Jornal de Negócios / Bom Despacho-MG

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DESTAQUE

Bom Despacho (MG), 13 Setembro 2021

Ano XXXII - Nº 1.617 • Fundado em 12/05/1989

CABRAL

Bom Despacho (MG), 13 Setembro 2021 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

Derivação de água: lançamento reuniu autoridades e lideranças

ENTREVISTA: GABRIELA FERNANDES, NOVA SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO Página 8

FERNANDO

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TG 04-006 comemora 75 anos

Bom Despacho em alto astral

Página 8

Página 11

PAULO

HENRIQUE

Municipalizar o ensino para quê? Página 11

ALEXANDRE MAGALHÃES

ENTREVISTAS EXCLUSIVAS COM OS PARTICIPANTES Páginas 6, 7 e 8

Querer mudanças sempre Página 10


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Bom Despacho (MG), 13 Setembro 2021 BARRACÃO – Vendo, 3 cômodos - Rua Raimundo Cesário – Bairro Rosário – 99820.8435“CASA – Vendo Av. 1° Junho - Jardim dos Anjos – 99820.8435 CAIXA SOM – Vendo, completa, c/ módulo Taramps – 99956.1423

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PEDIDO DE LICENÇA AMBIENTAL SIMPLIFICADA Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho Ltda, por determinação da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Bom Despacho, torna público que solicitou através do processo 12188/2021, Licença Ambiental Simplificada, para a atividade de formulação industrial de rações balanceadas e de alimentos preparados para animais, inclusive moagem de grãos, com finalidade comercial, código n° D-01-13-9, localizado na Rodovia MG 164 KM 136, S/N, A, Zona Rural, Bom Despacho/MG.

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Whatsapp: (37)99922-2361 - e-mail: jornal@joneg.com.br CNPJ 40.615.727/0001-06 - Bom Despacho - MG Impresso por O Tempo Serviços Gráficos - 2101.3544

É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH – Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana - Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega grátis de 1 jornal por pessoa.

Esta edição teve sua circulação antecipada para dia 13/09/2021


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Polícia aborda Palio Derivação de água: lançamento em alta velocidade e reuniu autoridades e lideranças do prende dois homens agronegócio em Bom Despacho > Motorista dirigia embriagado e passageiro tentou agredir policial Dois homens foram presos pela Polícia Militar na noite de quintafeira (9/9), no bairro Santa Marta, em Bom Despacho, após os policiais abordarem o veículo em que eles estavam. Conforme apuração feita pelo iBom, às 22h20m a guarnição policial deu ordem de parada a um Fiat Palio que trafegava em alta velocidade e sem o vidro traseiro. Ao ver a PM, o motorista do Palio ainda acelerou o veículo aparentemente com a intenção de fugir, mas acabou parando mais à frente. Ao serem abordados, os ocupantes do veículo disseram estar vindo de uma boate. Segundo a PM, o motorista apresentava sinais visíveis de embriaguez. Enquanto os militares conversaram com o condutor, o passageiro

desceu do veículo e recebeu ordem de ficar quieto para ser revistado. Ele desobedeceu o comando e tentou dar um soco num dos policiais. Foi contido e preso na hora. O motorista também recebeu voz de prisão por embriaguez ao volante. Os policiais revistaram o Palio e dentro dele encontraram “embalagens com resquícios aparentemente de cocaína e algumas latas vazias de cerveja”, informou a corporação. O Fiat Palio foi apreendido e levado para o pátio do Detran por estar sem o vidro e em mau estado de conservação. Os dois homens presos foram levados para a Delegacia de Polícia Civil (iBom)

Monza é atingido por carreta ao cruzar o trevo na BR 262 Uma batida entre um Monza e uma carreta no trevo de Bom Despacho, na BR 262, deixou duas pessoas feridas na noite de ontem, quinta-feira (9/9). Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informou ao iBom, a carreta Scania trafegava pela 262 na direção de Luz. Quando ela passava pelo trevo de Bom Despacho, o Monza cruzou a pista na sua frente. A carreta não teve como parar e acertou a lateral do Monza.

Postagens em redes sociais acessadas pelo iBom informam que o Monza foi jogado à frente pelo impacto. Sua lateral ficou destruida e foi necessário cortar parte da lataria do veículo para retirar o motorista, que ficou gravemente ferido na batida. As duas vítimas do acidente, de 40 e 47 anos, foram socorridas pela unidade de resgate da Triunfo e levadas para o Pronto Atendimento de Bom Despacho (iBom).

Homem é preso após tentar assaltar uma padaria com martelo > Autor pegou funcionária pelo braço e exigiu celular e dinheiro do caixa > Funcionário acionou botão de pânico; PM identificou e prendeu o autor Um homem foi preso pela Polícia Militar depois de tentar assaltar uma padaria na manhã de quinta-feira (9/9). Segundo o iBOM apurou, o autor, de 25 anos, chegou numa padaria do bairro de Fátima por volta das 11h30m. Com um martelo na mão, ele pegou uma funcionária pelo braço, a ameaçou e exigiu que ela lhe entregasse o celular e o dinheiro do caixa. Diante da situação, outro funcionário da padaria acionou um botão de pânico e disparou o alarme na empresa de vigilância Semelc – apurou o iBOM. Ao perceber o alerta, o

autor desistiu do assalto e fugiu sem levar nada. Enquanto isso a empresa de vigilância foi para o local e depois acionou a Polícia Militar. Os policiais fizeram diligências no local, analisaram imagens de câmeras de segurança e identificaram o autor, que mora no mesmo bairro e já tinha um mandado de prisão contra ele. Pouco depois os militares o encontraram escondido no telhado do banheiro de casa, onde ele recebeu voz de prisão e depois foi levado para a Delegacia de Polícia Civil. O martelo usado no assalto não foi encontrado (iBom).

VEJA AS ENTREVISTAS EXCLUSIVAS FEITAS COM OS PARTICIPANTES Páginas 6, 7 e 8

PRF apreende 5 kg de droga em ônibus na BR 262 > Pasta base de cocaína estava na bagagem de mão de passageiro da Viação Gontijo Uma patrulha da Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu 5 kg de pasta base de cocaína na BR 262, dentro de um ônibus da Viação Gontijo que fazia a linha Ituiutaba a Belo Horizonte. A droga estava na bagagem de mão de um passageiro de 47 anos e foi encontrada durante fiscalização de rotina da PRF, por volta das 4h30 da manhã da segunda-feira, 30/8. De acordo com a PRF, o passageiro disse que pegou a pasta base em Ituiutaba e a levaria para Divinópolis. A droga está avaliada em R$ 625 mil. O homem foi preso em flagrante e levado para a Delegacia de Polícia Civil de Luz juntamente com a droga apreendida (iBom). Vídeo mostra droga apreendida. Aponte a câmera do seu celular para o QR Code abaixo e assista


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Bom Despacho (MG), 13 Setembro 2021

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Polícia Militar prende 6 em baile funk numa chácara > No local havia menor bebendo e solvente anti respingo para preparo de entorpecente Seis pessoas foram presas pela Polícia Militar numa chácara perto da BR 262, município de Bom Despacho, na noite de sábado (4/9). Um menor também foi apreendido no local. Os militares foram até a propriedade após denúncias de que na chácara seria realizado um “baile funk clandestino com entrada livre para garotas e rodada livre de substância entorpecente”, conforme informou a corporação. Ainda de acordo com a PM, o baile teria sido anunciado em mídias sociais durante a semana anterior, chamando a atenção da Polícia. Quando equipes policiais chegaram na chácara avistaram um suspeito já conhecido da PM. Ao perceber a chegada dos militaresm ele pulou uma cerca, entrou numa grota com vegetação fechada e fugiu do local. Dentro da chácara os policiais encontraram uma tenda montada, congelador e geladeira cheios de bebidas alcoólicas e 14 embalagens de anti respingo de solda, que é usado como entorpecente. Anti respingo causa risco de morte Anti respingo é um solvente industrial utilizado como droga, inalado ou misturado em bebidas. O iBOM apurou que, segundo especialistas, ao ser inalado ou ingerido o solvente provoca euforia e ansiedade por alguns segundos. Mas os efeitos colaterais são gravíssimos e podem matar, principalmente se o usuário tiver alguma comorbidade, alertam os médicos. O anti respingo pode causar parada cardíaca, surto psicótico, perda de raciocínio, lesão nos rins e no fígado do usuário. Material apreendido Todo o material encontrado na chácara foi apreendido e levado para a Delegacia de Polícia Civil junto com as pessoas presas. A PC vai apurar o caso (iBom).

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Durante fiscalização na BR 262, PRF apreende Palio furtado em Pitangui > Veículo, abordado à noite, havia sido furtado em Pitangui A Polícia Rodoviária Federal (PRF) apreendeu um Fiat Palio abordado durante fiscalização de rotina na BR 262, em Bom Despacho, pouco depois das 23 horas da terça (31/8). Durante a abordagem os policiais consultaram o sistema de registro de ocorrências e

descobriram que o Palio tinha sido furtado na cidade de Pitangui dia 2 de julho. Seu motorista, um homem de 32 anos, contou aos policiais que havia pago R$ 1.000,00 pelo veículo em Nova Serrana. Ele recebeu voz de prisão e foi levado para a Delegacia de Polícia Civil de Bom Despacho. O veículo foi apreendido (iBom).


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Derivação de água: lançamento reuniu autoridades e lideranças

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Zema: mais empregos, renda e desenvolvimento

O governador Romeu Zema concedeu entrevista coletiva Governador, o que o senhor acha desse projeto lançado hoje?

Foi lançado em Bom Despacho, dia 28/8, o projeto de derivação do Rio São Francisco para o Rio Picão. O evento, realizado na sede da Prefeitura, no antigo Sesc, teve presença do governador Romeu Zema, de autoridades e lideranças do agronegócio. O projeto consiste na captação da água no rio São Francisco para jogar no rio Picão. A água será bombeada e despejada num lago, que será construído na cabeceira do rio Picão, para regular a sua vazão. “Este projeto vai mudar o cenário econômico de toda a região. Isso significa mais geração de empregos, mais renda, mais desenvolvimento para Minas Gerais”, afirmou o governador. A estimativa é que a derivação permita irrigar de 10 a 15 mil hectares para produzir grãos, forrageiras e hortifrútis às

margens do Rio Picão. Além disso, ele permitirá ao município ter abastecimento de água por no mínimo mais 30 anos. Para o prefeito Bertolino da Costa, a derivação “é um projeto fantástico que poderá matar a sede da nossa gente de Bom Despacho e da região. Sede de água, mas, principalmente, a sede do desenvolvimento”, afirmou. Autoridades Também participaram da cerimônia o secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico, Fernando Passalio, a secretária de Estado da Agricultura Ana Valentini, o secretário-geral Mateus Simões, o presidente do Sebrae, Carlos Melles, os deputados federais Diego Andrade e Domingos Sávio, deputados estaduais Antônio Carlos Arantes e Fábio Avelar, o ex-presidente da Embrapa – o bom-despachense Maurício

Lopes, vereadores, prefeitos e lideranças da região. Homenagem Durante o evento a Prefeitura entregou uma homenagem ao ex-ministro Alysson Paolinelli, idealizador do projeto. Ele é um dos indicados ao Prêmio Nobel da Paz este ano por sua contribuição para o aumento da produção de alimentos no Brasil através do aproveitamento do cerrado para da agricultura. Em sua fala, Paolinelli ressaltou que “esta região é uma das mais prósperas e ela tem um degrau a subir, que é o problema da água. Aqui nós temos condições, em um projeto que não é complicado, que pode ser feito com intervenção do homem sem nenhum dano ecológico”.

Negócios fez entrevistas exclusivas com autoridades e lideranças do agronegócio presentes. Veja nessa e nas duas páginas seguintes.

Vídeo produzido pela Prefeitura de Bom Despacho mostra detalhes do projeto e como vai funcionar. Assista apontando a câmera do celular para o QR Code abaixo.

Entrevistas exclusivas Após o evento o Jornal de

Paolinelli: “oportunidade no momento adequado” Após receber a homenagem que lhe foi entregue pelo governador Romeu Zema e o prefeito Bertolino da Costa, o exministro Alysson Paolinelli ressaltou que nunca trabalhou sozinho mas em parceria com lideranças. “Aceito essa honrosa homenagem se for para ser referência”. Disse ainda que o projeto de derivação idealizado por ele “é de todos vocês, não é do Paolinelli”.

Reafirmando acreditar “na ciência, determinação, vontade e competência”, o ex-ministro disse que o projeto de derivação de água do São Francisco para o Rio Picão é “oportunidade no momento adequado” e que os produtores rurais brasileiros são “hoje a garantia de que o mundo não passará fome”. E finalizou: “parabéns, mineiros de Bom Despacho e região. Chegou a sua vez.”

ROMEU ZEMA - Estamos aqui muito satisfeitos hoje com o lançamento desse projeto que vai, com toda a certeza, mudar o cenário econômico dessa região. Com essa derivação das águas (...) nós vamos ter condição de levarmos irrigação, termos uma agricultura aqui que nunca foi viável por questões climáticas. E com esse armazenamento de água, com essa derivação das águas, nós vamos ter mais de 15 mil hectares com uma produtividade talvez duas, três, quatro vezes superior à atual. Isso significa mais geração de empregos, significa mais renda, significa mais desenvolvimento para Minas Gerais. E a agricultura, nós sabemos, tem sido a atividade mais dinâmica do Estado desde que eu assumi. De longe é o grande destaque do Estado o desenvolvimento da agricultura, que supera indústria, que supera serviços, que supera comércio. E nós queremos dar total apoio do Estado: temos a Emater, que tem contribuido muito; na parte tributária nós temos feito grandes avanços, simplificado a vida principalmente do micro e pequeno produtor, que deixou de ter de atender diversas exigências, burocracias, e tem muito mais agilidade. E temos também a parte ambiental, que tem sido mudada no sentido de que projetos minúsculos não demandem licenças, estudos e análises – o que acontecia antes. Continuamos tomando todos os cuidados, mas para projetos que realmente causam impacto. Então, queremos que o Estado de Minas caminhe nesse sentido de dar total apoio à atividade rural, porque ela é fundamental. Lembrando que são mais de 600 mil proprietários, muitos deles pequenos, a grande maioria, que não tem condição de manter lá um contador, que não tem condição de man-

ter alguém que faça projetos de análise ambiental, como a legislação no passado exigia. Então, nós queremos que o Estado se adeque à realidade e não que ele fique alheio como sempre aconteceu, levando muitas pessoas para a informalidade e clandestinidade. O que nós queremos é que todo mundo tenha essa dignidade de poder trabalhar de acordo com sua condição. JORNAL DE NEGÓCIOS – O senhor vai anunciar em breve o lançamento do projeto de levar energia trifásica a toda a zona rural do Estado. Em Bom Despacho, no caso desse projeto, a energia é fundamental para implementar o sistema de bombeamento. Mas eu pergunto: além disso, há condições do Estado investir recursos financeiros na implantação desse projeto? ZEMA – Energia trifásica é uma grande prioridade nossa. A Cemig já iniciou esse projeto. Queremos que todo produtor rural tenha acesso não só à energia para ligar a TV e a geladeira, mas a uma energia para ligar o maquinário. Esse projeto aqui específico tem apoio do Estado e o que nós queremos é que, caso haja necessidade de alguma infraestrutura complementar, ou alguma infraestrutura atual não esteja adequada, que o Estado faça o investimento. Alguma estrada que precise ser recuperada, que precise ser recapeada, pra isso o Estado está pronto para analisar e está atendendo dentro dos nossos limites. Limites que, vale lembrar, não são grandes. Mas saliento que devido ao termo de reparação de Brumadinho nós estamos recuperando agora mais de 1.200 km de estradas e fazendo obras em todas as regiões. E caso alguma questão fique pendente aqui, nós vamos analisar com o maior carinho sim, para que esse projeto não seja prejudicado em nada.


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ENTREVISTAS EXCLUSIVAS

Ana Valentini: “Irrigação é a forma Passalio: “a maior mais sustentável de usar a água” potencialidade de BD Ana Valentini é engenheira florestal e secretária de Estado da Agricultura e Pecuária JORNAL DE NEGÓCIOS Secretária, a senhora conheceu o projeto de derivação do Rio São Francisco para o Rio Picão. O que achou? É um projeto viável? É interessante para Bom Despacho, para a região e para Minas Gerais?

e volta para o Rio São Francisco, de uma forma muito responsável. A gente vê que isso vai gerar muitos empregos diretos e indiretos na região de Bom Despacho, trazendo muito desenvolvimento, trazendo renda, trazendo emprego, trazendo dignidade para o nosso povo.

ANA VALENTINI – Sim, eu já conheço esse projeto desde 2019. O Dr. Alysson Paolinelli e o Dr. Jacques Gontijo me levaram lá na Secretaria essa proposta. Foi quando eu conversei com o Dr. Jacques e sugeri que o projeto fosse feito com respeito aos recursos naturais. Sugeri a ele que fizesse inicialmente o Zoneamento Ambiental Produtivo. Ele prontamente se entusiasmou com a ideia. Então sugeri que procurasse o Sebrae, instituição que também tinha participado do financiamento lá no Noroeste de Minas. O Dr. Jacques então, atendendo a essa sugestão, buscou esse caminho.

JN – Há quem diga que a irrigação vai de fato aumentar a produção de grãos, mas não geraria volume expressivo de empregos. Como a senhora vê essa questão?

Primeiro foi feito este zoneamento e isso nos traz muita esperança da sustentabilidade do projeto. Primeiro fez-se o diagnóstico e o zoneamento das potencialidades da região em termos de área produtiva, o que é sustentável e precisa fazer em cada uma das diferentes paisagens que você tem. Esse diagnóstico também consegue identificar as áreas de preservação permanente que estão precisando ser restauradas, identifica as nascentes que precisam ser protegidas e, com isso, melhora a disponibilidade hídrica da bacia. Também consegue identificar as áreas que são mais susceptíveis à erosão e que portanto devem ter outro tipo de atividade. Como diz o Dr. Alysson, o Brasil é o país que tem a condição de produzir alimentos da forma mais sustentável do mundo. Porque, com o mesmo recurso do solo, a gente tem a temperatura adequada, tem água disponível. E água em boa quantidade, não água em quantidade exagerada como algumas regiões onde ocorrem

ANA VALENTINI – Irrigação gera muito emprego sim. Isso é bem visível na região Noroeste de Minas, nas fazendas e propriedades que têm irrigação. chuvas excessivas que não permitem a agricultura. Então nós temos aqui em Bom Despacho uma condição muito boa para essa produção. E irrigação é a forma mais inteligente de você usar a água. Não é possível produzir alimentos sem água. Nenhuma planta vive sem água. Então a irrigação é a forma mais sustentável de produzir, de usar a água na produção desse alimento, porque você coloca a quantidade de água correta no momento em que a planta precisa. Com isso você consegue minimizar as perdas com o veranico ou por secas fora de hora como tivemos este ano. Minas teve uma perda muito grande na produção da safrinha – que já não é mais safrinha, é uma segunda safra em nosso Estado, principalmente as lavouras de milho. E isso tem trazido um grande transtorno para nossos produtores, especialmente os granjeiros que produzem proteína animal e precisam desses grãos para alimentar suas criações. Então a gente vê esse projeto com muita esperança e otimismo, porque ele é viável e tem toda a condição de dar certo. Nessa derivação, a água retirada do rio passa por todo o vale do Picão produzindo

Acredito também que pela proximidade daqui de Bom Despacho com Belo Horizonte, algumas lavouras que demandam mais mão-de-obra também podem ser plantadas com irrigação. Não só os grãos, mas a fruticultura e a organicultura, que são setores que demandam mais mão-deobra, também podem ser implantados. São lavouras que exigem maior investimento mas que geram mais emprego e também mais lucro por hectare. Então nós temos muitas possibilidades. Às vezes, a irrigação em si, na produção de milho, por exemplo, pode não gerar tanto emprego, mas aquela produção de milho obtida por irrigação vai para a granja, que aí gera emprego, que vai para o frigorífico, que gera mais emprego ainda. Então ela é a base da cadeia. Muitos empregos indiretos vão ser também criados porque você tem o princípio, que é a produção do grão. A mesma coisa no setor de laticínios: se você tem oferta maior de grãos para alimentar a pecuária leiteira você terá também maior oferta na produção de leite e os empregos que isso gera. Se você tem uma terra que não está produzindo quase nada e começa a produzir, você consegue aumentar a

produção. E há todo o outro setor que dá suporte para essa produção. Gera mais empregos seja nas cooperativas, seja nas revendas de adubos e defensivos, seja na assistência técnica. Além disso, a irrigação também demanda muita mão-de-obra de manutenção, de equipamentos, a parte da eletrificação do pivô, a parte de automação. Cada um vai gerar uma demanda de um emprego. Acaba gerando também emprego nas oficinas mecânicas para a manutenção do maquinário. Então são muitos empregos indiretos que serão gerados no setor. JN – Considerando que Bom Despacho é um município com forte produção de leite, quais seriam os benefícios diretos da implementação da produção de grãos na atividade leiteira? ANA VALENTINI – Exatamente isso que eu falei. Com a oferta maior de grãos o produtor vai poder aumentar sua produção de leite, trazendo mais benefícios para toda a cadeia. Você aumenta a oferta de alimentos na pecuária com esse incremento na produção de grãos. E a gente tem visto muitas propriedades com essa cadeia fechada: a fazenda tem produção de grãos e o confinamento do gado para a produção de carne, a pecuária leiteira. Você pode até fechar esse ciclo dentro da fazenda com o resíduo do animal voltando para a lavoura na forma de adubo. Você tem aí então o que nós chamamos de economia circular: produção tão sustentável que você acaba conseguindo fechar o círculo dentro da propriedade. Quando você tem a água, que é o fator primordial para a vida, você consegue ter sua gestão racional como está sendo proposto aqui no Rio Picão. Você consegue ter esse desenvolvimento sustentável para todos os outros setores da cadeia produtiva – seja da pecuária leiteira ou mesmo da pecuária de corte.

Arantes: “projeto é exemplo para Minas Antônio Carlos Arantes é deputado estadual e vice-presidente da Assembleia Legislativa JORNAL DE NEGÓCIOS – O senhor sempre defendeu o agronegócio no seu mandato. Como vê esse projeto que foi apresentado hoje aqui em Bom Despacho. ANTÔNIO CARLOS ARANTES – O agro é o pilar que sustentou e sustenta esse país. E esse projeto aqui é simplesmente você pegar uma região que tem um potencial fantástico, que em grande parte ainda está subutilizado, e investir nela. Pode aumentar muito a produção e a produtividade, porque aqui nós temos uma rodovia importante, aqui temos energia – lógico que precisa fortalecer bastante, mas temos energia -, nós temos água, temos clima e temos produtores que trabalham com seriedade. E temos o poder público incentivando através do prefeito Bertolino, através da Câmara de Vereadores, todo

mundo ajudando. Todo mundo conspirando a favor. Ou seja: esse projeto será a redenção da região. Servirá de exemplo não só para Bom Despacho, mas para Minas Gerais e para o Brasil. E o bom que isso aí tem a chancela, o DNA do nosso

grande ministro - se Deus quiser futuro Prêmio Nobel da Paz Alysson Paolinelli. Onde o Alysson põe a mão as coisas vão para a frente. E sem contar que temos aí o governador presente, nós deputados presentes, o Sebrae presente através do presidente nacional Carlos Melles. Ou seja: todo mundo puxando pra frente e esse projeto vai ser um divisor de águas no agronegócio, principalmente em Minas Gerais.

tranquilamente gerar uns 20 mil empregos. Será uma grande transformação. E sem contar que vai gerar bastante impostos para o município, que vai transformar isso também em desenvolvimento gerando mais emprego.

JN – Na sua visão, qual será o impacto desse projeto na geração de emprego no agronegócio e fora dele?

ARANTES – Com todo mundo puxando pra frente, todo mundo ajudando, sim. Logicamente nós temos que enfrentar barreiras que não são tão simples. Questões de licenciamento ambiental, por exemplo. Essa derivação envolver tirar parte da água do rio e isso gera polêmica, mas a força política pensando no bem maior eu acredito que vai prevalecer e, se Deus quiser, não demora e nós veremos as obras acontecendo.

ARANTES – A irrigação gera muito emprego. Você pode partir para a fruticultura, produção de hortaliças, uma série de atividades econômicas que geram muito emprego por hectare. Então, um projeto de 10 mil hectares aqui nessa região, você pode ter certeza que direta e indiretamente vai

JN - Um evento que reune tantas lideranças em torno do projeto pode ser visto como prenúncio de que o projeto vai ser posto em prática com rapidez?

hoje são as pessoas”

Fernando Passalio é administrador e secretário de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais JORNAL DE NEGÓCIOS – Como Bom Despacho é vista no Governo de Minas, em particular na Secretaria de Desenvolvimento Econômico? FERNANDO PASSALIO – Bom Despacho hoje é vista como uma cidade visionária, uma cidade que acreditou desde o início nos princípios que o mundo hoje exige para atração de investimentos, geração de prosperidade e negócios, emprego e renda. A Prefeitura acreditou na desburocratização, na liberdade econômica, em tornar mais fácil empreender. Com isso, desde o artesão, o microempreendedor individual, a microempresa enfim, todos os níveis de pessoas que queiram investir, gerar emprego e renda - vão encontrar em Bom Despacho um ambiente de negócios favorável para o crescimento econômico da cidade. JN – Qual a importância disso para a comunidade local e regional? PASSALIO – Vemos aqui uma região estremamente pujante. Cidades do entorno estão crescendo – e Bom Despacho também está crescendo. Isso tudo vai gerar uma certa demanda por mão-de-obra capacitada, por infraestrutura, vai abrir margem também para o turismo – seja ele o turismo cultural, seja para o turismo de negócios. Tudo isso abre aquilo que há de mais importante e que as pessoas precisam: oportunidades. O governo do Estado se coloca à disposição, principalmente pela parceria que a Prefeitura tem hoje com o governo, como um indutor de facilidades para que o município possa fazer aquilo que é preciso para que a sociedade possa colher os melhores frutos. JN - Nesse aspecto, como é que o senhor vê o projeto que foi apresentado hoje, de derivação de água do São Francisco para o Rio Picão? Quais potencialidades vê nesse projeto? PASSALIO – Bom, é muito legal porque a Prefeitura colocou esse projeto dessa adutora do Rio São Francisco para o Picão dentro de um projeto maior, que é Bom Despacho Livre para Crescer. O foco principal é o crescimento econômico. É a geração de valor e a geração de emprego e renda. E o “como” é o que o programa trouxe. Nós vimos ontem a apresentação de um projeto muito interessante chamado Bom Despacho Livre para Crescer. São várias ações que envolvem mudanças legais, mudanças no aspecto da tecnologia, das startups, colocando Bom Despacho na rota global de investimentos em inovação. Nesse contexto, a adutora do São Francisco para o Picão vai gerar também oportunidades no agronegócio. E é o agronegócio que a gente espera, um agronegócio de geração de valor, de verticalização de cadeia. Tem que nascer na commodity e tem que terminar na geração de valor. Esse projeto traz a oportunidade do produtor rural ter mais irrigação, mais água, que é um insumo básico, mas isso tem que gerar valor para uma cadeia produtiva rica, que vai gerar emprego de

qualidade e uma massa salarial realmente promissora para que as famílias possam prosperar. JN – O senhor disse na sua palestra de ontem, na Acibom, que se encantou com Bom Despacho. Qual a sua ligação com a cidade? PASSALIO – Bom Despacho tem uma ligação muito forte na minha vida porque a minha esposa morou aqui por quase 10 anos, em função do pai dela trabalhar na CAF. Por muitos anos eu fiquei ouvindo minha esposa falar de Bom Despacho, falar bem de Bom Despacho. E hoje eu tive a oportunidade de conhecer Bom Despacho. Para mim foi uma realização, porque eu sempre ouvi falar, sempre escutei, recebi pessoas de Bom Despacho. E hoje eu estou aqui em Bom Despacho, com muita honra, selando tudo aquilo que eu escutei de bom da cidade. Hoje estou podendo ver na prática. Pessoas acolhedoras, pessoas visionárias e pessoas que vão fazer Bom Despacho crescer. A maior vocação, a maior potencialidade de Bom Despacho hoje são as pessoas. O cidadão de Bom Despacho hoje vai ser o maior gerador de riquezas para a cidade. JN – Como é o nome da sua esposa? PASSALIO - Ana Carolina Naime, filha de Mário Naime, uma pessoa que morou aqui, ajudou o desenvolvimento da cidade como gestor da CAF e Bom Despacho nunca mais saiu do coração e do sentimento da família dela. JN – Conhecendo a cidade, tendo gostado, o que é o que o senhor leva de bom daqui? PASSALIO – Eu levo bons projetos, eu levo boas ideias, eu levo o compromisso firmado aqui com o prefeito de apoiar tanto o Distrito Industrial quanto outras iniciativas junto ao grande projeto Bom Despacho Livre para Crescer. Chego em BH com a cabeça fervendo de ideias e com o compromisso de continuar ajudando Bom Despacho naquilo que o Estado precisa atuar. Como o governador Romeu Zema fala com a gente: somos pagos para atender e atender bem. Então nós vamos daqui com o compromisso de promover o desenvolvimento dessa belíssima e promissora cidade que é Bom Despacho.


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Bom Despacho (MG), 13 Setembro 2021

Melles: projeto é simples e genial Carlos do Carmo Melles é presidente nacional do Sebrae do Sebrae nesse projeto?

JORNAL DE NEGÓCIOS – O Sebrae participa de projetos e ações Brasil afora incentivando o empreendedorismo e o desenvolvimento. O que achou do projeto de derivação apresentado hoje? CARLOS MELLES - Esse projeto é uma ideia simples e genial, proposta por um grande visionário que é o ex-ministro Alysson Paolinelli. Tem tudo para dar certo. Como eu disse no lançamento, é um presentaço para Bom Despacho, para a região e para Minas Gerais. Em essência, ele aproveita a água do Rio São Francisco para irrigar a produção agrícola numa região de terras férteis como o vale do Rio Picão. Depois de irrigar as culturas, a água volta para o São Francisco. Outro aspecto importante é

que vai garantir o abastecimento de água para a população de Bom Despacho nos anos vindouros. JN – Qual é a participação

MELLES - O Sebrae foi procurado, reconheceu a importância do projeto de derivação e investiu recursos nele. Primeiro, foi com o Zoneamento Produtivo Ambiental. Agora, o Sebrae está licitando o projeto executivo da obra. Entendemos que o projeto de derivação de água vai promover o desenvolvimento econômico regional através do aumento da produção do agronegócio e da geração de empregos. Por isso o Sebrae está presente fazendo sua parte e apostando no projeto para ajudar a realizar sonhos. Tudo isso de maneira sustentável e com respeito ao meio ambiente. Afinal, todos nós sabemos a importância de produzir mais e de preservar os recursos naturais. O futuro depende disso.

Antônio de Salvo: “vai multiplicar a produção sem dano ambiental” Antônio Pitangui de Salvo é agrônomo e presidente eleito da FAEMG próprio país, do próprio agricultor, como também de toda a sociedade aqui de Bom Despacho.

JORNAL DE NEGÓCIOS – O senhor veio aqui hoje conhecer o projeto de derivação de água do São Francisco para o Rio Picão. O que achou do projeto? ANTÔNIO PITANGUI – Excelente! Eu já tinha conhecimento desse projeto. Estive com o ex-ministro Alysson na fazenda do Jacques Gontijo. Acho que é um dos grandes projetos mineiros e principalmente de enorme importância aqui para de Bom Despacho e as cidades adjacentes. É um projeto que retira a água do São Francisco e canaliza no Picão, que é um ribeirão cercado de terras de muito boa qualidade. Isso pode trazer não só uma melhoria gigantesca para os agropecuaristas e produtores que estão às margens, mas também para toda a sociedade aqui dessa região do Oeste de Minas. Por quê? Porque estamos numa região de céu duvidoso, onde as chuvas nem sempre vêm na quantidade e da forma neces-

JN – Na sua opinião, de que maneira a FAEMG pode participar desse projeto na busca de ampliar e melhorar os resultados?

sária. E a gente enxerga que o projetos de irrigação em todos os países funcionam muito bem e aumentam muito a garantia do produtor, que passa a produzir em áreas menores, com vantagem, protegendo as questões ambientais, melhorando o meio ambiente, produzindo alimentos saudáveis, não só para melhorar a vida do

ANTÔNIO – Nós temos dentro da FAEMG o INAES (Instituto Antônio Ernesto de Salvo) que pode atuar para viabilizar ainda mais tecnicamente os detalhes do projeto. Mais do que isso, institucionalmente a FAEMG tem que mostrar o que esse projeto vai trazer de benefício para toda a macrorregião de Bom Despacho. A FAEMG se alinha a esses projetos – vamos dizer, visionários, projetos grandes – que precisam acontecer no Brasil para que ele continue crescendo e sendo definitivamente a maior potência agrícola não só da América Latina mas de todo o mundo. JN – Uma questão que às vezes é colocada por pessoas que discutem a questão ambiental. Segundo essas pessoas, retirar água do São Francisco é um mau negócio porque contribuiria para degradar ainda mais o rio. Do ponto de vista ambiental, como o senhor vê a derivação da água para produzir grãos? ANTÔNIO - O volume de água a ser retirado do São Francisco é um volume muito baixo. Mas será muito positivo ambientalmente para toda a margem do Picão, que vai multiplicar a produção de grãos e forrageiras. E um dos requisitos é proteger as matas ciliares para revitalizar o rio Picão. Portanto, não vejo absolutamente nenhum problema. Só benefícios. O que eu vejo é que existe um pequeno desconhecimento do que são essas transposições, ou essa retirada de água como é aqui nesse projeto de Bom Despacho. Eu não enxergo absolutamente nenhum dano ambiental. Pelo contrário. Com irrigação será possível produzir mais com menos água. Haverá mais produtividade por hectare, produção em menos área utilizada e preservando mais a propriedade. Isso contribuirá para preservar as reservas, as matas nativas e as matas ciliares. Precisamos nos informar melhor para entender que esse projeto é altamente sustentável e excelente para o meio ambiente.

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NOVA SECRETÁRIA MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO

Gabriela: “é preciso olhar para as crianças” Nomeada dia 8/9 como secretária municipal de Educação, a professora Gabriela Fernandes da Silva Oliveira, 41, tem grandes desafios pela frente com a retomada das aulas presenciais, mudanças curriculares e o projeto de municipalização da educação enviado à Câmara. Tranquila, educada e de fala mansa, Gabriela é servidora municipal há 17 anos. Éstudiosa, é bacharel em Direito pela PUC Minas e atualmente está cursando complementação pedagógica em Pedagogia. Nessa entrevista exclusiva ao Jornal de Negócios, a nova secretária fala de seus planos e do que muda na educação a partir de 2022. Você assume a Secretaria da Educação num momento de polêmicas sobre a proposta de municipalização. Como vê essa discussão? GABRIELA - Nós precisamos pensar antes de tudo é nas crianças. Nos benefícios que elas terão com a mudança. É preciso deixar de lado interesses pessoais ou de grupos e olhar para as crianças, que serão as beneficiadas. Até agora, quem se opõe à municipalização não apresentou argumentos que comprovem alguma perda para os alunos. A verdade é que os estudantes só têm a ganhar com a mudança proposta. JN - Um dos argumentos de quem está contra é que a municipalização deixaria os contratados sem emprego... GABRIELA - Isso não é verdade. Contratados não ficarão desempregados. Quem hoje disputa vagas pelo Estado simplesmente vai disputar as vagas na rede municipal. As vagas continuarão existindo da mesma forma. E veja que a rede municipal tem contratado mais professores, inclusive visando colocar professores de apoio para atender crianças com deficiência. Portanto poderá haver mais vagas a serem preenchidas por contratados. Já os professores efetivos não terão mudança. Continuarão trabalhando na rede municipal e recebendo pelo Estado até se aposentarem. JN – Existe diferenciação entre professores das redes municipal e estadual? GABRIELA – De forma alguma. São todos professores e merecem ser respeitados. A maioria dos professores que trabalha com alunos das escolas estaduais trabalha também na rede municipal. Ou seja: o corpo docente é o mesmo e a qualidade não muda. São todos professores qualificados, colegas de trabalho que compartilham os mesmos valores, os mesmos ideais. Não é por estar na rede municipal que o professor fará um trabalho pior. Pelo contrário. Hoje, a rede municipal oferece melhor estrutura pedagógica para o trabalho do professor. Oferece diferenciais importantes. Desde 2013 o município tem investido muito nos professores, na infraestrutura, no apoio ao aluno e na gestão das escolas. JN - Dê exemplos por favor. GABRIELA - Primeiro, o município paga os salários dos pro-

fessores rigorosamente em dia. Isso é questão de respeito com profissionais da educação. Todas as escolas de ensino fundamental do município possuem laboratório de informática e todos os professores municipais receberão um notebook para trabalhar. Esses são itens que as escolas estaduais não possuem. E mais: nas escolas municipais as famílias não gastam com material escolar porque a Prefeitura fornece todo o material e de ótima qualidade. O Estado, por sua vez, não fornece material escolar. São diferenciais importantes, sem contar a proximidade da gestão. JN – O que tem a proximidade da gestão? GABRIELA - Um dos grandes benefícios da municipalização é que a gestão da Escola é feita aqui em Bom Despacho. Quando a criança ou a família têm um problema ou uma demanda, é muito mais fácil de resolver. A Secretaria de Educação está mais próxima e pode ser acessada e cobrada pelos pais. Nas Escolas estaduais, a gestão fica mais distante e de acesso difícil. Dificilmente os pais vão a Belo Horizonte ou à Superintendência Regional, em Pará de Minas, para resolver suas demandas. Com a municipalização tudo é resolvido em Bom Despacho. E a Prefeitura está investindo muito nas Escolas municipais. JN – Cite exemplos. GABRIELA - Um bom exemplo é a Escola Coronel Praxedes. Depois de municipalizada ela ganhou biblioteca, quadra coberta, novas salas de aula, sistema proteção contra incêndio e outras benfeitorias. Importante observar também a melhora do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), que mede a qualidade do ensino no Brasil. O IDEB do Coronel Praxedes após a municipalização foi de 5,6 em 2007 para 7,2 em 2019. É um dado muito significativo. JN – A Prefeitura tem afirmado que a municipalização trará mais recursos financeiros para a Educação. O que será feito com esse dinheiro? GABRIELA – Vai ampliar os investimentos em infraestrutura e recursos pedagógicos. A partir do próximo ano, por exemplo, o município vai reformar quatro escolas. Dr. Hugo – cuja obra já está sendo licitada -, Dona Joesse, Dona Liquinha e Virgílio Antônio. Nessas três últimas, os projetos estão na fase de elaboração.

JN – A Secretaria de Educação anunciou recentemente a inclusão de novas matérias curriculares. O que está programado? GABRIELA – A partir do próximo ano a grade curricular das escolas municipais vai incorporar disciplinas como Inglês, Empreendedorismo e Educação Financeira. Também vai dobrar o número de aulas de Educação Física. A disciplina de Empreendedorismo e Educação Financeira visa incentivar os estudantes a desenvolver o espírito empreendedor, a criar novas ideias e oportunidades, a ser mais confiantes. É uma disciplina que incentiva a estudar, planejar, traçar metas, superar dificuldades e buscar mais qualidade de vida. E também a administrar o próprio dinheiro com responsabilidade, a planejar e investir para ter um futuro melhor. Outra inovação importante é o projeto Robótica Espacial, que será implantado inicialmente nas Escolas Coronel Praxedes e João Dornas. Ele foi idealizado pela Universidade de Brasília e o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, com apoio da Agência Espacial Brasileira. Nesse projeto os alunos vão aprender sobre robótica, raciocínio lógico e novas tecnologias. As aulas são dadas através de plataforma digital com simulações realistas e interativas. Funciona como um game, aproveitando a facilidade e o interesse das crianças pela tecnologia para estimular seu desenvolvimento intelectual. É um projeto-piloto que pretendemos levar para a rede municipal. JN – Você afirmou há pouco que a Prefeitura está contratando professores de apoio para crianças com deficiência. Até então, isso só era obtido através de medida judicial. Mudou? GABRIELA - Na retomada das aulas presenciais, neste segundo semestre, o Prefeito determinou a contratação de quantos professores de apoio forem necessários para atender aos alunos com deficiência. Há um ano tínhamos apenas 2 professores de apoio na rede municipal. Hoje temos 14 professores de apoio – sendo que 12 deles foram contratados nos últimos 30 dias. Para a criança ter direito ao professor de apoio é necessário apenas que os pais apresentem laudos médicos atestando a necessidade de apoio pedagógico na sala de aula.


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TG 04-006 comemora 75 anos FERNANDO

As raízes dos tiros de guerra estão fincadas em 1902. Naquele ano longínquo criou-se na cidade de Rio Grande (RS) uma sociedade para a prática de tiro ao alvo. Estavam criadas as linhas de tiro e os tiros nacionais. O treinamento tinha natureza militar. Não demorou muito para a prática se espalhar pelo país. Quando o Brasil adotou o serviço militar obrigatório os tiros de guerra se prestaram bem a este objetivo. Desta forma, Exército juntou força com os Municípios para implantar mais tiros de guerra e dar-lhes feição verdadeiramente militar. Entre seus objetivos está a formação de atiradores e cabos de segunda categoria. Bom Despacho instalou o seu em 5 de setembro de 1946, quando recebeu o número 04-72. Em 1981 seu número foi mudado para 04-006. Esta é a história visual resumida do Tiro de Guerra de Bom Despacho.

CABRAL

Fernando Cabral é licenciado em Ciências Biológicas, advogado, auditor federal e vereador em Bom Despacho

A primeira turma do TG 04-006 (que então tinha a numeração 04-72) foi formada em 1947. Naquele ano ocorreu uma raridade em Bom Despacho: tivemos quatro prefeitos. Primeiro, Wilson Lopes do Couto – que governou apenas por três dias. Depois vieram o Cel. João Araújo (João Pedro de Araújo), seguido pelo Dr. Juca (José de Paula Marques Gontijo). Finalmente, em dezembro, assumiu o dr. Hugo (Hugo Marques Gontijo), primeiro prefeito da nossa história que foi eleito pelo voto democrático da população. O primeiro instrutor do TG foi o 1º Sargento Raimundo Botão França, que comandou a unidade de 1947 a 1950. A primeira sede do TG foi na Rua Olegário Maciel, nas proximidades do portão principal do 7º Batalhão. O fundo da sede dava para a aprazível Mata do Batalhão. Ali também, na parte mais baixa, havia uma linha de tiro. Os atiradores recebiam o treinamento teórico na sede e faziam aulas práticas na Mata. (Confira na foto como era a primeira sede). Mas, em 1966 o TG mudou-se para sua nova sede, onde permanece até o presente: Avenida das Palmeiras, 493, Bairro Palmeiras. (Confira na fotografia). Em seus 75 anos o TG já formou quase 6.000 atiradores sob a orientação de 27 instrutores. Veja no quadro quem são eles. Objetivos do TG O objetivo primeiro do TG é formar reservistas para o Exército. A formação do atirador é feita em 40 semanas, num total de 480 horas de instrução. No caso dos cabos, eles recebem um treinamento adicional de 36 horas. Mas a instrução não para por aí. Além do treinamento propriamente militar, eles também recebem orientações práticas voltadas para ações comunitárias, defesa civil e defesa ambiental. Aqui entre nós, os atiradores, além de prestarem serviços à comunidade, também participam de campanhas de doação de sangue, campanhas do agasalho e de alimentos. Na última década eles têm também participado e ajudado na oferta de atividades esportivas e culturais promovidas pela Prefeitura. Nos seus 75 anos de presença em Bom Despacho o Tiro de Guerra se constituiu numa escola de formação de cidadãos disciplinados e fieis aos interesses da coletividade.

Instrutores do TG nesses 75 anos (1947-1950) (1951-1951) (1952-1952) (1953-1955) (1955-1960) (1960-1961) (1961-1963) (1963-1964) (1964-1977) (1977-1981) (1981-1984) (1984-1987) (1987-1991) (1991-1994)

..... 1º Sgt Raimundo Botão França ..... 1º Sgt José Baptista de Andrade 1951 ..... 1º Sgt Valdovino Chaves 1953 ..... 1º Sgt José Quintino de Miranda ..... 1º Sgt Moacyr de Barros ..... ST João Lourenço Costa Nunes ..... 1º Sgt Jucelyn Torres ..... 3º Sgt Clóvis Mello Pacheco ..... 1º Sgt Luiz Lopes de Oliveira ..... 1º Sgt Amaro Ferreira França ..... 1º Sgt Paulo Antônio da Silva Farias ..... 1º Sgt Edson da Silva Cardos ..... 1º Sgt Jorge Itabajara Moraes ..... ST Osvaldo Rodrigues dos Santos

(1994-1997) ..... ST Luiz Felinto Negreiros Furtado (1997-1998) ..... 1º Sgt James Alves Magalhães (1998-1999) ..... 1º Sgt Valério Fernandes de Oliveira (1999-2001) ..... 1º Sgt Carlos Augusto Chaves Senra (2001-2003) ..... 1º Sgt Wiliam Hilton Santos (2003-2007) ..... 1º Sgt Antônio José Teixeira de Freitas (2007-2010) ..... 1º Sgt Sérgio Lucas Machado (2010-2012) ..... ST Paulo Sérgio de Oliveira (2013-2015) ..... 1° Sgt Giovani José de Oliveira (2015-2017) ..... 1º Sgt Mário Alves de Souza (2017-2019) ..... 1º Sgt Glaycon Patrik de Faria (2019-2020) ..... ST Mário Henrique Cubbi (2021) .... ST Sthefano Max Pereira


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Se correr o bicho pega... Imagem ilustrativa

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Querer mudanças, sempre AGORA, DOIS MESES DEPOIS DE VOLTAR A SÃO PAULO, COMEÇO A FICAR IMPACIENTE PARA MUDAR DE ESTADO. QUERO VOLTAR A BOM DESPACHO

ALEXANDRE

Imagem ilustrativa

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

LÚCIO

EMÍLIO Lúcio Emílio do Espírito Santo é coronel reformado da PMMG, escritor e membro da Academia de Letras João Guimarães Rosa, da PMMG.

O cadáver de Universino Soares dos Reis, vigilante bancário, casado, filho de Indalécio Soares dos Reis e Ana Serafina de São José, jaz sobre a mesa gelada de aço inoxidável da sala de autópsias. É quase meia-noite e a chuva não pára, como também não param de chegar camburões com outros corpos que vão sendo rotulados de acordo com a ordem de entrada. Universino trabalhava na Companhia de Segurança Fortex Ltda e, na manhã de hoje, ao repelir o assalto à Agência do Banco Alvorada S/ A, em Osasco, recebeu um tiro na cabeça, falecendo antes de receber socorros médicos. Mineiro de Bom Despacho, há tempos sonhava regressar à terra natal, já que não suportava mais as condições de vida na capital paulista, a miséria crescente e o dinheiro cada vez mais curto para pagar as contas. Universino já tinha até arrumado a casa em Bom Despacho e só esperava juntar algum dinheiro para fazer a mudança e ir embora de uma vez, deixar aquele inferno. Parece que estava até adivinhando. - Você quer saber por quê eu quero ir embora? — dizia ele a um amigo. Eu ganho apenas sessenta mil para criar cinco filhos. Além disso, o emprego não é garantido. Amanhã posso ser despedido e cair na rua da amargura, como milhares de outros trabalhadores por aí. Preciso dizer mais? Olha aqui, meu chapa, já estou cansado dessa vida estúpida, dar um murro danado e no fim ganhar um pontapé no traseiro. - Mas, no interior a coisa deve estar pior, sô... - Engano seu. Quando meu pai mudou para cá com a família, achava que São Paulo era o paraíso. Ele veio achando que sua vida ia melhorar, aqui ia ter trabalho, bons salários, escola para os filhos e casa para morar. Pois bem. Um ano depois, ele morreu atropelado no Sumaré, deixando cinco filhos totalmente desamparados. Minha mãe, sem condições de susten tar a casa, entregou meus irmãos ao Juizado de Menores e eu fui para a casa de um tio, pois era o mais novo, com apenas dois anos de idade. Onde andam eles agora? Ninguém sabe. E muito triste, não é? - A vida é assim em todo lugar, companheiro. Não se iluda não... - Mas, em São Paulo é pior.

Pra começar, não há empregos. Quando a gente consegue um, os salários são baixíssimos, de fome mesmo. As distâncias são enormes. A gente vive perma nentemente amedrontado, tenso, acuado, tudo nesta cidade é dor e sofrimento... Na sala de espera, a viúva Marluce não chora. Cadê lágrimas? Em seu semblante se estampa apenas o ríctus amargo de torturante angústia. Seu olhar oblíquo percorre os ladrilhos sujos da sala mal iluminada. Enquanto não liberam o corpo do marido, bailam em sua mente passado e futuro. Conheceu Universino num dia de chuva como este. Ele era carteiro, ela, empregada doméstica. Todo molhado, Universino resolveu pedir-lhe um guardachuva em prestado. - Guarda-chuva não tenho. Tenho sombrinha, serve? - Se for bonita como você, serve. A partir de então tornaramse íntimos. Alguns meses depois estavam casados. Sempre achou perigoso o trabalho de Universino, mas os encargos de família e esses tempos difíceis não permitiam o luxo de escolher trabalho. Era o que aparecesse. Apareceu o de vigilante, Universino não se fez de rogado. Ia guardar o dinheiro dos outros. Ia se sacrificar dia e noite pela riqueza de gente que nem conhecia. Mariuce jamais imaginara que o marido terminaria assim, apesar de conhecer os riscos do trabalho de guarda bancário. A esperança de um dia sair daquela penúria não lhe deixava entrever estes riscos. O corpo de Universino já está vestido e vai ser entregue à viúva. Na pressa, Mariuce apanhara o terno nupcial e acha que não deveria ter feito isso. Não vai restar nada, nem a melhor lembrança dele, pensava. Mas agora é tarde. Abrese a porta da sala de necrópsias, o funcionário de plantão chama Marluce. - Aqui está a sua sacola e isso aqui é a certidão de óbito. Se a senhora desejar, o velório poderá ser feito na capela do próprio Instituto Médico-Legal. A viúva recebe o carrinho contendo o caixão. Alguns voluntários se oferecem para conduzi-lo à capela velório. Mariuce prorrompe em choro convulso, baqueia, mas é logo amparada por pessoas desconhecidas. Abrindo o cortejo, segue uma belíssima coroa de flores, onde se lê: “Ao Universino, com a gratidão dos clientes do Banco Alvorada S/A”.

Texto publicado em 1983 na Revista Literária (Ano XVII, N° 18) do Corpo Discente da UFMG / Belo Horizonte

‘Tá cansada senta / Se acredita tenta / Se ‘tá frio esquenta / Se ‘tá fora entra / Se pediu aguenta / Se pediu aguenta / Se sujou cai fora / Se dá pé namora / ‘Tá doendo chora / ‘Tá caindo escora / Não ‘tá bom melhora / Não ‘tá bom melhora / Se aperta grite / Se ‘tá chato agite / Se não tem credite / Se foi falta apite / Se não é imite / Se é do mato amanse / Trabalhou descanse / Se tem festa dance / Se ‘tá longe alcance / Use sua chance / Use sua chance / Se ‘tá puto quebre / ‘Tá feliz requebre / Se venceu celebre / Se ‘tá velho alquebre / E corra atrás da lebre / Corra atrás da lebre / Se perdeu procure / Se é seu segure / Se ‘tá mal se cure / Se é verdade jure / Quer saber apure / Quer saber apure / Se sobrou congele / Se não vai cancele / Se é inocente apele / Escravo se rebele / Nunca se atropele / Se escreveu remeta / Engrossou se meta / Quer dever prometa / Pra moldar derreta / E não se submeta / E não se submeta”. A letra acima é da música “Do it”, do brasileiríssimo compositor pernambucano Lenine. Toda vez que ouço esta música tenho a impressão de algo que está mudando de estado o tempo inteiro, que não para quieto, que não está satisfeito com o estado atual das coisas e que, por isso, muda. Nestas últimas duas semanas esta música tem estado em minha mente o tempo todo. Faz pouco mais de dois meses que saí de Bom Despacho rumo a São Paulo. Tinha três coisas para resolver em minha terra natal: 1) voltar às aulas presenciais na universidade pública na qual sou concursado. Depois de um processod161 seletivo concorridíssimo para cada disciplina que estou apto a ministrar, não posso largar este prazer tão facilmente; 2) tomar a primeira dose da vacina

contra a covid-19. Apesar de poder ter me vacinado em Bom Despacho, como teria de estar em São Paulo para a volta às aulas, aproveitei para me proteger da pandemia; 3) embarcar minha filha para estudar nos Estados Unidos. Depois de uma saga digna de um filme de suspense, com o visto sendo emitido somente na última semana antes do embarque, já que os consulados norteamericanos no Brasil estão fechados ao público, consegui cumprir minha promessa. Portanto, voltei a São Paulo com três propósitos claros e importantes. Não estava enjoado de Bom Despacho, nem de minha namorada bom-despachense. Tampouco dos amigos e parentes bom-despachenses. Vim a São Paulo, porque precisava vir. Porém, é da natureza humana, não necessariamente de todas as pessoas, o desejo da mudança. Depois de passar mais de um ano em Bom Despacho, em grande parte porque a pandemia me permitiu trabalhar remotamente, queria rever minha cidade natal, tão criticada por mim, na maioria das vezes com justiça, mas que representa o estado oposto a Bom Despacho. Uma é gigante, a outra é menor, uma é impessoal, a outra é acolhedora e te chama pelo nome, uma é cinza de tanto concreto e cimento, a outra é

verde e multicolorida, uma é parada com tanto tráfego, a outra é fluida e mais humana, uma é poluída no ar e nos rios, a outra tem ar muitas vezes irrespirável pelas fogueiras, mas com rios limpos, nos quais posso nadar, enfim, são espelhos invertidos e complementares. Agora, dois meses depois de voltar a São Paulo, começo a ficar impaciente para mudar de estado, como na música do Lenine. Quero voltar a Bom Despacho. Porém, ainda me falta a segunda dose da vacina contra o coronavírus, o que será resolvido no meio de setembro. Não conseguirei mais ficar um ano inteiro sem voltar a minha terra natal, pois agora tenho aulas presenciais na universidade, mas voltarei ao antigo esquema pré-covid19, ou seja, alguns dias em Bom Despacho, alguns dias em São Paulo durante o mês. Voltando ao começo do texto, quando disse que a música do Lenine me persegue há alguns dias. Minha namorada bomdespachense decidiu vir a São Paulo para o feriado de Sete de Setembro para passar alguns poucos dias. No começo, tentei convencê-la de que não valia a pena vir. Que era mais vantajoso que ela esperasse mais duas semanas e eu iria, pois tenho mais flexibilidade de tempo com meus afazeres na universidade e na empresa na qual trabalho. Usei todos

argumentos que tinha à mão: vai gastar um dinheirão de gasolina na viagem (“posso ir de ônibus”, respondeu), seu pai esteve doente há pouco tempo e seu irmão está viajando (“quando eu for, meu irmão já terá voltado”, argumentou), dia Sete de Setembro pode haver um golpe militar e greve de caminhoneiros, o que pode dificultar sua volta a Bom Despacho (“levarei meu computador e, se ocorrer esta tragédia, eu consigo trabalhar a partir de São Paulo”, sentenciou). Desisti de argumentar contra sua vinda e aceitei que viesse. Para mim, não fazia sentido que ela viesse agora, sendo que eu poderia ir para passar mais tempo em Bom Despacho. Porém, ouvindo a música do Lenine, eu percebi que para ela é uma aventura vir a São Paulo. Se ela sente a mesma necessidade de mudança que eu sinto, sair de Bom Despacho ocasionalmente para ir a outro lugar, faz sentido. Lembreime de como ela fica quando quer ir visitar seu irmão na Bahia. Fica irrequieta, coloca uma data na cabeça e quer ir viajar de qualquer maneira. E como insiste quando quer visitar determinada cidade e não aceita contraargumen-tos. Claro, é da natureza humana querer mudar. Quando se mora na montanha, se quer ir à praia e vice-versa. Quem mora na praia, muitas vezes não entende por que o cidadão que mora naquela beleza de montanha quer sair de lá, nem que seja por um fim de semana. Quando entendi isso, por causa da música do Lenine, parei de tentar fazer a namorada bom-despachense não vir a São Paulo. Estamos sempre querendo o que não temos. Para ilustrar essa necessidade de termos sempre o que está longe, deixo aqui o link de um vídeo curto e extremamente engraçado, que se chama “um argentino em Toronto”. O sujeito passa o tempo todo querendo o que está longe, o que é diferente. Vale a pena assistir inteiro, pois é exatamente o que quis passar neste textos. Aponte a câmera do celular para o QRCode abaixo e assista.


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Bom Despacho Municipalização do em alto astral ensino para quê? Brasinha, um biógrafo talentoso Tadeu de Araújo Teixeira é professor, escritor e fundador da ABDL

Anel Rodoviário

A primeira boa notícia que saiu na edição anterior do Jornal de Negócios foi que os trabalhos para a construção do anel rodoviário foram reiniciados pela prefeitura. O anel rodoviário, esquecido desde a construção da 262, é um velho anseio dos bom-despachenses e já tinha um projeto criado pelo prefeito Fernando Cabral que foi paralisado desde que ele se afastou do cargo. Agora, na gestão do atual prefeito, ações sérias estão sendo tomadas para que a obra vá pra frente com algumas modificações dos planos anteriores. Para o nosso trânsito que, às vezes, já se mostra caótico, essa é uma boa notícia, pois uma carga enorme de veículos, principalmente os pesados, não passarão mais dentro da cidade. Melhoria e mais fluidez na circulação de veículos, menos chances de acidente. Uma ótima notícia. Deseja-se que ela se concretize breve.

Derivação do São Francisco

Curto muito poucos canais em nossas televisões. Um que aprecio bastante e prestigio sempre na SKY é o Arte 1, que exibe programas sobre todas as artes do Brasil e do mundo. Semana passada liguei a TV e fui direto ao Arte 1. Com satisfação deparei com uma figura bom-despachense já de renome na cinematografia, que conheço e cujos trabalhos acompanho há algum tempo. Pablo Lobato apareceu na tela descontraído, mostrando suas realizações no cinema e na fotografia, respondendo a questionamentos de um apresentador e entrevistador sobre a riqueza e a significação de seus eruditos e interessantes quadros. Fiquei deveras contente de assistir à apresentação e o brilho de Pablo Lobato, um conter-

Esperanças para o Condomínio Cristais

Foi assim com o livro da biografia do grande político das Minas Gerais, governador Hélio Garcia, que acabei de ler, com todas as tramas da velha política do PSD e UDN e seus figurões, por cerca de 4 décadas, sempre fiel ao espírito daquela época. Num papo com o Brasa, eu me entusiasmei com a notícia de seu novo projeto: biografar Olegário Maciel, homem de grandes projeções na vida partidária de Minas e do Brasil com valores e vivências em sua terra natal – Bom Despacho. Estou à espera dessa obra que vai mexer com períodos marcantes da história de Bom Despacho, de Minas e do Brasil.

râneo e um personagem querido e conhecido nosso, filho do Zuca e da Maria Angélica Cardoso.

Batalhão do Corpo de Bombeiros de BD Foto: Cristiano Machado / imprensa MG

O Condomínio Chácaras dos Cristais sofre de um mal que castiga seus moradores. Feito para ser um condomínio fechado, ele é cortado em sua principal via por uma estrada municipal rural, por onde a circulação de carros, caminhões e máquinas é intensa e prejudicial. Esses veículos levantam uma poeira constante que invade as casas e as propriedades. Isto é o sofrimento e a queixa maior de todos que sonham fazer ali um lugar aprazível para viver, inclusive, muitos com as famílias. Líderes do chacreamento e seus moradores vêm travando uma luta sem tréguas para que se possa chegar à utopia de fechar a estrada na sua entrada e na sua saída pra mais paz, segurança, criando-se um ambiente mais saudável. Surge então uma oportunidade real e de ouro para resolver a situação num futuro bem próximo. Os líderes e os cidadãos locais já sonham com um momento em que o anel rodoviário passar pelos fundos do condomínio e estender-se até a rodovia MG 164, próximo à Polícia Militar Rodoviária, Aí a estrada da poeira poderá ser isolada e os Cristais serem realmente um condomínio fechado, para a felicidade de seus moradores.

Paulo Henrique Alves Araújo é gestor e servidor público, mestre em computação e gerente de projetos de inovação

Brilho de um artista bom-despachense

Outra boa nova que toma caminho certo é a derivação de água do Rio São Francisco para o Picão. Uma obra que trará inestimáveis benefícios ecológicos e econômicos para todos. Obra de grande porte com inestimáveis vantagens para Bom Despacho, graças a Allysson Paollineli, em cuja carreira enumeram-se muitas realizações em prol da agricultura no Brasil. Ele, que é um nome de respeito no Centro-Oeste de Minas, sendo natural de Bambuí, vem carrear esse imensurável melhoramento para a região, especificamente em nossa cidade. Com essa derivação abrir-seão belas perspectivas para a agricultura e a horticultura irrigada nas margens férteis do Picão, que resultará em progresso, produção e riqueza e alavancará a economia local.

Há notícias bem fundadas de que Bom Despacho está cogitado para sediar um batalhão do Corpo de Bombeiros. Esta é uma corporação muito bem vista pela população pelos serviços que presta à comunidade, principalmente em momentos de penúrias. Bom Despacho tem condições de sobra pra abrigar esta unidade militar e ser um polo regional a socorrer cidades de vasta região.

HENRIQUE

Para nós é motivo de orgulho e justiça sediar esse Batalhão, por nos tornar polo de tão bemvinda atividade e acolher novos profissionais que aquecem até nossa economia. Esperamos que o sonho se torne realidade com o empenho de todos nós e de nossas lideranças políticas. Que o governo do Estado nos devolva sem demora, o que nos foi tirado com tanta pressa: importantes repartições e efetivos do Sétimo Batalhão.

Eu tenho a honra de ter Ninha como empregada em minha casa em Brasília. Alguns de vocês podem já ter lido ou visto alguma menção minha a ela. Ninha é uma jovem senhora, perto dos 40 anos, que mora em Águas Lindas de Goiás, uma pequena cidade localizada a 50 km de Brasília. Moram ela e os 4 filhos. O pai decidiu há alguns anos “tentar a sorte” no norte do país e a deixou com os meninos. Nós nos conhecemos há uns 10 anos. Ela começou como minha faxineira, quando eu estava divorciado, e foi contratada como nossa empregada quando me casei novamente, há 6 anos. Ninha sempre me impressionou pela seriedade e profissionalismo no trabalho. Sempre cuidou com esmero das nossas coisas, apesar da dura jornada dupla que tinha a cumprir. Vez por outra, precisava trazer um ou outro filho para o trabalho, e acabei conhecendo-os pouco a pouco. Alguns inclusive se tornaram amigos de meus filhos, são da mesma faixa etária. Mas uma grande tristeza me toma sempre que lembro do fosso enorme que separa as perspectivas de futuro deles. Ninha é uma mãe extraordinária. Inteligente, acredita que poderia ter uma vida mais confortável se tivesse estudado mais. Mas não pôde. Então se dedica para que seus filhos tenham as condições e oportunidades que ela não teve. Não quer assistência e não ensina isso. Ensina que os estudos podem gerar oportunidades de trabalho mais qualificadas e transformar vidas. E espera que a escola abra as cabeças e as portas para sua família. Falar de educação da minha posição é fácil. Tive ótimas escolas, desde o Egídio até a UFMG, passando por Cel. Praxedes, Chiquinha Soares e Tiradentes. Meus filhos estudam hoje em ótimas escolas particulares e, caso se dediquem, colherão frutos no futuro. Mas, vamos pensar juntos: por que escolas particulares? Minha mãe foi professora da rede pública e a última coisa que queria que eu me tornasse era professor. Por quê? Porque ela já vivenciara na sua carreira a decadência do ensino público no Brasil e, mais especificamente, no estado de Minas Gerais. Aposentada como professora do ensino fundamental, ela recebe praticamente o mesmo que Ninha. Eu sei que salários dos professores da rede pública melhoraram um pouco na última década, e que os salários dos aposentados se depreciaram. Mas, numa boa, não mudou tanto assim.

Imagem ilustrativa

Desde seus tempos em Bom Despacho, Itamar de Oliveira dedicou-se à literatura deixando-nos obras biográficas apreciáveis. Gosto muito de suas publicações sobre mulheres e políticos da cidade que ele escreveu há algumas décadas, registrando biografias de conhecidas figuras locais. Ultimamente nosso conterrâneo tem dado voos maiores em sua arte de retratar pessoas, locais e épocas. Acabei de ler, em grande volume, um livro em que revela a vida do ex-prefeito de uma cidade cujo nome foi uma homenagem a certo ilustre cidadão bom-despachense cidade de Presidente Olegário, homenagem ao nosso Olegário Dias Maciel. Esse ex-prefeito teve gloriosa trajetória na política de sua cidade, de Minas e do Brasil, bem exposta pelo Brasa, e se não me engano em parceria com outros colaboradores. A técnica das artes biográficas do Itamar tem um segredo de sucesso: a linguagem de seus textos é atrativa e quase coloquial, com boa dosagem literária e poética. E ainda mais, ele tem um fôlego de trabalhador incansável na labuta de encontrar e entrevistar um meio mundo de pessoas e assim levar ao leitor o seu biografado com sua história e nuances de sua personalidade.

PAULO

Nosso país, infelizmente, ainda não entendeu que a educação pode transformá-lo. Ou entendeu e faz questão de manter assim. Porque é confortável ter pessoas tão inteligentes como Ninha sem opções de crescimento e sendo obrigadas a assumir postos de trabalho mais simples. Elas dão a pessoas como eu e muitos de vocês a possibilidade de termos alguém varrendo nossas casas, lavando nossas louças e passando nossas roupas. Nada mais subdesenvolvido. Uma nação desenvolvida não é aquela em que uma nata de sua sociedade pode estudar e trabalhar no exterior. Uma nação desenvolvida é aquela que oferece condições para que a maioria de sua população tenha oportunidades de alcançar seu máximo potencial. Nossa sociedade não ofereceu isso a Ninha. Ofereceu sim a mim e a vários outros amigos e colegas de Bom Despacho, que passaram pelas escolas públicas que, na nossa época, eram as melhores da cidade – embora já começassem a aparecer parcerias com grandes redes particulares. O filho mais velho de Ninha terminou o ensino médio no ano passado, depois de forçar uma reprovação no ano anterior para ficar mais um ano na escola. Ficou porque tinha a esperança de que o tempo fosse suficiente para aparecer alguma oportunidade de emprego. Não apareceu, vive de bicos como servente de pedreiro e sob constante assédio de traficantes de drogas, que “estão se dando bem” na vida. Ele não, porque aprendeu em casa que não é assim que se ganha a vida, que não se pode ganhar com desonestidade, e que a educação lhe abriria caminhos a que sua mãe não teve acesso porque não pôde se dedicar aos estudos. Caminhos que, infelizmente, não aparecem. Senhoras e senhores, que crueldade estamos cometendo como sociedade com essas pessoas! Ninha não quer que seus filhos tenham a profissão dela e faz sua parte com bravura. Quantas famílias passam pelas

mesmas condições em Bom Despacho? A quantas crianças e jovens estão sendo negadas oportunidades de se libertarem desse sistema perverso de subdesenvolvimento? Então, me desculpem, mas não vi até o momento discussões sobre o que importa nessa questão da municipalização do ensino fundamental em Bom Despacho. Por que pretendemos fazer essa mudança mesmo? Seria para receber os 5 milhões do governo do estado para construir e reformar escolas? Seria para termos um plano próprio de cargos e salários para professores – seja melhor ou pior? Seria para atender a interesses políticos e fazer média com o governo do estado? Seria por conformidade, para atender a uma lei? Ou modismo, para imitar os caminhos de outros municípios, estados ou países? Apesar de ser anterior, esse assunto se intensificou na campanha eleitoral do ano passado. Eu participei de algumas discussões que motivaram a sua inclusão nas propostas do prefeito que seria reeleito. O que me motivava a apoiar a proposta? A crença de que Bom Despacho pode e deve oferecer melhor ensino público às suas famílias, de que um município pode criar suas próprias condições de desenvolvimento econômico, social e humano, a despeito das falhas nos governos estadual e federal. No que concerne à educação, estava claro naquele momento que o estado não planejava melhorias. Focado em resolver a grave crise financeira por que passava, a meta do estado de Minas era pagar os salários, e ponto final. Se Bom Despacho tivesse então recursos e competências para fazer mais do que isso, poderíamos oferecer mais na educação infantil e fundamental. E havia um marco legal estadual que nos permitia tomar as rédeas. O que faltava? Planejar e experimentar o que poderíamos oferecer a mais, para verificar se temos mesmo a capacidade para fazer mais do que o estado de Minas vem oferecendo. Onde estão as propostas? O que pretendemos oferecer a mais? Numa Bom Despacho ideal, vejo um cenário em que todas as crianças estudem nessas escolas públicas, porque a qualidade nada ficaria a dever para as escolas particulares. Iniciaríamos a base de uma Bom Despacho melhor para todos, onde faríamos nossa parte para valer a pena o sacrifício de mães como Ninha, bem como nossas famílias poderiam voltar a cogitar filhos professores como uma perspectiva promissora. E talvez até sentíssemos orgulho de parte dos impostos que pagamos. Quem sabe?


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Bom Despacho (MG), 13 Setembro 2021

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