Jornal Etc... nº12

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Nesta Edição

ilustração de Daniel Maia (Aluno do 7ºD, da E.B.S.R.F.)

Jornal Etc... | Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho de 2011 | Ano IV | nº12 | 1e

» Em destaque: “Diferentes como nós” » O J.I. da Vitória apresenta-se » Escola viva » O (en)canto das letras » Aldeia global » Reportagem Etc... » Curiosidades » Um ano ilustrado » Etc, etc, etc...

Editorial por Maria José Ascensão (Presidente da C.A.P.)

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presento-vos o último número do Etc deste ano escolar, último e muito especial. Confesso que esta edição me toca particularmente. Sendo agrupamento de referência para alunos cegos e com baixa visão bem como para alunos portadores de multideficiência, entendemos fechar o ano com chave de ouro, dedicando esta edição à educação especial. Somos um agrupamento de escolas inclusivo e todos os dias procuramos melhorar o nosso desempenho para termos efectivamente escolas abertas a todos e para satisfazer as necessidades de todos os alunos, em especial daqueles que apresentam necessidades educativas especiais, escolas onde todos se sintam bem, onde apeteça estudar e trabalhar. Agora que, no nosso país, se fala tanto em inclusão, importa não ficar somente pelas palavras, pela criação de normativos. É necessário que haja correspondência na acção. O princípio da educação inclusiva requer equipas

multidisciplinares, condições que facilitem a diversificação das práticas pedagógicas e uma mais eficaz gestão dos recursos especializados disponíveis, visando a melhoria da intervenção educativa, garantindo sempre o princípio da equidade educativa e da igualdade de oportunidades, assentes numa gestão das diversidades (DL 3/2008). Partilhamos uma visão humanista da escola e centrada no desenvolvimento da pessoa. Por isso, acreditamos que o grande desafio do século XXI é investir na educação, de cada indivíduo, de maneira que este seja cada vez mais capaz de exprimir, afirmar e desenvolver o seu próprio potencial humano. Na escola pública cada um deve encontrar igualdade de oportunidades de acesso, mas, sobretudo, igualdade de oportunidades de sucesso. A excelência da escola reside essencialmente na sua capacidade de educar e integrar, de abrir caminhos alternativos, de respeitar a individualidade de cada um. Não deixar ninguém de fora é o nosso princípio. Os cerca de cem alunos com necessidades educativas especiais e os dezoito docentes especializados traduzem bem o peso da educação especial no nosso

agrupamento. Ao longo deste ano, foram muitas as iniciativas e as actividades desenvolvidas e o balanço altamente positivo. Não podendo mencionar todos, esta edição do nosso jornal dá conta de algumas das actividades e dos projectos mais significativos, com impacto na sensibilização para a problemática da deficiência visual, bem como para o desenvolvimento do sentido de responsabilidade, cooperação e cidadania na comunidade escolar e na inclusão de alunos com multideficiência. Destacamos o Clube Braille, o Clube do Brinquedo Adaptado, a Oficina das Construções Tácteis, o Desporto adaptado (Goalball), os projectos de qualidade apresentados a concurso, os “Sábados Especiais”, entre outras iniciativas em que os nossos alunos nos deixaram orgulhosos da sua participação activa. Temos também uma referência ao excelente trabalho das duas Unidades de Apoio à Multideficiência e das terapias específicas, sem esquecer a formação em literacia Braille, que tanto entusiasmou os professores não especializados. O Etc registou alguns testemunhos de pais e encarregados de educação e espera que a participação se torne cada vez mais regular e intensa. (continua na página seguinte)


Destaque..........................................................................

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

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«A escola da discriminação deu lugar à escola da integração; a escola da homogeneidade deu lugar à escola da diversidade.» Bautista Jiménez (1997). Na escola de hoje, temos de aprender a conhecer, a fazer, a ser, mas também a viver juntos, aprender a viver com os outros e com as suas diferenças. A escola do presente carece da realização de projectos inovadores, da construção de redes de trabalho e de estímulos à cooperação. O Etc esteve atento e fez a reportagem da cerimónia da entrega de prémios da 8ª edição do Concurso Escola Alerta: acessibilidades a todos, promovida pelo Instituto Nacional de Reabilitação, em que o nosso projecto “Brinquedo Adaptado” ganhou o primeiro prémio a nível distrital. Foi um óptimo exemplo de criatividade, inclusão e cooperação. Parabéns, muito merecidos, a toda a equipa liderada pela professora Ana Rodrigues. As inovações são o resultado das micromudanças com capacidade para desfazer/refazer e desconstruir rotinas e práticas e estão ao nosso alcance, especialmente se trabalharmos cooperativamente. Parece que estamos no bom caminho. O recente relatório do programa de acompanhamento da Educação Especial realizado pela IGE, incidindo no planeamento e organização da educação especial e nas respostas educativas e resultados dos alunos, deixa-nos uma significativa lista de aspectos positivos, dos quais salientamos a aposta na qualificação e valorização dos recursos humanos através da realização de acções de formação interna para docentes e pessoal não docente, a cooperação com instituições locais, o rigor e a clareza na explicitação das medidas educativas a implementar, [...Chegámos ao fim de um ano duro e difícil, que nos pôs à prova, nos trouxe grandes dificuldades, mas também muitas alegrias e sucessos, um ano que nos aproximou enquanto comunidade, agora mais numerosa e diversificada...] contidas nos Programas Educativos Individuais, o envolvimento na promoção de respostas educativas diferenciadas e adequadas às necessidades educativas especiais dos alunos e o grau de satisfação dos pais e encarregados de educação em relação ao serviço educativo prestado. Claro que haverá sempre lugar a medidas de melhoria da acção educativa para prosseguirmos o objectivo de assegurar as condições adequadas ao sucesso de todos e de cada um. A Declaração de Salamanca (1994) considerou as escolas regulares "...os meios mais capazes para combater as atitudes discriminatórias, criando comunidades abertas e solidárias, construindo uma sociedade inclusiva e atingindo a educação para todos". Levamos essa missão muito a sério. Preocupamo-nos em assegurar a oferta (ainda insuficiente) de respostas para a vida pós-escolar, integração profissional e em centros de emprego apoiado ou de actividades ocupacionais. Ficamos, por isso, muito satisfeitos com a entrada dos alunos com necessidades educativas especiais no ensino superior ou na vida activa e no contacto que continuam a manter connosco. É muito bom sinal. Como vem sendo habitual, destacamos, nesta edição, uma das escolas do agrupamento: o Jardim de infância da Vitória, que todos poderão ficar a conhecer melhor. Este número contém muitos outros artigos, notícias e reportagens, a não perder. Chegámos ao fim de um ano duro e difícil, que nos pôs à prova, nos trouxe grandes dificuldades, mas também muitas alegrias e sucessos, um ano que nos aproximou enquanto comunidade, agora mais numerosa e diversificada. Deixo uma palavra de estímulo a todos para que porfiem e acreditem que, juntos, podemos fazer uma Escola melhor e mais inclusiva. Votos de boas férias, com boas leituras, claro.

O desporto para os alunos com N.E.E. por Andreia Canedo (Coordenadora do Desporto Escolar)

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endo a nossa escola, uma escola de referência na educação especial onde a inclusão de alunos com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) está presente, o desporto não pode, de modo algum, dissociar-se desta referência. Pelo segundo ano consecutivo e desde que a escola reiniciou com os grupos/equipas do desporto escolar, foi prioridade na selecção das modalidades escolher duas que pudessem acolher estes alunos permitindo assim, uma integração mais rápida no seio educativo, uma elevação do nível funcional das capacidades coordenativas e condicionais gerais básicas e essencialmente incutir o gosto pela prática desportiva, tão importante para estas crianças.

Os nossos filhos e a escola por Maria Helena Dias ( Encarregada de Educação)

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omos pais de duas crianças com necessidades educativas especiais. A mais velha tem surdez grave/severa bilateral confirmada aos seis anos e o mais novo nasceu com um síndrome, que para além de um quadro de baixa visão possui também nanismo dos membros superiores e inferiores, provocando uma baixa estatura. Desde o seu nascimento que nos desdobramos em consultas médicas, terapias, operações, apoios técnicos, quais os direitos e principalmente como vão integrar-se e serem incluídos numa sociedade que não está minimamente preparada para receber alguém com necessidades diferentes daquelas que estão estabelecidas como “normais”. O seu primeiro grande passo era a escola, daí a necessidade de conhecer e juntar todos os intervenientes neste processo, de forma a perceber quais os seus direitos e deveres, antecipar obstáculos e eliminá-los e proceder a uma integração e inclusão no meio escolar com sucesso. Durante todo este processo, foram surgindo outro tipo de obstáculos que não estavam previstos, por nós pais; a escola não mostrava interesse em resolver a maior parte dos problemas mas, pelo contrário, atrasavam a todo o processo com desculpas de que o Estado não dá, a escola não está preparada a reunião do Conselho pedagógico foi adiada, a escola não pode passar por cima das Direcções Regionais nem do Ministério, nem todos nascemos para chegar mais longe, etc, etc. Paralelamente, confirmava-se a surdez bilateral da nossa filha mais velha, que obrigou a aparelhá-la e a sinalizá-la na escola. Depois de um longo caminho percorrido e de uma experiência mais negativa que positiva no que respeita à escola e a integração/inclusão dos nossos filhos no sistema de ensino, quando nos falaram em mudar o nosso filho para uma escola de referência da visão, em vez de nos entusiasmarmos com a sugestão, pelo contrário, ficamos de “pé atrás”. Surgiram muitas dúvidas. Não podíamos ter um filho em cada escola porque geograficamente e logisticamente era impossível; e se em vez de se adaptar se refugiasse no grupo dos alunos com problemas de visão e fugisse daqueles com quem sempre conviveu; e se as ajudas técnicas não fossem as anunciadas; e como reagiria a irmã que teria de mudar de escola a meio de um ciclo, numa idade complicada e sem apoios para alguém com baixa audição. Como nunca tomamos decisões sem ponderarmos todos os ângulos e, para além disso, eles já se encontravam numa idade em que a sua opinião seria o factor de mais peso, decidimos visitar a escola e levar o nosso filho connosco. Desde o dia em que telefonei para a escola para marcar a visita até hoje, podemos dizer que estamos muito satisfeitos. Ele adorou a escola e todas as pessoas que nos receberam. Nós também gostamos da forma como fomos recebidos e como a conversa com todos os intervenientes foi clara, objectiva e prática. Podemos dizer que os dois se integraram muito bem, foram tomadas todas as diligências para que se sentissem incluídos. Houve uma preocupação genuína com o problema de surdez da nossa filha e como poderiam ajudá-la. Os Planos Educativos Individuais foram ajustados, melhorados e foram postos em prática. São feitos ajustes sempre que necessário e pelo actual comportamento dos nossos filhos estamos certos de ter tomado a melhor decisão. Nunca pedimos mais nada para além daquilo que os nossos educandos têm direito e sabemos que temos hoje nesta escola um parceiro que juntamente connosco todos os esforços farão para dar a todos o acesso às mesmas oportunidades.

Quanto ao Desporto Adaptado, optou-se por esta modalidade, de forma a permitir um desenvolvimento mais individual da capacidade de cada um e de acordo com a deficiência. Estes alunos apenas puderam contar com alguns encontros, sem carácter competitivo, onde experimentaram disciplinas do atletismo, jogos tradicionais, workshops de expressões, brinquedos adaptados, jogos didácticos, etc. No que diz respeito ao Goalball, direccionada apenas para alunos cegos e de baixa visão, os encontros foram mais frequentes, tendo havido competição. A grande maioria dos alunos que integraram este grupo, participaram pelo segundo ano consecutivo nos treinos o que revelou uma evolução notória no desenvolvimento das suas capacidades. O ano passado e o facto de não existirem escolas a oferecer esta modalidade, os nossos alunos não puderam competir com outras escola. No entanto este ano, foram cinco as escolas com a modalidade, o que permitiu elaborar um quadro competitivo.

Joaquim Miguel (Aluno do 6ºC, da E.B.S.R.F.)

(continuação da página anterior)

As “Storas” Aura e Ana

Mil escolas como esta por António Brandão (Professor da EBSRF)

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m dia um mestre que encontrei nas deambulações da minha vida mostrou-me esta analogia: “Dar aulas é como jogar à sueca. Independentemente do jogo que tivermos, temos sempre de tentar ganhar o maior número de pontos possível.” Assim são também os alunos que encontro nas escolas por onde passo. São sempre diferentes. Essa diferença deve ser considerada para que se respeite cada aluno, e para que consigamos ajudar cada aluno a realizar os seus sonhos. Assim, estaremos a jogar bem; assim, estaremos a obter o maior número de pontos possível com cada aluno; assim, ajudá-los-emos a realizar os seus sonhos, mostrando-lhes que será através das suas próprias capacidades e esforços que cada um, por si próprio, e com a nossa ajuda, lá chegará. Esta é uma prerrogativa inalienável que defendo enquanto profissional de educação. [...Mil escolas como esta, e todos poderíamos sentir melhor o gosta de “ir para a escola”, o prazer de investir cada dia do nosso trabalho como uma entrega viva de prazer pela vida...] Mas, diferentes são também as escolas. Esta escola tem um cantinho que, talvez muita gente ainda não saiba o que por lá se passa. Esse cantinho é uma sala, a sala SAP. A sala SAP é a sala mais alegre desta escola. Lá encontramos outro mundo, um outro e melhor mundo. Porquê? Porque na sala SAP não se vai lá para simplesmente estar, vai-se lá, e quando lá se entra, damos. Damos o que temos de mais original. O que temos de mais belo sai de nós de forma incontrolável, totalmente, naturalmente, sem esforço, sem que reparemos que estamos a dar. Damos e recebemos sempre alegria, risos, sorrisos contagiantes, abraços, elogios. Na sala SAP estão profissionais de educação que ganham todos os jogos que jogam, independentemente do jogo que tenham nas mãos. A sala SAP é a sala do sol, do colorido, do riso, da vida, da magia, da festa, do plural. Mil escolas como esta, e todos poderíamos sentir melhor o gosto de “ir para a escola”, o prazer de investir cada dia do nosso trabalho como uma entrega viva de prazer pela vida. A maciez de um olhar de uma criança da sala SAP e ganhei o dia.

Dos três encontros realizados, os nossos alunos conseguiram obter excelentes resultados, em que por duas vezes ficaram em segundo lugar e no último encontro obtiveram um honroso primeiro lugar. Ao longo deste ano, ainda pudemos contar com a participação de dois alunos de baixa visão no Corta-Mato Escolar. Para estas crianças o desporto é fundamental, pois nalguns casos, a pratica desportiva permite-lhes ultrapassar barreiras que com uma vida sedentária dificilmente seriam ultrapassadas.


......................................................... Diferentes como nós [...a inclusão educativa e social de crianças e jovens com necessidades educativas especiais de carácter permanente, promovendo a igualdade de oportunidades e garantido o acesso e o sucesso educativo, a sua autonomia e estabilidade emocional...] constam no referido DL, que passo a citar:

A Educação Especial por Rosa Manuela (Professora da EBSRF)

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- Assegurar a observação e avaliação visual e funcional dos alunos; - Assegurar o ensino e a aprendizagem da leitura e escrita do braille bem como das suas diversas grafias e domínios de aplicação; - Assegurar a utilização de meios informáticos específicos, entre outros, leitores de ecrã, software de ampliação de caracteres, linhas braille e impressora braille; - Assegurar o ensino e a aprendizagem de Orientação e Mobilidade; - Assegurar o treino visual específico; - Orientar os alunos nas disciplinas em que as limitações visuais ocasionem dificuldades particulares, designadamente a Educação Visual, Educação Física, Técnicas Laboratoriais, Matemática, Química, Línguas Estrangeiras e Tecnologias de Comunicação e Informação; - Assegurar o acompanhamento psicológico e a orientação vocacional; - Assegurar o treino de actividades de vida diária e a promoção de competências sociais; - Assegurar a formação e aconselhamento aos professores, pais, encarregados de educação e outros membros da comunidade educativa.

Educação Especial tem por objectivo a inclusão educativa e social de crianças e jovens com necessidades educativas especiais de carácter permanente, promovendo a igualdade de oportunidades e garantido o acesso e o sucesso educativo, a sua autonomia e estabilidade emocional. Todos estes objectivos têm como finalidade a preparação deste tipo de alunos para o prosseguimento de estudos ou para uma adequada preparação para a vida profissional e/ou social. É o DL n.º 3/2008, de 7 de Janeiro, que define o grupoalvo da Educação Especial, a organização da Educação Especial, os objectivos, e medidas educativas de forma a dar resposta às necessidades educativas especiais dos alunos abrangidos por este decreto. Assim, o Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas, integra um conjunto de Escolas de Referência para a Educação de Alunos Cegos e com Baixa Visão (alínea b) do nº 2 do artigo 4º do DL nº 3/2008 de 7 de Janeiro), nomeadamente a Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas e a Escola Básica do 1º ciclo e Jardim de Infância da Torrinha, pelo que concentra um número significativo de crianças e jovens com esta deficiência, bem como um grupo de professores com formação especializada em Educação Especial no domínio da Visão. Estes professores desenvolveram o seu trabalho de forma a garantir as adequações necessárias ao processo de ensino e de aprendizagem respondendo às necessidades educativas especiais destes alunos, com vista a assegurar a sua participação nas actividades da turma e da comunidade escolar.

- Criação do clube de Braille, designado por Clube “Ponto por ponto”, frequentado com grande entusiasmo por alunos de baixa visão e normovisuais de 5º, 6º e 7º anos, onde aprenderam a manusear a máquina Braille, a leitura (visual) e escrita Braille e elaboração de material Braille ou adaptado à Deficiência Visual

Foram objectivos desta escola de referência os que

- Participação no 7º Campeonato Nacional de Jogos

Ao longo do ano lectivo, com a colaboração de toda a comunidade escolar, docentes e auxiliares de acção educativa deste Agrupamento, em particular a Comissão Administrativa Provisória (CAP), foi possível a participação dos alunos cegos e com baixa visão num conjunto de actividades, que contribuíram para um maior envolvimento destes alunos com os seus pares, bem como sensibilizar a comunidade escolar para viver e conviver com a diferença. De realçar as seguintes:

Matemáticos cuja final se realizou no dia 18 de Março de 2011, em Lisboa, no Instituto Superior de Engenharia de Lisboa (ISEL). - Participação dos alunos que frequentaram o Clube “Ponto por ponto”, numa formação organizada pelo Gabinete de Acompanhamento à Educação Especial da DREN, incluída nos “Sábados Especiais”, que decorreu na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto, no dia 21 de Maio de 2011. - Participação em actividades do Desporto Escolar Adaptado, Goalball …… - Participação em todas as actividades desenvolvidas pela escola e em visitas de estudo realizadas pelas turmas onde estavam inseridos. No que diz respeito ao envolvimento dos professores do Agrupamento é de realçar as seguintes actividades: - Curso de formação “Semiologia Braille a literacia ponto por ponto” organizada pelo Centro de Formação de Escolas do Porto Ocidental, com a duração de 25horas, frequentada por 28 professores dos vários níveis de ensino. - Participação de todos os professores de Matemática do Agrupamento numa sessão de formação sobre a “Simbologia Braille da Matemática - sua implicação no processo de ensino e aprendizagem de alunos cegos”. É a eficácia das atitudes orientadoras e cooperantes por parte da CAP, com todos os docentes de Educação Especial, que torna possível promover mais e melhores condições para o acesso e sucesso social e educativo dos alunos cegos e com baixa visão deste Agrupamento.

A escola inclusiva por Aura Maia (Professora da EBSRF)

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egundo a Lei de Bases do Sistema Educativo, o princípio regulador da Educação Especial visa a inclusão socioeducativa dos alunos com Necessidades Educativas Especiais (N.E.E.) devidas a deficiências físicas e mentais, através de actividades dirigidas aos educandos e de ações dirigidas às famílias, aos educadores e às comunidades. A escola inclusiva está alicerçada no princípio de que nenhum aluno é ineducável, e que todos os alunos conseguem aprender. Na escola inclusiva, os alunos com ou sem Necessidades Educativas Especiais aprendem juntos, num meio, o menos restritivo possível, em total interação com colegas e professores, que é considerado o mais adequado para o seu desenvolvimento cognitivo, afectivo e social. Através de uma boa organização escolar, de currículos adequados, de estratégias pedagógicas, da utilização de recursos, a escola inclusiva deve satisfazer as diferentes necessidades dos seus alunos, respeitando os vários estilos e ritmos de aprendizagem.O currículo deve permitir o confronto cultural entre as diferentes interpretações do mundo de cada aluno do grupo- turma, porque uma turma constitui um conjunto multifacetado de indivíduos. A colocação dos alunos com N.E.E. nas escolas regulares transforma a escola num espaço comum, que implementa a abordagem educacional facilitadora da aprendizagem, desvinculada de rótulos e diagnósticos e, acima de tudo, que investe nas possibilidades do educando e não nas suas deficiências e limitações.O aluno com N.E.E. não pode ser considerado um indivíduo “não- normal” que é colocado na sala regular para imitar os colegas e conseguir os mesmos objectivos. A Educação Especial não tem como objectivo a disciplinarização da diferença. A diferença não pode ser vista como uma anomalia, mas como uma singularidade, e exige a toda a comunidade educativa uma profunda

compreensão do funcionamento psicológico do aluno, do modo como se relaciona consigo mesmo, com os outros, com a família e com o mundo que o rodeia. Deste modo, a educação inclusiva exige a implementação de um ambiente de aprendizagem seguro, acolhedor e agradável que desenvolva expectativas positivas dos alunos. O tipo de relação que o aluno com N.E.E. estabelece com a escola resulta da qualidade das interações quotidianas que ele estabelece com ela e, por consequência, da projeção de sentimentos positivos ou negativos que o aluno vai fazendo sobre as pessoas,os objetos e as suas relações com os outros e consigo mesmo. A escola tem de constituir-se como um valor para o aluno com N.E.E., para que o aluno tenha vontade de voltar a ela todos os dias. A escola inclusiva deve adoptar uma atitude de compreensão e empatia para com os pais dos alunos com N.E.E. e deve considerar que, numa família onde existe uma pessoa com deficiência, a vida de todos os elementos do agregado familiar é afectada por essa deficiência e considerá-la uma família com necessidades específicas. A participação da família no processo de desenvolvimento do aluno é muito importante.A escola deve motivar a família a ser um interveniente activo no processo de ensino/aprendizagem do aluno, cooperando com os outros intervenientes envolvidos, de forma construtiva e não permitir que este intervenha apenas como gestor de recursos materiais do seu educando . O professor de Educação Especial, bem como os professores do Ensino Regular, para além das competências profissionais, necessitam possuir um conjunto de valores éticos e humanos de forma a aplicálos nas relações interpessoais com o aluno, para que, “ser diferente” não seja considerado um estigma mas, antes, um ponto de partida para estimular potencialidades.

[...possuir um conjunto de valores éticos e humanos de forma a aplicá-los nas relações interpessoais com o aluno, para que, “ser diferente” não seja considerado um estigma mas, antes, um ponto de partida para estimular potencialidades...] A Escola inclusiva não pode ser inclusiva e existir numa sociedade que não o é, sob pena de os alunos com N.E.E, concluída a sua escolaridade, serem condenados ao vazio existencial. A escola não pode pactuar com esta contradição: a escola deve educar o aluno para a vida em sociedade nas suas várias dimensões: saúde, educação, lazer e trabalho, mas a sociedade não pode continuar a considerá-lo um não-cidadão, negando-lhe o direito ao trabalho, a independência, a legitimação da sua sexualidade, o direito a uma auto-imagem preservada de estigmas. Os agentes educativos têm de orientar-se pelo princípio de que no processo educativo do aluno com N.E.E. o que é importante é a pessoa e que a deficiência é apenas um aspecto da sua vida, sob pena de se deixarem cair no conformismo e na apatia e, por consequência, na ausência de expectativas em relação ao aluno. O modo como uma escola lida com os problemas suscitados pela presença dos alunos com N.E.E. reflete o conceito que essa escola tem de dignidade humana, e o entendimento que faz de um sistema educacional justo e ético, alicerçado nos valores da autenticidade, do reconhecimento dos outros, da justiça, da vontade de entendimento, da tomada de consciência, da coerência e da responsabilidade.

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Destaque.......................................................................... Centro de Recursos para a Inclusão pela equipa técnica do CRI-APPC

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

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CRI (Centro de Recursos para a Inclusão) operou no Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas com as valências de Fisioterapia, Terapia da Fala, Terapia Ocupacional e Psicologia, apoiando alunos das Unidades de Apoio Especializado para a Educação de Alunos com Multideficiência e Surdocegueira Congénita (UAEEAMSC), alunos com Necessidades Educativas Especiais, alunos com baixa visão e nos Planos Individuais de Transição para a vida adulta. O objectivo do CRI é apoiar a inclusão das crianças e jovens com deficiências e incapacidade, através da facilitação do acesso ao ensino, à formação, ao trabalho, ao lazer, à participação social e à vida autónoma, promovendo o máximo potencial de cada indivíduo. Decorrente deste objectivo geral, os técnicos do CRI trabalharam em contexto escolar, em cooperação com os docentes e auxiliares de acção educativa, no sentido de potencializar ao máximo as capacidades de cada aluno, tendo em conta as dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social, de acordo com a especialidade de cada área (FT, TF, TO, Psic). A intervenção contemplou o apoio na avaliação das situações de capacidade por referência à Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), apoio na elaboração, implementação e monitorização dos programas educativos individuais, criação de materiais de para auxilio ao desempenho a c a d é m i c o e p a r t i c i p a ç ã o n a v i d a e s c o l a r, consciencializar a comunidade educativa para mudar alguns procedimentos de modo a permitir a inclusão dos alunos, formação continua dos docentes e auxiliares de acção educativa. Além destes foram também monitorizados os planos individuais de transição para a vida pós escolar através de reuniões com os alunos, encarregados de educação e parceiros da comunidade no sentido de alargar a participação para o contexto externo, promovendo a autonomia e procurando interesses para alguns níveis de qualificação profissional, quando possível. De um modo geral, o CRI-APPC, desempenhou um papel de extrema importância uma vez que os técnicos especializados permitiram, através da sua valência, colmatar áreas que o pessoal docente e não docente não dominam e carecem de formação. Além deste facto, possibilitam a complementaridade e trabalho transdisciplinar, tendo como única referencia o aluno individual, de modo a serem trabalhadas todas as competências segundo as mesmas estratégias e procedimentos, o que acelera a aquisição de objectivos.

por Fernando Jorge Alves Correia (Professor da EBSRF)

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omo é do conhecimento de todos, foram instituídas as chamadas "escolas de referência" para alunos cegos e com baixa visão. No DL. 3/2008, de 7 de Janeiro, são definidas como estabelecimentos de ensino vocacionados para a educação de alunos cegos e com baixa visão que "concentram as crianças e jovens de um ou mais concelhos, em função da sua localização e rede de transportes existentes" (Artigo 24º, nº 1.), constituindo "uma resposta educativa especializada desenvolvida em agrupamentos de escolas ou escolas secundárias que concentrem alunos cegos e com baixa visão" (nº 2.). Perseguem objectivos (de acordo com o nº 3 do mesmo Artigo) que vão desde o apoio ao ensino do sistema braile e à utilização de equipamentos informáticos, ao aconselhamento a professores e encarregados de educação, passando pela avaliação e pelo diagnóstico das limitações da visão. Nos números seguintes do mesmo artigo o Estado compromete-se a concentrar recursos humanos e materiais em agrupamentos de escolas e escolas secundárias para levar a cabo estes objectivos, competindo aos respectivos órgãos de gestão "organizar, acompanhar e orientar o funcionamento e o desenvolvimento da resposta educativa adequada à inclusão dos alunos cegos e com baixa visão" (nº 8.). Se o Estado assume esta resposta educativa como garante da verdadeira inclusão (com o que nem todos concordam, mas não é esta a oportunidade para falarmos sobre a divergência de opiniões), concordaremos que, para os pais, será uma sobrecarga, tanto económica como afectiva, ter os filhos a frequentar uma escola afastada da sua área de residência. Por outro lado, consideramos que, pela nossa experiência, não é favorável a um desenvolvimento harmonioso a existência isolada numa escola de uma criança cega. Esses alunos, em geral, são superprotegidos, não assumem as suas dificuldades e a comunidade educativa encara-os, muitas vezes, de forma verdadeiramente inadequada. Os próprios alunos, sem terem um factor de comparação, bastantes vezes não conseguem posicionar-se e agir correctamente face ao mundo que os rodeia. Apenas alguns exemplos: conhecemos jovens cegos que, com vinte anos, não andam sozinhos na rua. Outros não têm amigos entre os pares fora da escola e, mesmo na escola, os colegas parecem existir apenas para ajudar e não para conviver. A própria comunidade como que se contenta com tudo que estes alunos fazem, seja muito ou pouco.

Esperamos convictamente que as escolas de referência venham resolver parte destes problemas. Permitirão que os alunos convivam, ao mesmo tempo, com alunos cegos e normovisuais, que possam comparar-se com uns e outros, que percebam que há lugar para todos no mundo e que todos juntos poderão participar civicamente na dinamização da comunidade escolar. Por outro lado, estas escolas serão um lugar privilegiado para investigação na área da deficiência visual. Se investigação falta no nosso país, deveremos aproveitar também esta possibilidade que se nos abre.

Unidade de apoio à Multi-deficiência por Susana Quintas (Professora da UAM da Torrinha)

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a reunião de início de ano lectivo, fiquei estupefacta ao ver tantos colegas, éramos mesmo um mega agrupamento! Muitos pensamentos surgiram, mas um prevaleceu, “ será que sabem que na nossa escola Torrinha, há uma Unidade de apoio à Multi-deficiência?”O pensamento pairava no ar, o tempo foi passando e eis que chega o momento. Afinal é para isso que serve o nosso jornal “ETC.” Segundo as normas orientadoras, as unidades, são um recurso pedagógico especializado dos estabelecimentos de ensino regular do ensino básico, constituindo-se como resposta educativa diferenciada que visa apoiar a educação de alunos com multi-deficiência e com surdo cegueira congénita, fornecendo-lhes recursos, meios diversificados e experiências de sucesso. A nossa Unidade é um recurso educativo especializado para dar resposta aos alunos com multi-deficiência matriculados nas turmas da nossa escola. É frequentada por sete alunos com idades compreendidas entre os 6 e 10 anos e com deficiências muito diversificadas, o que pressupõe que a inter venção especializada, individualizada e personalizada seja centrada em cada aluno, tendo como objectivo, desenvolver competências a nível da comunicação, socialização e autonomia. Nada seria possível sem os recursos materiais e grupo mutidisciplinar do qual fazem parte; dois professores especializados, duas assistentes operacionais, terapeuta de fala, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta e apoio de psicologia. É com a ajuda, perspicácia e empenho de todos, que o f e r e c e m o s a o s n o s s o s a l u n o s b e m - e s t a r, aprendizagem e qualidade de vida! E como uma imagem vale por mil palavras podem conhecer-nos melhor no site da nossa escola.

Orientação e mobilidade por Filipe Soares (Professor de Educação Especial - Orientação e Mobilidade) Transportes Públicos da Área Metropolitana do Porto

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Escolas de referência para alunos cegos e com baixa visão

m dos conteúdos abordados este ano lectivo pelos alunos cegos na Disciplina de Orientação e Mobilidade, foi o conhecimento e a autonomia no âmbito da utilização dos transportes públicos na cidade. O desenvolvimento de um programa de orientação e mobilidade permite que sejam desenvolvidas técnicas para que o deficiente visual consiga responder da melhor forma sem precisar de ajuda de terceiros. Enquanto utilizador dos transportes públicos, o deficiente visual está integrado no que se designa por “utente com mobilidade reduzida”. Esta categoria engloba pessoas com deficiências sensoriais ou motoras, idosos, grávidas ou até mesmo pessoas com limitações temporárias. No meio citadino, o deficiente visual é alvo de uma agressividade e pressão devido às constantes mudanças existentes o que exige dele uma constante actualização no que toca aos referenciais que o meio transmite. Existem diversas dificuldades que são sentidas pelos deficientes visuais nas estações de transporte como a existência de obstáculos que se localizam fora da área de alcance das bengalas como são exemplo: obras sem avisos ou barreiras, escadas e desníveis sem aviso tácteis ou mesmo no exterior das estações a existência de passadeiras sem identificadores ou sinalização sonora. Numa cidade como o Porto existem diversas formas de viajar de um lugar para o outro. Os transportes públicos

são uma mais-valia para esses deslocamentos. E como ensinar/treinar com o aluno Deficiente Visual nestes espaços? Numa estação de transporte, a informação deve ser dada ao aluno de uma forma simples e clara com o objectivo de conseguir assimilar todos os conteúdos necessários. Para que um aluno se torne autónomo deverá antes ser acompanhado diversas vezes para que consiga assimilar por completo o percurso que deverá realizar e nunca ter dúvidas. Este trabalho deve fazer com que o aluno vivencie todas as situações possíveis nos transportes públicos. No final o aluno deverá: - Saber localizar a paragem; - Saber entrar e sair do transporte; - Conhecer a zona de validação dos títulos; - Conhecer o interior do transporte, a disposição dos bancos, portas de saída e ainda os locais onde deverá carregar para pedir paragem; - Conhecer as paragens que se situam entre a paragem de entrada e de saída; Deverá também conseguir realizar o percurso em vários transportes. Nos transportes públicos da área metropolitana do Porto, nomeadamente no metro e comboio, existem alguns inconvenientes para os deficientes visuais. No que toca a estes dois meios de transporte verificamos que, os comboios deveriam efectuar a paragem sempre no mesmo local, desta forma, evitava que o deficiente visual tivesse que andar sempre em busca da porta, e poderia

[...desenvolvimento de um programa de orientação e mobilidade permite que sejam desenvolvidas técnicas para que o deficiente visual consiga responder da melhor forma sem precisar de ajuda de terceiros...]

assim determinar um ponto de referência onde saberia que iria encontrá-la. Outra das situações que poderiam ser melhoradas era a existência de um estímulo sonoro quando a porta se estivesse a abrir. A falta desse estímulo origina que o deficiente visual tenha que procurar a porta originando uma clara perda de tempo que, consequentemente, faz com que o indivíduo não tenha tempo de entrar no veículo. Ainda em relação ao estímulo sonoro, durante as viagens, as pessoas deveriam ser sempre informadas das paragens em que se encontram, visto que por vezes, a falta dessa informação cria no deficiente visual uma desorientação espacial grande, pois não saberá em que paragem deverá sair. Um aspecto que se deveria ter em conta era a existência de linhas com relevo de forma a saber onde se encontra o limite do passeio e o início da linha. E inexistência destas linhas, poderá por vezes criar situações de embaraço como a queda do aluno na linha. Este ano lectivo os alunos que vivenciaram esta experiência demonstraram grande empenho e motivação nas actividades propostas o que reflecte a importância da Orientação e Mobilidade para o alcance da autonomia dos alunos com deficiência Visual.


......................................................... Diferentes como nós [...Aprender Braille foi algo completamente louco para mim, pela vontade que despertou e pela rapidez com que o consegui absorver. Num sistema de seis pontos é possível redigir todas as letras, números, pontuação, etc...]

Aprender Braille por Daniela Pinto (Núcleo de Estágio de Biologia e Geologia 2010/2011)

Alírio Almeida (Aluno do 7ºC, da E.B.S.R.F.)

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panorama de entrar numa sala de aula e deparar-me com uma aluna cega, ficará sempre na minha memória. Este foi, sem dúvida, o motor de um novo desejo: iniciar uma etapa de estudos, desenvolvendo pesquisas com alunos cegos e de baixa visão, que possibilitem a concepção de meios que ajudem na inclusão destes alunos nas nossas escolas e no seu processo de ensino e de aprendizagem. Contemplar uma aluna, Ana Rita, com cegueira congénita, numa turma de vinte e poucos alunos, fez-me reflectir sobre quantas Ana Ritas teremos nas nossas escolas… uma experiência que não esperava ter neste ano de estágio, e que me guiou na aprendizagem da escrita Braille e no desenvolvimento de um trabalho individualizado, onde a aluna seria sempre igual aos seus colegas. Aprender Braille foi algo completamente louco para mim, pela vontade que despertou e pela rapidez com que o consegui absorver. Num sistema de seis pontos é possível redigir todas as letras, números, pontuação, etc... Mas, permitam-me que fale um pouco sobre a Ana Rita, por tratar-se de uma aluna que me fascina cada vez mais. Fascina-me pela conformidade que tem, perante a sua condição. Com uma personalidade forte e muito demarcada, tem como cor preferida o azul. Usa óculos, tem um pequeno piercing no dente e uma tatuagem com a sua inicial e com a da mãe; a Rita é, sem dúvida, a aluna mais vaidosa da turma, sendo ela própria que escolhe as suas roupas e o calçado que traja. É fantástica a sua capacidade de orientação, e mais ainda a circunstância de ela mesma guiar os seus colegas, igualmente cegos, até à sala de Braille. Sempre sorridente e bem-disposta, tem sempre algo para contar; é uma aluna normal, que apenas nasceu sem a dádiva da visão. Para desenvolver uma relação próxima com a Ana Rita, há um pormenor, muito importante, que lhe vai permitir ver as pessoas. Numa das primeiras aulas a Ana Rita tocou os meus cabelos para ter noção se eram curtos, compridos, lisos ou encaracolados, apenas me perguntando a sua cor. Não imaginam, mais tarde, o choque quando descobriu o meu novo cabelo curto, dizendo que comprido ficava melhor. Mexe nas unhas, nos adereços, na roupa… é este toque, o tacto, que lhe permite ver e aparentemente criar uma imagem da pessoa na sua mente. É assim que consegue ler uma história ou ter noção das diferentes formas e texturas. Daí que ao aproximarmo-nos dela temos de nos sentir à vontade e permitir esta proximidade física. Convido cada um a aprender o alfabeto Braille em Português, apenas para ter a noção de como com onze pontinhos apenas se escreve a palavra CEGO.

“A Sala Mágica” por Ana Sousa (Professora da EBSRF) “- Onde fica a sala SAP? - perguntei eu. - A SAP?! - retorquiu, confuso, um auxiliar - Se calhar é a sala em frente do museu, a sala da Dr.ª Aura.”

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aquele dia subi as escadas do Rodrigues de Freitas, à procura da sala de aula, a sala SAP. Tinha um encontro marcado com o Alírio Almeida, um jovem aluno a quem eu iria ensinar a nossa estimada língua portuguesa. De degrau em degrau, de pensamento em pensamento, imaginava a sala de educação especial e, curiosamente, irrompeu o monstro Adamastor do fundo da minha mente. E se na sala existisse um monstro horrendo, assustador e esquálido que amedrontasse os que por ali se aventurassem? Afugentei as ideias: não era a hora de divagações poéticas! Entrei na sala. Hoje, escrevendo estas linhas a pedido do Director da revista “Incluir mais”, apercebi-me de que este pequeno momento, aparentemente sem sentido, é revelador da alma desta sala. De facto, algo de extraordinário acontece na SAP. Os alunos são seres fantásticos que alegram e iluminam os dias mais cinzentos. Logo pela manhã irradiam sorrisos e logo perguntam entusiasticamente: “Hoje podemos escrever um poema?”. Perante uma resposta positiva, logo se organizam, pesquisam, sugerem, escrevem, rectificam,

reformulam... Mas, o meu momento preferido é quando partilham. Lêem, com emoção e orgulho, os seus versos para que todos os possam apreciar e sentir. Na SAP as palavras não são letras encostadas às ideias, mas, sim, a própria vida repleta dos seus sabores e dissabores. Ali são Camões de pena em punho, são Pessoa e suas confusões, são poetas novos de Portugal. Certo dia, estava eu cansada e o meu aluno Joaquim Miguel rompeu pela sala adentro a entoar uma das suas onomatopeias, afirmei assertivamente que não poderia estar na sala, pois não iria ter aula ali e iria perturbar as actividades que estavam a decorrer. É aí que, usando a simplicidade das ideias, ele me respondeu dizendo “Stôra, deixe-me ficar aqui. Esta sala é mágica!”. E estava ali diante de mim a magia de toda a sala: o amor por aprender. A educação especial foi um verdadeiro desafio: a princípio, assustador porque, à semelhança do Adamastor, era um mundo desconhecido, mas, desde cedo, se revelou um lugar encantado, onde se aprende a compreender as coisas, a usar a criatividade, mostrar afecto e a participar no seio de um grupo. Para mim, em particular, é um mundo que me fez crescer profissionalmente pela exigência e pela constante adequação ao outro e emocionalmente pelo respeito pela diferença e pela riqueza dos afectos trocados. Não temo o desconhecido, pois tenho o exemplo da sala SAP, cujas iniciais me parecem sintetizar o que ali aflora diariamente: sabedoria, afecto e partilha. Sem dúvida de que existe uma Aura especial que nos envolve e nos guia quando ali entramos e, se limparmos os olhos turvos das rotinas diárias, só poderemos deixar-nos levar e viver este mundo maravilhoso.

Lingua gestual por Teresa Cunha (Coordenadora do JI da Vitória)

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ma das crianças do jardim de Infância da Vitória, está a aprender a linguagem gestual básica, e necessária no dia-a-dia e que tem interessado e entusiasmado todo o grupo que também tem estado a aprender uma outra forma de comunicar. Tem sido um grande sucesso e os Encarregados de Educação consideram esta aprendizagem muito positiva e interessante. Existe na sala um placard, onde são colocadas as imagens com o gesto assim como a palavra escrita; este placard é de fácil leitura para todos. Destaco o facto que para além da imagem com o gesto, o registo conter a palavra escrita e bolinhas consoante o número de sílabas que a palavra contém, o que torna esta actividade um momento de literacia muito importante para todas as crianças nesta fase do ensino pré-escolar. Todas as crianças andam entusiasmadíssimas com esta nova aprendizagem e tentam ensinar aos mais pequeninos e pais.

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Apresentação.........................................................................

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

Uma das salas

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O refeitório

Jardim de Infância da Vitória “Um Jardim com História”

por Teresa Cunha (Coordenadora do JI da Vitória)

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difício onde funciona o Jardim de Infância da Vitória foi legado á Junta de Freguesia da Vitória por José Caetano de Carvalho, falecido em 8 de Agosto de 1889, para nesta se estabelecer uma creche com o nome de Creche de Santa Ana e Santa Maria. Era seu desejo ser útil ás criancinhas de ambos os sexos até aos 5 anos de idade; receber, agasalhar e alimentar durante o dia e ainda trata-las de doenças passageiras não contagiosas. Existe no Jardim de Infância uma estátua com a imagem de Stª Ana esculpida por Teixeira Lopes, que inicialmente se encontrava num nicho à entrada da Creche, mas que actualmente se encontra dentro do edifício por ter sido alvo de tentativa de furto. O primeiro Regulamento Interno do Jardim de Infância/Creche de Stª Ana e Stª Maria data de 30 de Abril de 1908. Como curiosidades deste Regulamento gostaria de salientar: Horário - Abertura: meia hora antes da hora usual do inicio dos trabalhos na fábricas e oficinas e encerramento: meia hora depois do encerramento das mesmas; Deveres das mães: … que de algum modo faltem ao respeito ao pessoal ou se comportem inconvenientemente dentro do edifício serão repreendidas uma vez pela regente, pela segunda vez será o caso levado ao conhecimento da Junta que procederá como entender; As empregadas e seus deveres: … todas as empregadas devem ser sadias, bem morigeradas e trato afável, solteiras ou viúvas que não tenham filhos a cargo… A regente deve saber ler e escrever…; A alimentação: as crianças terão três refeições por dia: a primeira refeição será servida, nos meses de Março a Outubro, exclusive, das 7h às 8h da manhã e nos outros meses das 8h às 9h… As empregadas tomarão as refeições depois das crianças, mas fal-o-hão de modo que na sala fique sempre uma empregada. Este regulamento e o testamento são dois documentos que foram impressos em tipografias da Cidade do Porto e que constituem um olhar diferente da nossa sociedade dos finais do sec. XIX e inícios do sec. XX, vale a pena ler. Actualmente no nº 53 da Praça de Carlos Alberto funciona uma Creche da responsabilidade da Junta de Freguesia da Vitória e o Jardim de Infância com a Componente Lectiva da responsabilidade do ME e integrado no Agrupamento de Escolas Rodrigues de

Freitas e a Componente de Apoio à Família da responsabilidade da Junta de Freguesia da Vitória. O Jardim de Infância da Vitória serve a área geográfica da freguesia da Vitória, sendo de referir que para além dos alunos nesta residente, um número significativo provem das mais diversas localidades em virtude da área de trabalho dos Encarregados de Educação se situar na Freguesia. Situada num ambiente urbano e arquitectónico caracterizado por uma grande componente monumental e patrimonial.

O recreio No Jardim de Infância da Vitória as Crianças:

Tem espaços acolhedores

Vista da varanda de uma das salas

Caracterização do edifício escolar Construção antiga de 3 pisos.

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o r/c há uma casa de banho para as crianças e um corredor que dá acesso ao recreio exterior; este está apetrechado com escorregão, baloiço, cavalinhos e um pequeno coberto com caixa de areia (que não tem). Este recreio é contíguo ao edifício onde funciona a escola EB1 de Carlos Alberto e ao ATL da Junta de freguesia da Vitória. No 1º piso funciona a sala dos 4 anos com WC privativo e a sala dos 5 anos, virada para a Praça Carlos Alberto. São salas relativamente espaçosas e com luz directa. No 2º piso funcionam as salas dos bebés, dos 2 anos e a sala dos 3 anos e uma pequena copa. São servidas por duas casas de banho, uma para adultos e uma para crianças. No 3º piso funciona o refeitório, a cozinha uma lavandaria e o gabinete das Educadoras. Este piso é servido por uma casa de banho para crianças e uma outra para adultos.

Uma das salas

O refeitório


......................................................................J.I da Vitória A fazerem actividades que as ajudam a crescer…

O recreio No Jardim de Infância da Vitória as Crianças:

Festa dos finalistas do JI da Vitória por Teresa Cunha (Coordenadora do JI da Vitória)

Tem espaços acolhedores

A raciocinar

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o dia 22 de Junho no J. I. da Vitória realizou-se a Festa dos Finalistas, que, começou de manhã com uma vista à exposição de fotografia “Olhar a Vitória” no Palacete dos Viscondes de Balsemão. Depois do almoço, os finalistas proporcionaram um momento musical, orientado pela professora de música Catarina Magalhães com as canções: - “Perninhas à Chinês” -“Eu tenho um Amigo” - “O Sol já brilha, já brilha bem alto” -“Gosto das Flores” No final houve entrega de cartolas, diplomas, livro de finalistas, medalha, um CD com fotos para mais tarde recordarem e um lanche convívio entre toda a comunidade educativa.

Brincam muito

A partilhar

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Têm computador na sala Divertem-se a:

Envia os teus trabalhos para:

etc.jornal@gmail.com Consulta as recomendações para envio dos trabalhos no nosso Blogue! Cozinhar


Escola viva....................................................................... "Construções Tácteis" para todos por Ana Rodrigues (Professora da EBSRF)

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"O Brinquedo Adaptado" é agora um Clube

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

por Ana Rodrigues (Professora da EBSRF)

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ando continuidade ao que foi feito, no ano lectivo anterior, o projecto do "Brinquedo Adaptado” este tornou-se um clube aberto a toda a comunidade escolar. Começando por perceber conceitos como Inclusão e Acessibilidade e percebendo que as crianças com deficiência têm mais dificuldade para evoluir, é necessário que estas consigam explorar e vivenciar de forma independente o mundo ao seu redor. Assim e, a pensar na sua inclusão no ensino regular, procuram-se soluções de baixo custo para adaptação de brinquedos, jogos entre outros meios didácticos. Foi através de uma campanha de angariação de brinquedos que se conseguiu adaptar brinquedos, desde bonecos accionados por toque, bonecos que andam ou saltam e brinquedos que fazem barulhos ou tocam música. As adaptações necessárias consistem na colocação de um ou mais interruptores (switch) para que os alunos com deficiência consigam accionar o brinquedo com um simples movimento da mão, da cabeça ou do pé e explora-lo autonomamente. Por fim é possível proporcionar a estes alunos o acesso a brinquedos especiais que aliam a brincadeira e a estimulação e o momento da entrega dos brinquedos na UAM (Unidade de Apoio à Multideficiência) é sempre especial mas o ponto alto de toda esta experiencia foi no dia 30 de Maio na entrega dos Prémios do Concurso “Escola Alerta” 2010/2011 onde a nossa escola ganhou o 1º lugar do escalão 2 (3º CEB e Secundário) a nível distrital. A entrega dos prémios decorreu no Auditório do Agrupamento e contou com a presença do Sr. Governador Civil do Porto. Sendo este um Agrupamento de referência na Educação Especial, o prémio adquiriu maior importância.

projecto. A aplicação de piso diferenciado com textura e cor que se destaca do piso que está em redor e tem como função orientar, proporciona maior autonomia e segurança aos alunos invisuais ou com baixa visão. Intitulada "Escola Sem Barreiras" foi recentemente levada a concurso " Para uma Escola Melhor” - iniciativa da revista Fórum Estudante com o patrocínio da Parque Escolar E.P.E. e o apoio da APEVT (Associação Nacional de Professores de Educação Visual e Tecnológica). "Escola Sem Barreiras" ficou entre os 5 melhores projectos na categoria de 3º Ciclo. A Final Nacional do concurso foi dia 28 de Maio na Escola Secundária de Santa Maria da Feira, onde os projectos finalistas foram apresentados ao júri do concurso.

Associativismo juvenil por Diogo Matos Rodrigues (Aluno do 9ºB, da EBSRF)

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ambém o projecto das "Construções Tácteis", que se iniciou no ano lectivo anterior, tornou-se um clube aberto a todos. Nasceu e cresceu com o objectivo de procurar os factores condicionantes da acessibilidade das pessoas com deficiência visual para que estes não sejam considerados motivos de exclusão, ou melhor, com este projecto procura-se eliminar certas barreiras, reforçando a ideia de que as infra-estruturas devem ser coerentes com os princípios de inclusão, e espelhe o respeito para com alunos cegos e de baixavisão, através do cuidado com instalações e equipamentos. Como a nossa escola pertence a uma rede de Escolas de Referência para alunos cegos e de baixa visão, pretende-se que esta se encontre apta a recebê-los sem restrições, num ambiente atento às suas dificuldades. Estuda-se o tipo de deficiência que estes alunos possuem e tenta-se perceber as capacidades de cada um, avaliam-se as condições relacionadas com a acessibilidade no edifício da escola (corredores, escadas, acesso às salas, ginásios, recreio, biblioteca, etc.) e procura-se, prioritariamente, dar resposta a estas. De entre várias propostas de resposta, salienta-se aquela que foi uma das principais propostas do nosso

ma frase com um significado longo e denotativo de reunião, associação, estudantes, participação e direitos, que no meu parecer tem de ser evocado e instalado na nossa predilecta escola e se possível representado por um grupo de pessoas com inteligência e iniciativa para tal, mas infelizmente para a nossa comunidade escolar parece que até o momento houve pouco interesse em reclamar os seus direitos e serem convenientemente representados nesta escola, mas a falta de iniciativa, as causas da extinção da mesma e também a burocracia imposta pela antiga representação tornavam este direito numa utopia estudantil, agravando-se por os alunos não poderem votar em quem querem que os representem. Onde esta a

utilidade do actual sistema de representação? É agora mais que nunca que nós nos devemos organizar e reformar este sistema de representação incorrecto e desactualizado pois quando se representa o corpo estudantil desta instituição de ensino público, deverá ser representada da maneira mais democrática e fiel possível! Porquê? - perguntam vocês bem - porque devemos ser uma das poucas escolas da cidade do Porto sem uma associação de estudantes, órgão representativo dos estudantes e que proporciona iniciativa, discussão e actividade dentro destas, e porque necessitamos de uma entidade que defenda os nossos interesses e direitos enquanto estudantes deste Agrupamento, que tem

[...necessitamos de uma entidade que defenda os nossos interesses e direitos enquanto estudantes deste Agrupamento, que tem como patrono Rodrigues de Freitas, ele próprio um homem de ideias e ideais...] como patrono Rodrigues de Freitas, ele próprio um homem de ideias e ideais que transpiram democracia e por consequência este direito que queremos usufruir. Se isto não chega não sei mais que vós dizer a não ser: Pois se não formos nós a fazer isto quem o fará? Aqui fica o nosso apelo a todos para participarem nesta causa, mais informações em http://aeesrfcomissaodeimplementacao.blogspot.com/.

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.......................................................................Escola viva

Rusga ao S. Pedro de Miragaia por Fátima Magalhães, Ana Teresa, Noémia Ferraz, Manuela Santos e Alexandra Silva (Educadoras do JI da Bandeirinha)

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As artes acompanharam o 11º G por Gonçalo Oliveira (Aluno do 11º G, da EBSRF)

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s artes acompanharam o 11º G durante o ano sem nunca cessar. Quando a turma corria, as artes corriam também, quando a turma descansava, também as artes paravam. Mas as artes ainda não vêem, então quem as guiou? Escondidos no frio de Inverno ou nas flores de Primavera, os Jardins de Serralves conduziram as artes até a uma turma cheia de expectativas. Com “Construções Improvisadas, Fábrica de Sons e Arte e Paisagem”, a Fundação fez-nos ver o mundo de forma diferente. Vimos arte em tudo e que de tudo se faz arte, e aí somos artistas… Mas se a arte está em tudo, por que não nalgo diferente? Às vezes é preciso romper com as barreiras do preconceito e ir em busca do desconhecido. Foi aí que no aventuramos a Miragaia. Com um propósito inocente, um “Peddy-Paper”, descobrimos uma nova realidade, que de tão diferente numa perspectiva se torna muito mais parecida de outro ângulo. Então é que essa realidade tem a sua arte, de tão simples e elementar natureza. Pois mais ricas não podiam ter sido as experiências, sempre de braço dado com a Arte de Viver.

odos os anos o Jardim de Infância da Bandeirinha, organiza esta festa popular. Assim, no dia 29 de Junho, realizou-se a Rusga ao S. Pedro, padroeiro da freguesia de Miragaia, envolvendo todas as instituições de Educação Pré escolar, ATLs, Centros de Dia, e colectividades desta freguesia, assim como outros Jardins de Infância do Agrupamento: Jardim de Infância da Torrinha e S. Nicolau. Esta festa popular com forte envolvimento comunitário, íntegra o PAA do Agrupamento, pois consideramos importante a vivência e participação nas festas comunitárias, constituindo actividades educativas significativas que fortalecem laços com a comunidade. À frente da rusga ia uma criança a tocar tambor e que segundo ela “tocar tambor era o meu maior sonho” e que como imaginam…não mais parou de tocar. A rusga com os trajes típicos das crianças, as diversas canções ao longo do percurso e…o bombo, deu um colorido e animação diferente às ruas desta freguesia. Os pais, familiares e população de Miragaia, acompanharam a rusga ao longo das ruas de Miragaia e outros das janelas e varandas, aplaudiam as crianças. No Largo da Praia, no palco das festas populares da freguesia, foi realizado um espectáculo pelas crianças das diversas instituições e que terminou com todas as crianças e adultos a cantar e dançar o “Hino de Miragaia”. Destaco uma das crianças (invisual), que dançou sempre ao som da música de forma alegre e entusiasta e… que não queria ir embora.

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Escola viva.......................................................................

Exposição

Projecto “D. Generosa”

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

por Fátima Magalhães, Teresa Cunha, Arlete Figueiredo, Manuela Santos, Ana Teresa, Leonor Camelo, Isabel Lobo, Alexandra Silva e Noémia Ferraz (Educadoras do ensino pré-escolar)

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o dia 15 de Junho, foi a inauguração da exposição “D. Generosa” e que esteve aberta a toda a comunidade até ao dia 19. A exposição representou todo o trabalho desenvolvido no Projecto ao longo deste ano lectivo, através de visitas com sequência ao Museu Soares dos Reis, envolvendo todos os Jardins de Infância do Agrupamento Rodrigues de Freitas. O projecto foi coordenado pela Dr.ª Paula Azeredo que recebeu sempre as crianças de forma alegre e entusiasta. As crianças descobriram de forma activa e criativa alguns espaços do Museu, interagindo neles. As diversas actividades com sequência fomentaram a imaginação, a sensibilidade, a aprendizagem, a

das árvores para o ambiente e até fazer e saborear pão fresquinho e mousse de chocolate! Quem gostou muito desta mousse foram os alunos do 4º ano das escolas EB de Carlos Alberto, de São Nicolau e da Bandeirinha que nos presenciaram com a sua visita.

Os Dias da Ciência na Escola E. B. de Miragaia por Alexandra Soares (Professora da EB de Miragaia)

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socialização com os espaços do Museu, assim como, saber estar de forma activa e responsável nesse espaço. As crianças participaram sempre de forma entusiasmada nas diversas actividades de descoberta, em que foram os verdadeiros “quadros” e os verdadeiros artistas. Ao longo deste projecto, surgiu sempre uma personagem imaginária e fantástica, a ”D. Generosa” com os 5 sentidos apurados e que convidou sempre as crianças a participar e a descobrir, usando os sentidos. A participação na Oficina de Barro, constituiu uma actividade riquíssima, em que as crianças construíram e criaram diversos objectos. Foi sempre com grande satisfação que as crianças, ou melhor, estes pequenos artistas, participaram nas actividades, descobrindo os diversos espaços do Museu, movimentando-se com toda a segurança no mesmo, sendo sempre recebidos e acarinhados por todos. O que pensam do Museu: “Gosto muito de ir…aprendo coisas giras…quadros muito bem pintados…tem quadros giros…descobri um quadro que cheirava a chocolate…a D. Generosa não aparecia, pois andava muito ocupada…mas mandava recados…ela via

os dias da Ciência da EB 2,3 de Miragaia, 7 e 8 de Abril, o laboratório de Ciências Naturais esteve aberto com um conjunto de actividades relacionadas com o Ano Internacional da Floresta e organizadas pelas professoras Alexandra Soares, Lúcia Catalão, Paula Medeiros e alguns alunos das suas turmas e claro com o apoio das funcionárias Sónia e Hermínea. Foram dias muito divertidos e cheios de ciência onde todos os que por cá passaram puderam apreciar a exposição “A floresta não é só paisagem”, fazer reciclagem de papel e de cortiça, construir gira-ventos , concluir através de algumas experiências a importância

tudo…aprendemos a trabalhar com o barro…sentimonos bem…podíamos ir todos os dias….é uma grande casa e famosa…é um palácio…tem histórias giras…gostam muito de nós…é fixe…gostava de morar lá… mas com pessoas…podemos ir mais vezes?” O nosso obrigado a todos!

[...o laboratório de Ciências Naturais esteve aberto com um conjunto de actividades relacionadas com o Ano Internacional da Floresta...]


........................................................................Escola viva Ler + em vários sotaques por Maria do Carmo Lopes (Professora da EBSRF)

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o âmbito das propostas do Plano Nacional de Leitura e integrada na “Semana da Leitura”, realizou-se, no dia 5 de Abril, pelas 20h, na Biblioteca Jaime Cortesão, uma sessão dinamizada pelas professoras e pelos alunos das seis turmas dos cursos de Português Para Todos, intitulada “Ler + em Vários Sotaques”. Nessa sessão colaborou também uma aluna do 10º ano de Português Língua Não Materna (do ensino diurno) e ainda os alunos da turma EFA NS/2 (do ensino nocturno). Depois de uma abertura musical tocada ao piano por uma formanda, seguiu-se a leitura de poemas feita por diferentes grupos de alunos, acompanhada em simultâneo pela projecção em power point dos textos que estavam a ser lidos. Enquanto se mudavam os grupos de alunos que faziam as leituras, a mesma pianista executava pequenos interlúdios musicais entre as apresentações. Numa primeira parte, foram lidos poemas muito simples sobre as letras, de Manuel Alegre, e um sobre a gramática, da autoria de João de Deus. Como os alunos estão integrados em cursos de iniciação ao português, as suas primeiras dificuldades prendem-se com o domínio dos sons e letras do nosso alfabeto. Após um momento musical em que um aluno tocou à viola e cantou “A minha alegre casinha” dos Xutos e Pontapés, acompanhado por um “coro” de alunos da turma EFA NS/2, passou-se à leitura de vários poemas de diferentes autores, relacionados com as palavras e a criação poética. Um novo momento musical, em que o mesmo aluno tocou à viola “O meu primeiro beijo” de Rui Veloso, serviu de introdução para a leitura de poemas sobre um tema universal: o amor. Foram lidos textos em que este sentimento foi sendo abordado nas suas múltiplas facetas, desde o amor de mãe, o amor idealizado, o amor sensual, a necessidade de amor, o fim do amor e até sobre o amor em abordagens mais populares e brejeiras. Por fim, vários alunos leram Fado Português, de José Régio, que põe em evidência a essência de ser português. A finalizar a sessão, como homenagem à cidade que acolhe todos estes imigrantes, foi passado um vídeo com a música Porto Sentido, de Rui Veloso, que o público, estimulado pelas vozes dos alunos da turma EFA NS/2,

procurou acompanhar, cantando a respectiva letra. Às diferentes apresentações, a assistência, interessada, correspondeu com sucessivos aplausos. No fim, depois de palavras de entusiasmo e orgulho das professoras dinamizadoras pelo esforço feito pelos seus alunos, a Directora da CAP, Drª Maria José Ascensão, elogiou também o empenhamento quer dos formandos quer das professoras responsáveis. A sessão terminou com uma amostra gastronómica dos diferentes países, confeccionada pelos próprios alunos, que preencheu completamente diversas mesas e proporcionou um ambiente de alegre convívio e descontracção. Não deixaram de marcar também presença algumas iguarias tradicionais portuguesas, trazidas pelas professoras responsáveis e por outras que voluntariamente também colaboraram. Como complemento da sessão, havia uma exposição com poemas de diferentes autores portugueses traduzidos para várias línguas assim como com poemas de autores de diferentes nacionalidades (poetas franceses, chineses, cubanos, colombianos, persas, polacos) traduzidos para português e outras línguas. Na entrada da Biblioteca estavam ainda montados dois expositores com o cartaz alusivo à sessão (realizado pelo [...Às diferentes apresentações, a assistência, interessada, correspondeu com sucessivos aplausos...]

Dr. Eduardo Miguel) e as bandeiras das trinta diferentes nacionalidades dos alunos participantes. Além disso, havia ainda um placard, organizado pelos alunos da turma EFA NS/2, em que estavam expostos poemas criados por eles nas aulas de Português, com influência dos haikus (poesia de origem japonesa), em que são captados e interiorizados breves aspectos da natureza. Desses poemas e de frases de estímulo à leitura por eles construídas nas aulas de História, resultou, com a colaboração dos alunos do 12ºF na criação de marcadores de leitura que foram distribuídos durante a sessão. Além de diversos professores da escola, alunos do ensino nocturno e familiares/ amigos dos alunos participantes, partilharam com entusiasmo este momento não só a Directora da Biblioteca, como vários elementos da CAP e ainda a Drª Conceição Gusmão, em representação da DREN. Esta sessão foi muito enriquecedora para todos, mas especialmente para os alunos intervenientes, que se sentiram capazes de comunicar numa língua estrangeira que ainda estão a aprender há pouco tempo e, para além disso, procurando dar expressividade a textos poéticos, o que é um trabalho particularmente difícil. Actividades deste tipo são especialmente importantes, pois permitem aumentar a auto-estima dos alunos e facilitar a sua mais rápida integração na nossa sociedade.

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Escola viva....................................................................... “A Justiça na Criminalidade” e “Doenças Raras”. Os dias de apresentação foram marcados em função dos palestrantes convidados e decorreram sempre às 18H30 nos dias 4 de Maio (Doenças Raras), 11 de Maio (A Justiça na Criminalidade), 12 de Maio (A Arte Urbana) e no dia 13 foram duas palestras uma realizou-se pelas 15H00 (Pobreza e Exclusão Social) e outra às 18H30 (Violência Doméstica). Foram dias de nervos e ansiedade que no entanto foram compensados pela riqueza das participações concretizadas, quer pelos palestrantes convidados (sem menosprezar ninguém, destacam-se as presenças do Padre Jardim (Presidente da Rede Europeia AntiPobreza), as representantes da APAV - Associação de Apoio à Vítima, as representantes da Associação Raríssimas, os representantes do Tribunal do Crime do Porto (a sua secretária/escrivâ e um Juiz estagiário), o grupo de participantes de artistas/animadores de rua. A escola nas pessoas do professor da disciplina (Fernando Rodrigues Silva) e da CAP - Comissão Administrativa Provisória - esteve de parabéns pela abertura e facilidade com que disponibilizou estrategicamente quer a sala 1.12. para as palestras, quer a biblioteca quer ainda o próprio auditório. Valeu sem dúvida a pena todo o esforço realizado que foi ainda premiado com lanche, flores, prendas, banca de venda de artigos … Foram tiradas várias fotografias dos eventos acima referidos, na impossibilidade de as colocar todas nesta notícia escolhemos aquelas que achamos terem melhor qualidade e que são mais representativas da “Quinzena Aberta”

“Quinzena aberta” para apresentação dos trabalhos de grupo da disciplina de Área de Projecto pelos alunos do 12ºD da EBSRF (fotografias de Humberto Santos)

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o dia 6 de Abril, a turma do 3º ano da Bandeirinha foi fazer uma visita à escola Rodrigues de Freitas, onde uma orquestra de polícias nos esperava. Sentámo-nos e logo de seguida ouvimos uma colecção de músicas. Entre algumas ouvimos “Mamma Mia” e o hino do Porto. No fim até tocaram o hino Nacional. Nestas três músicas, as vozes do público também ajudaram. Depois saímos da sala em que tínhamos estado para vermos a segunda parte da manhã. Já no exterior, sentámo-nos nalguns bancos de pedra, tirámos o lanche de onde o levávamos e começámos a lanchar, acompanhados do imenso calor do dia e do início do espectáculo dado pelos cães treinados pela polícia. Até fizeram um pequeno “teatro” onde um cão tinha que encontrar as malas que transportavam coisas proibidas dentro do carro de um ladrão. Aquela manhã não podia ter sido melhor!

Exposição de trabalhos por Tereza Bordalo (Professora da EBSRF)

G

ente jovem de corpo e espírito, este grupo do 11ºG de artes visuais, expôs no átrio e no museu da escola algumas das suas experiências deste ano lectivo. Trabalhos estes resultantes de uma incessante procura, denotando a sensibilidade e o mérito destes alunos tão esforçados e promissores. "Reconhecer o valor das coisas e das pessoas é preciso".

Eduardo Miguel

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por Ana Pinto (JI da Bandeirinha)

Eduardo Miguel

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

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a primeira quinzena do mês de Maio realizouse a denominada “Quinzena Aberta” aberta à comunidade escolar e destinada a apresentar os trabalhos de grupo desenvolvidos ao longo de todo o ano lectivo, pelos alunos da turma D do 12º ano do Curso de Ciências Sociais e Humanas. Finalmente após um tempo prolongado de trabalho escolar, onde o esforço individual confluiu para o colectivo, no sentido de se poder obter um produto final que, fosse ao encontro de todas as expectativas entretanto criadas, estava quase a chegar … As dificuldades foram surgindo à medida que os trabalhos tomavam forma. Começaram pela escolha do tema, o próprio título constitui também, por vezes, uma dificuldade acrescida, mas com avanços e recuos, a obra começou a tomar forma. Também as limitações ligadas à utilização do parque informático criaram alguns obstáculos que, no entanto, foram sempre ultrapassados com êxito. A turma foi dividida em cinco grupos que, incluíram entre três a cinco alunos em cada um e foram, finalmente, fixados os temas que iriam ser desenvolvidos: “Violência Doméstica”, “Pobreza e Exclusão Social”, “A Arte Urbana”,

Actividades da Escola Segura

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Jornais e Revistas Rua da Boavista, nº723


.......................................................O (en)canto das letras Poema

para o Joaquim Miguel por Aura Maia (Professora da EBSRF)

O Passaroco Hoje , quando cheguei a casa Fui regar o meu jardim À beira duma pereira Um pássaro fugiu de mim Continuei a regar E a apanhar folhas soltas O pássaro não foi embora E andava ali às voltas Eu pus-me a olhar para ele A ver o que ele queria E pensei que era comida Para dar a alguma cria Fui para o fundo do quintal Pus-me lá a espreitar Para a copa da pereira O pássaro eu vi entrar Fiquei ali curiosa A ver o que acontecia E passado algum tempo O pássaro de novo fugia Fui à copa da pereira A folhagem arrumei Qual foi o meu espanto Pois um ninho encontrei O ninho estava alto Eu fui buscar uma escada Quando pude ver o ninho Eu fiquei admirada Mas que grande passaroco! Que mal cabia no ninho Como é que era possivel Ser filho de um passarinho?! Tinha penugem cinzenta Um bico aberto enorme E esticava o pescoço Perecia que tinha fome! E ao descer da escada Tive uma triste emoção Pois dois passarinhos bebé Estavam mortos no chão Eu fiquei tão espantada Não sabia o que pensar E fui chamar o vizinho Para ele me ajudar O vizinho veio logo Estudar a situação Estudou o passaroco E os dois mortos no chão De repente exclamou: “-que coisa tão esquisita Este pássaro que aqui está É uma ave parasita! É uma cria de cuco Essa é que é a verdade Empurrou os passarinhos Para ficar mais à vontade Os cucos são preguiçosos E não constroem seus ninhos Por isso põem seus ovos Nos ninhos dos seus vizinhos O passarinho, coitado! Choca os os ovos sem saber Que está a chocar um tirano Que os seus filhos vão morrer O bebé-cuco não para E tem um grande defeito Está sempre a pedir comida Pois nunca está satisfeito Quando já sabe voar E pode subsistir Bate as asas vai-se embora Sem sequer se despedir! Agradeci ao vizinho A sua sabedoria Porque me veio informar De algo que eu não sabia E pus-me então a pensar Fiquei com uma certeza Que também há injustiças No seio da Natureza!. QUE TAMBÉM HÁ INJUSTIÇAS nOseio da natureza .

Rapazes

Fada sem asas

por Alírio Almeida e Daniel Maia (alunos do 7º C e 7ºD da EBSRF)

Mariana Costa (aluna do11º E, da EBSRF)

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o Porto, na Escola Grande, havia dois alunos muito engraçados. Um chamava-se Alírio e o outro, Daniel Maia. Certo dia, o Alírio e o Daniel fugiram da professora, que se chamava Aura Maia, para debaixo da mesa de pintura. Ficaram ali os dois a conversar baixinho para a professora não ouvir. Falavam de tartarugas ninja, minhocas, aranhas, insectos e cogumelos. Depois o Alírio deitava-se, punha os braços a fazer de almofada, espreguiçava-se e ria. E contava ao Daniel em segredo, cenas de beijinhos e abraços a raparigas. A professora continuava lá a fazer um fantoche que era o Alírio e tinha orelhas de elefante, porque toda a gente dizia que o Alírio não tinha ouvidos, tinha antenas, porque ele ouvia tudo. O Daniel também contava ao Alírio cenas de beijinhos com as city girls suas namoradas. E foi assim que adormeceram. O Alírio começou a sonhar: estava na praia com a mãe e o mar estava muito calmo e azul. Olhou para as dunas e viu aparecer a Amo-te toda vestida de preto. A Amo-te viu-o e voou até à beira dele e deu-lhe um abraço. Olhou em redor e a mãe tinha desaparecido. O Alírio ficou radiante, a mãe já não estava e ele estava Agora ali, na praia, sozinho com a Amo-te e com uma caixa de donuts. Ele nem queria acreditar. Foram os dois abraçados até à água e, de repente, o Alírio viu que tinha na mão um ramo de rosas vermelhas. Ajoelhou-se e disse: - Amo-te, amo-te! Mas a Amo-te estava a comer os donuts à pressa e não ligou! O Alírio ficou muito aflito teve um pesadelo, porque os donuts estavam quase a acabar e, de repente, acordou. Tentou adormecer para comer donuts, mas não conseguiu. Então levantou-se e foi contar o sonho à professora Aura. A professora riu-se, fez-lhe um miminho e perguntou: - E quantos donuts comeste? - Zero - respondeu ele. O Daniel também estava a sonhar. Era com a Diana da turma dele, aquela que mora no bairro da Lapa e tem olhos e cabelos pretos. O Daniel andava na praia à beira de água com uma barriga gigante que nem sequer conseguia ver os próprios pés. Mas estava contente pois, no lugar do coração, tinha um cesto cheio de cacetinhos com fiambre, suminhos de laranja sem gás e bolos de chantili com morangos, para lanchar com a Diana, porque ela gostava muito dele. A Diana, quando viu o cesto cheio de guloseimas, pôsse a comer as guloseimas todas. O Daniel, sem o coração, começou a ficar fraquinho e quase desfaleceu. Então a Diana parou de comer e toda besuntada de chantili, olhou para ele enquanto lambia os lábios e perguntou: - Daniel, o que é que tens? - Foste tu que comeste o meu coração e agora estou quase a morrer! - respondeu o Daniel. Então, aflita, a Diana correu para a frutaria para comprar coisas boas e doces para encher o coração do Daniel. Mas, quando lá chegou, ficou aterrada. Na frutaria só havia pimentos, piripíri e malaguetas! Não havia outra solução, era preciso encher o coração do Daniel e comprou. O Daniel não se importou, ele estava habituado a provar tudo, tintas, pasta de papel, detergente, barro, areia. Pôsse a comer e comeu, comeu, comeu. Sentia a língua a arder, a cabeça muito quente e a barriga muito inchada e estava quase a rebentar. A Diana tinha fugido e ele estava com tanto medo, tanto medo que acordou. Então viu a professora Aura e o Alírio, os dois a sorrir para ele, e ficou feliz.

Foi numa noite fora do normal Caiu uma sombra sobre o luar E em vivos passos de encantar Se debruçou em estado lacrimal Jorrava lágrimas de doçura, Formava um lago sobre a sua mão E mergulhou em sua imensidão De melancólica amargura E na sua mão desocupada Segurava uma pena branca Com delicadeza revoltada E sem asa, sem canto de bardo Em Bela Flor de lira Espanca Chorava a Fada o seu Fado.

Sonetos em branco poema colectivo pelos alunos do11º E da EBSRF Como um cinzel vincando uma agonia Em ti sou Glória, Altura e Poesia A que prendeu nas mãos todo o luar. Sobre um amor em sangue a palpitar. E neste sonho eu já nem sei quem sou Vejo-me triste, abandonada e só Flor que é nascida e logo desfolhada Amor julgo trazer dentro de mim. Vem para mim da escuridão da sala Vejo-me asa no ar, erva no chão Toda eu sou alma e amar, sou um jardim. Sou a grande quimera da tua alma A acalentar o mundo nos teus braços Dos nossos bons e cândidos abraços.

Aveiro por Ana Sousa (Professora da EBSRF) Seis horas da manhã, o despertador Rasga o silêncio dos quartos adormecidos Sinto no corpo a frescura do alvor, O cheiro da manhã confunde-me os sentidos Atabalhoadamente, visto um dos meus vestidos e enceto um longo dia de labor. Tomo a estrada ao sol resplandecente Sinto de encontro a mim um gosto a sal Que me transporta na pressa da corrente Sem perder o comboio matinal Ainda absorvo o verde do canal, Mas sinto a minha vida mais ausente.

Ton regard por Aura Maia (Professora da EBSRF)

Sinfonia da melancolia Mariana Costa (aluna do11º E, da EBSRF) Enquanto o escuro escurece e o mar afoga mares, No esplendor entusiasta da vida, Vivo em medos refugiados na minha mente, Assombrada por fantasmas que me visitam. Sem desejar, adormeço, puxada pela corda do sonho não sonhado que se entrelaça em meu corpo. A serpente paradisíaca agarra-me e aperta-me contra a tentação E mordo a maçã vermelha em desmaio enfeitiçado. De volta ao conforto da vida banal Encontro meu lugar deslocado. Quando vidas passadas me sussurram ao ouvido, Num cântico em uníssono de sereias fora de água, Numa sinfonia de melancolia encantada, Segredam-me ao ouvido: “Diz adeus” E acordo.

Ton regard est raison de mourir et de vivre C'est tout ce qui j'aime, mon dernier espoir C'ést une caresse qui me tue et m'enivre La nuit, le matin, l'après-midi, le soir. Je le cherche dans la foule, la pluie et le givre C'est une éclair de lumière dans la nuit noire C'est le thème parfait pour écrire un livre Pour empêcher le coeur de s'arrêter, de s'assoir. Et mon corps s'abandonne aux sensations magnetiques Et mon âme s'innonde de désirs extatiques Et je veux pleurer dans tes bras tendres et nus. C'est l'aurore d'un amour si doux et mystique Le renaître du rêve, du passé, de l'antique C'est la source de vie, de deux êtres inconnus.

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O (en)canto das letras....................................................... O Crocodilo António

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À quarta gargalhada, o presidente enfurecido declarou: -Está encerrada a reunião e dentro de três dias, temos reunião de trabalho. Cada um deve entregar a sua contribuição para a resolução do enigma. Passem bem! O Mickel olhou para o relógio e saiu apressado. Pôs-se à porta do museu que fica em frente da sala de educação Especial a observar o António. Os outros saíram e foram para o C.R.E. jogar xadrez. O Borbulha o novo elemento do grupo foi para a biblioteca antiga pesquisar. 2º Capítulo - O Borbulha O Borbulha entrou na Biblioteca Antiga, sentou-se e admirou aquele espaço silencioso, onde estudaram o avô Joaquim e o bisavô José. Que bom que era poder estudar naquele lugar! O pai não pode estudar ali, porque nasceu em Moçambique e estudou lá. Também gostava do Museu. Foi no Museu que ele contactou com a vida e obra de Darwin durante uma exposição. Assim nasceu a sua paixão pela Natureza, pela Botânica e pela Zoologia. E queria ser como Darwin, cientista, estudar os animais, viver com eles largos períodos de tempo, no seu habitat natural, como via nos documentários da National Geographic sobre a vida selvagem. O toque de entrada soou. -Que seca! - murmurou o Borbulha. E lá foi a correr para a aula de Ciências da Natureza. Durante a aula pôs-se a pensar no crocodilo António, será que o avô conseguiria lembrar-se do crocodilo? Talvez num daqueles dias em que ele está melhor da memória. Era uma pena o avô ter aquela doença na memória, tinha tantas coisas para contar! O grito da stora estremeceu-o e ficou admirado por estar ali, ficou tão confuso que nem se apercebeu da advertência da stora. Queria lá saber! Ele depois consultava aqueles sites em casa. A verdade é que quando veio para o Rodrigues, o Borbulha trazia uma escola muito diferente na cabeça. O avô Joaquim costumava gabar-se por ter estudado no Rodrigues, nessa época, Liceu D.Manuel II e falava da sua escola com um profundo orgulho. -A melhor escola do Porto! - exclamava - uma escola aberta à Natureza, aos animais, às plantas, uma escola naturalista, cheia de vida! E pensou muitas vezes que o avô estava a fazer confusão, por causa da sua idade avançada e dos seus problemas de memória. Mas o Borbulha gostava da sua escola, só não compreendia o que tinha acontecido, e resolveu pôr uma pedra, ou melhor, muitas pedras em cima do assunto e disse para consigo: -Deve ter sido um terramoto! Soterrou tudo! Menos a Biblioteca Antiga e o Museu.

David Montóia (Aluno do 5ºB, da E.B.S.R.F.)

1º Capítulo - O enigma Foi por altura do Carnaval, que o presidente dos Cérebros Borbulhantes, o Mickel Maia decidiu convocar todos os elementos do grupo para uma reunião urgente. A ordem de trabalhos tinha apenas um ponto: ”1- Resolução de um enigma”. À hora marcada, o Mickel deu início à reunião. - Cérebros! convoquei esta reunião urgente porque ando curioso! - Que novidade! - exclamou a Bia Montana. O Jorge Lourenço arregalou os seus olhos enormes e inquiriu: - O que é que descobriste? Pois, o problema é esse, é que não descobri nada! respondeu o Mickel. Os Cérebros soltaram uma sonora gargalhada. Já todos conheciam bem o Mickel. Quando era atingido por uma crise de curiosidade, ficava excitadíssimo e complicado. A Aurélia Mia pôs ordem na reunião lembrando que o Mickel era o presidente do grupo e tinha de ser respeitado. - Um enigma é o que eu quero resolver! - afirmou o Mickel. - Matemático?! - gracejou o Pablo Montóia. Nova gargalhada varreu a sala. Todos sabiam das dificuldades do Mickel à disciplina de Matemática. O Mickel ficou furioso e foi a Aurélia Mia que mais uma vez pôs fim à confusão. - Estamos em reunião! E uma reunião tem regras e as regras são para cumprir! Peço a ajuda de todos para resolver um grande enigma, o enigma do crocodilo António, o crocodilo do Rodrigues. - Acho bem, é preciso descobrir porque está ali aquela carcaça crocodiliana - gracejou o Pablo Montóia. - Eu posso estudá-lo - disse o Jorge Lourenço com o seu ar borbulhante - posso medi-lo, identificar o tipo… - Eu posso descobrir o sexo do crocodilo! -retorquiu a Bia Montana. E de novo uma sonora gargalhada atroou a sala. - Cata piu! -gritou o Alírio Amotte, e todos se calaram imediatamente. Então o Mickel falou das suas suspeitas: falou de uma piscina que existiu no Rodrigues e que agora é o G1,e da água que abastecia a piscina e que vinha do rio Douro, de uma sultaninha Borboleta Asas de Pássaro.

O Mickel Maia tem razão - pensou ele - o crocodilo António tinha escapado ao terramoto. Tinha qualquer coisa de muito especial aquele crocodilo. Tinha de falar com o avô num dia em que ele estivesse melhor. 3º Capítulo - António No dia da reunião a Aurélia Mia entrou muito apressada na escola pois não queria chegar atrasada à reunião. - Os cérebros estão à porta da sala de Educação Especial há muito tempo - exclamou a D. Maria do Céu. Não param de discutir e fazer barulho! Já estiveram todos a tomar chocolate-cacau, e estão muito excitados! Aurélia Mia sorriu satisfeita. Era um bom sinal terem tomado chocolate-cacau. Faziam-no sempre que sentiam os cérebros a borbulhar. Mal subiu o primeiro degrau da escadaria, os cérebros assomaram ao corrimão entoando a cantilena do costume: - Olha o Papão no Desvão! Olha o Papão no Desvão! Já é. Já é, a peça do bebé! Desde que apresentaram no C.R.E esta história da Ana Saldanha para os alunos do primeiro ciclo, entoam a cantilena para lembrar que são grandes. Aurélia sorriu, abriu a porta e os cérebros entraram entusiasmados. De repente uma chuva de ideias inundou a sala. - O António é um crocodilo do Nilo-gritou o Jorge Lourenço. - O António é um crocodilo doméstico-gritou a Bia Montana. - O António é vegetariano-gritou com gestos o Alírio Amotte. - O António é o crocodilo de Soult-gritou o Pablo Montóia. - O António viveu no Rodrigues-gritou o Borbulha. - O António foi uma prenda de nascimento - gritou o Mickel Maia. Aurélia Mia deu sinal ao presidente Mickel Maia para dar início à reunião. - Apetecia-me outro chocolate-cacau! - disse o presidente. - Nem pensar! Ou tomamos todos ou não toma ninguém! - advertiu a Bia Montana. O Jorge Lourenço tomou a palavra. - O crocodilo António que toda a gente conhece porque está mesmo aqui ao lado no museu, é um crocodilo do Nilo. O crocodilo é um dos animais mais antigos do planeta Terra. É parente dos dinossauros. - Como descobriste isso?- perguntou a Bia. - Porque estive a observá-lo - respondeu prontamente o Jorge Lourenço - contei sessenta e quatro dentes. O quarto dente de cada lado da mandíbula inferior fica exposto, isto é, à vista, mesmo quando o animal tem a boca fechada. -E se o dente estivesse dentro da boca? inquiriu o Pablo Montóia. -Já não seria um crocodilo do Nilo, seria um aligator, um crocodilo carnívoro muito mais feroz do que o António - esclareceu o Jorge Lourenço. Mas o António não é carnívoro? - perguntou a Bia. Comére banana - gritou o Alírio Amotte. Ah! O António é vegetariano! -informou o Jorge Lourenço. O Pablo Montóia, com um ar lunático de um professor de História, contou que o António pertenceu ao general francês Soult, que comandou as tropas de Napoleão Bonaparte durante as Invasões Francesas, que o António era o guarda-costas de Soult, porque o general sofria Jorge Seabra (Aluno do 5ºB, da E.B.S.R.F.)

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

por Aura Maia (Professora da EBSRF)

Reunião de trabalho

muitas tentativas de assassinato, e Napoleão não queria perder um dos seus melhores generais. - Um guarda-costas crocodilo?!- interrogou a Bia Montana. - Era preciso proteger Soult enquanto dormia. Então Napoleão ofereceu-lhe o António durante o seu último aniversário no Palácio de Versailles. Tinha-o trazido do Egipto quando o invadiu, em 1798, depois de o confiscar ao Mameluco Sultão Selim I. - O António foi uma prenda oferecida à filha mais nova do Sultão a sultaninha Borboleta Asas de Pássaro - disse o Mickel Maia - foi uma prenda de nascimento. - Porque é que o crocodilo veio para Portugal? perguntou a Aurélia. - Porque vieram invadir a Ribeira.!- disse o Pablo cheio de orgulho ribeirinho. - Uma sonora gargalhada varreu a sala. - A Ribeira?! - perguntou o Borbulha - Então eram franceses ou eram mouros?! - Ah! Agora entendi, foram os dragões que derrotaram as tropas de Napoleão!...- disse a Bia. A gargalhada generalizou-se, e a Aurélia teve de repôr a ordem. Pablo zangou-se, e fez questão de mostrar aos cérebros que era especialista na invasão do Porto pelos Franceses, na queda da Ponte das Barcas e outros acontecimentos importantes que decorreram na Ribeira onde ele nasceu. E explicou que a queda da Ponte das Barcas gerou uma grande confusão, que os soldados franceses soltaram o António para assustar a população e que ele fugiu para o Rio Douro, e salvou todas as crianças que caíram ao rio durante a queda da ponte. - O António era um crocodilo amestrado - disse o Mickel - vivia com as pessoas, mas Soult não sabia. Por isso desde que foi roubado pelos franceses que era muito infeliz e quando deu por si sozinho no rio sentiu-se desorientado. Nadou, nadou e continuou a nadar durante trinta anos. Viveu no rio com as crianças ribeirinhas e com as pessoas que diariamente lhe levavam frutas e legumes para ele se alimentar, mas continuava a sentir-se infeliz. Um dia ficou surpreendido com um grande buraco no paredão da margem direita do rio. Não resistiu e entrou. Rastejou, rastejou, impelido por um curso de água e foi desembocar numa enorme piscina de águas límpidas, que lhe fez recordar com saudade a sua infância feliz, com a sultaninha Borboleta Asas de Pássaro no Egipto. - Foi nessa altura que o António chorou lágrimas de crocodilo! - gracejou o Jorge Lourenço. Pablo zangou-se e não falou mais. - Ele ainda era ovo quando foi dado à sultaninha! Depois nasceu, e estava sempre com ela para ninguém a raptar. Teve educação de gente, alimentação de gente, e sentimentos de gente. Por isso as lágrimas do António eram verdadeiras e a saudade também - explicou o Mickel Maia. - A piscina era a antiga piscina do Rodrigues - informou o Borbulha - nessa época chamava-se Liceu Central do Porto. O António ficou a viver no Liceu, na piscina. E os alunos deixaram de fazer natação?! - exclamou a Bia. - Não, nadavam com ele. Dizia-se que ele era o aluno mais feliz e educado do liceu e que a escola era tão boa que até os crocodilos se sentiam nela” como réptil n' água“. - Por isso não quis ir embora nem depois de morto! gracejou o Jorge Lourenço. Era uma escola muito especial - disse o Mickel - vinham alunos de muito longe para a frequentar. - Qual é o espanto?! Agora também é, o Joaquim Miguel vem de Felgueiras - observou o Jorge. - Por falar no Joaquim, ele durante o painel da inspecção no museu, queixou-se que o António lhe estava a dar mordiscadelas nas costas - disse o Mickel. - Se calhar queria dizer alguma coisa ao inspector! observou a Bia. - Não me digam o Jorge que ele está vivo?! - exclamou o Jorge. E o Borbulha contou que o António tem sido visto muitas vezes nas noites de luar a brincar no recreio da escola com uma menina pequena - a sultaninha Borboleta Asas de Pássaro. - Como descobriram tudo isso?! - perguntou a Aurélia Mia. - No livro de memórias do avô Joaquim - respondeu o Borbulha. O presidente encerrou a reunião e foram todos tomar um chocolate-cacau.


.......................................................O (en)canto das letras Coisas que a Primavera traz. Terceira cena

por António de Montelongo Estranha recordação que o canto de uma

andorinha me trouxe!

H

oje, dia 28 de Julho, foi para mim um dia muito especial: pela primeira vez na vida tive nas mãos uma andorinha. Mas, infelizmente, embora a sinta viver cheia de ilusões, não prevejo que o seja por muito tempo! Ilusões sobre o devir, ilusões de andorinha!... e tantas, tantas que condicionam e determinam a nossa vida... de ilusões! Hoje, à hora do almoço, meu filho chega a casa com um amigo, o Vasco, com quem tinha dado umas voltas de bicicleta pelas aldeias das redondezas, e estava eu sentado à mesa quando ele abre a mão e me diz: olha o que encontrei. Prontamente lhe disse que, terminada a refeição, deveriam levar o passarinho aonde o encontraram, pois, certamente, a mãe andará, contristada, à sua procura. Mas que animal é esse, perguntei? É uma pequena andorinha que estava caída junto de um pequeno silvado. As aves são seres privilegiados, não duvido, mas as andorinhas têm um encanto especial! A sua graciosidade, a sua rebeldia, o voar desafiador, a beleza de porte, ah!, as andorinhas têm lugar ímpar no universo! Ficar com ela em casa? Mas como, se eu não sei o que lhe dar de comer, nem sei se ela sobreviverá em cativeiro. Pressinto-a, pela sua natureza, incompatível com o cativeiro. Ternimada a refeição, prontamente, o Vasco levanta-se, pega na andorinha e vê que ela tem uma asa partida. Desta forma soubemos que esta andorinha não pode voar, que dificilmente sobreviverá, e que não poderá seguir os apelos da natureza nem o voo das outras andorinhas para sul! Certo é que, triste consolação, muitas não sobrevivem à viagem; mas esta nem sequer terá a oportunidade de tentar o regresso à terra mãe! Atingida mortalmente como tantos outros animais..., e não será socorrida! Esta rebelde andorinha não se deixa abater. Ansiosamente, com muito custo, saltita e arrastando-se percorre a casa de lés-a-lés. Em vão tenta voar. Impossível! Uma profunda limitação a atingiu indelevelmente. Mas este franzino ser, com uma indomável força de vontade, quer estar mais alto, quer estar no lugar a que por natureza tem direito; nisso é exemplo para todos os desanimados, todos os que sofrem. As andorinhas não gostam de estar sós, já o sabemos pela história daquela que, contristada e solitária, por amor, morreu na Primavera. Foi por isso que na quartafeira, após lhe ter dado de comer e tê-la posto num improvisado ninho que para ela arranjei na sala, atirouse ao chão e veio ter connosco (comigo, as cadelinhas e Lola, a gata) que estávamos no quarto, a descansar. Quem primeiro notou a sua presença foi a Locas, a cadelita mais franzina. E vi a interessante reacção das gatas que parece por impulso terem reconhecido na avezinha um elemento novo da família. Como era comovedor ver esta andorinha a fugir da solidão! Via-nos e aproximava-se, arrastando-se para junto dos nossos pés! Ontem, ao amanhecer, regresssei ao tempo da minha meninice, ao tempo dos meus distantes 10 anos de idade, a um tempo em que longe da casa materna, manhã cedo, acordado por um sentir inquieto em ambiente estranho e hostil ouvia o chilrear das andorinhas. Foi a esse longínquo ano que eu regressei e, ao acordar, revivi, estranhamente, momentos únicos: fui despertado por uma simpática andorinha. Há tantos anos que não as ouvia assim! E a verdade é que esta trouxe-me uma delicada satisfação, uma indescritível alegria de sentir. Mas estranho é que o seu suave canto me tenha levado à única recordação alegre desses distantes dias. E, tristemente, foi esta a última vez que a ouvi cantar. De tarde, na praia, sentindo o sopro quente do vento de Julho, não tomando consciência da sua lmitação estrutural, a andorinha sonhou voar, desejou poder voar e, por duas ou três vezes, tentou, nervosamente, abanar as asas. Na sua atitude trespassou uma profunda tristeza, tendo o seu desejo sido dominado por uma incomunicável desilusão. Pobre pequenina sonhadora alada! Hoje não quis cantar, nem mais ficar connosco! Após a ter tentado alimentar, a ter tentado encorajar, deixei-a e fui fazer umas análises clínicas. De regresso procuro a minha andorinha que jazia morta no improvisado ninho. Também ela não resistiu à tristeza da solidão. A andorinha morreu ao nascer do dia. Não cantou como

ontem. As suas limitações eram irremediáveis, e foi-se embora. Para sempre. Perturba-me este ano ser, involuntariamente, cativado por várias andorinhas. As outras - duas - sofreram, mas o amor preparou-lhes o Encontro Eterno. Esta, por não ter por quem morrer de amor, cativou-me singularmente. E serei eu só, cativo, o depositário da sua memória como realidade entre a profusão da matéria e a imensidão das estrelas. Grande mistério que propicia o encontro! Embora tenha estado pouco tempo comigo, antes de partir, a andorinha quis-me dar uma consolação: com o seu frágil canto acordou-me e trouxe-me à memória momentos únicos nunca antes revividos. Coisas estranhas me aconteceram! Que longínqua recordação o canto de uma andorinha me trouxe! Apareceu-me em casa sem eu o desejar, e após ter tomado contacto com a sua dor e com a sua morte, aprendi que as andorinhas não gostam que as vejam a morrer. Foi assim que aconteceu com esta.

Borbulha Poética pelos Cérebros Borbulhantes

O

11º E é uma turma da nossa escola, da professora Ana. Todos eles são muito amigos e ajudaram-nos muito durante este ano, por isso dedicamos-lhes este poema. Para os alegrar e motivar para terem bons resultados nos exames nacionais, compusemos um poema, intitulado “Borbulha Poética” e lido pelo Daniel, presidente d' Os Cérebros Borbulhantes, no último dia de aulas da turma. Julgamos que eles gostaram muito, pois bateram muitas palmas, segundo nos contou o presidente. Ficámos a saber recentemente que eles são poetas, tal como nós, e resolvemos publicar aqui alguns dos seus versos. Afinal os Grandes são alunos excelentes e verdadeiros amigos! O décimo primeiro E É uma turma fenomenal, É a melhor do Rodrigues, E a melhor de Portugal! A risonha Ana Cláudia É ela a mais interessante, Pois o azul dos seus olhos É um azul vibrante. A Ana Micaela É mesmo muito querida, Mas quando fica zangada É uma fera destemida. A Bárbara é a delegada É a defensora da ética, É a deusa de Petrarca, Uma figura poética. A divertida Catarina Gosta de onomatopeias, Quando imita as gaivotas, Ficamos de orelhas cheias. A plácida e doce Cátia É uma miúda amorosa, Muito calma e ponderada E também muito formosa. A Dânia é faladora Mas parece uma princesa, Tem um grande coração e muita delicadeza. E o querido Dulani Ainda não trouxe a faixa! Ainda anda a procurá-la, Lá no fundo de uma caixa. A risonha Maiza É vaidosa e é fofinha. Gosta tanto de brincar Que faz a festa sozinha! O hiperactivo Fábio Está sempre levantado E elogia a professora Quando não tem estudado. A tímida Helena É muito envergonhada, É a melhor das amigas E por todos é amada. O guitarrista João Pedro É um caso divertido: É tímido na expressão Na música extrovertido. O aluno Manuel É um intelectual E a sua poesia

Vai encantar Portugal! A corada Mariana É uma aluna sensível, De uma grande humanidade É um ser humano incrível! A Marta é muito simpática E é muito sedutora. Gosta muito de mandar Uns piropos à stôra. O Raul é genial, Mas gosta de mandar bocas. Põe-nos todos a pensar Nas suas ideias loucas. A tristonha Tatiana Esteve muito doente; Esperemos que melhore Para ficar mais contente. A ajuizada Joana Parecia muito distante, Mas depois de a conhecer, Tornou-se mais cativante. A jovem Ana Sofia Era muito reservada; Agora é uma de nós Perfeitamente integrada. O décimo primeiro E É uma turma bestial, Não há outra assim no Porto Nem em todo o Portugal! E eu Daniel Maia, Quero-vos agradecer, Vós estais no meu coração Nunca vos hei-de esquecer. Para o amigo João Pedro Uma palavra especial: Ele é um grande guitarrista O melhor de Portugal! E a linda Mariana É uma grande pianista! Vou pô-la no Facebook Logo na primeira lista. A minha stôra Aura Admira o Manuel. Rapaz empreendedor E tão doce como o mel. E a professora Ana Sente-se muito orgulhosa. Está sempre a gabar a turma, É uma grande vaidosa! O Verão está a chegar E os exames também: É preciso estudar Para eles correrem bem. Depois desta trabalheira, Vamos pra praia gozar Vai ser uma brincadeira Namorar até fartar. E eu, Daniel Maia, Que sou um cosmopolita; Vou fazer uma viagem De todas a mais bonita Eu vou aos Estados Unidos E vai ser bom para mim; Quero passear na rua, Comer e beber, ó trim-trim-tim-tim. Gosto muito de vós todos Digo isto com paixão Vou ter-vos sempre comigo, Dentro do meu coração!

15 O Clube de Braille por Daniel Fonseca (Aluno do 6ºA da EBSRF) Há um sítio onde eu vou ver Pontos, pontos a valer… Números e letras vão formar Para um alfabeto criar. Se me enganar, Vou com os dedos apagar, E se a campainha tocar, De linha tenho de mudar Quando quiser ler, As combinações vou ter de saber, Mas se me esquecer Posso sempre o alfabeto ver…


Repórter Etc..................................................................... leiam e estudem muito, relacionem aquilo que lêem com aquilo que vêem. Etc: Preocupa-o o facto de o teatro não ter actualmente muito público? IG : Eu acho que ainda não se prevê a morte do teatro, enquanto fenómeno sociológico, o teatro é insubstituível na arte. Eu acho é que nós vivemos um tempo em que as coisas se tendem a confundir. E isto não é só no teatro que acontece, também em varias artes plásticas, também na musica, e na dança.

Entrevista a Igor Gandra, Director do FIMP* por Bárbara Marmelo e Helder Marques (Alunos do 12ºF, da EBSRF) Jornal Etc : Como foi o seu percurso académico? Igor Gandra (IG) : O meu percurso académico não é relevante. O que é relevante é o meu percurso profissional e artístico e aquilo que me marcou enquanto artista e criador foi ter participado neste festival há quase 20 anos! Comecei por ser voluntário, gostei do convívio com os artistas deste festival e assim eu descobri ser marionetista. Etc: …Foi então assim que decidiu estudar para ser marionetista? IG : Não, por acaso não! Na altura estudava dança. Supostamente viria a ser bailarino, mas tive uma relação no sentido mais místico do termo. Etc: Visto que foi o seu primeiro ano enquanto director do FIMP, que maiores dificuldades sentiu? IG : Vivemos um momento muito difícil, a pretexto da crise estão a ser tomadas medidas politicas que são difíceis de tomar noutro contexto, são medidas de cortes, privatizações e exclusão. E o festival não foi excepção! Arrancamos com este festival com menos dinheiro do que aquele que era necessário…

Etc: Quais companhias e espectáculos recomendaria ao público mais jovem que pretende seguir as áreas da representação? IG : As que estão no festival são todas boas senão não estariam aqui, mas eu acho que os festivais servem para isso mesmo. Servem para ajudar a criar quadros de referência. Mas isso não compete à direcção artística nomear, as pessoas é que têm de descobrir. Descobrir também é assistir, perceber os seus próprios percursos, as suas próprias afinidades. Cada artista tem a sua própria apresentação, por isso, cabe a cada espectador escolher. Etc: … Porque há imensos espectáculos com qualidade, é isso? IG : Exactamente. Etc: No nosso caso - jovens artistas - se decidirmos ir para o mundo da representação, incluindo o universo das marionetas, quais são os seus conselhos… os indispensáveis? IG: Vejam muitos espectáculos! Participem no mundo do teatro, das marionetas. Ver espectáculos é um modo de aprendizagem fundamental. O outro conselho é que

Etc: Então acha que o festival tem tendência para evoluir ainda mais? IG : Eu acho que sim. Esta edição que hoje termina, é pautada por um nível de influência maior. É um objectivo que nos propusemos e que não era fácil. Um festival que é praticamente passado na rua, a três dimensões! Mas, também não quero pensar no crescimento do festival exclusivamente nessa perspectiva. Há coisas que terão sempre muito mais gente… também porque alguns dos nossos espectáculos, só podem levar cem pessoas, e é assim que tem que ser feito. Etc: Fica orgulhoso quando verifica as lotações esgotadas nos vários espectáculos? IG : Claro que sim!... Quando uma coisa dessas acontece neste festival, e que aconteceu várias vezes, é graças ao trabalho de uma equipa que está a funcionar, uma equipa, uma produção, uma comunicação, uma equipa técnica, uma equipa de suporte... É bom salientar que toda a organização e desenho deste festival é devida a mim e a outros elementos da direcção! Tem a ver com a relação do que é o ideal e daquilo que é possível. Acho que conseguimos um compromisso muito importante! Etc: De que forma é que tenta adquirir novos públicos?... Ou melhor, sente-se capaz ou necessitado de atrair mais e diferentes espectadores? IG : Este festival teve propostas muito diversas, nós tivemos experiências radicais e muitas delas acessíveis, como os “Fimpalitos”. E o festival para mim funciona um pouco dessa maneira… Funciona como um gesto absolutamente assumido de abertura a toda a gente, e quando digo isto, não é para dizer que quero aqui todos, porque quando se quer tudo, acabamos por não ter nada…

*Festival Internacional de Marionetas do Porto

Etc: Relativamente ao conceito de marionetas, nós reparamos numa fuga ao conceito de marionetas tradicional, porque geralmente trata-se de um palco com um cenário e bonecos de madeira a movimentarem-se com fios… IG : Não sei, não coloco as coisas nesses termos, o que eu penso é que a marioneta enquanto ideia é que é muito rica, muito abrangente, podemos pensar no exemplo de máquina e corpo humano e isso são dois aspectos que convergem na marioneta. Isso na maior parte dos casos e na representação, é uma metáfora do corpo humano, como a própria maquina é uma metáfora do corpo. E a nossa proposta é um pouco essa, apresentar trabalhos de artistas que sejam conduzidas por si só ou em si mesmos. Etc: De todos os espectáculos que assistimos, qual acha que foi o mais espectacular ou mais surpreendente? Aquele que possa ter sido o mais marcante? IG : É difícil escolher, é difícil colocar esse papel num único espectáculo, eu tenho uma visão muito geral do conjunto. No entanto, acho que aquele que mais se propõe a um deslocamento de fronteiras, mais marcante, talvez tenha sido o “La Timidezza delle Ossa”, da companhia “Pathosformel”, no teatro do Ferro.

Hélder Marques (12ºF)

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Bárbara Almeida (12ºF)

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

Etc: Acha que existe um público fiel ao FIMP? IG : O FIMP é um marco, é um festival que tem mais de 20 anos. A edição presente marca um inicio de um novo ciclo, com a mudança da direcção artística e da equipa.

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.....................................................................Repórter Etc

Eduardo Souto Moura

Uma nota biográfica

por Maria Sousa (Aluna do 12ºF, da EBSRF)

E

duardo Elísio Machado Souto de Moura, nascido no Porto em 25 de Julho de 1952, é um arquitecto português. É filho de José Alberto Souto de Moura, médico, natural de Braga, e de sua mulher Maria Teresa Ramos Machado. Trabalhou com Álvaro Siza Vieira, mas cedo criou o seu próprio espaço de trabalho. Souto Moura, influenciado pela horizontalidade das linhas condutoras de Mies van der Rohe, tem nas casas o seu grande espólio de obras. É um dos expoentes máximos da chamada Escola do Porto, vencedor do Prémio “Pritzker” em 2011. "Durante as últimas três décadas, Eduardo Souto Moura produziu um corpo de trabalho que é do nosso tempo mas que também tem ecos da arquitectura tradicional. Os seus edifícios apresentam uma capacidade única de conciliar características opostas, como o poder e a modéstia, a coragem e a subtileza, a ousadia e simplicidade - ao mesmo tempo”, pode-se ler no comunicado emitido pelo júri do prémio. No mesmo comunicado, em relação ao trabalho do arquitecto, o júri sublinha a confiança que Souto Moura tem em "usar uma pedra com mais de mil anos ou a inspirar-se num detalhe moderno de Mies van der Rohe". Formado pela Escola Superior de Belas Artes do Porto, Eduardo Souto de Moura iniciou a sua carreira colaborando no atelier de Álvaro Siza Vieira. Em 1981, recém-formado, surpreendeu a comunidade dos arquitectos vencendo o concurso para o importante projecto do “Centro Cultural da Secretaria de Estado da Cultura” no Porto (1981-1991) que o viria a lançar, dentro e fora de Portugal, como um dos mais importantes arquitectos da nova geração. O seu reconhecimento internacional viria a reforçar-se com a conquista do primeiro lugar no concurso para o projecto de um hotel na zona histórica de Salzburgo, na Áustria, em 1987. A partir da “Casa em Cascais”, realizada em 2002, começou a afastar-se da linguagem “miesziana” que o definiu numa primeira fase da sua obra, começando a redesenhar a forma de construir e criar arquitectura através da complexidade e dinamismo de formas, mas sempre com o cuidado do desenho espacial habitual. Exemplo disso é o “Estádio Municipal de Braga”, onde o imaginário de teatro e o cenário da pedreira, onde a obra foi edificada, nada nos remetem às primeiras obras do arquitecto, mas muito mais a uma segunda etapa que dá, agora, os primeiros passos. Ao longo da sua carreira, o arquitecto tem sido várias vezes abordado para leccionar nas mais conceituadas escolas de arquitectura, actividade que iniciou em 1981 na Faculdade de Arquitectura do Porto, mas que já o levou a dar aulas nas escolas de “Paris-Belleville, Harvard, Dublin, Zurique e Lausanne”.

Crónica de Dublin por Eduardo Miguel “enviado especial”

O

futebol não é com certeza o desporto nacional na Irlanda.

Nem o facto de a final da Liga Europa ser disputada em Dublin, entre dois clubes portugueses, fez crescer o interesse na capital irlandesa. Dublin estava mais curiosa em seguir todos os passos da Rainha de Inglaterra que se encontrava de visita à Cidade. Mais de quinze mil polícias de colete amarelo, cortavam as ruas às várias passagens da comitiva. A segurança era bem visível pelo aparato policial, dos helicópteros que sobrevoavam a baixa altitude e nos telhados dos edifícios militares vigiavam a situação. A imprensa destacava a visita real, o escândalo do presidente do “FMI” e antevia a visita oficial de Barack Obama. No plano desportivo o próximo jogo do fim-de-semana é que estava a criar muita ansiedade. Tratava-se da final da Heinekem Cup em Rugby. Sobre o futebol e em particular sobre a final da Liga Europa eram muito raras as referências nos jornais locais e na televisão. No dia do jogo, as ruas da zona turística da cidade coloriram-se de azul e vermelho e o português passou a ser a língua mais ouvida pelos cânticos dos adeptos das duas equipas. O convívio foi pacífico e deixou os irlandeses com um sorriso de aprovação. Alguns também entraram na festa! O azul era a cor predominante costrastando com o vermelho “do Minho” e o amarelo, dos coletes reflectores das forças de segurança. Depois de uma tarde de alegre convívio na zona de Temple Bar, os adeptos começaram a rumar ao Aviva Stadium.

[...Um excelente exemplo que o futebol pode ser uma festa, dentro e fora do estádio...] O percurso até ao estádio durou cerca de dez minutos de comboio. O primeiro impacto visual foi positivo. O “Aviva” é uma bela obra arquitectónica, inaugurado em 2010, com capacidade para 51.700 espectadores. Nas bancadas, a proporção de adeptos continuava favorável aos portistas. Alguns milhares de espectadores irlandeses, outros… eram adeptos de clubes de outras origens - Alemanha, Holanda, Suécia, Inglaterra, etc… que “precipitadamente” adquiriram os ingressos para a “final”. O jogo decisivo não foi muito empolgante tendo em conta o número reduzido de situações de golo. Valeu o golo obtido por Falcão - melhor marcador da competiçãopara encher de alegria os milhares de adeptos do clube da nossa cidade. O Futebol Clube do Porto juntou assim mais um troféu internacional à sua “colecção” e já perspectiva o jogo da “Supertaça Europeia” que se realiza em Agosto no Mónaco. Jogo terminado e as ruas de Dublin voltam a encher-se de cânticos e cores azuis e brancas. Nos bares, ao ritmo do folk irlandês, os adeptos do clube da cidade invicta festejavam a vitória enquanto os bravos guerreiros bracarenses não disfarçavam um certo desânimo. Não houve registo de qualquer situação de violência. Um excelente exemplo que o futebol pode ser uma festa, dentro e fora do estádio. No dia seguinte, ainda eram visíveis na capital irlandesa, os cachecóis e camisolas de ambos clubes portugueses. A “chuva miudinha” ia fazendo as suas aparições e a Rainha de Inglaterra continuava a ser motivo para “segurança apertada” e para o encerramento de ruas ao trânsito e peões.

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Eduardo Miguel

Estádio Municipal de Braga

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Aldeia global .................................................................... Gestão, administração e mediação de conflitos: que possibilidades? *

[...Assumir a resolução pacífica de conflitos implica a posse de uma caixa de ferramentas conceptuais que permita gerir os conflitos em torno da arbitragem, da conciliação e/ou mediação...]

por Carlos Jorge (Professor da EBSRF)

O

s conflitos1são algo de natural e necessário na nossa vida pessoal e social. A alternativa - calma e harmonia total -, remete-nos para uma sociedade uniforme, sem mudanças, sem desenvolvimento. O resultado disto é uma estabilidade que progressivamente se converte em rigidez e numa regulação totalizante da sociedade. A estabilidade, a segurança não podem remeter-nos para a opressão. A natureza desses conflitos pode ser organizada/categorizada/tipificada em torno - segundo 2 das seguintes interpretações: António José Fernandes-,

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nº12

a) Interpretações socio-históricas -“…aponta a violência inerente à condição da existência humana como principal fonte de conflitos, e considera os conflitos como um mal necessário, que contribui para o progresso da humanidade”; b) Interpretação socioeconómica - “… atribui aos fatores económicos a responsabilidade principal pelos conflitos internacionais… o conflito está ligado a um complexo jogo de interesses, que pode, segundo as circunstâncias, ou manter o status quo, ou fazer surgir um conflito.”; c) Interpretações sócio-psicológicas “…fundamentam- se no principio que o ser humano é por natureza agressivo. A agressividade individual é transferida para o grupo e manifesta-se logo que as condições psicológicas lhe são favoráveis”; d) Interpretações sociopolíticas - “… parte do princípio de que a guerra é um produto natural do sistema

“Visitei a Eurodisney toda e diverti-me imenso!”

entrevista a Daniel Maia , aluno da EBSRF Daniel Maia, 13 anos, aluno da E.B.S. Rodrigues de Freitas há 3 anos, fala da sua vida e conta ao nosso jornal como foi a sua última aventura, a visita à Eurodisney.

Construção dialógica da paz Galtung afirma que “os conflitos fazem parte da existência e podem ter um lado positivo”.3 Galtung faz parte de um grupo de investigadores agrupados em torno “peace researchers” que “pretendem definir, em contraponto com a polemologia, uma irenelogia, ou ciência da paz.”4 Esta nova teoria caracteriza-se, entre outros aspetos, por mostrar que o “aparecimento dos conflitos está ligado a um complexo jogo de interesses, que pode, segundo as circunstâncias, ou manter o status quo, ou fazer surgir um conflito.” Para Galtung nas sociedades que se caracterizam por redes complexas de interesses o desafio não está em evitar o conflito mas sim na sua transformação de forma a gerar estruturas sociais transformadoras e de diálogo. Assumir a resolução pacífica de conflitos implica a posse de uma caixa de ferramentas conceptuais que permita gerir os

DM: Sim, as crianças não devem estar sempre em casa, devem ir de férias.Mas é preciso cuidado porque podem perder-se. ETC: Quando pensa ir outra vez à Eurodisney? DM: Mas antes quero ir a Nova Iorque.Comer e beber ó trim, trim, trim passear na rua. ETC:Obrigado sr.Daniel Maia.Ficamos a aguardar a sua nova viagem. DM: Obrigado,srs.jornalistas e até à próxima.

ETC: Bom dia Sr. Daniel Maia. Daniel Maia (DM): Bom dia Srs. Jornalistas. ETC: Já viajou pela Europa. De que país gostou mais? DM: Gostei mais de França mas também já estive em Espanha e na Escócia. ETC: Porque é que gostou mais de França? DM: Porque as pessoas são simpáticas. ETC: Só por isso? DM: Não, claro que não. Adorei Paris. Subi à Torre Eiffel e vi a cidade toda lá de cima. ETC: Só visitou a Torre Eiffel? DM: Não. Em França, do que mais gostei foi da Eurodisney. Mas a Eurodisney fica fora de Paris. A Torre Eiffel é que fica no centro de Paris. ETC: De que é que mais gostou na Eurodisney? DM: Estive lá 6 noites e 6 dias e sempre a divertir-me. Visitei a Eurodisney toda e diverti-me imenso! Visitei os 5 países encantados do parque: Main Street, Fantasyland, Adventureland, Discoveryland. Diverti-me imenso. ETC: Mas... falta um país encantado? DM: Pois, já não me lembro desse.

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internacional... “ A função executiva da guerra no sistema internacional é, pois, tão importante como a sua função legislativa e a função penal”. A aspiração dos povos é viver e conviver em níveis progressivos de confiança mútua, de mútua colaboração e progresso dentro da equidade e da diversidade de projetos nacionais existentes. É fazer parte do arco-íris cultural que nos caracteriza, de estar incluso num projeto de justiça, liberdade e paz planetário. O horizonte histórico deste projeto não se pode calendarizar e/ou limitar ao curto ou médio prazo, mas tem de ser construído com alicerces que lhe garantam um futuro permanente. Para isso, é necessário a emergência de uma nova conceção paradigmática que permita a resolução pacífica dos conflitos.

ETC: Não faz mal. Quando é que visitou a Eurodisney? Faltou às aulas? DM: Não, claro que não.Eu não gosto de faltar às aulas. Eu sou muito cuidadoso com a escola.Não devemos faltar às aulas, só quando estamos doentes.A escola é muito importante para mim,gosto de trabalhar e tenho muitos amigos. Fui à EuroDisney nas férias de Carnaval. ETC: Demorou muito tempo a chegar a França? DM: Não, a viagem foi rápida porque fui de Avião. ETC: Qual dos países da Europa que visitou fica mais longe de Portugal? DM: A Escócia.Tenho lá um amigo, o Daely que é super divertido. ETC: E qual o país mais próximo? DM:Fui a Espanha. Visitei a capital Madrid.E achei a cidade muito bonita. ETC: Aconselha os pais a levarem os filhos à Eurodisney?

Subir ao palco por Diogo Rodrigues (Aluno do 9ºB da EBSRF) nesta frase que se pode sintetizar o que se faz na Academia Breyner situada na rua com o mesmo nome , de recente criação já está a dar cartas pelos seus métodos de formação e aprendizagem, um pouco ortodoxos do que se está habituado a presenciar numa escola de música, investindo numa formação multifacetada do artista, que tem vindo a resultar noutras cidades (Julliard School em Nova York e Royal Scottish Academy em Glasgow), importando este método de ensino e implementando-o, sendo o projecto mais inovador e do qual se tira a ideia de inovação é o Get On Stage, um curso feito para bandas que dura um ano, que logo no início a primeira coisa que se faz é um concerto diagnóstico no Breyner 85 (nome do bar que pertence a academia e se situa no mesmo local) com o intuito do produtor ver que tem de fazer a partir dai. O curso é dado por módulos e no fim e inicio de cada módulo dão sempre um concerto em que são gravados tanto áudio como vídeo. O curso tem mais de 100h de ensaio ao longo do curso, no qual ocorrem diversos workshops e no fim deste, a gravação de um EP sempre com o apoio e ajuda do produtor. Os profissionais que partilham o seu conhecimento tem carreiras artísticas activas e relevantes no panorama musical actual como GNR, Os Azeitonas, Paul da Silva, Supernada, Pluto, Per7ume, entre muitos outros. Além disto, existem salas de ensaios e gravações a preços económicos, o Breyner 85, o bar da casa que tem sempre espectáculo marcado aos fins-de-semana (só pelo espaço vale pena ver) também por causa das jam sessions, na quais podes encontrar aquele baterista que te falta na banda. Podes ainda travar conhecimento com outros artistas!... Soube por fonte certa, que no início do ano estes vão realizar um festival para apenas doze bandas e que o primeiro prémio é a gravação de um EP, o segundo e terceiro prémios, um curso para bandas pago pela academia.

É

conflitos em torno da arbitragem, da conciliação e/ou mediação, ou, se for caso disso, do recurso ao sistema de justiça. A construção de uma relação dialógica entre beligerantes permitirá o reconhecimento da alteridade e consequentemente uma saída não violenta para o conflito. O diálogo é um processo de aprendizagem que se (re)constrói permanentemente. Bibliografia Galtung, Johan, (1994) Direitos Humanos - Uma Nova Perspectiva, Lisboa, Instituto Piaget Galtung, Johan é fundador de TRANSCEND www.transcend.org

* Decorre no nosso agrupamento uma Acção de Formação, entre o dia 1 de Julho e o dia 18, acerca desta problemática. 1 in Ideologias, Conflitos e Tensões lecionado pelo Prof. Doutor

António José Fernandes - Mestrado em Relações Interculturais Universidade Aberta - Carlos Jorge dos Santos Sousa

2 António José Fernandes Ideologias, Conflitos e Tensões, s.d.,

Universidade Aberta, Porto, pp. 355-366

3 in António José Fernandes, op.cit., 359 4 Adriano Moreira, Teoria das Relações Internacionais, Coimbra,

2002, p. 332

A realidade de um casamento real por Nuno Almeida (aluno do 12ºF da EBSRF)

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9 de Abril de 2011, dia memorável que ficará, sem dúvida, registado pelo gasto de algumas coroas para a realização de um casamento daquelas dimensões, e contribuir para a sucessão da coroa Inglesa. Bem, pelo menos desta vez, entra na velha e bafienta “Corte Kingdoniana” uma lufada de ar fresco pelas mãos dos jovens William e Kate. Será que o ambiente do reino vai agora renovar-se, afastando as velhas múmias de cartolas bizarras e incontáveis lantejoulas a iluminar a palidez da sua tez de cera? A característica compostura inglesa não sairá, certamente, beliscada por uma atitude mais cordial e humanizada dos jovens príncipes, menos formais e mais simpáticos e afectuosos que a sua linhagem. Bem, sua linhagem, dele, já que a bela Kate uma plebeia, mas uma plebeia orgulhosamente assumida, sem sentimentos de culpa por ter nascido na família errada com muita classe e nenhuma presunção, pelo menos por agora e fazemos votos (e figas!) para que assim se mantenha. A cerimónia deu-se às 11h00. em ponto, desrespeitando a pontualidade britânica pois a mais recente noiva da coroa inglesa chegou às 11h02 para desagrado dos convidados que estiveram mais de 4 horas a espera desta tão especial noiva, ao qual nem mesmo M. Been podia deixar de marcar presença e contribuir para os 1991convidados! Talvez estes novos e dignos sucessores de uma Coroa tão baça e imaculada pelos sucessivos escândalos, a façam brilhar de novo e ser um símbolo verdadeiro de um orgulho e amor nacionais (tão tremidos e a cair, cada vez mais, no esquecimento colectivo) do povo inglês que já não se deixa encantar por contos de fadas. Este facto constitui um marco para a (tão necessária!) renovação da esperança de um povo (e não só pois conseguiu ultrapassar fronteiras) deprimido, não só pela falta de sol mas sobretudo pela crise e recessão em que o país está a mergulhar. E, para que tal seja possível, anseia-se veementemente que o velho polvo da coroa e corte “kingdonianas” se comova com esta história de amor, digna de um conto de fadas moderno, limitando-se a observar embevecidamente com o coração amolecido por uma imensa ternura. Esperemos um desenrolar pacífico no seio de uma família, na realidade (e não realmente o que pode, perigosamente, limitar-se às aparências) unida e feliz.


.........................................................................Curiosidades Receitas culinárias por Glória Rocha (Coordenadora do Pessoal Assistente Operacional da EBSRF)

Nelson Costa (10ºH)

A coruja-das-neves por Dinis Bento Loyens (aluno do 9ºB, da EBSRF)

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coruja-das-neves, ou coruja-do-ártico (Nyctea scandiacus) é uma ave strigiforme, que habita a tundra das regiões polares do hemisfério Norte. Como é uma ave migratória, durante o Inverno migra para o Sul, chegando ao Texas, ao Norte da China, e inclusive às Caraíbas. Esta espécie tem uma longevidade aproximada de 9 anos. Esta coruja pode medir entre 53 cm e 60 cm, e ter uma envergadura que chega até aos 180 cm e pode pesar até 3 kg. A plumagem do macho é branca, enquanto que a da fêmea é ligeiramente mais escura, o que lhe proporciona uma maior camuflagem, aquando da construção do ninho, visto que esta espécie nidifica no solo. Normalmente o seu bico é redondo e está parcialmente coberto pela plumagem. A sua íris é amarela. Esta espécie também possui garras afiadas, que permitem agarrar as presas, enquanto que as suas asas servem à coruja para voar rente ao solo ou acelerar em perseguição das presas. Devido ao clima gélido do seu habitat, esta coruja tem uma plumagem espessíssima, para a proteger do frio e do vento. Ao contrário das restantes corujas, que possuem hábitos noctívagos, esta coruja caça quer de noite, quer de dia, já que durante o verão árctico é quase sempre de dia. Os seus ouvidos, ainda que cobertos pela sua espessa plumagem, permitem à coruja identificar até pequenos mamíferos que se escondam por debaixo da neve. A sua alimentação é maioritariamente constituída de lemings, coelhos e outras aves, no entanto, quando o seu alimento principal escasseia, normalmente durante a época migratória, a coruja é obrigada a alimentar-se de carcaças de outros animais, e a alimentar-se de peixes. A coruja-do-árctico, é uma ave solitária, tímida e silenciosa. Durante a época de acasalamento, cada casal reclama um território de caça através de guinchos que se podem ouvir até 10 km de distância. Durante esta época, a coruja torna-se agressiva, embora as fêmeas no início possam simular um ferimento. Durante a estação quente, as corujas, abrem e fecham as asas, como meio para regular a temperatura corporal. A época de acasalamento desta coruja começa por volta de Maio. O macho faz voos de exibição e é frequente oferecer à fêmea um leming morto. A fêmea, escava depois um buraco no solo, que servirá como ninho. O seu ciclo de procriação está dependente da população de lemingues. A coruja põe os ovos com vários dias de distância, e a primeira cria a nascer é sempre a primeira a ser alimentada, sendo as outras alimentadas de acordo com a disponibilidade de alimento. A coruja aprende a voar e a caçar 50 dias após a eclosão do ovo. De acordo com o World Wildlife Fund (WWF), esta espécie não está em vias de extinção, no entanto, como todas a biodiversidade, está cada vez mais vulnerável à actividade humana, à poluição e à destruição de habitat.

Curiosidades sobre o “antigo liceu” (continuação) por António Augusto Oliveira Cunha e António Tavares 1. Uma curiosa placa de mármore Talvez o leitor já tenha reparado numa pequena placa de mármore que está colocada à entrada do “liceu”. Quem a mandou colocar? Em cumprimento de um decreto de Gustavo Cordeiro Ramos (ministro da Instrução Pública), datado de 16 de Outubro de 1931, viria, por motivos de propaganda política, a ser colocada, em todos os edifícios construídos após 28 de Maio de 1926 (fim da I República e início da Ditadura), uma memória destinada a recordar aos vindouros a respectiva construção (ou, noutros casos, melhoramento). Nesse decreto pode ler-se, no seu artigo 1º: «Convindo perpetuar de forma indelével tão grande esforço despendido» pelo regime, determina-se que «Em todos os edifícios de estabelecimentos dependentes do Ministério da Instrução Pública que tenham sido adquiridos, construídos, concluídos ou ampliados após o 28 de Maio de1926, será aposta na fachada principal, embebida no reboco da viria, por motivos de propaganda política, a ser colocada, em todos os relevo: Edifício adquirido sob a Ditadura Nacional. Ano de 1933. A palavra “adquirido” será substituída pelas palavras “construído”, “concluído”, ou “ampliado”, conforme os casos». No artigo 4º lê-se: «O Ministério da Instrução Pública irá abrir um concurso público para o fornecimento das placas». Reza a história que o decreto foi rigorosamente cumprido. 2. De Salão de Festas a Biblioteca Quem sobe à Biblioteca não deixará de se perguntar se haverá outra igual em dimensões e características nas escolas secundárias deste país. A verdade é que o espaço onde ela, actualmente, funciona nem sempre esteve destinado aos livros. Foi o reitor António Américo Guerreiro que, na década de 1960, procurou melhorar e ampliar as instalações do Liceu, nomeadamente através da remodelação do Ginásio Grande com o seu rebaixamento para a construção do Teatro, e a construção de mais uma divisão de salas de aulas (a actual divisão 1). Nesse processo de reformulação, a Biblioteca foi transferida para o espaço que ocupa actualmente e que antes era destinado a Salão de Festas.

Ilustramos as “redes sociais”

Nuno (Aluno do 6ºB, da E.B.S.R.F.)

Carolina Machado (Aluna do 5ºB, da E.B.S.R.F.)

por alunos com necessidades educativas especiais

Salada de ovos, ananás e nozes

Ingredientes: 6 ovos; 6 rodelas de ananás fresco; 1,5 dl de natas; 4 colheres de sopa de ketchup; 1 alface; 150 g de miolo de noz; 1 tomate; pimenta em grão e molho inglês, q. b.. Coza os ovos durante 10 minutos em água temperada com sal. Corte o ananás em pequenos pedaços e escorra bem. Lave e corte a alface em juliana. Misture bem as natas com o ketchup e tempere com sal, pimenta moída na hora e um pouco de molho inglês. Numa saladeira, misture delicadamente o ananás, os ovos cortados em meias-luas, o miolo de noz e o molho. Enfeite com a alface, miolo de noz e uma flor feita com o tomate.

Bifes de peru com camarão e uvas

Ingredientes: 600 g de bifes de peru; 1 copo de vinho branco; 3 dentes de alho; 300 g de camarão; 250 g de cogumelos frescos cortados em lâminas; 750 g de uvas brancas; 0,5 dl de azeite; sal, q. b.. Corte os bifes às tiras, tempere-os com sal, os alhos picados e o vinho. Deixe repousar durante 1 hora. Lave o camarão e coza-o durante 5 minutos, em pouca água, temperada com sal. Escorra a carne da marinada e fritea em azeite. Quando estiver lourinha, retire-a da gordura. Lave os cogumelos e saltei-os na gordura da carne. Regue com um pouco de sumo de uva e com a marinada e deixe ferver até o molho reduzir para metade. Adicione o camarão descascado e as uvas lavadas e sem grainhas. Deixe ferver durante uns minutos e junte a carne só para aquecer. Retire do lume e sirva acompanhado com arroz frito ou puré de batata.

Mousse de cerejas

Ingredientes: ½ kg de cerejas; 2 ovos; 1 pacote de natas; 100 g de açúcar; 2 folhas de gelatina branca; chantilly para decorar. Lave, descasque e triture as cerejas, junte o açúcar, as gemas, as natas batidas em chantilly e a gelatina dissolvida em água fria e escorrida. Bata as claras em castelo e adicione ao preparado anterior. Misture bem, coloque em taças, decore com chantilly e uma cereja e leve ao frigorífico.

Ficha técnica do Jornal Etc...

Propriedade: Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas. Contactos: E-Mail: etc.jornal@gmail.com Url: http://etc-jornal.blogspot.com Telefone: 226 064 829 Fax: 226 062 701 Morada: Praça Pedro Nunes 4050-466 Porto Facebook: http://www.facebook.com/profile.php?id=1829508968 Twitter: http://twitter.com/etcjornal Nome do Jornal: Tomás Rodrigues (11ºA) Logótipo: Hugo Oliveira (ex-aluno) Coordenação: Eduardo Miguel (Professor) Redacção: Clara Costa (3ºB); Carolina Monteiro (3ºB); David Costa (4ºB); David Amaral (4ºC); André Teles (7ºB); Barbara Guedes (7ºA); Daniela Brito (7ºB); Diogo Reis (7ºB); Fábio Araújo (7ºB); Gabriela Sofia (7ºB); Tiago Leite (7ºB); Luís Marques (8ºA); Bernardo Monteiro (9ºB); Diogo Rodrigues (9ºB); Dinis Loyens (9ºB); Edgar Castro (9ºA); Filipe Teixeira (9ºB); Maria Inês Pessegueiro (9ºB); Miguel Guedes (10ºA); Margarida Cardoso (11ºA); Hélder Marques (12ºF); Francisco Melo (12ºE); Sofia Alves (12ºF); Mário Alexandre Sá (12ºCCT) Glória Rocha (Coordenadora do Pessoal Assistente Operacional); Alda Saraiva (Professora); António Augusto Cunha (Professor); António Lima Reis (Professor); Aura Maia (Professora) Beatriz Marques da Costa (Professora); Helena Salgado (Professora); Isa Monteiro (Professora); Maria José Ascensão (Presidente da C.A.P.); Noémia Ferraz (Professora) Revisão: Alunos e professores da EBSRF Fotografia: Diogo Reis (7ºB); Tiago Leite (7ºB); Bárbara Almeida (12ºF); Bernardo Machado (12ºA); Hélder Marques (12ºF); Nuno Almeida (12ºF); Sofia Marisa (12ºF) Ilustração: Miguel Falcão (7ºB); Manuel Vieira (10ºB); Luís Moreira (12ºF) Distribuição: Clara Costa (3ºB); Carolina Monteiro (3ºB); David Costa (4ºB); David Amaral (4ºC); André Teles (7ºB); Daniela Brito (7ºB); Diogo Reis (7ºB); Gabriela Sofia (7ºB); Mariana Maltez (7ºB); Tiago Leite (7ºB) Design, Paginação, Blogue e Newsletter: Eduardo Miguel Marketing e publicidade: Diogo Rodrigues (9ºB); Filipe Teixeira (9ºB); Miguel Guedes (10ºA) Facebook: Hélder Marques (12ºF) Twitter: Bárbara Almeida (12ºF)

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Para fechar.......................................................................

Jornal Etc...| Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas | Julho 2011 | nÂş12

Mosaico Etc‌ Um ano ilustrado

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