ID 95 Dezembro-Janeiro 16/17

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IMAGINE´2017 Dias 24 e 25 de março, em São Paulo, o InRad HCFMUSP promoverá o IMAGINE´2017, com uma programação focada na Imagem na prática ambulatorial e hospitalar. Informe-se: www. imagine-inrad.org.br (pag. 18). twitter.com/intdiagnostica

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DEZEMBRO 2016 / JANEIRO DE 2017 - ANO 15 - Nº 95

Diagnóstico precoce do Mal de Alzheimer

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chegada das tecnologias PET Amilóide e PET Tau ampliaram as possibilidades de diagnóstico precoce do Mal de Alzheimer, o que tem renovado as esperanças na busca pela cura da doença. A evolução dos métodos de imagem permitem fazer o diagnóstico mesmo antes do aparecimento dos sintomas, com resultados promissores. Novas drogas pesquisadas, que conseguem agir sobre a proteína Amilóide, apontam caminhos e os primeiros resultados nos quadros de demência mostram que o caminho é este. Tudo ainda está no nível de pesquisas, mas, nessa época do ano onde pensamos em festas comemorações, mesmo os mais céticos acham que já há motivo para ter esperança. O neurorradiologista Leonardo Lopes de Macedo, da Cedimagem/Alliar, de Juiz de Fora, analisou o atual estágio dessas novas descobertas e destacou a possibilidade de identificar a dosagem das proteínas Amilóide e Tau por meio do PET numa fase inicial. A somas desses esforços mostra que as tecnologias podem, em futuro próximo, ser utilizadas com maior eficiência se as drogas que têm sido testadas para reduzir a progressão da doença apresentarem bons resultados. Chegará o dia em que a Ciência apagará as marcas dessa doença. Pág. 6

Programa de avaliação do Ensino Médico

Brasil marca presença no RSNA com pesquisas sobre o Zika vírus

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Bráulio, Aranha e Lima Reis: Cremesp e Sírio Libanês unidos pela qualidade do ensino médico no Estado de São Paulo

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CREMESP e o Hospital Sirio-Libanês somaram esforços e lançaram o Programa de Avaliação Periódica do Ensino Médico para alunos e escolas médicas, com o objetivo de contribuir para o continuo aprimoramento da formação médica. A iniciativa mostra, mais uma vez, o empenho e a persistência do CREMESP nessa direção. Confira na pag. 5.

Veja ainda: ✔ Estamos preparados para vencer a inércia? Pag. 7 ✔ Toshiba Medical avança em processo de estruturação Pag. 9 ✔ Siemens e Unifesp celebram acordo para pesquisas biomagnéticas Pag. 11 ✔ CBR elege nova diretoria e comemora êxito do evento Pag. 4

o alarme ao silêncio. Esta, ao que parece, era uma realidade brasileira até bem pouco tempo, e no caso do Zika vírus e da Microcefalia as coisas estão mudando. Governo e Pesquisadores intensificaram e somaram esforços na busca de caminhos para este grave problema. A equipe multidisciplinar formada no estado de Pernambuco para o monitoramento dos casos de microcefalia e outras repercussões do Zika vírus em bebês deixou um legado importante para a identificação e tratamento de diversas sequelas da doença. O médico Pedro Pires, coordenador de Medicina Fetal do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros, da Universidade de Pernambuco, falou ao jornal ID Interação Diagnóstica sobre o trabalho realizado e seus resultados, além dos sérios impactos sociais Uma mostra importante dessas várias frentes de pesquisa no Brasil marcou a participação brasileira no evento

da Radiological Society of North America, com trabalhos de alto nível cientifico, e o ID – Interação Diagnostica registra na pag. 8, informações sobre esta participação.

Decisões clínicas na fibrose sistêmica nefrogênica ganham aplicativo

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escolha entre o contraste iodado e o gadolínio para pacientes com disfunção renal deve ser precisa em razão do risco de que eles desenvolvam nefropatia induzida por contraste ou fibrose sistêmica nefrogênica. O especialista Sandro Fenelon escreveu artigo em que relata os avanços no diagnóstico e prevenção da doença. Ele é um dos criadores de um aplicativo que ajuda os profissionais na decisão clínica sobre os meios de contraste mais adequados nestes casos, com base em dados científicos atualizados e no resultado da taxa de filtração glomerular. Veja também no Caderno Application artigos de primeira linha enviados pelas equipes do Hospital Sírio-Libanês, Hospital Albert Einstein e da Virtual Core Telerradiologia. Pag. 14


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Por Luiz Carlos de Almeida e Sylvia Veronica

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EDITORIAL

A revolução digital coloca a Radiologia no centro da evolução da Medicina

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unca se falou tanto na necessidade de priorizar o bem-estar dos pacientes nos sistemas de saúde, sejam particulares ou públicos. Neste contexto, o valor da medicina para as populações envolve o acesso a serviços de qualidade e à tecnologia de ponta, e também depende de profissionais cada vez mais qualificados e engajados nas novidades trazidas, sobretudo, pela inteligência artificial e a chamada medicina de precisão.

Tais transformações tecnológicas chegam mais cedo na área de diagnóstico por imagem, que tem ganhado maior relevância. A revolução digital em curso na radiologia está inaugurando novos padrões de qualidade no diagnóstico clínico, o que tem repercussões positivas nas decisões médicas e, assim, na melhoria da qualidade de vida das pessoas. A era da computação na medicina traz, antes de tudo, esperança. O desenvolvimento da ressonância magnética e da tomografia computadorizada, por exemplo, tem sido valioso para o diagnóstico e o tratamento de diversos tipos de câncer, e as pesquisas sobre análises baseadas em imagem computadorizada rendem importantes descobertas para prognósticos e resposta às terapias. As expectativas para os próximos anos são de que a Radiologia vai disponibilizar novas sondagens e técnicas em diagnóstico por imagem molecular, bem como ferramentas computadorizadas de reconhecimento de padrões, aprendizado profundo e inteligência artificial. Dessa maneira, o diagnóstico por imagem vai se manter no centro da evolução da medicina. E são justamente as inovações técnicas aplicadas pelos radiologistas que colocarão estes especialistas como protagonistas da medicina centrada no bem-estar do paciente, seja pelos diferenciais no diagnóstico ou pelas diversas terapias guiadas por imagens. O jornal ID Interação Diagnóstica vem priorizando, ao longo das suas últimas edições, divulgar e analisar as principais transformações tecnológicas que já são realidade nos serviços de saúde brasileiros e o que está chegando ao País vindo de outros centros de referência no mundo. Nesta edição, preparamos uma matéria sobre as novidades promissoras no diagnóstico e tratamento do Mal de Alzheimer. O neurorradiologista Leonardo Macedo, em entrevista exclusiva ao ID, fez uma avaliação detalhada sobre as tecnologias PET Amiloide e PET Tau e as novas drogas que propõem reduzir o avanço da doença. Outros temas de destaque são os estudos de cientistas brasileiros e as ações para enfretamento do Zika vírus e o lançamento do exame do ensino médico no Estado de São Paulo, fruto de uma parceria entre o Cremesp e o Hospital Sírio-Libanês. Há que se louvar o empenho da entidade em persistir na busca de instrumentos que assegurem uma medicina de qualidade, para que o paciente seja melhor atendido. A tecnologia está mudando o papel do radiologista dentro da estrutura médica e hospitalar e, por mais que se anunciem soluções, softwares, coloca desafios para o médico especializado que tem que estar atento aos avanços, pois pode perder o bonde da historia.

RSNA 2016

Produção científica do HSL premiada

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e 27 de novembro a 2 de dezembro, a cidade de Chicago se transforma na Meca dos Radiologisas. Nem as baixas temperaturas conseguem desmotivar os profissionais que para lá se dirigem para participar do Congresso da Sociedade Norte Americana de Radiologia, o RSNA. De simples ouvintes, no inicio, esta população de brasileiros que vai aumentando ano a ano, vem ganhando espaço e mostrando a sua cara, seja em sessões científicas, ou no envio de trabalhos e pesquisas. Já somos a segunda ou a terceira população de inscritos, perdendo apenas para China e Estados Unidos. Neste ano de 2016, profissionais do mundo inteiro ali estiveram, conheceram as grandes novidades tecnológicos, as tendências e os rumos da especialidade. Os principais centros especializados brasileiros reservam a data para conhecer os avanços e para que os seus médicos ali apresentem seus trabalhos e se atualizem. Ano a ano a qualidade dessa produção científica e a participação de brasileiros tem crescido; nossos especialistas se preparam e aperfeiçoam sua pesquisa, o que vem ganhando grande reconhecimento. Mais de 2.000 trabalhos são selecionados, com critérios de seleção extremamente rígidos, exigindo esforço e dedicação dos pesquisadores. E, neste ano de 2016, um registro especial para premiações que chegam ao nosso conhecimento, como da equipe do Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Sírio-Libanês, liderada pelo prof. Giovanni Guido Cerri, que apresentou 27 trabalhos e teve 9 deles premiados. Destes 5 foram certificados por Mérito, 2 indicados para publicação no Radiographics com especial destaque.

Além disso, o trabalho A Practical guide to Prostate magnetic resonance analysis: a ste-by-Step to Detecting Lesion, de autoria de Valter Ribeiro dos Santos Jr. e colaboradores foi agraciado com a Magna Cum Laude,. E o trabalho Remote Ischemic condiotioning temporally improves heart and brain antioxidant defense: the auto Ric timing issue, de Felipe Lobato e cols na categoria “student travel award”. (LCA)


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O BIMESTRE

Por Luiz Carlos de Almeida (SP)

CBR 16 inova no conteúdo e elege nova diretoria

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om expressiva participação de jovens médicos, inovações em seu conteúdo, o Congresso Brasileiro de Radiologia, realizado em Curitiba, marcou uma importante etapa na história desse evento. A sessão de abertura fugiu aos padrões tradicionais e colocou em evidência a discussão de problemas bem atuais, com a participação do juiz Sergio Moro, responsável pela Operação Lava Jato, em uma brilhante e muito aplaudida conferência. A abertura marcou também homenagem a um dos principais nomes da especialidade, ex-presidente do CBR, um dos sistematizadores da ultrassonografia no País, com intensa atuação associativa e científica: dr. Domingos Correia da Rocha, de Maceió, Alagoas, que recebeu a medalha de ouro da instituição, num reconhecimento ao seu trabalho e à sua trajetória na especialidade. O evento marcou, também, a eleição da nova diretoria, que sucedera à diretoria atual, presidida pelo dr. Antonio Carlos Matteoni de Athayde. Os novo presidente, que assumirá em janeiro, é o prof. Manoel de Souza Rocha, diretor clinico do Instituto de Radiologia do Hospital das Clinicas, FMUSP. Os demais membros são os doutores Adelson André Martins (SP) – vice-presidente São Paulo; Alair Augusto Sarmet Moreira Damas

A abertura do CBR 16 foi marcada pela presença do juiz Sergio Moro, como um auditório lotado e homenagem ao dr. Domingos Correia da Rocha ao lado prof. Manoel Rocha, presidente eleito

dos Santos (RJ) – vice-presidente Rio de Janeiro; Francelino de Almeida Araújo Júnior (PA) – vice-presidente Norte; Antônio Carvalho de Barros Lira (PE) – vice-presidente Nordeste; Matteo Baldisserotto (RS) – vice-presidente Sul; Ronaldo Magalhães Lins (MG) – vice-presidente Sudeste; Carlos Alberto Ximenes, vice presidente da região Centro Oeste; Helio José Vieira Braga (BA) – primeiro secretário; Rogério Pedreschi Caldana (SP) – segundo secretário; Rubens Prado Schwartz (SP) – primeiro tesoureiro; Valdair Francisco Muglia (SP) – segundo tesoureiro; Dante Luiz Escuissato (PR) – diretor científico; Cibele Alves de Carvalho (MG) – diretora de Defesa Profissional; Mauro Esteves de Oliveira (RJ) – diretor cultural; Ademar José de Oliveira Paes Junior (SC) – diretor da ABCDI. As propostas estão disponíveis no portal www.cbr.org.br. A Comissão de Eventos do CBR, que é presidida pelo dr. Aldemir Humberto Soares, avaliou positivamente a organização e os resultados das atividades do ano, como o Curso de Atualização, o Curso ESOR AIMS e o CBR 16. Também discutiu os próximos, a exemplo da XXVII Jornada Norte-Nordeste de Radiologia, que será em João Pessoa (PB), de 20 a 22 de abril. O CBR 17 ocorrerá de 12 a 14 de outubro, novamente em Curitiba (PR), no Expo Unimed.

NOVA DIRETORIA

Educação e produção científica são objetivos da SBMN

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romover atividades de educação continuada, aperfeiçoar a qualificação profissional e estimular a produção científica nacional são alguns dos objetivos da nova diretoria da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN). A diretoria foi eleita para o biênio 2017-2018 durante a Assembleia Geral Ordinária (AGO), realizada em novembro passado, em São Paulo (SP), durante o 30° Congresso Brasileiro de Medicina Nuclear. Juliano Cerci, presidente eleito, destacou que o trabalho será orientado para a consolidação e a ampliação das ações já empreendidas. Outros objetivos são desenvolver novas diretrizes da medicina nuclear, acompanhar o andamento do processo de revisão da tabela de procedimentos SUS, promover a aproximação junto às demais sociedades de especialidades médicas e, também, com instituições de pacientes para as quais a medicina nuclear possua aplicabilidade diagnóstica e terapêutica. Natural de Curitiba (PR), Juliano Cerci tem graduação em medicina pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (2003). Cursou residência médica em medicina nuclear e especialização em Radiologia na Universidade de São Paulo. É doutor pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Atualmente, é diretor do Serviço de PET/CT da Quanta Diagnóstico e Terapia, professor convidado da UFPR, médico pesquisador do Incor da

Homenagem ao prof. João Eduardo Irion, na foto com o dr. Tinoco e eleição da nova diretoria da entidade

FMUSP e consultor da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) da ONU. Os membros da nova diretoria são Juliano Cerci, presidente; George Barberio Coura Filho, vice-presidente; Rafael Willain Lopes, primeiro-secretário; Gustavo do Vale Gomes, segundo-secretário; Marília Martins Silveira Marone, primeira-tesoureira; Ricardo Cavalcanti Quartim Fonseca, segundo-tesoureiro; Bárbara Juarez Amorim, diretora científica, e Celso Darío Ramos, diretor de Ética e Defesa Profissional. Durante o evento a diretoria da SBMN, presidida

pelo dr. Claudio Tinoco, prestou homenagem ao prof. dr. João Eduardo de Oliveira Irion, com a outorga de placa e certificado, num reconhecimento a sua contribuição para o desenvolvimento e fortalecimento da medicina nuclear no Brasil. “Obrigado por enriquecer ainda mais o legado que deixarei aos meus descendentes. Acredito que algum dia um de meus tataranetos irá contar que um de seus antepassados recebeu de seus colegas uma homenagem como esta. Agradeço a todos por este momento que me propiciaram!”, declarou emocionado o prof. Irion.


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Por Sylvia Veronica (SP)

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REPORTAGEM

Cremesp e Sírio-Libanês instituem programa de avaliação do Ensino Médico O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) lançou o programa Avaliação Periódica do Ensino Médico (APEM). A prova é gratuita para alunos e escolas médicas e será aplicada em dois momentos: para estudantes do 3º ano (ciclo básico aplicado) e do 5º ano (ciclo clínico).

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APEM segue o modelo do National Board of Medical Examiners (NBME), dos Estados Unidos, e será realizada em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Sírio-Libanês. A avaliação deve ser realizada em meados de agosto de 2017. O presidente do Cremesp, Mauro Aranha, explicou que o exame tem o objetivo de contribuir para o contínuo aprimoramento da formação médica. “É o que já vem acontecendo desde que implementamos o exame do Cremesp, há 12 anos, e o curso de revisão médica. A avaliação periódica é uma oportunidade de o aluno verificar e corrigir a sua formação, assim como é também uma oportunidade para a escola avaliar o ensino oferecido. E evita que a punição com a má formação recaia sobre a população”, defendeu. O diretor de pesquisa do Instituto de Ensino Sírio-Libanês, Luiz Fernando Lima Reis, apontou a necessidade de desenvolver a cultura da avaliação da qualidade do ensino médico e da identificação das oportunidades de melhoria. Ele adiantou que a equipe responsável pela elaboração das questões da prova já está trabalhando na adaptação dos testes do NBME à realidade do currículo médico brasileiro. “Ao final da avaliação, o aluno já vai conhecer o resultado. O nosso compromisso com aluno é o de manter o sigilo sobre sua nota. E a escola vai conhecer qual o seu desempenho na comparação com as demais instituições”, explicou Luiz Reis. Mauro Aranha disse que o objetivo da avaliação é o aprimoramento da formação médica. Os médicos recém-formados ainda podem fazer o exame do Cremesp – que é facultativo, mas neste ano universidades e hospitais de São Paulo estabeleceram o resultado do exame como um dos critérios de seleção para vagas de emprego ou de residência médica. O aumento do número de escolas de medicina no país, já existem 291 com funcionamento autorizado e outras 40 aguardando liberação, é um dos motivos que tornam necessária a avaliação permanente da qualidade do ensino. Mauro Aranha ressaltou que o Cremesp recebe, diariamente, 15 denúncias e que 60% delas têm a ver com falhas na formação médica. “É importante acabar com a sensação de que a categoria é fechada e sem interesse pelo bem-estar da população. A qualidade da prática médica é importante, mesmo porque cerca de 80% dos agravos podem ser tratados no sistema de saúde primária”, afirmou. A Avaliação Periódica do Ensino Médico não será obrigatória, ou seja, será escolha dos alunos e escolas a realização dos testes. Por esta razão, alguns profissionais questionam a sua efetividade. Mauro Aranha argumentou que a cultura da avaliação dos cursos é recente no Brasil, mas que já existe no Congresso Nacional um projeto para tornar estes exames obrigatórios. Ele ressaltou que a adesão dos estudantes de medicina tem aumentado e que, no último exame do Cremesp, 4.102 alunos participaram, sendo 3.400 inscritos no ano passado.

Provas adaptadas Em dia e horário pré-estabelecidos, as provas da APEM serão aplicadas pela internet. A instituição de ensino deve providenciar salas e computadores para os alunos que realizarão as provas. De acordo com o diretor do Cremesp, Bráulio Luna Filho, escolas e estudantes receberão relatório detalhado com os resultados, que incluirá comparativo de desem-

penho das instituições participantes. O National Board of Medical Examiners (NBME) é uma instituição independente criada em 1915 e que, junto ao United States Medical Licensing Examination (USMLE) e à Federation of State Medical Boards (FSMB), avalia o conhecimento médico em três etapas, pelas quais os estudantes e profissionais devem passar para poder exercer a medicina nos Estados Unidos.

A primeira etapa do processo avalia se o estudante ou médico tem capacidade de compreender e aplicar conceitos das ciências básicas na prática médica. A etapa 2 avalia conhecimentos, habilidades e compreensão da ciência clínica essencial para a assistência ao paciente. Já a terceira etapa analisa a prática clínica, sendo aplicada aos formados que estão no final do primeiro ano de residência médica.


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MATÉRIA DE CAPA

Por Luiz Carlos de Almeida e Thais Martins (SP)

Alzheimer: avanços tecnológicos ampliam os rumos do diagnóstico As novas conquistas tecnológicas e as pesquisas com medicamentos estão abrindo novos caminhos na busca de soluções para os pacientes com a doença de Alzheimer. Os novos métodos de imagem já permitem fazer o diagnóstico da doença, mesmo antes do aparecimento dos sintomas, e novos medicamentos estão sendo testados na tentativa de conter a evolução da doença. Mas, como enfatiza o neurorradiologista Leonardo Lopes de Macedo, “o caminho a ser percorrido, ainda é longo, e no momento a regressão dos males do Alzheimer ainda é só uma esperança”.

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um estado clínico de demência. m São Paulo, no Congresso pode se postergar em até 10 anos naqueles amiloide já trazem alguma esperança. O ID – Novos estudos avançam e trazem da Sociedade Brasileira de com boa reserva cognitiva. que pode falar de concreto sobre isso ? um pouco de otimismo para a Medicina. Neurorradiologia, ele falou ID – Como avaliar o quadro geral da Dr. Leonardo Macedo – O custo da Como vê essas conquistas? sobre sobre avanços na área doença na atualidade ? doença Alzheimer para a sociedade é muito Dr. Leonardo Macedo – Acredito que da imagem no diagnóstico Dr. Leonardo de Macedo – A doença de grande. Portanto, existe um grande investihoje, no Alzheimer, tanto do Mal de Alzheimer, analisou o papel da Alzheimer é a causa mais mento na tentativa de se achar a cura ou sua o PET Amilóide quanto o RM e do PET, com uma abordagem bem comum de demência na prevenção. Pesquisas já mostram avanços PET Tau estão trazendo realista do que pode se esperar. população, sendo 70% com medicamentos que evitam a deposição novas possibilidades. O dr. Leonardo Lopes de Macedo é dos casos. Cerca de 5% da placa amilóide no sistema nervoso central No entanto, por serem neurorradiologista da Cedimagem / Alliar, da população acima dos no cérebro e, em tese, evita a progressão da exames de alto custo e de Juiz de Fora, MG, com especialização na 60 anos têm Alzheimer doença ou o aparecimento futuro da demênpor não existir ainda Medimagem SP, Visiting Fellow na Univere, na grande maioria das cia. Muitos trabalhos já publicados mostrauma cura para a doenvezes, é esporádica. Em sity of Pittsburg e Post-Doctoral Research ram que alguns medicamentos são capazes um determinado ponto fellow na Johns Hopkins University, nos ça, esses exames ainda de reduzir a deposição da placa amilóide da vida, as pessoas poEstados Unidos. não estão amplamente no sistema nervoso central. No entanto, do Em entrevista ao ID – Interação Diagdisponíveis e restritos a dem se enquadrar no ponto de vista clínico, não houve na redução alguns centros de pesdéficit cognitivo leve nóstica ele falou sobre as últimas conquistas da taxa de evolução para a demência. que, na verdade, é a e o avanço com a chegada da tecnologia PET, quisa. Se, eventualmente Este ano, foi publicado um primeiro perda de memória mais que abre duas frentes de pesquisa muito uma dessas novas droestudo, muito preliminar e promissor, que acentuada do que o espepromissoras: o PET Amilóide e o PET Tau, gas se mostrar eficaz em demonstrou um medicamento capaz de que mostram a ação dessas proteínas nos reduzir a progressão da rado para a faixa etária. reduzir a deposição da proteína amiloide Dr. Leonardo Lopes de Macedo destaca o quadros de demência e Mal de Alzheimer doença, muito provavel- papel da RM nas pesquisas em Alzheimer Alguns, eventualmenno cérebro, e que também se mostrou eficaz numa fase precoce: mente, esses dois exames te, irão progredir para em reduzir a taxa de progressão da doença; Interação Diagnóstica – O que a tecnopassarão a ser utilizados em ampla escala. demência, no caso de estar com Alzheimer. ou seja, de evitar sua progressão clínica. Jeff Qualquer pessoa que tivesse a chance de Acredita-se que essa doença decorre, prinlogia coloca à disposição do médico, hoje, Sevigny et al. Nature 537, 50-69 (2016) fazer um diagnóstico pré-clínico de uma na luta contra o Alzheimer? cipalmente, da deposição anormal de duas ID – O PET é uma tecnologia muito nova doença devastadora, existindo uma droga Dr. Leonardo Macedo – Atualmente proteínas: as placas amiloides e o emarae já temos o PET RM. Qual o melhor caminho capaz de evitar sua progressão, iria querer temos a ressonância que ainda é um método nhado neurofibrilar. Essa deposição anormal para este diagnóstico? fazer esses exames. Isso reduziria muito o que permite fazer o diagnóstico diferencial vai gerar uma cascata de eventos, com perda Dr. Leonardo Macedo – Sim, já temos custo para a sociedade. daqueles pacientes que já tem o Alzheimer neuronal e que, no fim, se manifesta por o PET, mas não podemos esquecer que, do ID – Expressiva parcela da população dos que poderiam ter uma demência de imagem com atrofia cerebral (Foto 2). ponto de vista clínico, temos também a dopoderá ter o mal de Alzheimer; como explioutra causa. Mas, basicamente, a ressoDesde 1984, o diagnóstico era exclusivasagem da proteína amilóide e da proteína nância funciona em uma car que algumas demorem mais mente clínico. No entanto, a partir de 2011, fase mais tardia. Temos para sofrer os efeitos da doença? duas novas recomendações foram introdudisponível no Brasil o Dr. Leonardo Macedo – Tozidas nos guidelines: a primeira nova recoPET FDG, que utiliza a das as pessoas têm um declínio mendação reconhece a doença de Alzheimer glicose e que, numa fase de memória natural para a idade. como sendo uma doença com três estágios mais precoce que a ressoAlgumas com Alzheimer manidiferentes: o assintomático pré-clínico, ou seja, você pode fazer o diagnóstico sem ter nância, já permite sugerir festarão demência mais precoos sintomas do Alzheimer; o estágio sintouma evolução para a docemente do que outras, tendo o mesmo substrato fisiopatológico. ença. Mas, nos Estados mático pré-demência e o estágio demencial. Isso está, muito provavelmente, Unidos e na Europa, já A segunda nova recomendação reconhece o relacionada a reserva cognitiva. existem exames capazes uso de biomarcadores, como o PET amilóide Algumas pessoas com desenvolde detectar a deposição e o PET Tau, na caracterização de pacientes anormal no encéfalo das com Alzheimer, alguns com diagnóstico da vimento de bons hábitos (exercíproteínas amilóide (PET doenca antes de apresentarem os sintomas. cio físico, leitura, controle do diaamilóide – Foto 1) e Tau Concluindo: ainda existe um longo cabetes, controle da hipertensão) (Pet Tau), as principais terão uma boa reserva cognitiva. minho até a cura definitiva do Alzheimer. No Foto 2 – Ressonância Magnética. proteínas relacionadas Foto 1 – PET amilóide. Deposição Os dois possuem a mesma doença entanto, muito se tem investido em pesquisa aumentada e anormal da proteína Atrofia cerebral difusa mais ao substrato fisiopatoló- amilóide no encéfalo. que atacará os neurônios. Aquele na busca do diagnóstico precoce, muitas exuberante ao nível dos hipocampos. que leva uma vida saudável terá vezes antes do aparecimento dos sintomas, gico do Alzheimer. Estes uma reserva cognitiva maior, ou seja, se e na busca do tratamento, com o surgimento exames, quando positivos, permitem fazer TAU que podem ser detectadas no líquor. tiver o substrato fisiopatológico do Alzheide drogas que atuam no substrato fisiopatoum diagnóstico da doença mesmo antes Portanto, o PET pode ser usado tanto na do aparecimento dos sintomas. Já é uma mer, vai acabar manifestando muito mais lógico da doença e que eventualmente podem identificação da proteína amilóide quanto importante conquista, mas, ainda inviável tardiamente do que a outra pessoa, e isso já reduzir a progressão e mesmo o aparecimento da proteína TAU, e a dosagem dessas prona rotina, pelo seu elevado custo. é comprovado. Como não temos a cura da da doença. Como dica vale recordar que teínas no líquor também pode ser utilizada ID – As pesquisas de novos medicamendoença, a melhor dica é manter-se saudável, manter-se saudável pode retardar o aparecina tentativa de um diagnóstico mais precopois a manifestação clínica da demência tos para bloquear a deposição da proteína mento da doença em até 10 anos. ce, que eventualmente pode evoluir para


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PONTO DE VISTA

Estamos preparados para vencer a inércia? Diante de toda esta incerteza, por outro lado, a área do diagnóstico vê com muita esperança algumas ações que podem mudar os rumos e trazer novos avanços para todos: buscar inovações, enfatizar a eficiência, a produtividade e, principalmente, a qualidade. Luiz Carlos de Almeida - Editorial ID - Interação Diagnóstica - Ago/Set 2015 n.º 87

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configurada as necessidades do cliente. A economia do compartilhamento é uma realidade e hoje empresas de todo mundo dividem servidores, que armazenam e processam dados de milhões de usuários. O Dropbox, empresa fundada em 2007 no Vale do Silício nos EUA, é um dos exemplos desse novo mercado. Segundo a Wikipedia, um de seus fundadores, Drew Houston, estava cansado de esquecer seu pendrive, enquanto estudava no MIT, além de outros problemas com armazenamento e compartilhamento de informações E a partir disso começou a desenvolver um sistema para uso pessoal, quando se deu conta do potencial da solução.

á faz mais de um ano que o editorial da Interação Diagnóstica apontava para a necessidade de buscarmos novos caminhos, diante do grave estado de nossa sociedade. E a conclusão a que chegou o Luiz Carlos foi de que a inovação era uma das respostas. Vivemos em um ambiente em que temos poucos instrumentos de governança para mudar nosso quadro político e social. Essas limitações, contudo, não encontram correspondência em nossa vida particular. Temos plena capacidade de mudar, fazer de forma diferente e sermos protagonistas do processo. Uma das inovações que mais nos motiva são as tecnologias na nuvem e as diversas funcionalidades que facilitam e tornam acessíveis sistemas antes impensáveis. Elas estão transformando a forma como entendemos o mundo, desconstruindo referências e paradigmas e expandindo as fronteiras de mercado. Hoje, pequenas clínicas e centros diagnósticos podem ter acesso a tecnologias utilizadas por grandes hospitais e centros de saúde, monopolistas dos grandes orçamentos para investir em tecnologia. Mas como? A tecnologia na nuvem permite o compartilhamento, o acesso flexível, na medida da necessidade do usuário. Não é preciso investir centenas de milhares de reais em uma solução tecnológica proprietária. Uma solução pode ser “assinada” por milhares ou milhões de usuários e Fonte: NBC News

Quantos Pen Drives, CDs e HDs externos deixaram de ser produzidos e comercializados por conta do Dropbox e da tecnologia na nuvem? Quantas impressões deixaram de ser feitas? O conhecimento do mundo hoje está na ponta dos dedos, a partir de uma interface touch. Como absorver, transformar em inteligência e aplicar no desenvolvimento da sociedade é um dos desafios de cada um de nós. Uma foto que compara as coroações dos Papas Bento XVI e Francisco na rua que dá acesso à basílica de São Pedro, no Vaticano, ilustra bem o conceito de revolução digital. Impressiona e intriga a forma como fazemos a leitura do mundo. A imagem que chega ao nosso cérebro passa por uma interface digital. E afinal, o que é o trabalho de um Radiologista? Interpretar imagens, acessar sua base de conhecimento, reunir elementos cognitivos e expressar a inteligência através de um laudo. A tecnologia está cada vez mais presente em nosso dia a dia e é uma aliada na busca de resposta e soluções para pacientes que buscam uma melhoria em sua qualidade de vida. Profissionais também podem melhorar processos internos, aumentar a eficiência e evitar impressões e repetição de exames desnecessários na medicina diagnóstica. A tecnologia na nuvem, os dispositivos móveis e a telerradiologia já estão presentes em nossas rotinas e tendem a ganhar cada vez mais adeptos. O desafio é não ficarmos obsoletos, não sermos profissionais de um mundo que ficou para trás – um desafio de adaptação. Este foi o tom com que iniciamos este artigo e acreditamos que a próxima etapa do progresso tecnológico na medicina alcance o tema da realidade virtual. Mas este é um tema para uma próxima publicação. Dr. Roberto Cury, Cardiologista, Especialista em Imagem Cardíaca, Co-fundador da Ambra Saúde Daniel Ávila, Consultor da Ambra Saúde


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PESQUISA

Por Sylvia Veronica (SP)

Experiência com o Zika vírus destaca a relevância dos exames de imagem Trabalho realizado por equipe multidisciplinar em Recife (PE) mostra que análise meticulosa do SNC dos fetos é imprescindível para o diagnóstico dos danos causados pelo vírus

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médico Pedro Pires, coordenador de Medicina Fetal do Centro Integrado de Saúde Amaury de Medeiros da Universidade de Pernambuco (UPE), em Recife (PE), contou a sua experiência no enfrentamento do Zika vírus em Pernambuco durante o Congresso Brasileiro de Ultrassonografia da SBUS, realizado em São Paulo (SP) no final de outubro. Em entrevista exclusiva ao jornal Interação Diagnóstica, o dr. Pedro Pires falou sobre a força-tarefa montada no Estado para o monitoramento do problema por uma equipe multidisciplinar, a criação do protocolo de tratamento e a repercussão internacional. “Aprendemos muito com a experiência de acompanhamento dos casos de Zika e ainda há muito a descobrir. Um benefício deste processo é que os colegas estão mais atentos agora na avaliação do Sistema Nervoso Central dos fetos durante os exames de imagem”, comentou. Pedro Pires ressaltou que foi montada uma grande estrutura para atender as crianças. Algumas não desenvolveram microcefalia, mas lesões ligadas à doença, danos cerebrais em vários níveis, alguns tão graves que elas sequer interagem. “A sintomatologia sugestiva de Zika não é totalmente fidedigna. Os sintomas são mais amenos do que Dengue e Chikungunya. Às vezes o diagnóstico acontece por exclusão. As análises intrauterinas podem não mostrar anormalidade, mas a criança deve ser acompanhada nos primeiros anos da infância com exames de imagem, otorrinolaringologia, ortopedia, neuropediatra, entre outros. Porque pode apresentar complicações futuramente”, alertou.

A doença está criando uma geração de crianças com necessidades especiais, destaca Pedro Pires

A grande força-tarefa com suporte de equipes multidisciplinares resultou em uma série de análises sobre os casos que, além de repercutirem em revistas médicas internacionais, apontaram descobertas a exemplo de alguns padrões de alteração oftalmológica causada pelo vírus e graves acometimentos ortopédicos. “Estas crianças já estão usando óculos e tendo apoio de fisioterapia. A estrutura montada implica no suporte à criança e à família. As mães são afastadas do trabalho para cuidar da criança. No colo, ainda é fácil levar para vários locais de tratamento. Quando adolescentes, a situação pode se complicar. Será uma geração com necessidades especiais”, lamentou. O especialista acompanhou o enfrentamento dos casos de Zika vírus e suas repercussões em fetos e bebês no Recife desde o início do problema, tendo participado da elaboração do protocolo de diagnóstico. Ele recordou que foram os especialistas em neuropediatria que começaram a identificar a anormalidade nos recém- nascidos. “A secretaria da saúde de Pernambuco foi comunicada e teve atuação louvável porque acreditou e ouviu os profissionais. Assim foi possível se preparar para enfrentar a situação. A Organização Mundial de Saúde também deu ouvidos ao que foi relatado em Pernambuco e a comunidade científica internacional decretou alerta a partir de fevereiro do ano passado”, esclareceu o médico. Ele detalhou o grave aspecto social que envolveu a experiência com o Zika vírus. “Foi uma tragédia o que se viveu em Pernambuco. As mulheres íam fazer o ultrassom como se fossem ouvir uma sentença. Acabou a alegria da gestação. Até o quinto mês tudo poderia estar normal, mas não havia garantias”, recordou o dr. Pedro Pires.

Exames detalhados Embora a má formação congênita cardíaca seja mais frequente, são entre 8 e 10 casos a cada mil nascimentos, a sua identificação em exames de imagem é mais difícil. Desta forma, a malformação congênita fetal mais disgnosticada é a do SNC. No casos dos problemas no SNC, a análise meticulosa dos fetos é imprescindível para o diagnóstico dos danos causados pelo vírus. Pedro Pires destacou também que, a partir de um detalhe que o vinha intrigando, uma colega, a patologista e imunologista da UPE Dra. Patricia Jungmann, desenvolveu pela primeira vez, a hipótese de que a presença do Zika vírus nos neurônios seja um indutor de Apoptose, um mecanismo de suicídio celular que promove os danos no sistema nervoso central dos fetos. “Observando as imagens de ultrassom, vemos que muitos fetos são normais até o quinto ou o sexto mês e depois as alterações aparecem. E além disso, esses bebês nascem sem quadro de infecção cerebral, como ocorre na toxoplamose, por exemplo. Parece então que o Zika vírus criou uma situação que passou a comandar o desenvolvimento do cérebro, mudando o desenvolvimento dos neurônios. Assim surgiu a hipótese que Patrícia Jungmann apresentou em conferência na França em um meeting da OMS e Instututo Pasteur e que vai ser publicada no boletim da Organização Mundial da Saúde”, explicou o especialista.

Estudos de pesquisadores brasileiros sobre os efeitos do Zika vírus foram destaque na RSNA 2016

O

s resultados de quatro pesquisas realizadas por equipes de cientistas brasileiros a respeito dos efeitos do Zika vírus foram apresentados na conferência da RSNA, em Chicago (EUA). No primeiro estudo, os pesquisadores encontraram um padrão de achados tomográficos no sistema nervoso central associado com o surto de microcefalia que sugere uma nova etiologia. Foram avaliados os exames de 16 recém-nascidos com infecção congênita do vírus Zika confirmada por testes no líquido cefalorraquidiano. A pesquisadora Natacha Calheiros de Lima Petribu, do Departamento de Radiologia do Hospital Barão de Lucena, em Pernambuco, concluiu que, embora a etiopatogenia e fatores de risco associados ainda não estejam bem estabelecidos, os dados sugerem fortemente que o vírus Zika pode causar microcefalia. Outra equipe de pesquisadores, formada pela dra. Bianca Guedes Ribeiro e profissionais do Departamento de Radiologia da Clínica de Diagnóstico por Imagem do Rio de Janeiro, realizou um estudo prospectivo de sete pacientes grávidas com a infecção pelo vírus Zika em diferentes idades gestacionais. Elas foram submetidas a ultrassom e RM fetal. Após o nascimento dos bebês, os pesquisadores realizaram exames e descobriram que mais da metade dos recém-nascidos tinham microcefalia, hidrocefalia e calcificações distróficas multifocais no córtex e substância branca subcortical, com deslocamento cortical associado. Os cientistas também encontraram disgenesia do corpo caloso e pequena fontanela anterior com feDr. Jacob Szejnfeld chamento prematuro de suturas cranianas. “Todos esses aspectos são vistos na infecção pelo vírus Zika intrauterino com envolvimento do sistema nervoso central e podem ser considerados em critérios de diagnóstico”, escreveram os autores. Também foi apresentado na RSNA 2016 um estudo brasileiro publicado na revista científica norte-americana Radiology, em agosto passado. Com o objetivo de mapear os danos cerebrais causados pelo zika vírus em fetos, o trabalho foi conduzido pelas médicas Patrícia Szejnfeld, Adriana Melo e Fernanda Tovar-Moll, sob coordenação do prof. dr. Jacob Szejnfeld, da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). A pesquisa utilizou exames de ultrassonografia, tomografia e ressonância magnética realizados em 45 bebês infectados com a doença na Paraíba. Os pesquisadores descobriram que os danos encefálicos graves podem levar a criança a óbito em até 48 horas, após o nascimento, na maioria dos casos. Dra. Patrícia Szejnfeld Os moderados causam alterações no desenvolvimento motor e cognitivo, e as lesões leves provocam alterações mais brandas, que devem ser acompanhadas durante a primeira infância. Resultados de imagem de três grupos afetados por Zika: adultos que desenvolveram síndrome neurológica aguda, recém-nascidos com infecção vertical com distúrbios neurológicos e mulheres grávidas com surtos de erupção sugestivos de Zika foram analisados em um terceiro estudo. A dra. Cristina Fontes, do Departamento de Radiologia do Hospital Universitário Antonio Pedro, da Universidade Federal Fluminense, no Rio de Janeiro, e sua equipe encontraram, na maioria dos pacientes adultos, sintomas de síndrome de Guillain-Barré, e alguns pacientes apresentavam encefalomielite. O achado mais comum foi o reforço da raiz lombar seguido de aumento dos gânglios dorsais lombares e realce do nervo facial. Os recém-nascidos mostraram alterações anatômicas no parênquima cerebral e lesões orbitais. “A ressonância magnética é uma ferramenta sensível para demonstrar sinais de síndrome de Guillain-Barré e encefalomielite associada ao vírus Zika. Em recém-nascidos e fetos, a ressonância magnética nos ajudou a compreender as lesões que ocorrem no cérebro em desenvolvimento”, relataram os autores. Com informações da RSNA News e revista Radiology.


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DEZEMBRO 2016 / JANEIRO DE 2017 - ANO 15 - Nº 95 Por Thais Martin e Luiz Carlos de Almeida (SP)

ENTREVISTA

Toshiba Medical Brasil avança em processo de estruturação Consolidando seu processo de fortalecimento e revitalização de sua estrutura no País, a Toshiba Medical do Brasil anunciou a indicação do executivo Flávio Martins para o cargo de Diretor Geral. Ao lado do Presidente Gerardo Schattenhofer, eles falaram ao ID Interação Diagnostica sobre planos, conjuntura e sobre a aquisição da empresa pela Canon Inc.

P

ara Gerardo Schattenhofer “a indicação do Flávio para a posição de Executivo Chefe da Toshiba Medical do Brasil é parte da evolução natural da instituição e uma mensagem clara para o mercado que a cultura fundamental da TMB continua sem mudanças. O mercado está cada vez mais sofisticado, com alta tecnologia no setor de saúde, mas, o relacionamento pessoal continuará sendo fundamental. Flávio Martins tem 19 anos de companhia e foi empossado como um nome de referência no setor, além de fazer parte da história da Toshiba Medical. Ele assume essa responsabilidade com sua própria bagagem, seu próprio olhar. Estamos muito tranquilos em relação a isso, e como diretor presidente, garanto a continuidade da qualidade dos nossos produtos e serviços”. Há 19 anos na empresa e 13 anos trabalhando em São Paulo com Gerardo Schattenhofer, o executivo Flávio Martins vê este novo desafio com otimismo e como espera deixar sua marca em todo o processo: “Vou continuar fazendo o que já fazemos bem. Vou ampliar o leque da visão sobre o negócio e agregar gestão, pensando em como a empresa deverá estar nos próximos 10 ou 15 anos. O que esperamos é um forte implemento dos investimentos em desenvolvimento”.

que espera concluir-se em breve”, prossegue. “A Canon não tinha atuação significativa no setor de diagnóstico por imagens, mas se analisarmos sua atuação geral em mercados importantes, como o americano, ela detinha o terceiro lugar no mercado de patentes, e isso agrega um importante vetor aos negócios. A Canon considerou a aquisição da Toshiba Medical Systems como oportunidade única onde poderia se expandir num mercado com grande potencial, e estar entre os grandes players. Eles investem em desenvolvimento, como pesquisas moleculares, e a Toshiba Medical é uma companhia que também está evoluindo nessa

Expectativas De acordo com Gerardo Schattenhofer, a Toshiba Medical pretende continuar com a mesma força de crescimento no Brasil. “Estamos consolidando nossa organização no País, de acordo com os requisitos regulatórios. No Brasil, temos crescido de 16% a 19% anual nos últimos 10 anos, e mesmo que o mercado foi Para os diretores Gerardo Schattenhofer e Flavio Martins, o futuro prevê uma arrefecido um pouco devido às condições neste ano, Toshiba ainda mais forte somos consistentes e continuaremos assim”. linha. Do ponto de vista de diagnóstico por imagem, não “Antes do Gerardo assumir a Toshiba Medical no Brasil, temos dúvidas que a operação continuará da mesma forma, tínhamos executivos que ficavam quatro, cinco anos apenas, e que a unidade de negócios em Healthcare será um dos criando dificuldades para projetos futuros. Isso mudou pilares e um dos mais importante da Canon”. e transferiu-se para o mercado uma visão de segurança e Flávio Martins complementa que junto com a Canon de longevidade dos planos, expressados pelo crescimento seremos mais fortes e teremos uma presença maior no merobtido nos últimos anos. E meu desafio é dar continuidade cado brasileiro. a tudo isso”, enfatiza Martins. “Externamente, o processo de aquisição do Grupo Performance Toshiba Medical Systems Corporation pela Canon está na fase final de análise para atender as questões legais Questionado sobre expectativas e resultados, Flávio de cada país, processo que se encontra bem avançado e Martins lembrou que o mercado brasileiro não dispõe de

tantas fontes de informação que permitam que ele seja devidamente analisado. Cada empresa conhece seu histórico de importações e resultados, agregando-se informações que se pode obter do governo, e a partir disso fazer medições. “Essa base de dados do governo não é muito clara e pode gerar diferentes formas de interpretação. Diante disso, a própria Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (ABIMED) convidou as grandes empresas para participarem de um processo de avaliação que pudesse quantificar devidamente o tamanho e o market share das empresas. Esse trabalho está se iniciando. Historicamente, o mercado vinha crescendo até 2014. No primeiro semestre de 2015 passamos por um período de insegurança devido às oscilações do sistema político-econômico do país conduzido pelo governo brasileiro, que perdurou em 2016. No entanto, avaliamos que a retração da economia já está chegando no limite e que deveremos perceber de forma concreta uma recuperação brevemente. Em todo o mercado, percebeu-se uma redução bem próxima de 50% em 2016 quando comparado com 2015”.

Fabricação brasileira Sobre a continuidade da fabricação de equipamentos no Brasil, Schattenhofer lembrou que a decisão de continuar a crescer vai depender exclusivamente da evolução do mercado brasileiro e das possibilidades de exportações. Fizemos operações nesse sentido, mas ainda estamos em processo de aprendizado de como entrar com produtos brasileiros em outros mercados. Em três anos, a fábrica da Toshiba já produziu mais de mil aparelhos entre Tomografia, Ultrassom e Ressonância Magnética para o mercado interno e exportação”. Para Flávio, o processo da Toshiba Medical do Brasil é eficiente e deve continuar a se expandir: “O que fazemos segue concreto critério de análise para se dimensionar o nível de expansão que se pode alcançar, mediante avaliação do momento e das perspectivas do mercado local e mundial. Referente ao projeto fábrica no Brasil, deveremos torná-lo mais forte e agregar mais valor à sua plataforma. Estamos investindo em pesquisa e desenvolvimento, como o diagnóstico precoce, fortalecendo nossa presença no setor. Ampliaremos nossa atuação no mercado avançando com projetos inovadores”. “A Toshiba Medical Brasil vai ficar mais forte”, concluiu.


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OPINIÃO

Manutenção de equipamentos médicos: uma zona cinzenta e nebulosa nos serviços de saúde do país A manutenção preventiva e corretiva dos equipamentos médicos é vital para sua utilização com segurança e eficácia e para que garantam diagnósticos precisos e tratamentos eficazes, mitigando riscos para os pacientes. Daí a importância desse tipo de serviço ser realizado por empresas de assistência técnica qualificadas e capacitadas. Importante lembrar que muitos desses equipamentos são de alta tecnologia e atualizados periodicamente, o que requer que estas equipes, além de bem qualificadas, tenham formações específicas e treinamentos contínuos de reciclagem.

A

pesar de ser óbvio que a contratação de prestadores de serviços que não estejam devidamente qualificados pelo fabricante e/ ou detentor de registro representa risco para o bom funcionamento dos produtos, para a integridade física e recuperação dos pacientes e usuários e para os próprios operadores dos equipamentos, esta é uma prática que está crescendo em todo o país. No que diz respeito à manutenção de equipamentos médicos, o Brasil possui uma zona cinzenta e nebulosa, uma brecha, na qual não existe controle sobre a qualidade dos serviços quando são prestados por terceiros não certificados. A Vigilância Sanitária conta com extenso arcabouço de leis e regulações que conferem às empresas detentoras do registro dos equipamentos a responsabilidade pela qualidade da manutenção, segurança e eficácia dos produtos durante de sua via útil. Há também RDCs – Resoluções de Diretoria Colegiada, que estabelecem critérios e procedimentos para sua correta instalação e manutenção e também responsabilizam a indústria pela qualificação das equipes envolvidas nesse processo. Porém, a legislação não prevê – e, portanto, não tem como oferecer garantias de segurança a pacientes e usuários, – a situação com a qual nos defrontamos hoje no país: a crescente contratação de terceiros cuja qualificação e resultado do trabalho são completamente desconhecidos e não sofrem nenhum tipo de controle. Os fabricantes e detentores dos registros de equi-

pamentos têm de cumprir rígidas normas de pesquisa e e para as quais não temos respostas. desenvolvimento, fabricação e distribuição, além de serem Os fabricantes e detentores de registro realizam treinamentos para homologação e qualificação de terceiros, responsáveis pela sua rastreabilidade – a identificação de exatamente para garantir sua conpartes e peças utilizados em caso tínua reciclagem e assegurar que as de manutenção e de eventuais correções e atualizações decorrentes da partes, peças e acessórios utilizados evolução tecnológica. Porém, com sejam legítimos e originais. a interferência de terceiros não hoOs serviços de saúde também mologados na manutenção de seus têm responsabilidade na aquisição equipamentos, a indústria perde de produtos dos representantes controle sobre sua rastreabilidade legítimos, na garantia de seu desempenho e na rastreabilidade dos e histórico. equipamentos e instrumentos, deA legislação estabelece ainda correntes da sua correta manutenção. que o fornecimento de acessórios de Os requisitos são ainda mais estritos reposição deve obedecer às mesmas quando se trata de equipamentos regras do equipamento completo e de radiologia que emitem radiação, podem ser fabricados, adquiridos como os raios-x. e comercializados apenas pelo detentor do registro do equipamento. A não observância das leis e regulações e a contratação de equipes Ora, se apenas o fabricante pode não homologadas, além de represencomercializá-los, qual é, então, a tar grande risco, fará recair a responprocedência dos acessórios que sabilidade de eventos adversos sobre estão sendo repostos nos equipamentos que nossos pacientes estão Carlos Goulart, um alerta sobre serviços estes terceiros e os serviços que os manutenção de equipamentos utilizando? contrataram. Os protocolos utilizados por estes prestadores de ser* Carlos Alberto P. Goulart é presidente-executivo da viço garantem as características originais dos produtos? ABIMED – Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia Estas são algumas das incógnitas que emergem da falta de de Produtos para Saúde controle sobre a manutenção dos equipamentos médicos


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Pacientes críticos - UTI: a radiologia intervencionista à beira do leito Introdução

A

radiologia intervencionista é prática bem estabelecida no dia-a-dia de grandes centros hospitalares, apresentando no âmbito da medicina intensiva, leque amplo e valioso de procedimentos diagnósticos e terapêuticos. A maioria dos procedimentos são orientados por ultrassonografia, envolvendo desde técnicas menos complexas até outras mais rebuscadas. Procedimentos

percutâneos são ressaltados neste contexto. São mais rápidos, menos onerosos, menos dolorosos e mais seguros. Cabe ainda destacar a grande vantagem neste capítulo específico que se refere à possibilidade de realização à beira do leito da maioria dos procedimentos, reduzindo riscos desnecessários na mobilização de pacientes críticos. Trazemos uma série de casos que busca ilustrar o papel do radiologista intervencionista neste cenário, discutindo suas aplicações e vantagens.

Drenagem percutânea com uso de fibrinolíticos O RTPA é o fibrinolítico atualmente mais utilizado em nosso meio. Sua utilização no contexto de coleções espessas em pacientes com diferentes comorbidades apresentou nos últimos três anos segurança, eficácia e melhora clínica precoce, sem alterações nas provas de coagulação ou complicações hemorrágicas, na experiência do nosso serviço. As principais indicações são coleções espessas que resultam em drenagens incompletas, a despeito de técnica adequada, drenos calibrosos e tentativas de liquefação/lavagem com soro fisiológico.

a)

b)

Tomografias computadorizadas de abdome. Grande coleção lobulada com paredes espessadas situada na pelve, derivada de complicação de apendicite aguda (a). Controle tomográfico após 5 dias evidencia persistência da coleção multiseptada a despeito do dreno adequadamente posicionado (b).

CASO 01. Drenagem de coleção multisseptada pélvica pós-apendicectomia em menino de 9 anos. Realizado protocolo com RTPa.

c)

d)

Ultrassonografia de abdome. Após 6 dias da drenagem inicial permanecia a coleção septada na pelve. Imagem pré-injeção de RTPA (c). Controle ultrassonográfico no 3º dia pós-RTPA evidencia resolução da coleção intra-abdominal outrora evidente (d).

Tratamento vascular percutâneo com uso de trombina A injeção de trombina guiada por ultrassom tem apresentado excelentes resultados no tratamento de pseudoaneurismas iatrogênicos. Sua natureza pouco invasiva, com execução rápida e segura, qualificaram-na como excelente alternativa, principalmente nos casos de elevado risco para o reparo cirúrgico ou insucesso com compressão guiada por ultrassom. CASO 02. Injeção de trombina orientada pela ultrassonografia em pseudoaneurisma após punção da artéria femoral direita em paciente de 93 anos.

a)

b)

c)

Ultrassonografia da coxa. Pseudoaneurisma bilobulado com colo de cerca de 0,6 cm com a artéria femoral superficial, predominantemente pérvio (a). Injetados cerca de 0,5 ml (400 a 600 UI) de trombina, com acompanhamento em tempo real com estudo Doppler (b), sendo observada ausência completa do fluxo no pseudoaneurisma ao final do procedimento (c).

CONTINUA


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Pacientes críticos - UTI: a radiologia intervencionista à beira do leito CONCLUSÃO X

Colecistostomia percutânea A colecistostomia percutânea é procedimento seguro, minimamente invasivo e eficaz, com alta taxa de sucesso e com raríssimas complicações. Pode servir como ponte entre um quadro crítico e status de recuperação clínica que permita eventual manipulação cirúrgica para tratamento definitivo. As principais indicações são colecistopatias agudas litiásicas ou alitiásicas em pacientes de elevado risco cirúrgico por múltiplas comorbidades. a)

CASO 03. Drenagem percutânea da vesícula biliar orientada pela ultrassonografia em paciente de 88 anos internado por descompensação cardíaca grave.

b)

Tomografia computadorizada de abdome. Vesícula biliar hiperdistendida com conteúdo denso na região do infundíbulo, paredes irregulares e espessadas (a), exibindo descontinuidades e coleção projetada sobre o segmento hepático V (b), achados compatíveis com colecistite aguda perfurada.

d) c)

e)

Ultrassonografia de abdome e colecistostomia percutânea. Imagem prévia ao procedimento demonstrando vesícula biliar com sinais inflamatórios agudos e conteúdo hipoecogênico espesso (c). Punção da coleção alvo por meio de acesso percutâneo látero-anterior intercostal (d) e posterior progressão do dreno pig-tail. Vesícula biliar após aspiração de cerca de 70,0 ml de liquido fluido de aspecto purulento (e).

Drenagem percutânea de abscesso hepático A drenagem percutânea é significativamente vantajosa em relação ao procedimento cirúrgico para tratamento de abscesso hepático, sendo especialmente recomendada nos paciente críticos. O manejo percutâneo minimamente invasivo é seguro, eficaz, tem menor tempo e custo efetivo, melhor aceitação, menor complexidade dos cuidados de enfermagem, e ausência de risco da anestesia geral, além de não aumentar o risco de contaminação intra-abdominal. CASO 04. Paciente admitida em UTI com quadro séptico e dor abdominal intensa por volumoso abscesso hepático. Realizada drenagem percutânea orientada pela ultrassonografia.

b)

a)

Tomografia computadorizada de abdome. Imagens axial (a) e coronal (b) demonstram lesão expansiva com extenso centro necrótico / liquefeito e paredes espessadas, centrada no segmento VI hepático, sugestiva de abscesso hepático

c)

d)

Punção da coleção-alvo por meio de acesso percutâneo intercostal direito.

Progressão do fio-guia, que permitiu dilatação do trajeto para progressão de dreno pig-tail.

Conclusão A medicina intensiva pode valer-se deste leque de procedimentos no manejo de pacientes críticos, reduzindo custos e tempo de internamento, além da considerável redução na morbidade. Tais vantagens vem sendo bem descritas na literatura atual, abrindo espaço para introdução de novas técnicas e maior utilização de procedimentos de radiologia intervencionista nos pacientes de UTI.

Referências 1. Barsuk et al. Clinical outcomes after bedside and interventional radiology paracentesis procedures. Am J Med. 2013 Apr; 126(4):349-56. 2. Chung M, Kozuch P. Treatment of malignant ascites. Curr Treat Options Oncol 2008; 9:215–233 3. SK Teplick. Diagnostic and therapeutic interventional gallbladder procedures Am Jr of Roentgenology. 1989;152:913-916. 4. Nicolau S. Ultrasound-guided interventional radiology in critical care. Crit Care Med. 2007 May;35(5 Suppl):S186-97. 5. Kei Ito et al. Percutaneous Cholecystostomy Versus Gallbladder Aspiration for Acute Cholecystitis: A Prospective Randomized Controlled Trial. Amj of Roentgenology. 2004;183:193-196.

e) Ultrassonografia de controle revela bom posicionamento do dreno, sem sinais de complicações.

Autores Breno Assunção Matos Eduardo Kaiser Ururahy Nunes Fonseca Layra Ribeiro de Sousa Leão Antonio Rahal Junior Miguel Jose Francisco Neto Felipe Nasser Rodrigo Gobbo Garcia Fabio Augusto Cardillo Vieira Médicos do Serviço de Radiologia do Hospital Israelita Albert Einstein


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Caracterização das neoplasias císticas pancreáticas

A

maior disponibilidade e melhor resolução espacial das técnicas de imagem resultaram no aumento da detecção de lesões císticas pancreáticas, presentes em até 2% dos pacientes submetidos à tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) do abdome. 1,2 Métodos de imagem são indispensáveis na avaliação dos pacientes com neoplasias císticas pancreáticas. A TC com multidetectores permite uma varredura em finos cortes do pâncreas e se tornou a modalidade preferida para a detecção inicial dos cistos pancreáticos. A RM com colangiopancreatografia descreve com precisão as características morfológicas do cisto e sua relação com o ducto pancreático. 3 Dentre os tipos histológicos, destacam-se o cistoadenoma seroso, a neoplasia cística mucinosa e a neoplasia mucinosa papilar intraductal (IPMN), correspondendo a 90% das neoplasias císticas pancreáticas primárias. 4 As lesões diferem tanto na histologia e imagem, quanto na apresentação clínica, comportamento biológico, padrão de crescimento e risco de malignidade. A caracterização dessas lesões é essencial para o manejo terapêutico. 5 O objetivo desta revisão é discutir as características e diagnósticos diferenciais das neoplasias císticas mais comuns do pâncreas.

Cistoadenoma Seroso O cistoadenoma seroso é uma neoplasia benigna composta de células epiteliais ricas em glicogênio que formam vários pequenos cistos com paredes finas contendo fluido seroso. Representam até 16% das neoplasias císticas pancreáticas, sendo geralmente um achado incidental. Cistoadenomas serosos podem ocorrer em qualquer porção do pâncreas e são em sua grande maioria benignos, havendo alguns raros relatos de malignidade. 6,7 O achado tomográfico clássico sugestivo é a aparência microcística (em 70% dos casos), que consiste em cistos agrupados (geralmente > de 6) de tamanhos variados. Habitualmente a região central apresenta os cistos menores, enquanto os cistos maiores localizam-se na periferia. Uma cicatriz fibrosa central com ou sem finas calcificações também pode ser observada em 30% dos casos. 8 (Figura 1)

neoplasias compostas de células mucinosas que revestem o ducto pancreático principal e/ ou ductos secundários. O excesso de produção de mucina pelas células neoplásicas resulta em dilatação cística do ducto pancreático e/ ou ramos ductais. 6 Podem ser classificadas em IPMNs do ducto principal, de ductos secundários ou mistos. A identificação de um cisto septado que se comunica com o ducto pancreático principal é altamente sugestiva de uma IPMN de ducto secundário ou misto, mas a falta de comunicação com o ducto pancreático principal na imagem não exclui o diagnóstico de IPMN. 13 As lesões de ducto secundário aparecem como um grupo de pequenos cistos (septados ou uniloculares) e margens lobuladas. Nas IPMN de ducto principal pode haver envolvimento difuso ou segmentar. Comumente, todo o ducto pancreático principal está difusamente dilatado, pois a produção de mucina impede a drenagem de secreção. 13 Esses tumores estão associados com ectasia ductal e crescimento papilar intraductal. 7 Os que envolvem o ducto principal frequentemente se associam com malignidade, ao contrário de quando as lesões acometem o ducto secundário. A presença de nódulos sólidos, paredes ou septos espessados que realçam, extensa conexão (>1 cm) de uma lesão de ducto secundário com o ducto principal e tamanho tumor > 3 cm são indicativos de malignidade nas IPMN de ducto secundário ou mistas. Um ducto pancreático principal > 6mm, nódulo mural > 3mm e área hipoatenuante anormal no parênquima pancreático adjacente na tomografia se correlaciona com doença maligna nas IPMN de ducto principal ou mistas. 5, 9,13 A RM com colangiopancreatografia é a modalidade de escolha para demonstrar as características morfológicas do cisto (incluindo septos e nódulos murais), estabelecer a presença de comunicação entre a lesão cística e o ducto pancreático e avaliar a extensão da dilação do ducto pancreático. 2, 5, 13 (Figura 3)

Figura 3. Homem 55 anos, com neoplasia intraductal papilar mucinosa na cauda pancrética. RM evidencia lesão cística lobulada na cauda do pâncreas em comunicação com o ducto pancreático principal (seta).

Referências Figura 1. Mulher 52 anos. RM T2 (A) e T1 fat-sat pós-contraste (B) mostra lesão focal na transição entre o corpo e cauda do pâncreas, composta por vários cistos subcentimétricos centrais e alguns pouco maiores periféricos e cicatriz central (seta).

Outros padrões atípicos podem ser observados, como o macrocístico, sólido e misto, porém o aspecto radiológico nesses casos não os diferencia de outras lesões pancreáticas. O padrão macrocístico (< 10% dos casos) é formado por poucos cistos grandes (> 2 cm), sendo difícil sua diferenciação com a neoplasia cística serosa ou IPMN de ductos secundários. 6,9 A ressecção é realizada nos casos sintomáticos, de grandes dimensões (≥ 4cm) ou na impossibilidade de distinguir entre um cistoadenoma seroso e uma neoplasia cística mucinosa, que tem grande potencial de malignidade. Lesões pequenas e assintomáticas são acompanhadas conservadoramente. 11

Neoplasia Cística Mucinosa As neoplasias císticas mucinosas acometem quase exclusivamente mulheres (>95%), entre a 4ª e 5 ª décadas, tipicamente localizadas no corpo e cauda do pâncreas. Apresentam-se como lesões macrocísticas multiloculadas, podendo-se conter debris ou hemorragia. Mimetizam o cistoadenoma seroso na forma oligocística. O contorno externo regular pode auxiliar no diagnóstico. 6, 12, 13 Lesões de grandes dimensões, presença de septações internas grosseiras e nódulos murais levantam a possibilidade para malignidade. As calcificações periféricas em casca de ovo são um achado específico e altamente sugestivo de malignidade, embora infrequentes (Figura 2). Devido ao potencial de malignidade, a ressecção cirúrgica geralmente é indicada. 13

1 Laffan, TA, Horton, KM, Klein, AP, et al. Prevalence of unsuspected pancreatic cysts on MDCT. AJR Am J Roentgenol 2008; 191:802. 2 de Jong K, Nio CY, Hermans JJ, et al. High prevalence of pancreatic cysts detected by screening magnetic resonance imaging examinations. Clin Gastroenterol Hepatol 2010; 8:806. 3 Curry, CA, Eng, J, Horton, KM, et al. CT of primary cystic pancreatic neoplasms: can CT be used for patient triage and treatment? AJR Am J Roentgenol2000; 175: 99–103 4

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Chu, LC et al. The many faces of pancreatic serous cystadenoma: Radiologic and pathologic correlation. Diagnostic and Interventional Imaging (2016), http://dx.doi.org/10.1016/j.diii.2016.08.005

7

Karoumpalis, I, Christodoulou, DK. Cyst lesions of the pancreas. Ann Gastroenterol. 2016 Apr-Jun; 29(2): 155–161

8

Tseng, JF et al. Serous Cystadenoma of the pâncreas: Tumor growth rates and recommendations of treatment. Ann Surg. 2005 Sep; 242(3): 413–421.

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Autores Jucélio Pereira Moura Filho Residente de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Sírio-Libanês Figura 2. Mulher de 32 anos. Lesão cística multiloculada na cauda pancreática, com septações espessas e realce, e calcificações focais periféricas (setas).

Neoplasia Mucinosa Papilar Intraductal (IPMN) As IPMN (intraductal papillary mucinous neoplasms) representam 20% das neoplasias císticas pancreáticas, predominando em homens acima de 60 anos. São um espectro de

Ana Isabella de Oliveira Residente de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Sírio-Libanês Natally de Souza Maciel Rocha Horvat Médica Assistente do Departamento de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hospital Sírio-Libanês


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Análise Combinada de Angio Coronariana e Perfusão Miocárdica por CT sob Estresse Farmacológico Experiência via Telerradiologia Introdução Embora bem estabelecida como método diagnóstico na avaliação anatômica da doença arterial coronariana, a tomografia computadorizada (TC) apresentou avanços técnicos recentes que permitiram sua aplicação na pesquisa de isquemia miocárdica. Esta abordagem mostra-se promissora por permitir a integração entre a informação anatômica proporcionada pela angiotomografia coronariana por tomografia computadorizada (ACTC) e a carga de isquemia miocárdica definida por eventuais estenoses coronarianas identificadas no mesmo exame. Trata-se, portanto, da combinação de duas informações indispensáveis para a conduta clínica e eventuais procedimentos de revascularização, haja vista a definição de estenoses e a sua repercussão no fluxo miocárdico regional. Neste estudo, demonstramos de maneira original a aplicabilidade da realização do protocolo combinado de angiotomografia coronariana e perfusão miocárdica por tomografia computadorizada (ACTC + PMTC), realizado de maneira remota via telerradiologia.

Figura 1 - Fluxograma de aquisição do protocolo ACTC+PMTC.

Métodos Trata-se de estudo transversal retrospectivo que avaliou pacientes encaminhados de maneira consecutiva para a realização da ACTC e/ou ACTC+PMTC clinicamente indicada na investigação de doença arterial coronariana (DAC) obstrutiva, no período compreendido entre maio/2015 e maio/2016. a) Fluxo de trabalho (Figuras 1 e 2): A equipe multidisciplinar para a aquisição das imagens e monitorização clínica dos pacientes consistiu de 1) Técnico em Radiologia com treinamento especializado em tomografia cardiovascular; 2) Cardiologista local com treinamento em suporte avançado de vida em Cardiologia (ACLS); 3) Radiologista local responsável pelo envio das imagens em formato DICOM (Digital Imaging and Communications in Medicine); 4) Cardiologista remoto (via video-chamada) com treinamento em Tomografia Cardiovascular. As condições clínicas e hemodinâmicas do paciente eram monitorizadas pelo cardiologista local durante todo o exame, e especialmente durante o estresse farmacológico. Medicações vasodilatadoras e ß-bloqueadores eram indicados e prescritos conforme avaliação conjunta entre o cardiologista local e o remoto. A realização da perfusão miocárdica em adição à ACTC isolada foi decidida na ocasião do exame pelo especialista em TC cardiovascular, quando existia qualquer limitação da avaliação luminal (ex. calcificações excessivas, stents), ou quando havia expressa solicitação clínica. •

Figura 2 - Interação de equipe multidisciplinar na aquisição da ACTC + PMTC via telerradiologia.

Conclusão A avaliação combinada da anatomia coronariana e da perfusão miocárdica pela tomografia computadorizada vem ganhando espaço na avaliação da doença arterial coronariana. No presente estudo, tal abordagem foi indicada sobretudo nos pacientes com doença coronariana extensa ou em portadores de stent, onde existe possível limitação da avaliação luminal isolada pela tomografia. Além disso, esta análise demostrou a viabilidade em se realizar este procedimento remotamente, via telerradiologia, com segurança e sem a ocorrência de eventos adversos.

Referência Bibliográfica Figura 3 – Indicação da realização do protocolo combinado.

b) Interpretação de Imagens DAC obstrutiva foi definida como obstruções coronarianas >50% em ao menos um segmento coronariano; Defeito de perfusão miocárdica foi definido como hipoatenuação subendocárdica ou transmural em relação ao miocárdio remoto. Defeitos reversíveis, parcialmente reversíveis ou fixos foram definidos pela análise visual qualitativa comparando-se as imagens de repouso e estresse. Alinhamento anátomo-funcional foi realizado de maneira visual pela correlação entre vasos epicárdicos e territórios miocárdicos por eles supridos. Dois leitores com experiência em tomografia cardiovascular (>5 anos) reportaram os achados, e divergências foram resolvidas por meio de consenso.

1. Cury RC, Magalhaes TA, Borges AC, Shiozaki AA, Lemos PA, Junior JS, et al. Dipyridamole stress and rest myocardial perfusion by 64-detector row computed tomography in patients with suspected coronary artery disease. The American journal of cardiology. 2010;106(3):310-5. Epub 2010/07/21. 2. Rocha-Filho JA, Blankstein R, Shturman LD, Bezerra HG, Okada DR, Rogers IS, et al. Incremental value of adenosine-induced stress myocardial perfusion imaging with dual-source CT at cardiac CT angiography. Radiology. 2010;254(2):410-9. 3. Magalhaes TA, Cury RC, Pereira AC, Moreira Vde M, Lemos PA, Kalil-Filho R, et al. Additional value of dipyridamole stress myocardial perfusion by 64-row computed tomography in patients with coronary stents. Journal of cardiovascular computed tomography. 2011;5(6):449-58. 4. Rochitte CE, George RT, Chen MY, Arbab-Zadeh A, Dewey M, Miller JM, et al. Computed tomography angiography and perfusion to assess coronary artery stenosis causing perfusion defects by single photon emission computed tomography: the CORE320 study. Eur Heart J. 2014;35(17):1120-30.

Resultados Foram incluídos 38 pacientes, com idade média de 65,6±9,4 anos (60,5% homens). Não houve eventos adversos durante os exames. O escore de cálcio mediano foi de 547 (Agatston), correspondente a um percentil médio de 86,8 (conforme o estudo MESA). Dezessete pacientes relatavam implante de stent prévio. A adição da avaliação de perfusão miocárdica à angiotomografia de coronárias foi decidida em função de escore de cálcio elevado (n=15, 39,5%), presença de stents (n=17, 44,7%), ou por solicitação clínica (n=6, 15,8%) (figura 3). Em 24 dos 38 pacientes (63%) encontrou-se concordância entre os achados anatômicos e funcionais, e nos demais pacientes (n=14, 37%) a discordância deveu-se fundamentalmente a lesões moderadas na ausência de isquemia (n=13, 34%). A figura 4 apresenta um caso representativo de obstruções epicárdicas associadas a defeitos reversíveis de perfusão.

de eventual isquemia identificada pela PMTC pode definir a necessidade de angiografia invasiva, e até mesmo a conduta de revascularização. Desta forma, a associação ACTM + PMTC, por meio de um protocolo prático e de curta duração, pode oferecer ao cardiologista informações fundamentais para a tomada de decisão clínica. Esta análise representa, pelo nosso conhecimento, a primeira avaliação de um protocolo combinado de ACTA + PMTC realizado por meio de telerradiologia cardíaca. Em virtude de se tratar de uma técnica muito recente e com poucos profissionais habilitados a exercê-la, a possibilidade de conduzi-la à distância a viabilizou mesmo em centros remotos. Com o emprego de um time multidisciplinar, composto de um cardiologista local, um especialista em imagem cardiovascular (via teleconferência) e um técnico com experiência em radiologia cardíaca, o exame é realizado de forma segura e rápida, em um protocolo com duração aproximada de 20 minutos. As imagens adquiridas são interpretadas pelo especialista em imagem cardiovascular, que produz um relatório da avaliação da ACTC e da PMTC, além de integrar as informações destas duas técnicas. Deste modo, o médico solicitante recebe um conjunto de dados importante para o seguimento clínico dos pacientes com doença arterial coronariana, podendo definir a conduta clínica mais adequada.

Figura 4 - Protocolo combinado ACTC + PMTC. Presença de defeitos reversíveis de perfusão em paredes inferolateral e anterolateral e respectivas estenoses coronarianas (setas).

Discussão A avaliação multi-modalidade da doença arterial coronariana, com o emprego de técnicas que identificam obstruções coronarianas e sua repercussão no fluxo miocárdico regional, vem ganhando espaço na cardiologia. Neste cenário, a adequada seleção de pacientes é fundamental na definição do tratamento oferecido, quer seja a manutenção do tratamento clínico com medicações, ou o tratamento com o emprego de revascularização percutânea ou cirúrgica. O presente estudo demonstrou a importância da associação anatômica e funcional no diagnóstico da doença arterial coronariana, fornecida por meio da tomografia computadorizada. Em situações específicas, como a limitação da avaliação luminal em virtude da presença de stents e calcificações excessivas, ou a presença de estenoses moderadas, a informação

5. Magalhães TA, Kishi S, George RT, Arbab-Zadeh A, Vavere AL, Cox C et al. Combined coronary angiography and myocardial perfusion by computed tomography in the identification of flow-limiting stenosis - The CORE320 study: An integrated analysis of CT coronary angiography and myocardial perfusion. J Cardiovasc Comput Tomogr. 2015 Sep-Oct;9(5):438-45.

Autores Tiago Augusto Magalhães, Luciano de Figueiredo Aguiar Filho, Fábio Vieira Fernandes, Juliana Hiromi Matsumoto Bello, Ricardo Vanzin da Rocha , Afonso Akio Shiozaki, Roberto Caldeira Cury. Virtual Core Telerradiologia Cardíaca


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INOVAÇÃO E PESQUISA

Siemens e Unifesp celebram acordo para pesquisas biomagnéticas Acordo de cooperação formalizado entre a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e a Siemens Healthnieers, por meio do Instituto de Ciência e Tecnologia (ICT), no Campus de São José dos Campos (SP), abre importante frente no desenvolvimento de pesquisa sobre tecnologia biomagnética, como o foco no diagnostico por imagem.

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projeto, intitulado de “Uso gãos além do trato gastrintestinal. pesquisas na área de Gastroenterologia de tecnologias para avalia“Este é um grande passo para a capanecessitam do uso de um alto número de ções de técnica biomagnéticitação de profissionais da Saúde no meranimais, devido aos protocolos utilizados e ca: Tomógrafo Biomagnéticado brasileiro. A sinergia entre academia, às tecnologias vigentes. Com essa tecnoloco”, tem a frente o pesquigia, é possível uma redução significativa do indústria e governo é essencial para impulsador e professor, Fabiano Paixão. Livre sionar a inovação e pesquisa no País, além uso desses animais e, consequentemente, de radiação ionizante, o Tomógrafo Biode possibilitar enormes benefícios para a dos custos deste tipo de pesquisa. magnético pode ser instalado em pequenos produção científica, o mercado de trabalho O professor trabalha no desenvolvimento de novas instrumentações para centros de diagnóstico, devido sua baixa e para a sociedade como um todo”, afirma diagnóstico médico, principalmente, complexidade e atenderá as expectativas Armando Lopes, Head Country da Siemens da realidade brasileira. Healthineers do Brasil. A Siemens Healthineers fará Para a viabilização do projeto, um investimento de cerca de R$ a Unifesp fez um investimento 8 milhões, que será utilizado na de R$ 3 milhões, os quais foram readequação do espaço físico de utilizados na compra do prédio parte do ICT/Unifesp, bem como que abrigará o Centro de Inovação na instalação de equipamentos de de Engenharia Biomédica. Já o diagnósticos clínico e por imagem. desenvolvimento do Tomógrafo Os aparelhos serão utilizados para Biomagnético faz parte de um propiciar o desenvolvimento e valiprojeto de pesquisa financiado dação do Tomógrafo Biomagnético pela Financiadora de Estudos e e também poderão ser utilizados Projetos (Finep), no valor de cerca em outras pesquisas do autor. de R$ 2,5 milhões. O Tomógrafo Biomagnético é O termo de cooperação com baseado na aplicação de um campo a Siemens Healthineers também magnético de baixa intensidade contempla a cessão de materiais sobre projeção do órgão de interes- Investimentos trarão grandes benefícios para serviços de pequeno e técnicos para o aprimoramento médio porte como enfatiza o prof. Fabiano Paixão do ICT/Unifesp se e na medida da resposta de um das aulas do curso de Engenharia utilizando a Medicina Magnética. Com contraste magnético ingerido pelo paciente. Biomédica, o uso dos equipamentos nas sua equipe, ele utilizará o tomógrafo para Esta técnica é não invasiva e livre de radiaaulas de graduação, parceria de estágio e ção ionizante (e.g., raios-X e raios-gama), diferentes estudos relacionados ao trato o desenvolvimento conjunto de cursos de podendo ser empregada para diagnóstico gastrintestinal e no emprego da técnica especialização para os engenheiros e profissionais que atuam nas áreas da saúde e pesquisas de diferentes doenças e parâpara acessar outros órgãos, como rins e metros fisiológicos do trato gastrintestinal. relacionadas aos equipamentos. Os mesmos coração. O objetivo é empregar a técnica Segundo o prof. Paixão, atualmente, equipamentos também ficarão à disposino diagnóstico de doenças de outros ór-

ção para agenda de treinamentos técnicos da equipe de Engenheiros de Serviço e os Assessores Científicos da Siemens. A companhia, que já possui um Centro de Treinamento em Joinville, SC, agora tem sua capacidade de treinamento expandida no Brasil com esta parceria, aumentando também a qualidade de atendimento do seu pós-venda. O professor Paixão ressalta a importância do acordo. “Acreditamos que essa parceria propiciará o desenvolvimento significativo do ensino, pesquisa e extensão, bases da universidade. Além disso, promoverá a aproximação do conhecimento acadêmico da universidade com o conhecimento tecnológico do setor produtivo”, finaliza.

Sobre o ICT/ Unifesp – São José dos campos Criada em 1994, a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) originou-se da Escola Paulista de Medicina (EPM), entidade privada fundada em 1933 e federalizada em 1956. A Unifesp possui, hoje, seis campi distribuídos em São Paulo, Diadema, Osasco, Guarulhos, São José dos Campos e Santos, resultantes do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). O Instituto de Ciência e Tecnologia da Unifesp (ICT-UNIFESP), em São José dos Campos, foi implantado em 2007 levando em conta a inegável vocação científica e tecnológica instalada no Vale do Paraíba.


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MERCADO

Shimadzu reafirma seu compromisso com o Brasil Novas instalações e planos de crescimento nas divisões médica e analítica fortalecem o compromisso da empresa.

TECNOLOGIA

Philips Connect Day: tecnologia da informação e inteligência de sistemas de gestão hospitalar

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o Brasil desde 1988, com uma história de pioneirismo, Shimadzu do Brasil inaugurou sua nova sede, em outubro último, em Barueri, São Paulo, marcando uma nova etapa na sua trajetória no Pais e reafirmando seu compromisso e sua confiança no potencial do mercado brasileiro. “Enquanto muitas empresas estão fazendo downsizing ou fechando, a Shimadzu do Brasil está se preparando para o restabelecimento econômico do país. Acreditamos no grande potencial que o país tem”, afirmou Shunei Matoba, presidente da subsidiária local da empresa, em seu discurso de abertura. Teruhisa Ueda, CEO da Shimadzu Corporation, que viajou ao Brasil especialmente para a ocasião, disse que o investimento da Shimadzu na nova sede e na abertura de escritórios em outras regiões, é para melhorar o atendimento aos clientes do país e da América Latina e para colaborar com as demandas dos pesquisadores locais. Entre os convidados, Takahiro Nakamae, Cônsul Geral do Japão em São Paulo, enfatizou a preocupação da Shimadzu com o desenvolvimento científico e tecnológico. Ele observou que a Shimadzu se destaca não só no Brasil, mas dentro do próprio Japão, que é reconhecido como um país de forte base tecnológica. Usou também como referência o fato de a empresa ter um Prêmio Nobel de Química, Dr. Koichi Tanaka, em seu quadro de pesquisadores. Convidada a se pronunciar no evento, a presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena B. Nader, fez um retrospecto da importância da atua-

A inauguração da nova sede da Shimadzu foi marcada pelo plantio de uma cerejeira, uma tradição japonesa

ção da Sinc para os pesquisadores brasileiros e demonstrou sua crença de que a fusão da Sinc com a Shimadzu trará muitos benefícios para a ciência e a tecnologia no país.

Sobre a Shimadzu Fundada em 1875 por Genzo Shimadzu, em Kyoto, no Japão, a Shimadzu Corporation iniciou suas atividades com a fabricação de instrumentos de física e química. Atualmente, a Shimadzu está estruturada em quatro áreas de negócios principais: instrumentos de análise e de medição, aparelhos médicos, equipamentos para aeronaves e industriais. Uma corporação global presente em mais de cem países e que emprega mais de 11 mil funcionários.

Pixeon amplia sua presença no mercado de soluções baseadas na nuvem Companhia projeta faturamento superior a R$ 100 milhões em 2017 e amplia oferta de soluções baseadas na nuvem e no formato SaaS–Software–as–a–Service

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Pixeon acaba de anunciar a aquisição de soluções tecnológicas, mix de produtos e clientes da Digitalmed. Com a transação, a empresa amplia sua lista de clientes para cerca de duas mil instituições em todo o país e passa a ter a maior base instalada de softwares em prestadores de serviços de saúde da América Latina. A negociação está alinhada aos planos da Pixeon de se tornar líder no semento de saúde com soluções baseadas em nuvem e no formato SaaS–Software–as–a–Service. Agora, a empresa – que atua nos segmentos hospitalar, laboratorial e de diagnóstico por imagens – projeta para 2017 um faturamento de R$ 100 milhões, valor que representa crescimento de 295% quando comparado aos resultados de 2014. A trajetória ascendente se acentuou após a companhia receber aportes dos fundos internacionais Riverwood Capital e Intel Capital, que investem em empresas focadas na busca de inovações tecnológicas. “Essa transação é um movimento estratégico não apenas para a Pixeon, que reforça a oferta de produtos SaaS e de soluções baseadas na nuvem, mas para todo o mercado da saúde, que tem na tecnologia um dos principais aliados para superar os desafios de integração de serviços previstos para os próximos anos”, aponta Roberto Ribeiro da Cruz, CEO da Pixeon. “Esta transição para os ambientes cloud e web trará impactos positivos a instituições e profissionais da saúde, que serão beneficiados com mais produtividade e agilidade nos processos de negócios, oferecendo atendimento de maior qualidade ao paciente”, comenta o executivo.

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ara compartilhar inovações na área da saúde, promover o conhecimento sobre tecnologias que suportam o negócio hospitalar, além de conectar instituições desse setor em todo o país, foi realizado em São Paulo (SP) o Philips Connect Day. Durante o encontro, as palestras trataram de temas como experiência do usuário e mobilidade, sistema de apoio à decisão clínica, gestão da tecnologia da informação, inovações em hospitais e medicina preventiva. “O Philips Connect Day é uma oportunidade de apresentar as inovações da empresa, desenvolvidas para todas as fases da vida e que contribuem tanto com a melhoria da saúde das pessoas quanto com a sustentabilidade do negócio de saúde no país”, ressaltou Solange Plebani, gerente geral de EMR da Philips, ao abrir o encontro, juntamente com Daniel Mazon (foto), CEO da Philips Health Systems no Brasil. Um temário abrangente, muito atualizado, centrou as discussões e as informações reunindo a experiência de médicos, gestores e profissionais da área, apresentando soluções e metodologias disponíveis na área de TI. O ID Interação Diagnóstico prepara um amplo material sobre o assunto, com temas de grande interesse para todos. Os serviços de diagnóstico por imagem isolados ou inseridos no ambiente hospitalar são parte integrante desse processo e os benefícios como agilidade, qualidade de imagem e redução de custos, estão associados a todo este investimento. Um dos temas de grande interesse, o “Hospital do Futuro: rentável e seguro para o paciente”, será o foco inicial desse trabalho que lançaremos em nosso portal, em espaço próprio. Apresentado pelo dr. Claudio Giuliano Alves da Costa, diretor da Folks Consultoria e Treinamento em Informática da Saúde, mostrou como a tecnologia de informação pode transformar o hospital. Centrou sua palestra no sistema HIMSS (Healthcare Information andmanagement Sysems Society), tecnologia que se “propõe colocar a medicina personalizada na prática”, conforme explicou o médico. Leia a matéria completa no portal www.interacaodiagnostica.com.br .


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ARTIGO

Dr. Sandro Fenelon (SP)

Fibrose Sistêmica Nefrogênica (2006-2016): o que mudou? Há exatamente 10 anos escrevi neste jornal o artigo “Fibrose Sistêmica Nefrogênica: possível relação com contrastes à base de gadolínio”. Naquela época, muito pouco se conhecia sobre o tema e raros eram os artigos publicados na literatura, sendo que algumas informações foram obtidas com os radiologistas norte-americanos Martin Prince (Weill Cornell e NewYork-Presbyterian Hospital/Columbia University) e Jeffrey Weinreb (Yale), talvez os mais informados sobre o tema na ocasião.

A

té 2006, a RM contrastada era considerada um procedimento extremamente seguro, com poucas reações adversas. No entanto, quando alguns trabalhos relataram reações entre os meios de contraste à base de gadolínio (MCBG) e a Fibrose Sistêmica Nefrogênica (FSN), essa visão mudou. A FSN é uma doença rara, caracterizada por espessamento da pele e tecido subcutâneo (tipo esclerodermia), que afeta principalmente os membros e o tronco, podendo progredir para contraturas articulares e perda de mobilidade. Pode envolver outros órgãos, como pulmões, coração, fígado e músculos estriados. Os sintomas podem ocorrer dentro de dias, semanas, meses ou até anos após a exposição. Hoje se sabe que quase metade dos casos de FSN ocorre de uma forma mais branda, não ocasionando contraturas ou redução da mobilidade. O diagnóstico de fibrose sistêmica nefrogênica só deve ser feito quando atendidos os critérios clínicos e histopatológicos do Registro de FSN Yale. Uma função renal muito baixa é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento de FSN. O mecanismo exato por trás do desenvolvimento da dessa enfermidade ainda permanece pouco claro. Tem como hipótese mais aceita a liberação in vivo de gadolínio livre (Gd3+) por meio de transmetalação (também chamada de dissociação), o que incita uma reação fibrótica nos tecidos afetados. No entanto, a teoria da transmetalação pode ser insuficiente para explicar plenamente todos os casos de FSN.

Outros possíveis cofatores incluem condições pró-inflamatórias, cirurgia vascular recente, utilização de análogos de eritropoietina em altas doses, aumento da concentração sérica de ferro, cálcio ionizado, fosfato e acidose metabólica. A FSN ocorre principalmente no contexto clínico de pacientes com doença renal grave (estágio 5) e/ou que estão em hemodiálise ou insuficiência renal aguda. Depois de receber MCBG, aqueles pacientes que apresentam risco de FSN devem ter acompanhamento clínico e monitoramento em longo prazo. Até o momento, nenhum caso de FSN foi relatado em pacientes com função renal normal (eTFG> 60 mL/min/1.73 m2). Há relatos de que a incidência de FSN varia de acordo com o tipo de MCBG administrado. A ampla maioria (85%) dos casos de FSN relatados e publicados esteve associada à gadodiamida (Omniscan®), enquanto que o segundo número mais alto foi relatado em associação ao gadopentato de dimeglumina (Magnevist®, Magnevistan®). A gadoversetamida (OptiMark®) ficou em terceiro lugar. Houve casos ocasionais e inconfundíveis de FSN acometendo pacientes que receberam outros agentes de contraste e, em alguns poucos casos, não foi encontrada exposição confirmada ao meio de contraste à base de gadolínio. Após as diretrizes restritivas publicadas por órgãos como o FDA, EMA, ESUR e ACR, os números de novos casos de FSN diminuíram drasticamente, quase nunca vistos hoje em dia. Recentemente, a partir do início de 2014, a literatura

médica informa que a retenção de gadolínio no tecido nervoso de pacientes saudáveis tem ocorrido, embora as consequências clínicas da deposição permaneçam desconhecidas. Na verdade, a preocupação com a instabilidade dos MCBG em humanos é antiga. Em 1991, em um workshop da Sociedade de Ressonância Magnética em Medicina, atual Sociedade Internacional de Ressonância Magnética em Medicina (ISMRM), o assunto foi amplamente discutido por especialistas e no ano seguinte (1992), por motivos de segurança, foi vetada a entrada no mercado de um contraste linear não iônico (gadopendiamida). Em 2003, Martin Prince e cols. demonstraram pseudohipocalcemia após administração de MCBG. Já em 2004, Gibby e cols. mostraram evidência direta de depósito de gadolínio nos ossos de pacientes com função renal normal. Estudos em animais também são antigos e já demonstraram depósito em diversos órgãos (pele, ossos, fígado e rins). Nos dias atuais, tem se tornado mais evidente a necessidade de se utilizar, preferencialmente, os MCBG mais estáveis. Ao tirar como lição a FSN em 2006, devemos ter cautela a fim de evitar a “gadoliniofobia”, pois são necessários mais dados e estudos clínicos bem definidos para ser possível ter conclusões inequívocas. É necessário também cuidado com eventual viés pessoal, viés de seleção e viés de informação nos trabalhos publicados. Por último, enfatizamos que a nenhum paciente deve ser negado qualquer procedimento de imagem, quando bem indicado, se for fundamental para seu tratamento clínico ou cirúrgico, sempre considerando o risco-benefício.

INOVAÇÃO

Aplicativo auxilia profissionais em decisões clínicas

A

s informações ajudam a esco“Ao aconselhar pacientes com função lher entre o contraste iodado renal comprometida, deve-se sempre levar e o gadolínio para exames em em consideração a fibrose sistêmica nefrogênica (FSN) e nefropatia induzida por conpacientes com disfunção renal traste (NIC). Os médicos têm que enfrentar Exames de imagem em a difícil escolha entre o risco da NIC após a pacientes com disfunção renal necessitam de administração de meios de contraste iodauma cuidadosa seleção do meio de contraste. dos e da FSN, após a exposição aos meios Escolher o exame correto para cada paciente de contraste à base de gadolínio (MCBG)”, é um desafio diário e devem ser pesados os explicou o dr. Sandro Fenelon. riscos e os benefícios de cada opção: contraste iodado ou gadolínio. O radiologista comentou Para ajudar os profisque a ideia de criar o aplicativo sionais da saúde na tomada “Meios de Contraste: FSN vs. de decisão, os radiologistas NIC” surgiu pelo fato de não Sandro Fenelon, do Instituto existirem informações centralizadas e resumidas sobre o do Câncer do Estado de São tema, e que fossem acessíveis Paulo, e Frederico de Souza, em tempo real, em um único da Universidade do Mississipi, nos Estados Unidos, local. criaram um aplicativo para A partir do cálculo da taxa disponibilizar as informações de filtração glomerular (TFG), que vão auxiliar os médicos e dependendo do valor obtiFrederico de Souza do, o aplicativo apresenta ao a fazer o uso racional e mais usuário informações sobre as respectivas seguro dos meios de contraste em exames subclasses de contraste (gadolínio e iodado), radiológicos de pacientes com disfunção e fornece uma estimativa do risco de FSN e renal, baseando-se no resultado da taxa de NIC para o caso específico. O aplicativo tamfiltração glomerular (TFG).

bém disponibiliza textos com orientações sobre eventuais estratégias de prevenção. “A NIC pode desenvolver-se após qualquer um dos tipos disponíveis de meios de contraste iodados. Entretanto, o declínio da função renal observada após a administração intravenosa de MCI é mal compreendido e, provavelmente, multifatorial, e sua associação com o meio de contraste iodado pode estar sendo superestimada”, alertou o dr. Sandro Fenelon. O aplicativo é dirigido a Sandro Fenelon médicos e demais profissionais da saúde, como enfermeiros, técnicos e tecnólogos em radiologia, biomédicos, estudantes de medicina, residentes, médicos clínicos, cirurgiões, oncologistas, nefrologistas, urologistas, radiologistas, gastroenterologistas e outros especialistas que solicitam exames contrastados de TC e RM.

Destaque em concurso O aplicativo Meios de Contraste: FSN vs. NIC foi semifinalista do concurso realiza-

do pelo portal de radiologia norte-americano AuntMinnie.com, o Best Radiology Mobile App 2016 Minnie Award by AuntMinnie. com. A premiação, realizada anualmente, reconhece os melhores trabalhos na área de imaginologia médica. Este ano foram cerca de 200 candidatos em 14 categorias. Uma revisão do aplicativo também ganhou destaque na edição de outubro da revista científica da Sociedade de Informática em Imaginologia Médica (SIIM), dos Estados Unidos. Confira a matéria em https://goo.gl/cJAPvW

Links para o aplicativo Disponível nos sistemas iOS (Apple) e Android (Google) e nas versões em português e inglês, o aplicativo Meios de Contraste: FSN vs. NIC é o primeiro e único nesse segmento da área médica. Google Play (Android): https://goo. gl/sGucax App Store (iOS): https://goo.gl/prwVxf

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INCENTIVO

Evento debate tendências e desafios da medicina diagnóstica Representantes de empresas e profissionais da área encontraram-se no Congresso da ABRAMED/ICOS

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primeiro Congresso da ABRAMED/ICOS (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica / Instituto Coalizão Saúde), em São Paulo, reuniu em novembro as principais lideranças da saúde privada, executivos de empresas do setor e autoridades da Anvisa e da Agência Nacional de Saúde (ANS). Na pauta dos debates, os principais temas foram os processos regulatórios, terceirização, remuneração de procedimentos, tendências e expectativas. Convidados internacionais falaram sobre suas experiências, e os palestrantes analisaram os reflexos da crise econômica na saúde, e a quebra de paradigmas que estão repercutindo na saúde financeira dos hospitais, clínicas e serviços na área do diagnóstico. Dividido em quatro módulos, moderados pelo jornalista Ricardo Boechat, o evento mostrou que o momento é de união. Os trabalhos foram abertos pela presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, dra. Claudia Cohn, e pelo prof. Giovanni Guido Cerri, representando o ICOS. “O objetivo foi aproveitar a presença de tantas lideranças para estimular a reflexão sobre os desafios do setor, como também propor linhas de atuação. É um diálogo aberto, pois todos almejam o crescimento”, enfatizou Claudia Cohn. O setor produtivo apresentou as suas expectativas, a exemplo da aprovação, no Congresso Nacional, do projeto de lei que define com mais clareza as competências das agências reguladoras e restabelece a autonomia em relação aos ministérios. “A regulação tem que existir de forma equilibrada, ser dialogada e construída com o setor. Não adianta impor. Mas, se você deixar o setor sem regulação, qual a garantia? Por isso é que atuamos para a criação de uma agenda mínima de consenso, para reduzir os custos assistenciais desnecessários, combatendo o desperdício, as fraudes, os modelos de remuneração inadequados e a judicializacão do segmento”, observou o presidente da Agência Nacional de Saúde, José Carlos Abrahão.

Consequências da crise econômica Francisco Balestrin, presidente da Anaph (Associação Nacional de Hospitais Privados), analisou os reflexos da crise nas operadoras de saúde e suas consequências para os hospitais e serviços de diagnósticos, com a redução das margens operacionais dos hospitais. “A receita líquida por paciente-dia aumentou 3,5%, ao passo que a despesa por paciente-dia subiu 9,4%, no mesmo período”, afirmou. A tributação é uma das principais razões dos altos gastos, já que os valores de produtos e equipamentos utilizados levam em sua composição um percentual elevado de taxas. Estudos indicam que impostos municipais, estaduais e federais acabam representando um terço do valor do serviço ou produto médico-hospitalar. Como manter uma empresa sustentável com uma carga tributária tão

alta? – questionaram Claudio Lottenberg, presidente do ICOS; o CEO do Hospital Sirio-Libanês, Paulo Chapchap; e a CEO da Beneficiência Portuguesa de São Paulo, Denise Soares dos Santos. Na avaliação dos objetivos e expectativas para os próximos cinco anos, os executivos Armando Lopes, CEO da Siemens, e Daurio Speranzini, da GE Healhtcare, ponderaram que o momento exige integração em todos os segmentos, na busca de caminhos que ajudem a superar a crise.

O evento ABRAMED/ICOS reuniu as principais lidereranças da saúde no país


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RSNA 2016

Philips apresenta novas soluções de radiologia

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istemas de geração de imagens digitais e softwares e serviços inteligentes para aprimorar diagnósticos e melhorar o atendimento ao paciente, como suporte à inovadora tecnologia foram apresentados pela Royal Philips no Congresso da RSNA, em Chicago. A soluções digitais, como aconteceu no recente

Connect Day em São Paulo, marcam a posição da empresa para os próximos anos e as novidades se concentraram num conjunto de softwares e serviços Performance Bridge e as soluções de análises visuais e informática avançada, IntelliSpace Portal 9.0 e Universal Data Manager. Essas soluções tem como foco melhorar os resultados, reduzir os custos dos cuidados de saúde e elevar a satisfação dos pacientes. Parte central dessa nova realidade a radiologia e o diagnóstico por imagem ocupam um novo patamar na maioria das decisões relacio-

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nadas à saúde ao possibilitar a rápida detecção e o diagnóstico preciso, bem como o tratamento da doença nos estágios iniciais. “Os radiologistas desempenham um papel crucial na determinação do caminho certo para o tratamento correto”, afirma Robert Cascella, CEO, Diagnóstico e Tratamento, Philips. “Mais do que nunca, a identificação e o tratamento eficaz da doença dependem de diagnósticos avançados.” Uma das principais abordagens da Philips consiste em proporcionar soluções que garantam diagnóstico preciso com a menor dose de radiação. A tecnologia DoseWise, apresentada no evento, maximiza a eficiência de equipamentos médicos, minimizando a exposição a altos níveis de radiação, tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde. E, entre as soluções apresentadas na RSNA que possuem essa tecnologia está o IQon, um tomógrafo espectral já disponível na América Latina. “Como uma empresa pioneira em tecnologia de saúde estamos constantemente inovando para fornecer soluções que melhoram a qualidade do atendimento recebido pelo paciente e agilizar o trabalho dos profissionais de saúde”, disse Renato Garcia, diretor geral de saúde da Philips Brasil. “Nossos sistemas com tecnologia permitem reduzir a dose de radiação em até 80% dependendo da tecnologia, melhorar a qualidade da imagem e eliminar a necessidade de repetição do teste, reduzindo os riscos Aumento na confiança diagnóstica

FujiFilm lança FDR Nano no RSNA 2016

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istema de radiografia digital compacta e móvel desenvolvida com o que há de mais recente em tecnologia foi apresentado pela FujiFilm em Chicago, durante o Congresso da RSNA. O novo equipamento, FDR Nano, segundo informações da empresa, dispõe de um completo sistema de radiografia digital que combina funcionalidades avançadas para redução de dose, a partir da engenharia de detectores, embarcadas em um mini carro móvel, ultra leve, para leitos e point-of-care.

Embora ainda não esteja disponível no Brasil, o que deverá ocorrer dentro dos tramites da ANVISA, os brasileiros que lá estiveram puderam conhecer de perto o FDR NANO, um raios X digital com grande mobilidade, gerando imagens de alta resolução, com baixas doses de radiação aos pacientes em uma variedade de configurações para os diversos pontos de atendimento. “O sistema oferece a capacidade de aquisição de baixas doses do FDR D-EVO II, combinado com o software de redução de ruído e de processamento de imagem Virtual Grid que permite a aquisição de imagens sem grade física, proporcionando redução de até 50% da dose”, informam os técnicos da FujiFilm. O FDR NANO é equipado com um mini gerador projetado exclusivamente pela FUJIFILM e um tubo compacto incorporado a um ultra-leve e durável mini carro móvel. Características adicionais incluem um painel touchscreen integrado de controle do raio X que articula e gira para facilitar a visualização seja qual for o ângulo, além de funcionar até 12 horas com baterias de lítio ou conectado a rede elétrica. (fonte Assessoria FujiFilm)

InRad recebe executivos da Konica Minolta Global

principais executivos da Konica Minolta Healthcare visitaram o Instituto de Radiologia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InRad – HCFMUSP) para reforçar a parceria e conferir as salas de raios X que utilizam o painel sem fio digital AeroDR produzido pela multinacional japonesa. O Coordenador da Radiologia Geral do InRad, Dr. André Scatigno Neto, recebeu Hiroyuki Oba, presidente da Konica Minolta Healthcare do Brasil; Kiyotaka Fujii, executive officer e presidente da Konica Minolta Healthcare Global; David Widmann, presidente e CEO da Konica Minolta Healthcare Américas; Terry Hasegawa, Vice-Presidente da Konica Minolta Healthcare Global; e Luciana Hadade e Daniel Martins, da Konica Minolta Healthcare do Brasil. O InRad completou a modernização de seus sistemas de raios X ambulatoriais com solução da Executivos da Konica conheceram as dependências do InRad - HCFMUSP Konica Minolta, e conta hoje com quatro salas totalmente lógicos de raios X que já possuía. A substituição de cassetes digitalizadas – para isso, incorporou quatro painéis digitais pelo painel digital, atividade que eliminou completamente sem fio AeroDR da Konica Minolta aos equipamentos anaa Radiologia Computadorizada (CR) das salas, começou

em 2013, com a aquisição do primeiro painel, e foi encerrada em outubro de 2015, com a instalação do quarto sistema. Dr. Scatigno afirmou que o painel possibilita redução de trabalho e de retrabalho, além da eficiência no atendimento, com redução de 5 a 7 minutos no tempo de exame por paciente em relação ao CR. Ainda, frisou a redução de dose de radiação – que, segundo pesquisas da Konica Minolta, pode chegar a 50% quando se compara o DR à Radiologia Computadorizada – e o peso do painel, de 2,9 quilos, um grande benefício para os técnicos. Atualmente, o InRad realiza, na área ambulatorial, de 1.500 a 2.000 exames de raios X por mês, e atende uma média de 8.200 pacientes mensalmente. Por isso, o coordenador também ressaltou como muito importante o fato do capacitor do painel se carregar em apenas 30 minutos. Após a reunião, os executivos tiveram a oportunidade de visitar as dependências do Instituto e conhecer sua estrutura – para tanto, Dr. Scatigno contou com a colaboração de Alcino Tadeu, diretor técnico de saúde do InRad.


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COMEMORAÇÃO

Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês completa 95 anos Instituição tem história marcada pelo projeto de melhoria da saúde pública no Brasil

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Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês (SBSHSL) completou 95 anos de fundação no último dia 28 de novembro. O encontro que deu origem à Sociedade aconteceu com 27 mulheres das comunidades síria e libanesa, em São Paulo, na residência de dona Adma Jafet. O grupo resolveu iniciar uma obra social para retribuir a acolhida que sírios e libaneses receberam da sociedade brasileira.

Dr. Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio-Libanês

Com o passar dos anos, o projeto para contribuir com a melhoria da saúde pública no Brasil consolidou-se como instituição filantrópica sem fins lucrativos, apoiada nas ações do Hospital Sírio-Libanês (HSL), do Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa (IEP/HSL) e da área de Responsabilidade Social. A filosofia da SBSHSL inspira a atuação do Hospital Sírio-Libanês desde o início de suas atividades. Em 1971, por exemplo, a instituição implantou a primeira Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do país, tornando-se um hospital de alta complexidade. Já na década 1990, as ações sociais foram estruturadas no Ambulatório de Pediatria, com o objetivo de atender crianças da comunidade carente da Bela Vista, em uma iniciativa que hoje atinge toda a cidade de São Paulo, em parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS). “Desde a sua fundação, o Hospital Sírio-Libanês investe na valorização do corpo clínico, no treinamento de seus profissionais e na modernização de sua estrutura, para

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oferecer uma experiência de cuidado única, sem distinção de classe social. Atualmente, nosso maior desafio é dar sequência ao crescimento da instituição, que passou por forte expansão nos últimos anos, mantendo a busca permanente por níveis cada vez mais elevados de qualidade e segurança”, destaca o dr. Paulo Chapchap, CEO do Hospital Sírio-Libanês. Por meio do Instituto de Responsabilidade Social Sírio-Libanês, a instituição faz a

gestão de unidades de saúde da prefeitura e do governo do Estado de São Paulo. São elas o Hospital Municipal Infantil Menino Jesus, Hospital Geral do Grajaú, Hospital Regional de Jundiaí, Ambulatório Médico de Especialidades – AME Dra. Maria Cristina Cury e a Unidade do Serviço de Reabilitação Lucy Montoro, em Mogi Mirim. O Hospital também atua como parceiro do Ministério da Saúde, por meio de uma série de projetos dentro do Programa de

Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS), nas áreas de ensino, pesquisa e assistência em saúde. Somente em 2015, foram capacitados quase 17 mil gestores da rede pública de saúde de todo o Brasil. Essas iniciativas ainda permitiram o desenvolvimento de novos procedimentos, a exemplo de uma técnica inédita para o tratamento da fissura labiopalatal, com o uso de células-tronco da polpa do dente de leite.


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IMAGINE’2017

Presencial e online evento muda formato para absorver um público ainda maior

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usculoesquelético, Intervenção e Mama estão entre as áreas de destaque do 15º IMAGINE, que será realizado dias 24 e 25 de março de 2017, no Centro de Convenções Rebouças, em São Paulo, promovido pelo Instituto de Radiologia HC FMUSP em parceria com a Manole Conteúdo. Com um novo formato, temário abrangente e diversificado, o Imagine 2017, que a partir de agora passa a denominar-se XV Congresso de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do HCFMUSP, Dr. Marcelo Bordalo terá uma abordagem focada Rodrigues na imagem na prática ambulatorial e hospitalar. O evento será transmitido on-line em tempo real por uma plataforma adaptada também para mobile, impulsionando a interação entre professores, médicos e demais participantes. Desde já os interessados podem se inscrever. A tradicional programação científica multidisciplinar abrangerá todas as áreas e subespecialidades do diagnóstico por imagem para médicos radiologistas, residentes, enfermeiros, técnicos de radiologia, tecnólogos, biomédicos e profissionais de gestão. As palestras e os encontros serão divididos em 19 especialidades: Cabeça e Pescoço, Cardiovascular, Enfermagem, Engenharia, Gestão em TI, Intervenção, Mama, Medicina Interna, Medicina Nuclear, Músculo, Neurologia,

Oncologia, Pediatria, Técnicos / Tecnólogos e Biomédicos, Tórax, Ultrassonografia Geral, Ultrassonografia Gineco-Obstetrícia, Ultrassonografia Músculo, Ultrassonografia Vascular. A Comissão Organizadora, que tem a frente o prof. Giovanni Guido Cerri, dras. Claudia da Costa Leite, Eloisa Santiago Gebrim e Maria Cristina Chamas, acredita que o novo formato – com participação presencial e virtual – vai agregar um público diversificado, mais amplo e mais experiente, ampliando as áreas de interesse do evento. Além disso, o conteúdo será disponibilizado através das plaDr. Marcos Loretto, do taformas digitais por um período e Candá em um livro que está sendo editado. Na área de Imagem Musculoesquelética, coordenada pelo dr. Marcelo Bordalo Rodrigues, um dos palestrantes será o dr. Marco Loretto, professor da Ottawa University. Outros destaques são a Intervenção, coordenada pelo dr. Marcos Menezes, e Mama, com a realização de discussões sobre o BI-RADs pela equipe chefiada pelo dr. Nestor de Barros. A área de gestão também terá uma programação muito atualizada, com inovações e temas de grande interesse na prática dos serviços de imagem.

Inscrições Os interessados podem se inscrever no site: www.imagine-inrad.org.br

Expediente Interação Diagnóstica é uma pu­bli­ca­ção de circulação nacional des­ti­na­da a médicos e demais profissio­nais que atu­am na área do diag­nóstico por imagem, espe­cia­ listas corre­lacionados, nas áreas de or­to­pe­dia, uro­logia, mastologia, gineco-obstetrícia. Conselho Editorial Sidney de Souza Almeida (In Memorian), Hilton Augusto Koch, Dolores Bustelo, Carlos A. Buchpiguel, Selma de Pace Bauab, Carlos Eduardo Rochite, Omar Gemha Taha, Lara Alexandre Brandão, Nelson Fortes Ferreira, Nelson M. G. Caserta, Maria Cristina Chammas, Alice Brandão , Wilson Mathias Jr. Consultores informais para assuntos médicos. Sem responsabilidade editorial, trabalhista ou comercial. Jornalista responsável Luiz Carlos de Almeida - Mtb 9313 Redação Alice Klein (RS), Daniela Nahas (MG), Denise Conselheiro (SP), Lilian Mallagoli (SP), Milene Couras (RJ), Rafael Bettega (SP) Silvana Cortez (SP), Sylvia Verônica Santos (SP) e Valeria Souza (SP) Arte: Marca D’Água Fotos: André Santos, Cleber de Paula, Henrique Huber e Lucas Uebel Imagens da capa: Getty Images Administração/Comercial: Sabrina Silveira Impressão: Vox Gráfica Periodicidade: Bimestral Tiragem: 12 mil exemplares

Novos cursos no InRad em 2017 O Centro de Estudos Radiológicos Rafael de Barros, do InRad -HCFMUSP já está definindo sua programação do ano de 2017, com novos temas de grande interesse para a comunidade radiológica. Entre os novos temas, Curso Hands on de Radiologia Oncológica, em maio, coordenado pelo prof. Manoel de Souza Rocha e dr. Regis Otaviano França. Além de toda a programação tradicional, que já será veiculada em janeiro de 2017, haverá um novo curso também de Radiologia de Emergência, que será ministrado pelos drs Shri Jhyanti, Paulo Savoia e Fabio Barreto. A nova programação já estará disponível no site do Centro de Estudos no início do ano. Informe-se no www.eventick.com.br/organizador/centrodetreinamentoinrad ou pelo e-mail cerb.inrad@hc.fm.usp.br

EVENTO

Relações humanas e a boa prática médica, na JPR 2017

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e 4 a 7 de maio, São Paulo sediará a 47ª Jornada Paulista de Radiologia, em parceria com Sociedade Francesa de Radiologia, com um temário focado na Radiologia Francesa: as Relações humanas e a Boa prática médica. Professores de diversas partes do mundo já confirmaram presença e, somente da França, virão 20 especialistas, o que dará ao evento um formato interessante e uma visão mais focada no paciente. Os interessados devem ficar atentos aos prazos de inscrições, pois alguns temas tem uma procura muito grande. Os coordenadores dos 27 cursos previstos já foram definidos, com a participação de convidados franceses, exceção feita ao Curso Latin Safe, programa de controle de radiação, que, além dos brasileiros Hilton Muniz Leão Filho e Lory Dean Couto de Brito terá o chileno Pablo Sofia. Alerta a Comissão Organizadora que os interessados devem ficar atentos aos prazos, já que alguns cursos tem grande procura e as vagas se esgotam rapidamente. Todas as informações podem ser encontradas no site da SPR – www spr.org br.

Edição: ID Editorial Ltda. Av. Brigadeiro Luiz Antonio, 2050 - cj.108A São Paulo - 01318-002 - tel.: (11) 3285-1444 Registrado no INPI - Instituto Nacional da Pro­prie­dade Industrial. O Jornal ID - Interação Diagnóstica - não se responsabiliza pelo conteúdo das men­sagens publicitárias e os ar­tigos assinados são de inteira respon­sa­bi­lidade de seus respectivos autores. E-mail: id@interacaodiagnostica.com.br


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