VINHEDO 70 ANOS

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ESPECIAL ANIVERSÁRIO Jornal de Vinhedo, 30 de março de 2019

Reconstruindo nossa história

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A capa do Caderno Especial é uma fotografia do Brasão de Vinhedo que ficou por décadas pendurado no Portal de entrada da cidade. A imagem foi realizada durante a reforma do monumento no ano passado


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Vinhedo comemora seu 70º aniversário e, apesar das sete décadas, ainda se trata de uma jovem e pueril cidade. Tanto que parte de sua história está sendo ainda redescoberta e recontada, como os textos que trazemos aqui neste especial, extraídos do livro de “Vinhedo - das aldeias indígenas até os condomínios”, escrito pelo cientista político, Rodrigo Paixão, que também uma síntese da obra. Muitos fatos tidos até então como verdadeiros, como a escolha do nome, por exemplo, foram analisados neste mate-

Reescrevendo a história rial e recontados, para que tenhamos de fato, a verdadeira história do município. Também trazemos alguns dados relevantes e atuais sobre a cidade que demonstram a sua grandeza, como o nosso Produto Interno Bruto Per Capita, Orçamento dividido por área, número da frota de veículos, edificações e outros detalhes interessantes. Vinhedo está entre as melhores cidades para se viver e é uma das mais bonitas do Brasil, oferecendo uma grande qualidade de vida aos seus moradores. Isso ninguém discorda, a divergência é sempre no que pode e como fazer para torná-la

ainda mais atrativa e especial. A palavra dos que governaram Vinhedo, os chefes do Executivo, suas impressões sobre a cidade, sentimentos e desejos também estão nas páginas a seguir, afinal, todos deram uma importante contribuição para o progresso da cidade. A importância da uva e o futuro dos vinhos para o município pode ser observado, por meio de uma entrevista com o presidente da Avivi, que explica o que de tão especial Vinhedo vem fazendo neste setor. Por fim, uma homenagem especial do Jornal de Vinhedo aos bens considerados imateriais do município: Coral Santa Cecília, Corpora-

ção Musical, e em especial, a digníssima senhora Aurora Sudário, muito importante para o desenvolvimento do bairro da Capela e para toda a cidade, com contribuições históricas, sociais e artísticas, mas ainda pouco relembrada. Não menos importante, os votos de muitos comércios, empresas e pessoas da nossa cidade, os verdadeiros vinhedenses, sejam aqueles que nasceram aqui ou adotaram Vinhedo para morar, demonstrando todo o seu amor pela nossa cidade. Esperamos que apreciem este Especial. Boa leitura!



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A Estrada da Boiada era o Caminho Indígena dos Goiases, que ligava o litoral de São Paulo ao Planalto Central. As evidências arqueológicas e os documentos históricos indicam que existiam ao menos duas aldeias em Vinhedo. Os relatos científicos e literários sobre a ocupação das terras de nossa região por povos originários (chamados vulgarmente de índios) podem ser encontrados em fontes acadêmicas,

Os índios foram os primeiros nos livros da Igreja Católica, em estudos arqueológicos e em diversos documentos em posse de museus, no Brasil e no exterior. Sabe-se que em Campinas, Jundiaí e Vinhedo, existiam principalmente índigenas dos grupos Tupi, Jê, Macro-Jê, Tupy-Guarany e Kaingang e outros que saíram do litoral por conta da perseguição colonial, para as primeiras áreas mais altiplanas, depois das cadeias de montanhas, como os Guayanases, Tamoyos e Tupinambás. Outra descoberta espeta-

cular da ciência foi que os espaços onde se instalaram pousos para tropeiros, viajantes e bandeirantes eram aldeias indígenas. Eram clarões na gigantesca mata que existia no “Mato Grosso de Jundiahy”, primeiro nome dado pelos portugueses para toda a região que ia de Jundiai até depois de MogiMirim. As evidências históricas indicam que um dos pousos ficava na Estrada da Boiada, em um plano (provavelmente no Parque Municipal), e outro na Estrada Velha-Vinhedo Campinas (nas pro-

Um dos pousos para tropeiros e viajantes foi instalado na região onde fica hoje a Fazenda Cachoeira

ximidades do Centro, onde depois se instalou a Fazenda Cachoeira). Foi justamente a partir desses pousos que surgiu o povoado de Rocinha. Também está documentado que a Estrada da Boiada era originalmente a rota que os povos originários usavam para se deslocar entre o litoral de São Paulo e o Planalto Central (Goiás e Brasília). Este caminho se ligava com uma das ramificações do lendário caminho do Peabiru, que levava à sede do Império Inca, em Cuzco, no Peru. Os indígenas que por aqui

viveram plantavam diversos gêneros, especialmente mandioca e milho e estes foram os primeiros produtos comercializados nas paragens, inclusive na “Rocinha”. Os indígenas também foram escravizados para servirem como força de trabalho em fazendas de açúcar na região de Jundiaí. O certo é que foram eles os primeiros a preparem o terreno para o surgimento da Vinhedo contemporânea.



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Cidade começa em 1778 e não em 1840

Documentos oficiais e outras fontes costumam indicar erroneamente 1620 como o início do contato com os bandeirantes e 1840 como início do povoado. O povoado que deu origem ao Distrito de Rocinha, atual município de Vinhedo, só pode se formar a partir de um “atalho” feito por um comerciante de Jundiaí em 1732. Os viajantes que passavam pela Estrada da Boiada passaram a ingressar no território a partir de uma nova rota que levava para o local onde se instalou a Fazenda Cachoeira. Esta rota passou a ser uma alternativa ao Caminho dos Goiases (a Estrada da Boiada) que tinha sido aberta 10 anos antes, em 1722, por Bartolomeu Bueno. Antes desse momento não se tem registro da presença de moradores fixos (os portugueses registravam como “almas”) e de casas efetivamente habitadas

e produtivas (nos documentos históricos denominadas como “fogos”) no local que futuramente viria a ser Vinhedo. Portanto, é incorreto dizer que começa a haver contatos frequentes com tropeiros, viajantes, aventureiros e bandeirantes antes do início do século XVIII. O fato histórico registrado no Arquivo Público do Estado de São Paulo é a existência de um pouso instalado a partir de 1766. Nos anos que se seguiram são registradas instalações de moradias que deram início efetivo ao povoado. Os registros podem ser encontrados nos “Maços de População”, do governo imperial, que demonstra a existência dos primeiros moradores do nosso território. Ano 1767 1776 1778

Almas 80 273 333

Fogos 15 30 57

Para efeito comparativo, Campinas foi fundada em 1774 e tinha 188 almas e 50 fogos, enquanto Jundiaí em 1655, contava com 309 almas e 65 fogos. Eram as

duas cidades que existiam próximas à Rocinha, que não se estruturou como

uma cidade por diversos fatores. Portanto, no ano de 1778, Rocinha havia su-

perado esses dois números de Campinas e Jundiaí.

A derivação de cinco sesmarias do século XVIII Foram distribuídas sesmarias nos dois primeiros séculos de colonização, na região de Jundiaí. Mas nenhumas delas faz menção à Rocinha. Elas permitiram a constituição de um povoado que floresce em 1778. Nos dois primeiros séculos de colonização, os portugueses tiveram contato com o território onde se encontra Vinhedo. No entanto, a fixação de pessoas, com o objetivo de ocupar as terras que antes pertenciam aos índios, acontece mais tarde, no terceiro século

de colonização, especialmente com a abertura dos novos caminhos feitos por bandeirantes e a distribuição de sesmarias. Essas sesmarias eram porções de terras distribuídas pelos responsáveis das Capitanias Hereditárias, àqueles que se dispusessem a fazer determinado pedaço de chão produtivo. Elas também poderiam ser concedidas pelas antigas Câmaras de Vereadores (no caso de Rocinha ficava em Jundiai) e eram denominadas Cartas de Datas. Os dois primeiros, Antonio Abreu e Alexandre Simões, eram comerciantes, e usa-

ram essas concessões para implantar os primeiros pousos de tropeiros em nossa região. Os demais, efetivamente implantaram engenhos de açúcar, com destaque para a família Silva Prado. Eleutério da Silva Prado era dono das terras que hoje formam o núcleo central de Vinhedo, enquanto Ana Joaquina da Silva Prado tinha a posse das terras onde hoje está localizado os bairros da Capela e Santa Cândida.

Durante o século XVIII os seguintes donatários receberam sesmarias nas cercanias de Rocinha: • Em novembro de 1728: Antonio da Cunha Abreu; • Em dezembro de 1732: Alexandre Simões Vieira; • Em agosto de 1779: Ana Joaquina da Silva Prado; • Em setembro de 1790: Eleutério da Silva Padro; • Em dezembro de 1796: Antonio Dias Barbosa.



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Arariúna: o nome escolhido pelos locais

Ao contrário do que a história contava, o nome Vinhedo não foi o primeiro a ser escolhido pelos moradores

No dia 24 de outubro de 1948 foi realizado um plebiscito popular e a maioria da população votou a favor da criação de um novo município. Meses depois, em 02 de abril de 1949, o primeiro prefeito e os primeiros vereadores tomaram posse, completando o ciclo emancipacionista. Segundo os registros da Assembleia Legislativa, Rocinha, então Distrito de Jundiai, contava com 7.124 habitantes, mas somente uma parcela estava apta a votar. Dos 1.745 eleitores qualificados, 1.666 votaram naquela consulta popular, sendo 1.563 a favor da emancipa-

ção, 94 contrários, 7 votos brancos e 2 nulos. Antes, porém, um intenso processo ocorrido nos meses de maio e junho de 1948, com a realização de assembleias, debateu o nome da cidade que estava na eminência de surgir. Dos diversos nomes apresentados em mais de uma centena de participações de cidadãos, cinco tiveram maior aceitação: Videiral, Vinhalândia, Vinhedos, Italândia e Arariúna. Os três primeiros nomes foram indicados em razão da cultura da uva, com ao menos 3 milhões de pés naquele ano, o quarto por conta das pedras (em tupiguarani Ita significa pedra) que existiam à época no território e o quinto por conta dos Barões de Arari, pois se acreditava que eram os fundadores do povoado que

deu origem a Rocinha. Os nomes foram submetidos ao processo de votação entre 39 cidadãos que estavam participando mais ativamente do processo de organização do plebiscito. O resultado no primeiro turno foi o seguinte: Arariuna: 14; Italândia: 13; Vinhalândia: 6; Videiral: 3; Vinhedos: 3. Total de 39 votantes. No segundo turno Arariuna venceu com 27 votos a favor, contra os 12 que optaram por Italândia. Ou seja, os nomes que tinham relação com a viticultura, principal atividade econômica da época, foram desconsiderados. No documento enviado para a Comissão de Estatística da Assembleia Legislativa ata que registrou a escolha oficial dizia: “Com isto quiseram os habitantes de Rocinha pres-

tar uma justa homenagem aos Barões de Arari, fundadores do núcleo que deu origem ao nosso Distrito. Estamos certos que esta deliberação venha de encontro ao desejo de todos os rocinhenses”. Entretanto, uma Carta de Milton de Souza Meirelles, então proprietário da Fazenda São Joaquim (atual Condomínio) para o médico (e futuro prefeito) Abrahão Aun, datada de 15 de junho de 1948, relata a posição do deputado estadual Cunha Bueno que dizia respeitar a autonomia dos habitantes locais para indicar o nome, mas que não achava adequado uma denominação que não tinha relação com a história da cidade. O deputado tinha toda a razão, pois os Barões de Arari não tinham nenhuma relação com a fundação da

cidade, como será demonstrado em outro momento. O alerta gerou uma mobilização local e um abaixo-assinado foi providenciado com 60 signatários a favor do nome “Vinhedos”. A nomenclatura no plural, com o “s”, aparece na maior parte dos manuscritos, sendo adaptada nas publicações oficias para a forma que conhecemos. Por pouco, os vinhedenses hoje seriam chamados de arariunenses. A homenagem equivocada aos Barões do café foi desfeita, mas outras confusões geraram distorções históricas presentes até hoje nos registros da cidade.



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Uma disputa comercial fez surgir Rocinha

No início do século XVIII uma disputa pelas rotas do comércio na região entre Jundiai e Campinas fez surgir um novo caminho. Dois grandes proprietários de sesmarias foram os protagonistas desta batalha: Alexandre Simões e Antônio Abreu. Nos primeiros séculos da colonização portuguesa no Brasil, as viagens eram realizadas em um primeiro momento pelas trilhas

indígenas. Essas trilhas, no estado de São Paulo, foram adaptadas gradativamente pelos bandeirantes. Hoje elas formam a atual rede de importantes rodovias (Anhanguera, Tamoios, Bandeirantes etc). Uma das rotas mais importantes, o caminho dos Goiases, trilha que ligava o litoral do país ao planalto central, foi adaptado pelos bandeirantes, passando a ser um importante ponto de apoio logístico para o Império Português, em 1722. Essa estrada hoje é a Rodo-

via Anhanguera e dentro de Rocinha era a atual Estrada da Boiada. O trecho entre Jundiaí e Campinas era um dos mais movimentados do país e possuía, portanto, alto potencial para o comércio. Nas proximidades da Estrada da Boiada, um proprietário de sesmarias, Antonio da Cunha Abreu, tinha a concessão para explorar o comércio e resolveu instalar alguns pousos para tropeiros. Paralelamente, um morador de Jundiai e comerciante experiente, Alexandre

Uma das sesmarias iniciava em Louveira, passava pelo Centro de Vinhedo e finalizava em Valinhos

Simões Vieira, conseguiu a doação de grande extensão de terras, a partir de uma sesmaria que ladeava o Ribeirão Pinheiros. Esta sesmaria iniciava-se em Capivari (atual Louveira), passava pelo que conhecemos hoje como o Centro de Vinhedo e chegava até a Fazenda Capuava, em Valinhos. Alexandre Simões resolveu abrir uma nova via que ligava estes pontos, arquitetando o que no futuro passou a ser conhecida como Estrada Velha São Paulo-Campinas.

Este feito contribuiu para deslocar o povoamento de Rocinha para a região que, após povoada, permitiu a instalação de lavouras de cana-de-açúcar e depois de café. Como desdobramento desta nova ocupação, no século seguinte, as sesmarias se converteram em grandes fazendas. A mais importante delas é a Fazenda Cachoeira, patrimônio histórico e cultural do Brasil.



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Uma análise da data e seus aspectos históricos feita pelo cientista político e escritor, Rodrigo Paixão.

Nossa casa comum faz aniversário A data do “nascimento” da nossa cidade é uma das questões históricas que abordo no livro “Vinhedo: das aldeias indígenas aos condomínios fechados”. Os emancipadores do município resolveram estabelecer como a data da fundação, 02 de abril de 1949 - a posse do primeiro prefeito e dos primeiros vereadores. Datas diversas, no entanto, poderiam ter sido escolhidas, como ocorre em outras cidades que fixaram seus “nascimentos” a partir de fatos distintos como o estabelecimento do povoado, a fundação da freguesia, a chegada de famílias colonizadoras ou da emancipação político-administrativa. A minha formação acadêmica e as experiências profissionais e políticas me inclinam a ter duas posturas diante de datas come-

morativas como esta dos 70 anos de Vinhedo. A primeira é entender o contexto e os processos sociais e históricos. A segunda é usar a oportunidade para reflexões sobre o presente e o futuro. O artigo é um convite para pensarmos este aniversário estrategicamente. Vinhedo chega a 2019 com uma economia diversificada e pujante. O Produto Interno Bruto (PIB) se aproxima dos R$ 8 bilhões de Reais) e a arrecadação da prefeitura é da ordem de R$ 500.000.000,00 (Meio Bilhão de Reais). Isso coloca a cidade como o 57º PIB e a 187ª receita per capita, entre os 5.570 municípios existentes no país. A ocupação dos 82 km² de território é dispersa, diversificada e predominantemente urbana. Os mais de 77.000 habitantes que o ocupam estão divididos entre cerca de 40% que nasceram no município e 60% que vieram de outras localidades (migrantes). Grosso modo, um terço vive

na região da Capela, um terço nos condomínios fechados e o terço restante nos demais bairros abertos. Como carro-chefe, o setor de serviços expressa dois terços da produção da cidade e a indústria representa o outro terço. A agricultura é responsável por menos de 0,5% (meio por cento) de tudo o que produzimos. Os pés de uva - símbolo do município com muita generosidade na contagem dos dados reais - não chegam a 50.000 (cinquenta mil). Isto, obviamente, nem sempre foi assim. O que conhecemos hoje como Vinhedo é fruto de um processo histórico de séculos. Os fatores que incidiram para formar nosso município iniciaram-se antes mesmo do processo colonial. Por aqui habitavam tribos indígenas que abriram os primeiros clarões na gigantesca Floresta Estacional Semidecidual, para formar suas aldeias. Foram eles também que abriram a primeira estrada (na época trilha) que ligava

o litoral ao planalto central. O antigo Caminho dos Goiases é o que reconhecemos hoje como a Estrada da Boiada. De 1722 em diante, o Caminho dos Goiases passou a ser rota dos bandeirantes. As aldeias passaram a ser pontos de parada para tropeiros, viajantes, aventureiros, posseiros e de toda gente que buscava o interior do Brasil. Estes pousos possibilitaram o surgimento de uma economia rudimentar de subsistência e fixação dos primeiros moradores. Vinhedo, da mesma forma que Campinas e Jundiai, já tinha um povoamento formado no século XVIII. Em 1778, 333 pessoas viviam por aqui em 57 casas, o que era mais do que suficiente para se fundar uma cidade colonial. Campinas foi fundada em 1774 com 188 habitantes e 50 casas, enquanto Jundiaí, em 1655, contava com 309 habitantes e 65 casas. Em razão de diversos fatores, a fundação da cidade só ocorreu, como sabemos, no sécu-

lo XX. Desde então, Vinhedo fez parte de cinco sesmarias que foram distribuídas pelo império português a arrendatários de confiança. Essas sesmarias se converteram em pontos comerciais e principalmente em grandes fazendas de açúcar (atividade econômica predominante no início do século XIX e que praticamente não é mencionada pela história oficial) e depois de café. A força de trabalho dos escravos africanos e, na sequência, dos imigrantes europeus, garantia a construção desta riqueza. Um conjunto de variáveis negativas para os cafeicultores fez muito deles “quebrarem”: a crise da República Velha, a queda da bolsa de Nova Iorque, a Primeira Guerra Mundial e a terrível geada de 1918. No início do século XX,


nosso território foi ocupado por propriedades menores que cultivavam frutas, especialmente, a uva, que chegou a superar na fase áurea os 5.000.000 (cinco milhões) de pés. Um ímpeto mais modernizante começou a ser arquitetado nas décadas seguintes, com a ampliação do comércio, dos serviços e da industrialização. Esse processo se consolidou nos anos 70 do século passado com a instalação dos primeiros condomínios (Marambaia, São Joaquim e Vista Alegre). A Vinhedo contemporânea foi arqui-

tetada desde essa década até a publicação do atual Plano Diretor, em 17 de janeiro de 2007. Portanto, essa casa comum, que convivemos e compartilhamos, cujo nome nos últimos 70 anos é Vinhedo, representa muito mais do que um conjunto de ruas, próprios públicos e edificações. Ela é expressão de múltiplos e complexos processos políticos, econômicos e sociais que não puderam ser retratados nesse artigo e que procuro reconhecer no livro já publicado. O espaço comum foi construído com lutas, com trabalho e muito sacrifício de pessoas de diferentes etnias, que vieram de muito longe ou

que aqui nasceram. Por isso, é preciso zelar para que seu futuro seja protegido. O direito à cidade é de todos os seus cidadãos, pobres, de classe média ou ricos. Os mais de 70.000 que aqui habitam, ou mesmo os que ajudam a construir de outras formas, trabalhando, estudando ou visitando seus familiares merecem usufruir todos os potenciais do município. Ocorre que Vinhedo ainda busca encontrar sua vocação, neste momento debate a renovação de seu Plano Diretor e algumas perguntas devem ser suscitadas. Com 18.732 edificações e 8.659 lotes vazios a cidade deve continuar aprovando novos loteamentos sistematicamente? Com

serviços sociais já defasados, falta de água especialmente nos bairros populares e problemas na mobilidade urbana, não é o momento de se concentrar nas soluções desses desafios? Nossa cidade tem um potencial gigantesco e ainda busca sua vocação. Com características muito peculiares, sua riqueza pode ser revertida para se fazer dela uma referência em políticas públicas. Esta não é somente uma questão de governo. Enquanto a maior parte das pessoas estiver em suas casas, sem se preocupar com o que passa do lado de fora, sem se empoderar de seus direitos e deveres, as soluções estarão mais distantes.

É o momento de cuidar da nossa casa comum, que tem jardins, praças, água, bichinhos, parques, ruas que são de todos. Tem também os bens imateriais, o patrimônio histórico e cultural, as tradições italianas, suíças, portuguesas, espanholas, alemãs, indígenas, negras e tantas outras que constroem o nosso imaginário coletivo. Vinhedo já tem muitos muros. Agora precisa centrar esforços na edificação de pontes entre as pessoas.


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Os onze prefeitos

O Jornal de Vinhedo entrevistou todos os prefeitos da cidade a partir da década de 80. José Carlos Gasparini era oposição e venceu dr. Jair Mendes de Barros no pleito de 1976. Fez represas, abriu grandes avenidas e iniciou o turismo, assom como prtogramou o desenvolvimento da cidade. Jonas Ferragut foi o próximo, recebeu apoio dos governadores de Estado, Orestes Quércia, Franco Montoro e Antônio Fleury Filho, todos de seu partido, o PMDB. Implantou melhorias importantes nas áreas de saúde e educação e fez o Parque Municipal. Milton Serafim, projetista da Carborundum, teve quatro mandatos à frente da Prefeitura. Construiu a primeira estação de tratamento de esgoto, fez a duplicação da Estrada da Capela, a Av. Tellau Seraphim e o Portal do Cristo, entre outras. Grande empresário, João Carlos Donato, enfrentou uma grande oposição para governar. Inaugurou o Teatro Municipal, o Memorial, escolas, centro médico e duplicou grande parte da Rodovia Edenor João Tasca. O professor Jaime Cruz herdou o governo de Milton Serafim, que renunciou ao mandato. Responsável por reabrir a Santa Casa, foi eleito em 2017 na disputa mais acirrada na história da cidade. Implantou o programa Saúde da Família e inaugurou a UBS Dr. Meirelles.

Jonas Ferragut

Governou de 1983 a 1988 e de 1992 a 1996 Vice: José Osmar Meirelles e Valdir Palaro

Qual o seu local preferido da cidade? Parque Municipal Jaime Ferragut. Vinhedo completa 70 anos no próximo dia 2. O que mudou de lá para cá? O desenvolvimento do Município e aumento da população. O que mais sente falta na Vinhedo de antigamente? Do relacionamento e afeto das pessoas.

Quais os desafios e como espera que a cidade esteja nos próximos anos? A falta de água e a manutenção do prestígio da cidade. Espero que ela continue se desenvolvendo com um bom padrão de vida. Deixe seus votos para o município: Que Deus continue abençoando nossa cidade e as pessoas sintam que morar em Vinhedo é um privilégio.



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José Carlos Gasparini

Governou de 1977 a 1982 e de 1989 a 1991 Vice:Hermínio Buneo e Manoel Matheus Neto

Qual o seu local preferido da cidade? Portal de Entrada da Cidade e Represas I, II e III na Fazenda Cachoeira Vinhedo completa 70 anos no próximo dia 2. O que mudou de lá para cá? Em virtude do crescimento populacional de 25.000 habitantes de quando fui Prefeito pela primeira vez em 1977 para os dias atuais com 75.000 habitantes, o povo perdeu sua identidade e seu idealismo pela nossa querida Vinhedo, pois não conhece a sua história e não passou pela necessidade inicial da sua construção e emancipação, inclusive por parte das autoridades atuais. Naquele tempo todos participavam ativamente do desenvolvimento da cidade, todos moravam e trabalhavam na cidade, inclusive as autoridades locais, empresários, industriais, médicos, professores, etc... , sempre engajados nos problemas e soluções da cidade buscando o bem maior. O que mais sente falta na Vinhedo de antigamente? Sinto falta do povo unido e consciente para buscar os problemas e soluções para a Vinhedo atual, que são muitos! Quais os desafios e como espera que a cidade esteja nos próximos anos? Espero que a Administração Municipal e todas as Autoridades legais, estejam de fato comprometidas com a cidade e o seu povo e não em benefício próprio ou de grupos. Uma Vinhedo para todos e Deus acima de tudo! Deixe seus votos para o município: Desejo que Deus continue abençoando a nossa cidade e todas as autoridades locais com muita sabedoria para nos conduzir a futuro justo, digno e próspero! Um grande abraço do eterno Vinhedense! José Carlos Gasparini e Família

Milton Álvaro Serafim

Governou de 1997 a 2000, de 2001 a 2004, de 2009 a 2012 e de 2013 a 2014 Vice: Élcio Álvaro Boccaleto e Jaime Cruz

Qual é o seu local preferido na cidade? Eu nasci e cresci em Vinhedo. Conheço cada palmo dessa cidade e caminho por ela todos os dias. Aqui, esteja onde estiver, sinto-me em casa, com minha família, entre amigos. Portanto, seria injusto apontar um local preferido. Mas uma coisa posso afirmar: prefiro Vinhedo a qualquer outro lugar do mundo. Vinhedo completa 70 anos no próximo dia 2. O que mudou de lá para cá? As escolhas mudaram. Nas últimas duas décadas, Vinhedo deixou de ser apenas mais uma entre as 5.564 cidades do Brasil para se posicionar entre as mais importantes do país. Sucessivos Índices de Desenvolvimento Municipal (IFDM) têm demonstrado nossos avanços em um cenário restrito a apenas 6% dos municípios nacionais. Isso não é pouco. Por outro indicador, o IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), instituído pelo Ministério da Educação, também é possível apontar avanços significativos de nosso município. Esses dados, em conjunto, evidenciam o grau de desenvolvimento de nossa cidade e apoiam as sucessivas administrações municipais – salvo por um breve hiato – que tiveram por princípio o planejamento, gestões eficientes, programas e obras voltadas prioritariamente ao bem-estar da população. Vinhedo aprendeu a escolher e progrediu. Quem não cumpriu esses critérios foi preterido. De lá para cá essas mudanças foram bastante significativas. O que mais sente falta na Vinhedo de antigamente? Sinto falta daqueles que já se foram, das histórias que compartilhamos. Quais os desafios e como espera que a cidade esteja nos próximos anos? Um dos conceitos básicos da geometria determina que a menor distância entre dois pontos é dada por uma reta. Na vida, definir o ponto inicial de nossa caminhada é relativamente fácil, basta observar a realidade que nos cerca. O problema está em determinar o segundo ponto, o ponto de chegada. Sem ele, traçamos retas indefinidas que não ligam nada a lugar nenhum. Esse é o maior dos desafios. Nossa cidade precisa manter as suas conquistas e avançar. Espero que Vinhedo esteja em boas mãos e que nossa gente não perca a capacidade de construir o seu próprio futuro. Deixe seus votos para o município: Meus votos em três palavras: Vinhedo para sempre.



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Kalu Donato

Governou de 2005 a 2008 Vice: Marcos Ferraz

Qual o seu local preferido da cidade? Vinhedo é uma cidade acolhedora, não existem lugares especiais,a cidade é especial,aqui nos sentimos acolhidos,esteja onde estiver.Agora um lugar onde me reporto no tempo é a Rua Nove de Julho, ícone na cidade,pelo seu comércio e sua historia,ali muitos Vinhedenses fizeram sua vida trabalhando e aproveitando momentos de lazer. Vinhedo completa 70 anos no próximo dia 2. O que mudou de lá para cá? Muita coisa mudou em Vinhedo, a cidade cresceu, prosperou, se tornou uma das melhores do Brasil para se viver,e com isso muitas pessoas escolheram a cidade para morar,o que trouxe um crescimento saudável para Vinhedo continua com ares de Rocinha,mas com performance de grandes metrópoles,tanto que varias empresas de grande porte escolhem nossa cidade pelo que ela oferece de infraestrutura. O que mais sente falta na Vinhedo de antigamente? A vida simples interior que tornava a cidade acolhedora,onde todos se conheciam e eram solidários uns com os outros,isto não é mais possível nos dias de hoje,e este fato me da uma grande nostalgia em relação aos que vivemos anos atrás. Quais os desafios e como espera que a cidade esteja nos próximos anos? O maior desafio de Vinhedo hoje é crescer e manter a qualidade de vida aos seus habitantes. Recursos naturais devem ser preservados, ao mesmo tempo que a demanda por água,infraestrutura,escolas,atendi mento medico,entre outros,crescem em desproporção ao que são gerados.Temos que nos preocupar com a formação de nossas crianças e jovens,oferecendo educação de qualidade,para que tenhamos através do conhecimento,capacidade de termos uma sociedade mais justa e igualitária. Deixe seus votos para o município: Desejo a Vinhedo, que ela continue sendo hospitaleira,que cresça e preserve suas riquezas naturais ,que ofereça aos seus habitantes o que for necessário para um futuro pleno de crescimento sustentavel e, principalmente, que seja sempre a nossa CIDADE DOS SONHOS.Parabéns Vinhedo,que os próximos 70 anos venham repletos de ações que a torne a melhor do Brasil para se viver.

Jaime Cruz

Governou de 2014 a 2016 e de 2017 a 2020 Vice: Claudinéia Vendemiatti Serafim

Qual o seu local preferido da cidade? Quem conhece a nossa história sabe o quanto sou grato por Vinhedo ter nos recebido de braços abertos. Convivi, em minha infância e juventude, no Jd. Três Irmãos e, lá, consolidei minha missão em servir à população. Mas também tenho o carinho especial pelos quatro cantos da cidade. Por isso, hoje, como prefeito, meu local preferido inicialmente é o Gabinete, local em que posso, retornar à população com ações e projetos concretos tudo o que recebi de gratidão, por Deus, pelo povo de Vinhedo. Vinhedo completa 70 anos no próximo dia 2. O que mudou? O desenvolvimento da nossa cidade é uma conquista que vem sendo consolidada desde 1949. De lá, para cá, todos os prefeitos que aqui passaram tiveram sua valiosa contribuição. Todos, sem exceção. Todos os vereadores também e, sobretudo, as famílias vinhedenses que, pelo trabalho e empreendedorismo, colocaram a cidade no patamar de qualidade e reconhecimento nacional que tem, pelos ótimos índices nas mais diversas áreas. O que mais sente falta na Vinhedo de antigamente? A tecnologia é, sim, uma aliada importante e que permite aproximar distâncias. Mas estamos falando dos valores, da vida familiar, do olho no olho, de estar juntos em ações sociais, em quermesses, em festas das comunidades, enfim, uma sociedade que semeia a Paz pela Tolerância e pelo Respeito. É isso que temos que valorizar e semear nos dias atuais. Quais desafios e como espera a cidade nos próximos anos? Como prefeito, temos trabalhado para colocar Vinhedo em cenários ainda melhores do que vivemos. Um dos focos principais é a valorização dos empresários e empreendedores, conectando Vinhedo no novo cenário de polo tecnológico. E é exatamente com este apoio institucional às novas empresas, especialmente da área de inovação, é que poderemos maximizar o orçamento da cidade e acompanhar, assim, as demandas. Deixe seus votos para o município: Que os 70 anos de Vinhedo sejam o reflexo de um povo trabalhador, que merece todos os nossos aplausos e apoio, por construir esta bela cidade, que temos o orgulho de estar como Prefeito e, pelo coletivo, pensarmos diariamente, de modo que cada ser humano e ser vivo desta cidade possam estar contemplados em políticas públicas.


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Vinhedo já teve deputados no século XIX Durante o século XIX o mando no território da antiga Rocinha era exercido pelos poderosos clãs dos Monteiro de Barros e dos Silva Prado. Além de um império econômico, eles detinham forte poder político no Brasil Império e na República Velha. Ao contrário do que se costuma falar, a cidade de Vinhedo já teve deputados esta-

duais e federais. É verdade que não foram eleitos pelo voto popular e direto, coisa que não existia no século XIX, mas efetivamente ajudaram a representar os interesses de Rocinha. Na virada do século XVIII para o século XIX, Rocinha converteu gradativamente as sesmarias, parte delas funcionando como engenhos de cana-de-açúcar, em fazendas cafeeiras. A principal delas era a Fazenda Cachoeira que man-

tinha também uma Casa Grande e uma Senzala, onde os escravos ficavam aprisionados. Os poderosos clãs Monteiro de Barros e Silva Prado formavam um importante “familismo político” que comandava não só este pedaço de chão, mas participavam ativamente do poder em São Paulo e no Brasil Império. Este poder se estendeu até a primeira parte da República Velha. A influência política e econômica colocou em im-

portantes postos políticos membros de suas famílias. Durante este período, entretanto, o voto era censitário. Ou seja, para ter direito a vota era necessário preencher certos requisitos, geralmente ligados a questões econômicas, tais como: nível de renda e propriedade de terras. Entre estes políticos destacam-se Lucas Monteiro de Barros. Ele foi eleito deputado estadual para a legislatura

1891-1892 pelo Partido Republicano Paulista (PRP) e reeleito para as legislaturas 1892-1894 e 18951897. Já em 1896 foi eleito pelo quinto Distrito de São Paulo para uma cadeira na Câmara dos Deputados na legislatura 1897-1899. Já seu pai, Rodrigo Antonio Monteiro de Barros foi deputado provincial de 1858 a 1863.


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A safra de uva fina para vinhos

Zé da Pinta e Adilson Amato mostram que vinho e uva não são apenas uma simbologia

Apesar do progresso e do desenvolvimento, Vinhedo continua sendo referência em uvas, agora em especial, as cultivadas para a produção de vinho finos. A cidade, de uns dez anos para cá, se tornou referência na poda de uvas de inverno e é uma das poucas do Estado com esta técnica. “A uva continua muito importante para Vinhedo, porque com o pouco que temos, temos com qualidade. Hoje estamos falando de uma das poucas cidades do estado a cultivar variedades viníferas para vinho. Possivelmente somos o único municí-

pio com vinhedos da variedade Merlot no estado. Outro nível de importância, é que com este trabalho, colocamos a cidade em evidência para todos os órgãos voltados para a agricultura e do turismo no estado, como a Cati e o IAC. Além de tudo isso, mantemos em alguns lugares de vinhedo a visão bucólica de um interior que não é só urbanização, ajudamos a preservar uma cultura e contribuímos para deixar a cidade mais bonita também”, destaca o presidente da AVIVI (Associação de Vitivinicultores de Vinhedo), Adilson Amato. As palavras do enólogo e enófilo vinhedense, produtor do vinho premiado Lavoro, desmistificam a ideia que a uva seja somente simbólica

para a cidade. “Não é só simbologia não, por mais que pareça que seja um trabalho somente de “hobby” hoje já se tornou uma atividade de muita responsabilidade, muitos produtores de vinho, tiram seu sustento desta atividade. Em mais de 10 anos de trabalho com a AVIVI, muitos já empregam mão de obra em sua produções, tanto de vinho como da uva”, explica. O caminho para chegar neste patamar foi longo. “Acreditamos em um potencial – climático e turístico, que poucos acreditavam há 10 anos aqui na região. Sempre se projetou que o Estado de São Paulo não tinha condições de produzir uvas específicas para vinho, as vitiviníferas, como a Syrah e a Merlot. Quebramos

este paradigma e, hoje, conseguimos rivalizar, em qualidade, com as regiões mais tradicionais de produção de vinho do país”, explicou entusiasmado. Nestes 15 anos de Avivi, muitos paradigmas foram quebrados, além do fato da introdução de uvas viníferas de vinho no Estado, os produtores vinhendenses fizeram com que elas produzissem com qualidade, tornando o plantio referência para muitos produtores que entraram nesta atividade hoje. “A principal técnica que expandimos e hoje conseguimos dominar na plenitude, é a colheita no inverno, o que em 2004 era um sonho, hoje se tornou um diferencial para o Estado de São Paulo”. Entre os principais avanços da Avivi na última década, Amato elenca que o principal foi colocar a cidade, com este trabalho, no mapa de produção de vinhos finos do Brasil, haja vista, a participação com o LavoroSyrah Colheita de Inverno, em um dos mais importantes concursos de avaliação de vinhos mundial, O Mundial de Bruxellas Edição Brasil. “Quem está no mundo do vinho, sabe que Vinhedo é uma promissora cidade para a produção de vinhos de qualidade do Brasil. Isso porque, exploramos com grande qualidade a técnica da Poda Extemporânea, que é podar as uvas no verão para realizar

a colheita em pleno inverno paulista, fazendo a uva amadurecer na sua plenitude devido ao clima frio noturno e os dias quentes, o que chamamos de amplitude térmica. Explorar esta característica da nossa região para produzir bons vinhos foi a nossa maior conquista”, completa. Sobre o futuro das plantações e a especulação imobiliária, Adilson diz que é possível incentivar a permanência do agricultor no campo. “É difícil, mas é possível sim. Por isso vamos atrás de parcerias com as entidades mais representativas do setor de turismo e agrícola do estado. Isso nos ajuda a criar uma aceitação com o consumidor e a criar uma imagem mais forte do vinho de Vinhedo no estado. O desejo é que continuemos melhorando a cada dia e que um dia, que não está longe de acontecer, a nossa cidade possa fazer jus realmente ao se enorme, sendo uma das mais importantes produtoras de vinhos de qualidade do Brasil. E para isso, não precisamos de quantidade e sim de qualidade”.



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Patrimônios Imateriais de Vinhedo

Nem todo mundo sabe, mas a cidade de Vinhedo possui três patrimônios imateriais na cidade. A benzedeira Aurora Sudário, figura ilustre que fez parte da história de Vinhedo, já é reconhecida oficialmente desde 2009 como patrimônio imaterial de Vinhedo, ao lado do Coral Santa Cecília e da Corporação Musical. Vinhedense nascida em 8 de março de 1891, Dona Aurora, que dá denominação

a Praça do Bairro da Capela, aos 29 anos começou a atender pessoas com problema de dores de cabeça, insônia, hepatite e as auxiliava para ter equilíbrio psicológico e espiritual. Muitas personalidades ilustres visitavam Dona aurora por ter se tornado muito conhecida na região. Dona Aurora sempre demonstrou muita sabedoria em toda sua conduta na vida, promovendo o bem- estar das pessoas em todas as suas ações. Dona Aurora Sudário faleceu em 9 de dezembro de 1997, aos 106 anos de idade.

Conceito O conceito de patrimônio imaterial abrange todas as formas tradicionais e populares de cultura transmitidas oralmente ou por gestos. O registro dos bens está dividido em quatro: dos saberes, das celebrações, das formas de expressão e dos lugares. Assim, tradições, expressões orais e artísticas, práticas sociais, rituais, conhecimentos e práticas relacionados à natureza e ao universo, técnicas artesanais tradicionais, entre outras, podem ser considerados patrimônio cultural imaterial.

Dona Aurora morreu com 106 anos de idade

A cidade e os povos afrodescendentes Depois dos portugueses, que chegaram para colonizar o país, no século XVI, os negros foram os imigrantes que em seguida aportaram em solo tupiniquim. As pesquisas atuais indicam que aproximadamente 5 milhões de negros foram sequestrados da África e trazidos para trabalhar como escravos no Brasil. Estima-se ainda que cerca de 40% das pessoas que eram aprisionadas morriam no caminho, do interior da África para o litoral do continente, na

resistência, lutas ou pelas más condições. Outros 15% morriam nos navios negreiros, antes de chegarem ao destino. Portanto, o número de envolvidos no processo de escravização foi muito maior. Na região de Jundiaí, o trabalho dos negros substituiu gradativamente a força de trabalho indígena, que também era usada nas fazendas de cana-de-açúcar, na segunda metade do século XVIII. Eles vinham principalmente de Angola, Mina e Guiné. Documentos históricos, em posse do Museu Paulista, indicam que no início do século XIX, em 1817, Eleu-

tério da Silva Prado já era um dos maiores proprietários de escravos da região, em Rocinha. Os Silva Prado controlavam as sesmarias que passavam pelo atual centro de Vinhedo. Como memória deste período temos, ainda hoje, nos porões do Casarão da Fazenda Cachoeira, uma Senzala, local onde os escravos ficavam aprisionados para trabalharem na produção do café. Depois de trabalharem nas fazendas de açúcar e café, os negros também contribuíram com diversos serviços na cidade. Após a Abolição da Escravatura, em 1.888, parcela migrou em busca de tra-

balho para Minas Gerais e Rio de Janeiro e outra parte integrou-se à sociedade de Rocinha que, no passo seguinte, formou o município de Vinhedo.

Quilombo Fundado nas proximidades da divisa de Vinhedo e Louveira, em algum ponto entre o Córrego da Capela e o Rio Capivari, O Quilombo de Rocinha tinha uma característica distinta da maioria dos que existiram no Brasil: era itinerante. Vinhedo abrigou o maior e mais importante quilombo que existia na então Província de São Paulo, nas décadas que antecederam

a Abolição da Escravatura. Os quilombos eram núcleos de resistência organizados por negros libertos ou que fugiam das fazendas onde eram escravos. No caso do Quilombo de Rocinha, os membros se movimentavam entre Jundiaí e Campinas para “driblar” a repressão e não serem presos, nem mortos, pelas milícias locais ou pelo governo imperial. Além de abrigar exescravos, o grupo estourava cativeiros e libertava escravos em fazendas na região.



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O orçamento aprovado para o município de Vinhedo neste ano é de R$ 481 milhões, um acréscimo de pouco mais de 4% em relação ao orça-

Vinhedo em finanças mento de 2018 que foi de R$ 462 milhões. Na administração indireta, a autarquia Sanebavi receberá R$ 47 milhões e a Câmara Municipal R$ 10 milhões, restando cerca de

ÓRGÃOS VALOR

R$ 424 milhões a serem distribuídos entre as secretarias do governo. A maior parte do orçamento da administração direta vai para a Educação com R$ 150 milhões, segui-

da pela Secretaria de Saúde com R$ 116 milhões, respeitando os limites legais exigidos para as duas áreas. Entre as pastas com maior orçamento, a Secretaria de

Serviços Municipais fica com R$ 40 milhões; já a Secretaria de Transporte e Defesa Civil R$ 24 milhões e a Administração com R$ 11 milhões:

(arredondado)

Governo R$ 6,8 milhões Negócios Jurídicos

R$ 2,1 milhões

Meio Ambiente e Urbanismo

R$ 2,0 milhões

PERFIL DA CIDADE

Administração R$ 11,3 milhões

População estimada [2018] : 77.308

Fazenda R$ 4,1 milhões

Densidade demográfica (hab/km²) : 947,35 hab/km²

Assistência Social

R$ 5,9 milhões

Educação R$ 150,7 milhões Esportes e Lazer

R$ 8,5 milhões

Saúde R$ 116,1 milhões Serviços Municipais

R$ 40,2 milhões

Transporte e Defesa Social

R$ 24,3 milhões

Crescimento populacional: 1991: 33.612 2000: 47.215 2010: 63.611 2018: 77.308 Área (em km²): 81,604 km² Grau de urbanização: 96,86%

Habitação R$ 685 mil

PIB Per Capita [2017]: R$ 108.326,86

Cultura e Turismo

Empregos formais: 35.958

R$ 6,6 milhões

Obras R$ 6,9 milhões Indústria, Comércio e Agricultura

R$1,2 milhões

Fundo Municipal de Assistência Social

R$ 7,3 milhões

Controladoria Geral

R$ 802 mil

Alunos matriculados na Rede Municipal: 10.442 38 escolas públicas Orçamento 2019: R$ 481.168.635,73 Eleitores: 58.263 Munícipes com planos de saúde: 36.416

Encargos R$ 22,4 milhões

Frota: 62.999 veículos

Reserva de Contingência

Taxa média de: 0,81 habitante por veículo

R$ 4,3 milhões

Sanebavi R$ 47,2 milhões Câmara Municipal

R$ 10,8 milhões

Índice Firjan: 4ª da RMC, 13ª Estadual e 20ª Nacional Número de lotes edificados: 20.232 Número de lotes vazios: lotes vazios: 8755 Número de empresas: 3.780 Número de bairros: 20 bairros Loteamentos fechados sob concessão de uso: 31 Condomínios: 07


Parabéns Vinhedo pelo seu 70º aniversário!

Nos orgulhamos de fazer parte dessa história

Niver_Vinhedo_JV_2019 quarta-feira, 27 de março de 2019 11:39:48

FÁBRICA Vinhedo-SP

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(19) 3876-1783

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Ao norte

Valinhos

Distância de aeroportos

Aeroporto de Viracopos (Campinas) 12 Km Aeroporto de Congonhas (São Paulo) 80 Km Aeroporto de Cumbica (Guarulhos) 100 Km

82

Área Territorial Km² Altitude 720 m Latitude 23°01’47” Longitude 46º58’28”

A leste

A oeste

Itatiba

Itupeva

Distâncias

Distância de rodovias

Anhanguera 04 Km Bandeirantes 06 Km D. Pedro I (Via Valinhos)10 Km Rodoanel 54 Km

Ao sul

Louveira

Valinhos 06 Km Louveira 07 Km Itatiba 15 Km Itupeva 16 Km Campinas 18 Km Jundiaí 20 Km São Paulo 76 Km Santos 162 Km São Sebastião 292 Km




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