conclusão está prevista para 2025. A chamada “Linha das universidades” irá ligar a Brasilândia ao centro de São Paulo, na estação São Joaquim, conectando com a Linha 1 – Azul, além de integrar com as linhas 7 e 8 da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), e 4-Amarela, do Metrô.

[SÉ] No dia 7, na Paróquia Santa Rita de Cássia, Setor Paraíso, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, conferiu o sacramento da Crisma a jovens. Concelebrou o Pároco, Frei Reginaldo de Abreu Araújo da Silva, OSA. (por Pascom paroquial)

[BRASILÂNDIA] No sábado, 13, véspera do Dia Mundial dos Pobres, os fiéis da Comunidade Aparecidinha da Paróquia São Francisco de Assis, Setor Dom Paulo Evaristo, deram continuidade ao preparo e distribuição de refeições para a população em situação de vulnerabilidade social e econômica dos bairros em volta da Paróquia, sempre contando com doações da comunidade. Somente naquele sábado foram entregues 130 marmitex, na comunidade Boi Malhado, na Vila Nova Cachoeirinha, Planalto e Jardim Damasceno. (por Marcos Rubens)

[BELÉM] No sábado, 13, Dom Luiz Carlos Dias presidiu missa na Paróquia São Marcos Evangelista. Concelebraram os Padres Irineu Dossul, Pároco, e José Dilon, Vigário Paroquial. A celebração foi ocasião para render graças a Deus pelos anos de trabalho do Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém, que foi nomeado pelo Papa Francisco para a Diocese de São Carlos (SP), onde tomará posse em 18 de dezembro. Dom Luiz Carlos pediu orações a todos por sua nova missão. Padre Irineu agradeceu ao Bispo todo o apoio e lembrou que é próprio da vida missionária – como eles, os padres verbitas – partir em missão para outros contextos. “Deus te acompanhe e saiba que em nossa casa o senhor sempre será muito bem acolhido”, ressaltou o (por João Carlos Gomes) Pároco.


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Fé e Cidadania O pai da mentira

Um fim de semana de solidariedade na região central Luciney Martins/O SÃO PAULO

Wagner Balera Eis um título que ninguém parece querer assumir e que, no entanto, se ajusta perfeitamente a muitos e muitos que, nos últimos tempos, irradiam mentiras. Mais propriamente esses não são pais, e, sim, filhos do pai da mentira. O dono do título está claramente identificado desde sempre. Não está submetido ao tempo, tampouco ao espaço. Simplesmente atua. O que quer, afinal, ao espalhar tanta mentira? Confundir, criar oposições, desagregar. Inaceitável para ele é a paz social; a concórdia; a harmonia. Embora esse sujeito, como dito acima, não está no tempo nem no espaço, lá onde estejam presentes esses valores ele não quer ficar. Prefere ser lançado ao abismo configurado em manada de porcos, que bem aqui representam o símbolo da impureza, da sujidade e de tudo o que repugna aos que apreciam e almejam viver em paz. Estamos, é certo, diante de grave problema. Recebemos, cotidianamente, centenas de milhares de mentiras. Chegam, por vezes, com anônimo “encaminhado”. E, desgraçadamente, cada vez que retransmitimos essas mentiras, assumimos a filiação daquele sujeito. Temos, pois, dois deveres graves. O primeiro é o de nos recusarmos cabalmente a atuar como correias de transmissão de mentiras. Vai dar trabalho, pois só poderemos reenviar matérias que tenham sido submetidas ao crivo elementar da verdade. E se não for possível a verificação? Há um clique rápido a ser utilizado. O ícone o define com propriedade: é a lata de lixo. O segundo dever grave e esse, seguramente, é de maior gravidade do que o primeiro, consiste no dever de alertarmos a quem nos enviou a mentira, vale dizer, se fez portador do lixo. Praticaremos, nada mais nada menos, do que a obra de misericórdia da correção fraterna. Não será tarefa fácil essa. Deveremos exercê-la, porém, com o destemor assinalado por Santa Teresa de Jesus: “Custe o que custar, murmure quem murmurar, quer chegue ao fim quer morra no caminho...” Por que esse encargo será tão custoso? É que o pai do mentiroso o fará se convencer que nós não somos amigos dele. Quem somos nós para corrigi-lo? E acabará caindo na artimanha de considerar que não somos pessoas de bem. Mas, fique bem claro: não podemos servir a dois senhores. O Senhor a quem queremos servir se define com precisão: Eu sou a verdade! Neste momento, força reconhecer, o pai da mentira e seus sequazes atuam em diversos lugares e em diversos momentos. Seu nome? Legião. Para vencermos a hoste mentirosa, só contamos com a Verdade, que opera como instância libertadora e que tem um Nome. Entretanto, a inscrição nas suas fileiras exige que deixemos de lado os respeitos humanos. Não fiquemos de fora desse combate; o bom combate! Não nos quedemos à beira do caminho, enquanto assistimos o derruir de pessoas e de instituições! Não tenhamos medo, disse São João Paulo II aos 22 de outubro de 1978, bem no início de seu pontificado. A Verdade e seu Senhor estão do nosso lado. Wagner Balera é professor titular de Direitos Humanos na Faculdade de Direito da PUC-SP e conselheiro do Núcleo Fé e Cultura na mesma instituição.

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PASCOM DA REGIÃO SÉ Com o lema “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14,7), aconteceu no domingo, 14, em toda a Igreja, o Dia Mundial dos Pobres. Na Região Episcopal Sé, as ati-

vidades se concentraram no centro histórico de São Paulo. Desde os dias anteriores, as arrecadações foram recebidas na Paróquia Nossa Senhora da Assunção e São Paulo – São Gonçalo, para que, no dia 13, voluntários pudessem organizar o evento do

domingo, na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192), que teve a participação de 630 pessoas (foto). Após um momento de acolhida, aconteceu a Celebração da Palavra, conduzida pelos Padres José Enes de Jesus, Pároco da Paróquia de São Gonçalo, e Antenor João Dalla Vecchia, Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Paz, ambas no Setor Catedral. Todos os participantes receberam a Unção Sagrada de Óleo nas mãos como parte do procedimento de cura pela fé. Na sequência, houve um momento musical com o Grupo Fraternidade O Caminho e Rede Rua, seguido do almoço. Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, esteve presente e abençoou a todos. O evento foi encerrado perto das 13h30, com a entrega de sobremesa e kits de higiene e limpeza. A iniciativa teve o apoio das pastorais sociais e da Caritas Arquidiocesana de São Paulo.

Comportamento Erradicação da pobreza e defesa da dignidade humana Crisleine Yamaji O Papa Francisco dedicou o domingo passado ao Dia Mundial dos Pobres, clamando por nossa compaixão e presença cristã ao lado dos que sofrem. “Igreja pobre para os pobres”, lembra-nos o Papa em sua exortação apostólica Evangelii gaudium. Se para a Igreja, como nos ensina o Papa na referido documento, a pobreza não se restringe a uma questão política, cultural ou sociológica, mas se trata de uma opção teológica, por meio da qual cada cristão é chamado a ser instrumento de Deus na integração dos mais pobres em sociedade, em nossa Constituição esse instrumento é formalizado entre as categorias e valores políticos, culturais e sociológicos fundamentais. A pobreza é uma desordem social. O Papa chama a atenção dos cristãos para a necessidade de ações concretas e mais coerentes com o Evangelho, no combate à pobreza. Esse apelo ecoa forte com meios jurídicos pela efetivação desse combate à pobreza em nossa ordem econômica e social brasileira, a partir do previsto em nossa Constituição federal. Desde 1988, a Constituição democrática brasileira é norma programática de oposição à desigualdade, à pobreza e à degradação humana. É preciso ter a coragem de tirar essa norma do papel e assumir o dever de cidadão consciente na construção de uma sociedade digna, justa e solidária. A dignidade da pessoa humana e a valorização do trabalho estão

entre os principais fundamentos da Constituição brasileira. Não há solidez em um Estado democrático de direito sem a garantia da dignidade humana que propicie um verdadeiro desenvolvimento nacional. E esse desenvolvimento nacional, almejado por nossa norma fundamental, se pauta, antes de tudo, na erradicação da pobreza, na promoção de um trabalho a todos, na redução das desigualdades sociais e na garantia do bem-estar. Se a dignidade humana é prevista como um dever do Estado, essa mesma norma fundamental não deixa de atribuir, em previsão expressa, esse mesmo dever às famílias e às comunidades. Da família tudo parte; é núcleo essencial na construção da Igreja e da sociedade. Não há defesa da dignidade humana que deixe de lado o conjunto de direitos humanos e sociais que começam a ser efetivados na própria família, especialmente, na luta pelo direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, ao trabalho, à cultura, ao respeito e à convivência familiar e comunitária. A pobreza começa por degradar o próprio núcleo familiar e atinge a participação em comunidade, pois isola o mais pobre de sua comunidade e seu meio social, expondo-o à exploração e à opressão. Nesse sentido, o que se nota é que a Constituição visa a erradicar qualquer forma de vulnerabilidade, na defesa, a partir da família, dos direitos fundamentais do homem. Toda essa desigualdade parece se

iniciar de uma conveniente e deliberada cegueira de alguns em detrimento de outros, uma cegueira que não pode ser aceita entre cristãos. Essa cegueira deliberada fundamenta a exploração dos mais fracos pelos mais fortes, dos mais pobres pelos mais ricos; não respeita as relações humanas dignas, conformando-se com a fome e a miséria do outro ou, pior, usando a fome e a miséria do outro para sua própria prosperidade. Prefere o isolamento do mais pobre em periferias não só da cidade, mas também em periferias existenciais. Pauta o lucro na exploração irregular do trabalho e na conveniente manutenção da miséria e da submissão do outro em troca de sua sobrevivência. Expressa uma forma de discriminação e de opressão quando alguém, a partir de sua própria família, comunidade e de suas relações sociais, não traz para si a responsabilidade de cumprimento de objetivos fundamentais da sociedade em que vive, uma responsabilidade que começa no dever de partilha do alimento, na defesa do trabalho digno e na preocupação com melhores condições de vida, saúde e educação para todos. Esses são elementos que fazem parte de valores fundamentais constitucionais e se somam ao clamor do Papa Francisco de assunção de responsabilidade, como cristão, na luta pela dignidade humana e erradicação da pobreza. Crisleine Yamaji é advogada, doutora em Direito Civil e professora de Direito Privado. E-mail: direitosedeveresosaopaulo@gmail.com


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SANTANA Agentes pastorais se engajam nas ações do Dia Mundial dos Pobres Maria aparecida

Edmilson Fernandes

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

As paróquias da Região Episcopal Santana promoveram iniciativas concretas durante a V Jornada Mundial dos Pobres. Houve distribuição de alimentos, cestas básicas, kits de higiene pessoal, roupas e brinquedos. A Paróquia Nossa Senhora da Penha, no Jardim Peri, por exemplo, entregou marmitas, roupas e água na Comunidade Boi Malhado (foto), destruída por um incêndio no dia 8.

Informação que leva à ação

Entre os dias 8 e 14, também foram tomadas várias iniciativas para mostrar a importância do engajamento das pessoas nessa ação de fraternidade. A Pastoral da Comunicação (Pascom) exibiu nas redes sociais um conjunto de vídeos da série “Cardápio da Semana”, com assuntos referentes ao tema. Uma das gravações mostra o casal Valdeir e Roseli em ação caritativa na Paróquia São Francisco Xavier. A equipe prepara marmitas para distribuir a pessoas em situação de rua. Em outra gravação, a estudante Mariana convida os jovens a participarem da campanha.

É dia de partilha e não de esmola

No dia 8, o Núcleo Regional Santana da Caritas Arquidiocesana de São Paulo promoveu uma live sobre o lema bíblico Missão Clara e Francisco

deste ano “Sempre tereis pobres entre vós”, e o tema “Sentes compaixão?”, conduzida pelo vice-diretor da entidade, Diácono Márcio José Ribeiro, que explicou sobre a criação do Dia Mundial dos Pobres, que tem por objetivo estimular uma reação diante da cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. “O Papa nos lembra de que não é um dia de prática da esmola. É um dia de partilha. Temos que ir às ruas, embaixo dos viadutos, ao centro da cidade, aos centros comerciais dos nossos bairros. Ver as pessoas em situação de rua. Ir aonde eles estão.” Também citou dados sobre a pobreza no Brasil que justificam

[SANTANA] A Missão Clara e Francisco, da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Albertina, Setor Tremembé, promoveu na última semana mais uma ação em favor dos irmãos em condição de rua, por ocasião do V Dia Mundial dos Pobres.

[BELÉM] Na noite da quinta-feira, 11, a Região Episcopal Belém e o Núcleo Regional da Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP), promoveu uma live com o tema “As diversas formas de violência contra a mulher”. Participaram Jéssica Bretas da Silva, pedagoga e gerente de serviço do Centro de Defesa e Convivência da Mulher (CDCM) Cidinha Kopcak; Mônica Rezende Chagas Vivian, psicóloga clínica; Emília da Silva Ramos, psicóloga do CDCM Cidinha Kopcak; Cristina Morelli, assistente social e voluntária da CASP, e Maria Aparecida Barão Acuña, coordenadora do Núcleo Regional Belém da Caritas. A mediação foi de Fernando Arthur, assessor de comunicação da Região Episcopal. A íntegra pode ser vista no link a seguir: https://cutt.ly/0TbtZPu.

(por Missão Clara e Francisco)

(por Fernando Arthur)

a urgência de ações concretas dos governos e da sociedade. No dia 10, houve a reza do Terço da Caridade, pelo Zoom, com o tema “Maria, Mãe dos Pobres”.

Podcast ‘A Voz do Canto’

Na sexta-feira, 12, a Comunidade Canto de Maria publicou nas redes sociais um podcast sobre o Dia Mundial dos Pobres. A jornalista Mariana Carvalho e a advogada Gabriela Santos convidaram o Diácono Nilo Carvalho para falar sobre o assunto. Ele atua na Paróquia Santa Teresinha, é coordenador do Núcleo Regional Santana da Caritas e,

também, membro da Comunidade Canto de Maria. Citando trechos da mensagem do Papa, o Diácono Nilo Carvalho destacou que não se deve ter um olhar de julgamento para justificar um ato de caridade. “Passamos pelas pessoas em situação de rua e pensamos: ‘Não vou doar porque devem estar ali porque querem; porque não foram capazes de tocar a sua vida’.” O Diácono mencionava as palavras de São João Crisóstomo, recordadas pelo Papa Francisco: “Quem é generoso não deve pedir contas do comportamento, mas somente melhorar a condição de pobreza e satisfazer a necessidade”. Giuseppe D’Aleo

[SANTANA] Na sexta-feira, 12, os paroquianos da Paróquia Santa Teresinha, Setor Tucuruvi, se mobilizaram para servir lanche e entregar kits de higiene pessoal aos mais ne(por Giuseppe D’Aleo) cessitados, como ato concreto pelo Dia Mundial dos Pobres.

lapa ‘IV Dia de Ação Caritas’ tem a participação de Dom José Benedito Benigno Naveira

Colaborador de Comunicação na Região

O Núcleo Lapa da Caritas Arquidiocesana de São Paulo (CASP), assim como os demais núcleos da Caritas na Arquidiocese, promoveu o ‘IV Dia de Ação Caritas’, por ocasião do Dia Mundial dos Pobres, celebra-

do por toda a Igreja no domingo, 14. Nessa data, na Paróquia Santa Luzia, na Vila Jaguari, Setor Pirituba, cerca de 200 pessoas participaram da missa presidida por Dom José Benedito Cardoso, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, e concelebrada pelo Padre Eduardo Augusto de Andrade, Pároco. Na sequência, aconteceram atendi-

mentos de saúde – aferição da pressão arterial das pessoas e controle da diabetes –, além de corte de cabelo e recebimento de doações de roupas, alimentos, brinquedos, produtos de higiene e limpeza. O Ministério Sons e Dons animou o evento. O coordenador das ações, Diácono Antônio de Souza, lembrou que os tra-

balhos do Núcleo Lapa da CASP tiveram início em 2016, quando o então Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa, Dom Julio Endi Akamine, atual Arcebispo de Sorocaba (SP), em conformidade com a diretoria da CASP, tomou a iniciativa de sistematizar o Núcleo, visando a tornar mais efetiva a participação da Região.


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BRASILÂNDIA Celebração do Dia Mundial dos Pobres une lideranças pastorais Jackeline Gasperini

Patrícia Beatriz Lopes

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

No sábado, 13, a Região Episcopal Brasilândia celebrou o V Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco no encerramento do Ano da Misericórdia, em 2016, comemorado neste ano no domingo, 14. O encontro aconteceu na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, de Vila Souza, Setor São José Operário, e foi organizado pelas pastorais sociais e a Coordenação Regional de Pastoral, com o apoio da Pastoral da Comunicação, com o objetivo de transmitir a espiritualidade e proporcionar o fortalecimento que inspire a seguir o caminho de Jesus Cristo, além de agradecer aos envolvidos os trabalhos realizados ao longo destes anos, especialmente neste tempo de pandemia. As três dimensões da caridade – assistência, promoção e transformação – foram enfatizadas em toda a Arquidiocese de São Paulo, a fim de renovar seu compromisso com os mais necessitados. Também foi es-

timulada a reflexão do lema bíblico desta edição: “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14,7), bem como do tema que norteia as ações, “Sentes compaixão?”. Dom Carlos Silva, OFMCap, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, deu as boas-vindas aos padres, religiosos e agentes pastorais e das comunidades que foram os representantes dos seis setores da Região na atividade.

Padre Fabrício Moraes, Coordenador Regional de Pastoral, destacou uma igreja em saída, missionária em busca da fraternidade, com grande projeto de evangelização, de caridade, de pessoas que fazem, colaboram e ajudam. Enfatizou, ainda, que durante a pandemia, todos foram chamados à simplicidade e a fazer obras de misericórdia. “Os pobres não são estatísticas. É preciso a cultura

do encontro que leve à partilha, sair dos postos de arrecadação com atitude e proximidade, qualidade de serviço em que a razão deve ser o amor”, afirmou o Padre. Entre os representantes estiveram membros do movimento dos Vicentinos; grupos de confecção de máscaras, farmácia social e distribuição de marmitas, entre outros. Algumas pastorais também deram seu testemunho: Carcerária; do Migrante; da Mulher; da Criança; Fraternidade Cristã de Pessoas com Deficiência; Fraternidade Missionária Emaús, na esperança de que todos os católicos possam recordar o exemplo de Jesus Cristo, com especial atenção aos mais necessitados, voltando seu olhar às situações que geram pobreza. Em sinal de gratidão, foram distribuídas rosas a todos os presentes, simbolizando a importância do trabalho realizado por cada um. Ao fim do encontro, Dom Carlos deu a bênção de envio, a fim de que o ânimo solidário seja anunciado e acolhido por todos.

IPIRANGA Ações concretas em favor de quem mai precisa no ‘Galpão do Ipiranga’ Caroline Dupim

COLABORADORA DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Em virtude do V Dia Mundial dos Pobres, cujo lema este ano foi “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14,7), a Região Ipiranga promoveu a ação concreta “Galpão do Ipiranga”, convidando os fiéis a colaborarem com alimentos, roupas, materiais de higiene ou doações em dinheiro para ajudar 300 famílias migratórias que estão residindo em um galpão, localizado na Rua Cipriano Barata, no bairro do Ipiranga. Para destacar a ação concreta e o propósito do Dia Mundial dos Pobres, foram realizadas três lives no Facebook da Região Ipiranga, entre os dias 9 e 11,

abrindo um espaço para formação, discussão e testemunho. A primeira live teve como tema “Doutrina Social da Igreja”, com a apresentação do Frei José Maria Mohomed Jr., Coordenador Regional de Pastoral. Estiveram presentes o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano; o Cônego Antônio Manzatto e a professora Rosana Manzini, ambos docentes na PUC-SP. “É nosso dever como cristãos imitar a Jesus, que teve um extremo cuidado e atenção para com os pobres. Não pode acontecer de termos insensibilidade ao nos depararmos com a situação da pobreza e miséria. Que sejamos todos motivados e movidos a fazer a nossa parte”, afirmou o Arcebispo de São Paulo.

O tema “Obras de Fé” norteou a segunda live, com a apresentação do Padre Jorge Bernardes, Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia. Partilhando sobre a temática, estiveram presentes o Padre Marcelo Maróstica, Coordenador da Caritas Arquidiocesana de São Paulo; o Padre Lorenzo Nacheli, SRS, Coordenador do Arsenal da Esperança, e Ricardo Frugoli, da Massaria Solidária. A última live, no dia 11, teve como temática “Testemunhos de amor”, apresentada pelo Frei Fábio Luiz Ribeiro, OSM, Pároco da Paróquia Nossa Senhora das Dores. Participaram agentes de pastorais, colaboradores e promotores da caridade, como Francisco Hirota e Abílio Diniz. Na ocasião, Dom Ângelo Ademir Mezzari,

RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Ipiranga, destacou que “a solidariedade gera fraternidade, mas a partilha expressa o espírito cristão. Somos convidados a viver essa fraternidade, partilhando os dons e os bens que temos para que a nenhum irmão falte aquilo que lhe é necessário”, enfatizou Dom Ângelo. As lives estão disponíveis para revisitação no Facebook (@regiaoipiranga). Ainda é possível colaborar com a ação concreta “Galpão do Ipiranga”, fazendo doação direta na Paróquia Nossa Senhora das Dores (Rua Tabor, 283, Ipiranga), ou por meio de transferência bancária, pela conta: Banco Bradesco Ag.: 2720, C/C: 013935, CNPJ: 62.021.308/0001-70, Caritas Arquidiocesana de São Paulo.

Lizandra Nasser Rodrigues

Pascom paroquial

[SANTANA] Motivados pelo Dia Mundial dos Pobres, os paroquianos, jovens da Crisma, grupo de escoteiros da Paróquia Santa Teresinha, Setor Santana, coletaram alimentos para a montagem de cestas básicas, além de roupas e produtos de higiene. Eles participaram da missa das 11h, no domingo, 14, ofertando o fruto do seu trabalho.

[LAPA] A equipe da Pastoral Social da Paróquia São João Maria Vianney, da Água Branca, Setor Pastoral Lapa, duas vezes por mês faz a distribuição de 180 cestas básicas às pessoas cadastradas. De acordo com o Padre Raimundo Rosimar Vieira da Silva, Pároco, a Pastoral também tem ajudado a Comunidade do Boi Malhado, da zona Norte, que foi atingida por um incêndio recentemente. (por Benigno Naveira)

(por Lizandra Nasser Rodrigues)


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| 17 a 23 de novembro de 2021 | Reportagem | 11

Cristãos vivenciam a centralidade do mistério pascal ao longo do ano litúrgico Fernando Geronazzo

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No domingo, 21, a Igreja Católica celebra a Solenidade de Jesus Cristo, Rei do Universo, demarcando o início da última semana do ano litúrgico. Ao contrário do ano civil, que começa em 1º de janeiro e termina em 31 dezembro, as celebrações da Igreja seguem o calendário litúrgico, que começa no 1º Domingo do Advento, este ano celebrado no dia 28 de novembro, e termina no último sábado do Tempo Comum. O ano litúrgico se desenvolve a partir dos acontecimentos marcantes da história da salvação, tendo como ápice a celebração da Páscoa – Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. Se o ano civil é determinado pelo período em que a terra gira em torno do sol, o ano litúrgico tem como “sol” o Cristo ressuscitado. Portanto, é da celebração da Páscoa que derivam todas as celebrações do ano. “Com esta recordação dos mistérios da redenção, a Igreja oferece aos fiéis as riquezas das obras e merecimentos do seu Senhor, a ponto de os tornar como que presentes a todo o tempo, para que os fiéis, em contato com eles, se encham de graça”, ressalta a constituição sobre a liturgia Sacrosanctum concilium, do Concílio Vaticano II.

Ciclos

Como as estações do ano, os ciclos litúrgicos ajudam os fiéis a vivenciarem o mistério salvífico no decurso do ano. O primeiro é o ciclo do Natal, antecedido pelas quatro semanas do Tempo do Advento, que, como o próprio nome indica, é o período de preparação espiritual para a chegada do Senhor na celebração de sua natividade e, ao mesmo tempo, manifestação da espera da se-

gunda vinda do Senhor. Esse tempo, que termina na tarde do dia 24 de dezembro, é caracterizado pela cor roxa dos paramentos litúrgicos. Em seguida, celebra-se a solenidade do Natal do Senhor, caracterizada pela cor branca, dando início ao período que se conclui na festa do Batismo do Senhor. Neste ciclo, também são celebradas as festas da Sagrada Família, de Santa Maria Mãe de Deus e da Epifania do Senhor.

Após o Tempo do Natal, inicia-se o Tempo Comum, ciclo de 33 ou 34 semanas, dividido em duas partes, sendo que a primeira se estende até a véspera da Quarta-feira de Cinzas e a segunda começa após a Solenidade de Pentecostes e perdura até a conclusão do ano litúrgico. Nesse período, marcado pela cor verde, a Igreja convida os fiéis a vivenciarem o mistério de Cristo manifesto na vida ordinária. Durante esse ciclo, também são celebradas outras solenidades “cristológicas”, como Santíssima Trindade, Corpus Christi e Sagrado Coração de Jesus. E, ao longo de todo o ano litúrgico, também acontecem as celebrações relacionadas à Virgem Maria e aos santos, sempre tendo como referência o mistério pascal.

Páscoa

O Ciclo da Páscoa começa na Quarta-feira de Cinzas, que abre a Quaresma, período penitencial de 40 dias, em referência aos 40 anos do povo hebreu rumo à terra prometida e os 40 dias de Jesus no deserto. A cor litúrgica desse tempo é a roxa. Em seguida, no Domingo de Ramos, começa a Semana Santa, que culmina no Tríduo Pascal, seguido do Domingo da Páscoa da Ressurreição, quando se dá início ao período solene de 50 dias, passando pela Ascensão do Senhor e que se encerra em Pentecostes.

Domingo

No ano litúrgico, o domingo tem um destaque especial, pois é a “Páscoa semanal”. “Neste dia, os fiéis devem se reunir para participar na Eucaristia e ouvir a Palavra de Deus, e, assim, recordar a Paixão, Ressurreição e glória do Senhor Jesus e dar graças a Deus que os ‘regenerou para uma esperança viva pela Ressurreição de Jesus Cristo de entre os mortos’ (1Pd 1,3)”, também sublinha o documento conciliar. Os santos padres, primeiros teólogos da Igreja, ensinaram que, com a ressurreição de Jesus, o dia santo de guarda, que até então era o sábado, em recordação do dia em que Deus descansou após a criação, passou para o domingo, dia da “nova criação”. Nesse sentido, o domingo, além de ser o primeiro dia da semana, é também “o oitavo dia”, que marca não só o início do novo tempo, mas também o seu fim no “século futuro”, isto é, na eternidade. São Basílio explica que o domingo significa o dia realmente único que virá após o tempo atual, sem fim, que não conhecerá tarde nem manhã, “o prenúncio incessante da vida sem fim, que reanima a esperança dos cristãos e os estimula no seu caminho”.

Tempo comum

Arquitetura espiritual

Como é definida a data da Páscoa? A comemoração da Páscoa cristã não acontece em uma data fixa anual. Isso se deve ao fato de esta celebração estar associada à tradição judaico-cristã. Como os textos bíblicos afirmam, Jesus morreu em uma sexta-feira antes da Páscoa judaica (Pessah, na língua hebraica), que segundo o calendário próprio, baseado nos ciclos lunares, acontece sempre na primeira lua cheia após o equinócio da primavera no Hemisfério Norte. O equinócio é um fenômeno natural relacionado à posição do sol em relação à terra, que faz com que o dia e a noite durem exatamente o mesmo tempo. Isso ocorre entre os dias 20 e 21 de março. Como a Ressurreição de Jesus é celebrada no domingo, a Páscoa cristã acontece sempre no primeiro domingo após a primeira lua cheia depois do equinócio da primavera no Hemisfério Norte (outono no Hemisfério Sul). A data da Páscoa e as solenidades móveis decorrentes dessa celebração são sempre anunciadas durante a solenidade da Epifania no novo ano litúrgico. Em 2022, o Domingo de Páscoa será em 17 de abril.

Doutor em Sagrada Liturgia e professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Padre Valeriano dos Santos Costa ressaltou a “arquitetura espiritual” do ano litúrgico cristão como algo em comparação com outros sistemas religiosos. “O ano litúrgico é uma pessoa concreta: Jesus Cristo. Uma pessoa concreta que realizou uma obra concreta. [...]. Não é possível separar Jesus e sua obra. O ano litúrgico é a garantia dessa unidade”, explicou o liturgista no livro “Celebrar o amor na plenitude do tempo”. O professor define que o ano litúrgico deve ser compreendido a partir do eixo da salvação que Cristo trouxe à humanidade. “Cada ciclo do ano litúrgico promove o derramamento do mesmo amor-ágape que os apóstolos testemunharam na esplanada do Templo no dia de Pentecostes”, frisou, acrescentando que “não há força mais atuante de restauração do ser humano do que a liturgia da Igreja celebrada ao longo do ano litúrgico. “Portanto, celebrar o ano litúrgico é manter-se em Cristo como um galho no tronco a fim de se receber a seiva”, completou.


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Capela Santa Luzia é reinaugurada e marca início das atividades da Cidade Matarazzo Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Fernando Geronazzo

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Um dos símbolos do crescimento da cidade e da imigração italiana no Brasil no início do século XX, a Capela Santa Luzia, localizada na Bela Vista, abriu suas portas novamente após ter sido restaurada. A bênção e reinauguração da igreja centenária aconteceu durante uma missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, no sábado, 13. Na ocasião, o Arcebispo Metropolitano de São Paulo instituiu o templo como sede da Capelania Ambiental de Santa Luzia e nomeou como Reitor o Padre Maurício Matarazzo Falcão, membro da Prelazia do Opus Dei, à qual foram confiados os cuidados pastorais da capelania. A Eucaristia foi concelebrada por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Sé e alguns sacerdotes, entre os quais o Vigário Regional do Opus Dei no Brasil, Padre Fábio Henrique Carvalheiro. A celebração também contou com a presença de autoridades civis, como o governador do estado de São Paulo, João Doria, e o prefeito da capital, Ricardo Nunes. A reabertura da capela marca a primeira etapa de funcionamento da Cidade Matarazzo, complexo arquitetônico que reunirá hospitalidade, cultura, moda, gastronomia e bem-estar com foco na preservação ambiental em pleno coração da maior metrópole do País.

História

Construída em 1922, a capela integrava o complexo do antigo Hospital Umberto I, da Sociedade Italiana de Beneficência em São Paulo, popularmente conhecido como “Hospital Matarazzo”. Idealizado em 1904 pelo industrial italiano Francesco Matarazzo, esse conjunto de edificações que abrange uma área de 27.419 m² funcionou até 1993, quando o hospital foi à falência. Abandonado e deteriorado, o complexo correu o risco de ser completamente demolido, mas

Cardeal Odilo Scherer preside missa na reinauguração da Capela Santa Luzia, no sábado, 13

ganhou um novo destino quando foi adquirido pelo Grupo Allard em 2011, para se tornar a Cidade Matarazzo. “Temos a alegria de viver este momento. De ver reaberta a Capela Santa Luzia e abençoá-la novamente depois de um restauro profundo”, afirmou Dom Odilo, na homilia, recordando que o templo construído para atender os doentes, familiares e profissionais do antigo hospital volta a ser um “oásis” de misericórdia, fé e esperança para a população da cidade. “Agora, esta capela está inserida no contexto de centro de trabalho, da circulação de pessoas com múltiplos interesses e frequência para tantas atividades. Nosso mundo é complexo, onde Deus também tem lugar”, acrescentou o Arcebispo, enfatizando que as igrejas e templos religiosos são casa de Deus, lugares onde as pessoas se reúnem para celebrar a fé e testemunhar a presença de Deus na cidade. “Nós não queremos edificar nossa vida e nossos empreendimentos sem Deus. Quando se edifica a cultura na sociedade sem Deus, quem perde é o homem”, completou o Cardeal. Para o empresário e investidor francês Alexandre Allard, idealizador da Ci-

Arcebispo saúda Padre Maurício Matarazzo, nomeado Reitor da Capelania de Santa Luzia

dade Matarazzo, não faria sentido transformar uma construção edificada para o culto em um espaço que não tivesse essa finalidade. Sobre o projeto, ele explicou que se trata de um espaço em que os visitantes poderão fazer uma viagem pela cultura brasileira, da qual a religião e a comunidade que se reúne para vivenciá-la fazem parte. “Esta é, para mim, a visão de futuro para projetos urbanos, que não podem existir sem integrar a realidade da vida de cada lugar. [...] Essa troca fará da ‘Cidade Matarazzo’ um lugar verdadeiro, fiel às suas raízes”, afirmou o empresário.

Restauro

Para ser reaberto, o templo passou por um minucioso processo de restauro. Entre os edifícios do complexo tombados pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico (Condephaat), a Capela tinha o nível mais alto de restrições para reformas. Por isso, seu restauro exigiu o máximo de fidelidade às características originais. Antes disso, foi necessário um audacioso trabalho de engenharia para preservar a igreja centenária durante a

construção dos oito andares de subsolo abaixo de sua fundação. A Capela ficou literalmente suspensa sobre o grande vão, que hoje dá espaço aos andares que abrigarão, entre as diversas atrações, um centro de eventos e um cinema. Esse trabalho inédito no Brasil envolveu alguns dos mais importantes profissionais do País. O templo foi apoiado em oito pilares que atingem 60 metros de profundidade. Em seguida, iniciou-se a remoção controlada e manual do terreno original para a execução da nova estrutura. Posteriormente, a passagem das cargas da antiga base para a nova foi realizada por jateamento de água. Após o trabalho de engenharia, começou o restauro da Capela, a começar pela fachada neoclássica que imita o mármore, seguindo a técnica milenar Scagliola, muito usada na Itália na época da construção. O altar de mármore foi protegido e os detalhes da pintura foram igualmente recuperados. Também houve o restauro de várias imagens sacras que serão recolocadas em seus lugares originais, assim como bancos e demais objetos sacros. Durante o trabalho de restauro realizado pela empresa Croma Arquitetura e Conservação, foram descobertos os afrescos originais sob as camadas de tinta de pinturas posteriores. Em vez de as partes danificadas serem refeitas, optouse por preservar as marcas do tempo, para despertar no público a consciência sobre o valor histórico do templo. Após consultar a planta original da igreja, descobriu-se que havia a previsão da instalação de uma rosácea no alto do coro, que nunca fora concluída. Então, os restauradores obtiveram autorização para incluir um elemento contemporâneo no projeto: um vitral concebido pelo artista Vik Muniz.

Cidade Matarazzo

No dia 15 de dezembro, o edifício que abrigava a antiga Maternidade Condessa Filomena Matarazzo será aberto ao público, com 46 suítes do Hotel Rosewood São Paulo, cuja inauguração

Dom Odilo, com o prefeito Ricardo Nunes, o governador João Doria e o empresário Alex Allard


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Fachada restaurada da Capela Santa Luzia, com vitral novo de autoria do artista plástico Vik Muniz

oficial está prevista para março de 2022. A primeira etapa do complexo conta ainda com duas novas construções. Uma delas, a Torre Mata Atlântica, idealizada pelo arquiteto Jean Nouvel, ganhador do Prêmio Pritzker. Essa edificação de 25 andares abrigará, em seus terraços, árvores com mais de 15 metros de altura. Ao lado da Capela, foi construído o Edifício Ayahuasca, que abrigará escritórios de empresas e instituições que promovem práticas ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês). Segundo Allard, o principal objetivo do novo complexo é “reconectar o urbano com o verde”. Por isso, só na Torre Mata Atlântica, foi previsto o plantio de mais de 200 árvores. Cada árvore foi criteriosamente selecionada pela sua força e capacidade de resistência às torções e ao efeito do vento; e o solo onde serão colocadas, recriado de maneira a garantir a sua elasticidade natural. Entre as espécies que já foram plantadas estão a aroeira-salsa, ipê-roxo e aldrago, entre outras. A segunda etapa do projeto está prevista para ser entregue até abril de 2023. Nos prédios onde funcionou o Hospital Humberto I, haverá áreas de cultura, moda, alimentação, bem-estar, em meio a 10 mil árvores nativas, que farão com que o local seja considerado o maior parque privado da cidade.

Recordações

A Capela foi construída por iniciativa de Dona Virginia Matarazzo, cunhada do Conde Francesco Matarazzo. O oratório foi erguido em honra de Santa Luzia, de quem Virginia obteve a graça da cura de uma doença na visão que acometera um de seus filhos, Paulo. Mártir do século III, Santa Luzia, cujo nome significa “portadora da luz”, é invocada como protetora dos olhos. Segundo a tradição, antes de ser decapitada, ela teve seus olhos arrancados.

Neta de Virginia, Maria Pia Matarazzo estava emocionada em participar da reinauguração do templo que ela frequentou com a família durante a infância. “Nós morávamos na Avenida Paulista, por isso, sempre rezávamos aqui, principalmente nas grandes celebrações, como Natal e Páscoa. Retornar aqui me faz voltar no tempo e recordar os meus pais e avós”, relatou. O ex-ministro e ex-vereador Andrea Matarazzo é bisneto de Virginia Matarazzo. Nascido na antiga maternidade do complexo hospitalar, ele foi batizado na Capela Santa Luzia. “É uma emoção muito grande poder ver essa igreja restaurada e aberta novamente. Ela é importante não somente para a história da nossa família, mas para a cidade. Este lugar marcou a história como uma referência de benemerência. Agora, será um lugar para a promoção da cultura e da fé”, afirmou.

Vida Pastoral

Não por acaso, o sacerdote escolhido para ser o Reitor da Capela Santa Luzia é tataraneto da condessa Filomena Matarazzo, que deu nome à antiga maternidade do complexo hospitalar. Padre Maurício informou que a primeira celebração pública na igreja será a missa da Solenidade de Cristo Rei, no domingo, 21, às 11h30. A partir daí, começarão, aos poucos, os trabalhos para reunir uma comunidade de fé no local para a celebração de missas diárias, atendimento de confissões, orientação espiritual e demais atividades pastorais, que em breve serão divulgadas. Como prevê o decreto de criação, a nova capelania tem autorização para a celebração de matrimônios, batismos, tendo seus próprios livros de registros de sacramentos, assim como o livro tombo. A Capela Santa Luzia está localizada na Alameda Rio Claro, 190, na Bela Vista, a duas quadras da Avenida Paulista.

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Unifai: 50 anos de compromisso e promoção humana por meio da Educação Luciney Martins/O SÃO PAULO

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O Centro Universitário Assunção (Unifai) completa 50 anos de fundação e, para marcar este jubileu, aconteceu, na sexta-feira, 12, um evento comemorativo no auditório “Maria Rosa Mística”, na sede da instituição, no bairro da Vila Mariana, zona Sul da capital. Participaram o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo e Grão-Chanceler do Unifai; Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade; a professora doutora Karen Ambra, reitora; o professor doutor Alessandro Fuentes Venturini, vice-reitor; e outros professores, gestores, estudantes, ex-alunos e colaboradores.

A SERVIÇO DA IGREJA E DA SOCIEDADE

Na abertura do evento, Dom Odilo recordou a história do Unifai e destacou que o itinerário acadêmico e formativo da instituição sempre esteve pautado pelos princípios da doutrina e moral cristãs, assegurando a liberdade de ensino e de expressão do pensamento. “O Unifai está a serviço da Igreja e a serviço daquilo que é próprio da sua missão”, e, portanto, “extensivo à sociedade por meio dos cursos aqui oferecidos, comprometidos com a educação e a formação integral”, afirmou. O Arcebispo acrescentou que o Unifai contribui para a edificação do Reino de Deus a partir da sua missão como centro universitário. “Como comunidade acadêmica, o Unifai é sinal da construção de uma sociedade mais humana, pautada nos valores da vida e da verdade”, sublinhou o Cardeal, reforçando o desejo de que a instituição cresça em oferta de cursos e serviços de qualidade e possa oportunizar o acesso ao conhecimento acadêmico às classes mais vulneráveis, “oferecendo alternativas e modalidades de estudos a todos, sem distinção”, destacou.

HISTÓRIA

O Unifai é atualmente mantido pela Fundação São Paulo. Surgiu a partir do desejo do Cardeal Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo Metropolitano, de que o curso de Filosofia dos seminaristas fosse reconhecido, certificado. “A finalidade principal da

Evento marca os 50 anos de fundação do Unifai, com a presença do Cardeal Scherer e representantes da instituição, na sexta-feira, dia 12

fundação, baseada nos valores cristãos, é a contribuição para a formação humana da sociedade brasileira, tendo como finalidade a formação do clero, de religiosos, agentes de pastoral e leigos no pleno contexto universitário brasileiro”, consta na missão da instituição. Em 1970, foi criado o Instituto Educacional Seminário Paulopolitano (IESP), estritamente ligado ao Seminário de São Paulo – fundado por Dom Antônio Joaquim de Melo, em 1856, e criado para atender à política educacional brasileira e às propostas do Concílio Vaticano II presentes na constituição apostólica Gaudium et spes. Em sua longa história, o seminário foi, a partir de 1908, a sede da primeira Faculdade de Filosofia do Brasil, concedida pela Santa Sé, com direito de oferecer graus acadêmicos de licenciatura e bacharelado. Formou inúmeros leigos e sacerdotes das províncias eclesiásticas dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e de outras partes do Brasil. Com as mudanças introduzidas pelo Concílio Vaticano II, o imóvel do Seminário Ipiranga foi ampliado para funcionar como um grande centro de estudos. Assim, o IESP implantou as Faculdades Associadas do Ipiranga (FAI), em 1971, agregando as Faculdades de Filosofia, Ciências e Letras. Em 1973, introduziram-se neste núcleo as Faculdades de Administração e Ciências Contábeis, possibilitando à FAI crescer com a criação de novos cursos. Em 1980, a partir da necessidade de um novo espaço que pudesse abrigar, com conforto e acessibilidade, os cursos de Pedagogia, História, Letras, Matemática e Geografia, criou-se o campus na Vila Mariana para atuar paralelamente ao campus Ipiranga. Ao longo dos anos, foram implantados os cursos de Direito, Biblioteconomia, Serviço Social, entre outros. No ano 2000, a FAI passou a se chamar Centro Universitário Assunção (Unifai). Em 2010, a instituição trans-

feriu-se definitivamente para o campus Vila Mariana.

COMPROMISSO ACADÊMICO E SOCIAL

Em entrevista ao O SÃO PAULO, a reitora do Unifai, Karen Ambra, afirmou que, desde a sua criação, o Centro Universitário Assunção é respeitado por sua atuação acadêmica e social. “O Unifai é reconhecido pela qualidade da formação, pela produção de conhecimento e por seu impacto social”, destacou, ressaltando ser a primeira mulher à frente da reitoria. Karen enfatizou o caráter comunitário da instituição que, além de formar profissionais, atua diretamente na sociedade com projetos ligados no campo do saber, com os migrantes, o apadrinhamento afetivo, atendimento jurídico à população carente, entre outros. “São ações que evidenciam o caráter social e evangélico do Unifai, que vai ao encontro e promove a dignidade às pessoas em situação de vulnerabilidade, uma atuação conjunta do corpo docente e discente”, assegurou. “O nosso intuito é formar consciências, cidadãos, pessoas comprometidas com o bem comum”, acrescentou a reitora, que é docente da instituição há mais de dez anos.

IDENTIDADE CATÓLICA

Dom Carlos Lema Garcia ressaltou que o Unifai é uma entidade intrinsecamente ligada à Igreja Católica com o intuito de oferecer o serviço acadêmico à sociedade e a formação de pessoas e profissionais nas diversas áreas do saber. “O Centro Universitário tem uma identidade que é confessional e uma vocação própria de amor ao saber e da busca pelo conhecimento da Verdade”, disse, reforçando que a instituição contribui para a promoção da Cultura. Ao mencionar o documento Ex corde ecclesiae, de São João Paulo II, Dom Car-

los lembrou que “a comunidade educativa deve estar formada por docentes que não só possuam competências profissionais, autonomia, capacidade crítica, criatividade, facilidade de relacionamento, abertura à inovação, interesse sincero pela pesquisa, amor à verdade, mas sejam, também, docentes verdadeiramente conscientes da sua função educativa, da sua verdadeira identidade em se empenhar no serviço à sociedade e à missão da Igreja”. O Bispo Auxiliar recordou ainda que, em visita recente ao Unifai, pôde conhecer os trabalhos sociais desenvolvidos e a atuação da Pastoral Universitária: “A dimensão social é um aspecto próprio do Unifai, que contribui para a formação de seus estudantes no âmbito intelectual e prático com ações e campanhas concretas em favor das pessoas em situação de vulnerabilidade social”.

CELEBRAR E AGRADECER

Ascânio João Sedrez, diretor pedagógico do Instituto de Educação Bonni Consilii, das Missionárias do Sagrado Coração, e ex-aluno do Unifai, destacou a gratidão e os vínculos com a entidade. “Sou fruto da educação católica. Desde criança, estudei em colégios católicos, e, no âmbito acadêmico, o Unifai compõe um capítulo da minha jornada acadêmica, a quem sou grato.” Thiago Rodrigues é membro do corpo docente do Unifai. Ele recordou o papel do Centro Universitário Assunção em sua formação humana e profissional: “Fui aluno de escola pública na periferia de São Paulo e ingressei no Unifai para cursar Filosofia. A instituição me abriu portas e oportunidades para crescer como pessoa e como docente”, destacou. Augusto Cezar Pandino de Oliveira, ex-aluno e ex-membro da Pastoral Universitária, formou-se em Direito em 2019. “Ser Unifai é motivo de alegria. Retornar por ocasião dos 50 anos é sinônimo de reconhecimento e gratidão”, contou ele, que animou o evento tocando seu violoncelo.


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Núncio Apostólico no Brasil preside missa na Catedral da Sé pela 1ª vez Luciney Martins/O SÃO PAULO

Redação

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Em breve passagem pela cidade de São Paulo, na sexta-feira, 12, o Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giambattista Diquattro, presidiu a missa das 12h, na Catedral da Sé, tendo entre os concelebrantes o Cardeal Odilo Pedro Scherer, os bispos auxiliares e sacerdotes. No início da celebração, o Arcebispo de São Paulo saudou o representante do Papa: “É com grande alegria que o acolhemos em São Paulo, na Catedral da nossa Arquidiocese. O senhor é muito bem-vindo. Que sua presença seja a primeira de muitas. Tenha a certeza de que nós estamos unidos ao Santo Padre e em oração constante também pelo seu representante aqui no Brasil”.

‘Para retomar o rumo, é preciso redescobrir Deus’

Na homilia, o Núncio recordou a primeira leitura do dia (Sb 13,1-9) e falou sobre os homens que contemplavam a criação, mas que não souberam se erguer ao seu criador, cometendo, assim, a insensatez de adorar outros elementos do mundo. “Os grandes sábios e filósofos gregos, que souberam penetrar tão profundamente nos segredos do universo, não chegaram à fé de um único e verdadeiro Deus. Os estudiosos que viviam à procura de Deus se deixaram ofuscar pela beleza e energia dos elementos e não compreenderam que eles estavam testemunhando o poder de Deus”, salientou. Dom Giambattista reiterou que as conquistas da ciência proporcionaram grandes progressos ao longo dos séculos,

Dom Giambattista Diquattro em missa na Catedral da Sé, concelebrada por Dom Odilo e bispos auxiliares, entre os quais Dom Carlos Lema

o que fez com que os homens se sentissem como o Criador, donos do próprio destino e autossuficientes, a ponto de proclamar a morte de Deus. “Vieram depois as denúncias da morte do homem, se recusaram a conhecer Deus como seu princípio e, assim, o homem rompe a ordem que o orientava para o seu fim último e, ao mesmo tempo, quebra toda harmonia, quer em relação a si mesmo, quer em relação aos outros homens e a toda a criação. Para retomar o rumo, é preciso redescobrir Deus”, completou.

Agradecimento

Ao término da celebração, Padre Helmo Cesar Faccioli, Auxiliar do Cura da Catedral da Sé, agradeceu a Dom Giambattista Diquattro a missa presidida na Igreja-Mãe da Arquidiocese de São Paulo.

“A Catedral Metropolitana de São Paulo tem a alegria e a graça de acolhê-lo. Neste dia, o senhor vem não só nos confirmar na fé, mas, também, dizer que está a serviço da Igreja. Quero que saiba que somos fiéis ao Papa Francisco, ao seu ensinamento e ao seu pastoreio”, disse Padre Helmo. “Esta celebração é um dom extraordinário de vida sacerdotal. O esplendor desta Catedral manifesta e testemunha o esplendor da fé do povo de São Paulo e, ao mesmo tempo a grandeza da santidade do povo de Deus aqui na cidade. Muito obrigado pela oração, pelo amor à mesma Igreja e ao Espírito Santo”, concluiu o Núncio. Dom Giambattista Diquattro foi nomeado Núncio Apostólico no Brasil pelo Papa Francisco no dia 29 de agosto de

2020 e desembarcou no País para iniciar sua missão no dia 7 de janeiro de 2021. Nasceu em Bolonha, Emília-Romanha, Itália, em 18 de março de 1954. Foi ordenado sacerdote em 1981. Entrou para o Serviço Diplomático da Santa Sé em 1º de maio de 1985, e serviu em missões diplomáticas nas representações pontifícias na República Centro-Africana, República Democrática do Congo e Chade, nas Nações Unidas, em Nova York, e mais tarde na Secretaria de Estado do Vaticano e na Nunciatura Apostólica na Itália. Antes da atual missão no Brasil, foi nomeado Núncio Apostólico no Panamá, em 2005, por São João Paulo II; Núncio Apostólico na Bolívia, em 2008, por Bento XVI; e Núncio Apostólico na Índia e no Nepal, em 2017, pelo Papa Francisco. (Apuração: Flavio Rogério Lopes)

Pastoral da Saúde promoverá manhã de espiritualidade No sábado, 20, a Pastoral da Saúde da Arquidiocese de São Paulo e do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promove uma manhã com momentos de espiritualidade para os agentes da Pastoral, com o tema “Senhor, ensina-me a fazer a tua vontade” (Salmo 118). O evento on-line acontecerá das 9h às 12h e será transmitido pela plataforma Google Meet. A abertura será feita pelo Padre João Mildner, Assessor Eclesiástico

da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo e no Regional Sul 1 da CNBB. O primeiro momento terá início às 9h30, com o tema “A teologia espiritual na prática do agente de Pastoral da Saúde”, conduzido pelo Padre Donato Fidanza Filho, da Diocese de São João da Boa Vista. Depois, haverá o testemunho do Padre Cesar Alberto dos Santos, Reitor do Santuário da Esperança, na Fazenda da Esperança, em Guaratinguetá (SP). Na sequência, será abordado o

tema “Como seguir Jesus sendo agente de Pastoral da Saúde”, conduzido pelo Diácono Vicente de Paulo Nogueira. Posteriormente a temática será “Servir”, apresentada pela professora Edméa Ribeiro Nogueira; e, por fim, o professor José Gimenes apresentará a estrutura e as ações da Pastoral da Saúde do estado de São Paulo. O acesso ao evento no dia 20 pode ser feito pelo seguinte link: https://cutt.ly/BTbD3qx. (por Redação, com informações da Pastoral da Saúde)

Você Pergunta É possível ser dizimista em duas paróquias? Padre Cido Pereira

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Essa questão me foi enviada pela Fátima, de Itapevi (SP). Minha irmã, já vi pela sua pergunta que você entende bem o sentido do dízimo como um gesto de gratidão, de corresponsabilidade na manutenção do templo, como uma participação no

anúncio do Evangelho e um gesto bonito de socorro aos pobres. Que bom, Fátima, que bonito é o seu testemunho! Antes de responder à sua pergunta, porém, permita-me dizer que não me parece correto negarmos o dízimo em nossas paróquias e pagar mensalidades caras a movimentos e associações. Pensemos nas dificuldades que têm muitas paróquias

para dar um salário digno aos funcionários, para manter a igreja em ordem, para investir na evangelização, para socorrer os pobres. O dízimo, mandamento bíblico, é para isso. Outra observação: nós, católicos, não devemos pagar o dízimo para receber mais, como se fosse um investimento. Nós, católicos, contribuímos com o dízi-

mo como uma devolução de tantos bens que recebemos de Deus. Dito isto, respondo à sua pergunta: contribua com o dízimo na paróquia que você frequentemente participa, na comunidade em que você é membro. Esta é sua obrigação. Se, porém, você entende que pode ser dizimista em outra paróquia, vá em frente. E que Deus a abençoe por isso!


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Legislativo paulista analisa a criação do ‘Dia em Memória às Vítimas do Aborto’ Luciney Martins/O SÃO PAULO

Daniel Gomes

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Tramita na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), desde o mês passado, o projeto de lei (PL) 704/2021, que propõe a instituição do “Dia em Memória às Vítimas do Aborto”, a ser celebrado anualmente em 28 de abril, como parte do calendário oficial do estado de São Paulo. O texto é de autoria do deputado Gil Diniz, que também foi autor do PL que resultou na Lei 17.433/2021, pela qual se estabelece a data de 8 de outubro como “Dia do Nascituro”. A legislação foi promulgada no dia 26 do mês passado pelo deputado Wellington Moura – à época presidente em exercício da Alesp –, após ter se esgotado o prazo para que o governador João Doria a sancionasse. “O fato de o Dia do Nascituro estar agora no nosso calendário oficial e o Dia em Memória às Vítimas do Aborto vir a integrá-lo é uma forma de o Estado reconhecer em lei que o nascituro é uma realidade, uma vida humana plena, e que as vítimas do aborto também são dolorosamente reais, vidas que falhamos em proteger, mas cuja memória iremos preservar”, disse Gil Diniz ao O SÃO PAULO.

Dias para ampla conscientização

O parlamentar ressalta que celebrar essas duas datas ajudará na conscientização, especialmente das mulheres, “prevenindo-as de praticar esta violência contra seus filhos e contra elas próprias”. No texto de justificativa do PL 704/2021, Diniz enfatiza que a realização de abortos é um “fracasso das políticas públicas de valorização, incentivo e proteção

à gravidez; fracasso da educação, pública e familiar, em transmitir aos jovens a primazia dos valores da vida e da família; fracasso do sistema penal em dar cumprimento à lei e localizar, fechar e levar à Justiça clínicas de aborto clandestinas, médicos e empresários criminosos que ganham muito dinheiro colocando em risco a vida de mulheres angustiadas e estraçalhando a frágil vida que elas carregam no útero”. À reportagem, o deputado estadual lembrou que com as datas fazendo parte do calendário oficial do estado, repartições administrativas, postos de saúde, hospitais e escolas, por exemplo, poderão promover para seus quadros e a população em geral iniciativas diversas, “desde a circulação de informes aos funcionários e usuários do serviço público, comunicando a existência das duas datas, o que dará ao nascituro e às vítimas do aborto a visibilidade que tanto lhes falta, como a realização de palestras, audiências, debates e eventos para promover a humanidade do nascituro e a cons-

cientização contra o aborto”. O parlamentar lembrou, ainda, que já é tradição entre os católicos celebrar o Dia do Nascituro em 8 de outubro, e que a escolha de 28 de abril para a memória às vítimas do aborto ocorre em alusão ao dia de Santa Gianna Beretta Molla (1922-1962), “que se recusou terminantemente a fazer um aborto, mesmo com os médicos lhe dizendo que era necessário realizá-lo para salvar sua própria vida. Ela levou adiante uma gravidez de risco, deu à luz sua filha e morreu alguns dias depois”, recordou.

Resistências

Diniz afirmou que, assim como se deu no processo de tramitação para criar o ‘Dia do Nascituro’, o PL 704/2021 já tem sofrido resistências, razão pela qual o parlamentar pede o apoio das entidades, associações religiosas e de todos os que são contra o aborto, seja para divulgar a recente lei, seja para que haja a aprovação do PL, fazendo contatos por telefone, e-mail ou redes sociais dos deputados da Alesp, “principalmente aqueles que compõem a Comissão de Constituição, Justiça e Redação onde o projeto está hoje, e cobrando a aprovação célere”, comentou, pedindo, ainda, orações em favor da aprovação. O parlamentar lembrou que os favoráveis à causa abortista têm chamado o PL e a recente lei de “escárnio, desrespeito e ofensa às mulheres. Respondo a essa acusação dizendo que, na base de ambos os projetos, está também o cuidado e a preocupação justamente com as mulheres”, argumentou. “A apologia ao aborto vive de duas estratégias: negar reconhecimento ao nascituro, tornando-o invisível, e tratá-lo como mero apêndice descartável do corpo da mulher”, ressaltou.

Reconhecimento da dignidade da vida intrauterina

Na avaliação de Lenise Garcia, doutora em Microbiologia e presidente do Movimento Brasil Sem Aborto, a existência de tais datas comemorativas ajuda no reconhecimento dos direitos do nascituro. “Existir um dia para as vítimas do aborto ressalta que elas são pessoas que precisam ser lembradas, pois existiram, tiveram

uma breve existência no ventre de suas mães e, portanto, merecem essa rememoração”, disse à reportagem. Ainda de acordo com Lenise, o ser humano, desde a concepção, deve ser respeitado como tal. “Ele já tem em si todas as características que serão desenvolvidas ao longo da gestação e por toda a vida. Assim, negar a humanidade ao feto porque ele ainda não se desenvolveu completamente é não reconhecer o fato de que a vida humana, o tempo todo, está em processo, vai se modificando, muitas coisas vão sendo incorporadas. Assim, a ética precisa reconhecer desde a concepção a dignidade do ser humano”, enfatizou.

Um falso benefício para a mulher

Coautora do livro “Abortos forçados – Como a legalização do aborto tira das mulheres seus direitos reprodutivos”, Lenise assegurou que é um equívoco se pensar que abortar seja algo benéfico às gestantes. “A mulher sofre muito com o aborto, tanto do ponto de vista físico – pois ela corre uma série de riscos a curto e longo prazo –, quanto do ponto de vista psicológico, uma vez que ficará afetada pelo aborto que realizou. Costumo dizer que a mulher até tira o filho do útero, mas não o tira da cabeça e do coração. É muito frequente, por exemplo, que essas mulheres, a cada ano, lembrem essa data, calculem a idade que aquele filho teria, ou seja, fica um marco negativo em sua vida. Já para as que não abortam, a presença do filho é algo consolador, por mais difíceis que tenham sido as circunstâncias. No caso concreto de uma gravidez resultante de um abuso sexual, mesmo com toda a dificuldade que exista, o testemunho que temos daquelas que levaram a termo a gravidez é que este filho, mais do que trazer uma recordação permanente daquele momento difícil – que é o que os favoráveis ao aborto dizem que aconteceria –, é realmente um consolo na vida delas, que o filho cura a ferida da agressão”, disse Lenise. A presidente do Movimento Brasil Sem Aborto comentou, ainda, que muitas vezes abortar não é uma decisão deliberada da mulher. “Ela acaba sendo induzida ou até forçada a fazer este aborto, seja pelo pai da criança, seja pelos familiares dela, seja por outras pessoas do entorno. Tudo isso coloca a gestante em uma situação de fragilidade, especialmente quando existe uma aceitação do aborto ou sua legalização. Assim, realmente precisamos de políticas públicas que ajudem as mulheres a levar a termo sua gravidez e depois que tenham condições adequadas para criar essa criança”, concluiu.

LEIA no site do o são paulo Por que ser contra o aborto é um compromisso cristão? https://cutt.ly/iTxJMvZ


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| 17 a 23 de novembro de 2021 | Pelo Brasil/Geral | 17

Arquidiocese de Olinda e Recife reinicia itinerário para o Congresso Eucarístico Nacional Daniel Gomes

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Um almoço comunitário servido para cerca de 400 pessoas em situação de rua na capital de Pernambuco e a missa presidida pelo Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo do Rio de Janeiro, marcaram, no domingo, 14, a retomada dos preparativos para o 18º Congresso Eucarístico Nacional (CEN) na Arquidiocese de Olinda e Recife. As atividades contaram com a participação do Arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, e do Bispo Auxiliar, Dom Limacêdo Antonio da Silva, além de cerca de 2 mil fiéis de diferentes paróquias da Arquidiocese. Antes da missa solene que demarcou o chamado relançamento do 18º CEN, houve uma procissão entre o Convento Santo Antônio até o altar montado no cruzamento das ruas do Imperador e 1º de Março. Na homilia, Dom Orani ressaltou que todo aquele que recebe a Eucaristia deve ter preocupação com o próximo, em especial os pobres, não só para lhes dar alimento, mas todas as condições para uma vida digna. Dom Fernando Saburido pediu a todos que ajudem a divulgar o 18º Con-

gresso Eucarístico Nacional, que leiam o texto-base e vivam com intensidade e entusiasmo todas as etapas preparatórias do Congresso e o evento em si. Após a missa, foi abençoada a futura sede da Casa do Pão, que irá fornecer diversos serviços às pessoas em situação de vulnerabilidade social, como assistências médica, jurídica e psicológica, cursos profissionalizantes, além de apoio religioso e alimentação. De acordo com o Secretário Geral do 18º CEN, Monsenhor Albérico Bezerra, a Casa do Pão tem como propósito a acolhida integral das pessoas a fim de atendê-las em suas necessidades básicas. “Que o pão da padaria não falte para

Entidades organizam ações para o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito Desde 2005, por iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU), o terceiro domingo de novembro é o Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, data que este ano será celebrada no dia 21. Por ano, 1,3 milhão de pessoas morrem em ocorrências de trânsito e 50 milhões ficam feridas. No Brasil, o número de mortes por ano é próximo de 33 mil, e outras 240 mil pessoas ficam com invalidez permanente, a maioria delas jovens, além de pelo menos outros 300 mil feridos leves. Os dados foram divulgados pelas entidades SOS Estradas e Trânsito Amigo, que organizam a celebração no Brasil do Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, além de estimular que se realizem ações específicas nas rodovias, assim como nas áreas urbanas, para tornar essa data um marco definitivo no calendário da preservação da vida no País. No site www.diamundial.com.br há outros materiais sobre a iniciativa e, também, é possível que as pessoas enviem depoimentos. Há, ainda, acesso ao projeto descritivo do Memorial das Vítimas, doado para a entidade Trânsito Amigo pelo arquiteto e paisagista Rubens Richter, atualmente com 92 anos. A obra contou também com a contribui-

ção do arquiteto Santiago Leal. Outros detalhes podem ser obtidos pelo e-mail vitimasdetransito@diamundial.com.br. O Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito foi celebrado no Brasil pela primeira vez em 2007. O propósito é aumentar a consciência pública em relação à perda de vidas no trânsito, além de estimular a sociedade e os governos a apoiarem e desenvolverem ações e políticas que permitam reduzir a quantidade de vítimas. Além disso, existe a intenção de que haja alguma iniciativa concreta, com uma caminhada reunindo não só familiares de vítimas dos sinistros de trânsito, mas também cidadãos que entendam que podem melhorar a segurança no trânsito para todos que transitam, seja a pé, de bicicleta, num veículo ou mesmo no transporte público. Em 2021, tem início também a nova Década de Ação pela Segurança no Trânsito, cuja meta é reduzir à metade o número de mortos até 2030. Em setembro, foi aprovado o Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito, diretriz nacional e governamental para que se alcance tal meta, que depende do engajamento de governos, entidades civis e empresas. (DG) (Com informações de SOS Estradas e Trânsito Amigo)

ninguém. Que essa Casa seja um sinal daquilo que queremos para um mundo novo de justiça e fraternidade”, desejou. Na ocasião, cerca de 3 mil pãezinhos foram distribuídos aos que estiveram presentes naquele dia. Inicialmente, o 18º Congresso Eucarístico Nacional aconteceria de 12 a 15 de novembro de 2020, porém em março de 2019, por causa da pandemia de COVID-19, foi adiado para 2021, e outro adiamento levou o evento para os dias 11 a 15 de novembro de 2022. Todas as informações sobre a atividade, suas etapas preparatórias e formas de participação podem ser consultadas em https://cen2020.com.br. Em todo o mundo, a Igreja Católica realiza congressos eucarísticos com o objetivo de professar e dar testemunho público da fé em Jesus Eucarístico e para adorar o Senhor em Espírito e Verdade (cf. Jo 4,23). A primeira edição ocorreu em Lille, na França, em 1881, por iniciativa de um grupo de leigos com o apoio de São Pedro Julião Eymard, com a participação de fiéis e bispos de vários países europeus. No Brasil, o primeiro CEN aconteceu em 1933, em Salvador (BA), e o mais recente em 2016, em Belém (PA).

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Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

Papa: os refugiados são o sinal e o rosto da esperança https://cutt.ly/XTb3asA Bispos da África Ocidental lançam ‘peregrinação on-line’ pela justiça https://cutt.ly/sTb3oKZ COVID-19: Ministério da Saúde reduz intervalo de dose de reforço e amplia público https://cutt.ly/sTb3txa 98,6% dos municípios adotaram isolamento social em 2020 https://cutt.ly/sTb3uCZ Alta dos preços leva endividamento a mais um recorde na capital paulista, em outubro https://cutt.ly/sTb96Ec Dom Odilo: ‘Que todas as pessoas desorientadas possam reencontrar a luz da verdade’ https://cutt.ly/HTb97cy

(Com informações da Arquidiocese de Olinda e Recife)

Divulgação


18 | Balanço | 17 a 23 de novembro de 2021 |

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Fundação Metropolitana Paulista CNPJ nº 50.50.951.847/0001-20

Relatório dos auditores independentes sobre as demonstrações financeiras Ao Conselho Deliberativo da Fundação Metropolitana Paulista São Paulo – SP

terceiros, as quais somente podem ser identificadas e, portanto, reconhecidas contabilmente, quando de seu efetivo crédito em conta bancária. Nossos exames nesta área abrangeram, exclusivamente, o confronto dos valores contabilizados com os respectivos depósitos bancários ou boletins de caixa.

Opinião

Responsabilidades da administração e da governança pelas demonstrações financeiras

Examinamos as demonstrações financeiras da Fundação Metropolitana Paulista (“Fundação”), que compreendem o balanço patrimonial em 31 de dezembro de 2020 e as respectivas demonstrações do resultado, do resultado abrangente, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa para o exercício findo nessa data, bem como as correspondentes notas explicativas, incluindo o resumo das principais políticas contábeis. Em nossa opinião, as demonstrações financeiras acima referidas apresentam adequadamente, em todos os aspectos relevantes, a posição patrimonial e financeira da Fundação Metropolitana Paulista em 31 de dezembro de 2020, o desempenho de suas operações e os seus fluxos de caixa para o exercício findo nessa data, de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, aplicáveis às pequenas e médias empresas (Resolução CFC nº 1.255/09, NBC TG 1000 (R1)) e entidades sem finalidade de lucros (Interpretação ITG 2002 (R1)). Base para opinião Nossa auditoria foi conduzida de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria. Nossas responsabilidades, em conformidade com tais normas, estão descritas na seção a seguir intitulada “Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações financeiras”. Somos independentes em relação à Fundação de acordo com os princípios éticos relevantes previstos no Código de Ética Profissional do Contador e nas normas profissionais emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade e cumprimos com as demais responsabilidades éticas de acordo com essas normas. Acreditamos que a evidência de auditoria obtida é suficiente e apropriada para fundamentar nossa opinião. Outros assuntos Auditoria das demonstrações financeiras do exercício anterior O exame das demonstrações financeiras referentes ao exercício findo em 31 de dezembro de 2019, apresentadas para fins comparativos, foi conduzido sob a responsabilidade de outro auditor independente, que emitiu relatório em 24 de junho de 2020, sem modificação e com parágrafo de Ênfase relacionada a incerteza dos impactos do Coronavírus (Covid-19) nas demonstrações financeiras. Recebimento de contribuições e doações – identificação A Fundação obteve parte de suas receitas por meio de contribuições e doações de

A Administração é responsável pela elaboração e adequada apresentação das demonstrações financeiras de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil, aplicáveis às pequenas e médias empresas (Resolução CFC nº 1.255/09, NBC TG 1000 (R1)) e Interpretação ITG 2002 (R1) – Entidades sem Finalidade de Lucros, assim como pelos controles internos que ela determinou como necessários para permitir a elaboração de demonstrações financeiras livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro. Na elaboração das demonstrações financeiras, a Administração é responsável pela avaliação da capacidade de a Fundação continuar operando, divulgando, quando aplicável, os assuntos relacionados com a sua continuidade operacional e o uso dessa base contábil na elaboração das demonstrações financeiras, a não ser que a Administração pretenda liquidar a Fundação ou cessar suas operações, ou não tenha nenhuma alternativa realista para evitar o encerramento das operações. Os responsáveis pela governança da Fundação são aqueles com responsabilidade pela supervisão do processo de elaboração das demonstrações financeiras. Responsabilidades do auditor pela auditoria das demonstrações financeiras Nossos objetivos são obter segurança razoável de que as demonstrações financeiras, tomadas em conjunto, estão livres de distorção relevante, independentemente se causada por fraude ou erro, e emitir relatório de auditoria contendo nossa opinião. Segurança razoável é um alto nível de segurança, mas não uma garantia de que a auditoria realizada de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria sempre detectam as eventuais distorções relevantes existentes. As distorções podem ser decorrentes de fraude ou erro e são consideradas relevantes quando, individualmente ou em conjunto, possam influenciar, dentro de uma perspectiva razoável, as decisões econômicas dos usuários tomadas com base nas referidas demonstrações financeiras. Como parte de uma auditoria realizada de acordo com as normas brasileiras e internacionais de auditoria, exercemos julgamento profissional, e mantivemos ceticismo profissional ao longo da auditoria. Além disso: • Identificamos e avaliamos os riscos de distorção relevante nas demonstrações financeiras, independentemente se causada por fraude ou erro, planejamos e executamos procedimentos de auditoria em resposta a tais riscos, bem como obtivemos evidência de auditoria apropriada e suficiente para fundamentar nossa opinião. O risco de não detecção de distorção relevante resultante de fraude é

maior do que o proveniente de erro, já que a fraude pode envolver o ato de burlar os controles internos, conluio, falsificação, omissão ou representações falsas intencionais; • Obtivemos entendimento dos controles internos relevantes para a auditoria para planejarmos procedimentos de auditoria apropriados nas circunstâncias, mas não com o objetivo de expressarmos opinião sobre a eficácia dos controles internos da Fundação; • Avaliamos a adequação das políticas contábeis utilizadas e a razoabilidade das estimativas contábeis e respectivas divulgações feitas pela Administração; • Concluímos sobre a adequação do uso, pela Administração, da base contábil de continuidade operacional e, com base nas evidências de auditoria obtidas, se existe uma incerteza significativa em relação a eventos ou circunstâncias que possa causar dúvida significativa em relação à capacidade de continuidade operacional da Fundação. Se concluirmos que existe incerteza significativa devemos chamar atenção em nosso relatório de auditoria para as respectivas divulgações nas demonstrações financeiras ou incluir modificação em nossa opinião, se as divulgações forem inadequadas. Nossas conclusões estão fundamentadas nas evidências de auditoria obtidas até a data de nosso relatório. Todavia, eventos ou condições futuras podem levar a Fundação a não mais se manter em continuidade operacional; • Avaliamos a apresentação geral, a estrutura e o conteúdo das demonstrações financeiras, inclusive as divulgações e se as demonstrações financeiras representam as correspondentes transações e os eventos de maneira compatível com o objetivo de apresentação adequada; • Obtivemos evidência de auditoria apropriada e suficiente, referente às informações financeiras das entidades ou atividades de negócio do grupo para expressar uma opinião sobre as demonstrações financeiras. Somos responsáveis pela direção, supervisão e desempenho da auditoria do grupo e, consequentemente, pela opinião de auditoria. Comunicamo-nos com os responsáveis pela governança a respeito, entre outros aspectos, do alcance planejado, da época da auditoria e das constatações significativas de auditoria, inclusive as eventuais deficiências significativas nos controles internos que identificamos durante nossos trabalhos. São Paulo, 27 de abril de 2021. Baker Tilly 4Partners Auditores Independentes S.S. CRC 2SP-031.269/O-1 Fábio Marchesini Contador CRC 1SP-244.093/O-1

Balanços patrimoniais

Demonstrações dos fluxos de caixa - Método direto

Demonstrações do resultado

Para os exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e de 2019 (Valores expressos em Reais)

Para os exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e de 2019 (Valores expressos em Reais)

Para os exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e de 2019 (Valores expressos em Reais)

ATIVO............................................................................. Notas 2020 2019 Ativo circulante Caixa e equivalentes de caixa................................... 4 161.691 8.527 Contas a receber....................................................... 5 311.991 350.062 Outros créditos.......................................................... - 40.800 15.724 Total do ativo circulante.............................................. 514.482 374.313 Ativo não circulante Imobilizado................................................................ 6 338.610 414.670 Intangível................................................................... - 8.371 11.055 Total do ativo não circulante....................................... 346.981 425.725 Total do ativo................................................................ 861.463 800.038

Notas 2020 2019 Passivo circulante Obrigações trabalhistas e sociais.............................. 7 340.306 335.817 Fornecedores............................................................ - 65.032 71.446 Empréstimo................................................................ 8 85.308 130.811 Outras contas a pagar............................................... - 22.837 14.180 Total do passivo circulante......................................... 513.483 552.254 Patrimônio líquido Patrimônio social....................................................... 10 247.784 636.522 Superávit do exercício............................................... - 100.196 Déficit do exercício.................................................... - - (388.738) Total do patrimônio líquido ........................................ 347.980 247.784 Total do passivo e patrimônio líquido ....................... 861.463 800.038

2020 2019 Fluxos de caixa das atividades operacionais Valores recebidos de clientes................................. 1.849.779 1.912.341 Doações recebidas................................................. 2.856.285 3.183.642 Valores pagos a empregados................................. (2.208.898) (2.344.868) Valores pagos a fornecedores................................ (2.181.768) (3.111.993) Valores pagos de obrigações tributárias, taxas e processos judiciais..................................... (1.861) (1.319) Outros pagamentos................................................ (8.795) (8.294) Caixa originado das (aplicado nas) operações...... 304.742 (370.491) Receitas financeiras recebidas............................... 356 2.588 Despesas bancárias............................................... (106.431) (180.637) Caixa líquido originado das (utilizado nas) atividades operacionais............................................ 198.667 (548.540) Fluxos de caixa das atividades de investimentos. Aplicações Financeiras – CDBs............................. - 117 Fluxo de caixa originado pelas atividades de investimento - 117 Fluxo de caixa das atividades de financiamento Saldo bancário a descoberto.................................. (45.503) 130.811 Fluxo de caixa (aplicado nas) originado das atividades de financiamento.................................... (45.503) 130.811 Aumento/ (redução) de caixa e equivalentes de caixa 153.164 (417.612) Caixa e equivalentes de caixa No início do exercício............................................. 8.527 426.139 No final do exercício............................................... 161.691 8.527 Aumento/ (redução) de caixa e equivalentes de caixa 153.164 (417.612)

Notas 2020 2019 Receita operacional líquida.................................... 12 4.820.573 5.328.044 Custo dos serviços prestados................................ 13 (1.048.268) (1.812.326) Lucro bruto........................................................... 3.772.305 3.515.718 Receitas/(despesas) operacionais: Despesas com pessoal..................................... 14 (2.198.317) (2.345.822) Despesas administrativas, comerciais e gerais. 15 (1.287.096) (1.290.737) Despesas com depreciação e amortização....... - (78.744) (87.442) Outras despesas operacionais.......................... - (1.877) (2.523) Lucro (prejuízo) antes das despesas e receitas financeiras............................................ 206.271 (210.806) Despesas financeiras........................................ 16 (106.431) (180.637) Receitas financeiras.......................................... 16 356 2.705 Resultado financeiro líquido............................... (106.075) (177.932) Superávit (Déficit) do exercício........................... 100.196 (388.738)

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO Balanços patrimoniais em 31 de dezembro de 2020 e de 2019 (Valores expressos em Reais)

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstrações do resultado abrangente Para os exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e de 2019 (Valores expressos em Reais)

2020

Superávit (Déficit) do exercício...................................

2019

100.196

(388.738)

Outros resultados abrangentes .............................

-

Resultados abrangentes do exercício.....................

100.196

(388.738)

-

As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Demonstrações das mutações do patrimônio líquido Para os exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e de 2019 (Valores expressos em Reais)

Patrimônio Superávit Déficit do Total social do exercício exercício Saldos em 31 de dezembro de 2018 ....................................................................... 160.747 475.775 - 636.522 Incorporação do superávit do exercício anterior .................................................. 475.775 (475.775) - Déficit do exercício ............................................................................................... - - (388.738) (388.738) Saldos em 31 de dezembro de 2019 ....................................................................... 636.522 - (388.738) 247.784 Incorporação do déficit do exercício anterior ....................................................... (388.738) - 388.738 Superávit do exercício .......................................................................................... - 100.196 - 100.196 Saldos em 31 de dezembro de 2020 ....................................................................... 247.784 100.196 - 347.980 As notas explicativas são parte integrante das demonstrações financeiras.

Notas explicativas às demonstrações financeiras Para os exercícios findos em 31 de dezembro de 2020 e de 2019 (Valores expressos em Reais)

1. Contexto operacional A Fundação Metropolitana Paulista é uma Entidade sem fins lucrativos, mantenedora da Rádio 9 de Julho e do Jornal “O São Paulo”, fundada em 23 de maio de 1962. A Fundação tem por finalidade propugnar pela formação cívica, moral, cultural e religiosa do povo brasileiro. A Fundação cumpre seus objetivos sociais, aplicando integralmente no país os recursos por ela gerados em jornais, rádios, emissoras e serviço de televisão, prestando relevantes serviços à comunidade na qual está inserida, com destacada atuação na área social. Dentre as principais atividades desenvolvidas destacam-se os serviços subsidiários de natureza assistencial para o povo em geral, sem distinção de espécie alguma. A Fundação está isenta da tributação do imposto de renda e da contribuição social de acordo com a Lei nº 9.532/97, que estabelece no seu art. 15, que a Fundação deverá reunir as seguintes condições, cumulativamente, para fazer jus a essa isenção:

a) Não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços prestados;

b) Aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvimento dos seus objetivos sociais;

c) Manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;

d) Conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas receitas e a efetivação de suas despesas, assim como, a realização de quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situação patrimonial; e

e) Apresentar, anualmente, a declaração de rendimentos.

Todas as condições apresentadas são rigorosamente atendidas pela Instituição.

em diversos setores da economia. O impacto final na economia global e nos mercados financeiros é esperado com retração dos Produtos Internos Brutos - PIB das maiorias dos países, incluindo o Brasil. A Administração promoveu a implantação do distanciamento dentro da Fundação, a distribuição de álcool gel em todos os ambientes e a implementação de alterações nas rotinas de trabalho, visando a segurança de seus colaboradores e a manutenção de suas operações. Mesmo diante dos desafios promovidos pela pandemia, a Fundação conseguiu manter um nível satisfatório de receitas, providas principalmente pela “Rádio 9 de Julho” e por doações. Adicionalmente, ações de austeridade e controle de custos foram tomadas para que houvesse o equilíbrio financeiro, resultando em reduções significativas nas rubricas de “custo com reportagens e apresentação”, “impressões”, “brindes” e “propaganda e publicidade”, conforme demonstrado na nota explicativa 15. O conjunto dessas ações possibilitou que a Fundação apresentasse superavit do exercício de 2020 e acumulasse recursos financeiros, melhorando sua liquidez. As perspectivas para 2021 ainda são incertas, não havendo estimativa concreta para o término da pandemia em curso tampouco a retomada normal das atividades. A Administração considera que tem gerido de forma adequada os recursos existentes, minimizando os impactos financeiros, e que dispõem de liquidez e apoio da comunidade católica para enfrentar eventuais agravamentos que podem ocorrer nos próximos meses.

As demonstrações financeiras foram elaboradas com apoio em diversas bases de avaliação utilizadas nas estimativas contábeis. As estimativas contábeis envolvidas na preparação das demonstrações financeiras foram apoiadas em fatores objetivos e subjetivos, com base no julgamento da Administração para determinação do valor adequado a ser registrado nas demonstrações financeiras. Itens significativos sujeitos a essas estimativas e premissas incluem a seleção de vidas úteis do ativo imobilizado e de sua recuperabilidade nas operações, análise do risco de crédito para determinação da provisão para crédito de liquidação duvidosa, assim como da análise dos demais riscos para determinação de outras provisões, inclusive para contingências. A liquidação das transações envolvendo essas estimativas poderá resultar em valores divergentes dos registrados nas demonstrações financeiras devido ao tratamento probabilístico inerente ao processo de estimativa. A Fundação revisa suas estimativas e premissas anualmente. 2.3. Moeda funcional e de apresentação das demonstrações financeiras A moeda funcional da Fundação é o Real, mesma moeda de preparação e apresentação das demonstrações financeiras. 2.4. Mensuração de valor O resultado das operações (receitas, custos e despesas) é apurado em conformidade com o regime contábil de competência dos exercícios, utilizando o custo histórico para sua mensuração. 2.5. Continuidade operacional A Administração avaliou a capacidade da Fundação em continuar operando normalmente e está convencida de que ela possui recursos para dar continuidade a seus negócios no futuro. A Administração entende que, mesmos diante das incertezas provocadas pela COVID-19 e sua provável extensão por todo o exercício de 2021, não existe incerteza material que possa gerar dúvidas significativas sobre a sua capacidade de continuar operando. Assim, estas demonstrações financeiras foram preparadas com base no pressuposto de continuidade. 3. Políticas contábeis

2. Base de elaboração e apresentação das demonstrações financeiras e principais práticas contábeis 2.1. Declaração de conformidade e aprovação das demonstrações financeiras

Em 30 de janeiro de 2020, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou estado de emergência global em razão da disseminação da COVID-19.

As demonstrações financeiras da Fundação para o exercício findo em 31 de dezembro de 2020 foram elaboradas de acordo com as práticas contábeis adotadas no Brasil para pequenas e médias empresas (NBC TG 1000 (R1)) e para entidades sem fins lucrativos (Resolução CFC 1.409/12 - ITG 2002 (R1)).

Em 11 de março de 2020, ela declarou a COVID-19 como um surto pandêmico. Desde março de 2020 até 31 de dezembro de 2020, as autoridades governamentais de várias jurisdições impuseram confinamento ou outras restrições para conter o vírus, ocasionando a suspensão ou redução de atividades de empresas

As demonstrações financeiras da Fundação Metropolitana Paulista do exercício findo em 31 de dezembro de 2020 foram autorizadas para emissão por sua diretoria em 27 de abril de 2021, considerando os eventos subsequentes ocorridos até esta data.

1.1 Impactos do COVID-19 (Coronavírus)

2.2. Base de apresentação das demonstrações financeiras

3.1. Instrumentos financeiros – reconhecimento inicial e mensuração 3.1.1..Ativos financeiros – reconhecimento e mensuração Os ativos financeiros da Fundação são classificados como ativos financeiros a valor justo por meio do resultado. A Fundação determina a classificação dos seus ativos financeiros no momento do seu reconhecimento inicial. Ativos financeiros são reconhecidos inicialmente ao valor justo, acrescidos, dos custos de transação que sejam diretamente atribuíveis à aquisição do ativo financeiro. Os ativos financeiros da Fundação incluem caixa e equivalentes de caixa e contas a receber.


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| 17 a 23 de novembro de 2021 | Balanço | 19

Fundação Metropolitana Paulista 3.1.2..Passivos financeiros – reconhecimento e mensuração

5.1. Composição do saldo a receber por vencimento

Os passivos financeiros da Fundação são classificados como passivos financeiros a valor justo por meio do resultado. A Fundação determina a classificação dos seus passivos financeiros no momento do seu reconhecimento inicial.

2020 2019 A vencer 153.690 137.021 Vencidos até 30 dias 15.926 6.760 Vencidos de 31 a 60 dias 6.326 25.334 Vencidos de 61 a 90 dias 4.214 2.600 Vencidos de 91 a 120 dias 4.814 17.580 Vencidos de 121 a 180 dias 20.459 18.560 Vencidos de 181 a 360 dias 106.562 142.207 Vencidos acima de 360 dias 303.047 148.384 615.038 498.446

Os passivos financeiros da Fundação incluem contas a pagar a fornecedores, outras contas a pagar e empréstimos (conta garantida). 3.2. Apuração do resultado – receitas e despesas As receitas oriundas de doações são registradas mediante documento hábil, quando da efetiva entrada dos recursos. Todas as demais receitas, custos e despesas necessárias à manutenção das suas atividades são registradas pelo regime de competência. A Fundação reconhece a receita quando o valor pode ser mensurado com segurança e é provável que benefícios econômico-futuros fluirão para a Associação.

3.3. Caixas e equivalentes de caixa

A provisão para créditos de liquidação duvidosa é avaliada com base na análise individual de riscos dos créditos, contemplando o histórico de perdas, a situação individual dos clientes e/ou grupos econômicos ao qual pertencem, garantias reais e, a avaliação dos consultores jurídicos. A Fundação considera, principalmente, para reconhecimento da referida provisão os valores vencidos acima de 360 dias, conforme demonstrado a seguir:

Incluem caixa e saldos positivos em contas correntes mantidas junto às instituições financeiras. A Fundação considera equivalentes de caixa uma aplicação financeira de conversibilidade imediata em um montante conhecido de caixa e, estando sujeita a um insignificante risco de mudança de valor. Por conseguinte, um investimento, normalmente, se qualifica como equivalente de caixa quando tem vencimento de curto prazo, como por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da contratação. 3.4. Contas a receber Um recebível representa o direito da Fundação a um valor de contraprestação incondicional, ou seja, faz-se necessário somente o transcorrer do tempo para que o pagamento da contraprestação seja devido. O reconhecimento do ajuste para créditos de liquidação duvidosa foi constituído em montante considerado suficiente pela Administração para fazer face a eventuais perdas em sua realização. 3.5. Imobilizado É registrado pelo custo histórico de aquisição. As depreciações foram computadas pelo método linear e reconhecidas no resultado do exercício de acordo com as taxas informadas na Nota Explicativa nº 8. Os ganhos e as perdas de alienações são determinados pela comparação dos resultados com o valor contábil e são reconhecidos em “Outras receitas (despesas), líquidas” na demonstração do resultado. 3.6. Provisões

3.6.1 Geral

Provisões são reconhecidas quando a Fundação tem uma obrigação presente em consequência de um evento passado, é provável que benefícios econômicos sejam requeridos para liquidar a obrigação e uma estimativa confiável do valor da obrigação possa ser feita. A despesa relativa a qualquer provisão é apresentada na demonstração do resultado.

3.6.2. Provisões para riscos tributários, cíveis e trabalhistas

A Fundação é parte em processos judiciais. Provisões são constituídas para todas as contingências referentes a processos judiciais para os quais é provável que uma saída de recursos seja feita para liquidar a contingência/obrigação e uma estimativa razoável possa ser feita. A avaliação da probabilidade de perda inclui a avaliação das evidências disponíveis, a hierarquia das leis, as jurisprudências disponíveis, as decisões mais recentes nos tribunais e sua relevância no ordenamento jurídico, bem como a avaliação dos advogados externos. As provisões são revisadas e ajustadas para levar em conta alterações nas circunstâncias, tais como prazo de prescrição aplicável, conclusões de inspeções fiscais ou exposições adicionais identificadas com base em novos assuntos ou decisões de tribunais. 3.7. Classificação de correntes e não corrente A Fundação apresenta ativos e passivos nas demonstrações financeiras com base na classificação circulante e não circulante. Um ativo é classificado no circulante quando:

• Se espera realizá-lo ou se pretende vendê-lo ou consumi-lo no ciclo operacional normal;

For mantido principalmente para negociação;

Se espera realizá-lo dentro de 12 meses após o período de divulgação;

• Caixa ou equivalentes de caixa, a menos que haja restrições quando a sua troca ou seja utilizado para liquidar um passivo por, pelo menos, 12 meses após o período de divulgação.

Todos os demais ativos são classificados como não circulantes. Um passivo é classificado no circulante quando:

Se espera liquidá-lo no ciclo operacional normal;

For mantido principalmente para negociação;

Se espera realizá-lo dentro de 12 meses após o período de divulgação;

• Não há direito incondicional para diferir a liquidação do passivo por, pelo menos, 12 meses após o período de divulgação.

Todos os demais passivos são classificados como não circulantes.

3.8. Ajuste a Valor Presente (AVP) de ativos e passivos Os ativos e passivos monetários de longo prazo são atualizados monetariamente e, portanto, estão ajustados pelo seu valor presente. O ajuste a valor presente de ativos e passivos monetários de curto prazo é calculado, e somente registrado, se considerado relevante em relação às demonstrações financeiras tomadas em conjunto. Para fins de registro e determinação de relevância, o ajuste a valor presente é calculado levando em consideração os fluxos de caixa contratuais e a taxa de juros explícita, e em certos casos implícita, dos respectivos ativos e passivos. Com base nas análises efetuadas e na melhor estimativa da administração, a Fundação concluiu que o ajuste a valor presente de ativos e passivos monetários circulantes é irrelevante em relação às demonstrações financeiras tomadas em conjunto e, desta forma, não registrou nenhum ajuste. 3.9. Perda por redução ao valor recuperável de ativos não financeiros A administração revisa anualmente o valor contábil líquido dos ativos com o objetivo de avaliar eventos ou mudanças nas circunstâncias econômicas, operacionais ou tecnológicas que possam indicar deterioração ou perda de seu valor recuperável. Sendo tais evidências identificadas e tendo o valor contábil líquido excedido o valor recuperável, é constituída provisão para desvalorização ajustando o valor contábil líquido ao valor recuperável. O valor recuperável de um ativo ou de determinada unidade geradora de caixa é definido como sendo o maior entre o valor em uso e o valor líquido de venda. A Fundação avalia periodicamente o efeito desse procedimento nas demonstrações financeiras, reconhecendo os ajustes necessários quando da ocorrência de indícios. 3.10. Demonstrações dos fluxos de caixa As demonstrações dos fluxos de caixa foram preparadas pelo método direto e estão apresentadas de acordo com o pronunciamento contábil aplicável as pequenas e médias empresas (NBC TG 1000 (R1)). 4. Caixa e equivalentes de caixa 2020 2019 Caixa 2.171 1.827 Bancos conta movimento 2 2 Aplicações financeiras 159.518 6.698 161.691 8.527 As aplicações financeiras estão representadas substancialmente por aplicações em fundos de investimentos (renda fixa), com remunerações próximas dos Certificados de Depósitos Interbancários (CDIs). As aplicações podem ser resgatadas a qualquer tempo sem prejuízo da remuneração apropriada. 5. Contas a receber 2020 2019 Clientes 615.038 498.446 Provisão de créditos de liquidação duvidosa (303.047) (148.384) 311.991 350.062 O saldo de contas a receber de clientes representa os créditos em aberto dos serviços prestados pela Rádio 9 de Julho.

5.2. Provisão para Perdas Estimadas em Crédito de Liquidação Duvidosa (PECLD)

2020 2019 Saldo inicial (148.384) (133.349) Complemento de PECLD (154.663) (15.035) Saldo final (303.047) (148.384) 6. Imobilizado Taxa anual Descrição depreciação 2020 2019 Máquinas e equipamentos 10% 459.737 459.737 Móveis e utensílios 10% 95.833 95.833 Equipamentos de informática 20% 159.965 159.965 Veículos 20% 26.985 26.985 Aparelhos telefônicos 10% 3.343 3.343 Instalações 10% 42.696 42.696 Benfeitorias em imóveis de terceiros 10% 388.000 388.000 1.176.559 1.176.559 Depreciação acumulada (837.949) (761.889) Imobilizado líquido 338.610 414.670 6.1. Movimentação do custo

Não foram realizadas aquisições de ativos durante os exercícios de 2020 e 2019.

6.2. Movimentação da depreciação Depreciação 2018 Máquinas e equipamentos (365.467) Móveis e utensílios (44.393) Equipamentos de informática (124.257) Veículos (10.794) Aparelhos telefônicos (3.343) Instalações (42.696) Benfeitorias em imóveis de terceiros (86.181) (677.131)

Adições 2019 Adições 2020 (24.167) (389.634) (21.665) (411.299) (7.118) (51.511) (7.030) (58.541) (14.673) (138.930) (8.565) (147.495) - (10.794) - (10.794) - (3.343) - (3.343) - (42.696) - (42.696) (38.800) (124.981) (38.800) (163.781) (84.758) (761.889) (76.060) (837.949)

7. Obrigações trabalhistas e tributárias 2020 2019 Salários a pagar 88.928 92.180 Férias e encargos a pagar 210.656 192.436 INSS sobre a folha de pagamento a recolher 22.612 36.262 FGTS a recolher 14.391 11.449 PIS sobre a folha de pagamento a recolher 2.773 2.851 Contribuição sindical/assistencial a pagar 826 520 Outras obrigações trabalhistas e sociais 120 119 340.306 335.817 8. Empréstimo Instituição financeira Natureza Taxa.de juros 2020 2019 Banco Bradesco S.A. Conta garantida 17,74% a.a. 85.308 130.811

13. Custo dos serviços prestados 2020 2019 Custos com direitos autorais (686.606) (673.968) Custos com reportagem e apresentação (98.822) (194.040) Impressões (78.872) (483.402) Comissões sobre vendas (68.736) (27.023) Correios e malotes (41.617) (59.836) Brindes (41.102) (233.127) Propaganda e publicidade (19.975) (108.821) Combustíveis (12.538) (30.768) Outros custos com serviços - (1.341) (1.048.268) (1.812.326) 14. Despesas com pessoal 2020 2019 Salário e ordenados (1.082.154) (1.096.078) Encargos sociais (405.306) (428.416) Benefícios sociais (224.902) (312.703) Férias (130.414) (134.904) Côngruas (109.674) (157.684) 13º Salário (98.920) (95.957) Rescisão contratual (81.593) (103.994) Outras despesas com pessoal (65.354) (16.086) (2.198.317) (2.345.822) 15. Despesas administrativas, comerciais e gerais 2020 2019 Energia elétrica (501.587) (551.718) Serviços prestados - Pessoa jurídica (360.997) (359.092) Provisão para créditos de liquidação duvidosa (154.663) (15.035) Serviços prestados - Pessoa física (123.035) (132.335) Manutenção de máquinas e equipamentos (31.866) (37.968) Telecomunicações (25.298) (45.126) Locação de máquinas e equipamentos (24.338) (49.904) Alimentação (8.148) (14.480) Seguros (8.127) (8.903) Materiais de informática (7.640) (276) Material de escritório (7.410) (7.512) Donativos e auxílios (6.887) (6.173) Utilidade copa e cozinha (3.252) (11.664) Bens de natureza permanente (1.778) (6.603) Condução (369) (1.317) Festividades e homenagens - (120) Outras despesas administrativas (11.684) (36.818) Outras despesas com manutenção (10.017) (5.693) (1.287.096) (1.290.737) 16. Resultado financeiro líquido 2020 2019 Receitas financeiras Juros sobre aplicações financeiras 184 510 Outras receitas financeiras 172 2.195 356 2.705 Despesas financeiras Gerais de cobrança (101.475) (168.696) Impostos rendimentos aplicação financeira (42) (142) Outras despesas financeiras (4.914) (11.799) (106.431) (180.637) Resultado financeiro líquido (106.075) (177.932) 17. Gestão dos riscos e valorização dos instrumentos financeiros 17.1. Valorização dos instrumentos financeiros Os instrumentos financeiros correntemente utilizados pela Fundação restringemse, principalmente, a operações de caixa e equivalentes, contas a receber, fornecedores e empréstimo em condições normais de mercado, estando reconhecidos nas demonstrações financeiras pelos critérios descritos na nota explicativa nº 3. Estes instrumentos são administrados por meio de estratégias operacionais, visando a liquidez, rentabilidade e minimização de riscos. Os principais instrumentos financeiros ativos e passivos em 31 de dezembro de 2020 são descritos a seguir, bem como os critérios para sua valorização:

• Caixa e equivalentes de caixa: os saldos em conta corrente mantidos em bancos de primeira linha têm seus valores de mercado aproximados aos saldos contábeis. Para as aplicações financeiras, o valor de mercado foi apurado com base nas cotações de mercado desses títulos na data-base do balanço. As taxas pactuadas refletem as condições usuais de mercado;

• Fornecedores: os valores reconhecidos representam a parcela em Reais dos valores de aquisição de serviços;

Recursos disponibilizados para suprir as necessidades financeiras de capital de giro da Fundação. Essas operações são realizadas a uma taxa anual média de 17,74%, sendo apresentado como garantia aval da mantenedora. 9. Provisão para demandas judiciais e riscos De acordo com a legislação vigente, os livros fiscais e as transações da Fundação estão sujeitos a revisão pelas autoridades fiscais, retroativamente, por períodos variáveis de tempo, com referência aos tributos federais, estaduais e contribuições trabalhistas. A Administração da Fundação avalia periodicamente, em conjunto com seus assessores jurídicos, os riscos envolvidos e, para 31 de dezembro de 2020 não possuía demandas judiciais classificadas como risco de perda provável para reconhecimento de respectiva provisão. A Fundação possui em andamento outras ações passivas de naturezas trabalhista, que não estão provisionadas, pois envolvem risco de perda classificado pelos seus assessores legais como possível, no montante de R$187.278 em 31 de dezembro de 2020.   10. Patrimônio social O patrimônio social é apresentado em valores atualizados e compreende a somatória de: (i) todos os bens constantes na escritura de instituição da Fundação, conforme escritura de alteração e consolidação dos estatutos da Fundação registrado, microfilmado e digitalizado no 3º Oficial de Registro de Títulos e Documentos Civil de Pessoa Jurídica, sob o nº 481.831, em 07 de abril de 2004; e (ii) dos superávits e/ou déficits apurados anualmente. Os recursos da Fundação foram aplicados em suas finalidades institucionais, em conformidade com seu estatuto social, demonstrados pelas suas despesas e investimentos patrimoniais. 11. Impostos e contribuições – isenções e imunidades 11.1. Imposto de Renda Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro (CSLL) Em virtude de ser uma Fundação sem fins lucrativos, goza do benefício de isenção do pagamento dos tributos federais incidentes sobre o resultado, de acordo com os Artigos 167 a 174 do Regulamento de Imposto de Renda aprovado pelo Decreto nº 3.000 de 26/03/99 e o Artigo 195 da Constituição Federal. 11.2. Programa para Integração Social (PIS) Em virtude de ser uma Fundação sem fins lucrativos, está sujeita ao pagamento da contribuição para o PIS calculada sobre a folha de salários à alíquota de 1% de acordo com a Lei nº 9.532/97. 11.3. Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (COFINS) Em virtude de ser uma Associação sem fins lucrativos, goza do benefício de isenção do pagamento da COFINS incidente sobre as receitas relativas às atividades próprias da Fundação, de acordo com as Leis nº 9.718/98 e nº 10.833/03. 11.4. Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) A Fundação está recolhendo a quota patronal incidente sobre a folha de pagamento.   12. Receita operacional líquida 2020 2019 Receita da Rádio 9 de Julho 1.964.288 1.996.445 Donativos e auxílios 2.856.285 3.184.642 Receita do Jornal ‘O São Paulo’ - 146.957 4.820.573 5.328.044

ontas a receber: as contas a receber de clientes são avaliadas pelo valor de C realização e são deduzidas da provisão para créditos de liquidação duvidosa;

Empréstimos: os valores de mercado para os empréstimos são próximos aos dos saldos contábeis, sendo atualizados conforme cláusulas previstas nos contratos.

17.2. Operações com instrumentos derivativos A Fundação não efetuou operações em caráter especulativo, seja em derivativos, ou em quaisquer outros ativos de risco. Em 31 de dezembro de 2020 não existiam saldos ativos ou passivos protegidos por instrumentos derivativos. 17.3. Considerações sobre riscos

Gestão de risco de capital

O objetivo da Fundação, ao administrar seu capital, são os de salvaguardar a adequada aplicação dos recursos oriundos de serviços de publicidade e doações, para proporcionar a continuidade da Fundação e garantia às demais partes interessadas, além de manter uma adequada estrutura de capital.

Riscos de crédito

Risco de crédito é o risco de a Fundação incorrer em perdas decorrentes de um cliente ou de uma contraparte em um instrumento financeiro, decorrentes da falha destes em cumprir com suas obrigações contratuais. O risco é basicamente proveniente das contas a receber de clientes. A Fundação possui política de aprovação de crédito, trabalhando com prazos curtos de recebimento, minimizando assim qualquer possibilidade de volumes relevantes de inadimplência. Quanto ao risco de credito associado às aplicações financeiras e equivalentes de caixa, a Fundação somente realiza operações em instituições com baixo risco avaliadas por agências independentes de classificação (“rating”).

Riscos de liquidez

É o risco de a Fundação não possuir recursos líquidos suficientes para honrar seus compromissos financeiros, em decorrência de descasamento de prazo ou de volume entre os recebimentos e pagamentos previstos. Para administrar a liquidez do caixa em moeda nacional e estrangeira, são estabelecidas premissas de desembolsos e recebimentos futuros, sendo monitoradas diariamente pela área de tesouraria. Risco operacional A Fundação efetua, principalmente, a administração da Rádio 9 de Julho e o Jornal ‘O São Paulo’ que tem por objetivo propugnar pela formação cívica, moral, cultural e religiosa do povo brasileiro, sendo que sua atividade está relacionada diretamente com as receitas derivadas de seus serviços de publicidade e em maior parte as doações recebidas de pessoas físicas e jurídicas para manutenção de suas atividades.   18. Seguros (não auditado) A Fundação adota a política de contratar cobertura de seguros para os bens sujeitos a riscos por montantes considerados suficientes para cobrir eventuais sinistros, considerando a natureza de sua atividade. Conselho curador Dom Odilo Pedro Scherer - Presidente Padre Zacarias José de Carvalho Paiva Membro do Conselho Curador

Dom Devair Araujo da Fonseca Membro do Conselho Curador

Edivaldo Batista da Silva Contador - CRC 1SP212622/O-2


20 | Reportagem | 17 a 23 de novembro de 2021 |

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Medo de ‘cancelamento’ faz com que jovens evitem falar sobre política nas redes sociais A cada dez entrevistados pelo Ipec, 6 evitam falar do tema nas redes; entretanto, maioria entre 16 e 18 anos deseja votar nas eleições de 2022. Especialistas temem que polarizações afastem os mais jovens das discussões sobre assuntos de interesse do bem comum Ira Romão

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Pesquisa do Ipec (Inteligência em Pesquisa e Consultoria, nova denominação do antigo Ibope) feita com jovens de 16 a 34 anos aponta que seis em cada dez entrevistados não falam sobre política nas mídias sociais por medo de serem julgados, tratados de forma agressiva ou “cancelados”, prática da era digital que promove a exclusão de uma pessoa. O objetivo do “cancelamento” é punir a pessoa por algo que ela tenha dito ou compartilhado em seus perfis, e que despertou reprovação ou repúdio em outros indivíduos. Encomendado pelo movimento cívico global Avaaz e pela Fundação Tide Setubal, o estudo ouviu 1.008 jovens, entre 18 e 21 de setembro, e retrata como eles percebem a política nacional. A pesquisa indica que 20% desses jovens desconhecem as instituições brasileiras, como o Congresso Nacional ou o Supremo Tribunal Federal (STF); 80% consideram que o debate político é agressivo e intolerante. No entanto, 82% dos entrevistados entre 16 e 18 anos estão interessados em tirar o título de eleitor para votar nas próximas eleições, mesmo antes de atingir a idade obrigatória. “O estudo mostra, principalmente, que os jovens têm interesse genuíno por política. Eles têm fome de participação política, mas estamos servindo para eles um prato de intolerância e discussões desrespeitosas. Isso está fazendo com que eles tenham medo de aprender política”, opina Nana Queiroz, responsável sênior de campanhas na Avaaz.

Desigualdade educacional

No mundo da política, a polarização está relacionada à disputa entre grupos com divergências ideológicas.

desses ataques”, comenta Maria Gorete, reforçando que o “cancelamento” gera enorme preocupação para essa geração porque é uma forma de ser retirado do meio e da convivência dos pares. A socióloga lembra que as últimas eleições foram marcadas pelo acirramento dessa polarização, o que rendeu sérias consequências. “Uma delas, e talvez uma das mais graves, seja a produção de desinformação, por meio das fake news, que distorce informações essenciais para uma vida democrática saudável.” “O que de fato defende a direita? O que de fato defende a esquerda? O que é ser de direita ou de esquerda?”, questiona a pesquisadora. “Esse tipo de discussão reduz enormemente as pautas defendidas por esses campos políticos ideológicos e não contribuem para o debate mais aprofundado sobre quais políticas são necessárias para construirmos a sociedade que desejamos”, avalia. Maria Gorete alerta que a desinformação “é o cenário perfeito para um desastre do sistema democrático. A qualidade da informação e sua idoneidade é

Segundo o estudo do Ipec, 69% dos jovens consideram que a direita é intolerante e agressiva com quem pensa diferente e 66% têm a mesma percepção sobre a esquerda. Além disso, 58% dos entrevistados concordam que a divisão entre direita e esquerda na política não faz sentido. Para Maria Gorete Marques de Jesus, socióloga, especialista em Direitos Humanos e pesquisadora do Núcleo de Estudos da Violência da USP (NEV/USP), esses números refletem o que a sociedade brasileira tem vivido nos últimos anos. “Pelo menos desde 2013 têm sido frequentes os ataques a quem se posiciona de forma diferente. A ampliação do acesso à internet e às redes sociais potencializou isso, ampliando a dimensão e efeitos

um direito humano importante para que consigamos construir uma vida política em que é possível viver com a diferença e pluralidade. Contudo, parece que a juventude está atenta a isso, e a pesquisa mostra essa preocupação”. Nana Queiroz frisa que a política não está respondendo aos anseios e às preocupações dos jovens. “Parece que os políticos estão falando um idioma e os jovens, outro”, comenta. “Se insistirmos nessa polarização sem sentido, vamos acabar perdendo nossos jovens para a apatia ou para o radicalismo. Qualquer sociedade em que os jovens não participam da política é uma sociedade sem perspectiva de futuro.” Para Black, o grande desafio é criar um

Márcio Black, coordenador do programa de Democracia e Cidadania Ativa da Fundação Tide Setubal, considera que os dados refletem a desigualdade educacional no Brasil. “Hoje, temos um tipo de escola que não forma para a cidadania. Os jovens acabam não conhecendo de fato o funcionamento das instituições e como se organiza o pacto federativo no Brasil”, discorre Black. “Os espaços históricos de formação política, partidos, sindicatos e os grêmios estudantis perderam esse papel. Não estamos sendo capazes de articular novos espaços”, avalia. Apesar disso, Black acredita que as escolas e os demais lugares em que os jovens se sociabilizam continuam sendo espaços de formação política. “Uma parte passa pela Igreja, outra pelos espaços de promoção de cultura, esporte etc.”

Polarização

contexto de espaço cívico que seja mais amigável para acomodar os jovens que têm interesse pela política e depois olhar para as escolas como espaços de forma cidadã para despertar o interesse deles pela cidadania. “Temos que ter um espaço cívico que seja capaz de gerar uma boa experiência de ação política nesses jovens.”

Política: campo de valorização da pessoa, não de polarizações

De acordo com o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI), a participação do cidadão na vida comunitária é “uma das pilastras de todos os ordenamentos democráticos, além de ser uma das maiores garantias de permanência da democracia [...] toda democracia deve ser participativa [cf. encíclica Centesimus annus, 46]. Isso implica que os vários sujeitos da comunidade civil, em todos os seus níveis, sejam informados, ouvidos e envolvidos no exercício das funções que ela desempenha” (CDSI, 190). O Compêndio faz menção à encíclica Centesimus annus, de São João Paulo II, para lembrar que a “‘Igreja encara com simpatia o Rawpixel/Freepik sistema da democracia, enquanto assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibilidade quer de escolher e controlar os próprios governantes, quer de substituí -los pacificamente, quando tal se torne oportuno; ela não pode, portanto, favorecer a formação de grupos restritos de dirigentes, que usurpem o poder do Estado a favor dos seus interesses particulares ou dos objetivos ideológicos. Uma autêntica democracia só é possível num Estado de direito e sobre a base de uma reta concepção da pessoa humana. Aquela exige que se verifiquem as condições necessárias à promoção, quer dos indivíduos por meio da educação e da formação nos verdadeiros ideais, quer da subjetividade da sociedade, mediante a criação de estruturas de participação e corresponsabilidade’ [cf. CA, 46]” (CDSI, 406). Também está ressaltado no Compêndio que a informação é um dos principais instrumentos da participação democrática. “Não é pensável participação alguma sem o conhecimento dos problemas da comunidade política, dos dados de fato e das várias propostas de solução dos problemas. É necessário assegurar um real pluralismo neste delicado âmbito da vida social, garantindo uma multiplicidade de formas e de instrumentos no campo da informação e da comunicação” (CDSI, 414).


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| 17 a 23 de novembro de 2021 | Papa Francisco | 21

Francisco: levar um olhar de esperança aos pobres, com ternura, sem julgá-los Vatican Media

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Na celebração do V Dia Mundial dos Pobres, no domingo, 14, o Papa Francisco exortou que não se deve tratar os pobres com indiferença nem haver receio de se aproximar de suas realidades muitas vezes marcadas por constrangimentos, injustiças e desigualdades “de uma sociedade do descarte, que corre apressada sem os ver e, sem escrúpulos, os abandona ao seu destino”. Na homilia da missa que presidiu na Basílica de São Paulo, Francisco ressaltou que é parte da missão cristã nutrir a esperança, não de modo passivo, mas a partir de ações concretas e que o próprio Jesus quer pessoas que “partilham o pão com os famintos, trabalham pela justiça, elevam os pobres e devolvem-lhes a sua dignidade”. Nesse sentido, o Pontífice exortou: “Levemos ao mundo este olhar de esperança. Levemo-lo com ternura aos pobres, sem os julgar. Porque lá, junto deles, está Jesus; porque lá, neles, está Jesus, que nos espera”. Após a oração do Angelus, na Praça São Pedro, o Papa voltou a falar do lema do V Dia Mundial dos Pobres – “Sempre tereis pobres entre vós” (Mc 14,7) e agradeceu as muitas iniciativas de solidariedade que foram organizadas em dioceses e paróquias em todo o mundo por ocasião dessa data.

Em Assis

O Pontífice esteve em Assis, na sexta-feira, 12, quando ouviu o testemunho de algumas pessoas em situação de vulnerabilidade e participou de um momento de oração. O Papa recordou que São Francisco

‘É tempo que seja restituída a palavra aos pobres’, ressalta Francisco na visita a Assis

de Assis (1182-1226) viveu plenamente o Evangelho, pela simplicidade e partilha com os mais pobres. “Este é o ensinamento que São Francisco nos dá: saber contentar-se com o pouco que temos e partilhá-lo com os outros”. Ao manifestar sua gratidão com todos os que desenvolvem ações em favor dos mais pobres, o Papa enfatizou que “onde existe um verdadeiro sentido de fraternidade, existe também a experiência sincera de acolhimento”. Francisco foi veemente ao dizer que os pobres não devem ser tratados com indiferença: “É tempo que seja restituída a palavra aos pobres, porque durante demasiado tempo os seus pedidos não foram ouvidos. É tempo que se abram os olhos para ver o estado de desigualdade em que vivem tantas famílias. É tempo de arregaçar as mangas para restituir dignidade por meio da criação de empregos. É tempo que se volte a se escan-

dalizar diante da realidade de crianças famintas, escravizadas, tiradas das águas quando naufragam, vítimas inocentes de todo tipo de violência. É tempo que cessem as violências contra as mulheres e elas sejam respeitadas e não tratadas como mercadoria. É tempo que se rompa o círculo da indiferença para retornar a descobrir a beleza do encontro e do diálogo”. Após ouvir o testemunho dos pobres de Assis, o Papa lembrou que mesmo diante de situações de marginalização, solidão e falta de meios necessários para viver dignamente, eles não perderam a esperança nem a capacidade de resistir. “E o que significa resistir? Ter a força para continuar apesar de tudo. Resistir não é uma ação passiva, pelo contrário, requer coragem para empreender um novo caminho, sabendo que dará frutos”, concluiu. (Com informações de Vatican News)

Divulgado o programa da viagem apostólica a Chipre e à Grécia A Sala de Imprensa do Vaticano divulgou o programa de atividades do Papa Francisco na viagem a Chipre e à Grécia, entre os dias 2 e 6 de dezembro. O Pontífice chegará a Chipre no dia 2, quando se reunirá com sacerdotes, religiosos, diáconos, catequistas, associações e movimentos eclesiais na Catedral Maronita de Nossa Senhora das Graças. Depois, terá um encontro com autoridades do país. No dia seguinte, fará uma visita de cortesia a Sua Beatitude Chrysostomos II, Arcebispo Ortodoxo de Chipre, e depois participará de um encontro com o Santo Sínodo na Catedral Ortodoxa de Nicósia. Nesse dia, o Papa também presidirá uma missa e terá parte em uma oração ecumênica. A chegada a Atenas, capital da Grécia, está prevista para a manhã do sábado, 4. Inicialmente, ele terá encontro com autoridades civis gregas. À tarde, Francisco fará visita de cortesia a Sua Beatitude Ieronymos II, Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia. Irá ainda à Catedral de São Dionísio para o encontro e o discurso dirigido aos bispos, sacerdotes, religiosos, seminaristas e catequistas. No domingo, 5, partirá para Mytilene – Lesbos para visita ao Centro de Acolhida e Identificação que abriga refugiados. À tarde, retorna a Atenas para missa no “Megaron Concert Hall”. No dia 6, antes da volta ao Vaticano, o Papa se reunirá com o presidente do parlamento grego e depois com jovens na Escola São Dionísio das Irmãs Ursulinas em Maroussi. (DG)


22 | Pelo Mundo | 17 a 23 de novembro de 2021 |

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COP26: 197 países assinam novo pacto contra mudança climática Conferência do clima de Glasgow, na Escócia, não foi ousada, mas apresentou avanços no combate ao aquecimento global Filipe Domingues

Especial para O SÃO PAULO, em Roma

Um grau e meio. Praticamente é isso o que separa o mundo de um colapso climático. Essa marca, que já se tornou simbólica, vem de um estudo de 2018 do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), estimando os desastres que o mundo verá caso as temperaturas subam mais do que 1,5°C além dos níveis pré-industriais, isto é, das temperaturas registradas na metade do século XIX. O aquecimento global acima de 1,5°C provocaria uma elevação irreversível do nível dos oceanos, pelo derretimento de geleiras, que seria acompanhado do desaparecimento de algumas ilhas do

Pacífico. Também haveria um número sem precedentes de pessoas forçadas a migrar por tragédias naturais. Zonas hoje habitáveis e agricultáveis se tornariam desérticas. A vida da fauna e da flora nos oceanos seria desafiada. Na terra, muitas espécies seriam extintas. Um acordo assinado por 197 países, inclusive o Brasil, na conferência do clima de Glasgow, na Escócia, concluiu que ainda é possível avançar nos esforços para manter o mundo abaixo dessa dramática meta de 1,5°C. Entretanto, mais precisa ser feito na redução do uso de combustíveis fósseis, especialmente o carbono produzido na queima de óleo e gás. Realizada entre 31 de outubro e 12 de novembro, a Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (COP26) terminou com o chamado “Pacto de Glasgow”. Entre as decisões nesse acordo – que não foi tão ousado quanto o esperado por ambientalistas e cientistas do clima – está o compromisso de ter metas mais incisivas na redução de emissões de carbono no ano que vem. Cada país deverá rever a sua própria

proposta de quanto vai cortar até 2030 para que, todos juntos, façam com que o mundo consiga zerar as emissões de carbono (na prática, isso significa que as emissões não podem crescer e que, quando forem necessárias, sejam totalmente compensadas por medidas de controle, como o reflorestamento, por exemplo).

Alguns passos após Paris

A COP26 foi compreendida como uma retomada da pauta ambiental após quase dois anos de atenção global quase exclusiva à pandemia de COVID-19. Além disso, muitos detalhes do famoso Acordo de Paris, resultado da conferência de 2015, precisavam ser acertados na cúpula deste ano; e foram. Entre eles, a regulamentação do “mercado de carbono”, em que países que emitem menos podem gerar créditos e vendê-los a países que emitem mais. Entretanto, a expectativa dos organizadores era de um passo ainda maior. Entre os objetivos declarados antes da conferência estavam convencer os países a “acelerar a eliminação do carbono Pexels Pixabay

[como fonte de energia]; reduzir o desmatamento; ampliar a transição para veículos elétricos; encorajar o investimento em energias renováveis”. Cada país membro das Nações Unidas apresenta suas próprias metas, que são voluntárias. São chamadas de “Contribuições Nacionalmente Determinadas” (NDCs, na sigla em inglês). Em Paris, os países apresentaram suas metas, mas elas eram claramente insuficientes para que fiquemos abaixo de 1,5°C.

Metas adiadas

Por isso, seria preciso acirrar as metas. Paris previa uma revisão das metas em 2025. Os organizadores da COP26 queriam a revisão agora. “Pede-se ao países para apresentar metas ambiciosas de redução de emissões até 2030, que se alinhem com a proposta de zerar emissões até a metade do século”, dizia o presidente da conferência, Alok Sharma. Essa revisão, porém, ficou para o ano que vem. Nas últimas horas do evento, o Pacto que previa “eliminação” do carbono foi barrado pela Índia, que afirmou já estar fazendo o seu máximo. Isso causou grande frustração entre membros de outros países como Estados Unidos, França e Reino Unido. Representantes do Pacífico disseram que o adiamento configurou um “fracasso monumental” da COP26, deixando-os em risco de extinção. Mas viram como positivo ter sido mantido o objetivo de ficar abaixo de 1,5°C. O primeiro-ministro das Ilhas Fiji, Frank Bainimarama, tuitou: “A meta de 1,5°C sai de Glasgow abatida, machucada, mas viva”. Ainda assim, entre os avanços do acordo de Glasgow está a exigência aos países desenvolvidos, que são os maiores responsáveis pela mudança climática, de financiar a transição energética dos países em desenvolvimento rumo a energias limpas. Também foi declarada, formalmente, a necessidade de cortar as emissões de gases causadores do efeito estufa em 45% até 2030. Como definiu a revista britânica The Economist, a COP26 “não foi um triunfo; mas também não foi um desastre”.

Santa Sé elogia compromisso com 1,5°C, mas pede mais ação A delegação da Santa Sé apresentou, na Conferência das Nações Unidas sobre a Mudança Climática (COP26), a constante preocupação do Papa Francisco com o cuidado da “casa comum” e pediu mais ação. Em comunicado publicado na quinta-feira, 11, a Santa Sé afirmou que o compromisso dos países de “limitar o aumento das temperaturas médias globais a 1,5°C dos níveis pré-industriais e de oferecer os recursos financeiros necessários para que isso seja feito é promissor

e, de fato, essencial para a sobrevivência das comunidades mais vulneráveis”. Reafirmou, porém, que é preciso lembrar “o rosto humano da crise climática, seu impacto sobre os mais pobres e aqueles que pouco fizeram para provocá-la”.

Não há tempo a perder

Países ricos precisam liderar as iniciativas de combate ao aquecimento global, diz o texto. “Embora seja preciso fazer mais, é importante ser proativos na busca

de formas eficientes para implementar as promessas feitas”, consta no comunicado. Entre os desafios estão a mitigação do aquecimento, a adaptação das estruturas e o financiamento da transição energética. A declaração da Santa Sé menciona, ainda, a carta do Papa aos católicos da Escócia, onde foi realizada a conferência, na qual diz: “O tempo está acabando; esta ocasião [da COP 26] não pode ser desperdiçada”. O comunicado cita a encíclica Laudato si’, do Papa Francisco, e pede que haja solidariedade ecológica entre os pa-

íses pobres e ricos e o perdão da dívida dos pobres para que possam progredir com maior autonomia. Embora publicada antes do encerramento da conferência, a nota da delegação da Santa Sé acrescenta que as decisões dos países-membros da COP26 deveriam ser orientadas por uma “responsabilidade pelas gerações presentes e futuras, assim como pelo cuidado da nossa casa comum”, e pede que as decisões “atendam ao clamor da Terra e dos pobres”. (FD)


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| 17 a 23 de novembro de 2021 | Geral/Fé e Vida | 23

Assembleia Eclesial conta com documento para discernimento comunitário Reprodução

Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.om.br

O Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) disponibilizou na quinta-feira, 11, o Documento para o Discernimento Comunitário da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que começa no domingo, 21, e vai até o dia 28, na Cidade do México. Esse subsídio foi elaborado a partir das diversas contribuições feitas durante o processo de escuta realizado nas Igrejas locais no primeiro semestre. O material servirá de base para os trabalhos dos mais de mil participantes da Assembleia, que acontecerá tanto presencial quanto virtualmente. Para a Irmã Birgit Weiler, uma das coordenadoras da equipe que preparou o documento, esse texto tem o objetivo de ajudar a aprofundar o discernimento dos sinais dos tempos na sociedade e na Igreja, 14 anos após a realização da V Conferência Geral do Episcopado da América Latina e do Caribe, em Aparecida (SP), e a partir do que cerca de 70 mil pessoas contribuíram ao longo do processo de escuta.

Sinodalidade

“O Documento para o Discernimento Comunitário é fruto da for-

Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo 21 de novembro de 2021

‘Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado’ (Dn 7,14) Padre João Bechara Ventura

SAIBA MAIS SOBRE A ASSEMBLEIA ECLESIAL

https://asambleaeclesial.lat/ te experiência de sinodalidade que tem sido a escuta. O referido documento nos encoraja a continuar no processo de escuta recíproca e de discernimento na Assembleia Eclesial, a fim de identificar e formular orientações pastorais prioritárias para a América Latina e o Caribe. Propõe uma leitura lenta, orante e criteriosa do texto e uma reflexão pessoal, à qual as questões propostas no texto também são motivadoras”, explicou a Religiosa. O subsídio é destinado, em primeiro lugar, aos delegados da Assembleia Eclesial como apoio à missão que lhes foi confiada. “Ao mesmo tempo, é um documento para todo o povo de Deus, chamado a continuar participando de

várias formas no processo de discernimento e acompanhando a Assembleia com a oração”, esclareceu Irmã Birgit. O texto de 89 páginas possui uma introdução na qual se refere a esse momento como “um novo kairós” pela ação do Espírito Santo na Igreja do continente. Em seguida, apresenta o horizonte e propósito da Assembleia Eclesial, sua relação com a Conferência de Aparecida. As partes seguintes se dedicam à escuta e discernimento dos sinais dos tempos e os sinais eclesiais que mais interpelam o povo de Deus. O documento está disponível para leitura e download neste link: https://tinyurl.com/yegv6fyn.

O povo de Deus é o ponto de partida e de chegada Cerca de 400 membros da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe participaram de uma pré -assembleia realizada vitualmente na sexta-feira, 12. A atividade teve como objetivo preparar os participantes para o evento inédito da Igreja na América Latina. Para Dom Héctor Miguel Cabrejos Vidarte, Arcebispo de Trujillo, no Peru, e Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam), o Espírito de Deus é um elemento chave em todo o trabalho da Assembleia. “Estamos diante de uma nova forma do proceder eclesial”, afirmou o Arcebispo, recordando as referências da Igreja povo de Deus, enfatizada pelo Concílio Vaticano II. Dom Miguel Cabrejos destacou que a Assembleia Eclesial supõe “uma ressignificação das identidades eclesiais e seu modo de participação na Igreja”. Ainda

segundo o Presidente do Celam, “o horizonte está aberto para relações que nos conduzam a um grande ‘nós’ eclesial”. Nesse sentido, ele sublinhou que, na América Latina, houve um discernimento da colegialidade à luz da sinodalidade, algo único, novo, que representa um desafio. O Secretário-geral Adjunto do Celam, Padre David Jasso, destacou cinco verbos essenciais para os trabalhos da assembleia: lembrar, ouvir, discernir, responder e celebrar. O Sacerdote mexicano insistiu, citando a constituição apostólica sobre o Sínodo dos Bispos Episcopalis communio (2018), que o processo sinodal tem seu ponto de partida e seu ponto de chegada no povo de Deus. Ao mesmo tempo, lembrou a importância de participar da Assembleia levando em consideração o Documento de Aparecida e a Palavra de Deus. (FG)

Participação de doutorando da PUC-SP Alan Faria Andrade Silva, doutorando em Direito Internacional pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), foi convidado para participar das sessões virtuais da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe.

Liturgia e Vida

O acadêmico atuou no processo de escuta eclesial que antecedeu a Assembleia e, atualmente, é um dos idealizadores e professores do curso de extensão “Economia de Francisco e Clara: perspectivas para propor novos processos”, estabelecido pela

Faculdade de Economia, Administração, Contábeis e Atuariais, Faculdade de Teologia, Faculdade de Direito e promovido pela Coordenadoria Geral de Especialização, Aperfeiçoamento e Extensão (COGEAE) da PUC-SP. (FG)

A palavra “Cristo”, que usamos para nos referir a Nosso Senhor, significa “Ungido”. No Antigo Testamento, a unção com óleo pertencia ao rito para se constituírem reis, sacerdotes e, por vezes, profetas. Chamando Jesus de “Cristo”, confessamos que Ele “é o Profeta que deveria vir ao mundo” (Jo 6,14); o “Sumo Sacerdote santo, inocente e puro” (cf. Hb 7,26); o Rei do Universo. Já na Anunciação à Virgem, o Anjo anunciara que “Ele reinará para sempre e o Seu Reino não terá fim” (cf. Lc 1,33). Diante de Pilatos, o Senhor não negou: “Tu o dizes: eu sou Rei” (Jo 18,37). Jesus é Rei, em primeiro lugar, porque é Deus. Por meio Dele, as coisas e os homens foram criados; por Ele, tudo continua a existir (cf. Cl 1,16s). Por meio Dele – Palavra viva de Deus –, o Senhor exerce poder sobre toda a criação: “Ele tem nas mãos as profundezas da terra” (Sl 94,4). Também como Homem, porém, Jesus é Rei. Ele reina sobre a Igreja. Por detrás de nossos erros e acertos, Cristo não cessa de reger, governar, proteger, defender e, de tempos em tempos, corrigir os seus membros. Exerce esse reinado silencioso e constante, que assegura à Igreja a fecundidade e a promessa de que “as portas do inferno jamais prevalecerão” (cf. Mt 16,18). Na Paixão, ao verem as humilhações e ferimentos do Senhor, muitos debochavam da inscrição “Rei dos Judeus” afixada sobre a Cruz… Hoje, muitos têm dificuldade de perceber a Sua Realeza por causa das chagas e da humilhação imposta ao Seu Corpo Místico – a Igreja – pelos pecados e pela apostasia de alguns de seus membros. Afinal, como Jesus mesmo diz que “O Meu Reino não é deste mundo” (Jo 18,36), a realeza de Cristo ainda não foi totalmente manifestada. É preciso que o “Reino da Graça” se torne o “Reino da glória”: “Agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que seremos!” (1Jo 3,2). Por enquanto, o “joio” vive misturado ao “trigo”, os pecadores aos justos, a morte à vida, o passageiro ao eterno… No final dos tempos, porém, esse Reinado se tornará evidente. Então, todos reconhecerão que Ele é o Rei do Universo: “Todos os olhos O verão, também aqueles que O traspassaram. Todas as tribos da terra baterão no peito por causa Dele” (Ap 1,7). Cumpre a nós rezar e agir para que o reinado de Cristo seja já perceptível em nossas vidas, de modo que nossas palavras, pensamentos e ações se submetam ao Seu domínio amoroso. Também na vida política é preciso trabalhar pelo reinado social de Jesus Cristo. Tanto as consciências individuais quanto as sociedades Lhe pertencem. O Senhor tem direito à nossa obediência, serviço, adoração e a todo o nosso amor. Tudo o que temos e somos veio Dele. A Ele é devida a glória e o louvor e a gratidão de todas as consciências, das famílias e das nações. Os poderosos do mundo passarão e perecerão, mas “Seu poder é um poder eterno que não lhe será tirado” (Dn 7,14).


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