JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG

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DESTAQUE

Bom Despacho (MG), 23 a 29 Junho 2019

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Ano XXXI - Nº 1.572 • Fundado em 12/05/1989

Personalidades recebem Medalha Dr. Hugo dia 27/6

Bom Despacho (MG), 23 a 29 Junho 2019 • GRÁTIS 1 EXEMPLAR

BD sedia Campeonato Brasileiro

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Bom Despacho (MG), 23 a 29 Junho 2019

Continuação da página 1

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Publicado por Imagem Editora Ltda. jornal@joneg.com.br 35600-000 - Bom Despacho - MG É proibida a reprodução total ou parcial, em qualquer meio de comunicação, dos textos e anúncios produzidos pelo Jornal de Negócios - A publicação não autorizada por escrito sujeita o(s) infrator(es) às penalidades legais - Editor: Alexandre Borges Coelho - Publicação semanal – Tiragem: 6.500 exemplares – Impresso na Sempre Editora / BH – Editoração e Arte: Jornal de Negócios – Opiniões emitidas em artigos assinados não representam a opinião do Jornal, sendo responsabilidade exclusiva do autor – Distribuição livre em Bom Despacho, Araújos e Engenho do Ribeiro e dirigida em Martinho Campos, Moema, Luz, Pompéu, Abaeté e Nova Serrana - Este exemplar é propriedade do Editor, que autoriza a entrega sem ônus de uma cópia por pessoa.

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DESTAQUE

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REQUERIMENTO DE LICENÇA LAÉRCIO RIBEIRO DE CAMARGO-ME, CNPJ 29.175.190/0001-60, POR DETERMINAÇÃO DA PREFEITURA MUNICIPAL DE BOM DESPACHO, TORNA PÚBLICO QUE SOLICITOU, ATRAVÉS DO PROCESSO ADMINISTRATIVO N° 75099.000007/2019-05, LICENÇA AMBIENTAL SIMPLIFICADA (LAS), CLASSE 2 – PARA A ATIVIDADE DE EXTRAÇÃO DE AREIA E CASCALHO PARA UTILIZAÇÃO IMEDIATA NA CONSTRUÇÃO CIVIL, NO SÍTIO SANTA LUZIA – ZONA RURAL, NO MUNICÍPIO DE BOM DESPACHO/MG.


DESTAQUE

Devido a cirurgia, Tadeu Araújo não publica sua coluna Recuperando-se de cirurgia de catarata que o deixou praticamente sem enxergar na última semana, o Professor Tadeu Araújo não teve condições de escrever sua coluna. Por este motivo sua página não foi publicada nesta edição. Na próxima semana o Professor Tadeu volta normalmente. Concurso adiado Atendendo a pedidos de professores que se manifestaram, o Professor Tadeu adiou para o dia 7 de julho o prazo de entrega das respostas do Concurso Cultural sobre a história de Bom Despacho, promovido por ele. O objetivo é permitir que as Escolas possam trabalhar o tema com seus alunos. Portanto, o novo prazo de entrega das

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BD sedia Campeonato Brasileiro de Orientação EVENTO SERÁ O MAIOR JÁ REALIZADO NO PAÍS E TERÁ ATLETAS DO BRASIL E DA AMÉRICA LATINA

respostas é dia 7 de julho. As respostas devem ser enviadas para o e-mail jornal@joneg.com.br. Todas as pessoas que já enviaram já estão participando.

Adolescentes são pegos pela PM após roubarem bicicleta (IBOM) Três menores foram pegos pela Polícia Militar na tarde de terça-feira (17), acusados de roubarem a bicicleta de um ciclista que transitava pela avenida Manoel da Costa Gontijo, no bairro de Fátima. De acordo com as informações da PM, a vítima contou que estava passando pela avenida quando foi abordado e agredido por três adolescentes. Dois deles estavam de bicicleta. O terceiro, que estava a pé, foi quem tomou a bici-

cleta da vítima, uma Voltec cor laranja. Logo em seguida o trio fugiu do local. Equipes da Polícia Militar fizeram rastreamento na região e localizaram os três autores do roubo. Eles foram abordados e identificados. Um tem 13 anos de idade e os outros 15 anos cada um. Todos receberam voz de apreensão e foram levados para a Delegacia de Polícia, junto com a bicicleta apreendida.

Projetos incentivam gosto pela leitura

BD x SP: Histórias de cada lugar

(PÁGINA 4)

(PÁGINA 7)

Informações: Ascom/7° BPM

Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho Ltda, CNPJ 18.810.176/0006-89, requer a LAS – Licença Ambiental Simplificada, para o empreendimento Cooperativa Agropecuária de Bom Despacho Ltda, localizado na Rua Paraná, nº 150, bairro Ana Rosa, município de Bom Despacho/MG, para as atividades de “Centrais e postos de recebimento de embalagens de agrotóxicos e afins, vazias ou contendo resíduos”, código F-01-08-01 , pelo período de 10 anos a partir da publicação da licença.

Começa na quarta-feira (26), em Bom Despacho, o XXI Campeonato Brasileiro de Orientação (CamBOr 2019). O evento – que acontece pela primeira vez na região – será a maior competição dessa modalidade já realizada no Brasil. Até o fechamento desta edição já havia 1.500 inscritos – mais que o dobro de competidores do maior evento já realizado até então, com 700 atletas. Entre os inscritos estão competidores de todo o Brasil, além da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai. Orientação A corrida de orientação é uma modalidade esportiva onde o atleta deve seguir determinado percurso orientado por mapa, bússola e pontos de referência. Desde 2013 o esporte é incentivado pela Prefeitura de Bom Despacho. Este ano, mais de 200 competidores bomdespachenses participação do campeonato, que é disputado por crianças a partir de 9 anos de idade, adolescentes, adultos e idosos.

“Fizemos todas as adaptações possíveis e mapeamos todo o território para receber os atletas da melhor forma possível”, afirmou a secretária de Esportes, Roberta Neves. A expectativa da Prefeitura é que Bom Despacho receba de 2.000 a 4.000 visitantes durante o Cambor 2019.

Simpósio Atletas e público que participarem do campeonato poderão aprender sobre a modalidade no Simpósio de Esporte Orientação que acontecerá nos dias 28 e 30 de junho. O simpósio vai mostrar história, experiências, técnicas, dicas de saúde e propostas de como aplicar a

orientação na educação. Além disso haverá também três palestras no auditório do NEI (antigo CAIC) no sábado (29/6) à noite. Os palestrantes serão o presidente da Confederação Brasileira de Orientação, Luiz Mendes, a vice-presidente da Federação Mineira de Orientação, Ana Cintra e o prefeito Fernando Cabral.

Irresponsabilidade de motorista deixa uma pessoa morta na 262 (IBOM) Uma batida frontal entre um Ford Focus e um Fiat Uno deixou uma pessoa morta e vários feridos no Km 459 da BR 262. O acidente ocorreu às 20h45 da noite de quarta-feira (19), perto do trevo de Araújos. De acordo com informações passadas ao IBOM pela Polícia Rodoviária Federal, um caminhão que seguia no sentido Bom Despacho a Nova Serrana entrou fazendo ultrapassagem mesmo com veículos se aproximando em sentido contrário, forçando todos eles a frear bruscamente. Um dos veículos, um Ford Focus com placa de Bom Despacho, não conseguiu parar. Para não bater na traseira do carro à sua frente ele desviou para a esquerda, esbarrou na lateral de outro carro, perdeu o controle e bateu de frente num Uno que vinha em sentido contrário. O caminhão não parou e fugiu do local. Duas ambulâncias do SAMU, unidades de resgate

dos Bombeiros e da concessionária TriunfoConcebra foram acionadas para socorrer as vítimas. Com a batida o motorista do Fiat Uno, M.A.P., 33 anos, morreu no local. Uma mulher de 33 anos ficou presa nas ferragens do veículo. Ela foi retirada pelo Corpo de Bombeiros, recebeu os primeiros atendimentos do SAMU e foi levada para o Pronto

Personagens e fatos marcantes da história de (PÁG. 8) Atendimento da Bom Santa Despacho idades identificados, foram Casa de Bom Despacho, juntamente com outra passageira de 51 anos que também estava no Uno. O motorista do Focus, G.C.B., de 26 anos, teve apenas lesões leves, foi atendido no local e depois levado para o Pronto Atendimento da Santa Casa de Bom Despacho. O SAMU informou que outras vítimas, sem sexo e

atendidas pelo Corpo de Bombeiros e por ambulâncias da Triunfo Concebra. A Perícia Técnica da Polícia Civil compareceu no local. A Polícia procura informações que levem à identificação do caminhão que causou o acidente. O trânsito ficou em meia pista no sistema pare e siga até às 23h35m, quando o tráfego foi liberado.


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Projetos incentivam gosto pela leitura Denise Coimbra é psicóloga e escritora

Dia 19 de junho. Quarta-feira. Ao relembrar a agenda de atendimentos no consultório, dois eventos me alegraram bastante. Às 15h30 eu recebi 20 exemplares da Antologia das Flores: flores de cactos. Vários autores de Bom Despacho e região e também de outros estados brasileiros escrevemos poesias e crônicas levados pela ousadia do Eduardo Lucas Andrade, que teima em colocar em evidência o “escritor diversificado, marginalizado e do interior”. Para mim, esta coletânea tem valor e sentido histórico importantes: fazer florescer cada vez mais o gosto pela escrita e pela leitura em nossa cidade. Quando o cidadão comum escreve um livro e a comunidade em que ele vive procura conhecer o que está sendo revelado, o livro torna-se também uma relíquia coletiva que deve circular em toda a cidade. Muitas vezes salvando-nos da ignorância e da violência perpetradas por aqueles que sabem que os livros mantém a humanidade viva e mais sábia. E, por isso os condenam, queimando-os ou os excluindo dos currículos das escolas ao longo da história humana. Retomo a agenda. Às 16 horas eu estive com a Divania Aparecida Couto Gontijo - auxiliar de serviço escolar, a Aline Luísa Ferreira - diretora escolar e a professora Eliane Cristina do Couto Costa. Elas trabalham no CEMEI Eraida Alves, situado no bairro Esplanada. O trio entusiasmado apresentou-me tantas ações e

projetos que ali, naquele momento, eu vi a face pura e sagrada do ofício de educar estampada no rosto de cada uma delas e no timbre das vozes que muitas vezes falavam ao mesmo tempo. Contudo, cada uma, a seu modo e com uma desenvoltura espetacular cantava a música escrita feito partitura do projeto Bom de Lê. Trata-se de um projeto de incentivo à leitura que vem sendo realizado há vários anos nas escolas bom-despachenses. A professora Eliane é a fonte primeva de inspiração deste texto. Nasceu no Engenho Ribeiro. Filha de Maria do Carmo e do Gilberto. Venceu a timidez, o silêncio e a opinião daqueles que acreditavam que estes requisitos não a in-

dicavam como professora. Escolheu o magistério e, já no estágio, apaixonou-se pela profissão. Diplomada e trabalhando na ABAP durante 9 anos, Eliane descobriu o poder da educação para libertar e transformar a vida do ser humano. Por isso dedicou-se com afinco e tamanha amorosidade ao ato de ensinar, mas também de aprender com os alunos. Ela soube muito cedo que não há educação sem reciprocidade e afeto. Há 10 anos trabalhando no Eraida Alves, Eliane já realizou vários projetos de incentivo a leitura. O atual? Vai num pé e volta no outro: leve uma história e nos encante com outra. Ela desdobrou-o na ação Semeando Leitura: Colhendo Cidadãos, junto aos pequeninos que ela educa.

A professora e os pequenos alunos percorrem os espaços da escola disseminando o gosto pela leitura. Ao término da atividade, ao lado de um livro eles plantam uma mudinha de flor para que cresça junto a ela a vontade de ler cada vez mais. Estupenda iniciativa, vibrei ao saber. O mais inusitado e o mais encantador? Foi ouvir e ver fotos da Patrulha da Leitura, uma outra ação de incentivo ao ato de ler: um grupo de crianças nas ruas, praças e esquinas, Biblioteca Municipal , escolas, PSF e na Prefeitura instigando as pessoas a lerem. Até o prefeito e os servidores públicos foram alvo destes guardiões do livro e da leitura do CEMEI Eraida Alves na manhã dessa quarta-feira tão

A professora Eliane Cristina Couto

Trabalho e dedicação pela comunidade CARO SENADOR ANTÔNIO ANASTASIA, Bom Despacho possui mais de 1.200 km quadrados de extensão territorial. Tem hoje mais de 50.000 habitantes e está muito bem situada geograficamente no Centro-Oeste mineiro. Possui ainda vastas terras agricultáveis mecanicamente e muita riqueza hídrica: é banhada pelas águas do Rio São Francisco, Rio Lambari, Rio Picão e outros tantos que ajudam a formar as duas bacias hidrográficas (Pará e São Francisco)

O Senador Anastasia veio a Bom Despacho dia 1° de junho receber o título de Cidadão Honorário que lhe havia sido outorgado pelos vereadores do mandato anterior. Durante a visita, atendendo a nosso pedido, o Senador anunciou que encaminhará recursos para o CTI da Santa Casa. Em reunião com a diretoria da instituição, Anastasia garantiu empenhar R$ 400 mil para construção e/ou instalação do CTI. Nossos agradecimentos portanto ao Senador Anastasia e a todos os deputados e senadores que estão abraçando este projeto tão importante para nós

Localizada à margem da BR 262, a cidade é também um dos pontos de passagem para a ligação do Sudeste com o Nordeste através das BRs 040 e 381. Com forte tendência para o agronegócio, Bom Despacho foi, durante muito tempo, uma das maiores bacias leiteiras do país. Perdeu esta condição por falta de política de incentivo ao produtor, mas a atividade ainda é uma das principais riquezas econô-

micas do município. Por conseguinte, Bom Despacho está se fortalecendo no setor de nutrição animal através de várias fábricas instaladas no município, como é o caso de Inproveter, Animall, Cooperbom e outras. Parte dessas rações é comercializada no Brasil inteiro. Bom Despacho é destaque também na prestação de serviços médicos. Possui um hospital bem aparelhado e com qualidade profissional, no qual está faltando apenas um CTI. Enfim temos grande potencial para o crescimento e para o desenvolvimento local e regional. Mas apesar de tudo e de todo o esforço da população, por culpa de administrações públicas sem visão para o futuro e que muitas vezes se preocuparam apenas em corromper o erário, temos perdido posições no ranking regional. Por essa razão vimos à presença de V. Exa. solicitar sua interveniência junto

ao Governo do Estado para que o mesmo reconheça a nossa importância como Polo Regional. Nessa posição, dentro de um governo participativo, poderemos ajudar na construção de um estado melhor. Nos últimos anos acumulamos muitas perdas significativas, como por exemplo a Residência do DNIT, o distrito regional da Cemig, o escritório do IEF, o comando da Polícia de Meio Ambiente, o comando da Polícia Militar Rodoviária e a nossa maior perda, o comando da Sétima Região Militar. Não dá para conceber como um estado falido como o nosso não enxergue a estrutura existente no nosso Sétimo Batalhão e que, por razões que não dá para entender, desative tão importante estrutura e passe a pagar aluguel em prédios particulares. Senhor Senador, por tudo isso e para compensar essas perdas, considerando o apreço que Bom Despa-

emocionante para mim. Ao terminar a nossa conversa prometi visita-las porque este texto não conta e nem mostra a metade da importância e da beleza do trabalho delas e demais profissionais em prol da educação infantil nos CEMEIS de nossa cidade. Ao terminar este artigo fiquei pensando que o Brasil seria um lugar bem melhor e mais seguro para se viver se os programas educativos tivessem investimentos e o olhar vivo de interesse e incentivo financeiro dos governantes, familiares e cidadãos. Quem sabe teríamos as ruas bem mais lotadas de Patrulhas da Leitura, do que câmeras e viaturas policiais em nossas cidades!

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cho sempre nutriu por sua pessoa, solicitamos que V. Exa. envide todos os esforços possíveis e nos ajude a viabilizar o tão sonhado CTI que beneficiará toda a nossa região. Através do Deputado Domingos Sávio, fomos credenciados no PAR (Plano de Ações Articuladas), do Ministério da Saúde, com mais 20 leitos do SUS para a Santa Casa. Por isso desencadeamos um grande movimento envolvendo a sociedade, o hospital, vereadores, prefeitos e vários deputados estaduais e federais que estão fazendo indicações de emendas parlamentares neste sentido. Na certeza de contar com a sua costumeira sensibilidade e sabedor que o Senhor é conhecedor da realidade de nossa região, antecipo meus agradecimentos e aguardo. Bom Despacho, 26/03/2019

VITAL GUIMARÃES Vereador presidente do PSDB de Bom Despacho


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Muita gente usa redes sociais para criticar e machucar o outro

GATINHO DA SEMANA

Benício

5 anos - Pais: Marco e Josiane

As redes sociais são cruéis e muita gente usa delas para criticar, machucar. Devemos lembrar que ao tornamos alguma coisa pública isso pode viralizar e destruir a vida de alguém. Quando você destrói publicamente a imagem de uma pessoa, isso não diz nada sobre ela, mas sobre quem você é. Quando você é ofendido, qual sua reação? Atacar de volta na mesma proporção? Ficar na sua? Ou tentar ofender e machucar a pessoa mais do que ela machucou você? Bom, eu admito, já entrei em quedas de braço dessas. Eu não admitia “sair por baixo” e a última palavra tinha que ser a minha. O que eu ganhava com isso? Peso na consciência. Quando eu era mais nova, era a justiceira em pessoa. Já fui muitas vezes dura com outras pessoas achando que isso era o certo. Me ofendeu, levou. Toma lá, dá cá. Mas o tempo foi passando e fui percebendo que o silêncio é o argumento mais difícil de ser rebatido. Quando se percebe isso, sua postura vai mudando. Outra coisa que se pratica e nos faz melhor é a empatia. Como o outro vai se sentir se eu disser ou fizer isso com ele? Como eu me sentiria se fosse comigo? Muitas vezes nos deixamos levar pela raiva, mas precisamos ter muita cautela. Se você pensa que quem te ofendeu não teve empatia, não revide à altura ou se exceda. Na hora você achará que isso vai te fazer bem, mas ao cair da noite, quando você colocar a cabeça no travesseiro, eu tenho certeza que você não terá orgulho do que fez. Tentamos nos apegar ao argumento “foi ela quem começou”. Mas esse argumento não é aceitável. As ofensas podem ter começado por uma pessoa, mas a partir do momento em que você decidiu dar continuidade, tornou-se tão culpado quanto a outra. Se você realmente acha que o certo é revidar, que isso pode te prejudicar de alguma forma, responda proporcionalmente. Se te ofenderem profissionalmente, responda sobre o que a pessoa disse e mostre que ela está errada. Mas não leve a situação para outro lado. Há pessoas más em nossa cidade. Infelizmente, muita gente aqui gosta de ver a desgraça alheia. Quem tiver o mínimo de bom senso não deve alimentar isso.

Cecília Gontijo faz aniversário no domingo, 23 de junho

Douglas Madeira faz aniversário no dia 25 de junho

Geralda Rodrigues fez aniversário no dia 21 de junho

Guilherme Cabral faz aniversário no dia 25 de junho

João Pedro faz aniversário no dia 25 de junho

Júlia Pereira Franco fez aniversário dia 18 de junho

Lucas Gabriel faz aniversário no dia 25 de junho

Paloma Simão faz aniversário sábado, 22 de junho

Thayná Pereira Franco de Oliveira fez aniversário dia 20 de junho

Vanessa Rodrigues faz aniversário no dia 25 de junho


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Mantiqueira: atrás de serra tem serra

Nos píncaros da Serra Fina (II) Acordar cedinho no alto da Pedra da Mina é um momento de extrema satisfação e alegria. O frio cortante e o vento penetrante apenas acrescentam arrepios que se confundem com os arrepios da emoção de quem passou a noite no ponto culminante da Serra da Mantiqueira, o quarto ponto mais alto do Brasil. O tiritar da manhã gélida contrasta com o calor que podemos pressentir no sol que já colore o levante de vermelho. Mas, por enquanto, ainda posso ver as estrelas resistindo a apagarem seu brilho para que brilhe o sol. Mas é esforço vão. As estrelas mais distantes já desvanecem e com elas se esfumam as constelações. Apenas perduram um pouco mais, até sumirem também, as estrelas de primeira grandeza. Mesmo o exibido planeta Vênus vê esvair-se o brilho que aluga do sol. Mas, por mais alguns instantes resiste e justifica seu apelido de estrela d'alva. Mas, mesmo ele logo murcha, se empana e fenece. A noite se foi de vez. O dia acabou de nascer.

FERNANDO CABRAL Fernando Cabral é advogado, auditor federal e prefeito de BD

Quando marinheiro, naveguei o suficiente para dar mais de uma volta ao mundo. Da proa do navio assisti a muitos crepúsculos. Ora o sol surgia como se subisse das águas ao céu, ora se punha como se descesse do céu às águas. As emoções começavam com a sensação de nostalgia e banzo, mas logo eram substituídas por um profundo senso de pequenez e humildade perante o universo. O navio, embora enorme aos nossos olhos, no mar aberto não é mais do que uma casca de amendoim tremendo e balouçando nas espumas das ondas. Assim também somos nós perante o universo: minúsculos grãos de nada, transitando de pó a pó. Eram crepúsculos lindos, majestosos e também pedagógicos. Foi assim também que me senti naquela aurora que via surgir além do Pico das Agulhas Negras. Eu via as estrelas se extinguindo uma a uma e cedendo a vez para uma luz maior. É assim também que nos extinguimos e sumimos de cena para que novas luzes surjam e tenham seu momento de brilho. Espetáculos como estes que nos são proporcionados pelo mar, pelas constelações, pelo sol, pelas montanhas, não foram feitos para nos humilhar e nos rebaixar. Eles foram feitos para nos darem alegria; para alimentarem em nós sentimentos de pertencimento; pertencimento a algo muito maior do que cada um de nós é. Algo que não podemos explicar, pois inexplicável; não podemos descrever, por inefável.

do nosso orgulho, tão facilmente ferido mesmo com as coisas mais banais. Meu tiritar de frio no alto da montanha e o tiritar das estrelas que se dissolviam no firmamento repisavam esta simples constatação: somos fátuos. Somos lábeis como a chama da lamparina que bruxuleia e tremeluz sob o vento; somos fugazes e transitórios como um sopro; somos frágeis como uma bolha de sabão. No entanto, insistimos em cultivar a vaidade e a presunção como se fôssemos uma rocha eterna. – Oh, vaidade das vaidades! Ainda meditando, acabei de desmontar a barraca, preparei e comi um mingau com a pouca água que me restava, coloquei tudo na mochila e desci rumo ao Vale do Ruah. A longa subida que eu havia feito no início da noite do dia anterior eu ia agora desfazer, descendo do outro lado do Morro da Mina. Desci. A água do vale estava gélida. Eu ouvia a lama do brejo crepitar como vidro quebrando. As lasquinhas de gelo alongadas imitavam pedúnculos do capim do charco. No pequeno riacho flutuavam plaquinhas de gelo. Enfiei as caramanholas na água e senti meus dedos congelados. Apesar da lama preta em volta, a água era cristalina. Coloquei as pastilhas de cloro, agitei, guardei e comecei a atravessar o baixio.

Vaidade, tudo é vaidade – nos lembra o Eclesiastes.

O terreno é traiçoeiro. O pé afunda no barro. A água aflora por todos os lados. A trilha é invisível. É preciso afastar o capim e procurar marcas na lama. Decido então me afastar do talvegue. Vou abrindo passagem entre as touceiras e avanço rumo a um terreno mais elevado que contorna o vale. Mas, quando me dou conta, não consigo nem avançar nem recuar. Embora eu pudesse ver todo o vale, eu não conseguia encontrar passagem entre as touceiras. Era como se o capim me amarrasse.

Assim é. Quando abrimos os olhos para enxergar a força e a beleza da natureza constatamos a inutilidade da arrogância que nosso ego enfatuado e inflado tantas vezes ostenta. Constatamos a futilidade

Só com muito custo e enorme dispêndio de energia consegui encontrar a trilha batida. Estava ao lado do riacho do qual eu havia me afastado. O dia mal começara e eu já estava esfalfado e suado, embora a

temperatura estivesse em zero grau Celsius. Ali, gastei quase uma hora para vencer umas 200 braças de brejo. Um quilômetro rio abaixo a trilha se afasta do vale e vai em direção ao pico Cupim de Boi (2.500m). Antes, porém, tenho que vencer dois picos menores cujos nomes não sei. O Cupim é um lugar bonito. Tem um paredão negativo que avança rocha adentro e faz parecer que o cume está sem apoio. Do alto do Cupim do Boi, virando para o norte quase exato, está o Morro dos Três Estados. Não é longe, mas para chegar nele primeiro preciso descer uma ribanceira de 80 metros quase toda de pedra escorregadia e sem lugar para segurar. No fundo do colo que separa os dois morros encontramos uma passagem fechada por tobacas. Aí começa uma subida de uns 200 metros que se alterna entre pedra e lama formando paredões e rampas acentuadas. Vamos subindo. Lá no alto dos seus 2.665 metros nos espera o marco dos Três Estados. O marco indica onde os estados de Minas, Rio e São Paulo se encontram. Dele para o leste, é Minas (Passa

Quatro); para o nordeste é Rio de Janeiro (Resende); para sudeste e sul, São Paulo (Queluz). A ascensão deste morro é pesada, mas é também um momento de alívio. Depois dele fazemos uma descida de quase 300 metros para depois subirmos novamente mais 100 metros, até o Alto dos Ivos. Dali até o final, é só descida, embora muito acidentada. Saber disto reanima quem já está cansado. Aproveitei a pausa no Três Estados para comer o resto de arroz que eu não havia conseguido comer no jantar do dia anterior. Com o frio da Serra Fina, a comida se conserva melhor do que em geladeira. Então, não havia perigo. Comi frio, tirei uma foto e comecei a descida. A trilha, bem marcada, bem visível, era fácil de seguir. Fácil demais, como eu logo descobriria. A descida mais parece um caminho que enxurrada furou entre as pedras. Apoiando pés e mãos, vamos descendo com cuidado. De repente, me deparei com um paredão de tabocas. Paredão fechado. Impossível seguir adiante. Comecei a procurar por onde a trilha seguia. Não encontrava. Voltei uns 30 metros em busca de marcas de

gente. Elas estavam lá. Seguindoas, eu batia novamente no paredão de tabocas. E agora? De onde eu estava conseguia ver do outro lado o morro das Bandeirantes, onde eu precisava chegar e passar. O cume dele está a menos de um quilômetro de distância. A trilha por onde a subida começava estava a menos de 100 metros de onde eu estava. Mas não havia como eu chegar lá. Tentei por todos os cantos e lados, mas eu sempre encontrava um ponto intransponível. Tentei um caminho diferente, sem tabocas. Em vão. Logo adiante as elas reapareciam e fechavam tudo. O que é pior: ao tentar voltar, eu não encontrava a passagem que acabara de usar. Conclusão: gastei mais de uma hora tentando encontrar o seguimento da trilha. Mas era um beco sem saída. Como podia ser? Os caminhantes chegavam ali e desapareciam sem deixar pegadas? Passava das três da tarde e logo toda aquela parte da serra ficaria no escuro. Naquele vale entre tantos morros, e sob as tabocas, a escuridão chegaria mais cedo; em menos de uma hora. Eu tinha que tomar uma decisão que até então relutava em tomar: voltar pela trilha até encontrar o caminho certo. Se não encontrasse, eu teria que prosseguir morro acima, e voltar ao Morro dos Três Estados. Ali ao menos seria possível armar barraca e passar a noite. Naquele vale onde eu estava não havia clareira suficiente nem para eu me estender no chão. Eu estava enrascado. Minha água estava acabando, o que era preocupante. Mas havia outra preocupação: eu havia combinado com a Alcione de ela me pegar no final da trilha entre 18 e 19 horas. Mas, com aquele atraso todo, era certo que eu não chegaria na hora marcada.

Vale do Ruah: brejo de onde nasce um rio

Para voltar ou para atravessar, eu tinha que decidir logo e tinha que sair dali sem mais perda de tempo. (CONTINUA NA PRÓXIMA EDIÇÃO)


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Bom Despacho (MG) 23 a 29 Junho 2019

Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Há muitos anos assisti ao espetáculo “Meu tio Iauaretê”, texto do grande mineiro Guimarães Rosa. A versão que vi no teatro tinha o grande ator Cacá Carvalho, recém-saído do grupo do diretor Antunes Filho (morto há algumas semanas) na época. Cacá Carvalho ganhou vários prêmios de melhor ator com este espetáculo. Foi meu primeiro contato com a obra de Guimarães Rosa, mineiro nascido em Codisburgo. Por causa de minha namorada bom-despachense, Codisburgo passou a ser um lugar conhecido para mim. Lembro-me de assistir à peça “Meu tio Iauaretê” alucinado pelo palavreado utilizado, pela clara sensação de estar diante de uma onça e não de um ser humano. Recordo-me de, no dia seguinte ao espetáculo, começar uma busca insana pelo texto, que demorei alguns meses para encontrar, já que na época da montagem da peça, em 1986, não existia Internet, web, nem celular, ou seja, para achar um texto tínhamos de ir a uma livraria ou biblioteca. Quando o encontrei e o li, o fiz em meia hora, já que o texto era de apenas algumas poucas páginas. Mas, que história fantástica: alguém que é um misto de onça e gente, que se apaixona por uma onça, a Maria-Maria, que parece ter devorado vários homens que vieram caçar os animais e que, no momento da peça, está recebendo em seus domínios um caçador que pode matá-lo ou ser devorado por ele. Terminamos a peça ou o texto sem saber quem matou quem, mas, no meu caso, torcendo para que a onça tenha sobrevivido, tamanha a maravilha daquela narra-

Mais ou menos nesta mesma época, eu trabalhava em um escritório de contabilidade, eu recém-formado em ciências contábeis. Havia uma senhora no escritório, a Iriolinda, que chamávamos de Linda, que era responsável pela limpeza do ambiente, bem como por preparar o café para os funcionários. Linda vivia contando histórias de sua infância, adolescência e de quando era uma jovem mulher em Alagoas, vivendo em uma minúscula cidade, que não me recordo mais o nome. Contava repetidas vezes que havia tido vários encontros com mulas sem cabeça, com padres que andavam perto do cemitério e não tinham pés, e sobre casos fantasmagóricos de diversas naturezas. Lembro-me de um dia, após a Linda contar pela enésima vez um de seus encontros com uma mula sem cabeça que soltava fogo pelo pescoço, eu perguntar se ela algum dia encontrou alguma mula sem cabeça em São Paulo. Ela respondeu que não, jamais havia tido esta experiência desde que mudara para São Paulo. Perguntei por que isso não acontecia na nova cidade. Linda emudeceu. Algumas horas mais tarde, Linda parou diante de minha mesa e disse: “eu sei o porquê elas não aparecem aqui”. Como eu já não me lembrava do assunto e não tinha ideia sobre o que ela estava falando, pedi mais detalhes a ela. Linda, então, me esclareceu: “eu sei porque não vejo mulas sem cabeça e nem fantasmas em São Paulo”. Diante de minha cara de interrogação, ela arrematou: “aqui tem muito trânsito”. Achei aquela explicação a coisa mais poética e inusitada possível. O trânsito impedia as assombrações de fazerem seu trabalho em uma cidade caótica. Maravilhoso! A cobra que mamava Recentemente, em uma das edições dos ranchos

(os eventos musicais que ocorrem em Bom Despacho, no qual os amigos se reúnem para tocar boa música popular brasileira, comer e beber muito bem, objetos de algumas de minhas colunas anteriores) que tanto adoro em Bom

Uma jiboia aproveitava o anoitecer para invadir a casa de sua avó e se alimentar de seu leite Despacho, estávamos na agradável companhia do Juninho e da Cássia, donos do sítio no qual o rancho ocorreu, e de sua adorável família, quando o anfitrião começou a contar algumas histórias sobre animais que aparecem ocasionalmente em seu sítio. Contou que parou com a criação de galinhas, pois a ração atraia ratos e que estes atraiam cobras. E que algumas eram bem grandes e perigosas. Contou que muita gente na região viu uma jiboia que mamava em uma de suas vacas no pasto e que, quando conseguiram matar o animal, a cobra jorrava leite em grandes quantidades. Diante da incredulidade do paulistano da gema que sou, e por nunca ter visto fantasmas, porque, como explicou a Linda, São Paulo tem muito tráfego, o Juni-

nho contou que havia uma história antiga na família dele, mas que foi testemunhada por seus ancestrais. Segundo ele, quando sua mãe era um bebê, uma jiboia aproveitava o anoitecer para invadir a casa de sua avó e se alimentar de seu leite. Para que a criança, sua mãe, não chorasse de fome, a cobra colocava a ponta do rabo na boca do bebê. Segundo a história, confirmada pelos filhos e pela esposa do anfitrião do rancho, a situação durou semanas e só foi descoberta porque a boca da criança começou a apresentar feridas, estas causadas pelo rabo da jiboia em sua boca. Minha reação ao final da história do Juninho foi de puro deleite, similar àquela que tive quando Linda arrematou sua história com “aqui tem muito trânsito”. Tanto na história das mulas sem cabeça, quanto na história das cobras que adoram mamar, é possível encontrar o caldeirão cultural do qual Guimarães Rosa criou seu personagem de “Meu tio Iauaretê”. É desta poesia em forma de histórias de família que os grandes escritores criam suas grandes obras. Um paulistano provavelmente não ousaria acreditar que estas histórias são verdadeiras. Mas, um apaixonado pelas diferenças culturais entre as pessoas, um profissional de marketing como eu, jamais ousaria duvidar que estas lembranças sejam verdadeiras. E que são estas histórias tão ricas que deixam as regiões brasileiras tão diferentes entre si. Cada vez mais me considero um sortudo por poder conviver tão de perto com São Paulo e com Bom Despacho! Obrigado Juninho e Cássia por dividirem estas histórias maravilhosas comigo.

HORIZONTAIS: 1 – Conjunto das forças que movem, animam o ser ; vitalidade. 9 - Gesto,hábito ou trejeito de mau gosto. 10 - Cidade da Suméria, pátria de Abraão.12- Juízo, percepção; entendimento. 13 - Sigla do estado americano Dakota do Sul. 15 – Bílis; amargura. 17 - Nome dado a cerca de 20 aves extintas na Nova Zelândia. 18 - Pronome possessivo feminino do singular. 19 – Mistura de alcaloides extraídos da papoula. 21 – Cidade; urbano. 22 – Relativo ou próprio dos antepassados - 23 – Baleia assassina. 24 – Nome de uma famosa estrada no Império Romano. 26 - Presente imperativo do verbo atar na terceira pessoa do singular. 27 – Fileira. 29 – Marca de sabão em pó pertencente a empresa inglesa Unilever. 30 - Nome da letra B. 31 – Lisa; rente. 33 – Sigla do estado do Espírito Santo . 34- Sistema judaico filosófico-religioso de origem medieval. 36 – Terceiro estágio do ciclo de vida da borboleta. VERTICAIS: 2 – Instituto Camões (sigla). 3 – Combinação da preposição no mais artigo fem .a. 4 – Carne magra que se encontra junto ao osso da espádua do boi.5 – Palavra com apenas uma sílaba. 6 – Falsifica, engana; usurpa.7 – Abreviatura de santo. 8- A mim;em mim. 10 – Sigla em inglês para os discos voadores; Unknow flying object . 11 – Distribui;divide. 13 - Qualidade de valores que ultrapassa o comum; elevado. 14 – Documento de Arrecadação Estadual. 16 – Mamífero da família dos felídeos, de orelhas pontudas,que habita o Hemisfério Norte. 18 – Pedaço de pano gasto. 20 – Casa de índios. 21 – Berne. 23 – Ordem dos Advogados do Brasil (sigla). 25 – Preposição a mais artigo o (plural). 27 – Corpo de edifício em plano posterior ao da frente daquele a que está junto. 28 – O que se faz uma vez por ano;relativo ao ânus. 31 – Padrão de barramentos destinado a conectar periféricos à placa-mãe do computador. 32 – Naquele lugar. 35 – Anno Domini (sigla).

SOLUÇÃO

HORIZONTAIS: Dinamismo - cacoete - ur - senso - sd - fel - moa - tua - opioúrbe - ancestral - orca - apia - ate - ala - omo – be - plana - es - cabala - crisalida.

tiva do Guimarães Rosa.

Nº 80

VERTICAIS: Ic - nas - acem - monossílaba - lesa - sto - me - ufo - reparte sublime - dae - lince - trapo - oca - ura - oab - aos - alas - anal - pci - ali - ad.

Foto: A Cobra Mamadora, de Abraão Batista

Histórias de cada lugar

Dois homens são presos pela PM por agressão e ameaça

Uma briga familiar quase terminou em tragédia no bairro do Rosário 2 na manhã de quarta-feira, 19, em Bom Despacho. De acordo com a Polícia Militar, a corporação recebeu denúncia de que havia sete homens armados com faca e facões tentando invadir uma residência na Rua 2 daquele bairro. Ainda segundo a PM, o motivo da tentativa de invasão da casa é que por volta das 8 horas da manhã o morador, de idade não informada, tinha agredido e machucado sua esposa, de 17 anos de idade. Inconformado com a agres-

são, o irmão da vítima, juntamente com outras pessoas, foram à residência do agressor e passaram a atirar pedras na casa ameaçando invadi-la para vingar-se do autor. Duas guarnições da PM foram para o local. Durante a ocorrência os policiais prenderam o agressor da mulher e o irmão da vítima, que liderou a tentativa de vingança. Um menor que acompanhava o irmão da vítima também foi apreendido. O caso ainda está em andamento na Delegacia de Polícia, para onde os envolvidos foram levados. Informações: Ascom/7° BPM


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Bom Despacho (MG) 23 a 29 Junho 2019

Personalidades recebem Medalha Dr. Hugo

Na quinta-feira, 27 de junho, 12 pessoas e instituições serão homenageados com a medalha Dr. Hugo Marques Gontijo, concedida pela Prefeitura de Bom Despacho nas categorias Grande Medalha e Medalha de Honra ao Mérito. Criada em 2014, a medalha Dr. Hugo tem como objetivo “conferir ao agraciado, pessoa física ou jurídica, o reconhecimento do Poder Público Municipal à sua meritória e destacada contribuição ao desenvolvimento cultural, econômico e social do Município de Bom Despacho, ainda que por atuação fora dele”. No mesmo evento , 17 servidores municipais serão homenageados com o Diploma Dácio Alves da Cunha – que é concedido a servidores que se desta-

cam pelos bons trabalhos prestados aos cidadãos. A solenidade de entrega das homenagens será realizada no salão nobre do Sesc, a partir das 20 horas, com entrada franca.

OS HOMENAGEADOS GRANDE MEDALHA DR. HUGO Diva Geacaiaba Azevedo Drª Priscilla Frossard de Filippo Mesquita José Fúlvio Cardoso Lions Clube Bom Despacho MEDALHA HONRA AO MÉRITO DR. HUGO Dr. Charles Cristian do Couto Dr. Fábio Batistuta de Mesquita Drª Ana Maria Haddad Diniz Ribeiro Jaine Rodrigues Domingos de Paulo Maria Elizabete Silva Costa Pr. Fábio Rodrigo Carvalho Pinto Ten. Luciano Marcelo de Oliveira Vânio Sérgio Maia DIPLOMA DÁCIO ALVES Alexsandra Souza Rabelo Ana Paula Carolina Silva Souza André Luiz Martins de Azevedo Camila Aparecida da Silva Marques Fabiano Sávio de Assis Geraldo Alceu de Faria Igor José de Oliveira Costa José Renato de Sousa Araújo Joyce Aparecida Inácio Rodrigues Joyce Jaciara Chaves Soares Lorena Soares Silva Máximo Luana Michele Pinto Araújo Luciano Antônio Borges Marcelo Correa Gontijo Mônica Maria da Rocha Pablo Cardoso Gontijo Priscila Santos Araújo

Saiba mais sobre Dr. Hugo e Dácio Alves Doutor Hugo Marques Gontijo Foi médico e, aos 23 anos de idade, o primeiro prefeito eleito de forma democrática em Bom Despacho (mandato de 1947 a 1951). Em sua gestão, a cidade ganhou obras como a construção do Lactário Menino Jesus, o Ginásio Miguel Gontijo (hoje, Escola Miguel Gontijo), as três primeiras pontes de concreto da cidade (uma delas, a antiga ponte do Capivari dos Macedo), a construção da Estrada do Pica-Pau (cuja pavimentação foi inaugurada na gestão do prefeito Fernando Cabral). Criou também uma escola agrícola. Dácio Alves da Cunha Bom-despachense nascido em 1931, Dácio foi servidor e exerceu as funções de agente fiscal, chefe de serviço de fazenda, oficial administrativo, diretor de contabilidade, diretor de planejamento e contabilidade, chefe de divisão de contabilidade e contador. Ele também foi prefeito, vice-prefeito e vereador, comparecendo em todas as reuniões da legislatura. Informações: Ascom/PMBD

Sexta, dia 28, tem Cantonatas no 7º BPM Na próxima sexta-feira, 28/6, a Polícia Militar e a Prefeitura de Bom Despacho realizam a Cantonatas Bom Despacho 2019. O evento, que começa às 19h00 e tem entrada franca, reunirá as bandas de música do 7° e do 23° Batalhão da PMMG, além dos corais Voz e Vida e Sesc Ouro das Gerais. Juntas, essas agremiações vão executar músicas clássicas e populares postando-se nas janelas e escadarias do prédio central do Batalhão. Para a apresentação o prédio recebe decoração e iluminação especiais. Após a apresentação das bandas e corais haverá também seresta e barraquinhas com bebidas e comidas típicas de festas juninas para comemorar a reinauguração do Coreto da Vila Militar. A renda das barraquinhas será destinada à Associação Santa Efigênia.


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