Trecho entre os km 15 e 18, entre Ibirá e Urupês, da Roberto Mário Perosa está repleto de buracos, sem acostamento e continua registrando mortes, enquanto promessas de obras seguem apenas no papel
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POLÍTICA
Justiça cassa mandato de vereador eleito em Tabapuã por compra de votos e abuso de poder econômico
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CIDADES
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Jovens de cidades da região brilham no América e mostram a força do futebol de base do interior
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Após decisão ele passa a ser considerado foragido. Ailton Tiago dos Santos (foto), foi morto a tiros, no início da noite de 7 de junho, na estrada do bairro rural
Por Luiz Aranha luiz@gazetainterior.com.br
Após decisão ele passa a ser considerado foragido. Ailton Tiago dos Santos (foto), foi morto a tiros, no início da noite de 7 de junho, na estrada do bairro rural Água Vermelha
A Justiça de Potirendaba decretou a prisão preventiva do homem de 55 anos suspeito de matar Ailton Tiago dos Santos, de 40, em 7 de junho deste ano. O crime aconteceu em uma estrada do bairro rural Água Vermelha. Desde então, o investigado é considerado foragido.
A ordem judicial foi expedida no último dia 15 de julho e tem validade até 2045. Segundo o documento, a decisão se baseia na gravidade do crime, na necessidade de preservar a ordem pública, proteger testemunhas e garantir o andamento legal do processo.
A Justiça ainda destacou que “nenhuma medida cautelar diversa da prisão se mostra suficiente” diante da brutalidade da ação, do comportamento evasivo do suspeito e da falta de colaboração nas investigações.
Crime brutal
Ailton foi encontrado caído ao lado de sua motocicleta por volta das 18h do sábado, 7 de junho, com diversos ferimen-
tos causados por arma de fogo. Ele foi socorrido com vida, mas morreu minutos depois no hospital da cidade.
De acordo com familiares, a vítima e o acusado mantinham uma desavença antiga por conta de invasões de animais na propriedade de Ailton. A tensão teria aumentado após o envio de supostas mensagens à esposa da vítima. Após descobrir as mensagens, Ailton teria confrontado o autor e o esfaqueado. O caso foi registra-
do pela Guarda Civil Municipal.
Investigação e fuga
No dia do crime, a Polícia Militar foi até o sítio do suspeito, mas ele já havia fugido. Durante buscas autorizadas por um funcionário, os policiais encontraram munições de diversos calibres, um cabo de revólver, um coldre e acessórios de armamento.
O investigado chegou a se apresentar
à Polícia Civil no fim de junho, acompanhado de um advogado, e prestou depoimento. Como o inquérito ainda estava em andamento, ele não foi preso na ocasião. Ailton foi sepultado no dia seguinte, no Cemitério Municipal de Potirendaba. Ele deixou esposa e dois filhos. O caso é investigado como homicídio doloso qualificado por disparo de arma de fogo. Até o fechamento desta edição, a defesa do suspeito não havia se manifestado.
Trecho entre os km 15 e 18, entre Ibirá e Urupês, da Roberto Mário Perosa está repleto de buracos, sem acostamento e continua registrando mortes, enquanto promessas de obras seguem apenas no papel
Por Luiz Aranha luiz@gazetainterior.com.br
Uma rodovia que, há anos, representa tanto a esperança de desenvolvimento quanto o retrato do abandono no interior de São Paulo. Assim é a Roberto Mário Perosa (SP-379), especialmente no trecho entre os municípios de Ibirá e Urupês, onde os quilômetros 15 ao 18 concentram os maiores problemas e, infelizmente, também muitas das tragédias registradas.
A equipe de reportagem da Gazeta do Interior percorreu toda a extensão da rodovia que nasce em Uchoa e termina em Sales (SP), e registrou as condições extremamente precá-
rias da via. O asfalto está completamente esburacado nos dois sentidos, e não há qualquer estrutura de apoio ao motorista, como acostamento ou faixa adicional para ultrapassagem.
A pista simples, sem sinalização visível em alguns trechos, segue sobrecarregada pelo intenso tráfego de caminhões, muitos deles canavieiros que buscam fugir dos pedágios da Washington Luís (SP-310), em Elisiário e Catiguá. Mais do que uma estrada, a SP-379 tem sido palco constante de acidentes fatais — e boa parte deles não pode ser atribuída apenas à imprudência dos motoristas. A rodovia represen-
ta uma ameaça constante por conta da negligência do poder público. A pergunta que se impõe a cada nova cruz cravada às margens da pista é: a rodovia que traz progresso mata ou a rodovia que mata traz progresso?
Um histórico de tragédias
Desde a fundação da Gazeta do Interior, em 2012, acompanhamos a situação da Roberto Mário Perosa e todas as promessas feitas para sua duplicação, implantação de terceira faixa e melhorias nos trevos. Nenhuma delas saiu do papel. Um dos pontos mais críticos é o trevo de acesso a Potirendaba, onde cerca de 10 pessoas
já perderam a vida. Apesar da instalação de um radar próximo ao local, no km 10,5, o equipamento se encontra a mais de 500 metros do cruzamento, o que faz com que os motoristas voltem a acelerar antes mesmo de concluir a travessia, anulando o objetivo do controle de velocidade.
A mais recente morte registrada no local foi a do caminhoneiro Fabio Adriano da Silva, de 43 anos, em agosto de 2024. Fabio seguia com uma carga de cerca de 2,2 mil fardos de refrigerante, saídos de uma indústria de Potirendaba com destino à região da capital paulista. O caminhão tombou ao acessar a ro-
dovia e ele morreu no local, preso às ferragens. O corpo foi sepultado em Santa Adélia, onde morava com a família, no distrito de Vila Botelho. Infelizmente, 2025 também tem sido um ano marcado por acidentes fatais na SP-379. No dia 4 de julho, um motorista de 27 anos morreu após bater de frente com um caminhão canavieiro, no km 29+800, entre Urupês e Irapuã. A vítima, que era moradora de Irapuã, não resistiu e morreu no local. A Polícia Civil ainda investiga as causas da colisão. Já no dia 1º de julho, um bitrem carregado com milho tombou entre Ibirá e Uchoa, interditando a pista por horas. A carga ficou espalhada na rodovia e o tráfego precisou ser desviado no sistema “pare e siga”, provocando grande lentidão e transtorno. O estado de saúde do motorista não foi divulgado.
Outro caso que chocou a região ocorreu em 17 de junho. Um bebê de apenas 23 dias morreu após o carro onde ele estava capotar no trecho entre Urupês e Ibirá, próximo ao Rio Cubatão. Duas mulheres que também estavam no carro ficaram feridas, enquanto o motorista saiu ileso. O recém-nascido, infelizmente, não resistiu aos ferimentos.
Promessas repetidas, obras ausentes
Em nota enviada à Gazeta do Interior, o Departamento de Estradas de Rodagem (DER-SP) informou
que o trecho entre os km 0 e 26 da rodovia deve passar por obras de conservação especial e reabilitação de sinalização horizontal, com previsão de investimento de R$ 22,9 milhões. O trecho entre os km 26 e 52,1, que passa por Urupês, Irapuã e Sales, também deverá ser contemplado com investimentos de R$ 13,8 milhões. As licitações estariam em andamento.
Quanto ao radar localizado no km 10,5, o órgão afirma que ele ainda está em fase de implantação e ajustes técnicos, e que a ativação do equipamento será amplamente divulgada por canais oficiais. Segundo o DER, os serviços de conservação rotineira são executados “de forma contínua”, embora motoristas que percorrem diariamente a rodovia não vejam reflexos disso na prática.
A Gazeta questionou o DER sobre a previsão concreta para início das obras prometidas e a inclusão do trecho crítico entre os km 15 e 18, mas até o fechamento desta edição, não houve retorno com datas específicas.
A Rodovia Roberto Mário Perosa nasce em Uchoa, cruza a Washington Luís, passa por Ibirá, Urupês, Irapuã e segue até Sales, conectando vários bairros rurais e urbanos. Deveria ser um elo de progresso, integrando cidades do noroeste paulista, mas tem se transformado em um corredor de
riscos, tragédias e indignação.
Enquanto o tempo passa, promessas são recicladas e licitações se arrastam, motoristas seguem enfrentando buracos, falta de acostamento e sinalização precária. O cenário é o mesmo há mais de uma década. E,
enquanto nenhuma solução efetiva é implantada, a SP-379 continua sendo uma estrada de morte anunciada — onde o progresso parece passar longe, e a vida, por vezes, termina no acostamento que nunca foi construído.
Sentença também torna Vinícius de Andrade Lima e seu cabo eleitoral, Sérgio de Oliveira Câmara, inelegíveis por oito anos e impõe multa de R$ 20 mil a cada um
Por Luiz Aranha luiz@gazetainterior.com.br
AJustiça Eleitoral da 179ª Zona Eleitoral de Catanduva (SP) cassou o registro e o diploma de Vinícius de Andrade Lima, vereador eleito em Tabapuã nas eleições municipais de 2024, por captação ilícita de votos e abuso do poder econômico. A decisão foi proferida no dia 21 de julho de 2025, pelo juiz eleitoral Antônio Carlos Pinheiro de Freitas.
Segundo o documento, além da cassação, Vinícius - que é o atual líder do prefeito Silvio Sartorello, na Câmara - e seu cabo eleitoral, Sérgio de Oliveira Câmara, conhecido como “Alemão”, foram declarados inelegíveis por oito anos e condenados ao pagamento de multa no valor de R$ 20 mil cada, pelos mesmos ilícitos. De acordo com a sentença, Sérgio, agindo com o conhecimento e anuência de Vinícius, ofereceu dinheiro a eleitores em troca da colocação de adesivos com propaganda eleitoral em veículos. Uma das provas apresentadas pelo Ministério Público Eleitoral mostra uma conversa por aplicativo de mensagens em que um eleitor teria recebido a promessa de R$ 50 por semana para manter o adesivo e mais R$ 200 caso Vinícius fosse eleito. O juiz destacou que as condutas violam gravemente a legislação eleitoral, comprometendo a lisura do pleito e gerando desequilíbrio entre os candi-
datos. Além disso, os pagamentos realizados não foram registrados na prestação de contas de campanha de Vinícius, que constavam como “zeradas”.
Ainda segundo a decisão, foi comprovado que os recursos usados por Sérgio para fazer os pagamentos partiram, em parte, da conta bancária da mãe de Vinícius, configurando tentativa de ocultação da origem dos valores usados na campanha.
Todos os votos recebidos por Vinícius de Andrade Lima nas eleições de 2024 foram anulados. O Ministério Público Eleitoral foi oficiado para avaliar a instauração de eventual ação criminal.
A sentença é passível de recurso.
Procurado pela Gazeta, Sérgio de
Oliveira Câmara, afirmou, inicialmente, não saber do que se tratava o caso, mas depois classificou a sentença como perseguição política.
“Isso aí, amigão, é perseguição política, entendeu? Perseguição política envolvendo promotoria que acatou coisas que o outro lado mentiroso [disse], entendeu? Aí é complicado, né? Eu queria também ter a promotoria pro nosso lado, né? Quando você prende com autoridades pro seu lado é fácil, né? Acatar as mentiras, né? Agora eu quero ver provar as mentiras”, declarou.
O cabo eleitoral também afirmou não confiar na justiça dos homens e disse acreditar que “a verdade vai prevalecer”:
“A lei do homem é falha, entendeu?
O homem é falho, você entendeu? Ele age do jeito que ele quer, faz o que ele quer, né? Mas a justiça de Deus, amigão, a hora que ela põe a mão, o homem pode ter o poder que ele tiver, pode achar o que ele achar que ele é, que Deus coloca tudo por terra, o que for mentira, entendeu? Que mentira não é de Deus, é do diabo, então se é do diabo vai cair por terra”.
Ao ser questionado sobre qual seria seu posicionamento oficial diante da condenação, Sérgio respondeu: “Meu posicionamento é: mete o pau e breca seco”.
A reportagem também entrou em contato com Vinícius de Andrade Lima, porém, ele ainda não respondeu os questionamentos.
Atletas de cidades como Olímpia e Buritama ganham destaque no Sub-20 do rubro e emocionam com histórias de superação e renascimento dentro do esporte
Por Luiz Aranha luiz@gazetainterior.com.br
Ofutebol do interior de São Paulo continua sendo um celeiro de talentos que não só sonham alto, mas também superam desafios com coragem e persistência. No América Futebol Clube, tradicional time de São José do Rio Preto, jovens nascidos e formados no noroeste paulista estão encontrando no futebol de base não apenas um campo para jogar, mas um espaço de recomeço, dignidade e esperança.
Entre esses destaques está Vitinho, atacante de 18 anos, natural de Olímpia, que viu sua carreira tomar novos rumos após um momento difícil. Revelado pelo Mirassol, ele foi dispensado em março de 2024 e chegou a cogitar abandonar o futebol. Mas encontrou apoio no América, que apostou em seu talento. O convite veio do técnico Luiz Henrique, conhecido como Luizão, que o buscou pessoalmente para integrar a equipe Sub-20.
“O Luizão foi uma pessoa que sempre acreditou no meu potencial. Sou muito grato a ele e ao América”, conta Vitinho. No clube, o jovem deixou a posição de lateral e passou a atuar como atacante — função onde se encontrou de vez. Titular absoluto, já marcou 5 gols em 8 jogos no Paulista Sub-20 e foi eleito melhor em campo em várias partidas. O carinho da torcida tem sido combustível para seguir em frente: “O América me acolheu de uma forma sensacional. E a torcida é maravilhosa. Voltei a sonhar com o acesso”, afirma.
Outra história que inspira é a de Biro, zagueiro de 19 anos e 1,92 m, natural de Buritama. Capitão da equipe Sub-20, ele também enfrentou o dilema entre persistir ou desistir. Em 2024, quando defendia o rival Rio Preto, sofreu uma lesão e ficou quatro meses afastado dos gramados. Desanimado, largou o futebol e começou a trabalhar em uma metalúrgica da sua cidade natal.
“Achei que era o fim. Falei que futebol não era mais pra mim. Queria ajudar em casa, com a minha mãe e meu pai. Parei”, relembra Biro.
Mas novamente, Luiz Henrique entrou em cena e deu nova vida ao sonho. O treinador conversou com Biro e fez o convite para retornar ao América. Com o apoio da família, ele aceitou — e a resposta em campo foi imediata. A zaga do
rubro sofreu apenas 4 gols em 8 jogos, e o próprio Biro balançou as redes quatro vezes, mostrando segurança defensiva e poder ofensivo.
“Tenho muita gratidão por essa nova oportunidade. Quero fazer história no América e assinar meu contrato profissional. Só tenho a agradecer”, diz, emocionado.
Tanto Vitinho quanto Biro são exemplos vivos do potencial que brota no futebol do interior. Eles representam dezenas de atletas que, mesmo longe dos grandes centros, encontram no esporte uma forma de reescrever suas trajetórias. No América, que passa por um processo de reestruturação após temporadas difíceis, a base é hoje o principal alicerce para um futuro mais promissor — para o clube e para os garotos que vestem sua camisa com orgulho.
Do interior para o futuro
O noroeste paulista segue firme como solo fértil para o surgimento de novos nomes do futebol brasileiro. E clubes como o América mostram que, com estrutura, olhar atento e compromisso com a formação, é possível transformar jovens sonhadores em atletas prontos para conquistar o mundo — começando pelo próprio coração.
Fátima de Paula, de 57 anos, estava em tratamento contra o câncer e foi encontrada sem vida nos fundos da casa; causas do fogo ainda serão apuradas
Por Luiz Aranha luiz@gazetainterior.com.br
Uma mulher de 57 anos morreu após um incêndio atingir a casa onde ela morava sozinha, no início da noite do domingo, 20 de julho, em Uchoa. A vítima, Fátima de Paula, estava em tratamento contra um câncer. O caso foi registrado como incêndio seguido de morte suspeita.
Segundo informações da Polícia Militar, equipes foram acionadas por volta das 18h15 para atender a ocorrência na rua Ubaldino Álvares Péres. Ao chegar ao local, os policiais encontraram a residência já em chamas. Populares tentavam conter o fogo com ajuda de um caminhão-pipa da Prefeitura.
Pouco depois, equipes do Corpo de Bombeiros chegaram e conseguiram controlar o incêndio. Durante o rescaldo, o corpo da moradora foi encontrado nos fundos do imóvel. A morte foi confirma-
da por um médico do município, que esteve no local.
A Polícia Civil, a perícia técnica e a funerária foram acionadas, e o delegado de plantão registrou o caso como incêndio com morte suspeita. As causas do fogo ainda são investigadas.
O corpo de Fátima foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) de São José do Rio Preto. O corpo dela foi enterrado no Cemitério de Uchoa.
