Fatos & Notícias Ed. 237

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08 a 15 de fevereiro de 2018

Brasil em chamas

Science publica artigo com coautoria de pesquisadores brasileiros Texto científico com participação de analistas do ICMBio analisa dados de telemetria GPS obtidos de mais 800 indivíduos de 50 espécies de mamíferos FOTO: ADRIANO GAMBARINI

O número avassalador de incêndios florestais registrados no Brasil em 2017 tem um responsável claro: a ação humana FOTO: PEDRO VENTURA/AGÊNCIA BRASÍLIA

Floresta nativa da Mata Atlântica

Até setembro, o número de focos de incêndio florestal no Brasil em 2017 já era 51% maior do que o registrado no mesmo período em 2016, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Nos primeiros 27 dias de setembro – o de maior número de registros no País – havia 105 mil focos, recorde desde 1998, quando o Inpe começou a monitorálos. D e s t r u i d o r d a biodiversidade, causador de várias doenças respiratórias e responsável pela emissão de grandes volumes de gases-estufa, o fogo castigou todos os biomas brasileiros, com destaque para a Amazônia (49% dos

focos), o Cerrado (36%) e a Mata Atlântica (9%). O estado líder foi o Pará, seguido por Mato Grosso e Maranhão. O Pará também registrou o maior aumento percentual no número de focos ante o mesmo período de 2016: 233%, bem acima de Maranhão (93%) e São Paulo (76%). Entre os municípios mais atingidos pelas queimadas em setembro estão Grajaú, no Maranhão (onde está Bacurizinho, terra indígena com maior número de incêndios), e Brasileia, no Acre (local da Reserva Extrativista Chico Mendes, a unidade de conservação mais castigada). P a r a A l b e r t o S e t z e r,

coordenador do Programa de Queimadas e Incêndios do Inpe, a origem de tanta destruição não é o clima seco nem outras causas naturais. “Raios e fenômenos espontâneos respondem por, no máximo, 1% dos focos de incêndio registrados”, disse ele ao Observatório do Clima. “A baixa umidade do ar apenas cria condições favoráveis aos incêndios, mas é a ação humana que causa a queimada”.

Os pesquisadores do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ronaldo Morato e Rogério Cunha de Paula, são coautores de artigos publicados na revista científica Science, edição de 26 de janeiro. O título do artigo é 'Reduções globais nos movimentos terrestres de mamíferos nas paisagens dominadas pelos seres humanos' (tradução livre). Os pesquisadores analisaram dados de telemetria GPS obtidos de mais 800 indivíduos de 50 espécies de mamíferos, sendo sete da fauna brasileira. De acordo com eles, há cerca de um século, a movimentação dos animais não sofria restrições e seus deslocamentos contribuíam

amplamente para diversos processos ecológicos. Como as atividades humanas têm aumentado significativamente, os movimentos naturais dos animais estão sofrendo restrições. “O que observamos é que os movimentos dos animais, como a distância diária percorrida, são menores em áreas com elevada atividade humana, o que significa uma mudança no comportamento de movimentação devido às barreiras físicas impostas. Além de afetar as espécies diretamente, a limitação dos movimentos pode ter implicações mais amplas, haja vista que pode haver redução no transporte de nutrientes, dispersão de sementes e alterar muitos outros processos ecológicos”, defende Ronaldo Morato, coordenador do Cenap.

Com base nestas informações, estratégias de ação podem atuar mais diretamente sobre os fatores de risco, o que reforça a importância da elaboração dos planos de redução de impactos, estratégia inovadora implementada pelo ICMBio. As informações fornecidas no artigo, são resultados de anos de pesquisa conduzidas por diversos pesquisadores brasileiros, inclusive projetos desenvolvidos por analistas do ICMBio. Os dados usados nas análises foram coletados nos projetos de pesquisa desenvolvidos pelo Cenap no Parque Nacional da Serra da Canastra e na Estação E c o l ó g i c a d e Ta i a m ã . "Estamos gerando conhecimento a partir das nossas áreas protegidas", ressalta Rogério.

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