Marco Zero 71

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Ações coletivas transformadoras nas favelas cariocas - Página 3

ANO XII - NÚMERO 71 - NOV.DEZ DE 2022 Jornal Laboratório - Curso de jornalismo do Centro Uninter
Foto: Pexels
Pobreza menstrual afeta a dignidade de mulheres e homens trans - Página 4 Pandemia afastou jovens do ensino superiorPágina 5
Escritores aderem à autopublicação como alternativa às editoras
Livros independentes

A chegada do coronavírus ao Brasil, em março de 2020, realmente transformou nossas vidas. O vírus é microscópico, mas seus efeitos têm proporções inimagináveis. Mais de dois anos e meio depois, embora tenhamos retornado às atividades sociais, buscando um tom de normalidade, nem tudo é como se via antes.

E não é só a pandemia que deixa marcas duradouras. Tragédias que abalam uma cidade, como a ocorrida com a queda do avião do time da Chapecoense, no dia 28 de novembro de 2016, continuam sendo rememoradas ano a ano.

Mas, há outra tragédia que se abala no nosso cotidiano. É a da desigualdade social, que tem inúmeras faces. Pode estar no número de pessoas em situação de rua que aumenta visivelmente nas cidades. Ou aparecer de forma discreta, mas potente, como a falta de dignidade menstrual que tira meninas, mulheres e homens trans do trabalho e dos estudos.

Em um cenário de muitos desafios, a cultura ganha força para transformar realidades. Ou de tornar palpáveis histórias que antes estavam apenas na imaginação. É o caso das iniciativas nas favelas cariocas que são abordadas aqui no Marco Zero e que mostram a importância da organização comunitária. Ou na produção cultural que atravessa os modelos estritamente comerciais, como fazem os autores independentes que se aventuram na autopublicação das suas obras, contada na reportagem especial.

O que vemos nesta edição é que a cultura, em suas múltiplas faces, se contrapõe aos desafios do cotidiano. Sintam-se convidados a explorar essa cultura também. Boa leitura!

Segundo o site do TSE, o Brasil ganhou 2.042.817 novos eleitores entre 15 e 18 anos até 5 de maio de 2022. A notícia é motivo de comemoração, já que o número é 47,2% superior em relação ao mesmo período em 2018. Este ano, o órgão fez uma grande campanha nos meios de comunicação estimulando justamente que essa faixa etária apareça para votar, considerando que nesta idade o voto não é obrigatório.

Esses números servem para

Odesenvolvimento de novas tecnologias modifica nossa forma de se relacionar com outras pessoas. Não apenas isso, transforma também nossa economia. Com o metaverso - mundo virtual que tenta aplicar nossa versão da realidade - não é diferente.

A ascensão do metaverso fez com que a empresa Facebook, fundada por Mark Zuckerberg em 2004 e considerada uma das mais valiosas do mundo, mudasse de nome para Meta Platforms. A empresa engloba os softwares Facebook, WhatsApp, Instagram e Messenger e conta com dois bilhões de usuários ativos.

No entanto, questões de segurança e privacidade dos usuários das plataformas preocupam. Em 2021, a exfuncionária do Facebook Frances Haugen trouxe à tona denúncias sobre o tema. Os registros divulgados pela engenheira mostravam algoritmos na ferramenta para a maximização de tempo de uso e consumo do aplicativo, fatores que empiricamente revelam-se prejudiciais e estimuladores de vícios entre os usuários. A motivação, segundo Haugen, era somente financeira.

O uso tecnológico excessivo, sem limitações, pode trazer prejuízos. A dúvida que nos rodeia é: os usuários estão preparados para essa nova e grande experiência imersiva do metaverso?

O jovem, o voto e a militância na internet

acabar com um mito: de que o jovem não se interessa por política. Segundo uma pesquisa coordenada pela socióloga Esther Solano e divulgada pela Folha de São Paulo, os jovens se informam sobre o tema por meios menos partidarizados, menos radicais. Muitas vezes, são influenciadores digitais que falam sobre maquiagem, estilo de vida, ou artistas que, entre um post e outro, abordam alguma questão. Quando um youtuber satiriza uma

notícia política, ele ajuda a moldar a posição dos seus seguidores. Ou seja, os políticos tradicionais precisam ainda aprender como se comunicar com esse eleitor. Enquanto alguns ainda são amadores no Tiktok, outros tropeçam totalmente na questão. Basta lembrar do episódio sobre censura às manifestações políticas no festival Lollapalooza, em março deste ano, em que a simples tentativa de proibir transformou o assunto em algo muito maior. Exatamente o oposto

do que pretendiam os políticos que entraram com a ação.

Mas, de nada adianta fazer barulho na internet e a manifestação morrer ali. Embora a rede tenha um alcance enorme, dar opinião sobre tudo virou costume nas redes sociais. O que esse novo eleitor precisa de fato é refletir qual é seu real posicionamento sobre temas como economia, saúde pública, políticas sociais e a famigerada “pauta de costumes” e expressar a opinião não (apenas) numa rede social.

Metaverso traz consequências para a saúde mental

Giuseppe Riva é pesquisador chefe do laboratório de tecnologia aplicada à neuropsicologia e aborda os potenciais benefícios da realidade aumentada para a saúde mental e emocional. No seu artigo Virtual reality in psychotherapy (Realidade virtual em psicoterapia, em tradução livre), ele aborda as potencialidades da tecnologia no tratamento de qualquer forma de ansiedade, desde simples fobias até transtorno de estresse póstraumático.

Outro pesquisador, Phil Reed D. Phil, traz os efeitos nocivos para o debate. Em seu artigo publicado na revista Psychology Today, ele aborda como as interações virtuais feitas no metaverso podem afetar de forma prejudicial nossa saúde mental, com seu uso sem limitações. Os dados da pesquisa apontam que o uso excessivo da tecnologia digital está associado a muitos problemas de saúde mental, como sintomas somáticos (6%), depressão (4%), psicoticismo (0,5%), ideação

paranóide (0,5%) e doença mental grave (2%). Há ainda pessoas com casos clínicos comprovados que possuíam delírios quanto ao uso do Facebook.

O uso massivo do metaverso pode gerar vícios, um deslocamento, uma fuga para as pessoas de forma breve e pobre da realidade. Se o seu uso excessivo pode gerar consequências prejudiciais à saúde, é necessário que empresas como a Meta arquem com medidas de responsabilidade e moralidade.

N.º 71 – NOV.DEZ de 2022 2 MARCO ZERO
Coordenador do Curso: Guilherme Carvalho Professor responsável: Larissa Drabeski Diagramação: Equipe Marco Zero Projeto Gráfico: Equipe Marco Zero
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Opinião
Ao Leitor EXPEDIENTE
Uninter
E-mail
publicação feita pelos alunos do Curso de Jornalismo do Centro Universitário Internacional Uninter
Imagem: Antonio Augusto/Ascom/TSE
Eduarda ROCHA

As favelas retratam nas grandes cidades a má distribuição de renda e a dificuldade do poder público em criar políticas habitacionais efetivas para a demanda da população. E enquanto, ao longo dos anos, as favelas foram rotuladas como um problema a ser combatido, elas nunca deixaram de crescer e configuram-se como solução para a população mais carente. Para boa parte dos moradores das favelas, sobreviver somente é possível graças ao trabalho de coletivos formados internamente.

Foi nesse cenário que D. Zilda Chaves percebeu, ainda jovem, que para entender o grupo social em que vivia, deveria reconhecer o processo histórico de formação desse grupo. Moradora do Complexo do Alemão, que abriga o maior conjunto de favelas da Zona Norte do Rio de Janeiro, ela sentiu que precisava fazer algo a mais para mudar a própria realidade e a de seus irmãos na luta contra a pobreza e a opressão.

Dona de casa e mãe de dois filhos, ela quis estudar a respeito dos direitos humanos e em 2013 conheceu o trabalho do coletivo Ocupa Alemão. Nesse período, interessou-se pela leitura e buscou a história

de seu povo. “Era o que eu precisava juntar à minha experiência de vida. Através dos livros, pude ir montando as peças desse quebra-cabeça”, conta D. Zilda, que reconhece a educação como o caminho para a transformação social.

como guia na região desde criança. O Rolé apresenta a favela pelo olhar do favelado.

E nesse caminho é possível prestigiar um outro exemplo de projeto que nasceu na comunidade, por inciativa de Hugo Oliveira, a Galeria Providência, uma galeria de artes a céu aberto no qual os jovens moradores da região expõem suas próprias artes nos muros da comunidade.

tradas. O coletivo realizou eventos on-line para angariar recursos e garantir apoio a essa população.

O mesmo incômodo com a realidade local motivou ações em outro ponto da capital fluminense. No Morro da Providência, a primeira favela da cidade, algumas pessoas buscaram formas de mostrar a favela pelo olhar dos próprios moradores, uma forma de fugir dos estigmas.

Em 2016, Cosme Felippsen juntou-se a outros ativistas para promover um tour histórico, o Rolé dos Favelados. Através de um guiamento amplo, o programa demonstra que “para muito além do que os noticiários divulgam a respeito da favela, nela se produz cultura e resistência”, explica Cosme, que atua

Divulgação nas redes sociais

Hugo, Cosme e D.Zilda são exemplos de lideranças que cresceram na favela e reconhecem a importância do trabalho pelo coletivo. Seus projetos objetivam mitigar o impacto do descaso do poder público na vida das comunidades. Com a chegada da pandemia de COVID-19 no Brasil, no início de 2020, eles se depararam com um desafio ainda maior. Em conjunto com outros ativistas sentiram que o que estava por vir poderia ser devastador para os moradores da favela, onde predomina a desinformação e a falta de políticas públicas.

A essa altura, D. Zilda tocava o projeto da Escola Quilombista Dandara de Palmares, que nasceu em 2017, com o objetivo de promover reforço escolar para crianças e jovens do Complexo do Alemão. Com a ajuda de voluntários, o projeto cresceu e se tornou um espaço para formação sociocultural, oferecendo aulas de música, inglês, capoeira, entre outras atividades. Como descreve Adriana Oliveira, 34 anos, assistida pelo projeto e hoje graduanda de Educação Física pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, “D. Zilda é a grande griô* da comunidade, pois preserva e transmite a história do povo preto e cuida de todos”. Com o avanço da pandemia, a escola, que até então atendia 25 crianças, passou a dar assistência também a outras familias locais. Em pouco tempo, já eram mais de 300 famílias cadas-

Enquanto isso, na Região Portuária, foi criado o SOS Providência e Região Portuária, com a atuação, de Cosme, Hugo e outros coordenadores. O grupo desenvolveu um programa para mapear toda a comunidade, identificando as necessidades das famílias. Assim, foi possível registrar o quantitativo de moradores com sintomas de COVID-19, quem precisava de atendimento médico e assistência funenária, o número de óbitos na região, entre outros levantamentos. Hoje, já são mais de 800 famílias cadastradas. O programa inclui demandas como distribuição de cestas básicas, gás, kit higiene, direcionamento para o mercado de trabalho e atendimento psicológico. “Quando

a pandemia começou, eu perdi o emprego. Moro nessa região há 22 anos e sei o quanto o trabalho que o SOS faz é essencial. Minha família faz tratamento psicoterapêutico graças à atuação do coletivo”, relata Helena Ferraz, chefe de cozinha, viúva e mãe de 3 filhos.

E o trabalho continua. “A maior lição que fica é que, para sobrevivermos, precisamos aprender a viver pelo coletivo”, enfatiza D. Zilda. Os projetos repercurtiram nas redes sociais, chamando a atenção de empresas privadas e instituições, e conquistaram parcerias. É um trabalho, como classifica Hugo, doutorando em Comunicação Social, de “nós por nós”, para garantir a esse povo mais fôlego de vida. Ele reconhece que “Tudo isso foi possível porque já havia uma confiança entre as partes. A população quer ser acolhida. Às vezes um “bom dia”, um “boa tarde”, um “pra onde você vai?”, pode parecer ordinário, mas é o que mantém nossa saúde mental diante de tamanha vulnerabilidade”, conclui.

3 N.º 71 – NOV.DEZ de 2022 MARCO ZERO
Cultura
“Através dos livros, pude ir montando as peças desse quebra-cabeça”
D. Zilda Chaves
Foto: Douglas
“É um trabalho de nós por nós” Hugo Oliveira
Dobby
Patricia Gaudêncio
aberto
Foto: Patrícia Gaudêncio
Muro do Morro da Providência que faz da Galeria de Arte
a céu
*Reconhecidapelacomunidadecomo herdeiradossaberes
Ação de voluntários do SOS Providência e Região Portuária, com a liderança de Hugo Oliveira
A atuação de lideranças cariocas no cenário de desproteção agravado pela pandemia A vida pelo coletivo nas favelas instagram.com/SOS.providencia instagram.com/escoladandara/ Aponte o celular para o QR code ao lado, ou busque no seu Instagram: Aponte o celular para o QR code ao lado, ou busque no seu Instagram:

Menstruar com higiene e segurança é um direito

Pessoas, ONGs e grupos se unem para ajudar indivíduos em situação

Menstruação, uma palavra que ainda pode causar constrangimento, mas uma situação com a qual mulheres e homens trans têm que lidar todos os meses. A menstruação dura em média de 35 a 45 anos, a partir da menarca, que é a primeira menstruação e marca o início dos ciclos menstruais mensais, até a menopausa que é o último ciclo menstrual. De acordo com o Censo Demográfico do IBGE de 2010, 30% do Brasil menstrua, ou seja, 60 milhões de pessoas. Porém, não são todas as pessoas que possuem condições de passar por seus ciclos menstruais com acesso a absorventes e higiene para realizar os devidos cuidados. Segundo estudos da empresa de saneamento básico, BRK Ambiental, 1,5 milhão de brasileiras não possuem banheiros em suas residências. Esse tipo de situação se enquadra no que é chamada de Pobreza Menstrual, e precisa ser combatida.

Em 2014, o direito à higiene menstrual foi reconhecido mundialmente como questão de direitos humanos e saúde pública pela Organização das Nações Unidas (ONU). O grupo Girl Up, foi criado pela Fundação da ONU, tendo sedes em todo o mundo, e busca atingir o 5° Objetivo de Desenvolvimento Sustentável

(ODS), que é a igualdade de gênero. Os clubes começaram a dar atenção para a situação da pobreza menstrual, realizando doações para ajudar aqueles que não têm condições de ter um ciclo menstrual com os produtos e a higiene necessária.

A sede do clube Unidas Girl Up em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, desde julho de 2021 tem realizado ações para distribuição de kits de higiene. Segundo Júlia Magalhães, presidente do clube, e Kimberly da Rosa, vice-presidente, em apenas 3 ações foram entregues, aproximadamente, quatrocentos pacotes de absorventes.

Não é apenas sobre a acessibilidade desses produtos, é referente aos sentimentos de medo, insegurança e desconforto que as meninas, mulheres e homens trans sofrem durante esse período, e

o quanto algo que deveria ser comum a todos, se torna um item raro para pessoas em situação de vulnerabilidade social, como moradores de rua, pessoas de baixa renda e pessoas privadas de liberdade

Em Minas Gerais, a estudante de direito e empreendedora, Laura Moreira, desenvolveu uma pesquisa que depois foi transformada em projeto de lei municipal, aprovado na câmara de vereadores da cidade Além do Paraíba. Ao saber que a Prefeitura da cidade estava distribuindo apenas um pacote de absorvente, Laura decidiu criar a ONG Florescer. Por um ano, a Florescer irá distribuir mil e setecentos absorventes nos bairros Matadouro, Goiabal e Terra do Santo.

Laura afirma que sua escolha de cursar Direito foi baseada em questão social, após ela conhecer

meninas que não eram atendidas nas Unidades Básica de Saúde, ou sequer recebiam algum atendimento ginecológico. As famílias estavam com dificuldades de suprir a quantidade de absorventes necessária para essas garotas, algumas sofrendo de tireoide e coágulos no cérebro.

Segundo a psicóloga, em formação psicanalista, Jéssica D’Avila, a pobreza menstrual causa problemas psicossociais para os indivíduos. Durante o ciclo menstrual, muitas meninas não comparecem às aulas por não terem absorventes, fazendo com que isso interfira no seu aprendizado, consequentemente, atrapalhando na hora da conclusão da escola, ingresso em uma faculdade ou obtenção de um emprego para que ela e as próximas gerações da sua família possam sair dessa situação de vulnerabilidade.

Dignidade vetada

A demanda por dignidade menstrual chegou até o Congresso Nacional. Em setembro de 2021, foi aprovado no Senado o Projeto de Lei 4968/2019 que previa a distribuição gratuita de absorventes higiênicos para estudantes dos ensinos

fundamental e médio, mulheres em situação de vulnerabilidade e detidas. Os artigos que visavam à distribuição gratuita de absorventes foram vetados pelo presidente Jair Bolsonaro, no dia 7 de outubro de 2021. Os vetos presidenciais acabaram derrubados no Congresso.

Com isso, foi promulgada a lei 14.214, que Institui o Programa de Proteção e Promoção da Saúde Menstrual. Além disso, prevê que as cestas básicas entregues no âmbito do Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Sisan) deverão conter como item essencial o absorvente higiênico feminino. Assim, foi firmado um compromisso em combater a precariedade menstrual, como também a realização de campanhas informativas sobre a saúde menstrual e suas consequências para a saúde da mulher.

O prazo para a Lei entrar em vigor era de 120 dias. No entanto, mesmo com a Lei em vigor, até setembro de 2022, a distribuição dos absorventes não tinha começado. De acordo com o Senado Federal, a expectativa é que, por meio de Lei, sejam atendidas 5 milhões e 600 mil meninas e mulheres, de 12 a 51 anos, entre estudantes carentes da rede pública, moradoras de rua e presidiárias.

N.º 71 – NOV.DEZ de 2022 4 MARCO ZERO Sociedade
Cedido por Unidas Girl Up
Participantes do clube Unidas Girl Up de Porto Alegre, em distribuição de kits de higiene no dia 15 de setembro 2021 PEREIRA Karen
de pobreza menstrual no Brasil

Otexto ao lado relata a rotina de Guilhermme

dos Santos, de 21 anos, ex-estudante de Farmácia, que devido a pandemia causada pela Covid-19 teve sua rotina e modo de vida alterados, assim como milhares de pessoas em todo o mundo. De lá para cá, a vacina chegou, a pandemia perdeu força e a vida voltou à normalidade – ou quase. Infelizmente, muitos dos efeitos nocivos que o coronavírus trouxe para a nossa sociedade continuarão sendo sentidos por muito tempo.

Os jovens estudantes universitários fazem parte daqueles que tiveram sua vida afetada e convivem com as consequências para seus estudos, além de entraves psicológicos.

A desistência dos estudos foi um evento recorrente no início da pandemia. 56% dos jovens entre 15 e 19 anos que se afastaram do ensino médio e superior decidiram interromper seus estudos durante a pandemia, é o que mostram os dados da pesquisa “Juventudes e a Pandemia – E Agora?” realizada com 68.144 mil jovens de todo país pelo Conselho Nacional de Juventude (Conjuve).

A necessidade de ganhar dinheiro foi o que motivou a decisão para 38% dos jovens. Na sequência, vem a dificuldade de adaptação ao ensino remoto, que motivou 26% das desistências. Empatados, estão os problemas de aprendizagem e a necessidade de cuidar da família, que foi o motivador para 18% das desistências.

Para Guilhermme, ser aprovado no vestibular para o curso de Farmácia em 2020 foi motivo de muita satisfação. No entanto, ter a rotina de estudos e encontros presenciais interrompida pela pandemia frustrou os seus planos. “Eu simplesmente travei, não consegui ter o mesmo desempenho e eu acabei trancando o curso, assim como fizeram grande parte dos alunos da minha turma”, recorda.

O isolamento imposto naquele momento, em uma rotina de muitas horas diante do computador e pouquíssima interação social

Pandemia afasta jovens do sonho da universidade

4 em cada 10 jovens pensaram em parar de estudar durante a pandemia

“O celular se tornou sua companhia. Os encontros em barzinhos pós-aula foram substituídos por vídeo-chamadas, que diminuíam a saudade, mas não traziam o abraço de que tanto precisava. Tudo mudou. O mundo não era mais o mesmo. E ao fechar os olhos debaixo do chuveiro, ele respirava fundo, mais do que o normal, sentindo que dentro dele, de alguma forma, tudo também havia mudado.”

deixou marcas duradouras. “Estudar se tornou muito difícil e acabou dando espaço para a ansiedade e a depressão. Sofro consequências delas até hoje e, por esse motivo, não consegui voltar para a faculdade”, aponta.

Para a psicóloga e professora universitária Ana Paula Galdino, as mudanças ocorridas nesse período pandêmico repercutem de modo direto na saúde mental da população. “A falta de esperança somada às dificuldades do contexto social e econômico atuais do país acarretam um grande sofrimento psíquico, onde os transtornos de humor, principalmente ansiedade e depressão se destacam e ganham ainda mais números de preocupações”, ressalta.

Ainda de acordo com a pesquisa realizada pelo Conjuve, a saúde emocional e os problemas financeiros afetaram a continuidade dos estudos dos jovens. Seis a cada dez jovens relataram ter desenvolvido

ansiedade e uso exagerado de redes sociais. Metade dos entrevistados sentiam exaustão e cansaço constantes. A insônia e distúrbios de peso também fizeram partes dos fatores que atingiram os jovens no início da pandemia, quando 40% dos entrevistados apresentaram esses transtornos.

Quem também sentiu de perto os impactos causados pela pandemia durante a sua formação acadêmica foi o enfermeiro Daniel Freitas, o que quase o fez desistir do seu tão sonhado diploma. Ele estava no 8° período da faculdade de Enfermagem, quando os primeiros casos de covid-19 póscarnaval começaram a surgir em nosso país.

Daniel contou que ninguém de sua turma esperava que a pandemia poderia chegar tão longe quanto chegou. O que era para ser apenas alguns dias de isolamento, acabou se tornando um ano inteiro com aulas paralisadas.

“Iríamos iniciar as aulas práticas, sendo assim não teria como entrar no sistema remoto de ensino, então ficamos sem aula, o que desestimulou grande parte da minha turma”, recorda.

Outro desafio foi o corte de recursos governamentais destinados às universidades, que fez com que bolsas de projeto de pesquisa fossem cortadas. Muitos alunos se dispersaram e tiveram que buscar outras áreas de ocupação, perdendo esperança de retornar ao curso de graduação.

“Foi o período mais difícil para mim, por muitas vezes queria manter o foco nos estudos, mas me

perdia. Além disso, foram muitas perdas, muitos de nós tivemos que enfrentar traumas psicológicos que nos acompanham até hoje”, relata Daniel.

A volta às aulas presencias, embora bastante esperadas, chegaram repletas de desafios. Os estudantes tiveram que enfrentar os medos e inseguranças de ter que estudar em campo, dentro de hospitais, diante de um cenário de pandemia que só piorava a cada dia.

“Apesar de estarmos vacinados, era aterrorizante saber que poderíamos pegar o vírus a qualquer momento por termos que ficar lidando tão de perto com ele. Até conseguirmos finalmente concluir toda a carga horária exigida pelo curso, foi uma montanha russa de emoções, muitos desistiram no caminho, eu me sinto privilegiado por ter por perto pessoas especiais que me ajudaram durante esse processo difícil e também me sinto mais que vitorioso por ter alcançado a linha de chegada”, finalizou em entrevista.

Ana Paula Galdino explica bem esse processo de retomada da rotina normal: “voltar à vida na qual a produtividade é novamente constantemente solicitada, diante do cenário assolador que ainda vivenciamos, se configura como sem sentido para muitos. A falta de sentido, somada à falta de perspectiva, se torna uma soma perigosa e que tem impactado diretamente na saúde mental dos jovens na nossa atualidade”,

finaliza a psicóloga.

Sendo assim, diante de tudo o que foi vivido nesses últimos anos históricos que tivemos que enfrentar, é de se esperar que ao voltar para a vida que tínhamos antes, não sejamos os mesmos. Os jovens, como apontado em estudos e pesquisas, foram afetados de em sua vida pessoal de modo significativo ao ponto de repercutir em seus projetos e sonhos. O que se espera hoje, ainda tendo que em vista que a pandemia não chegou ao fim, são estudantes universitários afetados psicologicamente, lidando diariamente com seus medos e incertezas ao voltar a sua vida normal, quando nada ainda está normal, mas na esperança de que o amanhã melhor estar por vir e com ele a certeza de que tudo ficará bem.

5 N.º 71 – NOV.DEZ de 2022 MARCO ZERO Cidades Comportamento Fonte: Juventudes e a pandemia do coronavírus em 2021 Foto: Arquivo Pessoal Foto: Arquivo Pessoal
Guilhermme, ao centro, posa para foto com os colegas antes da pandemia. Parte da turma desistiu da faculdade devido às dificuldades Emanuela GUEIROS Questões financeiras lideram os motivos para desistências Parte da turma de Guilhermme desistiu da faculdade devido às dificuldades

Independência dos livros: autopublicação é alternativa para novos escritores

Escritores independentes buscam serviços para divulgar suas obras sem o selo

“Publicar um livro independente é se inserir num mercado em que você não existe”. Assim descreve Otto Santana, 19, sem a menor timidez ao telefone, diretamente do bairro Nova Suíça, Capital do Estado de Goiás. Durante doze meses, escreveu, revisou, editou e publicou seu segundo livro de poesia, o Semitextos. Com a ajuda de uma amiga ilustradora, Otto deu cor à obra.

Assim descreve Otto Santana, 19, sem a menor timidez ao telefone, diretamente do bairro Nova Suíça, Capital do Estado de Goiás. Durante doze meses, escreveu, revisou, editou e publicou seu segundo livro de poesia, o Semitextos. Com a ajuda de uma amiga ilustradora, Otto deu cor à obra.

Apesar do apoio da família e amigos na carreira artística, o filho de pedagoga precisou encarar os percalços da autopublicação. Sem a chancela de uma editora para ampará-lo em todas as etapas, o escritor sentiu na pele o árduo

tinha domínio, devido à falta de amparo, foi a parte mais difícil da publicação independente de seu primeiro livro Talvez eu não saiba amar: “Eu que fiz tudo: fiz a diagramação, uma amiga fez a revisão, fiz a montagem; a produção da capa, o contato com a gráfica.... Fazer o formato dele pro e-book na Amazon foi muito puxado também”, recorda.

Apesar das dificuldades, a autopublicação traz consigo uma série de vantagens. É o que pondera o colombiano Albeiro Patiño Builes, estrategista de marketing para escritores. Para o consultor, a independência é benéfica ao artista: “O autor é livre para escolher o que publica, que capa usa, que preço põe em seu livro e até como e quando o promove. Mas, especialmente quantos royalties receber. Este último aspecto é essencial”, afirma.

Maria, contudo, não sente a independência dessa forma. “É algo que eu não recomendo para as pessoas. Se você tiver dinheiro, não faça. É ruim. Foi um processo muito cansativo”, lamenta. A acadêmica de administração relata que o custo de produção também pesa no final da autopublicação: “Quando o livro está em uma editora tradicional, que fez boa parte do trabalho para o escritor, o livro já passou por tantos lugares que fica mais fácil de se tornar reconhecido. Quando é independente tudo vem de você”.

e exaustivo trabalho de assumir todas as funções que compõem um grupo editorial para realizar o sonho de ver a nova obra em mãos.

A estudante fluminense Maria Costa, 20, diz que assumir todas as tarefas das quais não

Builes ainda afirma que, em um cenário de publicação independente, é necessário que os escritores sejam protagonistas de suas carreiras. Ele diz que as editoras tradicionais delegam cada vez mais a responsabilidade da publicidade aos autores, e que os escritores perceberam que, com o advento das redes sociais,

se tornou dever profissional criar uma comunidade de leitores online e cultivá-la. Dessa maneira, o artista tem mais chances de garantir a venda de sua obra.

“Além do mais, os editores tradicionais hoje preferem publicar autores que são publicados com uma comunidade, mesmo que seu trabalho não seja muito relevante ou que seja de baixa qualidade, porque a comunidade garante as vendas”, completa.

Maurício Zágari, residente do Estado do Rio de Janeiro e diretor editorial da GodBooks, não lê o cenário editorial independente da mesma maneira. Para ele, a produção independente permite que o livro seja publicado sem o profissionalismo de um preparador: “O autor é soberano sobre o processo de produção e o conteúdo de sua obra. O problema é que isso é muito ruim, uma vez que o livro é publicado sem passar pelo olhar crítico de um editor”, aponta. Em sua opinião, um texto sem revisão e edição profissionais pode se tornar uma experiência ruim para os leitores.

Ricardo Almeida, paulista CEO do Clube de Autores, uma das maiores plataformas de autopublicação no Brasil, aponta para outro cenário. Em entrevista concedida à revista Forbes em julho de 2021, afirmou que a publicação autônoma tem sido o principal recurso para introduzir novos escritores no mercado dos livros. O Clube registrou resultados significativos em 2020, com mais de 15 mil livros publicados - 18% a mais em relação a 2019. A empresa obteve o acréscimo de 40% no número de vendas, somando em torno de 8,5 milhões de reais em lucros, conforme divulgou a reportagem.

“Além do mais, os editores tradicionais hoje preferem publicar autores que são publicados com uma comunidade, mesmo que seu trabalho não seja muito relevante ou que seja de baixa qualidade, porque a comunidade

garante as vendas”, completa.

Livros Digitais ganham espaço

Em 2020, quando a Organização Mundial da Saúde declarou estado pandêmico e as medidas de isolamento e quarentena foram implementadas, a receita do comércio incidiu sobre quedas expressivas. No Brasil, o setor livreiro registrou cerca de 50% de redução no nível de vendas, como apontou o relatório divulgado pela Nielsen no ano passado.

N.º 71 – NOV.DEZ de 2022 6 MARCO ZERO Especial
de uma editora Mercado de livros digitais em crescimento amplia oportunidades para novos autores Capa do livro “Semitextos”
Foto: Pexels/ Enzo
Imagem:
Santana/arquivo pessoal
Primeiras unidades impressas do livro “Talvez eu não saiba amar”
Muñoz
Otto
pessoal
Foto: Maria
Costa/arquivo
Augusto BRAGA

No entanto, o rombo versa apenas aos livros físicos vendidos por livrarias tradicionais. A consultoria de Nielsen, em parceria com o Sindicato dos Editores de Livros e da Câmara Brasileira de Livros, revelou em uma pesquisa que a venda de livros digitais aumentou 83% no ano de 2020. Também do Estado de São Paulo, Melissa Marques, analista de marketing editorial, acredita que isso ocorre em função de um conjunto de fatores: “As editoras estão produzindo mais e-books ou adaptando o catálogo existente. A facilidade de ‘guardar’ 1.000 livros em um só lugar também é bastante atrativa. O preço, comparado ao impresso, ainda é mais baixo”, diz.

Ainda no mesmo ano, o consultor austríaco Rüdiger Wischenbart e a Bookwire, empresa de serviços digitais para publicações on-line, tornaram públicos os resultados da Digital Consumer Book Barometer, pesquisa que mediu o impacto da pandemia no comportamento do leitor digital brasileiro.

O estudo apresentou resultados importantes para quem pretende se inserir no

Fonte: Relatório de Insights da Bookwire.

mercado editorial de forma independente. Foi constatado que, com fechamento das livrarias nos primeiros meses de 2020, somada à aderência ao home office, houve um crescimento exponencial do consumo de todos os tipos de livros em formato digital, como indicam os gráficos abaixo.

Da notícia à ficção

A mais de mil quilômetros da capital gaúcha, na cidade de São Paulo, o escritor e jornalista Matheus Lara, 28, também encarou o caminho da publicação independente. O colunista de Política do Estadão precisou contar com a ajuda da namorada e amigos, todos profissionais do texto, para revisar e editar seu primeiro romance, intitulado “À meia-noite, tudo vai estar bem”.

Para o jornalista, a parte de edição e revisão não foram as mais impetuosas, mas, sim, a distribuição do livro: “Você conta com o apoio de quem te conhece, em primeiro lugar. Então o livro que eu divulguei teve o apoio gigantesco de amigos e de

Matheus Lara em entrevista.

familiares e de pessoas que me seguiam nas redes sociais por conta do trabalho no Estadão”, conta.

Matheus relata que, durante o processo de finalização, pensou em diferentes possibilidades para publicar seu livro: “Poderia ser por prêmio literário, avaliação de originais em editoras grandes, eu poderia pagar para uma editora que oferece esse serviço e publicar, poderia mandar imprimir uma determinada tiragem”, diz. Na hora da decisão, o escritor utilizou o serviço de publicação independente da Amazon, o Kindle Direct Publishing (KDP), mas também pagou por uma pequena quantidade de livros físicos. Desde 2012, quando a

plataforma chegou ao Brasil, a KDP é outra oportunidade para a introdução de novos escritores no comércio livreiro. Partido da gigante do e-commerce, a empresa americana Amazon, os títulos independentes estão ganhando cada vez mais espaço entre os pedidos dos leitores.

Otto Santana optou por outro caminho: para publicar seu novo livro, tanto na versão digital quanto física, confiou na equipe do Clube dos Autores, que opera de forma distinta dos serviços da KDP.

“O processo é bem simples e o site é intuitivo. Primeiro você coloca os dados de como você quer o livro e eles vão te dar uma estimativa do valor que custaria aquele livro e você pode escolher o quanto quer ganhar de direitos autorais, o que é muito bacana”, pondera. Para Otto, esse é um dos principais pontos do Clube: “Esse valor que você escolhe é fixo, e quando você vender o livro em qualquer loja parceira do site você vai ganhar aquele valor”, conclui.

No Rio de Janeiro, Bruno

Fonte: Relatório de Insights da Bookwire.

Comparação entre número de vendas de livros digitais no Brasil entre 2019 e 2020.

Vendas de e-books no Brasil antes, durante e depois do isolamento.

Haulfermet, 37, teve uma trajetória diferente. O escritor começou a publicar suas histórias, de maneira independente e apenas por fruição, na plataforma on-line Wattpad. O que Bruno não esperava era que sua obra se tornasse um dos originais mais lidos no Brasil pelo site. Com mais de 255 mil leitores de seu primeiro livro, “Os Descendentes e a Ferida da Terra”, o autor foi convidado pelo Wattpad para se tornar um dos curadores de conteúdo da empresa. “A plataforma é livre, então a gente tinha que ficar de olho e separar quem era leitor, quem era escritor e quem era os dois.

Também tinha uma garotada mais nova que ficava escrevendo conteúdo adulto, então a gente tinha que denunciar, tirar de circulação”, contou Bruno.

O escritor, que em pouco

tempo terá sua nova obra publicada em formato físico, atribui o sucesso ao site: “O Wattpad foi um trampolim, com certeza. Eu tenho um carinho muito grande pela plataforma”.

Com mais de 200 milhões de usuários, o Wattpad se posiciona no mercado digital como uma das mais populares plataformas de leitura e publicação independente na internet. Além da leitura gratuita, o site é utilizado para a autopublicação de novos autores e também para que escritores divulguem suas obras com capítulos e amostras de seus livros, a fim de instigar o público a lê-lo.

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Processo de edição e publicação do livro “Semitextos”. Livro “À meia-noite, tudo vai estar bem”, de Matheus Lara. Bruno Haulfermet em sessão de autógrafos na Bienal do Livro em 2019. Foto: Marina Mori.
Santana/arquivo pessoal.
Foto: Bruno Haulfermet/arquivo pessoal. Imagens: Otto

É ansiedade, mas como lidar?

mental, há dicas para diminuir a ansiedade. Ter um hobbie pode ajudar. “Tirar um tempo para você se dedicar a algo que gosta como costurar, pintar, tocar algum instrumento musical é uma ótima forma de atenuar a ansiedade”, diz a psicóloga.

Outra alternativa é movimentar o corpo. “Um simples alongamento e alguns minutos de caminhada já ajudam bastante. Quando nos conectamos com o nosso corpo percebemos os pontos de tensão e fica mais fácil lidar com eles”, destaca.

promovem efeitos benéficos no sistema cardiorrespiratório, muscular e no comportamento da pessoa. “A luz do sol tira o cansaço da rotina. Desacelerar é essencial e acalma os pensamentos. Então, praticar exercícios diminui a ansiedade. Seja num parque, praia, campo aberto”, explica Marina.

Aperto no coração antes de uma entrevista de emprego. A falta de ar nas horas próximas a um teste de CNH. Insônia por conta da prova do Enem. Independente da idade e mesmo sendo comum, a ansiedade é um transtorno que afeta a vida

Oisolamento social causado pela pandemia da Covid-19 continua tendo reflexos na sociedade, inclusive no comportamento infantil. Um dos efeitos se traduz no aumento do tempo de uso de smartphones pelas crianças.

O maior crescimento de posse de celular aconteceu entre crianças na faixa etária de 7 a 9 anos. A proporção com smartphone próprio subiu de 52% para 59% no intervalo de um ano.

No grupo de 10 a 12 anos, o percentual passou de 76% para 79%. Os dados são da pesquisa Panorama Mobile Time/ Opinion Box, divulgada em outubro de 2021. Ainda segundo o levantamento, YouTube, WhatsApp, Netflix e TikTok são os aplicativos mais utilizados pelas crianças.

Outro estudo, realizado em dezembro do ano passado e divulgado em maio deste ano pela McAfee, revela que o Brasil é o país em que crianças e adolescentes mais estão expostos ao uso de aparelhos eletrônicos.

Antônio dos Santos Lima, tem um filho de nove anos que tem seu próprio celular, mas monitora o que seu filho faz na internet. “Ele tem o celular próprio, conectado à internet e a gente policia algumas coisas, jogos, aplicativos que possam comprometer a educação.

Teve uma vez mesmo, que flagrei ele com um jogo no qual o cara estava narrando e xingando, imediatamente excluí o jogo”,

das pessoas em casa, no trabalho ou no trânsito. Quando excessiva, pode causar desconfortos na saúde física e mental, além de atrapalhar relações sociais e profissionais.

Estudos da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que 264 milhões de pessoas sentem ansiedade no mundo, e destes números, um pouco mais de nove milhões são brasileiros.

A psicóloga Marina Castro, explica que “A ansiedade é um mecanismo de defesa natural do nosso organismo, mas se ativado em excesso nos traz diversos prejuízos como pensamentos de autossabotagem, medo constante, mal estar físico, pensamento acelerado, procrastinação, entre outros sintomas”.

Para a especialista em saúde

Para o eletricista de automação Anderson Pereira Castro, 38 anos e 20 de profissão, o trabalho é fonte de muita tensão. “Depende de eu solucionar o problema que pode parar aquela linha de produção de uma indústria. E nesse momento, eu sinto a ansiedade, eu sinto estar acelerado e muitas vezes o peito aperta”, conta. A alternativa para reduzir os impactos está em: “Correr 10Km na beira do mar ou rio, um lugar próximo à natureza sem o barulho de máquinas, sem som, só o dos pássaros, contemplar um pôr do sol. [Isso] prepara o meu dia”.

Estar em contato com a natureza tende a aliviar situações de ansiedade. Estudos mostram que alguns minutos ao ar livre

Mudanças na rotina também fazem a diferença. “Colocar algumas plantas dentro de casa, ter animais de estimação e conviver com eles, reordena os pensamentos.” Outra forma é a organização. “Escrever listas ou usar os Apps no celular, ajudam as pessoas a se situarem e terem um meio de não perder o foco”, complementa a psicóloga.

disse. Questionado sobre limites de tempo, ele respondeu que não há regras estabelecidas e o uso é apenas para diversão.

A pesquisa da Mobile Time também mostra que desde o começo da pandemia os pais passaram a monitorar menos o limite de acesso dos filhos, caindo de 72% em 2020 para 65% em 2021, fato preocupante para alguns especialistas.

Para a psicóloga Alessandra

Augusto, especialista em terapia sistêmica, o uso de celulares sem monitoramento dos pais, pode trazer danos à saúde e ao ambiente social dessa criança ou adolescente. “As crianças […] estão ficando muito ansiosas, então já vemos um comprometimento da saúde mental, não só do comportamental. A saúde mental também está sendo afetada com o volume de conteúdo inadequado”, disse.

YouTube, WhatsApp, Netflix e TikTok são os aplicativos mais utilizados pelas crianças

A psicóloga ainda orienta os pais a impor limites: “a orientação que dou aos pais é o não. O que eu percebo hoje em consultórios

são crianças e adolescentes que não sabem lidar com a palavra não. Precisamos dar limite a essas crianças. É nessa idade, na infância que vamos começar a fazer essa criança entender que no nosso mundo real existem regras, tem limite”, completa.

Ainda segundo a psicóloga, crianças não têm o senso crítico formado e são vulneráveis, além de correrem riscos quando não monitoradas.

N.º 71 – NOV.DEZ de 2022 8 MARCO ZERO Foto: Cristiane Inácio
Imagem: Freepik
“A ansiedade é um mecanismo de defesa natural do nosso organismo, mas se ativado em excesso nos traz diversos prejuízos”, explica a psicóloga.
Contemplar a natureza desacelera o eletricista de automação.
Em excesso, vira transtorno no dia a dia. Mas, há como aliviar
Cresce o uso de smartphones por crianças no Brasil Crianças brasileiras são as mais expostas a dispositivos eletrônicos do mundo; 59% têm smartphone próprio
Principal crescimento no uso de dispositivos foi de crianças entre 7 e 9 anos
Adamy GIANINNI
Saúde

Chapecó, localizada no Oeste Catarinense, ficou conhecida mundialmente em 2016, após o trágico acidente envolvendo o time da cidade. Foram 71 mortes. Entre eles, atletas, comissão técnica, jornalistas, além do piloto e

UMA CIDADE QUE AINDA CHORA

6 anos após o acidente da Chapecoense, o sofrimento permanece

comissários de bordo. O elenco viajava para a Colômbia para a disputa da final da Copa SulAmericana.

A víúva de um dos atletas falecidos no acidente, que gostaria de não ser identificada, lembra que foi dado pouco suporte para as famílias atingidas pelo acidente. “Até hoje não recebi tudo que é

meu de direito. Meu marido deu a vida por aquele time, e até agora só recebemos homenagens. Ninguém sobrevive só com homenagens” desabafa ela.

O Vice-Presidente Jurídico da Chapecoense, Ilan Nazário, diz que “desde 2017, sempre buscouse fazer composição de todas as demandas. Todas as famílias

Um chute para o futuro

foram procuradas. Destas, 87% firmaram acordos. Inclusive existem alguns já quitados. Hoje nós temos 23 famílias sendo pagas judicialmente e em dia. O meu objetivo sempre foi fechar todos os acordos, mas infelizmente isso não foi possível”.

João Vitor Heemann, torcedor fanático do Verdão do Oeste, ainda lembra com carinho daquele time. “Era um grupo unido. Eu lembro de todos os jogos, sempre ficava no mesmo lugar da arquibancada. Muitas vezes voltava pra casa sem voz de tanto gritar, era muito emocionante ver eles jogarem”.

Além da torcida, muitos comerciantes sentiram na pele o acontecido. O gerente de loja Marcos Fernando Guimarães lembra de como era antes.“ Era diferente, todos da região vinham para Chapecó para ver eles jogar. Isso movimentava a cidade. Você andava na rua e todo mundo usava a camiseta da Chapecoense. Hoje não é mais assim. Quem realmente se importava com o clube faleceu naquele acidente. Hoje só sobrou oportunistas, e a cidade vê e sente isso”.

Enquanto as famílias ainda lutam na justiça, a Associação Chapecoense luta ainda mais para

permanecer viva. Com uma dívida aproximada de 120 milhões, o clube tenta enxugar os seus gastos.

marido deu a vida por aquele

agora só recebemos homenagens. Ninguém sobrevive só com homenagens”

Para a temporada de 2022, o clube foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, o que tornou a situação ainda mais difícil.

O clube tinha expectativas de mudanças com a posse da nova diretoria, para o biênio 2022/2023. Entre as principais medidas dos novos dirigentes, o foco na austeridade financeira e a possibilidade de virar Clube Empresa. No entanto, a campanha do clube não empolgou. Já nas rodadas finais do campeonato, o time figura próximo à zona de rebaixamento para a série C.

conhecido como Anapion, que vem da cidade vizinha a 60 km de distância, voluntariamente todas as semanas para ajudar no projeto, destacando que o esporte é fundamental para a juventude.

Em um pequeno município do interior do Rio Grande do Sul, onde o esporte parece esquecido pelos seus administradores, uma equipe denominada Comissão Esportiva Independente, existente desde 2013, dá os primeiros passos com uma escolinha de futebol gratuita para crianças e adolescentes.

Em Santana da Boa Vista, município que fica a aproximadamente 290 km da capital do estado, Porto Alegre, no começo do ano de 2020, o grupo fundou a Academia de atletas Fábio Domingues Herbstrith. O

nome é uma homenagem a um jovem apaixonado e engajado com o esporte do município, que fazia parte da comissão e perdeu a vida precocemente com problemas cardíacos, em 2018.

Em decorrência da pandemia de Coronavírus, a academia teve suas atividades suspensas por um ano e meio, voltando em outubro de 2021. O projeto que tem o lema ‘um chute para o futuro – revelando talentos e construindo cidadãos’, já abrange mais de cinquenta jovens, meninos e meninas de 5 a 16 anos de idade e tem atividades uma vez por semana.

Jackson Richter, vicepresidente da Comissão Esportiva Independente e o principal organizador da academia de atletas, diz que ainda existe o interesse de mais crianças entrarem no projeto. “Nesse ritmo, chegaremos a 100 crianças rápido e precisaremos de mais espaço”. O projeto atualmente acontece em um campo de futebol cedido pelo sindicato de servidores públicos municipais, mas que não suporta maior número de atletas que o atual. Na assinatura da ficha de inscrição dos alunos, os pais ou responsáveis se comprometem a

manter os jovens matriculados em suas escolas e, quando solicitado, encaminhar boletim escolar atualizado para a direção da academia. “Não é simplesmente futebol, aqui eles têm que ter disciplina” completa Jackson.

Os valores arrecadados com patrocínios de empresas locais, são apenas para aquisição e manutenção dos materiais esportivos usados, por isso, o apoio dos voluntários é fundamental.

“Se não estivessem aqui agora, estariam mexendo no celular em casa. Eles merecem essa oportunidade” diz José Leodenir,

O empresário Joel Dutra é pai de um menino inscrito na academia e destaca a importância do projeto na cidade. “Mesmo que não saia daqui nenhum jogador profissional, já é muito importante para a socialização das crianças”. A procura dos pais pelo projeto acontece por falta de outras atividades para jovens na cidade, aliada à preocupação de que a geração atual fique ‘presa’ aos aparelhos eletrônicos. Além disso “o incentivo ao esporte é importante para a formação pessoal e profissional de nossa juventude” finaliza Joel.

O futuro dessa geração também é a preocupação da Comissão Esportiva Independente, que acredita que mantendo esses jovens no projeto os afasta das drogas e do mundo criminoso, com a esperança de formar ali grandes cidadãos.

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Bruno Cantini Agência Galo Atlético
“Meu
time, e até
Marcas da tragédia ainda afetam o clube Tiago MENEGHINI
“O incentivo ao esporte é importante para a formação pessoal e profissional de nossa juventude”
Alongamento é realizado antes das demais atividades físicas
Projeto social dá oportunidades por meio do futebol
Esporte
Thiago DIAS

“É uma ótima oportunidade empresarial, conseguimos fazer uma publicidade de forma limpa, atingindo novos públicos”, comenta.

Canteiros públicos: adoção de espaços em Taquara

Projeto busca embelezar município com plantios de flores

Projeto realizado entre a prefeitura e comerciantes é uma alternativa para embelezamento das ruas do município de Taquara, no Rio Grande do Sul. Iniciado em novembro deste ano, por meio da proposta da vereadora Carmem Fontoura, o projeto de adoção de canteiros municipais vem sendo

motivo de muita alegria para os Taquarenses. Camila Bernardes, moradora da cidade, observou as mudanças pelas ruas. “A cidade está mais alegre, com cores e bem cuidada”, lembra.

O cuidado dos espaços é feito por entidades privadas, que por meio de um termo ficam responsáveis por determinados canteiros, em troca deste cuidado, podem instalar uma placa publicitária no local, com o nome da empresa. A Lavanderia H20 é

uma das intituições participantes, responsável por um dos canteiros localizado na Praça Marechal Deodoro.

A gerente do estabelecimento, Elizandra Wolf Gabriel, relata que apesar serem responsáveis pelo plantio, contam com o auxílio da prefeitura que disponibiliza um funcionário para exercer o trabalho de regar os canteiros para as empresas. Aos finais de semana, a manutenção é feita pela parceira do projeto.

Fabiana Albring Thiel, bióloga da Secretaria do Meio Ambiente de Taquara destaca a importância da iniciativa para a cidade. “Quando alguém se propõe a cuidar de um canteiro, demonstra também sua preocupação com o local em que vive. Por meio desse projeto pode-se alcançar outras conquistas, como destinação adequada de resíduos sólidos urbanos e controle de pragas, pois a população se engaja em prol do coletivo”, ressaltou. A bióloga garante ainda que o processo não é burocrático. Durante um encontro são passadas as instruções sobre o manejo do canteiro e é assinado um contrato de responsabilidadeperíodo mínimo de um ano. Através desse projeto pode-se alcançar outras conquistas, como destinação adequada de resíduos sólidos urbanos e controle de pragas

A intenção é que a cidade se mobilize para o embelezamento que a prática de jardinagem proporciona. A ação da coletividade também é importante pois o município tem suas calçadas estreitas, acontecendo um conflito com a arborização e equipamentos urbanos, como fios elétricos e fachadas sem recuo de pátio. A adoção de canteiros permite atingir todos os espaços disponíveis, com floreiras que também tornam-se um ponto turístico e consequentemente podem, impactar os aspectos de desenvolvimento econômico da cidade.

Mapeamento de canteiros

A Secretaria de Planejamento desenvolveu um mapa interativo, dos canteiros da cidade. Use o QRCode abaixo e acompanhe quais espaços disponíveis para adoção.

Dormir bem está entre um dos principais requisitos para se ter uma vida saudável. A frase parece clichê, mas é a mais pura verdade e já foi, inclusive, comprovada pela ciência em diversos estudos: ter uma noite de sono tranquila faz muito bem à saúde. De acordo com pesquisas e estudos, dormir, pelo menos, sete ou oito horas por noite evita riscos à saúde. Mas nos últimos tempos, a qualidade do sono tem sido bastante afetada por diversos fatores, como: ansiedade, preocupação e o uso de aparelhos eletrônicos na cama, como o smartphone, o famoso celular, antes de dormir. Este último é um dos principais causadores de insônia em diversas pessoas de várias idades. Estudos indicam que a luz (principalmente a azul) emitida por eles estimula o cérebro a ficar mais tempo ativo – o que faz com que o indivíduo demore mais para dormir.

Demorar mais tempo para pegar no sono, ter duração de sono menor e, até mesmo, a insônia, é um dos problemas que a funcionária de uma autarquia de trânsito e estudante de Recursos Humanos, Gislane Bernardino Santana, 23 anos, enfrenta. Ela afirma que utiliza o celular todas as noites antes de dormir (enquanto está deitada na cama): “Quando

não uso o meu, uso o do pessoal aqui de casa”, relata a jovem, que também afirma demorar para dormir. “O sono some”, completa a moradora de Ipojuca, região metropolitana do Recife, Pernambuco. Gislane diz também que só consegue dormir a partir de 2 horas da manhã (às vezes, às 3h), que no dia seguinte se sente cansada, mas não pode dormir –a universitária também trabalha durante o dia, o expediente começa às 8h da manhã.

Diferente de Gislane, a funcionária pública de IpojucaPE,Rubenita Maria dos Santos, 34 anos, afirma não ter dificuldades para dormir. Ela usa pouco o celular à noite: “Às vezes dou uma olhada”, pontua. Também estudante de Recursos Humanos, Rubenita explana que utiliza o modo escuro no seu celular. Ou

seja, a tela do aparelho fica com o fundo preto e as letras brancas. Ela também diz que diminui o contraste e o brilho da tela e que por isso não encontra muitas dificuldades para dormir.

Seja celular, tablet, notebook ou televisão, o uso de telas antes de dormir não é indicado para nenhuma faixa etária. É o que afirma a psicóloga Emanuelly Araújo.

Ela explica que ao usar telas antes de dormir, o cérebro fica mais aceso e acordado, ou seja, mais ativo e desperto. “É como se o nosso cérebro não entendes se que ali é o momento do rela xamento, que ali é o momento de dormir e de se desconectar para o que o sono chegue”: explica a psi cóloga. Emanuelly também indica que “pelo menos uma hora antes de dormir, não se use nenhum tipo

de tela”, afirma. A psicóloga ainda indica sessões de meditação, yoga e que deixe o quarto mais escuro: “Porque aí o nosso cérebro vai entendendo que é o momento de dormir”, explica. Estudos já com provaram que usar telas antes de dormir diminui os níveis de me latonina – hormônio que ajuda a adormecer.

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Lavanderia adotou canteiro da Praça Marechal Deodoro, onde faz plantio de flores Lavínia HADLICH Acesse o site no QR Code abaixo
“É como se o nosso cérebro não entendesse que ali é o momento do relaxamento, que ali é o momento de dormir e de se desconectar para o que o sono chegue”
O uso de telas antes de dormir e a insônia Imagem: Freepik Segundo pesquisas, luz emitidas por aparelhos eletrônicos afetam o sono
A recepcionista, Rute Tânia (51), utiliza o celular todas as noites
EAD: um Marco Zero em cada canto
Alexsandro RENAN

@TÁ NA WEB

Nos dias de hoje, pouco se pensa em comprar um pen drive, cartão de memória e, muito menos, salvar seus arquivos em um CD. Disquete, então, nem existe mais. O armazenamento em nuvem desponta como a melhor opção, já que, além de rápido e fácil, dá

a possibilidade de acessar nossos arquivos de qualquer dispositivo conectado à internet, em qualquer lugar do mundo.

Separamos três opções para quem está procurando um serviço específico como maior espaço de armazenamento, menor preço ou mais segurança.

Proton Drive

Oferece um cofre criptografado de ponta a ponta que garante a maior segurança nos serviços de armazenamento. A parte ruim do Proton Drive é que só tem 1GB de armazenamento no plano gratuito e não tem aplicativo, o cofre só pode ser acessado por navegadores web.

Thiago DIAS

Especial

Armazenamento em Nuvem

A plataforma oferece 20GB no plano sem custos. O Mega funciona em PCs, celulares e tablets dos sistemas Android e IOS.

A opção mais barata em armazenamento em nuvem pago é oferecida no icloud+. São 50GB por R$3,50, enquanto no plano gratuito são oferecidos 5GB.

Lembrando que essa não é uma opção para o sistema operacional Android.

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Tecnologia
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Mega ICloud
O maior armazenamento em nuvem grátis: O melhor para usuários Apple
Serviço com cofre e-mail e VPN:

População de rua cresce no Brasil

Em maio de 2022, o Brasil tinha o registro oficial de 184.638 pessoas vivendo nas ruas. Esses dados representam um crescimento de 16% com relação a dezembro de 2021, de acordo com dados do CadÚnico. E esses dados podem não representar totalmente a realidade, já que

a subnotificação é um grande desafio nesse cenário.

O aumento do número de pessoas em situação de rua fica evidente na paisagem de grandes centros urbanos. Entre os desafios para quem vive sem abrigo, está o de manter-se aquecido nos dias frios.

N.º 71 – NOV.DEZ de 2022 12 MARCO ZERO Ensaio fotográfico
Ensaio de Luan CAMPANHONI
urbana evidencia efeitos da crise social
Paisagem
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