O São Paulo - 3367

Page 1

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

www.arquisp.org.br |

ano 66 | Edição 3367 | 14 a 19 de outubro de 2021

www.osaopaulo.org.br | R$ 3,00 Vatican Media

Papa Francisco discursa em evento que marca o início dos trabalhos do Sínodo dos Bispos de 2023, cuja primeira fase acontece nas dioceses de todo o mundo já a partir deste mês

Igreja Católica inicia caminho sinodal convocado pelo Papa Francisco O Papa Francisco presidiu no domingo, 10, a missa de abertura da primeira fase do processo que culminará com a realização da Assembleia do Sínodo dos Bispos de 2023. Pela primeira vez, o caminho sinodal acontecerá em três etapas: diocesana, continental e universal, tendo como foco a própria “sinodalidade” da Igreja.

Editorial Um cristão com vida de fé ajudará nas conversões por seu testemunho

Durante a plenária de reflexões sobre a temática, no sábado, 9, o Santo Padre sublinhou que o Sínodo é um processo de discernimento feito por todo o povo de Deus, sob a ação do Espírito Santo. Nas dioceses do mundo todo, inclusive na Arquidiocese de São Paulo, essa etapa sino-

dal começará no domingo, dia 17, e contará com uma fase de escuta nas paróquias. Para isso, as comunidades eclesiais já se valerão da experiência vivida no sínodo arquidiocesano, convocado pelo Cardeal Scherer em 2017 e iniciado no ano seguinte.

Devotos vão ao encontro da ‘Mãe Aparecida’ no dia da Padroeira Luciney Martins/O SÃO PAULO

Página 4

Páginas 16 e 17

Espiritualidade Maria Santíssima nos escuta e nos atende quando recorremos a Ela confiantes

Página 5

Encontro com o Pastor

Comportamento

Na Igreja sinodal, todos caminham na mesma direção, tendo Jesus à frente

O crescente desafio de educar os filhos nas dimensões do real e do virtual

Página 2

Com determinação e criatividade, professores exercem sua missão Página 19

Brasileiros buscam mais alternativas para deslocamentos cotidianos Páginas 20 e 21

Página 7

Fiéis participam de missa no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no dia 12

Após a presença restrita em 2020, em razão da fase mais crítica da pandemia, as missas no dia de Nossa Senhora Aparecida, na terça-feira, 12, tiveram nu-

merosa participação de fiéis nas paróquias da Arquidiocese de São Paulo, assim como no Santuário Nacional de Aparecida. Páginas 12 a 14

Paróquias da Arquidiocese intensificam missas e ações presenciais Páginas 10 e 11

Presidência do Celam tem audiência com o Papa Francisco no Vaticano Página 15


2 | Encontro com o Pastor | 14 a 19 de outubro de 2021 |

cardeal odilo pedro scherer Arcebispo metropolitano de São Paulo

N

o domingo, 10 de outubro, o Papa abriu em Roma a preparação da assembleia do sínodo sobre a sinodalidade. Na missa, na Basílica de São Pedro, estavam presentes, além de muitos cardeais e bispos, também uma representação da Igreja dos cinco continentes, que receberam simbolicamente, no fim da celebração, o envio do Papa para partir e animar o caminho sinodal nas Igrejas locais do mundo inteiro. No próximo domingo, 17 de outubro, o mesmo rito se repetirá em cada diocese do mundo, presidido pelo bispo local. O tema do sínodo é: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. Na homilia, o Papa Francisco discorreu sobre aspectos importantes do processo sinodal, que deve envolver a todos os batizados, resumindo em três verbos as ações da experiência sinodal: encontrar, ouvir e discernir. O processo sinodal deve ser expressão de uma “Igreja em saída”, que vai ao encontro de todos, com abertura e disposição de acolher e ouvir o que as pessoas dizem. É preciso superar as fronteiras do individualismo ou

Semanário da Arquidiocese de São Paulo

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Uma Igreja sinodal da autossuficiência, ou também dos preconceitos, que impedem o apreço pelo bem que há nos outros. A outra atitude é escutar, como Jesus fez, dirigindo-se às pessoas nas mais diversas situações em que se encontram. A quem ouvir? A todos: pequenos e grandes, ricos e pobres, doentes e pessoas com saúde, quem tem fé e quem não tem, quem aprecia o trabalho da Igreja e quem o critica. Ouvir com atenção sincera. O terceiro verbo é discernir, depois de ouvir muito. A escuta leva necessariamente a questionamentos, análises e tomada de atitudes e decisões. O Papa também observou que o sínodo não é um congresso teológico sobre o tema da sinodalidade, mas um chamado a fazer uma experiência de “Igreja sinodal”. Várias vezes, observou que o Sínodo não é um Parlamento, onde se tenta fazer valer as próprias ideias ou propostas, buscando consensos e maiorias. Disse ainda que não se trata de uma sondagem de opiniões sobre isso ou aquilo, mas de um evento eclesial, animado pelo Espírito Santo. Por isso, todos devemos nos abrir à ação do Espírito Santo e ser dóceis às suas inspirações. Uma Igreja sinodal também não deve estar preocupada logo com a mudança das estruturas eclesiais ou com a criação de novas estruturas. Isso poderia acabar naquilo que Jesus preveniu no Evangelho: remendo de pano novo em roupa velha... Trata-se bem

mais de um processo de conversão, no qual a Igreja busca ser sempre mais aquilo que ela é chamada a ser desde o princípio: o povo dos discípulos missionários de Jesus Cristo, testemunhas alegres do seu Evangelho no mundo, família de irmãos reunidos na mesma fé, esperança e caridade. Trata-se de uma mudança de mentalidade, passando de uma Igreja vista, sobretudo, como instituição e organização, para uma Igreja de pessoas, povo de Deus, povo de irmãos e de testemunhas. Igreja sinodal é aquela em que seus membros procuram caminhar juntos na mesma direção, tendo à frente Jesus Cristo, caminho, verdade e vida. A Igreja será verdadeiramente sinodal se todos caminharem juntos na fé, esperança e caridade, virtudes recebidas no Batismo para darem forma à vida cristã. A unidade do caminho é dada por Jesus-caminho, que todos devemos seguir com sinceridade, e construída na comum esperança e busca dos bens prometidos, que animam os passos da Igreja. E será tanto mais concretizada quanto maior e intensa for a caridade fraterna. As divisões na Igreja, provocadas por tantos motivos, mas, sobretudo, pelos individualismos, soberbas e vaidades, são contrárias à genuína sinodalidade da Igreja. Uma Igreja sinodal será aquela na qual os membros procuram ouvir uns aos outros, estar atentos às necessidades e sofrimentos dos outros, ajudando-se mutuamente,

sobretudo nas suas dificuldades. Será aquela em que as comunidades, além de olharem para seu próprio bem, estão abertas e disponíveis para socorrer as dores e sofrimentos dos irmãos. Uma Igreja mais sinodal será aquela que celebra a Liturgia com profunda fé, reza pelas necessidades dos outros, proclama o louvor de Deus e reconhece o bem que Ele faz em toda parte. É a Igreja reunida em torno da mesma Palavra de Deus, acolhendo-a e respondendo com fé, e em torno da mesma Eucaristia, ainda que celebrada em tantos altares diferentes. A Igreja sinodal acontece na qual cada um coloca o próprio dom a serviço do bem de todos, deixando-se beneficiar pelo dom dos outros. É ainda a Igreja que se coloca em atitude de missão permanente, sabendo que a missão é de todos e que o dom da fé deve ser comunicado com generosidade aos outros. Enfim, a Igreja sinodal tem Deus por Pai (“um só Deus e Pai”), Jesus Cristo como irmão (“um só Cristo e Senhor”), Salvador de todos; e o mesmo Espírito Santo (“um só Espírito”), que está em todos, anima e faz crescer a Igreja. Uma Igreja sinodal sabe que tem Maria por Mãe e os Santos como irmãos e intercessores em todos os momentos. Não parece tão difícil ser uma Igreja sinodal. Difícil é a mudança de nossa mentalidade, para compreendermos assim a Igreja e nossa participação nela.

Mantido pela Fundação Metropolitana Paulista • Publicação semanal impressa e online em www.osaopaulo.org.br • Diretor Responsável e Editor: Padre Michelino Roberto • Redator-chefe: Daniel Gomes • Revisão: Padre José Ferreira Filho e Sueli Dal Belo • Opinião e Fé e Cidadania: Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP • Administração e Assinaturas: Maria das Graças Silva (Cássia) • Diagramação: Jovenal Alves Pereira • Impressão: S.A. O ESTADO DE S. PAULO • Redação: Rua Manuel de Arzão, 85 - Vila Albertina - 02730-030 • São Paulo - SP - Brasil • Fone: (11) 3932-3739 - ramal 222• Administração: Av. Higienópolis, 890 - Higienópolis - 01238-000 • São Paulo - SP - Brasil • Fones: (11) 3660-3700 e 3760-3723 - Telefax: (11) 3666-9660 • Internet: www.osaopaulo.org.br • Correio eletrônico: redacao@osaopaulo.org.br • adm@osaopaulo.org.br (administração) • assinaturas@osaopaulo.org.br (assinaturas) • Números atrasados: R$ 3,00 • Assinaturas: R$ 45 (semestral) • R$ 78 (anual) • As cartas devem ser enviadas para a avenida Higienópolis, 890 - sala 19. Ou por e-mail • A Redação se reserva o direito de condensar e de não publicar as cartas sem assinatura • O conteúdo das reportagens, artigos e agendas publicados nas páginas das regiões episcopais é de responsabilidade de seus autores e das equipes de comunicação regionais.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Geral/Atos da Cúria | 3

Cardeal Scherer tem audiência com o Papa Francisco Vatican Media

Festa de Nossa Senhora Aparecida no Colégio Pio Brasileiro Na terça-feira, 12, o Cardeal Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a missa da Solenidade de Nossa Senhora Aparecida no Pontifício Colégio Pio Brasileiro, em Roma. A Eucaristia contou com a presença de professores e estudantes da instituição inaugurada em 1934, destinada à formação permanente de sacerdotes diocesanos do Brasil e de outros países que vão à capital italiana para estudos de pós-graduação: extensão, mestrado, doutorado e pósdoutorado. Durante muitos anos, a instituição esteve sob a responsabilidade da Companhia de Jesus (Jesuítas) e, desde 2014, é dirigida por sacerdotes indicados pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Cardeal Scherer na visita da presidência do Celam ao Papa, no sábado, 9; Arcebispo e Pontífice tiveram audiência na segunda-feira, 11

Redação

osaopaulo@uol.com.br

Na segunda-feira, 11, o Cardeal Odilo Pedro Scherer foi recebido pelo Papa Francisco em audiência privada no Vaticano. “Ele queria saber da Arquidiocese de São Paulo, como estão os doentes, os pobres, como está a situação da COVID-19. Ele está sempre muito interessado em saber o que acontece em nossa cidade, em nossa Arquidiocese”, comentou o Arcebispo

Metropolitano, durante o programa “Encontro com o Pastor”, na rádio 9 de Julho. Dom Odilo esteve em Roma entre os dias 4 e 14, para visitas e audiências como 1º Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-americano (Celam). Além disso, no fim de semana, nos dias 9 e 10, participou das atividades que abriram o processo de preparação para o Sínodo de 2023, incluindo a missa presidida pelo Papa Francisco no domingo. “O Papa manifestou de várias maDivulgação

neiras que deseja uma grande participação da Igreja toda neste processo de ouvir, depois de discernir sobre o que o povo diz e as questões da vida da Igreja. A Igreja toda é chamada a se dispor para ouvir de uma forma nova o povo, como nós já fizemos no nosso processo sinodal na Arquidiocese de São Paulo. Agora, porém, é momento de ouvir de novo, mais amplamente. E assim nos preparamos também para retomar o nosso sínodo arquidiocesano”, comentou o Cardeal.

Atos da Cúria POSSE CANÔNICA: Em 19/09/2021, foi dada a posse canônica como Vigário Paroquial da Paróquia São José, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Oberdan Santana da Silva, NSD. Em 19/09/2021, foi dada a posse canônica como Administrador Paroquial da Paróquia São José, no bairro do Ipiranga, na Região Episcopal Ipiranga, ao Reverendíssimo Padre Benedito Donizetti Vieira, NSD. Divulgação


4 | Ponto de Vista | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Editorial

Missionários companheiros de Jesus

N

este Mês das Missões, em que temos refletido sobre o anúncio do Evangelho, desejamos dedicar este editorial à relação entre missionariedade e vida interior. O tema é importante porque nossos esforços missionários frequentemente se veem ameaçados pelo perigo de um “tecnicismo ativista”: muitas vezes, concebemos a evangelização como uma atividade puramente humana, que deve ser planejada e conduzida unicamente de acordo com critérios e metodologias técnicas – e com isso deixamos de lado o papel fundamental da Graça. O remédio contra tal perigo passa por três pontos sempre lembrados em nossa Tradição católica: a precedência da oração e da vida interior, a necessidade de unidade de vida e o apostolado de pessoa a pessoa. Primeiro, então, a oração: para entendermos a primazia da vida interior sobre os esforços exteriores, convém lembrar que a Igreja

escolheu como Padroeira das Missões Santa Teresinha, uma monja de clausura, que, em seus breves 24 anos de vida, jamais saiu em missão! No escondimento de seu mosteiro, no entanto, as orações e os sacrifícios de Teresinha, pela graça de Deus e pela comunhão dos santos, convertiam multidões. É claro que a maioria de nós não é chamada à clausura – no entanto, qualquer esforço apostólico que fizermos só fará sentido se for superabundante de intimidade com Jesus. Em segundo lugar, é fundamental que os apóstolos modernos, antes de entoar hinos e campanhas sobre o Evangelho, incorporem em suas próprias vidas esta verdade. A esse respeito, o então Cardeal Joseph Ratzinger, em seu livro “Olhar para Cristo – Exercícios de fé, esperança e caridade”, lembrava que, depois da era apostólica, a Igreja antiga não utilizava nenhuma técnica propriamente missionária, e, no entanto, foi o período de maior difusão da fé: “A

Outubro missionário

não só com palavras, mas, sobretudo, com uma vida transfigurada pela presença de Deus”. Quer isto dizer que as conversões de que a Igreja tanto precisa não virão primariamente de grandes campanhas publicitárias, mas de um apostolado pessoal, de amizade, em que um cristão com vida interior se interesse pelos que estão a seu redor, os ouça, e busque sinceramente entender suas aspirações e angústias. Realizemos todos, então, nosso exame de consciência. Eu, que faço parte de alguma pastoral, que dedico meu tempo a falar sobre o Evangelho: será que tenho uma sólida vida de oração? Será que rezo o Terço todos os dias, como nos pediu Nossa Senhora em Fátima? Será que entretenho frequentes conversas a sós com Jesus eucarístico? As pessoas que ouvem nossa pregação devem dizer de nós o que o Sinédrio disse de Pedro e João: “Reconheciam-nos como companheiros de Jesus” (At 4,13b).

Opinião Arte: Sergio Ricciuto Conte

Padre Alfredo José Gonçalves, CS A palavra missão comporta dois sentidos ligeiramente diversos, mas convergentes e complementares. Por uma parte, representa um trabalho preciso e específico, com princípio e fim determinados. Por outra, tem a ver com a razão de ser primordial de muitos movimentos, pastorais, instituições e entidades. Quando afirmamos que “tal missão foi cumprida”, temos como referência o primeiro caso. Quando perguntamos, entretanto, pela missão desta ou daquela organização, está em jogo o segundo caso. Um tende a ser uma fase ou trampolim para o outro. Evidentemente que numerosos empenhos, localizados no tempo e no espaço, e denominados em geral com o termo de missão no sentido estrito, figuram não raramente como etapas da missão em seu sentido mais amplo. Os limites entre missão/tarefa e missão/processo são fluídos, porosos e se entrelaçam reciprocamente. Ao celebrar outubro como Mês das Missões, entram em jogo serviços imediatos e pontuais; mas estes, por sua vez, quase sempre se encontram inseridos na missão permanente do processo de “Igreja em saída”, proposto com

conversão do mundo antigo ao Cristianismo não foi resultado de uma atividade planejada da Igreja, mas fruto da afirmação da fé tal qual se fazia visível na vida dos cristãos e na comunidade eclesiástica. Uma experiência a convidar outra experiência – foi essa e apenas essa, em termos humanos, a força missionária da Igreja antiga. A comunidade vital da Igreja convidava à participação nesta vida, em que se revelava a verdade de que esta mesma provinha. Por outro lado, a apostasia da modernidade se fundamenta na não verificação da fé na vida dos cristãos. Aqui se revela a grande responsabilidade dos cristãos de hoje. Eles deveriam ser pontos de referência da fé como pessoas que ‘sabem’ de Deus, deveriam demonstrar em sua vida a fé como verdade, convertendo-se, assim, em sinais para os outros”. No mesmo sentido, o Papa Francisco, na exortação apostólica Evangelii gaudium, 259, nos recorda de que “Jesus quer evangelizadores que anunciem a Boa-Nova,

insistência pelo Papa Francisco. De uma forma ou de outra, trata-se de sair de si mesmo, sair da exclusividade do núcleo familiar, sair dos templos e sacristias, sair de certos modelos hoje residuais – em favor da iniciativa que veio a ser chamada de “nova evangelização”. Esta consiste em um movimento centrífugo em direção às ruas, aos bairros, aos porões e às periferias, numa Igreja que, a exemplo de Jesus, “percorria todas as cidades e povoados”, caminhando ao encon-

tro das “multidões cansadas e abatidas” (Mt 9,35-38). Daí nasce e se desenvolve tanto a sensibilidade e a compaixão diante do caído à beira da estrada quanto a prática pastoral viva, ativa e eficaz. Existe, porém, outra forma de pensar a missão, e no interior dela contemplar os desafios sociais do tempo em que nos movemos, marcados por vírus, vícios e violência. Trata-se da realização da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe. Em lugar de um even-

to que reúne os bispos como representantes, o processo se abre à participação dos leigos, pastorais e movimentos, bem como paróquias e comunidades e dioceses. A assembleia em curso se configura como uma experiência sinodal inovadora de escuta, diálogo e encontro. O termo sínodo, de resto, tem sua origem no idioma grego synodos e quer dizer “caminhar juntos”. A sinodalidade está ligada ao conceito da Igreja como povo de Deus, forjado pelo Concílio Vaticano II. À luz da Palavra de Deus, dos documentos conclusivos de Medellín, Puebla, Santo Domingos e Aparecida, como também do magistério do Papa Francisco, pretende-se aplicar o método Ver, Julgar e Agir sobre a realidade dos nossos povos e culturas. Ao aprofundar essa realidade, emergem os problemas e desafios que afligem especialmente as populações vulneráveis, nas quais a vida se encontra mais ameaçada. O resultado desse processo de escuta, ao mesmo tempo, deve ajudar a buscar alternativas conjuntas para todo o continente, tanto em termos locais quanto globais. Padre Alfredo José Gonçalves, CS, pertence à Congregação dos Missionários de São Carlos (Scalabrinianos).

As opiniões expressas na seção “Opinião” são de responsabilidade do autor e não refletem, necessariamente, os posicionamentos editorais do jornal O SÃO PAULO.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Regiões Episcopais/Fé e Vida | 5

IPIRANGA Pastorais Familiar e da Criança celebram o Dia do Nascituro Arquivo paroquial

Maria Leonice Mariannini e Roberto Mariannini COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Na sexta-feira, 8, foi realizada na Paróquia Santa Cândida, Setor Pastoral Ipiranga, a celebração eucarística pela Vida e o Nascituro, presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ. Concelebraram o Padre Anderson Marçal, Pároco, e o Frei José Maria Mohomed Júnior, Assessor Regional da Pastoral Familiar. Este foi o terceiro ano da celebração pelo Dia do Nascituro na Região Episcopal Ipiranga, uma parceria entre a Pastoral Familiar e a Pastoral da Criança, que juntas na Semana Nacional da Vida, ocorrida entre os dias 1º e 8, organizam momentos de oração e atos concretos em intenção da vida. Neste ano, os membros dessas pastorais participaram da Marcha pela Vida, organizada pela Arquidiocese de São Paulo, no dia 3, e entregaram bolachas e água para os irmãos em situação de rua, graça ao apoio e à doação do Supermercado Hirota. Também rezaram o Terço, de modo on-line, durante o qual meditaram o tema “Família, Santuário da Vida”. Bruno Bomfim

Bianca Araújp

[BELÉM] No dia 3, Dom Luiz Carlos Dias presidiu missa na Capela São Francisco de Assis, durante a qual conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos, no terceiro dia do tríduo preparatório. O Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém lembrou aos fiéis que é preciso se deixar guiar por Deus e incentivou que os casais ca(por Bruno Bonfim) minhem lado a lado na fé.

[SANTANA] No dia 5, foi celebrada a festa do padroeiro da Paróquia São Benedito, Setor Jaçanã, com missa presidida por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana. Concelebraram o Pároco, Padre Idair Bonadiman, CSJ, e os Vigários Paroquiais, Padres Jacob Yeboah, CSJ, e José Bispo de Souza, CSJ. (por Bianca Araujo)

Espiritualidade Nossa Senhora Aparecida Dom Carlos Lema Garcia

Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé e Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade

N

a primeira leitura da missa na festa de Nossa Senhora Aparecida, vemos Ester arriscar a sua vida para interceder pela salvação dos israelitas. Havia um decreto real de extermínio do seu povo. Depois de fazer um jejum rigoroso, Ester tem a coragem de se apresentar diante do rei. O rei estende-lhe o cetro, em sinal de acolhimento: “O que desejas?”. Ela responde: “Concede-me a vida, eis o meu pedido. Salva o meu povo: eis o meu desejo”. Ester é uma prefiguração da Santa Maria, porque Ela intercede diante de Jesus.

A passagem do livro do Apocalipse apresenta uma cena dramática: uma mulher – também figura de Maria e da Igreja – sendo perseguida por um Dragão, o Demônio, que quer lhe devorar o Filho. A cena, porém, não é de morte, mas de vida, porque Deus intervém e coloca o filho a salvo. Quantas dificuldades enfrentamos na vida das nossas famílias, do nosso povo! Mas, por maiores que possam parecer, Deus nunca nos abandona. Diante do desânimo que poderia aparecer na vida de quem trabalha para sustentar a casa, de quem se esforça por viver a fé como pai e mãe de família, tenhamos sempre no coração esta certeza: Deus caminha ao nosso lado, nunca nos deixa desamparados. Por isso, nunca podemos perder a esperança. João narra em seu Evangelho com exclusividade uma cena entranhável: começada a festa de casamento e, por falta de previsão ou concorrência inesperada, veio a faltar vinho. Maria percebe imediatamente a situação e se dirige a seu

Filho, expondo-lhe a necessidade: “Eles não têm vinho”. Jesus dá uma resposta sensata: “Senhora, que nos importa isso a mim e a ti? Ainda não chegou a minha hora”. Maria, porém, conhece o coração do seu Filho e pede aos servos: “Fazei o que Ele vos disser!” Jesus manda colocar água nas talhas de pedra e, quando a tiram, há um vinho de grande qualidade. Eles encheram-nas até a borda: colocaram tudo o que puderam. Maria nos convida a fazer o que Jesus nos pede. Hoje, Ela está pedindo a Jesus para nós: eles não têm saúde... não encontram trabalho... precisam de paz na sua família... São João Paulo II celebrou a Santa Missa no Santuário de Aparecida em 4 de julho de 1980. Entre outras coisas nos disse: “E vós, devotos de Nossa Senhora e romeiros de Aparecida aqui presentes... sede fiéis àqueles exercícios de piedade mariana tradicionais na Igreja: a oração do Angelus, o mês de Maria, e, de maneira especial, o Rosário... O verdadeiro filho de Maria é um cristão que reza”. E o Papa Francisco veio rezar em Apareci-

da no dia 24 de julho de 2013: “Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela abriu-nos, fez-nos entrar e nos aponta o seu Filho. Agora Ela nos pede: ‘Fazei o que Ele vos disser’ (Jo 2,5). Sim, Mãe, nós nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria. Assim seja”. Vamos demonstrar nosso amor e nossa confiança de filhos à Nossa Mãe Aparecida: quem sabe começaremos a rezar o Terço diariamente, ou em família algum dia da semana e lhe levar as nossas necessidades e intenções. Podemos também oferecer os mistérios do Terço pelas intenções do Papa, pelas necessidades da Igreja, pela Arquidiocese, pelos bispos, pelos padres da nossa paróquia, pelas vocações, por nossas famílias, pelos doentes, pelos idosos, pelos desamparados. Nossa Mãe, Maria Santíssima, sempre nos escuta e nos atende, quando recorremos a Ela com confiança de filhos pequenos.


6 | Regiões Episcopais | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Pascom paroquial

BELÉM Dom Luiz Carlos preside missa na festa patronal da Paróquia São Benedito das Vitórias Pascom da Paróquia São Benedito das Vitórias

SÉ Missa vocacional é realizada no Setor Paraíso POR PASCOM PAROQUIAL O Setor Paraíso, que engloba as Paróquias Santo Inácio de Loyola e São Paulo Apóstolo, Santa Generosa, Santa Rita de Cássia, Santíssimo Sacramento e Santo Agostinho, além das Paróquias Pessoais dos Alemães e dos Eslovenos, promoveu no sábado, 9, na Paróquia Santo Inácio e São Paulo Apóstolo, a missa vocacional, com oração pelas vocações. A celebração foi presidida pelo Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional da Arquidiocese de São Paulo, e concelebrada pelo Padre Mario Pizetta, SSP, Pároco da igreja anfitriã, e pelo Frei Reginaldo de Abreu Araújo

da Silva, OSA, Pároco da Paróquia Santa Rita de Cássia. Na homilia, o Padre José Carlos destacou que todos têm uma vocação, seja para a vida consagrada, seja como ministros ordenados, seja como leigos em diferentes ramos de atividades, e tais vocações precisam ser vividas com seriedade e amor, seguindo a Palavra de Deus. O Sacerdote convidou os jovens a refletir sobre a possibilidade de fazer o discernimento vocacional para serem padres ou freiras. Por fim, ressaltou que a Palavra de Deus é luz no caminho de todas as pessoas. “Levem Deus para seus lares, rezem pelas vocações”, exortou após a bênção final. Jefferson Vilela

Fernando Arthur

COLABORADOR DE COMUNICACÃO NA REGIÃO

No dia 5, Dom Luiz Carlos Dias presidiu missa na festa do padroeiro da Paróquia São Benedito das Vitórias, na Vila Formosa. Concelebrou a Eucaristia o Padre Pierre da Costa, Pároco. No início da celebração, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Belém foi saudado pelo Padre. Dom Luiz Carlos agradeceu a acolhida e desejou que São Benedito seja “uma inspiração para cada um na sua resposta ao chamado a ser discípulos missionários de Jesus Cristo”. Na homilia, o Bispo recordou a realização do Mês Missionário e ressaltou que Deus sempre caminha ao lado da humanidade. Ao falar sobre São Benedito, disse que o Santo se dedicou a Deus, Dele se nutria e se deixou transformar

por Ele. Também exortou os fiéis a jamais deixarem de buscar o verdadeiro alimento, que é Jesus Cristo: “Esse alimento nos fortalece nos embates do dia a dia. Jamais devemos deixar de buscar este alimento que é Jesus Cristo”, afirmou, recordando, ainda a biografia do Santo e sua ação evangelizadora. Dom Luiz Carlos também refletiu com os fiéis sobre a santidade: “O santo não busca a si mesmo, sempre busca as coisas de Deus e o serviço aos irmãos”. Após a homilia, Dom Luiz abençoou a nova pia batismal que foi entregue no dia do padroeiro. O Bispo lembrou que a pia batismal é um sinal fundamental para a Igreja, pois é pelo Batismo que nascem novos filhos para a Igreja. Ao fim da celebração, o Padre Pierre agradeceu ao Bispo e a todos os que se empenharam na realização da festa do padroeiro. Pascom Brasilândia

[IPIRANGA] Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Episcopal Ipiranga, visitou, pela primeira vez, a Paróquia Sagrada Família, Setor Pastoral Cursino, no domingo, 10. Na ocasião, ele presidiu uma das missas do dia. (por Jefferson Vilela) Claudia Bartoli

[SÉ] No dia 3, Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé, conferiu o sacramento da Crisma a jovens e adultos; e a primeira Comunhão a algumas crianças da Paróquia Santa Margarida Maria, Setor Pastoral Aclimação. Concelebrou o Padre Marcelo Delcin, Pároco. (por Cláudia Bartoli)

[BRASILÂNDIA] A equipe que integra a coordenação da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Região Brasilândia e os referenciais dos setores se reuniram no sábado, 9, com Dom Carlos Silva, OFMCap, e o Padre Orisvaldo Carvalho, Assessor Regional da Pascom, para iniciar o planejamento dessa Pastoral para 2022. Foram discutidos e analisados os dados levantados na Assembleia Regional da Comunicação Brasilândia, com base no Diretório de Comunicação (Documento 99, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil,), e, a partir deles, definidos os principais pontos de atuação para o próximo ano, com o objetivo de comu(por Taíse Cortês) nicar o Evangelho e promover a integração da Região Brasilândia.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Regiões Episcopais/Viver Bem/Fé e Vida | 7

Bianca Araujo

Arquivo paroquial

Fé e Cidadania Feliz Dia dos Professores Arthur Acosta Baldin

[SANTANA] Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Capela Nossa Senhora Aparecida, pertencente à Paróquia Santa Dulce dos Pobres, Setor Jaçanã, na sexta-feira, 8, por ocasião da festa patronal. Concelebrou o Padre Antônio Pedro, Pároco. (por Bianca Araujo)

[LAPA] A Pastoral Social da Paróquia Santo Alberto Magno, no Jardim Bonfiglioli, Setor Butantã, que é coordenada por Vera Lúcia Carvalho, realizou, no dia 5, uma ação social, com a distribuição de 400 cestas básicas. No domingo, 10, houve ainda a entrega de 400 sacolinhas com doces e presentes para as crianças da comunidade, em razão da comemoração do Dia das Crianças, celebrado na terça-feira, 12. (por Benigno Naveira)

Comportamento Crianças, adolescentes e o universo virtual Simone Ribeiro Cabral Fuzaro Estamos diante de um desafio cada vez maior: educar os filhos tendo em vista duas dimensões: a real e a virtual. Evidentemente, são muitos os benefícios que a internet e as mídias sociais trouxeram à nossa vida: Não existem mais fronteiras para a comunicação com pessoas queridas; As informações estão ao alcance de todos; As pesquisas e estudos foram facilitados de modo fantástico; A locomoção se tornou mais ágil, graças aos aplicativos desenvolvidos; Muitos problemas podem ser solucionados a distância; Enfim, não se trata aqui de demonizar essa realidade, ou melhor, esses instrumentos que vieram para ficar e que, não são, em si, nem bons nem ruins: tudo depende do uso que se faz deles. O que percebo hoje, no que diz respeito à internet e mídias sociais, é que, como os pais consideram que os filhos já nasceram na era da “geração digital”, estão aptos a usá-las, ou seja, faz parte da vida deles com naturalidade. Esse é um imenso engano. Como tudo nesta vida, precisamos ensinar nossos filhos a usar a internet e as mídias sociais; afinal, são um mundo de informações, exposições e conteúdos na mão dos pequenos. Pesquisas mostram que 22 milhões de crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos possuem contas nas redes sociais, muito embora a idade mínima para isso seja 18 anos. Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), 85% das crianças e adolescentes brasileiros já são usuários da internet. Ou seja: estão com o mundo ao toque dos dedos. Na verdade, quando permitimos

que crianças e adolescentes estejam com acesso à internet, é como se estivéssemos dando em suas mãos armas muitíssimo perigosas para brincar, e que, com certeza, podem machucá-los. Como muitos pais desconhecem os grandes riscos presentes na internet a seus filhos, aqui vão alguns: entre os maiores deles estão o abuso sexual, sexting (compartilhamento de conteúdo erótico – textos, fotos ou vídeos – em aplicativos de mensagens e redes sociais), extorsão, grooming (aliciamento de menores pela internet, com o intuito de se buscar benefícios sexuais), acesso a conteúdos inapropriados para a idade que podem prejudicar o desenvolvimento, cyberbullying, além da publicação de conteúdos inadequados por parte deles. Talvez muitos dos leitores não conheçam nem sequer esses riscos que mencionei. Assim, pesquisem e procurem informações, e certamente ficarão horrorizados com os dados que encontrarão. Além de todos esses, ainda temos outro aspecto muito preocupante: a inteligência e a cognição dos pequenos estão ficando prejudicadas com o excessivo uso de telas; afinal, o que estimula pessoas são pessoas, e a tela não faz esse papel. Aqui vão algumas sugestões para a educação nesse campo:

Crianças:

uanto menos tempo diante das Q telas, melhor; Estabeleça com clareza limites de tempo a cada etapa da infância; Nunca deixe que usem a internet sem supervisão; O uso de telas deve acontecer sempre nos lugares públicos da casa (sala de estar, escritório, entre outros); Criança não precisa de celular e tablet;

ão use telas como distração na N hora da alimentação, nos trajetos de carro, nos restaurantes; A realidade precisa ser vivida, pois ela ensinará valores e virtudes. Interaja a maior quantidade possível de tempo com seus filhos; Crie um ambiente familiar alegre e divertido, que atraia a criança para as relações reais; Acompanhe e faça curadoria do que a criança vai ter acesso; Dê exemplo, usando a internet com temperança.

Adolescentes:

so de telas somente nos lugares U públicos da casa; Não devem ter acesso à internet no quarto, especialmente no horário de dormir; Ter o próprio celular quando puder pagar por ele – antes disso, usar em momentos de necessidade um aparelho “da família”. Importante: esses momentos são definidos pelos pais; Conversar abertamente e com clareza sobre os riscos e cuidados necessários; Não permitir o uso de fones em reuniões familiares e momentos de convívio; Tempo de uso: quanto menos, melhor; Quando tiverem perfis nas mídias sociais, acompanhar de perto as postagens e interações.

O filtro mais eficaz é o interno: dê uma formação consistente e não terá problemas. Ensinar, cuidar, formar dá trabalho. Mas é uma grande oportunidade e alegria ser responsável por levar os filhos ao máximo potencial possível. Coragem! Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site: www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro.

Dia 15 de outubro é o Dia dos Professores. Esta data comemorativa deve ser lembrada, particularmente neste tempo em que o Papa Francisco nos convida a um novo “Pacto Educativo Global” e a próxima Campanha da Fraternidade terá por tema a educação, pois o educador está na base de toda a sociedade. Prova disso é que todo país com alto índice de desenvolvimento investe muito em educação. Tal aquisição não deve ser apenas quantitativa, mas qualitativa, com recursos bem geridos pelas autoridades vigentes. A valorização da educação e do educador é importante, pois tem um efeito objetivo no desenvolvimento social e econômico de um povo, mas também uma consequência subjetiva no indivíduo. Ou seja, quanto mais conhecimento é apresentado para aquele ser humano, mais possibilidade ele tem de discernir bons caminhos e, consequentemente, ser mais livre. Um exemplo disso está nesta frase de São João Paulo II: “A fé e a razão (fides et ratio) constituem como que as duas asas pelas quais o espírito humano se eleva para a contemplação da verdade” (carta encíclica Fides et ratio, FR, 1). Não adianta ter fé se não possuir o conhecimento necessário sobre aquilo em que se acredita. Para tanto, o papel do professor é fundamental, pois este tem os meios necessários para proporcionar ao educando um contato harmônico com o conhecimento, e este livremente irá discernir os melhores caminhos para a sua vida. Deixando de lado os efeitos coletivos e individuais, vale agora olhar para o professor e perceber a sua desvalorização por parte da sociedade brasileira. O pouco que se ganha no Brasil para educar tem impacto pessoal no profissional da educação e, a médio prazo, impactos sociais gravíssimos. O sentido da atuação do bom professor é o compromisso com o aluno e, consequentemente, o compromisso com o estudo e a renovação do conhecimento. No entanto, dando aula todo dia, tendo uma carga horária de 8 horas diárias de trabalho em sala de aula e usando seu fim de semana para corrigir prova e preparar aula, quando este indivíduo irá estudar, irá se reciclar para não cair na mesmice, que muitas vezes, dadas as circunstâncias, é inevitável? É urgente que se valorize monetariamente o professor, para que este tenha condições econômicas e possa, no decorrer da semana, ter um tempo substancial para se dedicar a estudos pessoais, ampliando seu universo de conhecimento e, consequentemente, melhorando seu desempenho em sala de aula, trazendo como resultado melhoras significativas para a educação. Há outros problemas na educação brasileira, como ideologias e partidarismos, que podem comprometer o processo de ensino e aprendizado. No entanto, esta questão não será resolvida tolhendo-se a liberdade do educador em sala de aula, mas, sim, promovendo-se o diálogo entre os diversos setores da sociedade, dando protagonismo a pais e professores para que encontrem juntos os melhores caminhos para a educação dos jovens. Para terminar, vale lembrar que, dentro de uma realidade escolar, todos os envolvidos possuem responsabilidade direta sobre o processo de ensino do educando. Em épocas de pandemia, o que se vê dentro da escola é que há pessoas de máscara o dia inteiro, como professores, que possuem contato direto com o aluno. Por outro lado, há pessoas que trabalham em suas salas pessoais sem máscara, como membros da direção e do comitê gestor, algo um tanto absurdo, pois não só professores devem ser exemplo, mas sim a escola inteira. Quando o aluno vê o diretor sem máscara em sua sala, infelizmente ele irá se espelhar neste e não no seu professor. Arthur Acosta Baldin é ator e professor de Teatro.


8 | Regiões Episcopais | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Em louvor à ‘Augusta Rainha das Vitórias’, Nossa Senhora do Rosário de Pompeia Karine de Souza Lima

Karine de Sousa Lima

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Participar da oração do Terço, da Santa Missa e receber uma bênção especial a cada dia. Assim foi a rotina de fé dos fiéis da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, desde 28 de setembro, na novena em louvor à padroeira, que teve como tema “Ó Augusta Rainha das Vitórias”, fazendo memória à Batalha de Lepanto, que foi vencida em 7 de outubro de 1571 pela intercessão de Nossa Senhora, após o Papa Pio V exortar todo o povo cristão a rezar o Santo Rosário e fazer penitências para que Deus os ouvisse e ajudasse a ganhar a batalha contra o Império Turco. No dia da padroeira, 7, a programação começou com o momento da Súplica a Nossa Senhora do Rosário de Pompeia, devoção que teve origem na Itália e é tradicionalmente recitada duas vezes por ano – em maio e outubro –, como um ato de amor à Virgem Maria. Em seguida, foi celebrada a missa solene, presidida por Dom Carlos Lema Garcia e concelebrada pelos Padres Camilianos Adailton Mendes da Silva, Pároco, e Juliar Nava, Vigário Paroquial. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Sé falou sobre a oração do Rosário: “Nas cenas

do Rosário, dividido em quatro grupos, percorremos os pontos principais da história da Salvação – a encarnação do Filho de Deus, a vida da Sagrada Família em Nazaré, o início da vida pública de Jesus, o mistério da Páscoa, e a vida eterna que o Senhor concedeu ao subir aos céus e enviar o Espírito Santo. Nesses mistérios, encontramos sempre Maria Santíssima. Ela é a única criatura que está presente nos três grandes momentos da história da Salvação”.

Dom Carlos também reforçou que, para a comunidade, este dia é “um convite permanente para que rezemos o Terço, coloquemos nas mãos de Nossa Senhora as nossas necessidades e para que meditemos os mistérios do Rosário, que são uma espécie de compêndio de todo o Evangelho”. E acrescentou: “O Terço é uma oração de perseverança e de fé”. Todos os registros da festa da padroeira estão disponíveis nas redes sociais da Paróquia (@igrejadapompeiasp).

Dom Carlos celebra o Dia de São Francisco com a Fraternidade ‘O Caminho’ Irmã Doralice da Divina Misericórdia

Irmã Doralice da Divina Misericórdia, PJC COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

Na memória litúrgica de São Francisco de Assis, no dia 4, Dom Carlos Lema Garcia presidiu missa na Paróquia São Cristóvão, Setor Pastoral Bom Retiro, com a participação dos missionários da Fraternidade “O Caminho”, que atendem em duas casas de acolhimento, uma para homens e outra para mulheres, na Rua Rodolfo Miranda, no Bom Retiro. Concelebrou o Padre José Arnaldo Juliano dos Santos, Pároco. São Francisco de Assis é um dos patronos de “O Caminho”. Ele sempre

ensinou a servir aos pobres, sabendo que neles está o próprio Deus. A partir das ações do Santo, surgiram as ordens mendicantes, que exercem um apostolado muito fecundo em prol dos mais pobres. Inspirados em seu luminoso exemplo, os membros da comunidade pedem sua intercessão, para que o carisma e as missões continuem gerando frutos para a Igreja. “Queremos, por meio de um aprofundamento na ciência da Cruz, descobrir luzes novas que nos permitam entender um pouco mais a grandeza do amor de Jesus em relação a cada um de nós”, destacou Dom Carlos Lema, na homilia.

BRASILÂNDIA Com a ‘Mãe Aparecida’, cuidamos da vida em Cristo Jesus, o Ungido do Pai Antonio Dominici Filho

COLABORAÇÃO ESPECIAL PARA A REGIÃO

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt, finalizou na segunda-feira, 11, a novena em preparação à festa da padroeira, celebrada na terça-feira, 12. Todas as missas foram presididas pelo Padre Juarez Dirceu Passos, Pároco. Foi escolhido como tema deste ano “Com a Mãe Aparecida, cuidamos da vida em Cristo Jesus, o Ungido do Pai”, devido ao momento vivido. Todos os dias foram apresentados lemas que levaram a comunidade a refletir. Segundo o Padre Dirceu, “Deus nos dá toda a esperança para continuarmos cuidando da vida, neste tempo ímpar em que vivemos ainda em pandemia, com mais de 600 mil mortos, com muita gente ainda doente, com

sequelas e outros tantos ainda com medo. Talvez alguns não, mas a maioria preserva e vive a dignidade da vida”. As celebrações contaram com agentes de todas as pastorais como corresponsáveis. Foram seguidos todos os protocolos recomendados para o atual momento da pandemia, como a medição de temperatura, uso de álcool em gel e distanciamento físico. Padre Dirceu, em uma das homilias, fez um pedido especial aos jovens, que “são ainda mais chamados para dinamizar, acolher e trazer mais jovens... O espírito jovem é dinamismo para respeitar, acolher e viver a vida”. Também é preciso “definir novos olhares, novos passos pós-pandemia em nossa Paróquia e na Igreja, buscar viver diferentemente aquilo que ainda, talvez, não pudéssemos viver. Somos chamados para isso, todos, ninguém pode ficar de fora”.

Antonio Dominici Filho


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Regiões Episcopais/Geral | 9

lapa Missas e bênçãos a animais marcam a festa de São Francisco de Assis Pascom paroquial

Benigno Naveira

COLABORADOR DE COMUNICAÇÃO NA REGIÃO

Com um tríduo entre os dias 1º e 3, a comunidade de fiéis da Paróquia São Francisco de Assis, no Jaguaré, Setor Pastoral Butantã, iniciou os festejos do padroeiro. Na memória litúrgica do Santo, no dia 4, aconteceram três celebrações: às 6h30, a Missa do Trabalhador, presidida pelo Padre Edilberto Alves da Costa, Pároco; às 15h, com a bênção dos pães e distribuição do bolo comemorativo, a Missa da Terceira Idade e dos Enfermos, presidida por Dom José Benedito Cardoso; e, às 19h30, a Missa da Esperança, presidida pelo Pároco. No domingo, 10, encerrando as festividades, com a presença de cerca de 300 pessoas com seus animais de estimação (cachorros, gatos, cavalos, coelhos e passarinhos), foi celebrada a missa campal ao lado da Capela São Francisco de Assis, na Praça São Francisco, presidida por Dom José Benedito, e concelebrada pelos Padres Edilberto Alves e Ailton Damasceno, MJC, assistidos pelos DiácoPhilomena Pina

[IPIRANGA] Na sexta-feira, 8, aconteceu na cúria regional o encontro de diretores de colégios católicos e responsáveis pelas obras de assistência social presentes na Região Ipiranga, com os Bispos Auxiliares da Arquidiocese, Dom Ângelo Ademir Mezzari, RCJ, Vigário Episcopal na Região Ipiranga, e Dom Carlos Lema Garcia, Vigário Episcopal para a Educação e a Universidade. O encontro teve como pauta a articulação pastoral, no setor socioeducativo, e a apresentação da Campanha da Fraternidade 2022, cujo tema é “Fraternidade e Educação”. (por Caroline Dupim) Thais Egas

REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

nos Marcos Adriano de Souza, Antônio Geraldo de Souza e André Iasz. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Lapa lembrou que quem deixa tudo por Cristo e por seu Evangelho é verdadeiramente sábio e adquire tudo de uma só vez. Dom José Benedito ressaltou ainda que esse “deixar tudo” não é apenas espiritualmente, mas que as ações pessoais devem ser exteriormente ligadas a uma intenção interior

que dá qualidade aos atos. Ele ainda lembrou que São Francisco entendeu que cada criatura é um dom de Deus, e, por isso, viveu em função dos pobres, acolhendo os humildes e necessitados. Ao fim da missa, Dom José Benedito abençoou os pães e os animais. São Francisco de Assis é o “celeste padroeiro dos cultores da Ecologia”, conforme o declarou São João Paulo II em uma carta apostólica. Caio Cesar Pereira de Oliveira

[BRASILÂNDIA] No domingo, 10, Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa no segundo dia do tríduo à padroeira da Comunidade Nossa Senhora Aparecida da Paróquia São Francisco de Assis, no Setor Dom Paulo Evaristo. Na homilia, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia afirmou que as escolhas tomadas na vida e a forma como as pessoas lidam com suas consequências por vezes não as satisfazem plenamente no momento, mas, no futuro, acabam por se mostrar corretas. Dom Carlos enalteceu a intensa participação das crianças na comunidade. Houve também a bênção dos óleos levados, das crianças e de todos na comunidade. (por Lilian Oliveira, Marcos Rubens e Victor Batista) José Henrique Monfré

[SANTANA] No domingo, 10, Dom Jorge Pierozan presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Albertina, por ocasião da festa da padroeira. Na oportunidade, ele falou da importância de Nossa Senhora como representante dos povos do mundo inteiro e de se rezar pelas crianças. Concelebrou o Padre Jovair Milan, Pároco, com a assistência do Diácono Geraldo Aparecido Braga. (por Dino Kreling)

Campanha Natal dos Sonhos chega à 20ª edição

[SANTANA] No sábado, 9, a Pastoral Vocacional da Arquidiocese de São Paulo promoveu um encontro vocacional, com o tema “A Dimensão Comunitária da Formação Presbiteral”, conduzida pelo Padre Salvador Ruiz Armas. Participaram 23 vocacionados. Em seguida, houve a celebração eucarística presidida por Dom Jorge Pierozan, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana, e concelebrada pelo Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional Arquidiocesano. (por José Henrique Monfré)

A Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo lançou na quarta-feira, 13, a Campanha Natal dos Sonhos, este ano com o tema “Eu vim para servir” (Mc 10,45). Há 20 anos, o projeto arrecada brinquedos que são destinados a milhares de crianças em situação de vulnerabilidade social na cidade de São Paulo. Ao longo deste período, 400 mil brinquedos foram arrecadados e dados de presente às crianças na época de Natal. Em 2021, a iniciativa também arrecadará alimentos não perecíveis. “Muitos sonhos já foram realizados com as doações, e acredito que, neste momento de pandemia, a solidariedade é o principal testemunho que podemos dar”, afirmou Sueli Camargo, coordenadora da Pastoral do Menor da Arquidiocese de São Paulo. As doações poderão ser feitas em mais de 300 paróquias da cidade de São Paulo até 15 de dezembro. A Pastoral do Menor será a responsável pela entrega dos brinquedos e alimentos às crianças carentes assistidas pelos seus projetos e outras em situação de vulnerabilidade, de acordo com a quantidade de itens doados, sem nenhuma distinção. O Natal dos Sonhos conta com diversos parceiros, entre eles colégios católicos e outras instituições, como a Mega Model Brasil, a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), a Sociedade Esportiva Palmeiras, Crefisa e Faculdade das Américas (FAM). Também apoiam a iniciativa neste ano as modelos Renata Kuerten e Maria Klaumann, o cantor Felipe Pezzoni, da Banda Eva, entre outros artistas. O encerramento da campanha acontecerá no dia 19 de dezembro, na Sociedade Esportiva Palmeiras, com missa presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo. Ainda não há certeza de que a missa será aberta a todos os interessados. “Nosso desejo é que seja presencial e com o maior número possível de participantes, em especial crianças e adolescentes. Se assim for, todas as medidas de segurança serão tomadas, cumpriremos o estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelas práticas instituídas de prevenção à COVID-19 no estado de São Paulo”, contou Sueli.


10 | Reportagem | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Paróquias de portas abertas para receber os fiéis e sair em missão Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

O melhor controle da pandemia de COVID-19 em razão da maior quantidade de pessoas vacinadas tem impulsionado que

nas paróquias da Arquidiocese de São Paulo mais fiéis participem das missas e das atividades pastorais, caritativas e de evangelização. “É tempo de retomar uma participação mais plena na vida da Igreja, por meio da frequentação da missa

dominical, dos sacramentos e das iniciativas pastorais. Ainda temos muitas pessoas com medo de sair de casa. Elas precisam ser visitadas e ajudadas a dar os passos que já são possíveis”, exortou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropoli-

tano, em recente artigo publicado no O SÃO PAULO. Nesta edição, apresentamos como seis paróquias de diferentes regiões episcopais da Arquidiocese têm intensificado suas ações com a volta das atividades presenciais.

Acolhida e ação missionária “Cresce a cada domingo o número dos que vêm celebrar presencialmente”, assegura o Padre Ricardo Antonio Pinto, Pároco da Paróquia São João Batista, na Vila Guarani, Região Episcopal Ipiranga. “Muitos estão vindo à Paróquia em busca de acolhida e equilíbrio diante dos impactos causados pela pandemia na vida pessoal, familiar e social. Estamos atentos aos que querem o ‘pão’ e a Palavra”, contou o Padre, recordando que na fase mais restritiva da pandemia foram mantidos os contatos remotos com as famílias e os idosos, as ações caritativas e houve a transmissão pela internet de celebrações, Catequese, encontros formativos e eventos. “A reforma feita no interior da Igreja também trouxe maior conforto e segurança e está ajudando os paroquianos, pessoas que estão chegando, especialmente casais de noivos, a se sentirem acolhidos pela harmonia e beleza do ambiente”, disse. Padre Ricardo afirma que tem destinado mais tempo para atendimentos presenciais de orientação espiritual e confissões,

Pascom paroquial

Padre Ricardo com catequizandos em missa na Paróquia São João Batista, na Região Ipiranga

e há acompanhamento psicológico e terapia familiar por meio da Ação Social. Há, ainda, o Projeto Solidário, voltado a pessoas em situação de vulnerabilidade social. “O projeto está atraindo vários colaboradores competentes e criativos em diversas áreas, inclusive com expressão ecumênica, e motivando os condomínios do bairro a realizarem campanhas de arrecadação de alimentos em favor das famílias auxiliadas”, disse o Padre.

A Paróquia já retomou todos os horários de missas aos fins de semana (uma delas é feita com linguagem específica para as crianças), bem como as atividades presenciais do Terço dos Homens, do grupo de oração e a adoração ao Santíssimo Sacramento. Também o Encontro de Casais com Cristo e a Pastoral Familiar têm promovido lives mensalmente. “As redes sociais alimentadas pela Pascom [Pastoral da Comunicação] estão dando uma gran-

Pascom paroquial

retomada da dinâmica pastoral Na Paróquia Santos Apóstolos, no Jardim Maracanã, Região Episcopal Brasilândia, dois horários de missas dominicais foram acrescidos aos já existentes, e houve a retomada de reuniões pastorais e formações presenciais, assim como das atividades do grupo de oração, das festas de padroeiros e da bênção com o Santíssimo. Além disso, permanecem as atividades caritativas, como a entrega de cestas básicas. De acordo com os Padres Jaime Izidoro de Sena, Pároco, e Luiz Carlos Ferreira Tose Filho, Vigário Paroquial, uma das principais iniciativas nesta retomada tem sido a formação de novos agentes, como Pascom paroquial

Matrimônio na paróquia N. Sra. dos Remédios

cerimoniários, acólitos e membros para a Pastoral da Acolhida. As visitas às pessoas enfermas também voltaram a acontecer, bem como a reza do Terço dos Homens. “A partir deste grupo, surgiu a ideia de formar a Irmandade do Santíssimo, que realiza suas atividades sempre quando há a bênção do Santíssimo nos momentos de adoração”, comenta o Sacerdote, detalhando que os membros estão presentes também no dia de devoção ao Sagrado Coração de Jesus, na primeira sexta-feira de cada mês, e na festa dos padroeiros, sendo responsáveis por conduzir os andores nas procissões.

de contribuição nessa retomada”, afirmou. “Na linha da ‘Igreja em saída’, a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt está voltando às famílias com novo impulso evangelizador, e os ministros extraordinários da Eucaristia recomeçaram a visitar os enfermos e idosos”, detalhou. A Pastoral Familiar formou um grupo voltado aos casais que chegam à Paróquia, a fim de prepará-los para os sacramentos da iniciação cristã e o Matrimônio. Uma das consequências tem sido o aumento do número de casamentos celebrados. A Catequese de adultos ainda é realizada de modo remoto. Já a preparação para a primeira Comunhão intercala momentos presenciais e on-line, assim como os encontros do grupo de adolescentes JBteen. Para os que se preparam para a Crisma, os encontros ocorrem presencialmente. “A Pastoral do Batismo também se reinventou nos encontros de preparação presenciais, com metodologia audiovisual e no maior número de possibilidades de datas para as celebrações”, afirmou o Sacerdote.

Também já foi retomado o curso de Batismo, a celebração de batizados e a Catequese infantil, incluindo a abertura para novas inscrições e a volta da turma que iniciou a formação em 2020 e teve de interrompê-la em razão da pandemia. Os encontros para novos crismandos e a Catequese de adultos já começaram. “Percebo algumas pessoas novas na comunidade, mas ainda não vejo uma boa participação dos que eram mais presentes nas missas, assim como muitos agentes de pastoral que ainda não retornaram”, comentou o Pároco, na esperança do retorno de todos os paroquianos em breve.

Padre Jaime visita a casa de uma paroquiana

Valorização da vida sacramental e comunitária A Paróquia Nossa Senhora dos Remédios, na Aclimação, Região Episcopal Sé, se prepara para a abertura de seu jubileu de ouro, no dia 22, às 19h30, com missa presidida pelo Cardeal Scherer. Com a intensificação das atividades presenciais, a Paróquia reduziu a quantidade de transmissões de missas on-line, mas não a quantidade de celebrações. Além disso, foram retomados os cursos de Batismo e de Matrimônio. “Houve grande procura pelos sacramentos. Para tanto, oferecemos forma-

ções presenciais em preparação. Também retomamos a Catequese de jovens e de adultos. A Catequese está estruturada em pequenos grupos. As formações acontecem tanto durante a semana quanto nos fins de semana”, explicou o Padre Ricardo Cardoso Anacleto, Pároco. Desde agosto, formações e encontros têm ocorrido de modo presencial. “Temos insistido com os paroquianos sobre a importância da vida sacramental e da relevância da participação na vida comunitária. Nosso plano de evangeli-

zação está amparado nas próximas atividades que decorrerão do jubileu de ouro de criação da paróquia, com compromisso de uma caminhada sinodal, de comunhão e de participação”, enfatizou. Também tem havido campanhas solidárias, com a participação de paroquianos e até de pessoas afastadas da fé católica. “Temos atendido cerca de 350 famílias, os seminários de Filosofia e de Teologia com alimentos e a Missão Belém com roupas, alimentos e donativos semanalmente”, detalhou.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Reportagem | 11

Amplas frentes de evangelização Na Paróquia Sagrada Família, no Jardim Antártica, Região Episcopal Santana, assim que as atividades presenciais foram retomadas, houve a preocupação de saber onde estavam os fiéis que não voltaram para as missas. “Por meio das ligações e mensagens de WhatsApp, mantive contato com os paroquianos que se afastaram para saber como estavam se sentindo e, assim, motivá-los a regressarem às missas presenciais. Enviamos mensagens e orações aos grupos de WhatsApp para fortalecer a espiritualidade, com a ajuda da Pastoral da Comunicação”, recordou o Padre Erly Avelino Guillén Moscoso, Pároco. Outra estratégia foi diminuir a quantidade de missas transmitidas on-line. “Isso fez com que as pessoas retornassem à participação presencial. Voltamos também com todas as missas nos horários habituais, tanto na matriz quanto nas comunidades”, afirmou. Logo após a Semana Santa, os encontros presenciais da Catequese, Crisma,

preparação para o Batismo, bem como as reuniões das pastorais, do Conselho Paroquial de Pastoral e a oração do Santo Terço voltaram a ocorrer presencialmente. O mesmo aconteceu com os encontros da Legião de Maria, do Apostolado da Oração e dos círculos bíblicos, além da adoração ao Santíssimo Sacramento, toda quinta-feira, às 9h e às 19h, e uma vez por semana nas comunidades. “Retomamos também as visitas aos doentes, nos hospitais e casas, levando a Eucaristia àquelas pessoas que estão impossibilitadas de vir à igreja”, recordou o Padre Erly. “Neste mês, retomaremos as visitas missionárias nas casas, todos os sábados, como já fazíamos antes da pandemia”, assegurou. Ao longo da pandemia, formações on-line foram oferecidas aos catequistas, equipe missionária e líderes da Pastoral da Criança. Além disso, foram mantidos os atendimentos às famílias em situação de vulnerabilidade. Em agosto, uma turma de catequi-

Silvano Souza

Padre Erly Moscoso com crianças que receberam a 1ª Comunhão na Paróquia Sagrada Família

zandos recebeu o sacramento da primeira Eucaristia e em outubro isso acontecerá com outra turma. Em maio, foi conferido o sacramento da Crisma aos que começaram a se preparar antes

da pandemia. Novas turmas de Crisma e Catequese serão iniciadas ainda este ano e, segundo o Sacerdote, tem havido maior procura pelos sacramentos do Batismo e do Matrimônio.

Legados do que foi aprendido na pandemia Na Vila Leopoldina, na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, Região Episcopal Lapa, há tempos é realizada a distribuição de cestas básicas, aos sábados, para famílias em situação de vulnerabilidade. Diante da pandemia, porém, os paroquianos perceberam que era preciso fazer mais e surgiram duas iniciativas: na Comunidade São Joaquim e Sant’Ana, a preparação e distribuição de refeições prontas aos sábados e domingos para as pessoas em situação de rua; e na matriz paroquial, outra equipe tem feito cerca de cem pratos de sopa às segundas-feiras, e os têm distribuído nas proximidades do Centro Estadual de Abastecimento (Ceasa), em algumas ruas da Lapa e embaixo do elevado Presidente João Goulart, popularmente conhecido como Minhocão. Desde o mês passado, a única missa que havia sido retirada da programação durante a pandemia, a das 7h do domingo, voltou a ser celebrada, e semana a semana o Padre Tarcísio Justino Loro, Pároco, percebe que mais pessoas têm ido à igreja. “As pessoas expressam aquele sentimento de matar a sauda-

Pascom paroquial

Na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, na região Lapa, ações caritativas têm sido ampliadas

de, mas mantendo todos os cuidados necessários”, comentou. “Envolvemos mais pessoas para ajudar os fiéis a serem encaminhados até os bancos. Está bem organizado, especialmente com a participação da Pastoral da Família e do Encontro de Casais com Cristo (ECC)”, ressaltou o Sacerdote, que durante as

missas, também transmitidas pela internet, tem incentivado que os paroquianos voltem a participar presencialmente. A ampliação das transmissões on-line durante a pandemia impulsionou à criação de uma sala de comunicação que será inaugurada nas próximas semanas. “Terá o nome de ‘Evangelização e Ora-

ção’. Já está formado um grupo que vai rezar o Terço todos os dias às 8h, e outro grupo que vai rezar à noite. Será como um estúdio, com todos os equipamentos necessários, no qual pessoas da comunidade vão rezar o Terço e refletir sobre temas do Evangelho, e o conteúdo será transmitido on-line”, detalhou o Pároco. Outras iniciativas pastorais voltaram a acontecer presencialmente, como é o caso da visita aos enfermos nas casas, a adoração ao Santíssimo na igreja matriz, com a participação dos agentes da Pastoral da Saúde, cursos de Batismo e de Matrimônio (também oferecidos on-line) e a celebração desses sacramentos. Um grupo com 140 catequizandos que iniciou a preparação antes da pandemia já recebeu a primeira Comunhão, e o mesmo aconteceu com uma turma de cerca de cem crismandos. “Os encontros foram on-line e depois aqui na Paróquia se fez uma preparação mais rápida”, comentou o Sacerdote, recordando, ainda, que um grupo de 30 adultos recebeu o sacramento da Crisma após ter participado de encontros on-line.

Atenção à oferta de sacramentos Arquivo paroquial

Padre Fausto Marinho com os coroinhas da Paróquia São José, na Vila Zelina, Região Belém

Na Paróquia São José, na Vila Zelina, Região Episcopal Belém, a volta das atividades presenciais tem

impactado a oferta dos sacramentos. “Retornamos neste ano com a celebração do Matrimônio. Já houve cinco

celebrações da primeira Eucaristia pendentes de 2020, com cerca de 80 crianças, faltando ainda um grupo de 25 crianças. Reiniciamos em agosto as catequeses presenciais de crianças, jovens e adultos”, afirma o Padre Fausto Marinho, Pároco, informando, ainda, que a formação dos catequistas, em âmbito setorial, será iniciada neste mês. Também já houve a retomada presencial de encontros, reuniões e de todas as missas nos horários que ocorriam antes da pandemia, seguindo os protocolos de distanciamento e higienização. “Mantemos o contato por WhatsApp com os afastados das atividades, as visitas quando possível aos enfermos nas residências e hospitais dentro dos protocolos, além

da celebração das exéquias nos velórios”, listou o Sacerdote. Durante a pandemia, as doações de cestas básicas, roupas, calçados e itens de higiene foram mantidas, algo que agora continua. “Ocorreu a conscientização para a comunidade contribuir com as doações financeiras, dízimos e para a Ação Social: cestas básicas e outros itens para socorrer as famílias. Houve também doações para os equipamentos de transmissão”, recordou, destacando ainda que, com a ajuda da Pascom paroquial desde o começo da pandemia, as missas passaram a ser transmitidas pelas redes sociais, nas quais se divulgava o número do WhatsApp paroquial e do telefone fixo, para que os fiéis mantivessem contato com a Paróquia.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Luciney Martins/O SÃO PAULO

12 | Reportagem | 14 a 19 de outubro de 2021 |

No Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no bairro do Ipiranga, zona Sul, dez missas e um momento mariano são realizados na Solenidade da Padroeira, na teça-feira, 12

Devotos vivem a alegria de celebrar presencialmente o dia da Padroeira do Brasil Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

A Solenidade de Nossa Senhora da Conceição Aparecida foi celebrada nas paróquias e comunidades da Arquidiocese de São Paulo na terça-feira, 12. No Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga, zona Sul da capital, aproximadamente 10 mil devotos participaram das dez missas celebradas e de um momento mariano, respeitando-se todas as recomendações sanitárias já conhecidas para evitar a disseminação do coronavírus. Na homilia de uma das missas, o Padre Zacarias José de Carvalho Paiva, Pároco e Reitor do Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, recordou que Maria é a grande intercessora e convidou a todos, para, no cotidiano, buscar viver a mística mariana. “Maria caminha junto com o povo brasileiro. Uma mãe nunca abandona seus filhos e está sempre disponível a atender ao pedido de quem clama com fé e devoção”, afirmou o Reitor.

Gratidão

Lívia Patrícia de Andrade Menezes, 37, foi diagnosticada, em março, com câncer de ovário, já em estágio de metástase. “Quando soube da doença e da urgência da cirurgia, vim ao Santuário Arquidiocesano pedir a proteção de Nossa Senhora Aparecida para superar este momento da vida”, disse, recordando que foram três meses de internação no Centro de Terapia Intensiva (CTI), três intubações e várias complicações pós-operatórias. “Foi uma fase difícil. Um dia, cansada, falei que não aguentava mais tanta dor e sofrimento. Então, minha mãe, que sempre rezou pela minha recuperação, intensificou a corrente de orações, pedindo a Nossa Senhora Aparecida a cura”, recordou, afirmando que teve alta médica no último domingo, 10, e, por isso, foi presencialmente ao Santuário para agradecer o restabelecimento da saúde. “Sou um milagre”, disse emocionada, em sua cadeira de rodas e acompanhada da família, aos pés da imagem da Padroeira do Brasil.

Proteção

Tânia Silva Freitas, 37, e Cleber Freitas e Silva, 39, são enfermeiros e pais das gêmeas Milena e Sofia, de 5 anos. Durante a pandemia, o casal esteve na linha de frente no combate à COVID-19 e veio ao Santuário para agradecer. “A pandemia pegou a todos de surpresa e exigiu novos hábitos e cuidados. Hoje, trouxe a família para agradecer a proteção e as bênçãos diárias”, disse Silva, destacando que ele e a esposa não foram contaminados pelo coronavírus. Tânia ressaltou que voltar ao Santuário, participar da celebração em comunidade, nesta retomada das atividades presenciais, é um sinal de esperança. “Voltar à casa da Mãe é uma experiência emocionante”, assegurou.

Pedir à Mãe

Com rosas nas mãos, Maria Aparecida da Silva Oliveira, 67, foi para agradecer e pedir. “Estou muito feliz em estar de volta ao Santuário, neste dia especial”, afirmou, mencionando ter recebido dos pais o mesmo nome da Padroeira do Brasil.

“De joelhos diante da imagem de Aparecida, imploro pelo fim da pandemia, consolo às famílias que perderam seus entes queridos e pela Nação, tão sofrida pela pobreza, desemprego e violência”, disse.

Herança de fé

Vilma Paz Carvalho, 86, é devota da ‘Mãe Aparecida’ desde criança e sempre incentivou seus filhos, netos e bisnetos à devoção à Virgem Maria. Ela falou à reportagem que foi vítima de um relacionamento abusivo e que Nossa Senhora a livrou várias vezes da morte, especialmente diante dos ataques violentos. “Nossa Senhora estava lá com seu manto, me protegendo. Em todas as vezes, foi Maria que me libertou”, disse. “Nossa Mãe, Maria, sempre nos escuta e nos atende, quando recorremos a Ela com confiança”, afirmou a devota. Abraçada à Vilma estava sua bisneta, Pietra, de 8 anos. “Todos os dias, rezo à Mãezinha Aparecida pela família e agradeço a volta das aulas presenciais”, contou.

Bruno Bomfim

Pascom paroquial

Na terça-feira, 12, Dom Luiz Carlos Dias presidiu a Solenidade de Nossa Senhora Aparecida na Capela dedicada à Padroeira do Brasil e que faz parte da Área Pastoral Nossa Senhora do Carmo na Região Belém. Na homilia, o Bispo falou sobre a ação de Nossa Senhora Aparecida na vida da comunidade e na do povo brasileiro. Também ressaltou que Nossa Senhora deve estar no coração de todas as pessoas. Dom Luiz Carlos também presidiu missa no Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora Aparecida, no Ipiranga, e na Capela do Juventus, na Mooca. (por Fernando Arthur)

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida dos Ferroviários, Setor Brás da Região Sé, celebrou a festa da padroeira com quatro missas na terça-feira, 12, presididas pelos Padres Lorenzo Nacheli e Simone Bernardi. O tema “Reconstruímos, com Maria, na Unidade e na Paz” fez referência à reabertura da igreja após um ano de reforma. Além das missas, a programação contou com a oração do Terço, conduzida por paroquianos e procissão pelas ruas do bairro. As celebrações e orações foram transmitidas pelo Facebook (@nsaparecidaferroviarios). (por Pascom paroquial)


Pascom Brasilândia

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Reportagem | 13

Devotos da ‘Mãe Aparecida’ renovam a esperança de ver o rio Tietê limpo Luciney Martins/O SÃO PAULO

Na Região Brasilândia, as paróquias e comunidades prepararam celebrações especiais e ações como carreatas, campanhas solidárias, bênçãos aos devotos, em especial às crianças no Dia da Padroeira do Brasil. Dom Carlos Silva, OFMCap, presidiu missa à tarde na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Zatt, Setor Pereira Barreto. Na homilia, enfatizou os três verbos da vida de Nossa Senhora: sair – “será que conseguimos sair apressadamente para servir aqueles que precisam de nós?”, encontrar – “para encontrar alguém, nós temos que nos colocar a caminho, não existe peregrinação sem sacrifício, não existe cristão sem cruz”, e cuidar – “temos uma mãe que cuida de nós, sai de si mesma, coloca-se a caminho e vai ao encontro para cuidar de alguém que precisa”. (por Priscila Rocha) Fernando Fernandes

Na Ponte do Piqueri, fiéis veneram a imagem peregrina de Nossa Senhora Aparecida, no dia 12

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Na Capela Nossa Senhora Aparecida, pertencente à Paróquia Santa Rita de Cássia, Setor Vila Maria da Região Santana, a festa da padroeira foi realizada com uma procissão e celebração, presidida por Dom Jorge Pierozan, e concelebrada pelo Pároco, Frei Cássio Ramom Nascimento, OSA, e o Vigário Paroquial, Frei Pelayio Moreno Palacios, com a participação de frades agostinianos e dos fiéis. Também no dia 12, o Bispo presidiu missa na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, Setor Medeiros. Concelebraram os Padres Mauricio Vieira de Souza, Pároco, e Edgardo Manoel Zagada, assistidos pelo Diácono Jorge Fernandes. (por Fernando Fernandes) Benigno Naveira

Dom José Benedito Cardoso presidiu missa na festa da padroeira da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, no Jardim Ester, Setor Rio Pequeno da Região Lapa. Concelebrou o Padre Cristiano de Souza Costa, Pároco. Na ocasião, 20 ministros extraordinários da Sagrada Comunhão receberam e renovaram seus mandatos pelos próximos dois anos. O Dia da Padroeira do Brasil foi celebrado em todas as paróquia da Região, de modo especial nas Paróquias Nossa Senhora Aparecida, na Vila Anglo Brasileira, e na Comunidade Nossa Senhora Aparecida da Área Pastoral da Paróquia São José, no Jardim Monte Alegre. (por Benigno Naveira) Teresa Geribelo

Pouco a pouco, os devotos de Nossa Senhora Aparecida ocuparam a passagem de pedestres da Ponte do Piqueri, sobre o rio Tietê, na manhã da terça-feira, 12, para esperar a chegada da imagem peregrina da Padroeira do Brasil. Carlos Alberto Schitini era um deles. “Sou muito devoto de Nossa Senhora Aparecida. Ela nos protege nas horas mais difíceis, como agora nesta pandemia”, afirmou o paroquiano da Paróquia Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na Vila Bonilha. De outra paróquia próxima, a de Nossa Senhora da Expectação, na Freguesia do Ó, os fiéis que organizam a Festa do Divino Espírito Santo foram recepcionar a imagem mariana. “Este momento é importante por prestarmos nossa homenagem a Nossa Senhora Aparecida e para que outros entendam o significado deste dia de fé e de conscientização sobre a preservação das águas”, afimou Maria Lúcia Miserochi de Oliveira Lins, uma das “divineiras”. Segurando rosas nas mãos, Filomena de Cássia, 59, moradora de Pirituba, estava acompanhada das duas filhas adolescentes e do irmão. “Quando plantei esta roseira, eu a consagrei a Nossa Senhora. Ela dá rosas o ano inteiro e sempre as trago para a ‘Mãe Aparecida’ neste dia”, contou. “Temos esperança de ver este rio limpo um dia, se não a gente, ao menos os nossos filhos ou nossos netos”, completou.

Fé e conscientização ambiental

A Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Moema, na Região Ipiranga, concluiu na terça-feira, 12, a 88ª festa da padroeira. Das 5h às 20h, ocorreram missas de hora em hora, realizadas separadamente no templo e na quadra da igreja, para atender aos fiéis em segurança. O ponto alto da celebração foi a missa presidida por Dom Ângelo Ademir Mezzari, às 11h. Apesar da chuva e do dia nublado, os fiéis mantiveram-se firmes em oração e na devoção à ‘Mãe Aparecida’. Também houve a coroação de Nossa Senhora pelas crianças da comunidade. (por Teresa Geribelo)

A peregrinação da imagem pelo rio Tietê começou em 2004, ano em que a Campanha da Fraternidade teve como lema “Água, fonte de vida”, o que levou o Padre Palmiro Paes a idealizar o projeto “Tietê Esperança Aparecida”, para conscientizar a população e as autoridades de que o rio Tietê “é um presente de Deus e não um esgoto da cidade”, afirmou ao O SÃO PAULO. A cada ano, antes de ser trazida à capital paulista no dia 12, a imagem é abençoada semanas antes na nascente do Tie-

tê, em Salesópolis (SP), e peregrina por cidades que são banhadas pelo rio. Até 2019, a imagem chegava à ponte em uma procissão Fluvial, mas, neste ano, assim como em 2020, foi conduzida até a Ponte do Piqueri em carro aberto do Corpo de Bombeiros, após ter sido celebrada uma missa, no começo da manhã, na Capela Santo Estêvão Mártir, na Região Episcopal Ipiranga. “Conduzimos a imagem de Nossa Senhora Aparecida pelas ruas da cidade, margeando o rio Tietê porque queremos ser sinal de esperança de um novo tempo”, disse o Padre Palmiro, lamentando que ao longo do caminho viu, mais do que nos anos anteriores, pessoas vivendo em situação de rua.

Despoluição

O projeto “Tietê Esperança Aparecida” tem o apoio da Arquidiocese de São Paulo e da Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do Estado de São Paulo. O secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, acompanhou a procissão e a bênção das águas feita pelo Padre Palmiro, na parte central da Ponte do Piqueri, por volta das 10h30. Antes, na chegada da imagem, foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem aos mais de 600 mil mortos pela COVID-19 no Brasil. Em entrevista à reportagem, Penido enalteceu a iniciativa que ocorre pelo 18º ano e que alerta para a responsabilidade de todos com a conservação do rio Tietê. “É preciso que haja consciência geral. Claro que existe a obrigação e o trabalho do Estado de garantir o saneamento básico, para que o esgoto deixe de cair in natura no rio, e é o que temos feito, por exemplo, no projeto do rio Pinheiros, que no ano que vem estará limpo. Já estamos fazendo ações no Tietê para que possamos, a médio prazo, ter este rio limpo, mas precisamos da consciência das pessoas: não há só um problema como o esgoto, há a questão do lixo também. Temos que ter a consciência de colocar os resíduos sólidos no lugar certo, sermos agentes da limpeza. Se não interviermos, o rio nasce limpo, mas morre”, ressaltou o secretário.


14 | Pelo Brasil | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

70 mil pessoas vão ao Santuário Nacional no dia de Nossa Senhora Aparecida REDAÇÃO

osaopaulo@uol.com.br

Diferentemente das missas sem a presença de devotos no dia da Padroeira do Brasil em 2020, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida recebeu cerca de 70 mil pessoas de diversas partes do País, na terça-feira, 12. Ao todo, ocorreram 14 missas, metade destas na Basílica Nova, com o limite de 2,5 mil pessoas por celebração, e a outra metade no Centro de Eventos Pe.

Vítor Coelho de Almeida, no limite de 5 mil peregrinos por missa, seguindo todos os protocolos sanitários recomendados para o atual momento da pandemia. O tema da festa da padroeira deste ano foi “Com Maria, somos povo de Deus, unidos pela aliança”. A missa solene, às 9h, foi presidida por Dom Orlando Brandes, Arcebispo de Aparecida (SP), que ao falar sobre o povo brasileiro exortou que haja respeito mútuo entre todas as raças. Fez menção, ainda, às mais de 600 Gustavo de Oliveira/Arquidiocese do Rio de Janeiro

mil pessoas que já morreram em razão da COVID-19 no Brasil e às suas famílias. O Arcebispo espera que o Brasil seja uma “pátria sem ódio, sem mentira e fake news, sem corrupção”, com espírito fraterno entre todos os brasileiros. A missa do meio-dia foi especialmente preparada para as crianças; a das 14h, na Basílica Nova, teve a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro, que proclamou a 1ª leitura da celebração e rezou a Consagração

a Nossa Senhora Aparecida. E, encerrando as festividades, a missa das 19h, presidida pelo Padre Marlos Aurélio, Superior Provincial dos Redentoristas de São Paulo, foi iniciada com uma procissão dentro da Basílica, na qual se recordou o êxodo e a história da devoção à ‘Mãe Aparecida’. Ao longo do dia, o Nicho da Imagem de Aparecida, a Sala das Promessas, a Capela das Velas e a Passarela da Fé foram os pontos de peregrinação mais visitados. Fonte: Portal A12

Cristo Redentor completa 90 anos A Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro realizou na terça-feira, 12, uma série de atividades para comemorar os 90 anos do Cristo Redentor. Devido ao mal tempo na capital fluminense, a missa em ação de graças foi transferida do Santuário do Cristo Redentor para a Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Na homilia, o Cardeal Orani João Tempesta, Arcebispo Metropolitano, apontou que em tempos de polarizações, ódios, rancores e situações diversas, celebrar os 90 anos da inauguração do Cristo Redentor é “nos comprometer hoje a ajudar o Brasil a ser cada vez mais um país que acolhe e constrói pontes, para convivermos com os diferentes, uns com os outros; e aquilo que suscita a imagem do Redentor, além da fé em Cristo Jesus, é que os braços abertos possam ajudar o País, o mundo, a ver que é possível olhar com fraternidade uns para os outros, e isso seria um sonho a que nós somos chamados a acalentar”. O primeiro a ter a ideia da construção de um monumento com a imagem de Jesus

Cristo no local conhecido como “Corcovado” foi o Padre francês Pierre-Marie Boss, em 1859, mas a ideia não avançou. Apenas em 1921, o “Círculo Católico”, liderado pelo General Pedro Carolino Pinto, novamente ventilou a ideia de se fazer o monumento para a celebração do centenário da Independência do Brasil. Em 1923, a Arquidiocese do Rio de Janeiro iniciou uma campanha de arrecadação em todo o País para viabilizar a obra, que seria feita a partir de 1926, tendo como mestre de obras da construção o arquiteto Heitor Levy e como engenheiro fiscal o senhor Pedro Fernandes Viana. A inauguração solene ocorreu em 12 de outubro de 1931, no dia de Nossa Senhora Aparecida. O monumento do Cristo Redentor recebeu a visita de São João Paulo II em 1980. Em 2006, por decreto do Cardeal Eusébio Oscar Scheidt, então Arcebispo Metropolitano, foi criado o Santuário Arquidiocesano do Cristo Redentor. Desde 2008, o monumento é tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Fontes: Agência Brasil e Santuário do Cristo Redentor


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Pelo Mundo | 15

Vaticano

Colômbia

Membros da Presidência do Celam participam da preparação do Sínodo com Francisco Vatican Media

Clínica suspende eutanásia de mulher que não tem doença terminal A clínica que seria responsável pela eutanásia da colombiana Martha Liria Sepúlveda, 51, que não tem doença terminal, suspendeu a realização do procedimento no domingo, 10. A morte de Martha estava marcada para ocorrer às 7h, horário local. Com esclerose lateral amiotrófica (ELA), a colombiana foi a primeira pessoa em estado não terminal a ter a eutanásia autorizada na Colômbia.

EMBATE JURÍDICO

Papa Francisco recebe em audiência os membros da presidência do Conselho Episcopal Latino-americano, dia 9

JOSÉ FERREIRA FILHO

osaopaulo@uol.com.br

O Papa Francisco discursou no sábado, 9, por ocasião da abertura dos preparativos para o Sínodo 2021-2023, sobre a Sinodalidade da Igreja – comunhão, participação e missão – no Vaticano. “[Os participantes] vieram de muitas igrejas e por muitos caminhos, trazendo dúvidas e esperança em seus corações”, proferiu o Sumo Pontífice.

PRESENÇA DO CELAM

Dom Miguel Cabrejos, Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) e um dos participantes do evento, enviou uma videomensagem logo após a celebração eucarística presidida por Francisco, no domingo, 10. “Caros irmãos no episcopado e queridos fiéis de toda a América

Latina e do Caribe, o Santo Padre, na missa de inauguração do Sínodo sobre a sinodalidade, lançou para nossa reflexão três verbos que podem ser as bases, os alicerces do que vamos viver nestes próximos dois anos no processo sinodal: encontrar, ouvir e discernir”, comentou.

MENSAGEM DE FRANCISCO

Na ocasião, o Papa sublinhou a necessidade de que se promova “a cultura do encontro, e que todos são chamados a ser especialistas na arte do encontro, dos encontros verdadeiros, dos encontros profundos como Igreja do povo de Deus”. Em segundo lugar, o Sumo Pontífice propôs: ouvir, verbo familiar para a Igreja latino-americana e caribenha, porque “também vivemos um processo de escuta a caminho da assembleia eclesial da América

Latina e do Caribe”. Portanto, disse o Papa, “eu peço uma escuta sem pressa, uma escuta do coração, que todos possam participar e todos se sintam ouvidos”. Por fim, discernir. Assim, “o Sínodo é um processo de discernimento espiritual, de discernimento eclesial, o Pai sublinhou e nos pediu que discerníssemos com a oração, que discerníssemos com a Palavra de Deus”.

ARTE DE OUVIR

Concluindo, Dom Cabrejos afirma que a sinodalidade é “também a arte de ouvir, ouvir-se, ouvir os outros, mas também ouvir a Deus e depois discernir”. “Tudo o que ouvimos, tudo o que encontramos na vida, na existência deve ser discernido, mas à luz do espírito de Deus, à luz do Espírito Santo”, disse ele. Fonte: Celam

Congregação para a Evangelização dos Povos recebe visita do Conselho Episcopal Latino-Americano Na sexta-feira, 8, a Presidência do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam) foi recebida pelo Cardeal Luís Antonio Tagle, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos. Pelo Celam, estiveram presentes Dom Miguel Cabrejos Vidarte, Presidente; o Cardeal Odilo Pedro Scherer, 1º Vice-Presidente; Dom Jorge Eduardo Lozano, Secretário-Geral; e o Padre David Jasso, Secretário-Geral Adjunto.

APOIO ÀS IGREJAS MAIS JOVENS

“Visitamos nestes dias várias organizações da Cúria Romana e estivemos também com o Cardeal Tagle, que está à frente desta organização missionária”, disse o Cardeal Odilo Scherer sobre o encontro com a Congregação para a Evangelização dos Povos, destacando que este

“A partir de relatórios atualizados do seu estado de saúde e da evolução da paciente, definimos que não se cumpre o critério de doença terminal que havia sido determinado por um primeiro comitê”, disse a clínica. O advogado de Martha, Lucas Correa, afirmou em entrevista à BBC Mundo que a decisão é “ilegítima, ilegal e arbitrária”. Ele diz que ela viola o direito da paciente de morrer dignamente. “Eles a estão forçando a viver uma vida que ela não deseja continuar vivendo, com sofrimento e uma dor que ela considera incompatíveis com sua ideia de dignidade”, disse.

LEGISLAÇÃO

A eutanásia, ou morte assistida, é legalizada na Colômbia desde 1997. O país, aliás, foi o primeiro na América do Sul a legalizar o procedimento. A prática, porém, valia apenas para pacientes que tivessem doenças terminais – ou seja, seria uma forma de abreviar o sofrimento da pessoa em situação já irreversível, se assim fosse a decisão dela. Em julho de 2021, a Corte Constitucional colombiana – equivalente ao Supremo Tribunal Federal no Brasil – aprovou a extensão do acesso à eutanásia a pessoas que não estejam em estado terminal. A decisão foi autorizada por seis votos favoráveis e três contrários. A decisão estende a eutanásia “sempre que o paciente padecer de um intenso sofrimento físico ou psíquico, proveniente de lesão corporal ou doença grave e sem cura”, situação vivida por Martha.

BISPO PEDE RECONSIDERAÇÃO

órgão “dá o seu apoio missionário às jovens Igrejas da África, Ásia e América Latina, especialmente na região amazônica, acompanhando-as em seu processo de maturação”. O Arcebispo de São Paulo destacou que durante o encontro “o Cardeal Tagle teve muito interesse em conhecer a realidade da América Latina e, em particular, o processo de preparação da Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, que se realizará em novembro deste ano, bem como o processo de renovação e reestruturação do Celam”. “Foi um encontro muito bom, muito alegre e de grande benefício para nós como presidência do Celam”, finalizou o Cardeal Scherer.

Como a maioria da população colombiana, Martha se declara muito católica. Por isso, integrantes da Igreja colombiana pedem que ela reconsidere a decisão de interromper a vida. Francisco Ceballos, Bispo de Riohacha, defendeu que “a morte não pode ser a resposta terapêutica à dor e ao sofrimento em nenhum caso”. “Quero dizer à minha irmã Martha que ela não está sozinha e que o Deus da vida sempre nos acompanha, e que sua tribulação pode encontrar um sentido transcendental, uma chamada ao amor que se renova”, pediu o Bispo, em vídeo divulgado nas redes sociais. (JFF)

Fonte: Celam

Fonte: G1


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Vatican Media

16 | Reportagem | 14 a 19 de outubro de 2021 |

​​ Papa convoca todo o povo de Deus para ‘caminhar juntos’ por uma Igreja sinodal Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

“Comunhão, participação e missão.” Essas são as três palavras que nortearão a Igreja Católica em todo o mundo nos próximos dois anos, durante o caminho sinodal aberto pelo Papa Francisco no domingo, 10, com uma missa na Basílica de São Pedro, no Vaticano (foto). Pela primeira vez nos mais de 50 anos da instituição do Sínodo dos Bispos, esse processo acontecerá em três etapas: diocesana, continental e universal, tendo como foco a reflexão sobre a própria “sinodalidade”, que, como o Pontífice ressalta, deve constituir o estilo e a expressão do ser da Igreja. “Ao abrir este percurso sinodal, comecemos todos (Papa, bispos, sacerdotes, religiosas e religiosos, irmãs e irmãos leigos) por nos interrogar: nós, comunidade cristã, encarnamos o estilo de Deus, que caminha na história e partilha as vicissitudes da humanidade? Estamos prontos para a aventura do caminho ou, temerosos em face do desconhecido, preferimos refugiar-nos nas desculpas ‘não adianta’ ou ‘sempre se fez assim?’”, indagou o Santo Padre no início da homilia, convidando todos a “caminhar pela mesma estrada”, fazendo referência à origem do termo “sínodo”, que vem do grego synodos, “caminhar juntos”.

A exemplo da Trindade

No sábado, 9, houve, no Vaticano, um momento de reflexão sobre o Sínodo, com trabalhos em sessão plenária e

em grupos linguísticos. Participaram delegados das conferências episcopais e outros organismos eclesiais, membros da Cúria Romana, religiosos e leigos. Entre os participantes estava o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo e 1º Vice-Presidente do Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam). Ao discursar na Sala do Sínodo, o Papa Francisco recordou que comunhão e missão exprimem a natureza da Igreja. “Por meio [do significado] destas duas palavras, a Igreja contempla e imita a vida da Santíssima Trindade, mistério de comunhão ad intra [para dentro] e fonte de missão ad extra [para fora]”, afirmou, recordando a constituição dogmática Lumen gentium, do Concílio Vaticano II (1962-1965). Em seguida, o Santo Padre acrescentou que tanto a comunhão quanto a missão correm o risco de serem tidas apenas como termos abstratos se não houver participação, isto é, “uma práxis eclesial que se exprima em ações concretas de sinodalidade”, promovendo o efetivo envolvimento de todos e de cada um. “Naturalmente, celebrar um Sínodo é sempre bom e importante, mas só é verdadeiramente fecundo se se tornar expressão viva do ser Igreja, de um agir caracterizado por verdadeira participação”, frisou.

Riscos

Francisco afirmou que o Sínodo, ao mesmo tempo em que é uma oportunidade para a “conversão pastoral”, pode apresentar alguns riscos. Entre esses, destacou três.

O primeiro deles é o “formalismo”, que pode reduzir o Sínodo a um evento extraordinário, mas de “fachada”. “Pelo contrário, o Sínodo é um percurso de efetivo discernimento espiritual, que não empreendemos para dar uma bela imagem de nós mesmos, mas a fim de colaborar melhor para a obra de Deus na história”, enfatizou o Pontífice. Outro risco seria o do “intelectualismo”, que transforma o Sínodo em uma espécie de “grupo de estudo”, com intervenções cultas, mas alheias aos problemas da Igreja e aos males do mundo ou, como o próprio Papa observou, uma espécie de “falar por falar”, que se pensa de maneira superficial e mundana, “acabando por cair nas habituais e estéreis classificações ideológicas e partidárias, e alheando-se da realidade do santo povo de Deus, da vida concreta das comunidades espalhadas pelo mundo”. Já o terceiro risco alertado por Francisco é o “imobilismo”, sustentado na expressão “se fez sempre assim”. “O risco é que, no fim, se adotem soluções velhas para problemas novos: um remendo de pano cru, que acaba por criar um rasgão ainda maior”, completou.

Escuta

A experiência de escuta e discernimento já pode ser experimentada nessa primeira atividade sinodal do sábado. O evento começou com a invocação do Espírito Santo. Ainda em plenário, além das falas do Papa e dos responsáveis pelo Sínodo, houve a participação on-line de

pessoas de outros países, que compartilharam brevemente experiências sinodais que já são vividas localmente. Em seguida, em grupos linguísticos, os participantes refletiram sobre suas experiências de sinodalidade e apresentaram suas expectativas para esse processo. Cada grupo elaborou uma síntese que ajudará a Secretaria-Geral do Sínodo a orientar os trabalhos nas dioceses. O Secretário-Geral do Sínodo dos Bispos, Cardeal Mario Grech, salientou que a fase de escuta diocesana não é apenas uma etapa preparatória, mas, sim, parte integrante do Sínodo. “Se a sinodalidade é uma dimensão constitutiva da Igreja-povo de Deus, como poderia haver um processo sinodal sem o sujeito principal da sinodalidade? E se a Igreja sinodal ‘é uma Igreja da escuta’, como poderia a sinodalidade se exercer plenamente sem escutar o santo povo de Deus?”, refletiu. O Relator-Geral do Sínodo, Cardeal Jean-Claude Hollerich, comparou esse processo a um “grande quebra-cabeça em que todos podem participar, principalmente os mais pobres, os que não têm voz, os da periferia”. “Juntos, começaremos um caminho, uma Igreja, um caminho em que os pastores devem ouvir a voz das ovelhas. Ouvir: ouvir a presença de Deus, ouvir uma abordagem humilde. Isso vai contra a maré em uma sociedade como a nossa, na qual você tem que se exibir, na qual você tem que ‘se realizar’. Ouvir é uma passagem do ‘eu’ para o ‘nós’. Ouvir é uma qualidade divina.”


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Reportagem | 17

Processo iniciado com o sínodo arquidiocesano A abertura da etapa diocesana do Sínodo dos Bispos acontecerá simultaneamente em todas dioceses do mundo no domingo, 17. Na Arquidiocese de São Paulo, a celebração será nas regiões episcopais Belém, Brasilândia, Ipiranga, Lapa e Santana, às 15h, presidida pelos seus respectivos vigários episcopais. Já na Região Sé, a missa acontecerá às 11h, na Catedral Metropolitana, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer e concelebrada por Dom Carlos Lema Garcia, Bispo Auxiliar da Arquidiocese nessa região. Logo em seguida, começará o processo de escuta nas paróquias, para ouvir o povo, seguindo as orientações do Documento Preparatório e do vademécum, já enviados pela Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos.

de Trabalho, que será utilizado na Assembleia Sinodal de 2023.

Aprendizado

Padre José Arnaldo Juliano, teólogo e perito do sínodo arquidiocesano de São Paulo, ressaltou ao O SÃO PAULO que o caminho sinodal convocado pelo Cardeal Scherer em 2017, com o tema “Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”, tem sido uma experiência concreta do processo proposto pelo Papa Francisco. O sínodo arquidiocesano também teve três etapas e começou pelas paróquias, às quais foram propostos encontros de reflexões a partir de um subsídio. Em seguida, houve uma etapa no âmbito

das regiões episcopais e vicariatos. Em 2020, estava prevista a assembleia sinodal arquidiocesana, que ainda não pôde ser realizada devido à pandemia. “A nossa contribuição para o Sínodo convocado pelo Papa pode ser muito profunda e madura, porque nós já percorremos esse caminho”, observou o teólogo, destacando que os eixos temáticos abordados pelo Documento Preparatório do Sínodo dos Bispos já foram, de certa forma, objeto de reflexão no sínodo arquidiocesano. Padre José Arnaldo reforçou que mais do que uma metodologia, o Papa Francisco quer estimular em toda a Igreja uma mudança de mentalidade, para que todos os processos, a começar da base

das comunidades paroquiais, aconteçam em uma perspectiva sinodal, de escuta, discernimento na presença do Espírito Santo. “As comunidades poderão colher frutos já ao longo do caminho, pois sínodo é um processo. Isso nós já pudemos aprender no nosso sínodo arquidiocesano”, acrescentou. Para o Cardeal Scherer, a sinodalidade ajuda a Igreja a alimentar sua comunhão e a manter a unidade. “A unidade do caminho é dada por Jesus-caminho, que todos devemos seguir com sinceridade, e construída na comum esperança e busca dos bens prometidos, que animam os passos da Igreja”, destacou o Arcebispo (leia o artigo na página 2). (FG) Vatican Media

Nas paróquias

Cada paróquia é chamada a envolver os membros dos conselhos paroquiais, lideranças de pastorais, grupos e organizações, bem como outros fiéis para participar desse processo de escuta a partir da série de questões propostas no Documento Preparatório que ajudarão cada grupo paroquial. O processo de escuta paroquial deve ser encerrado até o fim de novembro, e a síntese de cada paróquia precisa ser repassada à região episcopal até 15 de dezembro. As regiões, por sua vez, deverão fazer a síntese das contribuições das paróquias até o fim de fevereiro, para entregá-la à Comissão do Secretariado Arquidiocesano de Pastoral. E a Arquidiocese encaminhará o fruto desse processo de escuta à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em março de 2022. O fruto da escuta diocesana será encaminhado à Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, que servirá de base para a elaboração do primeiro instrumento de trabalho que norteará a etapa de escuta em âmbito continental. As sínteses dessa etapa ajudarão na redação do segundo Instrumento

‘Sínodo não é um parlamento, mas um processo de escuta e discernimento espiritual’ Filipe Domingues, jornalista, doutor em Ciências Sociais pela Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma e colaborador do O SÃO PAULO, foi um dos participantes do encontro de reflexão do Sínodo (foto) como secretário do grupo de língua portuguesa. Ele observou que este novo caminho sinodal é fruto de um processo iniciado anteriormente. Domingues recordou que a Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, em 2018, da qual também participou, foi antecedida por uma reunião pré-sinodal inédita em Roma, com a participação de jovens do mundo inteiro. Naquela ocasião, também houve uma consulta global, cujas respostas ajudaram na elaboração do Instrumento de Trabalho sinodal.

O Sínodo sobre a família, que teve duas assembleias, uma extraordinária, em 2014, e a ordinária, em 2015, igualmente teve uma ampla consulta prévia nas dioceses. Agora, esse processo de escuta prévia passa a compor o próprio sínodo e não é mais uma etapa preparatória.

Processo democrático?

Domingues frisou que é impossível separar o aspecto espiritual do processo sinodal. Nesse sentido, o jornalista alerta para o cuidado de equiparar o sínodo a uma “consulta democrática” ou a um “parlamento”, como, muitas vezes, os meios de comunicação e a opinião pública, em geral, tendem a interpretar. “O caminho sinodal é sentar, apresentar visões diferentes e, como o próprio Papa diz, falando com

liberdade e ouvindo com humildade... Fazer isso, contudo, na presença do Espírito Santo, pois cremos que o Espírito fala por meio do povo, das pessoas”, disse. A esse respeito, o Secretário-Geral do Sínodo, Cardeal Mario Grech, alertou para “a tentação de resolver a escuta por meio de dinâmicas democráticas”, mencionando como exemplo a votação que manifesta o consenso sobre o documento final do Sínodo, à qual pode ser atribuído “um valor que corre o risco de transformar a assembleia sinodal em um parlamento, introduzindo na Igreja a lógica da maioria e da minoria”. “É tão impossível imaginar, por exemplo, recorrer à votação do Documento Final e seus números individuais apenas quando o consenso não é certo?

Não é suficiente apresentar objeções fundamentadas ao texto, talvez assinado por um número adequado de membros da Assembleia, resolvido com um suplemento para comparação, e recorrer à votação como instância final e indesejada? Limito-me a estas poucas questões, não para dar uma solução, mas para apontar um problema sobre o qual devemos refletir cuidadosamente”, observou o Secretário-Geral. É nesse sentido que o Papa Francisco exorta: “Que este Sínodo seja um tempo habitado pelo Espírito! [...]. Invoquemos com mais força e frequência o Espírito e coloquemo-nos humildemente à sua escuta, caminhando em conjunto, como Ele, criador da comunhão e da missão, deseja, isto é, com docilidade e coragem”. ​​(FG)


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Luciney Martins/O SÃO PAULO - jun.2018

18 | Reportagem/Geral | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br Diariamente, no site do jornal O SÃO PAULO, você pode acessar notícias sobre a Igreja e a sociedade em São Paulo, no Brasil e no mundo. A seguir, algumas notícias e artigos publicados recentemente.

COVID-19: ONU planeja que ao menos 40% da população seja vacinada até o fim do ano https://cutt.ly/vRrPGnY 135 caracteres

Apostolado da Oração no Brasil: há 150 anos, um itinerário de fé, oração e caridade No País, iniciativa teve as primeiras ações com o Padre Bartolomeu Taddei Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

O Apostolado da Oração (AO) é uma das associações de leigos mais antigas da Igreja. Fundado em 1844, na França, rapidamente se espalhou pelo mundo. No Brasil, chegou inicialmente a Recife (PE) e, logo depois, em 1871, a Itu (SP), a partir do impulso missionário do Padre Bartolomeu Taddei, jesuíta italiano que dedicou sua vida para fazer crescer a espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus e promover a formação de fiéis. Presente em 98 países, totaliza quase 36 milhões de membros, 2 milhões dos quais atuando em diferentes dioceses brasileiras. O Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), uma ramificação do Apostolado, congrega quase 6 milhões de adolescentes e jovens, entre 10 e 25 anos de idade, 10 mil deles no Brasil, em 19 estados.

A SERVIÇO DA IGREJA

O AO é um movimento eclesial de oração pela missão da Igreja e pelas necessidades da humanidade, expressos mensalmente nas intenções de oração do Papa. Seus membros procuram viver a espiritualidade apostólica e eucarística, fundamentada na devoção ao Sagrado Coração de Jesus. De acordo com o Padre Eliomar Ribeiro, SJ, Coordenador Nacional do Apostolado, a importância do movimento está “em ajudar as pessoas a serem disponíveis interiormente para a missão que a Igreja nos confia como batizados. É um itinerário espiritual que ajuda os membros a viverem melhor ao modo de Jesus, desejando que as qualidades do Coração de Jesus sejam também as nossas qualidades”. Padre Eliomar recordou que, para as ações do AO, bem cabe o seguinte pensamento africano: “‘Gente simples, fazendo coisas pequenas, em lugares pouco im-

portantes, consegue mudanças extraordinárias’. Somos um batalhão de gente que todos os dias se lembra dos desafios da humanidade que sofre e consola as pessoas com a oração, tantas vezes silenciosa e escondida”, salientou. Recentemente, o Papa Francisco constituiu o Apostolado da Oração como “Rede Mundial de Oração do Papa”, com estatuto próprio e como Obra Pontifícia da Santa Sé. Até então, o Apostolado era uma associação de fiéis, porém continua sob a responsabilidade da Companhia de Jesus.

ESCOLA DE ORAÇÃO

O Apostolado é formado por pessoas de várias idades, todas imbuídas do mesmo ideal: de ser, na Igreja, um sinal de presença orante e missionária por meio da fé e da caridade, inseridos em sua realidade pessoal e na comunidade paroquial. O AO é como uma escola de oração, um caminho de busca da santidade, pautado nos valores do Evangelho e na vivência orante da fé. As primeiras sextas-feiras do mês são dedicadas, de modo especial, à devoção, oração e difusão do movimento. “Somos enviados, como discípulos amados, a oferecer o nosso coração manso e humilde, como o do Mestre, a um mundo tão necessitado de saúde e de esperança”, destacou o Sacerdote. Ele recordou a mensagem do Pontífice, por ocasião da celebração dos 150 anos do Apostolado no Brasil: “O Papa confirma a nossa dimensão apostólica, afirmando que ‘o coração da missão da Igreja é a oração’ e dizendo que ‘Deus conta com o entusiasmo e a perseverança de cada membro da nossa Rede Mundial de Oração’”. Beatriz Xavier da Silva, 73, é coordenadora do AO na Arquidiocese de São Paulo desde 2018. Ela recordou que a principal missão do movimento é “rezar e estar em constante disponibilidade apostólica para a Igreja”. Por causa das orientações de isolamento social, devido à atual pandemia, os encontros do Apostolado que eram presenciais se tornaram virtuais, o que de-

mandou mais um aprendizado para grande parte dos membros. “Apesar das dificuldades, mantivemos nossos encontros, as orações diárias do aplicativo Click To Pray, o Evangelho diário, as missas na primeira sexta-feira do mês”, contou Beatriz.

ITINERÁRIO ESPIRITUAL

Sobre o MEJ, Padre Eliomar afirma que, “já a partir da primeira Comunhão e estando com o desejo de oferecer a vida pela missão com abertura apostólica para o que a Igreja nos pede, qualquer pessoa pode entrar no grupo do Apostolado. O MEJ é um período de formação e preparação, um itinerário espiritual percorrido por meio do guia ‘Caminho do Coração’, pelo qual se aprofunda no conhecimento, na intimidade e na vontade de doar a vida com Jesus a serviço do Reino”, destacou o Sacerdote, reforçando que para todos os membros do MEJ e do AO é oferecida a possibilidade da consagração, quando recebem solenemente a fita vermelha e o manual. Alexandre Augusto Suassuna Caldas, 28, é psicólogo e membro do movimento há 12 anos. Aprendeu a amar o AO desde criança, incentivado pela avó que o levava aos encontros do grupo, na cidade de Patu (RN). “Em 2009, ingressei no movimento. A inspiração para ser membro veio a partir do testemunho, fidelidade e devoção ao Sagrado Coração de Jesus e, consequentemente, da dimensão orante e missionária do grupo”, disse ele, que foi um dos fundadores do MEJ em Mossoró (RN). “O Apostolado faz parte da minha identidade. Nesse olhar e orar pelas pessoas que muitas vezes nem conhecemos, na busca daquilo que Jesus queria, uma sociedade mais justa, mais fraterna e mais solidária, na qual o amor prevaleça apesar de tudo”, ressaltou Caldas.

Dom Odilo: ‘O caminho sinodal ajuda a Igreja a manter a unidade’ https://cutt.ly/bRrPCfF Vatican Media/Arquivo

Papa João Paulo I será proclamado beato https://cutt.ly/RRrOVOZ Morre Dom Antônio Affonso de Miranda, o mais velho bispo brasileiro https://cutt.ly/DRrPjbx Exposição fotográfica ‘Jerusalém – a Cidade de Fé’ acontece na Catedral da Sé https://cutt.ly/CRrPYCl SP anuncia retomada obrigatória das aulas presenciais a partir de 18 de outubro https://cutt.ly/aRrPiHq

Itinerário e compromisso do Apostolado da Oração

Vive diariamente três momentos de oração (início, durante e fim do dia), para se colocar ao lado de Jesus Ressuscitado e oferecer-Lhe a vida em disponibilidade apostólica; Compromete a vida em oração e serviço, em resposta aos desafios da humanidade e da missão da Igreja presentes nas intenções mensais do Papa; Segue o “Caminho do Coração” como escola de vida e itinerário de formação; Participa na Rede Mundial e Nacional do AO.

E tudo isso deve ser apoiado nas práticas fundamentais da vida cristã: A Eucaristia, que conduz à experiência interna do Coração de Jesus e o dispõe a viver com Ele e ao seu estilo, a serviço da sua missão; O amor e a devoção a Maria, modelo de disponibilidade apostólica; Participação num grupo de vida, em união com outras pessoas que vivem o AO; A formação contínua, que dá conteúdo à experiência profunda de comunhão com Jesus e o ajuda a crescer como apóstolo. (Extraído do site www.aomej.org.br)


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Reportagem | 19

Para além da sala de aula: a jornada de professores durante a pandemia Arquivo pessoal

O SÃO PAULO apresenta a história de educadores que, com determinação e criatividade, superaram barreiras para ensinar aos estudantes

Arquivo pessoal

Roseane Welter

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Quando as aulas presenciais precisaram ser suspensas diante das incertezas causadas pela pandemia de COVID-19, uma das estratégias adotadas pelas escolas foi o ensino na modalidade on-line. Foi um desafio para educadores, alunos e familiares, especialmente pelo fato de 46 milhões de pessoas (25% da população) não terem acesso à internet no País, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A situação exigiu de professores da rede pública e privada novos planejamentos e ações para garantir o acesso ao ensino e evitar a evasão escolar. Na proximidade da comemoração do Dia do Professor, em 15 de outubro, O SÃO PAULO apresenta algumas dessas histórias.

Arthur pedala 20km para levar atividades a seus alunos

SOBre DUAS RODAS

O professor Arthur do Nascimento Cabral, 30, pedala, em média, 20 quilômetros de bicicleta para levar livros, apostilas e atividades para 20 crianças, de 11 a 13 anos, seus alunos do 6° e 7º anos do Ensino Fundamental. Às sextas-feiras, o educador percorre quatro bairros da região metropolitana de Recife (PE) para entregar as cartilhas com o conteúdo de

suas disciplinas e dos demais professores, além de doações de celulares e cestas básicas às famílias de alguns dos alunos. Às 8h, ele sai de sua casa em Recife rumo à cidade vizinha Camaragibe. Cabral leva cerca de 30 minutos num trajeto de mais de oito quilômetros até chegar à Escola Estadual Deputado Oscar Carneiro, na qual trabalha. Tudo começou quando ele percebeu a ausência dos estudantes nas aulas remotas: “Esses alunos estavam ausentes não porque não queriam estudar, mas, alguns, por não terem acesso à internet; outros nem sequer possuem celulares ou computadores para assistir às aulas virtuais, ou, quando há aparelho, não é suficiente para toda a família ou não comporta as ferramentas usadas para as aulas”, explicou. Como alguns estudantes moram em locais de difícil acesso, por vezes Cabral precisa cumprir o trajeto da entrega dos materiais a pé: “Retorno muito cansado, mas com a sensação de dever cumprido”, comentou. “A nossa profissão não é tão reconhecida no Brasil. Na pandemia, mais do que nunca, precisamos nos reinventar, criar novas estratégias educacionais, sem desistir de ninguém”, disse Cabral. “A educação é um motor de transformação e é nela que temos que nos agarrar”, concluiu.

TRAILER DE REFORÇO ESCOLAR

Simone Garcia, 43, é jornalista, pedagoga e psicopedagoga. No início da pandemia, ela percebeu a necessidade de muitos alunos e a preocupação dos

Simone Garcia montou o ‘Trailer do Saber’ para reforço escolar de estudantes em Barueri (SP)

pais em relação às aulas de reforço. Decidiu, então, usar o trailer de viagens que fica estacionado em frente à casa de sua família, em Barueri (SP), como espaço para as aulas. Surgia, assim, o projeto Trailer do Saber. “Adaptei no trailer uma sala de aula. A demanda é grande diante dos impactos da pandemia. De segunda a sexta-feira, as aulas acontecem de modo personalizado para priorizar o aprendizado”, destacou, recordando que o trailer é adaptado para utilização da energia solar.

AMOR À PROFISSÃO

Marcia Cristina Camargo de Souza, 45, é professora e coordenadora pedagógica no Colégio Santa Catarina de Sena, das Irmãs Dominicanas, no bairro do Paraíso, zona Sul da capital paulista. “Na pandemia, precisamos aprender a mexer com as ferramentas tecnológicas em um curto espaço de tempo. Fomos deslocados da sala de aula para a sala de casa; do encontro presencial para o virtual”, disse a professora, que leciona há 26 anos. Ela ressaltou que as lives, os grupos de WhatsApp, as videoconferências, as chamadas de vídeo, as aulas no método remoto e híbrido permitiram a continuidade do processo educativo. “Nós, professores, aprendemos a manusear os equipamentos, ensinamos aos pais e aos alunos. Acredito que foi um aprendizado tecnológico coletivo”, contou. Marcia coordena um projeto musi-

cal na escola. Ao longo deste período, as aulas continuaram no novo formato, reaproveitando o que se tem em casa. “Garrafas, colheres e livros se transformaram em instrumentos. A interação, a pesquisa e os jogos lúdicos fizeram parte do projeto com a interação da família”, afirmou. A professora falou, também, da importância dos momentos de espiritualidade e oração que foram mantidos, mesmo no ambiente on-line. “A formação religiosa, a Catequese e o grupo de jovens permaneceram atuantes e fortaleceram a vivência no tempo de isolamento”, detalhou.

GERAÇÃO DIGITAL

Fernanda Soares de Campos, 44, professora do Colégio Santa Gema, das Irmãs Passionistas, na zona Norte da capital, comentou sobre a readequações que a pandemia impôs a estudantes e professores. “Embora os aparelhos digitais estejam na palma da mão, foi necessária uma adaptação, pois o novo formato das aulas exigiu criatividade de professores e alunos”, disse, destacando que foi preciso “sair da zona de conforto e criar e recriar meios de manter o contato com os alunos, de forma interativa para a continuidade da aprendizagem”. Fernanda recordou que, no período de aulas on-line, dinamizou estratégias, construindo junto com os alunos jogos de tabuleiro com itens recicláveis, além de inserir coreografias e danças nas aulas on-line.

Papa exorta professores a uma educação mais aberta e inclusiva No encontro “Religiões e Educação: Pacto Educativo Global”, realizado no dia 5, no Vaticano, o Papa Francisco, diante de representantes católicos e de outras religiões, recordou que em 2019 dirigiu um apelo a todos aqueles que atuam no campo da Educação para “dialogar sobre o modo como estamos construindo o futuro do planeta e sobre a necessidade de investir nos talentos de todos”.

Francisco explicou que promoveu a iniciativa de um Pacto Educativo Global “para reavivar o compromisso com as novas gerações e em prol delas, renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão”. O apelo é para “unir esforços numa ampla aliança educativa para

formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade mais fraterna”. Na mensagem, o Pontífice convida ao compromisso de educar as novas gerações para uma convivência pacífica; a acolher a todos sem discriminação; a serem voz dos que não têm voz

e para um estilo de vida mais sóbrio e ecossustentável. “Se queremos um mundo mais fraterno, devemos educar as novas gerações para ‘reconhecer, valorizar e amar todas as pessoas, independentemente da sua proximidade física, do ponto da terra em que cada um nasceu ou habita”, a fim de educar para o grande mistério da vida. (RW)


20 | Reportagem | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Com combustíveis em alta, brasileiros buscam opções para deslocamentos cotidianos Luciney Martins/O SÃO PAULO

A pé, no monociclo ou na bicicleta elétrica, vale tudo para tentar economizar diante do aumento de 40% do preço da gasolina em 12 meses e de cerca de 65% no valor do etanol no mesmo período Ira Romão

ESPECIAL PARA O SÃO PAULO

Sobre uma única roda

Para chegar aos locais de trabalho, o professor de Capoeira Anderson Rodrigues, 40, passou a usar cada vez mais, no lugar da motocicleta, o monociclo elétrico, adquirido há dois anos. Rodrigues mora na Fre-

Sem carro

Ira Romão/O SÃO PAULO

Encher o tanque do veículo tem sido uma tarefa cada vez mais difícil para os brasileiros. Embora exista variação de preços entre os estados, os combustíveis estão pesando no orçamento de todos. Segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no acumulado de 12 meses, até setembro, a gasolina subiu 39,6%; o etanol, 64,77%; o gás veicular, 0,68%; e o óleo diesel, 0,67%. Diante disso, a busca por alternativas para reduzir os gastos com combustível virou prioridade, sobretudo entre os que utilizam carros e motocicletas como principais meios de locomoção. Na capital paulista, onde o aumento da gasolina em um ano foi de 40,7%, os consumidores têm adotado diferentes hábitos para se deslocar. O dado foi levantado pela ValeCard, empresa especializada em soluções de gestão de frotas e meios de pagamento, com base em transações realizadas em postos de combustíveis de 1º a 30 de setembro.

cionamento, uma vez que consigo entrar com ele em todos os lugares”, detalha, explicando que o equipamento, que pesa cerca de 20kg, possui uma alça para o transporte quando não está sendo usado. Sobre o consumo de energia, Rodrigues conta que o gasto estimado é de R$ 8 a R$ 10 por mês, caso se façam recargas completas todos os dias. “Nunca deixei descarregar totalmente. Então, nem chego a gastar esse valor.” Nos dias de chuva ou sol muito forte, o monociclista usa o equipamento para ir até uma estação de trem ou metrô, ou então percorre parte do trajeto com o monociclo e a outra parte com um carro solicitado por aplicativo.

guesia do Ó, na zona Noroeste de São Paulo, e dá aulas em diferentes bairros e regiões da cidade. Para se deslocar de monociclo – veículo que possui apenas uma roda e não tem guidão –, ele conta com as boas condições de ciclovias e calçadas. “Tenho utilizado todos os dias e em qualquer horário. À noite é melhor porque há menos carros trafegando, e, assim, dá para andar nas ruas, quando não há ciclovias”, explica. “Quando dou aula nas regiões de Santana, na zona Norte, e Ibirapuera, na zona Sul, no mesmo dia, por exemplo, tendo um intervalo de uma hora e 30 minutos entre elas, vou de monociclo até o Metrô Santana, desço em alguma estação próxima do meu destino e sigo nele até o local”, detalha. O modelo de monociclo elétrico utilizado por Rodrigues atinge a velocidade máxima de 30km/h e permite percorrer uma distância de até 30 km, dependendo das condições do percurso. “Quando vou a Santana, por exemplo, não faço o mesmo caminho que faria de moto. Acabo fazendo um percurso maior para não pegar tantas ladeiras. Ainda assim, vale a pena”, avalia o professor de Capoeira, acrescentando que, com o monociclo, gasta 40 minutos até o destino, dez a mais que o tempo que levaria fazendo o mesmo trajeto de moto. “Tenho conseguido economizar mais de R$ 200 por mês só com combustível. Fora [a economia] com esta-

Há dois meses, o mecânico de refrigeração Luiz Thomaz, 24, tem deixado o carro em casa para ir ao trabalho e dele retornar de ônibus. Morador de Pirituba, na zona Noroeste, ele trabalha na Lapa, na zona Oeste. O trajeto de 50 minutos inclui a utilização de dois ônibus. “De carro, gastava no máximo 25 minutos”, calcula. A mudança de hábito foi impulsionada por questões financeiras. “Pensando na pandemia e em aglomeração no coletivo, seria melhor continuar indo de carro. Entretanto, devido ao preço da gasolina, não tenho mais condições”, expõe o mecânico, relatando que tentou usar carros por aplicativos, mas o custo não compensou. De acordo com o levantamento de preços da ValeCard nos bairros de São Paulo, o valor médio do litro da gasolina no mês de setembro ficou em R$ 5,90. No mesmo período do ano passado, custava R$ 4,19. Luiz Thomaz afirma que estava gastando cerca de R$ 270 por mês com o combustível para trabalhar. Já com o transporte público, este gasto é de R$ 200. Para se adaptar aos horários dos ônibus, ele instalou no celular o Moovit, aplicativo que informa o itinerário dos coletivos. “Como fazia muito tempo que não andava de ônibus, isso me ajudou nos primeiros dias.” Quem também está aderindo a novos hábitos em relação ao uso do carro é a funcionária pública Ligia Barruzi, moradora da Freguesia do Ó. Ela e o esposo venderam um dos carros que possuíam. “Além da manutenção do veículo, pagamento de seguro e IPVA, o aumento de combustível também influenciou na decisão.” Ligia diz que tem evitado ao máximo tirar da garagem o carro e, por isso, tem andado a pé quando precisa se deslocar a algum local cuja distância seja até 2km. “Idas ao supermercado, farmácia, padaria, açougue e deslocamentos a comér-


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

cios e feiras livres, estou fazendo a pé”, conta. “Hoje, só vou aos supermercados mais distantes se realmente houver necessidade.”

Bike elétrica

O produtor musical Lucas Azaia, 23, morador de São Miguel Paulista, extremo Leste da capital, ficou desempregado durante a pandemia. Com o dinheiro da rescisão, comprou uma moto para trabalhar como entregador por aplicativo. Apesar da renda que obtinha com as entregas, equilibrar os custos de manutenção da moto e os altos preços do combustível se tornou cada vez mais difícil. Azaia, então, decidiu vender a moto e agora faz as entregas com a bike elétrica da empresa de aplicativo na região da Avenida Paulista. “Com o aluguel da bike, gasto R$ 10 por semana. Com a moto, entre combustível e custos de manutenção, creio que economizo mais de R$ 500 por semana”, afirma.

Impacto nas corridas por aplicativos

Têm sido crescentes na cidade os relatos de usuários de carros por aplicativos para conseguir se deslocar. A esteticista e cosmetóloga Elisete Ferreira, moradora de Perus, zona Noroeste, atende clientes em domicílio e se desloca até os locais por meio de carros por aplicativos. “O tempo de espera aumentou e os cancelamentos estão frequentes. São três, quatro seguidos. Isso já me causou atrasos”, conta Elisete. “Muitas vezes, quando a corrida já foi aceita, após esperar o car-

ro por mais de 10 minutos, o motorista cancela”, detalha. “Mesmo identificando que há muitos carros na região, as corridas não são aceitas logo”, salienta. Um motorista parceiro das empresas Uber e 99, que prefere não se identificar, confirma que está escolhendo viagens. “Com a alta dos combustíveis, fica inviável certos tipos de corridas, devido aos valores repassados [pelas empresas].” Ele afirma que, antes de aceitar, sempre avalia “se o gasto e o tempo do percurso compensam”. “Para fazer uma corrida de R$ 50, em que devo sair da zona Norte em direção à Sul, dependendo do horário, vou levar uma hora e 30 minutos. Vou gastar combustível, meu tempo e desgastar o carro. Já se eu fizer três corridas curtas em um pequeno perímetro, faria esse dinheiro em menos tempo”, exemplifica. “Mas compensaria a corrida [mais longa] se o percurso fosse de fácil acesso, pegando uma rodovia sem trânsito.” Uma situação que não compensa, segundo o motorista, é quando o percurso da corrida é inferior a 2km e ele precisa percorrer mais do que isso para chegar até o passageiro. Ele também conta que, para equilibrar custos e ganhos, está saindo mais cedo para trabalhar, para evitar trânsito, e tem trabalhado aos fins de semana devido à “taxa ser um pouco melhor”. Além disso, fez a conversão de seu carro para gás natural veicular (GNV). “Para um motorista por aplicativo conseguir, em um dia, fechar R$ 280, precisa trabalhar de 10 a 12 horas, sendo que R$ 120 vão para o combustível”, detalha.

A conversão para GVN é vantajosa? Uma das saídas encontradas por quem busca economizar com combustíveis tem sido a conversão do carro a gasolina ou álcool para o gás natural veicular (GNV). Mecânico há 36 anos, Antônio Carlos Oliveira analisa que “hoje, com os preços dos combustíveis, o GNV é uma boa opção de economia para quem usa muito o carro, como os motoristas por aplicativos e taxistas”. Ele lembra que o GNV é um combustível mais limpo do que a gasolina e o álcool, e hoje não apresenta mais os problemas vistos em décadas passadas. “Antigamente, os carros a gás tinham o motor comprometido e o cabeçote e as válvulas estragavam com frequência, pois o gás é seco, e, assim, acabava danificando mais o motor e as peças”, explica. “Hoje, com o sistema de 5ª geração, isso ocorre com menor frequência.” O mecânico alerta, porém, que para os carros com GNV há maior desgaste de algumas peças, como a embreagem. “O carro a gás acaba forçando mais a embreagem, já que perde um pouco de força, em especial nas subidas.” Oliveira reforça que, ao optar pela conversão para o gás, o dono do carro precisa se atentar às orientações e ao tempo de manutenção. “Tem que fazer com frequência vistoria no cilindro, nos com-

ponentes, na mangueira etc. Há pessoas que instalam o gás no carro e acabam esquecendo a manutenção”, alerta. Quem segue à risca todos esses cuidados é o técnico de planejamento em manutenção Davi Santana, que há seis anos fez a conversão do carro para GNV e afirma que se sente seguro com a utilização. “Mantendo as manutenções preventivas do carro em dia, não há ‘dor de cabeça’. É de suma importância que a instalação seja realizada em locais em que os profissionais são capacitados e qualificados pelas empresas que fornecem as peças para realizar a conversão”, reforça Santana, que vive na cidade de Itaguaí (RJ), onde o aumento da gasolina, em um ano, foi de 35,56%, segundo o levantamento do ValeCard. No mês de setembro, o Rio de Janeiro teve a média mais alta de preços entre os estados do Sudeste (R$ 6,69). Devido ao trabalho, Santana se desloca por mais de mil quilômetros todo mês. “Utilizando gasolina, gastava entre R$ 500 e R$ 650 mensais. Com o GNV, gasto entre R$ 280 e R$ 320 e rodo a mesma quilometragem”, relata. Ele conta que a temida “perda de potência” dos veículos convertidos ao GNV é quase imperceptível, “tendo em vista que, com o avanço da tecnologia e das peças utilizadas, tudo isso deixa o carro mais próximo da sua capacidade de potência”.

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Reportagem | 21

Conheça estes APPs

Estes oito aplicativos de transporte público fornecem informações em tempo real e estão disponíveis para download tanto nos dispositivos Android quanto iOS 1 – Moovit – permite acompanhar os

itinerários e horários dos trens e ônibus; atua com SPTrans, Metrô SP, Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (EMTU) e outras empresas de transporte.

2 – OnibusSP – permite localizar linhas

de ônibus em São Paulo, podendo mostrar mais de um veículo em atividade.

3 – Cadê o Ônibus? – atende tanto São Paulo e Região (SPTrans e EMTU) quanto outras cidades, como Teresina, PI (STrans), Rio de Janeiro (Capital) e Curitiba, PR; notifica sobre problemas com o trem e metrô.

4 – CittaMobi – presente em mais de

300 cidades, informa o itinerário e o tempo de chegada dos ônibus; mostra a melhor rota de um ponto a outro; vende créditos para cartões de transporte e disponibiliza um botão para aviso de acidente grave.

5 – Metrô de São Paulo Oficial – per-

mite acompanhar o status operacional de cada linha; simula o caminho mais rápido entre duas estações, indicando o tempo, custo e mapas dos arredores.

6 – Quicko – disponibiliza informações

sobre o transporte público; permite encontrar pontos de bicicletas e guarda-chuvas e ainda compara tarifas de apps de viagens, como o 99.

7 – Google Maps – disponibiliza infor-

mações sobre o transporte público de sua cidade; permite filtrar entre diferentes meios de transporte para o seu trajeto, incluindo ônibus, trens e metrô.

8 – CityMapper – disponível somente

na cidade de São Paulo, concentra informações sobre transporte público, apps de viagens e trajetos a pé ou por bicicleta; nesses casos, é possível ver uma estimativa de calorias gastas.


22 | Geral/Fé e Vida | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

Em seminário, Pastoral da Saúde ressalta valores e desafios do SUS Fernando Geronazzo

osaopaulo@uol.com.br

Membros da Pastoral da Saúde do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Arquidiocese de São Paulo organizaram no sábado, 9, a realização de um seminário sobre políticas públicas nesta área e em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS). O evento, realizado na modalidade on-line, reuniu agentes dessa Pastoral, profissionais da Saúde, Assistência Social, Direito e outras áreas, para refletir sobre o futuro do SUS e defender sua existência. O Padre João Inácio Mildner, Assistente Eclesiástico da Pastoral da Saúde na Arquidiocese de São Paulo, explicou que a iniciativa do seminário corresponde a um dos eixos de atuação da Pastoral, que visa à sua participação na implementação de políticas públicas. Além disso, a Pastoral da Saúde tem como prioridades a assistência espiritual dos enfermos e profissionais da saúde e a formação de seus agentes.

Parto, em convênio com a Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo, para a população em situação de rua diante de sua maior vulnerabilidade e dificuldade para acessar os serviços públicos de saúde. Desde 2009, o projeto se tornou uma política pública nacional e está presente em outros municípios do País. Formado por médicos, enfermeiros, agentes sociais, auxiliares, psicólogos, assistentes sociais e motoristas, o projeto Consultório na Rua é coordenado pelo Bom Parto, que faz todo o acompanhamento institucional, bem como o acompanhamento individual dos membros

nhecer o valor do SUS e defender sua existência, é preciso tomar consciência de que existem problemas concretos a serem solucionados. Ele explicou que os problemas podem ser divididos em três pilares: financiamento, gestão e recursos humanos. “Infelizmente, o financiamento da saúde brasileira sempre foi abaixo do necessário. Com o SUS, ampliamos o serviço de saúde, porém, não ampliamos o financiamento na mesma proporção”, observou. Consequentemente, a falta de financiamento impacta o desenvolvimento

Participação

Reprodução

Pandemia

Padre João destacou que a pandemia de COVID-19 mostrou a importância do SUS, já que a maior parte da população dependia desse sistema para receber assistência no combate à doença e, também, do Programa Nacional de Imunização para se vacinar contra o coronavírus. Durante o encontro, foram apresentadas iniciativas que apontam para a necessidade de haver um sistema integrado e público de saúde no País. Um desses exemplos é o Consultório na Rua, iniciativa criada em 2004 e coordenada pelo Centro Social Nossa Senhora do Bom

de gestão e de uma política de recursos humanos que garanta um vínculo entre os profissionais e as instituições que, consequentemente, reflitam na qualidade do atendimento prestado à população.

das 25 equipes que somam 585 trabalhadores que atuam em diversas regiões da capital paulista. A assistente social Marta Regina Marques, gestora do projeto, ressaltou que a atuação conjunta do poder público e das organizações da sociedade evitou que houvesse um grande número de mortes decorrentes da COVID-19 entre a população da rua.

Reconhecer problemas

Eder Gatti Fernandes, médico infectologista do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e ex-presidente do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), enfatizou que, além de reco-

de recursos humanos e estruturais para que o serviço possa ser bem realizado. O infectologista destacou, por exemplo, a falta de insumos, medicamentos, equipamentos e serviços de diagnóstico. O médico também explicou que, embora seja um sistema único, o SUS é gerido de forma “fragmentada” pela União, estados e municípios. “Portanto, para sua gestão, o SUS exige uma maturidade não apenas técnica, mas também política, pois todos esses entes federados precisam se articular para fazer o sistema funcionar de forma adequada”, afirmou Fernandes. O infectologista apontou que o SUS precisa de um adequado investimento de recursos, de um modelo transparente

Maria Aparecida Ferreira Malta, secretária-executiva do Conselho Estadual de Saúde de São Paulo, destacou o papel dos conselhos e conferências de saúde no acompanhamento da gestão do SUS. “Todo governante, independentemente de quem seja, além de ser o propositor ou formulador da política pública, é também quem a executa. Para que essa política seja sustentável, alguém precisa avaliar. Quem avalia é a sociedade”, afirmou. Arthur Pinto Filho, promotor de justiça do Ministério Público de São Paulo, enfatizou que a participação popular organizada é garantida pela Constituição e de fundamental importância para a manutenção do Sistema Único de Saúde. “Ao criar o SUS, o constituinte percebeu que para o sistema se enraizar por todo o País, deveria ter essa participação popular”, afirmou, cumprimentando a Pastoral da Saúde pela iniciativa do seminário. José Gimenes, coordenador estadual da Pastoral da Saúde, afirmou que no seminário o objetivo foi o de provocar reflexão e diálogo sobre a urgência de um tema tão urgente para a sociedade brasileira: o acesso à saúde. “No que depender da Pastoral da Saúde, faremos o possível para abrir espaços de diálogo. Com a colaboração de todos os segmentos sociais, vamos construir um SUS que esteja a serviço da vida e da esperança do povo brasileiro”, completou Padre João Mildner.

Você Pergunta O que significa na Bíblia: ‘Que os mortos enterrem seus mortos?’ Padre Cido Pereira

osaopaulo@uol.com.br

Esta é a dúvida da Ana Alice, de Osasco (SP). Minha irmã, há pelo menos três explicações para esse texto. Primeira: o homem que queria primeiro sepultar o pai para depois seguir a Jesus pedia um tempo porque o

pai dele ainda estava vivo. Se estivesse morto, ele, o filho, não estaria ali diante de Jesus. Segunda explicação: há estudiosos que entendem que o pai daquele homem estava morto mesmo, e Jesus exigiu que ele deixasse o enterro e o seguisse. Terceira: há os que falam que Jesus exigiu daquele homem o ato heroico de

colocar o amor a Cristo acima do amor aos pais. Eu fico com a primeira versão. Jesus pediu que o jovem o seguisse imediatamente e não esperasse o pai morrer. Não faltaria quem sepultasse seu pai. O que é bonito nesse texto é o chamado de Cristo de um lado, e a resposta ao chamado, que Cristo pediu

fosse pronta, imediata, sem inventar desculpas. Há ainda que se pensar que seguir Jesus é se abrir a uma vida plena e cheia de sentido que Ele nos oferece. Enfim, vale lembrar que o amor a Cristo deve iluminar todos os demais amores de nossa vida. Fique com Deus, minha irmã.


www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br

| 14 a 19 de outubro de 2021 | Geral/Fé e Vida | 23

Os ensinamentos de Santa Teresa d’Ávila para a verdadeira amizade com Deus Reprodução

Daniel Gomes

osaopaulo@uol.com.br

Retratada em estudos acadêmicos e fonte de espiritualidade de santos e congregações ao longo da história, Santa Teresa de Jesus, cuja memória litúrgica é celebrada em 15 de outubro, também tem sido assunto para livros e conteúdos diversos nas plataformas digitais, especialmente por seu exemplo de vida e doutrina que indicam a oração como o caminho seguro para se alcançar a união com Deus.

Trato de amizade

Santa e doutora da Igreja

Nascida em Ávila, na Espanha, em 1515, Teresa ingressou em um convento carmelita feminino aos 20 anos de idade. Após uma experiência mística, fundou um convento com regras que remontavam às origens dos Carmelitas (por isso é conhecida como reformadora do Carmelo), o primeiro dos 17 mosteiros femininos e dos 15 masculinos que, direta ou indiretamente, ajudaria a criar. Morta em 1582, Santa Teresa d’Ávila, como também é conhecida, foi beatificada em 1614 e canonizada em 1622. Em 1970, São Paulo VI, por meio da carta apostólica Multiformis sapientia Dei, fez da Santa a primeira Doutora da Igreja, reconhecendo que sua doutrina traz um itinerário seguro para a contemplação e realização das coisas celestiais.

Uma trilha para a proximidade com Deus

Cesar Augusto Nunes de Oliveira tinha apenas 19 anos quando leu “O Livro da Vida”, autobiografia na qual Santa Teresa d’Ávila relata a própria história e graças místicas: “Aos poucos, um elemento fundamental da sua pessoa foi me atraindo: o seu amor apaixonado por Jesus, o que me fez perceber que eu estava começando a conhecer uma pessoa que tinha uma profunda amizade com Cristo”, recordou. Oliveira hoje tem 50 anos. Em 2005, fundou o Movimento da Transfiguração, que tem como carisma a transfiguração do coração humano por meio da leitura orante da Palavra, da oração e da liturgia. Ele ministra palestras, retiros e cursos on-line sobre a espiritualidade católica e é especialista em Santa Teresa d’Ávila, já tendo feito materiais audiovisuais sobre a Santa, que podem ser acessados pelo YouTube (Movimento da Transfiguração). “Um dos princípios teresianos é

Moradas’, ela nos ensina que a alma humana é um castelo com sete moradas e que na sétima morada, que é a mais interior, Deus habita. E que a ‘porta’ para entrar nesse Castelo é a oração e a reflexão. Isso quer dizer que para orar é necessário entrar em si mesmo, isto é, refletir sobre Deus e a sua vontade, confrontando-os com a nossa vida, intenções, motivações, inclinações e decisões”, detalhou.

que a amizade gera semelhança; por isso, como consequência, o caminho de santidade para ela não é o de realizar coisas sensacionais ou ter fenômenos místicos, e sim um caminho de íntima amizade com Cristo. A oração para Santa Teresa é, deste modo, um caminho para a autêntica conversão do nosso coração. Sem oração, o amor transforma-se em apenas sentimentalismo; o serviço aos outros, uma forma de exibicionismo; a penitência, um masoquismo; e o desejo de mudar o mundo e fazer o bem, apenas uma ideologia”, analisou Oliveira. Na já referida carta apostólica, São Paulo VI aponta que a vida de oração ensinada por Santa Teresa pode ser considerada “como vida de amor, na medida em que a oração constitui essa necessidade de amizade por meio da qual, todos os dias, falamos a sós com Deus, e Dele sabemos que somos amados”.

Olhar para dentro de si

Nas obras que escreveu, como o “Livro da Vida”, “Caminho de Perfeição”, Castelo Interior” e “Fundações”, Santa Teresa apresenta caminhos para que cada pessoa conheça em que estado está a própria alma e trace um itinerário para superar os empecilhos que a afastam de Deus. Para representar a alma humana, Santa Teresa criou a imagem do “castelo interior”, pela qual explicita a natureza da vida espiritual como uma interiorização do homem até se unir a Deus, que está no centro do castelo. Na avaliação de Oliveira, em uma época na qual há grande apelo à exteriorização, especialmente por meio das redes sociais, cada vez mais as pessoas lidam com um vazio interior e é especialmente neste contexto que a espiritualidade de Santa Teresa d’Ávila se mostra atual. “Na sua obra-prima chamada ‘Castelo Interior ou

Oliveira lembrou, ainda, que esse caminho de interiorização é chamado pela Santa de ‘Trato de Amizade’ e que ela intuiu que a amizade com Cristo segue a mesma lógica da amizade humana. “A escolha mútua é o primeiro passo para a construção de qualquer amizade; o segundo passo é investir, por meio de encontros diários, nessa amizade, mediante a oração marcada por um diálogo espontâneo, como entre dois amigos; dessa realidade nasce o terceiro passo, a partilha, isto é, o conhecimento mútuo. Por isso, para Teresa, a oração não é sentimento e sim conhecimento, mas claro, um conhecimento relacional e afetivo. Nesse terceiro passo – que é o do conhecimento mútuo –, é importante um termo teresiano que é “o amor à sacratíssima humanidade de Jesus”. É por meio do conhecimento da pessoa de Jesus, “o Verbo que se fez carne”, de sua vida como conhecemos nos evangelhos e celebramos na liturgia, que chegamos ao quarto e último passo, que é conformar a nossa vida à vida de Cristo e aos seus ensinamentos, fazendo, assim, uma adesão que transforma a nossa vida, abrindo-nos à graça de uma autêntica santificação por semelhança ao nosso amigo Jesus”, explicou.

Resposta ao anseio de amor eterno e pleno

Ainda de acordo com o especialista teresiano, os escritos da Santa se mantêm atuais por tratarem das necessidades mais profundas do ser humano, “que são, antes de tudo, o desenvolvimento de um relacionamento com alguém que nos ama de forma perfeita e plena, da maneira como somos, e que esse amor seja eterno. Teresa nos apresenta a amizade com Cristo que responde a esse anseio de amor eterno e pleno, sendo Ele o único capaz de saciar a sede humana de beleza, bondade, verdade, felicidade e amor. É por isso que ela é atual e permanecerá atual para todas as gerações”, enfatiza.

Liturgia e Vida 29º Domingo do Tempo Comum 17 de outubro de 2021

‘Dar a vida em resgate por muitos’ Padre João Bechara Ventura Jesus subia a Jerusalém, consciente de que se aproximava o momento de sua Paixão e Morte. Sabendo do conluio que O aguardava na Cidade Santa, anunciou novamente aos discípulos que deveria morrer e ressuscitar. João e Tiago pediram-lhe, então, que permitisse que se sentassem um à sua direita e outro à sua esquerda quando estivesse na glória. O Senhor corrigiu esse pensamento e acalmou a indignação suscitada entre os apóstolos por tal pretensão. Declarou que “o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate por muitos” (Mc 10,45). Com essas palavras, revelava que a finalidade de sua morte de Cruz era oferecer o resgate (lytron), isto é, “a redenção ou expiação dos pecados”. No Judaísmo antigo, uma vez por ano, o sumo sacerdote entrava no Santo dos Santos, invocava o Nome do Senhor e aspergia o propiciatório – local da presença de Deus – com o sangue do sacrifício. Acreditava-se que, quando o sangue “tocava” o lugar santo, as transgressões da Lei, que haviam sido transferidas para o animal oferecido como vítima, eram purificadas e canceladas. Essa era uma figura do verdadeiro perdão dos pecados, que seria realizado pelo próprio Deus feito homem. Jesus Cristo é o “Sumo Sacerdote eminente que entrou no Céu” (Hb 4,14). Ele – e não meros animais – assumiu em seu próprio Corpo nossas culpas. No sacrifício que ofereceu de si mesmo sobre a Cruz – que se torna presente na Eucaristia –, Ele reconciliou com o Pai todos aqueles que são aspergidos pelo seu Sangue. Esse é o sentido da morte de Cruz: Jesus resgatou, redimiu, expiou as nossas culpas! Por isso, diz São João: “Nisto consiste o amor: não fomos nós que amamos a Deus, mas foi Ele quem nos amou e nos enviou seu Filho como vítima de expiação por nossos pecados” (1Jo 4,10). Todo pecado é uma ofensa a Deus. Como o Senhor tem uma dignidade infinita, os pecados constituem uma injustiça infinita à sua Majestade, que jamais seríamos capazes de reparar. Quando Jesus, “provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15), assumiu nossas culpas como se fossem suas, Ele mesmo pagou pessoalmente um preço que não teríamos como pagar e restabeleceu a justiça diante do Pai eterno. Ele é, portanto, o Cordeiro de Deus que carrega o pecado do mundo! Por isso, a Igreja ensina que Ele nos justificou: “Agora, justificados pelo seu Sangue, seremos salvos da ira por meio Dele” (Rm 5,9). Em Jesus Cristo, que “oferece sua vida em expiação” (Is 53,10), cumpriu-se o que Deus dissera por meio de Isaías: “Meu servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53,11). Esse é o “serviço” de Jesus feito no Calvário; e é esse o “serviço” litúrgico que se torna presente em cada Santa Missa: “Este é o Cálice do meu Sangue, da nova e eterna Aliança, derramado por vós e por muitos para a remissão dos pecados”. Portanto, “aproximemo-nos, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia” (Hb 4,16)!


24 | Publicidade | 14 a 19 de outubro de 2021 |

www.osaopaulo.org.br www.arquisp.org.br


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.