JORNAL DE NEGÓCIOS / Bom Despacho-MG - Edição 1560

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Bom Despacho (MG), 31 Março a 6 Abril 2019

DESTAQUE

Nunca pensei que sentiria falta de BD rancho, que uma vez por mês passa o fim de semana ouvindo boa música brasileira, como a Denise, o Eriton e seus filhos, a Iara, o Bil, o Ginu e a Luiza, a Cassia e o Juninho, Valtinho e Marlene, o Saul e a Raquel, a Anita, irmã do Saul, meu sogro, grande sujeito, leitor e escritor de mãos cheias, meus cunhados e concunhadas, minha sogra, sempre sorridente e carinhosa comigo, a Tida, ajudante de minha namorada bomdespachense que adotou meus cachorros e os trata com amor sempre que vamos viajar. E claro, minha namorada bomdespachense, que é o motivo maior para eu ir a Bom Despacho.

ALEXANDRE

MAGALHÃES Alexandre Sanches Magalhães é empresário, consultor e professor de marketing, mestre e doutor pela USP e apaixonado por SP e BD

Vários filmes mostram situações de pessoas que não tem muita afinidade, que depois de algum tempo de convivência acabam se apaixonando. Lembro-me do filme “Green Card”, em português chamado de “Green Card – Um passaporte para o amor”, filme com o francês Gérard Depardieu e a norte-americana Andy MacDowell. No filme, ela é uma norte-americana que aceita casar com um francês apenas para que ele consiga permanecer nos Estados Unidos. Eles se viram apenas no dia do casamento e voltam a se encontrar após o casamento, pois um fiscal da imigração quer verificar se o casamento é verdadeiro ou apenas um acerto para obtenção do Green Card, a autorização permanente para ficar nos Estados Unidos. Eles passam alguns dias juntos para combinar o que dirão ao fiscal do governo, coisas do tipo “de que lado cada um dorme na cama”, “que horas cada um acorda e dorme”, “que cores cada um prefere” e outras perguntas que só um verdadeiro parceiro sabe do outro. Claro, o fiscal percebe que o casamento é por conveniência e manda o francês para casa. Óbvio, que ambos se apaixonam e fazem juras de amor quando o governo vem buscar o estrangeiro para enviá-lo para casa.

Quando encontrei minha futura namorada bom-despachense na Bahia, em Caravelas, cidade de onde partem os barcos para Abrolhos, que é uma reserva marinha em alto mar, não me apaixonei imediatamente. Muito pelo contrário, nem me interessei muito, já que havia ficado vinte e seis anos casado e, depois da separação, eu havia prometido que nunca mais teria uma namorada. Quando passei meu contato para minha namorada bomdespachense, optei pelo e-mail. Minha filha, que estava comigo, disse: “pai, quem usa e-mail hoje em dia? Dê o WhatsApp”. Começamos a trocar mensagens

ANDARILHO INVADE LOJA E AGRIDE PROPRIETÁRIO

Esmola incentiva a mendicância em BD, diz assistente social A Prefeitura pede que as pessoas não dêm esmolas nas ruas de Bom Despacho. “Em vez disso a pessoa deve ligar para o CREAS (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) e informar a situação e o local onde está o pedinte ou andarilho”. A orientação é da assistente social Paula Carolina Couto, gerente de Vigilância Social na cidade. Segundo Paula, nesses casos o CREAS manda uma equipe para abordar a pessoa e tomar as providências necessárias. “Se for uma pessoa que realmente necessite, o CREAS aciona uma rede de apoio na cidade para acolher, alimentar e depois encaminhar o andarilho à sua cidade de origem”. Ao ligar para o CREAS a pessoa não precisa

se identificar. A assistente social alerta que muitos pedintes vêm para Bom Despacho visando obter vantagens. “Existe uma turma que aparece aqui todos os meses para conseguir dinheiro fácil. Ganham muito dinheiro com esmolas. São figuras conhecidas, que vivem de esmola. Por isso é que as pessoas não devem dar esmolas nas ruas. Isto apenas incentiva a mendicância e atrai mais pessoas em busca de ganhos fáceis”. Já no caso do pedinte tentar extorquir ou fazer ameaças para conseguir dinheiro, a pessoa deve ligar na hora para a Polícia Militar. O CREAS funciona de 2ª a 6ª de 8h às 18h na Rua João XXIII, n° 45. Os telefones são 3522.7782 e 99106.0962.

via o WhatsApp e o resultado foi minha primeira ida a Bom Despacho. Quando conheci Bom Despacho achei-a pequena e meio pacata demais. Aos poucos fui me acostumando. A cada ida fui gostando mais da cidade. Com o tempo passei a correr entre as fazendas, conheci muitas áreas

verdes, conheci duas lajinhas na região, fui apresentado ao Rio São Francisco, conheci pessoas muito interessantes, como seu Cao da loja de roupas Ialmo, seu Ivan do café da praça da matriz, o Marcelo e a Vera, que me apresentaram joias raras da natureza da cidade, os amigos do Correbom, grupo de corrida de Bom Despacho, o pessoal do

Há algumas semanas fui convidado para dar aulas no Senac de Campinas, cidade a cem quilómetros de São Paulo, todo fim de semana, por todo o primeiro semestre. Primeiro impacto disso é que deixarei de ir a Bom Despacho no primeiro semestre. Primeiro pensamento é “OK”, vou ganhar dinheiro e não é um tempo tão grande. Segunda etapa é comunicar à minha namorada bomdespachense sobre minha ausência. “OK”, acertamos que ela irá a Campinas em alguns fins de semana. Tudo resolvido, comecei minhas aulas há algumas semanas, logo após o Carnaval. Logo de cara, perdi uma edição do rancho, no sítio da Denise e do Eriton. Recebi fotos e vídeos e vi que havia perdido música excelente e comida maravilhosa. Comecei a me arrepender de ter aceito as aulas de fim de semana, espaço reservado em minha agenda a ir a Bom Despacho a cada quinze dias desde que comecei a namorar minha amada bom-despachense. Passada poucas semanas sem ir à cidade por causa das aulas, descobri que estou apaixonado por Bom Despacho. Pelas pessoas, pela família da minha namorada bom-despachense, pelas corridas nas estradas de terra, pelo ritmo da cidade, pelos restaurantes que frequento, pelos amigos de minha namorada bom-despachense, pela Praça de Esportes, que raramente frequento, pelo Sesc, que raramente visito, pelos animais que sempre vejo em Bom Despacho, com os carcarás, as siriemas, as cobras, as araras, que tenho visto com mais frequência na cidade, pelos personagens da cidade, como Zé Toniquinho, cuja biografia eu ganhei de meu sogro e li, ou do Claudio, que sempre encontro na cidade com seu andar claudicante (curiosamente o nome Claudio vem de claudicante), enfim, pessoas que encontro a cada vez que vou a Bom Despacho. Nunca pensei que sentiria tanta falta de uma cidade que não a minha São Paulo, mas tenho de confessar: não vejo a hora de passar este primeiro semestre de 2019, para acabar minhas aulas no Senac de Campinas e eu poder voltar a ir a Bom Despacho aproveitar a cidade, as pessoas, os animais, os ranchos e, principalmente, minha namorada bom-despachense.


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