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8 O Jornal de HOJE

Cidade

Natal, 15 de agosto de 2013

Quinta-feira

Canindé Santos

Central do Cidadão da Rio Branco corre risco de ser desativada PRIORIDADE

DA

SECRETARIA

DE JUSTIÇA E

CIDADANIA

OESTE

DA CAPITAL

SERIA ABRIR UMA UNIDADE NA ZONA A Central do Cidadão localizada no centro da cidade, na avenida Rio Branco, poderá deixar de atender parte da população da zona Leste que precisa dos serviços da unidade. Isso porque, segundo a Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania (Sejuc), responsável pela manutenção das Centrais, o Governo do Estado está com dificuldades financeiras para reabrir a unidade. Além disso, a prioridade da Secretaria é instalar uma Central do Cidadão na região Oeste da capital potiguar, mantendo assim uma Central em cada zona da cidade. A unidade da Rio Branco, que já passava por problemas estruturais há anos, chegou a ser alvo das ações de vândalos que participaram do protesto da Revolta do Busão, realizada no último dia 20 de julho. Desde então, a Central do Cidadão permanece fechada, sem realizar atendimento ao público em função das depredações. No espaço se vê apenas tapumes, pichações e os seguintes avisos: "Carteiras de

Trabalho e antecedentes criminais estão sendo entregues na unidade do Alecrim" e "os exames clínicos e psicológicos foram transferidos para a sede do Detran/RN". De acordo com o secretário da Sejuc, Júlio César Queiroz, a depredação proveniente da manifestação prejudicou o andamento dos serviços no local. "A gente está

"Nós temos um projeto para abrir a Central do Cidadão na rodoviária da avenida Capitão Mor-Gouveia e, no momento, essa será a nossa prioridade"

sem perspectiva para corrigir todas as quebradeiras oriundas dos vândalos e sem perspectivas para retornar as atividades", disse. No entanto, o secretário afirmou que a capital potiguar precisa de quatro centrais para atender

a demanda, sendo uma em cada região. Essa ideia pode ser mais uma razão para que a Central da Rio Branco seja definitivamente desativada, já que na zona Leste também existe a unidade do Alecrim, na avenida Coronel Estevam. "Temos essa na zona Leste; uma na zona Norte, no shopping Estação; e a da zona Sul, que funciona no shopping Via Direta. Está faltando uma na zona Oeste, que é bastante carente nesse serviço", disse. "Nós temos um projeto para abrir a Central do Cidadão na rodoviária da avenida Capitão MorGouveia e, no momento, essa será a nossa prioridade", destacou Júlio César Queiroz. Sobre os investimentos na reestruturação das outras unidades do Estado, o titular da Sejuc afirmou que as Centrais de Santa Cruz e Caicó já foram reformadas. "Estamos reformando a de Parnamirim, mas a situação financeira também nos impede de declarar quais serão os próximos investimentos", disse. José Aldenir

Além dos problemas estruturais graves, unidade da Rio Branco foi depredada por vândalos durante protesto do dia 20 de julho

Agricultores realizam feira para vender produtos sem o uso de produtos químicos PROJETO

CONTA COM

A Feirinha do Projeto Amigo Verde foi realizada na manhã desta quinta-feira (15), na sede da Semurb, localizada na rua Raimundo Chaves, 2000, no bairro de Lagoa Nova. Os produtos comercializados são produzidos por cerca de 120 famílias na comunidade do Gramorezinho. Estes agricultores fazem parte do projeto desenvolvido em parceria com a Promotoria de Justiça do Meio Ambiente e do Ministério Público Estadual. O projeto foi iniciado há mais de um ano com a qualificação dos produtores rurais para produzirem produtos sem o uso de compostos químicos. Nesta nova etapa, o resultado do trabalho é vendido para a comunidade. Por se tratar de um local de proteção ambiental, o Gramorezinho causou preocupação na produção e hortaliças onde eram utilizados agrotóxicos e insumos químicos. Esta atenção com relação à região se deve devido ao fato da Bacia do Rio Doce, com diversas lagoas, abastecer o a zona Norte de Natal. Para a realização de todo o projeto, a parceria se estendeu para Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Urbanismo (Semurb), a Petrobrás que financiou, o Sebrae, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), e a Emater/RN, que prestaram a formação dos agricultores. De acordo com a promotora do Meio Ambiente, Gilka da Mata, o

120

FAMÍLIAS DO

objetivo do projeto é modificar o modo de produção dessas comunidades, que trabalham nas bases da agricultura familiar. "Queremos fazer com que 120 produtores produzam de acordo com os princípios da agroecologia", ou seja, sem produtos químicos e trabalhando se valendo das técnicas de manejo do solo. A ação do projeto atinge a saúde de diversas esferas da sociedade. Os próprios cultivadores deixam de ter contato com produtos químicos que afetavam a própria saúde dos trabalhadores e de suas famílias. E a comunidade, por sua vez, ganha não só produtos de qualidade e mais saudáveis, como também, mais especificamente a população da zona Norte, passa a consumir água de um local menos danificado pela ação do homem. A Petrobrás entrou no projeto, disponibilizando além dos recursos para as plantações, os bens financeiros para as famílias nos meses mais difíceis. Segundo os agricultores, em alguns momentos durante o curso, não havia produção. Por isso, não entrava dinheiro para as famílias. De acordo com a promotora, este era um evento esperado, pois eles estavam deixando uma forma de fazer e partindo para outra. Hoje os comerciantes vendem diretamente à população, em algumas feiras fechadas para os funcionários do Ministério Público e a Petrobrás, porém a que ocorre todas as

GRAMOREZINHO

quintas-feiras na sede da Semurb é aberta à população. Anteriormente, os produtores vendiam seus produtos aos atravessadores e, por isso, recebiam menos pelas mercadorias. De acordo com Gilka da Mata, uma rúcula, por exemplo, era passada ao intermediário por R$ 0,20. Fazendo a venda direta ao consumidor, a hortaliça sai por R$ 1,00, e o valor ainda é mais baixo que o de mercado. Este atravessador, também era um fator estimulante da produção com agentes químicos, pois a cobrança acontecia em números quantitativos. Por esse motivo, o cultivo deveria ser acelerado. Após a implantação da filosofia socioambiental, todo o cultivo é pensado de maneira qualitativa, visando um melhor produto. Durante o aprendizado, não só a cultura foi readequada, como também as práticas empreendedoras foram implantadas na comunidade. Por esse motivo, esta etapa de comercialização é importante para a adaptação. "Antes eles tinham contato apenas com o atravessador. Agora o contato passa a ser mais direto com o cliente final", ressaltou a promotora. Os novos comerciantes também se mostram animados com a venda direta. "O retorno [das feiras] é muito bom. Antigamente era uma operação de canibalismo", disse Erivaldo Monteiro. O agricultor de 49 anos revelou que o momento mais complicado foi no começo do projeto. "O início foi problemático, pois a época mais difícil foi de adaptação com os cursos. De outubro para março não conseguimos produzir, mas depois as coisas começaram a melhorar", conta o comerciante. Outra mudança se deu com a diversificação de produtos. Anteriormente, o alface, a cebolinha e o coentro, formavam a base da agricultura na região. Porém, para melhorar a defesa contra o ataque de pragas, a diversidade foi implantada. "A gente diversificou. Hoje produzimos berinjela, alface e até repolho. Eu não sabia nem como se plantava repolho. Estamos estudando várias outras formas de cultura, o tomate cereja, por exemplo", disse Erivaldo Monteiro, acrescentando que "o projeto foi uma das saídas para se trabalhar com a ecologia e com os lençóis freáticos", disse o homem do campo. Dona Fátima de Souza, outra vendedora também comentou sobre o projeto. "É importante, pois a gente deixou de vender para atravessador e passamos a dar mais valor à saúde da gente e cuidamos dos outros". Os próprios clientes revelaram os benefícios. "Facilita o acesso a esse tipo de produto e o preço é mais barato", revelou a funcionária pública, Denise Neves. GRUPO AGUARDA CERTIFICADOS DE PRODUÇÃO ORGÂNICA O grupo formado pelas famílias de agricultores espera a certificação que qualifica seus produtos - as hortaliças e as frutas - como de fato orgânicos. Um dado pelas Inspeções e Certificações Agropecuárias e Alimentícias (IBD), uma empresa privada, autorizará a comercialização em supermercados para a venda direta ao consumidor. Sobre a especificação de Produto Orgânico, esta deverá ser expedida pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Os dois processos já estão em andamento e avaliação dos poderes públicos.

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