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\\ Opinião * Ricardo Oliveira

A união faz, de facto, a força A sociedade portuguesa actual, tem criado diversos movimentos cívicos com vista a promover a luta por aquilo que consideram ser os seus direitos. Concorde-se ou não com os motivos que geram as contestações e as manifestações, o certo é que assistimos a movimentos cada vez mais organizados, e cujos objectivos têm sido, paulatinamente, atingidos. O exemplo mais paradigmático e mais recente deste fenómeno, acaba por ser o SOS educação. A sua estratégia e organização obrigou este governo a dar o dito por não dito, e foram conquistadas muitas vitórias, que no início da sua luta parecíam impossíveis obter. Sou completamente a favor da interacção da sociedade civil, com o poder político. Só assim será possível, aferir as reais necessidades de um país, e só assim a sociedade poderá perceber as muitas decisões difíceis que raramente agradam a gregos e a troianos. Um exemplo do que não deve acontecer, foi dado pelo nosso primeiro ministro, cujos seguranças e alguns elementos destacados do partido socialista, acabaram por expulsar de uma forma pacificamente duvidosa um movimento de protestos da “geração à rasca”. Considerou o Sr. Sócrates, como foi nomeado pelo líder deste movimento, ser uma brincadeira carnavalesca, e convidou os jovens para jantar. Claro está que o convite foi também ele Carnavalesco! Mas voltemos às boas notícias, parece que está para breve uma reorganização dos cuidados de saúde primários, cujo objectivo será de chegar de forma mais efectiva às populações que dele carecem. O objectivo principal será o de proporcionar a todos os utentes um médico de família. Desta vez, parece ter sido pedida ajuda ao movimento cívico de apoio ao cidadão que está relacionado com os cuidados primários. A ser verdade, parece-me uma grande evolução ideológica, e, mais do que isso, prova que afinal o objectivo em servir a população e estar perto dela será para cumprir. Só com estas interações, os políticos poderão construir politicas que podem ser compreendidas pela população em geral. Claro está, que os políticos profissionais, de todos os quadrantes políticos, também deveriam, eles próprios, em prol de um bem comum fazer um esforço para chegar a um acordo que servisse todos, mas isso para já é algo de muito distante e puramente demagógico. É muito mais fácil e prático adoptar uma postura arrogante e culpar os outros… Ficarei com muita curiosidade à espera de ver os primeiros resultados desta potencial interacção entre Ministério da Saúde e sociedade civil. Independentemente do que daí venha a ser desenvolvido, uma coisa já foi provada. A união faz, de facto a força. Ricardo Filipe Oliveira Docente Universitário Estudante de Medicina

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sexta-feira 11 de março de 2011

Grande Maia ENTREVISTA

maiahoje

José Eduardo Azevedo responde às perguntas do Maia Hoje

«Vejo com bons olhos a redução do número de freguesias na Maia» \\ O líder da Comissão Política Concelhia do CDS/PP advoga a demissão do primeiro-ministro e a queda do governo e louva a actuação conjunta dos vereadores e da presidência da autarquia maiata. Defensor da Regionalização, se esta implicar a «descentralização do poder decisório», José Eduardo Azevedo concorda com a diminuição de freguesias no Concelho. Ao PS Maia desaprova a actuação «absolutamente irresponsável e condenável». MaiaHoje - Como vê a actuação do governo desde o início desta legislatura? José Eduardo Azevedo - A actuação deste governo é apenas e tão só a continuação da anterior com uma diferença muito significativa – não tem maioria. Tudo o resto é exactamente igual. Este governo tem vindo sistematicamente a justificar a sua actuação com a crise económico-financeira. O problema é que a crise teve início na anterior legislatura e o governo socialista, maioritário na altura, nada fez para a combater ou, quando muito, para precaver e acautelar os seus efeitos. Na altura de fazer reformas profundas, fez propaganda. Quando era necessário fazer cortes na despesa e no investimento público o governo socialista fez exactamente o contrário. Agora, com a desculpa da crise e ao abrigo do interesse nacional, faz o papel da vítima e atribui culpas a tudo e a todos para não concretizar as reformas estruturais necessárias. MH - Acha que o primeiroministro devia fazer remodelações? Se sim em que sectores? JEA - Acho que este primeiro-ministro já devia ter percebido que qualquer projecto que tinha para o nosso país, se é que alguma vez o teve, falhou. Por essa mesma razão acho que se devia demitir. MH - Como vê a redução salarial imposta pelo governo?

JEA - Não posso concordar que ao abrigo de uma situação que afecta todos os trabalhadores deste país só alguns sejam penalizados. Vejamos, os níveis salariais do nosso país são muito baixos. Os dos funcionários públicos estão desajustados com os dos restantes trabalhadores. Solução – cortese nos que ganham melhor um bocadinho. Tenho dificuldade em perceber esta lógica do quanto pior, melhor. Claro que é muito mais difícil e dá muito mais trabalho reorganizar toda a máquina do estado para ser mais produtiva e exigir dos seus recursos humanos o que exigível no sector privado. É muito mais difícil promover a economia nacional para que o nível salarial do sector privado se aproxime do público. Tudo isto leva tempo e dá tra-

balho e nem sempre é popular. Cortar nos salários de alguns, é uma questão de contabilizar os votos perdidos. Para este governo tudo é realmente uma questão de números. MH - Acha que a Lei laboral devia ser flexibilizada? JEA - Sem dúvida. Mas desconfio sempre que se fala em flexibilização das leis laborais. Que adianta flexibilizar as leis se as mentalidades e os princípios se vão manter? Repare, não tenho dúvidas que na grande maioria dos casos o trabalhador tem de ser protegido face a sua posição de alguma dependência e fragilidade perante a entidade patronal. Mas o inverso também é verdade. O trabalhador para além dos direitos que lhe são consagrados também tem deveres para com a entidade patronal. E como se protege a entidade patronal para a eventualidade de um trabalhador não cumprir com os seus deveres? Actualmente para se verificar justa causa de despedimento de um trabalhador é quase necessário que o mesmo tenha tentado assassinar o patrão pelo menos umas três vezes. Claro que isto é um exagero, mas é o sentimento de muitos dos nossos empresários que, quando confrontados com o facto de que para fazerem valer os seus direitos como entidade empregadora, se vêm obrigados a cumprir um conjunto infindável de procedimentos e que mesmo assim, podem ser sempre sujeitos a uma decisão judicial que em 90% dos casos é favorável ao trabalhador, preferem não contratar ou então contratar a prazo elevando assim os números do emprego precário.

MH - Que opinião tem face a uma eventual redução de deputados na Assembleia da República? JEA - Acho que essa discussão é mais uma diversão do partido socialista e de alguns governantes para fugir a discussões bem mais importantes. Antes dessa reforma existem outras que são inevitáveis e forçosas com que nos temos de preocupar. Numa altura em que o desemprego atinge um valor superior a 11%, que as empresas não conseguem investir porque não conseguem financiamento, que a justiça está a passar a maior crise que há memória, que a educação é “uma aventura” onde não se honram os compromissos contratuais, não acho que seja um assunto que mereça a preocupação dos portugueses. MH - Em sua percepção pessoal acha que o governo vai terminar a legislatura? JEA - A bem do país, espero que não. MH - Como analisou o resultado de Cavaco Silva na Maia? JEA - Era um resultado que já se esperava. MH - Ficou surpreendido com a votação de algum outro candidato? JEA - Não diria surpreendido, porque em política acho que já nada me surpreende, mas confesso que não acertei em todas as projecções que fiz. MH - Acha que Cavaco Silva vai demitir o governo? JEA - Infelizmente acho que não. Acho que não o vai fazer pelo menos até à aprovação do próximo orçamento. MH - Tira algumas ilações destes resultados para as autárquicas de 2013? JEA - De forma alguma. São eleições completamente diferentes, com protagonistas diferentes. Tirando o apoio dos diferentes partidos aos respectivos candidatos, nada mais tem em comum os dois actos eleitorais. MH - Como estão as relações da Comissão Política da Maia com os seus militantes? JEA - Continuam muito boas. Aliás, desde que tomamos posse temos sentido um apoio muito grande por parte de todos os militantes activos no concelho, o que nos traz uma dose elevada de motivação.


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