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Quinta-feira

Ano XVIII w

NATAL-RN, 30 DE ABRIL DE 2015 w Nº 5.222

AUTORIDADES DESTACAM IMPORTÂNCIA DO JORNAL DE HOJE PARA A HISTÓRIA POLÍTICOS E DIRIGENTES PÚBLICOS RESSALTAM INDEPENDÊNCIA DO JH, LAMENTAM O FIM DO IMPRESSO E AFIRMAM QUE CONTINUARÃO ACOMPANHANDO A EDIÇÃO ON LINE José Alde

POLÍTICA 3, 4 E 5

nir

Adrielle Mendes/Divulgação

R$ 2,00 w jornaldehoje.com.br

A hora da despedida Após 17 anos e seis meses, período em que colocamos em circulação (sem nenhuma falha) 5.222 edições diárias deste O JORNAL DE HOJE, chegou a hora de nos despedirmos dos nossos leitores. Somos forçados a isso por circunstâncias econômico-financeiras que já tivemos oportunidade de relatar. O custo de um jornal impresso se torna cada dia mais elevado, sem que as empresas jornalísticas consigam atrair receitas suficientes para cobri-lo. Assim, no nosso caso, para evitarmos o agravamento de uma crise, decidimos parar enquanto temos condições de honrar integralmente nossos compromissos. Ao longo desse tempo tivemos o privilégio de mobilizar o trabalho dedicado e eficiente de várias centenas de jornalistas, repórteres fotográficos, articulistas voluntários, diagramadores, impressores, técnicos em informática, pessoal administrativo, corretores de publicidade, intercaladores, auxiliares de máquina e serviços gerais, en-

tregadores, motoristas, cobradores, arquivistas, operadores de telemarketing e tantos colaboradores mais. A cada um dos que formaram essa equipe valorosa e nos ajudaram a realizar o sonho de uma vida, nosso muito obrigado. A partir de agora vamos iniciar uma nova fase. Dedicaremos todo o nosso esforço, conhecimento do jornalismo e capacidade criativa à construção da nova edição on line d’O JORNAL DE HOJE, que os leitores poderão acessar gratuitamente (pelo menos durante um certo período) através do site www.jornaldehoje.com.br. No formato atual, o portal do JH na internet já alcança entre 80 e 100 mil acessos diários. Lutaremos para multiplicar esses números no menor espaço de tempo, fazendo um jornalismo extremamente informativo, crítico, combativo, livre de compromissos com grupos políticos, e sempre em defesa dos interesses da sociedade. MARCOS AURÉLIO DE SÁ Diretor-Editor

Tulio Lemos

Daniela Freire

Página 3

Página 13

Com o mesmo empenho dos últimos 17 anos e seis meses, colaboradores produziram hoje a última edição impressa do vespertino. Empresa anuncia novos planos

JH encerra edição impressa e investe no jornalismo on-line

w Que DEUS ilumine os novos caminhos de todos os profissionais que aqui trabalharam.

CIDADE 8 Wellington Rocha

w #JornaldeHoje # Confiança #Independência #Aprendizado #Despedida #Saudade.

Marcos A. de Sá

Rubens Lemos F.

Página 7

Página 15

> ACIDENTE

CICLISTA DE 51 ANOS MORRE ATROPELADO NA ROTA DO SOL

w Hoje na Economia será substituída na internet por debates sobre economia e política.

w Abraço a cada um. Que me tenha dado a honra da leitura de Passe Livre.

Vicente Serejo

CIDADE 10 Página 13

w De Paris, em plena primavera, Serejo escreve a última coluna para o JH impresso.

> SAÚDE MENTAL

FAMILIARES DENUNCIAM ATENDIMENTO PRECÁRIO NO RN CIDADE 6

ESCREVEM ARTIGOS José Narcélio Marques Souza Valério Mesquita Roberto Canuto Lenilson Carvalho Kátia Azevêdo Nivaldo Ferreira Ivan Lira de Carvalho Carlos Alberto dos Santos José de Anchieta Cavalcanti OPINIÃO - Página 2

Ailton Torres cobra tratamento e internação dignos: “Eles também são seres humanos” José Aldenir

Carroceiros protestam contra medida que impede o transporte na ruas da capital Prazo de cinco anos dado para o fim da atividade já está terminando e os trabalhadores querem uma alternativa para o

sustento das famílias. Protesto, que saiu de Dix-sept Rosado e foi até o Centro da Cidade, reuniu mais de 50 carroceiros. CIDADE 6

INDICADORES: Dólar comercial R$ 3,01 Dólar turismo Dólar/Real

R$ 3,09 R$ 3,01

Euro x real R$ 3,37 Poupança 0,50%/0,41% Taxa Selic 12,75%

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2 O Jornal de HOJE

Artigo

Opinião

Natal, 30 de abril de 2015

Artigo

JOSÉ NARCELIO MARQUES SOUSA, engenheiro civil (jnsousa29@gmail.com)

O Jornal de Hoje na era virtual Pouca gente sabe, mas o Brasil é um dos países onde mais se vendem computadores no mundo, ficando atrás apenas de potências do naipe dos Estados Unidos, China e Japão. Possuindo tamanho índice de comercialização do avançado equipamento eletrônico não era de estranhar a implantação e crescimento do chamado web jornalismo ou jornalismo online, ou ainda cyber jornalismo, que é o jornalismo praticado por meios digitais, via internet. O web jornalismo começou como uma versão virtual dos jornais de papel, mas aos poucos foi crescendo até se transformar na opção informativa preferencial da população mundial, isso graças a influência daqueles que nasceram na era da internet. Sim, a maciça adesão da juventude foi fundamental para alavancar o processo de estimular o costume de busca pela informação virtual. Aí prevalecendo o comodismo, a facilidade e a rapidez de acesso à notícia que o meio eletrônico oferece. É verdade que existe parcela significativa da população fiel à leitura no papel, e que abomina a tela brilhosa e inodora do equipamento impessoal. São os que preferem continuar sentindo o cheiro característico de tinta, aliado ao prazer decorrente de folhear e dobrar a aspereza de cada página do jornal depois de avançar na leitura. Esse costume é assemelhado ao do escritor acostumado com a máquina de escrever, que a abandona para enveredar pela complexidade do computador, por força de cobranças decorrentes do avanço tecnológico. É lamentável, mas a tendência da comunicação escrita será o mundo virtual. Tanto jornais como livros enveredarão pela virtualidade em razão do menor custo do produto manufaturado e em respeito ao meio ambiente massacrado pela derrubada descontrolada

Artigo

de árvores. É tudo uma questão de tempo. E aí a geração-internet fará a diferença na consolidação da escolha. Por que outros jornais continuam com a publicação impressa mesmo explorando, com melhores resultados comerciais, o segmento virtual? Em primeiro lugar porque dispõem de carteiras de anunciantes que lhes dão a sustentabilidade econômica necessária para continuar com a tiragem impressa. Por outro lado, aguardando a inevitável tendência da leitura virtual se estabelecer para saírem de circulação com o papel-jornal obtido da mistura de madeiras e fibras recicladas. O nosso "O Jornal de Hoje" deixou clara a sua decisão, em editorial recente, de parar com as máquinas rotativas de impressão. É uma pena que assim seja, mas entendemos e acatamos os motivos da empresa. Estranharemos bastante a ausência palpável do vespertino, afinal foram quase 18 anos de convivência com uma parcela da população que lia à tarde as notícias que os outros jornais só publicariam no dia seguinte. Durante quatro anos e três meses escrevi semanalmente e sem interrupção, para o querido JH. Foram 220 artigos e crônicas, hoje compilados e acrescidos de outros textos publicados em diferentes veículos de comunicação do estado para serem oferecidos num livro, brevemente. Este será o último de meus escritos impressos neste jornal, haja vista a desativação do mesmo no dia 1° de maio. Como eu sou um enxerido por natureza, continuarei enviando minhas matérias para a nova feição do "O Jornal de Hoje", até que me dispensem da função de assinante-colaborador. Desde já externo, aos leitores e aos que fizeram o vespertino impresso, meus sinceros agradecimentos pela desmedida tolerância para comigo.

VALÉRIO MESQUITA, escritor (mesquita.valerio@gmail.com)

A sabedoria vem de longe 01) O advogado José Uziel Santiago, nos seus quase dois metros de altura, com voz de locutor de rádio FM, iniciava-se na vida pública como candidato a vereador em Assu. Fã de filosofia, Uziel citava sempre Diderot, Sócrates, Voltaire, etc. Em seus quilométricos discursos, quando terminava, aportava no primeiro barzinho e haja "mé"! Isso o relaxava mas a turma sempre o tirava do pagode. Era de índole mansa. Certa noite, ao discursar, o candidato ouviu alguém na multidão gritar: "Saia daí, cor de piche!", Uziel emendou: "Piche é bom pois é produto da Petrobrás!". Gritaram novamente: "Sai daí negro da cor do pneu!".Uziel, sem perder a calma, aproveitou: "Também é bom! O pneu conduz as riquezas da nossa terra!". Aí, gritaram mais uma vez: "Cala a boca preto c. de burro!". Uziel parou um instante e ponderou: "O distinto aparteante só lembrou o anel do burro. Todavia o melhor ele encontra no conjugado que também é negro e a égua da sua genitora adora, cabra safado filho da p...". 02) A vida toda com a prefeitura em seu poder o prefeito João Pedro de Guamaré, não queria ouvir falar em oposição. Chico de Júlia, vereador oposicionista, batia forte no prefeito e sua equipe. "É tempo de mudanças, meus senhores!". Pregava o edil. "Vamos fazer a alternância do poder em Guamaré!". Aí o prefeito, na sua ignóbil sabedoria, dizia no mercado: "Alternância de poder é trocar o certo pelo duvidoso. É muito parecido com fralda de bebê... Pode dar na mesma bosta...". 03) O prefeito de Grossos, Raimundo Pereira, cansado de guerra, lastimava-se com alguns: "Pois é amigos, faço tudo o que posso por todos. Agora me sinto com a saúde alquebrada, recebo poucas visitas e pelo que estou vendo, até para o meu enterro poucos irão". "Que é isso, "cumpadre" Raimundo!? "Nun" diga isso!", exclamou um correligionário. "O senhor não vai morrer tão cedo, mas se o senhor morrer fique "traquilo" que os seus amigos vão tá presentes...!". É

Artigo

foi mais além. "Eu mesmo faço questão de com a pá na mão cobrir com terra um pedaço!". Raimundo Pereira arregalou os olhos e bateu de frente: "Você ta bêbado cabra sem vergonha... Vá enterrar seu pedaço lá na p.q.p.". 04) Um jovem advogado, sob a tutela de uma grande empresa, com a mala preta cheia de "tutu", pegou as estradas do oeste, em busca de votos que o elegeria deputado federal. Uma linda loira, pernas torneadas, secretariava o candidato barbudo. Chegando a cidade, o moço procurou o prefeito Chico Carlos de Dix-Sept Rosado para uma conversa dentro dos figurinos. A reunião foi marcada no salão nobre da prefeitura. A loira, com varias pastas, além da mala, acomodou-se numa poltrona, com o cuidado de cruzar as pernas. Isso de frente para o prefeito Chico Carlos até então distraído nas "verdinhas". Depois dos acertos, o neodeputado sugeriu: "Prefeito, carece agora marcar um bom comício na praça pública, não? O senhor é só dizer a data...". O prefeito de olhos fitos, agora, na minissaia da mulher, falou sem convicção: "Tá certo deputado, vou providenciar. Agora grave ai: discurso é como saia: quanto mais curto, mais melhor!". 05) Pra terminar, os Alves elegeram o terraço da empresa Santos e Cia, lá na Tavares de Lyra, para os colóquios e papos em família. O local era acolhedor, tranquilo, vizinho a Tribuna e acima de tudo: um "túmbalo". Todo assunto tratado morria ali mesmo. Certa manhã, um político falando com Aluízio fez a seguinte colocação: "Aluízio, na família Alves todos são políticos e jornalistas. Muito interessante, não?". O sábio líder, franzindo a sobrancelha, respondeu: "Em nossa família, tem muitos políticos e apenas um jornalista. Agnelo o é. Ele fala como escreve e escreve como fala". Muitos estavam presentes. Erivan França procurou Neco querendo massagear-lhe o ego, porém, não encontrou nem o pescoço. Só o "Cigano" conhecia pelo talento os laços de família e os afins. Hoje, ele faz falta. Agnelo está quase só e cansado.

ROBERTO CANUTO, diagramador (robertocanuto@bol.com.br)

Agradecimento Com o encerramento, neste número, da edição impressa do O Jornal de Hoje, quero agradecer em meu nome e em nome do jornal a valiosa contribuição dos inúmeros colaboradores/articulistas que com seu vasto conhecimento enriqueceram sobremaneira o espaço desta página 2 e o próprio vespertino diário durante toda sua existência. Lamento profundamente que a atual conjuntura econômica do país tenha feito sucumbir esta trincheira de defesa da cidadania, levando seus

diretores a tomarem a drástica decisão que deixa órfã esta cidade, já tão carente de serviços básicos garantidos pela Constituição e que não são efetuados a contento. Fecha também um espaço democrático de manifestação da cultura potiguar, ao mesmo tempo que leva ao desemprego dezenas de qualificados funcionários que representavam o seu corpo funcional. Deixo um abraço fraterno a todos os leitores. Que Deus nos abençoe.

Quinta-feira

LENILSON CARVALHO, cirurgião-dentista, professor e escritor (lenilsoncarvalho@hotmail.com)

Artigo CARLOS ALBERTO DOS SANTOS, editor-chefe da Revista do Instituto Mercosul de Estudos Avançados (carlos.alberto@ufrgs.br)

Parabéns e agradecimentos ao O Jornal de Hoje Felicitações à Marcos Aurélio de Sá e toda sua equipe pelo espírito empreendedor com que conduziram este periódico. Congratulações pelo democratismo que caracterizou a conduta e o conteúdo inserido nas diversas entrevistas, informações, comentários, opiniões úteis para o público. Agradecimentos pela opor-

Artigo

tunidade proporcionada aos "não jornalistas" para inserirem seus artigos neste conceituado jornal. Meu caro e estimado Marcos Aurélio de Sá – seus preceitos de conduta humana são éticos e transparentes. Você sempre cantou os princípios da liberdade, igualdade e fraternidade. Você trilhou uma conduta justa em todos os instantes, como diretor-editor deste jor-

nal executou suas atividades com entusiasmo, denodo e dedicação. Caro amigo jornalista Roberto Canuto - obrigado pela sua generosidade no acolhimento dos meus singelos artigos. Ao longo dos anos você tem sido simples e bom, viverá ensinando e de sua vida fará a melhor das lições. Você ajudou a resgatar a memória do nosso Estado.

KÁTIA AZEVÊDO, estudante de Jornalismo-UFRN (katianatal@hotmail.com)

Saudade que não passará nunca! Está se aproximando o Dia das Mães. Sei que é uma convenção do comércio, que dia de mãe são todos os dias. Mas, para quem já não priva da presença física da sua, é um dia muito triste, mesmo que outras pessoas tentem alegrar a nossa existência. É impossível completar a felicidade, pois ali está faltando a pessoa insubstituível e a mais importante de nossas vidas: nossa mãe! Quem já a perdeu para o Pai, sabe do que estou falando! Perdi a minha logo após o Dia das Mães ano passado. Dentro do coração, lá em um cantinho, a lembrança do adeus sempre irá doer muito. O momento em que ela foi para a casa do Pai, na minha frente e na de meu pai, está registrado como um fogo sempre a queimar na memória. Mas, para que falar de coisas tristes, não é mesmo? Porque viva ela está, em algum lugar e que, por ser tão boa, certamente é um local muito melhor do que aqui, onde existe tanta violência, tanto desamor. Lembro de minha mãe me arrumando para ir ao Jardim de Infância Modelo. A passagem pela Praça

Artigo

Pedro Velho era motivo de tirar mais uma foto em cima de seus ladrilhos em forma de tabuleiro de damas (quem nunca??). As participações em festinhas e, em apenas uma delas, não pode comparecer em virtude da visita que fazia ao Farol de Mãe Luíza com os seus alunos da Escola Pedro Mendes Gouveia. Mas meu pai conseguiu me levar em sua bicicleta até onde ela estava. E a preocupação quando subi para ver lá de cima? Amúsica que marcou essa época dizia assim: "Procurei por todos os jardins, uma flor, mimosa perfeição, ela se chama Flor Mamãe e só nasce no jardim do coração!" Choro feito uma criança com a falta do seu colo quando escuto essa canção. O acompanhamento de meu primário no Colégio Imaculada Conceição e as festinhas comemorativas ao Dia das Mães, são inesquecíveis. Lembro que confeccionei com palitinhos um estojo para que ela guardasse suas joias e bijuterias. E ela emocionada, recebeu aquele presente feito com todo amor, mas muito mal feito! Não tinha jeito para artes manuais como suas maravilhosas mãos, que

construíam verdadeiros tesouros artesanais. Relembro os tempos de juventude, com ela sempre ao meu lado nas matinês da Assen e amando aquele som da banda Alerta 5. Os primeiros namorados e ela por ali, pertinho, vigiando e apoiando quem me fizesse feliz! No nascimento dos netos, ela sempre estava ao meu lado para que eu seguisse seu exemplo de aguentar as dores do parto. Que eu fosse "uma boa mãe", repetia. Como se eu pudesse chegar aos seus pés! Ela sim, era perfeita! Minha primeira formatura, em Letras foi um momento emocionante, com ela presente. O rosto demonstrava o orgulho em ter uma filha "formada". Sonho de 100% das mães. Agora eu era professora, como ela. Ano que vem me formarei novamente e, desta vez, será a realização de um sonho: ser uma jornalista de fato e de direito! Dona Terezinha Azevêdo não estará fisicamente, claro, mas eu a sentirei ao meu lado, como sempre, me apoiando em tudo. E essa vitória, mamãe, será sua também!

NIVALDO FERREIRA DA SILVA, professor aposentado do Instituto Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (silvanfeni@gmail.com)

A arte de mentir Não sei se o prezado leitor já mentiu alguma vez em sua vida. Eu já menti muito encorajado ou pressionado por motivos vários e, à semelhança do inesquecível escritor Ariano Suassuna, acho a mentira uma invenção sensacional e fantástica. Isso porque, segundo afirmou Ariano, "o mentiroso é um camarada que não se conforma com o universo comum e inventa outro". Não desiste de viver nem se desespera. Para equilibrar-se, pinta uma paisagem que só existe em sua própria mente criativa. Dá gosto ouvir uma mentira inteligentemente arquitetada e bem contada! A gente sabe que é mentira, mas finge que acredita! Amentira nada mais é que uma afirmação contrária à verdade a fim de induzir a erro ou ilusão. Pode ser classificada como mentira satírica, com propósitos humorísticos; fantasiosa, que objetiva enaltecer e supervalorizar virtudes pessoais; social, admitida em circunstâncias quando o pragmatismo a exige; oportuna, para evitar conflitos; venenosa, quando o objetivo é o de cometer algum mal ou destruir a reputação de alguém; respeitosa, que leva em conta a crença e os princípios defendidos por determinada pessoa; protetora, que objetiva não revelar as fraquezas e ignorância de alguém; e presunçosa, que visa promover alguém na busca de vantagens pessoais.

Artigo

Existem mentiras aceitáveis, desejáveis ou, mesmo, obrigatórias em decorrência das convenções sociais. Entre outras, o uso de eufemismos para evitar a menção categórica de alguma coisa desagradável; respostas a perguntas insinceras e indiscretas sobre a saúde de uma pessoa; desculpas para evitar ou por termo a um encontro social indesejado; afirmações para garantir que um encontro social é desejado ou foi agradável; dizer a uma pessoa moribunda o que quer que ela queira ouvir. As mentiras desejáveis socialmente, as satíricas, as oportunas, as respeitosas, as fantasiosas e as protetoras são até necessárias e fazem parte do moderno imaginário cotidiano. Funciona como ópio, em algumas circunstâncias, e alegra o viver. Amentira venenosa e a presunçosa, no entanto, são atitudes nocivas e deletérias ao convívio social. Destroem reputações e vidas. Os pescadores e caçadores são mentirosos contumazes da fantasia. Suas histórias são eletrizantes e encantam pela criatividade. Em LajeBA, minha cidade natal, havia um pescador lendário chamado Protesto. Certa feita me contou um caso delirante. Estava pescando, à noite e esqueceu um relógio de bolso pendurado numa estaca de uma cerca próxima ao rio. No dia seguinte, ao dar por falta do relógio, retornou à margem do rio, vasculhou todo o

local, mas não encontrou o relógio. Um ano depois, pescando na mesma área, no silêncio da noite, ouviu um tique-taque. Surpreso, foi verificar de onde emanava o som escutado. Mais surpreso, ainda, ficou quando percebeu que o tique-taque provinha do interior de uma casa de cupim construída na ponta da mesma estaca onde, há um ano, havia deixado o seu relógio. Destruiu a casa do cupim e encontrou o relógio funcionando normalmente. É bom lembrar que naquela época, idos de 1950, os relógios funcionavam impulsionados por cordas mecânicas. A mente humana assemelha-se a uma máquina fotográfica que registra o que é captado por sua lente acrescido das circunstâncias e influências do convívio social. Na mentira a mente é induzida a revelar o que não registrou, de fato, o que exige um grande esforço mental por parte do mentiroso. Quando se diz que as pessoas próximas da morte somente falam a verdade é, exatamente, porque elas não encontram mais forças para inverter o que a mente registrou. Uma simples mentira satírica ou fantasiosa não causa dano e ajuda a colorir o acinzentado burocrático das relações formais. Auxilia a enfrentar a dureza do universo real com algumas escapulidas a um mundo do faz de conta, terra do nunca, país de Peter Pan ou, mesmo, ao reino encantado de Alice.

IVAN LIRA DE CARVALHO, professor da UFRN e juiz federal (ivanlira6@uol.com.br)

O meu pião em Edimburgo O folder do Museum of Childhood - Museu da Infância, em Edimburgo, anunciava que o visitante, percorrendo as suas exposições de brinquedos, certamente diria "já tive um desse" ao mirar as vitrinas. Foi exatamente isso que exclamei ao ver um pião igualzinho ao que ganhei no meu primeiro aniversário e com ele brinquei até os quatro... cinco anos. Depois lhe fiz uma "cirurgia", para conhecer-lhe as entranhas e o resultado foi infeliz: não prestou mais. Foi reduzido a duas bacias e um inservível parafuso, longo e desengonçado, espetando uma maçaneta tão vermelha quanto inútil. A alma metálica que aviventava o brinquedo foi jazer em uma grande caixa de papelão, acompanhada do girador bipartido, então mais parecendo cuias outrora albergadoras de queijo do reino. Como paga pela minha gana investigativa nunca mais tive o prazer de admirar os seus saracoteios pelo longo e frio corredor da casa da minha infância serrana. Fez-se silente o grito da sua ponta, que o

fazia tiritar orgulhoso sobre o piso, onde reinava em evoluções dignas de aplausos. Cada nova peripécia que a minha habilidade inventava para aquela peça rodante era celebrada com ares de vitória dos dois, da criança e do objeto. Encantavame ver que as evoluções eram prestadas em torno do próprio eixo, como se fosse uma introspecção. Diversamente das bolas e de alguns jogos que eu já ensaiava dominar, que reclamavam a parceria de outros garotos, com o pião havia campo para uma cumplicidade que beirava o egoísmo. Naquele pedaço éramos somente eu e ele, donos de um mundo exclusivista e feliz. Mas o enlace cedeu à curiosidade e o desfecho foi o acima comentado. Comandando um recall estimulado pelo reencontro na Escócia, até arrisquei a imaginar que só me atrevi a eviscerar o grande pião de metal porque já estava de olho em outro brinquedo da mesma família, de origem bem mais tosca, composto de madeira com a ponta de

prego serrada. Vejam só como são os desejos infantis: migram do requinte da plástica de um bem elaborado mimo, com selo industrial e controle de qualidade, para a mais singela peça de artesanato, não raramente feito pelo próprio usuário, esculpida em todo de goiabeira e encimada com sobra metálica de chão de marcenaria. Uma inversão impensável no universo consumista dos adultos, já que é pouco razoável, por exemplo, a troca de um automóvel requintado por um protótipo feito com a colagem de peças esparsas e de segunda mão. O certo é que é bem mais fácil o encontro da felicidade nos degraus da infância, onde o lúdico ocupa com ares de supremacia as atividades das pequenas pessoas, deitando lições de convivência e sociabilidade, mas também de valorização individual, à moda de um pião, que trabalha em torno de si próprio sempre que demandado, pelo tempo suficiente a fazer a alegria de quem solicita os seus bamboleios.

O rito de passagem do JH Não pense que esta é uma crônica lastreada na euforia. Ao contrário, é com um sentimento melancólico e abatido pela realidade inexorável das novas tecnologias da informação, que passo a falar sobre o rito de passagem do JH, do formato que nasceu na Antuérpia, em 1602, ao formato digital que se impõe pelas circunstâncias econômicas. Não pense também que se trata de choro de quem naufragará no mar de bits e bytes. Como professor de física, tenho criado, desde 1999, hipertextos para uso na internet. Um deles premiado pelo MEC em 2003, e pela Associação Brasileira de Educação a Distância, em 2004. Outro transformado em livro pela Editora da UFSC. Desde 2007 sou colunista da Ciência Hoje Online, uma revista digital, como sugere o nome. No entanto, em relação ao jornal e ao livro sempre serei saudosista das versões impressas. Não me basta o consolo de que estamos em boa companhia. Nesse sentido, nem quero citar os casos nacionais, ficarei com os notáveis exemplos internacionais. Em 31 de dezembro de 2012, a revista norte-americana Newsweek comunicou que aquela seria sua última edição impressa, passando a ser editada exclusivamente em versão digital, mas em março de 2014, depois de uma recuperação econômica ela voltou ao formato antigo, com uma tiragem de 70 mil exem-plares, contra cerca de 1,5 milhões em 2012. Em junho de 2014, a tradicional revista JET, especializada em assuntos afro-americanos, passou a ser editada exclusivamente no formato digital. Na França o movimento vai no mesmo sentido. Em fevereiro de 2014, jor-nalistas do Libération, o famoso jornal criado por Jean Paul Sartre em 1973, ficaram revoltados com a notícia de que acionistas queriam terminar com a edição impressa e transformar o jornal em uma rede social. Felizmente a ideia não foi adiante. Todos esses movimentos, incluindo a suspensão da versão impressa d'O Jornal de Hoje, têm a mesma origem: dificuldades financeiras da imprensa no formato impresso. As despesas de produção e distribuição superam as receitas com pu-blicidade e assinaturas. O retorno da Newsweek ao formato impresso é apenas uma feliz exceção. Aregra é a passagem sem volta para o formato digital, mas, é preciso levar a sério os desafios do rito de passagem. Criatividade é imprescindível, mas tentar inventar a roda pode ser fatal. Bons exemplos devem ser examinados com muita atenção, e seguir à risca os ensinamentos dos mais experientes é mandatório. Jornalismo digital tem pouco a ver com o impresso. É outra plataforma, com exigências editoriais, estéticas e planos de negócios diferentes. Não basta ter bom conteúdo para conquistar leitores. É preciso garantir que o leitor terá uma experiência agradável quando entrar em contato com esse conteúdo. Não há nada mais desagradável e inoportuno do que um texto em papel ser transplantado, sem alteração, para a tela de um computador ou outro dispositivo eletrônico. A Internet é por excelência um dinâmico espaço multimídia. Usá-la apenas com recursos típicos de uma plataforma estática, como o meio impresso, é frustrante e desabonador para quem assim procede. Os recursos da web semântica já possibilitam a montagem automática de um jornal com tiragem de um exemplar, ou seja o exemplar que interessa àquele leitor. Isso é feito através da manipulação automática dos metadados. Trata-se de uma versão nova para uma ideia antiga. Em 1995, o The Wall Street Journal lançou o Personal Journal, com conteúdo personalizado enviado para telas de computadores. Ainda não existia a Internet, e a definição do conteúdo era feita pelo assinante, através da escolha de áreas do seu interesse. Finalmente, o JH deve olhar com muita atenção os recursos associados com os tablets. Pesquisa realizada pela Associação Mundial de Jornais (WAN, na sigla em inglês) mostra que os leitores veem os aplicativos para tablet muito mais como uma extensão do jornal impresso do que como uma extensão da web. E quem vê os aplicativos dessa forma está disposto a pagar mais por eles.

Artigo JOSÉ DE ANCHIETA CAVALCANTI, advogado e membro da Regional Natal da Seicho-No-Ie (joselito@supercabo.com.br)

Orientações Seicho-No-Ie para os jovens IV (Jovens, sejam vitoriosos até sobre o fenômeno chamado morte) O progenitor do formidável dr. Joseph Murphi,grande divulgdor do pensamento iluminador dos Estados Unidos e autor de obras como o Poder do Subconsciente e que no dizer de algns críticos é "uma grande descoberta científica que dá-lhe a chave para o maior e mais terrível dos poderes ao alcance do homem... o poder do subconsciente" iniciou seus estudos da língua francêsa aos 65 anos,tendo-se tornado aos 70 exímio mestre desse idioma.Também começou além dos 60 anos a pesquisar a língua gaélica havendo se tornado um mestre dessa língua.Até chegar ao final de sua existência material.isto é, aos 99 anos dedicou-se ,com extrema abnegação ,a várias atividades educacionais. Desse modo,quando a vida humana se empenha em constante progresso,jamais envelhece.O ser humano jamais deve deixar de envidar esforços para crescer.Ainda que seja em idade avançada jamais será tarde canalizar esforços para começar um novo estudo. O próprio Joseph Murphy citado pelo professor Seicho Tanigucho em sua obra "Reflexões Sobre a Vida"narra um fato à página 213 que achamos por bem dar ciência aos jovens da experiência do pensamento iluminador de Murphy: "Na Inglaterra,encontrei um cirurgião.Ele tem 84 anos,realiza cirurgia toda manhã,visita seus pacientes à tarde e escreves livros à noite.Aos 84 anos é um jovenm cheio de vitalidade,dedica-se com entusiasmo e paixão ao que faz,ama as pessoas e tem muito boa vontade.Ele não se rende ao peso da idade.Sebe que sua vida é imortal.Ele me disse: Se eu partir amanhã para o mundo espiritual,lé desejo curar as pessoas efetuando cirurgias mentais e espirituais,seem usar o bisturi" Somente aqueles que estão conscientes da vida imortal tem consciência que continuará existindo,transcendendo o corpo carnal não perdendo a esperança e se mantendo sempre jovens.Qual a esperança que pode existir em uma ideologia materialista que considera tudo se extinguir com a morte do corpo carnal? Sabemos que o corpo carnal de todas as creaturas um dia passará pelo fenômeno da morte se transformando em cinzas ou pó da terra.Será que esse esforço enorme realizado pelo homem e todo para se transformar em pó da terra?Nós sofremos,amamos nos alegramos e entristecemos para nos transformamos em pó?Acreditamos ser impossível ser desse modo.Existe jovens,em todos nós um ser maravilhoso que infinitamente continuará progredindo ainda que abandonemos o corpo carnal.Aqueles que se conscientizam da existência desse ser que é imortal e que vive o dia a dia sempre renovado possui uma inabável esperança no futuro não se preocupando com os fracassos do passado conseguindo levar uma existência de permanente avanço.Aqueles que assim acreditam vivem o "agora".E vocês jovens, que vivem o agora em profundidade, poderão se considerar aqueles campeões que vencem até a própria morte!

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Política

Quinta-feira

Natal, 30 de abril de 2015

O Jornal de HOJE 3

Henrique lamenta enfraquecimento da liberdade de expressão com fim do JH MINISTRO DO TURISMO FOI UM DOS PRINCIPAIS PERSONAGENS DAS MATÉRIAS D’O JORNAL DE HOJE NOS ÚLTIMOS ANOS Hoje ministro do Turismo da gestão Dilma Rousseff (PT), Henrique Eduardo Alves (PMDB) foi um dos personagens mais divulgados nesses últimos anos na versão impressa d'O Jornal de Hoje. Em alguns momentos envolvido em matérias positivas, como os projetos e obras que tentou trazer para o Rio Grande do Norte. Em outros, em publicações não tão positivas (para ele), mas que precisavam ser feitas pelo interesse jornalístico que os assuntos despertavam. Mesmos nos maus momentos, entretanto, Henrique Eduardo Alves, pode-se dizer, foi respeitoso com O Jornal de Hoje, demonstrando que respeita a liberdade de imprensa, fator, inclusive, que ele ressaltou nesta

fala sobre a última edição do vespertino. "É lamentável falar sobre o fechamento de um jornal. Perde a liberdade de expressão. Aos dirigentes e à equipe de profissionais que fizeram o JH, minha homenagem pela contribuição que ofereceram à história da imprensa potiguar", comentou Henrique. A fala do, agora, ministro do Turismo, foi enviada direto de Brasília, onde Henrique tem recebido, principalmente, políticos potiguares para falar sobre projetos e parcerias. Nesta quartafeira, por exemplo, o peemedebista recebeu o primo, o prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), o deputado federal e integrante da Comissão de Turismo, Rafael Motta (PROS), e a

prefeita de Canguaretama, Fátima Marinho. A chegada de Henrique ao Ministério, vale lembrar, foi noticiada pel'O Jornal de Hoje durante vários meses. Desde dezembro, quando se cogitava a nomeação dele para o cargo de ministro (na época, da Previdência Social, é verdade, no lugar do primo Garibaldi Filho). Acertamos que ele se confirmaria no cargo, mesmo na época o próprio Henrique negando. O mesmo, ressalta-se, que aconteceu quando começou-se a cogitar que ele seria candidato ao Governo do Estado. O Jornal de Hoje foi um dos primeiros a noticiar e acabou "prevendo", baseado em depoimentos de bastidores, o que acabou por acontecer. (CM)

Wellington Rocha

Henrique concede entrevista ao repórter Alex Viana, d’O Jornal de Hoje: atual ministro sempre respeitou trabalho do vespertino

Deputados federais ressaltam perfil político do jornal O gabinete do ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, não foi o único que repercutiu, em Brasília, o fim da edição impressa d'O Jornal de Hoje. Os deputados federais da bancada potiguar, sobretudo aqueles que foram personagens de várias notícias deste vespertino nos últimos anos, ressaltaram o perfil político que o JH assumiu nos últimos anos. "Recebemos com tristeza a notícia do fim da circulação da edição impressa d'O Jornal de Hoje, um dos principais jornais do Rio Grande do Norte. Um jornal que, em seus 18 anos de existência, cumpriu, com clareza, imparcialidade, responsabilidade e ética, o dever de informar", afirmou o deputado federal Walter Alves, do PMDB. "Um dos principais veículos com foco político que dava transparência aos mandatos dos políticos potiguares e que mantinha a população sempre bem informada a cerca de todos os assuntos. Desejamos sorte a essa nova era d'O Jornal de Hoje nos meios digitais e, como assinantes e leitores diários, torcemos para que ele volte às nossas residências na forma impressa em um futuro próximo", acrescentou o peemedebista, que nesta se-

Heracles Dantas

Walter: “Jornal de Hoje dava transparência aos mandatos politicos” mana apresentou um projeto de lei que amplia o acesso do cidadão aos juizados especiais, ampliando para 60 salários mínimos o limite das ações movidas nesta área. Foi sobre a apresentação de projetos de lei e iniciativas que melhoram a vida do norte-riograndense, inclusive, que falou o deputado federal Rafael Motta (PROS), ao comentar a trajetória do JH. Ele, que apresentou nesta

José Aldenir

Rafael: “Jornal de Hoje divulga a boa política, de projetos para o RN”

semana pleitos de gestores municipais ao Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), lembrou que O Jornal de Hoje se destacou ao noticiar a "boa política", ou seja, a política que traz melhorias para o Estado e para o cidadão. "O fim da edição impressa d'O Jornal de Hoje é uma perda considerável para os potiguares. Perdemos uma fonte de informação

de credibilidade e independência. Sempre fui um leitor assíduo tanto do online, que vai continuar; quanto do impresso, que mantenho a tradição de ler. Sentirei falta de não recebê-lo mais na minha casa durante à tarde, sempre com as últimas notícias do nosso Estado, inclusive, matérias de políticas, sobre projetos, medidas e os bastidores do cenário local, que o Jornal de Hoje cobriu com perfeição durante esses

José Aldenir

Rogério: “Jornal de Hoje fez uma revolução no jornalismo potiguar”

18 anos", afirmou Rafael Motta. Rogério Marinho, do PSDB, comentou a perda que o fim de um jornal representa para a democracia. "O Jornal de Hoje foi responsável por uma verdadeira revolução no jornalismo potiguar. Não apenas por antecipar as notícias dos demais concorrentes como também pela total pluralidade de opiniões e informações que sempre foram publicadas em suas páginas. Não

foi à toa que conquistou respeito e credibilidade comum apenas aos grandes veículos. O fim da edição impressa é uma perda lamentável para todos nós que defendemos a total liberdade de imprensa, sem nenhum tipo de controle que possa levar a censura. Fica a nossa torcida para que o veículo repita o sucesso da edição impressa também no mundo virtual da internet", comentou. (CM)

Túlio Lemos POLÍTICA - TÚLIO LEMOS -

tuliolemosjh@gmail.com / @tuliolemosrn

MINHA ETERNA GRATIDÃO AO JORNAL DE HOJE 30 de abril de 2015. Hoje é o dia que marca a última edição impressa de O JORNAL DE HOJE. Para alguns, é o fim; para outros, o começo de uma nova era, uma nova etapa. Chega um determinado momento em que a semente precisa morrer para frutificar em outra forma, germinar e criar uma nova vida. Será assim com o JH. Quando fui convidado pelo professor Marcos Aurélio de Sá para ser colunista do matutino JH Primeira Edição, aceitei o desafio e me entreguei integralmente ao novo projeto. Me fascinava o fato de poder trabalhar em um veículo de comunicação que não estava atrelado a nenhum grupo político, cuja linha editorial era pautada apenas pelo equilíbrio e pela independência. Não me arrependi. Pelo contrário. A experiência me fez ainda mais admirador do homem, do professor e do profissional Marcos Aurélio. Surgiu outro desafio na mesma empresa: Editar as páginas de política e ser colunista do tradicional O JORNAL DE HOJE, único vespertino do Estado, seguindo a mesma linha editorial de liberdade e independência. Assim como faço em tudo que acredito, me integrei de forma completa ao novo projeto.

O RN é um Estado em que alguns se acham ou se achavam proprietários de tudo, incluindo até o pensamento de quem ousava discordar. Marcos Aurélio de Sá teve a ousadia de imprimir um jornal em que os poderosos não mandavam em sua linha editorial, pautada pela independência e distância dos grupos políticos que dominavam o Estado. Não pense que foi fácil. Mas Marcos tinha um ideal e não havia preço a negociar para ir adiante com seu projeto. Alguns tentaram intimidar, pressionar, perseguir, desprezar, cooptar... Nada disso funcionou porque havia alguém no comando que não admitia sequer ser abordado com insinuações a respeito de retroceder em seu ideal. A liberdade é algo inalcançável para muitos. Liberdade para falar o que pensa é uma verdadeira raridade na imprensa do RN. Nesses anos todos trabalhando neste O JORNAL DE HOJE, posso testemunhar que tive total e irrestrita liberdade como colunista e como editor de política. Jamais Marcos Aurélio me pediu para tirar alguma nota ou fazer algo que contrariasse minhas convicções. Repito: Isso é raro no jornalismo potiguar. Aqui, a liberdade sempre foi exercida com responsabilidade, pautada sempre

na veracidade dos fatos. A verdade sempre foi nosso alicerce e nosso amparo contra as eventuais pressões de quem se sentia incomodado com a publicação da verdade indesejada. Ao professor Marcos Aurélio de Sá, que tornou-se muito mais que um patrão, mas um amigo de verdade, um irmão, um pai, minha eterna gratidão pela confiança depositada e pode contar sempre comigo em qualquer situação. Trabalhar com independência, liberdade e responsabilidade nos fez diferentes. Naturalmente que isso provocou inveja até entre colegas de profissão. Os políticos, em sua grande maioria, também não gostavam muito de nossa linha editorial, pois não havia amigos a proteger nem inimigos a perseguir. Ou seja: Todos poderiam ser alvo de alguma matéria negativa, de uma alguma crítica ou mesmo de denúncia. Mas a pluralidade garantida pela direção do jornal fazia com que todos tivessem espaço para dar sua versão, expor sua verdade. Nunca foi negado espaço ao contraditório e isso é sempre foi uma marca deste JH. Em função da liberdade invejada que tínhamos no JH, é possível que tenhamos cometido erros ou injustiças. Aproveito para pedir desculpas humildemente; se houve

erro, não foi deliberado; se cometemos alguma injustiça, não foi proposital. A vantagem é que aqui, nas páginas deste JH, erros cometidos eram corrigidos e eventuais injustiças também mereciam reparo. A redação de O JORNAL DE HOJE transformou-se em uma extensão de minha casa; uma verdadeira família se formou no encontro cotidiano, forçado pela pressão do relógio. Sylvia Sá comandou a redação com profissionalismo, humildade e integração com os colegas. Apesar de ser 'a filha do dono' do jornal, Sylvia soube ser profissional que cobrava com respeito e se integrava de fato à construção do conteúdo diário. Marcelo Sá comandou a parte gerencial com discrição e responsabilidade; depois, acumulou com o nascimento do portal do JH. Os demais profissionais também tiveram parcela fundamental de importância na produção final de nosso conteúdo. Os três atuais repórteres de política, Ciro Marques, Alex Viana e Joaquim Pinheiro, merecem nosso registro. Ciro, o mais novo, revelou-se um grande profissional; perspicaz, ético, pesquisador, corajoso e um amigo-irmão que ganhei. Alex Viana, experiente e antenado com o que os políticos diziam e com o

que omitiam; produtor de muitos textos que viraram manchete. Joaquim Pinheiro é nosso decano; homem que viveu a história da política recente do RN com olhar interiorano e acesso irrestrito a todas as correntes. Homem aparentemente 'sisudo', mas proprietário de um grande e generoso coração. Tínhamos três diagramadores, responsáveis por dar forma ao conteúdo. Roberto Canuto, um irmão que ganhei com a profissão; atento a todos os detalhes, olhar vigilante aos mínimos detalhes, espirituoso e inteligente. Íris Araújo, a rainha da diagramação, cujas tiradas contaminavam o ambiente com sua alegria, sem perder jamais o profissionalismo. Fábio Ewerton, o Fabinho, apesar da juventude, sempre mostrou muita experiência e conhecimento técnico na área; um FDR que marcou nosso convívio. Ricardo Araújo, o Ricardinho, era o 'tratador de fotos', o homem do photoshop, que retirava as imperfeições naturais das fotografias. Dedicado, sem pressa, sempre deu conta de tudo que lhe era atribuído. Aos demais repórteres das outras editorias, nosso reconhecimento pelo profissionalismo e pelo convívio amigável. Aos funcionários que 'rodavam' o JH, os homens das

máquinas, nosso agradecimento. Aos entregadores, nosso abraço e também reconhecimento pela tarefa de fazer chegar aos leitores, o fruto de nosso trabalho. Aos servidores dos demais setores, nossa gratidão pelo trabalho e amizade construída. A Dona Carminha, funcionária mais experiente do jornal, nosso carinho e eterno reconhecimento de sua dedicação e profissionalismo inatacável. Agradeço a todos da minha família, pelo apoio ilimitado e compreensão. Especialmente, agradeço a minha esposa Andréa, pelo estímulo permanente e amparo nas dificuldades. Aos meus filhos, pelo apoio incondicional 'no escuro'. Aos meus pais, minha gratidão pelo respaldo contínuo e integral. O JORNAL DE HOJE deixa o papel para ser virtual. É um novo caminho, um novo desafio. Não se discute os desígnios de Deus. Apenas nos adaptamos a eles. Que DEUS possa iluminar e proteger os novos caminhos de todos os profissionais que aqui trabalharam. Se DEUS quiser, nos encontraremos no mundo virtual. Forte abraço do amigo TULIO LEMOS


4 O Jornal de HOJE

Política

Natal, 30 de abril de 2015

Quinta-feira

Wellington Rocha

Heracles Dantas

Walter Gomes DE BRASÍLIA - walgom@uol.com.br

Fatos e bastidores > A fusão das siglas PSB-PPS não revela harmonia na hora de nominar a nova legenda. O presidente do PSB, Carlos Siqueira, propõe que assim continue. Roberto Freire, chefe nacional do PPS, defende PS (Partido Socialista). Batismo à parte, a junção resulta numa bancada considerável na Câmara: 44 deputados - 32 do PSB e 11 do PPS. Na outra casa do Congresso, sete senadores - seis do PSB e um do PPS. Ganharia dois parlamentares: Marta Suplicy, ex-PT; e Lúcia Vânia, prestes a deixar o tucanato. > Há nervosismo nas entidades patronais e nos sindicatos de empregados, por causa das consequências do ajuste fiscal. O que ocorre: inflação aquecida, demissões de trabalhadores, queda da renda média, saldo negativo nos aportes na poupança, elevação da taxa de juros, incremento do estoque da dívida, retração dos investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento. > Zanga de Renan Calheiros sinaliza ampliação. Início da semana, Dilma Rousseff telefonou para o presidente do Senado. Ele não atendeu. Nem retornou a ligação. > Ontem, no encontro com membros de três comissões permanentes da Câmara, Joaquim Levy ficou sem jeito. O deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR) foi o responsável, ao dizer: "Não invejo o senhor, que tem um desafio imenso. É um bom ministro em um governo ruim, de péssima qualidade." Divulgação

Raniere: “Jornal de Hoje consolidou a informação política e pautou a imprensa local”

Vereadores natalenses falam sobre o fechamento do JH PRESIDENTE FRANKLIN CAPISTRANO QUE VESPERTINO FEZ HISTÓRIA NA JOAQUIM PINHEIRO REPÓRTER DE POLÍTICA

NÃO É NOVIDADE

Tem sido penoso o trabalho de Michel Temer (foto com Dilma Rousseff). Incumbido da articulação política do governo, o vicepresidente da República "enxuga gelo", comenta um dos seus interlocutores assíduos. nnn - Ora, ele não consegue ser denominador comum nem do partido dele (PMDB), quanto mais das correntes de opinião do PT, PSD, PP, PR e PDT - falou, hoje de manhã, ao birô da coluna. Mais: "Está cercado de rivais estrelados." À pergunta "Quais são?", respondeu de bate-pronto: "Anote dois nomes: Renan (Calheiros) e (Eduardo) Cunha, senhores todo-poderosos do Congresso."

NOITE DA CHACOTA

Presidente da Câmara exagera em discurso tripudiante. Ontem, no jantar com quatro dezenas de deputados do PMDB, Eduardo Cunha colocou o PT na berlinda. nnn A fala do fluminense foi uma sequência de exaltação à bancada do peemedebismo e de ironias repetidas ao Partido dos Trabalhadores. Mote: as derrotas recorrentes dos petistas nas votações no plenário e nas comissões técnicas. nnn Dois ministros de Estado, ambos peemedebistas, estavam ao lado de Cunha: Eliseu Padilha (Aviação Civil) e Henrique Eduardo Alves (Turismo).

SINAL NOS FATOS

Com 40 anos de vida pública, parlamentar revela premonição. Ele pressente maiores problemas administrativos e políticos para a presidente da República. nnn Adverte que não deseja, mas esses primeiros meses do segundo mandato de Dilma Rousseff lembram o final do governo José Sarney, o primeiro d Nova República.

LEITURA DINÂMICA t Júlia Arruda (PSB) é boa vertente política. Não precisa, porém, de muita pressa. A hora de a vereadora ser cabeça de chapa em disputa majoritária vai chegar. t Não é provável; possível, sim. Referência: novo aumento da Selic (taxa de referência dos juros) em junho, na reunião do Copom. Ontem, a elevação chegou aos 13,25%. Fragiliza aplicações na caderneta de poupança, mas incentiva em CDB (Certificado de Depósito Bancário). t Tempo perdido pelo políticos na corrida ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes. O téc-

nico Valter Vieira assume a direção do órgão que foi, em passado recente, base de ilicitudes. t O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), retoma a guerrilha contra a fusão de seu partido com o DEM. "Essa mistura não tem como chegar ao ponto certo", brada o petebista. t Antônio Henrique Pires continua no comando da Funasa (Fundação Nacional da Saúde). Trata-se de petista de quatro costados. t Para refletir: "Os cabelos brancos são arquivos do passado" (Edgar Allan Poe, escritor estadunidense).

Franklin Capistrano acrescenta: “Jornal de Hoje fez história na imprensa do Estado”

Vereadores dos diversos partidos com representação na Câmara Municipal de Natal opinaram sobre o encerramento d'O Jornal de Hoje, versão impressa que ocorrerá nesta quinta-feira, dia 30 de abril de 2015, após circular ininterruptamente durante quase 18 anos. Franklin Capistrano, PSB, presidente da Câmara Municipal: "O Jornal de Hoje fez história na imprensa do Rio Grande do Norte pelo princípio ético da informação, pela preocupação com a política, a cultura e o esporte. Esteve nesses quase 18 anos sempre atento em defesa da vida com dig-

RANIERE BARBOSA RESSALTAM IMPRENSA DO RIO GRANDE DO NORTE E LÍDER

nidade para o nosso povo". Raniere Barbosa, PDT, líder do prefeito na Câmara Municipal de Natal: "O Jornal de Hoje consolidou a informação política e pautou a imprensa local saindo sempre na frente com a informação atualizada e precisa. É lamentável que o vespertino deixe de circular todos os finais de tarde com informações diversificadas. Seu fechamento é uma perda enorme para a sociedade". Júlio Protásio, PSB: "O fechamento d'O Jornal de Hoje é uma grande perda para a cidade de Natal pela diversidade de opiniões atualizadas todos os finais de tarde. Foi durante todo esse tempo uma referência no noticiário político". Aman-

da Gurgel, do PSTU: "O fechamento de um veículo de comunicação é lamentável. O Jornal de Hoje abriu espaço para todos, inclusive para o nosso mandato. Ao longo desse tempo cumpriu a sua missão abrindo espaço para as diversas tendências e ao contraditório". Aquino Neto, do PROS: "O Jornal de Hoje foi um espaço democrático com uma folha de serviços prestados ao Estado. Com a simplicidade do seu diretor-presidente, jornalista Marcos Aurélio de Sá, o vespertino informou com seriedade os fatos políticos, econômicos e sociais do Rio Grande do Norte" Maurício Gurgel, PHS: "a sociedade perde com o fechamento d' O Jornal de Hoje, que tinha um es-

paço democrático aberto para todas as tendências". Fernando Lucena, PT: "Rui Barbosa dizia que a imprensa é os olhos do povo. O Rio Grande do Norte está míope a partir de amanhã com o fim d'O Jornal de Hoje". Adão Eridan, PR: "Lamento profundamente o fechamento d' O Jornal de Hoje. Acredito que faltou apoio e sensibilidade por parte das autoridades para manter esse importante jornal contribuindo para o desenvolvimento do Rio Grande do Norte. Faltou uma iniciativa para efetivação de parcerias que certamente viabilizariam a permanência de um jornal que foi muito importante divulgando os fatos antes de todos os concorrentes".


Política

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O Jornal de HOJE 5

Robinson: “O fechamento do Jornal de Hoje é um atentado a essa democracia” GOVERNADOR DO RIO GRANDE DO NORTE LAMENTA FIM DO IMPRENSO E DESEJA SUCESSO AO FUTURO ONLINE DO JH Um atentado a democracia. Foi assim que o governador do Estado, Robinson Faria, do PSD, classificou o fim da edição impressa d'O Jornal de Hoje após 18 anos de circulação. Em nota enviada para a redação deste vespertino, que continuará online, www.jornaldehoje.com.br, o governador lamentou o fato e desejou sucesso para a continuidade do trabalho, agora no campo virtual. "A população encontra na imprensa uma ferramenta indispensável para exercitar a democracia, que é o pilar fundamental da sociedade. O fechamento do Jornal de Hoje é um atentado a essa democ-

racia. Em se tratando de um veículo como o Jornal de Hoje, que pautou o seu trabalho na independência e na prestação de serviço aos leitores, o fato se torna ainda mais grave e temeroso. Sabemos da luta de toda equipe, comandada pelo jornalista Marcos Aurélio Sá, para manter o impresso em circulação", afirmou o governador. Ex-vice-governador do Estado e ex-presidente da Assembleia Legislativa do RN, Robinson Faria teve uma trajetória política marcada, também, pel'O Jornal de Hoje. O vespertino publicou diversas notícias sobre seus pensamentos e projetos. Foi aO Jornal de Hoje, inclu-

sive, que Robinson Faria confirmou que desejaria ser candidato ao Governo do Estado em 2014. A notícia foi dada em primeira mão, assim como foi, também, ao JH, que o então candidato acertou a aliança com o Partido dos Trabalhadores no RN, o que acabou viabilizando sua vitória no pleito do ano passado. "O conforto de quem defende a sociedade livre e bem informada é que essa equipe abraça a internet como nova plataforma. Desejo sucesso neste novo caminho a ser trilhado com os mesmos compromissos de ética, liberdade e profissionalismo", acrescentou o governador.

Wellington Rocha

Robinson Faria confirmou, em primeira mão ao Jornal de Hoje, que seria candidato em 2014 ao Governo do Rio Grande do Norte

Fiscais da Lei ressaltam profissionalismo e agilidade Projetos, ações, medidas, bastidores. O Jornal de Hoje noticiou tudo isso da política potiguar, mas não apenas isso. A cobertura de escândalos e a denúncia de crimes praticados por políticos e gestores também foram marcas deste vespertino durante esses 18 anos. Nas páginas d'O Jornal de Hoje, não houve escândalo abafado, fato que acabou por fazer deste noticiário um dos mais repercutidos do Estado. Claro, porém, que para noticiar esses escândalos e denúncias O Jornal de Hoje sempre contou com o apoio dos chamados fiscais da lei. Promotores, procuradores, legisladores, conselheiros, juízes, advogados ou meros cidadãos transtornados com desmandos políticos de gestores públicos. Todos esses tiveram espaço e voz n'O Jornal de Hoje para fazer suas denúncias, respeitando-se, evidentemente, a livre defesa e o contraditório (quando os acusados quiseram se manifestar, frisa-se). "O Jornal de Hoje cumpriu nesses 18 anos a importante missão de informar. Sempre em defesa da cidadania e dos interesses coletivos,

Wellington Rocha

Wellington Rocha

Procuradores-gerais, Rinaldo Reis e Luciano Ramos foram os responsáveis por diversas ações noticiadas pel’O Jornal de Hoje com objetivo de resguardar a lei dos serviços essenciais à população, mas também notadamente impulsionando e apoiando os setores produtivos do nosso Estado. Que a mudança para o formato exclusivamente digital, ainda que inevitável, seja plena de êxito, para que seja resguardado esse espaço cidadão, de jornalismo respeitoso, profissional

e confiável", afirmou o procuradorgeral de justiça, Rinaldo Reis. Responsável por gerir o Ministério Público do RN nestes últimos dois anos, Rinaldo Reis manteve a linha de atuação do órgão fiscal da lei, denunciando aqueles que cometeram irregularidades. Foram denúncias e ações civis públicas con-

tra governadores, secretários, deputados federais, prefeitos, que provocaram a condenação de alguns à cadeia (como no caso de Fernando Freire) ou geraram punições que os tornaram inelegíveis para as próximas eleições (como os vereadores da Operação Impacto). Igualmente solícito, sobretudo,

por entender o importante papel da imprensa na divulgação de ações, o procurador-geral de Contas, Luciano Ramos, ressaltou o perfil ágil que O Jornal de Hoje teve nos últimos anos. Fatos e decisões que ocorriam pela manhã ou, até, no início da tarde, eram publicados no mesmo dia, neste vespertino.

"Mais um ciclo se completa na vida jornalística do Rio Grande do Norte. Desta vez, com o Jornal de Hoje. Desde seu lema, o legítimo vespertino buscou chegar à frente dos demais. Farão falta as notícias escritas em paralelo aos acontecimentos. Esperamos que esse vácuo suja preenchido por sua edição online, já ingressada nestes novos tempos. E que venham novos ciclos", afirmou Luciano Ramos, que utilizou esse perfil imediatista como poucos. Afinal, foram vários os pedidos de auditoria, as recomendações e pareceres que o Ministério Público de Contas divulgou de manhã, na sessão do pleno do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e, nos mesmo dia, a informação já estava na casa dos leitores. Como exemplo, pode-se citar o pedido de auditoria na folha salarial dos servidores durante a gestão Rosalba Ciarlini, que apontou uma série de inconsistências entre os pagadores; ou o questionável aluguel assinado pelo Tribunal de Justiça do RN, que pagará ao final de cinco anos R$ 17 milhões por um prédio que só vale R$ 15 milhões. (CM)

Políticos do RN lamentam encerramento do vespertino Os deputados estaduais, José Adécio (DEM) e Kelps Lima (SDD) e o prefeito de Passa e Fica, Pepeu Lisboa (PMDB), também opinaram sobre o encerramento das atividades (jornal impresso) d'O Jornal de Hoje.

De acordo com Rogério Marinho o mais caracterizou o vespertino durante todo o tempo de circulação foi à combatividade e a prestação de serviço ao povo do Rio Grande do Norte.

Kelps Lima, deputado do SDD, afirmou: "O Jornal de HOje caracterizou-se pela forma independente como se portou durante todo o tempo. A sua saída de circulação na versão impressa é uma perda para a democ-

racia, principalmente para quem gosta de notícia de qualidade. Fará uma grande falta à opinião pública". José Adécio, deputado do DEM, disse ser uma grande perda pela qualidade, competência da equipe e liber-

dade como o jornal se pronunciava. "Respeitando os demais, entendo que nos últimos anos foi o mais sério e competente veículo de comunicação do Estado". Pepeu Lisboa, prefeito de Passa

e Fica, disse que O Jornal de Hoje "marcou uma página positiva na história da imprensa do Rio Grande do Norte". Segundo ele, quem perde com sua saída de circulação é a sociedade potiguar. (JP)

> OPINIÕES DOS REPÓRTERES

Um profundo agradecimento ao jornalista Marcos Aurélio de Sá ALEX VIANA

Eterno agradecimento. Este é o sentimento que carrego a partir de hoje em relação ao Jornal de Hoje, casa que me adotou como repórter de Política desde o JH Primeira Edição, do seu lançamento, em 2005, ao fim, em 2009, e, depois, como integrante da Editoria de Política de O Jornal de Hoje, como repórter, até este 30 de abril de 2015, em sua última edição impressa. Viver a experiência de ser repórter n'O Jornal de Hoje foi algo

basilar na minha formação como jornalista profissional. Nunca esquecerei as lições do Diretor-Editor do Jornal, o jornalista Marcos Aurélio de Sá: é fato relevante, tem comprovação, documento, declaração, isto é, tem como provar, devese publicar. Afinal, a sociedade deve ser informada sobre tudo o que é relevante. Não foram poucas as pressões recebidas, sobretudo de grupos políticos, no exercício da cobertura independente. Mas a missão do jornalista, e do jornal, é, justamente,

esta: informar o cidadão. E esta foi cumprida pelo JH, sob a proteção do dono do jornal, que garantiu que a informação, a denúncia, a polêmica, e até o escândalo chegassem ao domínio público. Fazer parte desta equipe, capitaneada ainda por Sylvia Sá e Marcelo Sá, durante os últimos dez anos da minha vida profissional, também ajudou a me inserir no contexto social, político e econômico do Rio Grande do Norte. Consequentemente, a me formar como o jornalista que hoje sou. E por isso tenho

uma profunda gratidão ao jornalista Marcos Aurélio de Sá. Agora, os novos tempos, a era das novas tecnologias, nos levam a outras oportunidades. E assim a vida segue, com suas constantes transformações. Vida longa ao Jornal de Hoje, enquanto um jornal independente, plural e que fez história no jornalismo do Rio Grande do Norte. E vida longa ao legado de ensino do fazer jornalismo do professor Marcos Aurélio de Sá, a quem dedico inteiramente minhas palavras derradeiras neste último impresso.

José Aldenir

Equipe de política d’O Jornal de Hoje: Alex Viana, Ciro Marques e Túlio Lemos

Horizonte é positivo. O Jornalismo potiguar jamais será o mesmo CIRO MARQUES

Quem me conhece, sabe que não sou de enaltecer meu trabalho. Raramente divulgo as matérias que escrevo. Quase nunca falo dos "furos" publicados nos quase quatro anos escrevendo diariamente neste vespertino. Tampouco, "brigo" pela "assinatura" de uma reportagem, não importa quanto trabalhosa ela tenha sido. Sou assim, em parte, por acreditar que o trabalho jornalístico, por mais individualista que o nome no início da notícia possa parecer, é uma ação desencadeada em equipe, que passa pela mão de vários profissionais antes de chegar às mãos do leitor. E nunca dividi esse trabalho com uma equipe tão talentosa e unida quanto a d'O Jornal de Hoje. Durante todo esse meu período n'O Jornal de Hoje, compartilhei a

responsabilidade pela produção com grandes profissionais. Grandes amigos. Desde o início da linha produtiva que, muitas vezes, começou com Túlio Lemos e sua, aparentemente, infinita rede de contatos produtores de denúncias; passando pelos vários colegas-fontes que sempre nos ajudaram a explicar informações e dar declarações, tanto no ramo político, quanto no meio judiciário; indo até aqueles que ajudaram na confecção do jornal que chega a casa dos leitores. Aí, cito os diagramadores Fabio Ewerton, Roberto Canuto, Iris Araújo, o editor de fotografia Flávio Ricardo e nossos fotógrafos Wellington Rocha, Heracles Dantas e José Aldenir - além daqueles que, de fora do JH, nos ajudaram a ilustrar nossas páginas, como Marlio Forte, Elpídio Jr, entre outros. Contudo, neste momento de despedidas, confesso que o trabalho em

equipe não é o único fator que me faz não ter um sentimento individualista. Assumo, aqui, que tenho plena ciência que não tenho leitores. O Jornal de Hoje os tem. Fui apenas uma peça, não tão fundamental assim, nesse veículo que muitos anos antes de me tornar jornalista, já informava milhares de pessoas. Inclusive, acredito que "usei" muito mais O Jornal de Hoje, do que ele me "usou". Afinal, usei a sua visibilidade, a sua marca forte, a sua distribuição, a sua confiabilidade, para noticiar fatos que sempre julguei importantes. Notícias que, os atingidos, muitas vezes, tentaram desmentir ou, pior, abafar, mas que o tempo acabou por fazer justiça. Ou, mais precisamente, levar à Justiça. Como não lembrar, nesses quatro anos, de matérias que noticiamos em primeira mão, como o

escândalo do Hospital da Mulher, em Mossoró, que acabou por transformar a ex-governadora Rosalba Ciarlini em parte de uma ação por improbidade; como a farra na contratação de bandas em Macau e Guamaré, cidades que sofriam com a seca, mas faziam gastos milionários com cachês artísticos; como as várias irregularidades praticadas pela ex-prefeita de Mossoró, Cláudia Regina, que acabou resultando em mais de uma dezena de condenações dela na Justiça Eleitoral. Muitas lembranças que comprovam o quanto é importante o trabalho de um veículo independente como O Jornal de Hoje. Pena que isso, a independência, pareça ser artigo ainda raro no mundo jornalístico atual. Tanto que, a cada matéria polêmica que publicamos nesse tempo, ouvimos quase

sempre um "quem pagou por isso?" ou "quem mandou escrever?", geralmente por aqueles mesmos denunciados, processados ou condenados, mostrando que a cultura da manipulação da imprensa, sobretudo, da imprensa local, parece ainda estar bem enraizada. Contra esse tipo de "crítica-porinteresse", porém, posso dizer que O Jornal de Hoje sempre teve um remédio eficiente: a confiança. Confiança do editor nos repórteres, da direção do jornal nos seus profissionais. Aqui, não teve esse negócio de "a culpa foi do repórter" ou "o título já não é responsabilidade do editor". Sempre contamos, falo como repórter, de uma redoma de vidro que impediu que o nosso trabalho sofresse interferência de interesses externos. De interesses, principalmente, políticos. Nesse contexto, inclusive, devo

agradecer aos colegas de Política que, há três anos, me "adotaram" como igual e tiveram a paciência de me ensinar tudo o que sei hoje sobre o assunto. Afinal, assumo que quando comecei a trabalhar nessa área, mal sabia quem eram os nossos vereadores ou a composição da Assembleia Legislativa. Nesse aspecto, Tulio, Alex Viana e Joaquim Pinheiro me ajudaram muito, pela experiência, pelo conhecimento, pela paciência. Ressalto, neste encerramento, que o horizonte que se vislumbra, graças a contribuição deles, é bem positivo. Os leitores do JH continuarão acompanhando o jornal pela internet. Buscarão o contraditório, a notícia completa. O noticiário local, mesmo sem O Jornal de Hoje nas bancas, jamais será como era antes deste vespertino começar.


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Cidade

Quinta-feira

Familiares reclamam de precário atendimento a pacientes mentais DENÚNCIAM RELATAM SUPERLOTAÇÃO EM UNIDADE E ACOLHIMENTO INADEQUADO José Aldenir

ALESSANDRA BERNARDO ALESSABSL@GMAIL.COM

As condições enfrentadas atualmente pela Saúde Mental no Rio Grande do Norte têm provocado uma série de problemas para os familiares dos usuários que necessitam de atenção e cuidados psiquiátricos. Relatos de falta de vagas, de superlotação de enfermarias e precariedade da urgência e emergência do Hospital João Machado são constantes e aumentam a preocupação da aposentada Lindalva Sotero, que têm dois filhos com transtornos mentais. "Meus filhos sofrem de esquizofrenia e praticamente não têm mais nenhum momento lúcido, possuem comportamento agressivo e eu não tenho a mínima condição de morar com eles ou mesmo deles morarem sozinhos, por causa do transtorno. A única alternativa é mantê-los internado. Graças a Deus, hoje eles estão no Hospital Severino Lopes, onde são bem tratados, apesar das dificuldades que o hospital enfrenta há algum tempo", desabafou ela. A situação é a mesma para a aposentada Severina Alves, tem um filho esquizofrênico desde a infância e que vive em constantes internações. “Já cheguei a passar 12 dias numa fila para conseguir uma vaga e vivi muita humilhação e sofrimento dentro de hospitais. A última vez que ele ficou internado no João Machado, passou quase duas semanas, mas teve que sair e foi encaminhado para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps), que não é ade-

Lindalva e Severina já passaram dificuldades na busca de atendimento para os filhos quado para esse tipo de atendimento", afirmou. Segundo um dos coordenadores do Sindicato dos Servidores da Saúde do Rio Grande do Norte (Sindsaúde/RN), Paulo Martins, numa rápida visita às dependências do Hospital João Machado, no Tirol, ele constatou enfermarias lotadas, com usuários internados em leitos improvisados no chão e os pacientes no setor de urgência e emergência todos instalados em grande cômodo com apenas um banheiro, sem privacidade. "Não é um acolhimento adequado para um paciente com transtorno mental. Os espaços do pronto-socorro deveriam receber no máximo dez pessoas, mas há relatos de mais de 30 pacientes juntos, o que gera uma situação de perigo para eles próprios, familiares, amigos e os servidores do hospital, principalmente em um caso de surto emocional. E a falta de vagas faz com que muitos sejam encamin-

hados para o Caps em pleno surto, para um atendimento paliativo apenas", explicou. Para o presidente da Associação dos Amigos e Familiares dos Doentes Mentais do Estado, Ailton Torres, eles só pedem um tratamento e internação dignos. "São seres humanos também, como eu e você, que precisam de condições de qualidade para poderem evoluir e terem mais qualidade de vida", falou. SEVERINO LOPES LUTA PARA AUMENTAR VALOR DA DIÁRIA Apesar do aumento da demanda por tratamentos psiquiátricos, o Rio Grande do Norte enfrenta hoje uma diminuição dos serviços ambulatoriais e hospitalares, causados principalmente pelo não cumprimento da Lei 10.216/2001, que versa sobre a garantia de tratamentos para os portadores de transtornos mentais e a quantidade de serviços ofereci-

dos à população. No final de 2014, o setor sofreu novo baque com a suspensão dos atendimentos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) pelo Hospital Psiquiátrico Severino Lopes, fundado há 58 anos no bairro do Tirol. Desde outubro passado, a direção luta para conseguir complementar o valor das diárias, dos atuais R$ 43,73 para, no mínimo, R$ 120. Conforme estudos realizados pela unidade, o atual custo de uma diária no Hospital é de R$ 261,00. No entanto, a última contraproposta apresentada pela Prefeitura de Natal foi para R$ 61,22, ou seja, um complemento de apenas 40%. Segundo o diretor administrativo do Severino Lopes, Cláudio Lopes, é insuficiente para a sobrevivência do hospital e que, em função da crise financeira, foi necessário fazer empréstimos junto a Caixa Econômica Federal, cujo débito é descontado justamente no repasse feito pelo SUS. "O valor continua muito aquém da nossa realidade e isso está prejudicando a quantidade e a qualidade dos serviços prestados à população, que estão completamente defasados e insuficientes para atender a todos que desenvolvem algum sintoma psicótico ou transtorno mental. Lutando para que as pessoas tenham direito a um tratamento digno e adequado, com acesso aos serviços essenciais para a melhoria de vida do usuário. Oferecemos seis refeições, medicamentos e o tratamento com médicos, terapeutas, enfermeiros, psicólogos, e demais profissionais", explicou.

> MOBILIZAÇÃO

Carroceiros protestam contra medida do MP que impede o tipo de transporte em Natal A cena era, no mínimo, curiosa. Cinquenta carroças seguiram pelas ruas de Natal, na manhã de hoje (30) do bairro Dix-sept Rosado até a sede da Promotoria de Meio Ambiente do Ministério Público do Estado, na avenida Floriano Peixoto, Centro da cidade. Os carroceiros protestavam contra uma medida da promotora Rossana Sudário que visa impedir este tipo de transporte na cidade. De acordo com eles, o prazo de cinco anos dado para o fim da atividade já está perto do fim, mas nenhuma alternativa foi dada aos vários trabalhadores que sustentam suas famílias com esse serviço. Os manifestantes chegaram ao destino por volta das 9h30, porém não encontraram a promotora, que está de férias. Após alguns minutos de espera, uma comissão foi atendida por um promotor substituto. "Agente entende o lado da cidade e que tem muitos profissionais que maltratam os animais. Mas tem muita gente de bem aqui, que precisa sustentar a família, muitos não sabem nem ler.

José Aldenir

Cerca de 50 carroceiros participaram do manifesto pacífico pelas ruas da cidade O que a gente quer é que pelo menos dêem uma alternativa para essas pessoas, que elas recebam cursos profissionalizantes, alguma coisa", argumentou o presidente do conselho comunitário de Dix-sept Rosado, João Maria Silvino de Assis. De acordo com ele, há pelo menos 2500 carroceiros. O bairro representado por ele tem uma comunidade formada apenas por pessoas que vivem

das carroças. Até o fechamento da reportagem, nem a comissão, nem o MP divulgaram o resultado da discussão. A avenida ficou com o trânsito interrompido. A Polícia Militar e a guarda municipal se deslocaram ao local, mas o protesto foi pacífico. A STTU foi acionada para ajudar no desvio do trânsito. Marluze Ferreira, 58 anos, tra-

balha há três décadas com coleta seletiva. Guiando a carroça puxada por um jumento três vezes por semana, ela recolhe material reciclável de um hotel da cidade e consegue apurar uma média de R$ 400 numa venda. Com esse trabalho, ela ajudou o marido a sustentar os cinco filhos. "Ele é hipertenso e não pode mais trabalhar com isso", explicou. Ela afirma que não sabe o que fazer se for proibida de manter atividade. Valter Freire Guedes, 52 anos, só estudou até a quinta série do Ensino Fundamental. "Se eu não trabalhar, não vou ter o que comer, nem muita gente aqui. As pessoas têm preconceito, porque tem muito carroceiro que não presta, que rouba. Tem gente que rouba carroça para pegar material de roubo. Mas não são todos. A maioria é gente de bem, que cuida bem dos bichos. Eu nem uso chicote nem nada", argumenta. "Se querem tirar nosso trabalho, tem que nos dar curso, alguma coisa. Eu faço isso há 30 anos", comentou.

PROTESTO DOS TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL Sobre motocicletas ou a pé, centenas de trabalhadores da construção civil do Rio Grande do Norte fizeram uma manifestação na manhã desta quintafeira (30) em Natal. A concentração dos manifestantes, na véspera do Dia do Trabalhador, ocorreu na Praça Gentil Ferreira, e seguiu pelas ruas do bairro Alecrim. Os trabalhadores protestavam contra as demissões no setor, pediam aumento salarial e melhoria nas condições de trabalho e qualidade das refeições servidas no trabalho.

José Aldenir


Economia

Quinta-feira

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O Jornal de HOJE 7

Heracles Dantas

HOJE na Economia MARCOS AURÉLIO DE SÁ

marcossa@jornaldehoje.com.br

Marcos Aurélio de Sá, o pioneiro de sempre NEY LOPES JORNALISTA, ADVOGADO, PROFESSOR DE DIREITO CONSTITUCIONAL, EX-DEPUTADO FEDERAL - www.blogdoneylopes.com.br Conheço Marcos Aurélio de Sá, diretor-presidente do JH, desde a juventude. Trabalhamos juntos na redação do jornal católico A ORDEM. Naquela época, chegava a Natal o jornalista português Manoel Chaparro, que formou uma equipe da qual participávamos. O jornalismo praticado à época era vibrante, com o fato fielmente relatado para o leitor, acompanhado de análise e, as vezes, até críticas. Mesmo sendo um semanário, as edições de A ORDEM se esgotavam cedo nas bancas. Foi lá que ganhei o Prêmio Esso regional, com a série de reportagem intitulada "A cidade de Natal por dentro". Marcos Aurélio veio dessa escola. Sentiu a vibração da busca da notícia. Do repórter que superava a si próprio para bem informar e buscar o "furo". Quantas noites ficamos na oficina que editava A ORDEM, ajudando o gráfico Mariano manejar o chumbo em chamas para alterar textos identificados na revisão. Uma verdadeira escola de vida. Foi com esse ânimo de pioneiro que Marcos Aurélio partiu para associar-se na edição da revista "RN Econômico" e depois o jornal "Dois Pontos". Agora, editava o único vespertino da cidade: O Jornal de Hoje. Confesso que me causou profundo desalento ter conhecimento de que O Jornal de Hoje (JH) deixará de circular na sua edição impressa, um órgão de imprensa de largo conceito na imprensa norte-rio-grandense. Mesmo com lamentação, não se pode deixar de exaltar a decisão corajosa do jornalista Marcos Aurélio de Sá. Ele percebeu, em tempo, o desaparecimento progressivo dos jornais impressos no mundo. Já existem muitos exemplos de jornais fechados, em vários países. João Roberto Marinho, um dos diretores do jornal "O Globo", declarou em entrevista recente ao "Valor Econômico": "No futuro, todos os jornais serão digitais". Na mesma entrevista, com o apoio dos seus irmãos Roberto Irineu e José Roberto, o jornalista João Roberto

anunciou que "o Globo está se preparando para tornarse um jornal digital". A declaração é uma prova da ética e competência do jornalista Marcos Aurélio de Sá, que confessou a esse editor: "prefiro sair de cabeça erguida, sem dever a ninguém, pagando todos os direitos dos funcionários e preservando o meu conceito." Decisão empresarialmente correta. O JH continuará informando, através da sua edição digital, utilizando as melhores técnicas, que permitam acesso do leitor-internauta, ao computador, celular, tablet, laptop, iphone, smartphone. Esses meios sugeridos pela modernidade permitem a colocação, não apenas da informação, mas de imagens, filmes e som. A tecnologia, também nesse campo da informação, não tem limites. O jornalismo impresso, que já foi símbolo de poder, está sendo verdadeiramente reinventado. Caiu vertiginosamente a influência dos meios de comunicação tradicionais na vida e nas decisões dos cidadãos. Hoje, qualquer pessoa, em qualquer lugar do mundo, produz notícias e as divulga em segundos, por meio das redes sociais. Os jornais impressos, se trabalharem visando a notícia, nascerão mortos todos os dias. Divulgarão notícias velhas, já do conhecimento do público leitor. Tudo isso não quer dizer que o jornalismo morreu. Em absoluto. Quem morre é o jornalismo tradicional. O jornalismo está em processo de reinvenção. O jornalista, por exemplo, não produz mais a notícia. Ele, no formato eletrônico, analisa o fato e acrescenta novas informações no binômio: informar com opinião. O mérito inegável de Marcos Aurélio de Sá é antecipar-se a essa realidade e ter a iniciativa de tomar uma decisão que pessoalmente não desejava, pelo seu passado honrado de pioneirismo na imprensa escrita. Por todas as razões, o autor deste artigo registra a visão de futuro e competência empresarial de Marcos Aurélio de Sá - o pioneiro de sempre -, desejando-lhe sucesso em mais um desafio na sua vida de empreendedorismo, que será a edição digital do JH.

Exéquias de um grande jornal ADALBERTO TARGINO MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE IMPRENSA (ABI), ADVOGADO E PROFESSOR. Um jornal, quando democrático, plural e independente como "O jornal de Hoje", representa um facho de luz da sociedade, um pilar do Estado Democrático de Direito e atalaia indormida contra as trevas da ignorância política/social. O Jornal de Hoje tem como característica fundamental o não alinhamento exclusivista a uma posição cega de pensamento. Dar espaço a articulistas de todas as ideologias, pensamentos políticopartidários, crenças e não crenças, e a eruditos e populares, enfim publica os fatos nas suas multifacetadas versões e diversificadas convicções. Ademais, sintetiza e personifica o verdadeiro jornalismo, que não deve ser engessado, manietado, com "notícias" previsíveis e empacotadas, oriundas de operadores amestrados para um grupo de leitores de idéias unívocas. Este jornal que me proporcionou guarida nos últimos 10 anos - ou mais como um de seus articulistas sem peias, cabrestos ou censura de qualquer nível ou natureza, ficará marcado, indelevelmente, como uma das poucas trincheiras da imprensa nacional, notadamente por ser composto por profissionais cultos, éticos e vocacionados para o labor jornalístico. Uma escola com princípios, estilo, atitudes, régua e com-

Parabens pela "marcante e brilhante atuação" do JH no cotidiano do Estado n Dos dirigentes do Colégio Contemporâneo, Antonio Teófilo de Andrade Filho e Irany Xavier de Andrade, o diretor-editor d'O Jornal de Hoje recebeu esta manhã a seguinte mensagem: n "A direção do Colégio Contem-

passo próprios e marcantes na história da imprensa potiguar. Registro, por ser a pura verdade, que tal modelo vanguardista de escrever pensando e fazer pensar se deve a figura desassombrada e criativa do professor de ética, advogado, jornalista e empresário Marcos Aurélio de Sá, criador e timoneiro deste periódico, com a co-participação de uma plêiade de auxiliares sua afinidade e confiança, alguns deles velhos parceiros, com inafastável prumo e liberdade de pensar e produzir palavras que comunicam e revolucionam a informação. Afinal, será que vamos nos conformar com mais um féretro de um jornal, e, desta vez, de um jornal porta voz do povo? Cadê a sociedade civil organizada, os pontos de defesa do pensamento cultural, a OAB e as entidade religiosas e de classe, os partidos políticos, as federações da indústria e comércio e da agricultura? Enfim, por onde andam as forças vivas dirigentes do Estado, como Governo do Estado, Assembléia Legislativa, Prefeituras? Por que não protestam contra tão fatídico acontecimento? Por que não formam um mutirão de apoio à manutenção "desse guardião" democrático de todos os potiguares, particularmente dos sem voz e sem vez? Não me conformo com o fechamento de nenhum jornal, especialmente deste, que estará ontem, hoje, agora e sempre em nossos espíritos saudosos como símbolo de liberdade e democracia.

porâneo, por seus diretores, professores e funcionários, vem neste momento de desativação da edição impressa deste veículo de comunicação, parabenizar pela marcante e brilhante atuação d'O Jornal de Hoje na vida e no cotidiano do Estado do Rio Grande do Norte. Desejamos sucesso maior no formato virtual já iniciado. Um forte abraço dos amigos." Coluna "Hoje na Economia" será substituída na internet por debates sobre economia n A partir de maio, com o desaparecimento da edição impressa d'O Jornal de Hoje e sua substituição pelo jornalismo "on line", serão promovidas mudanças no formato da coluna "Hoje na Economia", de modo a adaptá-la a um modelo mais dinâmico e interativo.

n Continuaremos divulgando notícias da área econômica, mas com a preocupação de interpretá-las, analisá-las e leválas ao debate com o leitor, que ainda terá a oportunidade de fazer comentários e até acrescentar fatos novos que enriqueçam a informação. n E como a economia no Rio Grande do Norte tem um profundo envolvimento com a política, devido à força que o Poder Público possui como maior empregador, maior contratante de obras e maior comprador e mercadorias e serviços, bem como por serem os governantes os reais formuladores de estratégias de desenvolvimento que infelizmente nunca dão certo, esta coluna dará especial atenção ao nosso dia a dia político-administrativo.

Feriado terá bancos, lojas e supermercados fechados SHOPPINGS FUNCIONARÃO APENAS EM HORÁRIOS ESPECIAIS ALESSANDRA BERNARDO ALESSABSL@GMAIL.COM

Durante o feriado em homenagem ao trabalhador, comemorado nesta sexta-feira (01), todos os estabelecimentos comerciais de rua, lojas de shoppings centers e supermercados estarão de portas fechadas, abrindo normalmente no dia seguinte. As agências bancárias e trens urbanos que circulam entre os municípios de Ceará-Mirim e Parnamirim, na Região Metropolitana de Natal, não terão expediente aberto ao público, retomando os serviços normalmente na próxima segunda-feira (04). De acordo com informações da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Natal, os estabelecimentos comerciais dos bairros do Alecrim, Cidade Alta e na Zona Norte da cidade não abrirão amanhã, res-

peitando o dia de descanso de seus funcionários. Nem mesmo os magazines do Centro, que geralmente funcionam em horário diferenciado nos feriados, estarão abertos. Nos seis shoppings centers instalados na Capital, apenas as praças de alimentação funcionarão seguindo horário especial, abrindo a partir das 11h e encerrando as atividades às 22h o Midway Mall, Natal Shopping, Partage Norte Shopping. Já o Via Direta, Praia Shopping e o Cidade Jardim não informaram a hora que irão fechar. A superintendência regional da Companhia Brasileira de Trens Urbanos no Rio Grande do Norte comunicou que todas as operações de viagens na Região Metropolitana de Natal estarão suspensas nesta terça-feira, feriado de Tiradentes. Na quarta-feira, elas serão retoma-

das normalmente, com o primeiro veículo partindo de Ceará-Mirim em direção à Capital às 5h20 e, de Parnamirim-Natal, às 5h40. Conforme informações do Sindicato das Empresas de Transporte Urbanos de Natal (Seturn), por causa do feriado, os ônibus de linha da cidade circularão com apenas 50% da frota normal, composta por mais de 700 veículos. Entretanto, o valor das passagens também será reduzido pela metade, passando de R$ 2,35 para R$ 1,15 durante toda esta terça-feira de Tiradentes. Já órgãos das administrações direta e indireta das prefeituras, Estado e do governo federal no Rio Grande do Norte permanecerão fechadas, reabrindo normalmente ao público a partir da manhã da próxima quarta-feira (22), dia em que é comemorado o Descobrimento do Brasil.


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Cidade

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Fotos: José Aldenir

IGOR JÁCOME REPÓRTER

Esta folha de papel que você segura, caro leitor, é a última edição impressa do JORNAL DE HOJE, 18 anos depois do vespertino circular pela primeira vez nas ruas de Natal. E a este repórter - o mais novo da redação - foi dada a incumbência de contar um pouco dessa história. Não se trata, porém, de um fim, ou de uma despedida. Um novo começo já é realidade através do portal jornalístico lançado na internet há um ano e meio. Desde o segundo mês de existência, o site d’O Jornal de Hoje é o segundo mais lido no Rio Grande do Norte e vai receber mais investimentos para trazer um produto diferenciado para o mercado local nos próximos meses. "O jornalismo online é uma realidade que a gente já está vivendo. Essa mudança era mais do que esperada e não adianta ficar adiando. Toda mudança assusta, é difícil, mas chega uma hora em que é necessária", comenta a diretora de redação Sylvia Sá. "A gente não esta encarando como um fim, mas como um novo começo da edição digital. Quando conclui minha faculdade em 2001, a gente já falava nisso. Naquela época, 14 anos atrás, praticamente não tinha sinal de internet, mas a realidade já é totalmente diferente hoje. O jornal impresso está perdendo leitores e não consegue ganhar um novo público, porque os jovens estão ligados no computador, no smartphone, no tablet. Fica difícil concorrer. Não estamos encarando como o fim de um projeto, mas o início de um novo projeto de sucesso. Já tem sido um grande sucesso", acrescentou. O segredo do sucesso, para o diretor administrativo Marcelo Sá é o pioneirismo buscado pela empresa. "O online não é o futuro, ele já é o presente. Então, da mesma forma que a gente antecipou, há 18 anos, o jornal vespertino, que não existia na cidade, entre os gigantes com 70, 60 anos e passamos a pautar esses jornais, agora vamos passar a fazer isso com o online", garante. Para tanto, o portal receberá investimentos e passará por algu-

À esquerda, equipe do JH produz última edição impressa do veículo. Ao lado, Igor Jácome e Joaquim Pinheiro, o mais novo e o mais antigo repórter d’O Jornal de Hoje

JH PUBLICA A ÚLTIMA EDIÇÃO IMPRESSA E INVESTE NO FUTURO mas mudanças. Uma equipe com cerca de 10 profissionais, inicialmente, será a responsável por trazer conteúdo jornalístico exclusivo para os leitores, com a característica de independência de qualquer grupo político e em defesa da livre iniciativa. O site atualmente conta com 1,5 milhão de leitores por mês, com picos de 120 mil acessos em alguns dias. Em dois meses, o leitor que quiser ter acesso ao conteúdo pagará uma assinatura com preço bastante acessível. "Já tivemos reuniões com a empresa que desenvolveu o site para realizar transformações. Teremos aplicativo para disponibilizar conteúdo em todos os dispositivos móveis, para o leitor ter acesso através do smartphone, tablet, qualquer lugar. Também haverá mudança de colunistas, novos vão

entrar. Vamos ter um número de whatsapp através do qual o leitor vai poder mandar uma denúncia, uma foto, um vídeo, fazer parte da notícia", coloca. Outra novidade deverá ser o estúdio onde serão gravadas entrevistas diárias com autoridades de vários setores do estado. O portal vai ter equipes para cobrir cada uma das regiões da cidade. O leitor poderá optar por receber no seu email, por exemplo, fatos que aconteceram na sua região de moradia. A vantagem também é do anunciante, que poderá fazer sua propaganda para um público mais direcionado. UMA HISTÓRIA O empreendimento jornalístico de Marcos Aurélio de Sá surgiu há 18 anos com uma proposta de antecipar durante o turno vespertino a notícia que os outros jornais só

dariam na manhã seguinte. A ideia foi tão bem aceita que em 2005 o jornal passou a circular em duas edições, o primeira edição (matutino) e o Jornal de Hoje, que continuava no turno vespertino. O formato foi mantido até 2009. Antes do JH, a empresa ainda manteve uma revista mensal com alta qualidade editorial. O repórter de política Joaquim Pinheiro está no jornal desde o primeiro dia. Com experiência na cobertura do setor em vários meios de comunicação da cidade, e de uma passagem pelo mundo do esporte na TV Universitária, o jornalista deixou um trabalho na iniciativa

privada quando foi convidado por Marcos Aurélio de Sá para trabalhar no diário vespertino. "Eu sou muito grato. Nunca tive a liberdade jornalística cerceada, o ambien-

te sempre foi de respeito mútuo. Agradeço também aos políticos que são nossas fontes e aos nossos leitores que são a razão de existir o jornal", colocou. O diagramador Roberto Canuto também está desde a primeira edição do JH, assim como vários outros colaboradores e lembra de muito momentos importantes. "Marcos foi meu professor na faculdade e me convidou para trabalhar com ele. Sou muito grato. Esse tempo foi como uma festa. Pena que ela acabou".

Marcelo Sá e Sylvia Sá: Início de um novo desafio com o objetivo de manter o mesmo sucesso da edição impressa

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Cultura

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O Jornal de HOJE 9

Ô B E L E Z A! Não se acaba relação quando ainda existe amor; Por isso, como um enamorado esperançoso, digo até breve aos leitores e presto homenagem às pessoas que mais me ajudaram neste jornal de folhas memoráveis e, hoje, impraticáveis

CONRADO CARLOS EDITOR DE CULTURA ccpsilva@hotmail.com

Nos últimos dois anos, a logística familiar tem me levado duas, três vezes por semana, às vezes mais, à casa de Dona Severina, avó de Carol, em Cidade Satélite. Comecinho de noite, superada a Prudente de trânsito ruim, eu vejo a senhora de 91 anos sentada na cadeira de ipê na sala ou na de plástico, na varanda. Nascida em Brejo do Cruz (PB), foi morar mocinha com uma irmã em Jucurutu, onde casou, teve treze mininos, até se mudar para Caicó, para a prole estudar melhor, antes de vir a Natal, nos sessenta. Basta sentar ao lado dela para histórias desse périplo sertanejo surgirem aos montes. A conversa é impulsionada por um ‘presente’ que eu levo nesses dias, feito com papel importado e a sapiência de uma gente que inventou de ganhar a vida com palavra. É O Jornal de Hoje que, ao ser visto por dona Severina, ganha um singelo: “Ô beleza!”. Os mais próximos dizem que ela bate os olhos nas fotografias, lê as manchetes e pronto, tá feita a varredura do mundo cão. Penso que isso pouco importa. Tem coisa que é melhor mesmo que ela não leia. Fico lá e cá com a decretação da morte do jornal impresso, que a internet é o único caminho, só da ela. A quantidade de gente que adora ler no papel, em vez de no monitor, é imensa – basta perguntar para qualquer um dos escrevinhadores deste JH sobre mensagens, desde o anúncio do fim da versão impressa. Não há dúvida quanto à importância e o futuro promissor de qualquer veículo sério no mundo virtual. Mas a turma das antigas está aí, órfã de ex-

periências tácteis, doida para ter algo manuseável, como sempre teve. Por isso, acredito que a época de transição, de experiências em que vivemos talvez seja um coma induzido dos jornais impressos, não a falência múltipla dos órgãos. Falavam o mesmo da indústria musical, e o que vemos é o vinil reativar uma cadeia produtiva, consumidores e toda

Pois é fato que o modelo diário requer uma operação gigantesca, custosa demais para se sustentar, em tempos de praticidade tecnológica – e crise econômica. E aí, amigo véi, não adianta vir sindicato, falar em sacanagem, em patrão dazelite. O negócio é preto no branco, pei bufo: com mês atrás do outro o prejuízo sangrando o bolso, qual-

uma cultura enterrada, como queriam. Quem sabe jornal impresso não vire retrô, exclusivo, segmentado,para públicos específicos? Existe, sim, um número considerável de potiguares que aceitariam pagar por informação. Temos que encontrar uma forma de satisfazer os dois lados.

quer empresário desliga as máquinas, seja em qual ramo for. Jornalista empreendedor ainda é teimoso, esperançoso, insiste mais um tempo até o limite da reserva técnica, diante da paixão nutrida pela própria cria. Outros, correm atrás de verba pública para manter o sonho – mais um tema em que os-

cilo de opinião; se for às claras, tudo bonitinho, declarado, como na França, em que o Estado assumiu parte dos custos dos principais jornais (Le Monde, Le Figaro, etc) no auge do terremoto causado pela internet, sou totalmente favorável. Eles entendem a necessidade de uma democracia, de um lugar próspero ter veículos de comunicação na vida cotidiana. Nesta última edição impressa d’O Jornal de Hoje, gostaria de abraçar seis pessoas da equipe. Primeiro, claro, o trio familiar, Sr. Marco Aurélio, Marcelo e Sylvia Sá, pelo espaço que me deram a partir de 2009, quando efetivamente comecei a rabiscar por aqui. Por vezes aguardei a reprimenda, desconfiado com alguma frase mais raivosa, por uma foto insinuante que publiquei. Mas isso nunca aconteceu. E nada é mais valoroso, nem o contracheque, do que a liberdade para criar. Parte daí minha admiração e respeito por vocês. Estendo agradecimentos também à Karen da recepção e Dona Carminha, do financeiro. Ambas farão muita falta, com sua simpatia, paciência e verdadeira colaboração para comigo. E, por fim, caso à parte na redação, nossa diagramadora Íris. Mais camarada impossível, foi tolerante ao extremo com meus atrasos de envio de material, com minhas ligações e e-mails sugerindo alterações em cima da hora. Como disse uma vez, é “Um anjo chamado Íris”. Quanto aos leitores, não merecem abraços, mas, sim, beijos. Muitos! E um até breve, pois não se acaba relação quando ainda existe amor. Só via acidente. P.S. Aguardo ansioso pelo “Ô beleza” de dona Severina desta noite.

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10 O Jornal de HOJE

Cidade

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Quinta-feira

Divulgação

CICLISTA MORRE ATROPELADO NA ROTA DO SOL VIA

É UMA DAS MAIS UTILIZADAS POR QUEM

DESEJA ANDAR DE BICICLETA NAS RUAS DE DIEGO HERVANI REPÓRTER

O que era para ser mais um dia normal na rotina de um amante de ciclismo, terminou em tragédia nesta quinta-feira (30), na Rota do Sol, rodovia que liga a zona Sul de Natal às praias região. Carlos Augusto de Souza, de 51 anos, estava trafegando pela região quando foi atingido por um carro

fora de controle. O acidente aconteceu no início da manhã, nas proximidades do Estádio Frasqueirão, no sentido Ponta Negra/Litoral Sul. O condutor do veículo modelo Honda Fit de cor prata teria batido no meio fio, perdido o controle do carro e atingido um poste após acertar o ciclista, que morreu no local. O trânsito no local ficou lento até a chegada do

NATAL

Instituto Técnico-Científico de Polícia (Itep), que realizou a perícia e recolheu o corpo da vítima. O condutor do carro só teve ferimentos leves e foi levado até a delegacia de Plantão da Zona Sul para prestar esclarecimentos. De acordo com informações da PM, ele não apresentava sinais de embriaguez. Historicamente a Rota do Sol é conhecida por um dos principais

locais em Natal onde grupos de ciclistas se encontram para praticar o esporte. Entretanto, os perigos que eles correm na região são muitos, não apenas por questão de acidentes e mortes. Em 2014, uma série de assaltos aconteceu por lá, quase todos tendo ciclistas como vítimas. Em um dos casos, de acordo com o relato da esposa de uma das vítimas, por volta

das 21h30, o marido dela, juntamente com o cunhado, estava pedalando próximo à Barreira do Inferno quando foram surpreendidos por assaltantes. Em uma página de uma rede social, a mulher relatou os momentos de terror que o marido passou. "Venho aqui deixar essa mensagem em um momento de grande tristeza. Sou do grupo do pedal e

meu esposo também é um adepto dessa arte. Somos de João Pessoa na Paraíba-PB, mas temos família aqui em Natal. Hoje dia 24/07/2014, por volta das 21:30, na Rota do Sol, próximo à Barreira do Inferno, meu esposo, junto com meu cunhado, foram assaltados e permaneceram com eles (os bandidos) dentro do mato por quase 1 hora sob uma grande tortura".

Quadrilha explode agência bancária no RN Mais uma agência bancária foi alvo de criminosos no Rio Grande do Norte. Na madrugada desta sexta (30) o crime aconteceu na cidade de Poço Branco, distante 62 km de Natal. A quadrilha, que tinha cerca

de seis integrantes, chegou na cidade por volta das 3h da manhã em três veículos, sendo um deles uma pickup de cor preta. Segundo informações da Polícia Militar, a ação durou 15 minutos. Os bandidos utilizaram

dinamite para explodir um dos terminais eletrônicos da agência. Uma moradora do município, que preferiu não se identificar, afirmou que o barulho da explosão assustou a população. "Foi um baru-

lho muito grande. Teve um pessoal que viu, que ainda estava acordado na hora. Eles disseram que pensaram que fosse uma ação policial, mas na verdade era um roubo a banco".

> PERIGO NAS ESTRADAS

Polícia Rodoviária Federal inicia Operação para o Dia do Trabalho Como já vem acontecendo nos feriadões dos últimos meses, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) também preparou um esquema especial para o Dia do Trabalho (1). A operação começou à 0h desta quinta (30) e se estende até 0h da próxima segunda-feira (4). Os policiais rodoviários federais reforçarão o policiamento e a fiscalização nas principais rodovias federais do estado com o objetivo de reduzir o número de acidentes de trânsito, bem como aumentar a percepção de segurança de quem vai viajar no final de semana prolongado. Entre as rotas que trazem maior preocupação está a BR-304, entre Natal e Mossoró. Nela foram registrados alguns dos acidentes mais graves no Estado neste início de ano. No último dia 13, por volta das 6h30, próximo à ponta do Rio Angicos, um Gol e um caminhão bateram de frente. O motorista do carro chegou a ser socorrido pela equipe do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), mas não resistiu aos ferimentos. O caminhoneiro também se feriu, mas foi encaminhado para o hospital. No final de março, um acidente na mesma BR 304 vitimou o motorista Maxwel Barbosa de Araújo, a

José Aldenir

Policiais reforçarão a segurança em todas as estradas federais do Estado engenheira Maria Lívia Oliveira Araújo e o engenheiro Rodolfo Campos Cavalcanti, todos servidores da Secretaria do Estado de Infraestrutura. O carro do governo, um Gol branco de placa OKB9826, derrapou na pista por causa da chuva e invadiu a faixa contrária, batendo de frente com a caminhonete, uma S10, de placa HXG9702. Segundo Roberto Cabral, inspetor da PRF, o principal proble-

ma da BR-304 é que ela é pista única e o fluxo de veículos é muito grande. "Normalmente essa BR já é muito movimentada. Quando acontecem esses feriados prolongados, o fluxo de veículos aumenta bastante. Como muita gente acaba tendo pressa para chegar ao seu destino, os acidentes acabam acontecendo. Por isso a importância dos radares móveis". As outras BRs que receberam atenção especial são as seguintes: BR-101 norte e sul;

BR-226, que une Natal ao Seridó; e BR-406, entre Ceará-Mirim e Macau. De acordo com a PRF, a fiscalização tem como objetivo principal coibir os comportamentos de risco durante a viagem como ultrapassagens proibidas, excesso de velocidade, direção de veículo sob efeito de álcool e a falta de uso do cinto de segurança. A PRF também estará atenta a circulação dos veículos de duas rodas e alerta aos motociclistas para que, além das condutas citadas, sempre utilizem o capacete. Para aumentar a fluidez do trânsito nas rodovias de pista simples, o tráfego de caminhões bitrens, veículos com dimensões excedentes e caminhões cegonhas sofrerá restrição durante o feriadão. Nos dias e horários de maior movimento esses veículos não poderão transitar, independentemente de estarem carregados e ainda que possuam Autorização Especial de Trânsito (AET). O motorista que não atender a determinação será multado. A infração é média, gera multa de R$ 85,13 e quatro pontos na CNH. Além disso, o condutor será obrigado a permanecer com o veículo estacionado até o final do horário de restrição.

DICAS DE SEGURANÇA n Faça uma revisão atenta no veículo antes de viajar. Verifique principalmente pneus (inclusive o estepe), palhetas dos limpadores de parabrisa e itens de iluminação e sinalização; n Planeje a viagem: procure viajar em horários de menor fluxo e realize paradas em locais adequados para alimentação, abastecimento e descanso; n Mantenha a atenção na rodovia; n Respeite a sinalização e os limites de velocidade; n Ao dirigir sob chuva: Reduza a velocidade e redobre a atenção. No

período chuvoso aumenta o índice de acidentes e de mortes no trânsito; n Para se tornar mais visível para os demais condutores, mantenha sempre os faróis acesos; n Não ligue o pisca-alerta com o veículo em movimento. Isso pode confundir os outros motoristas e causar um acidente; n Se a chuva for muito forte, não insista! Procure um lugar seguro para estacionar e nunca pare no acostamento; n Aumente a distância do veículo à frente.

Movimento dos Navios APRONIANO CÉSAR

apronianocfs@hotmail.com

Agradeço à Deus, Dr. Marcos Aurélio, colaboradores e a todos que fizeram parte deste JH. Continuarei dando palestras junto ao Museu do Porto. Até breve! NATAL Navio Lagoa Paranaense Búfalo Recanto do Mar III

Bandeira Brasil Brasil Brasil

Alem Mar II Brasil CMA-CGM Homere Inglaterra CMA-CGM Aristote Inglaterra Marfret Marajó França Marfret Guyane França CMA-CGM Herodote Inglaterra CMA-CGM Platon Inglaterra CMA-CGM Homere Inglaterra

Chegada No Porto No Porto 03/05

Destino --F. de Noronha(PE)

Carga/Des. Rebocador Rebocador Geral

03/05 02/05 09/05 16/05 23/05 30/05 06/06 13/06

F. de Noronha(PE) Algeciras/ESP Algeciras/ESP Algeciras/ESP Algeciras/ESP Algeciras/ESP Algeciras/ESP Algeciras/ESP

Geral Contêineres Contêineres Contêineres Contêineres Contêineres Contêineres Contêineres

TERMINAL OCEÂNICO DE UBARANA - GUAMARÉ - RN Almi Star Elka Bene

Libéria Libéria

No Porto No Porto

Salvador (BA) Maceió(AL)

Óleo Cru Água

A PROGRAMAÇÃO É CHECADA DIARIAMENTE, PODENDO HAVER ANTECIPAÇÃO OU ATRASO DE ALGUM NAVIO

TÁBUA DE MARÉS Hora Altura (M) 14:32 2.1 20:26 0.5 01 02:51 2.1 08:41 0.5 Dia 30

FASES DA LUA Cheia (04/05 - 00:43h) Minguante (11/05 - 07:37h) Nova (18/05 - 01:14h) Crescente (25/05 - 14:20h)


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Natal, 30 de abril de 2015

O Jornal de HOJE 11

edadC i

Alex Medeiros alex.medeiros1959@uol.com.br

Parece que foi ontem. Agora recomeça o amanhã A primeira imagem que me vem à mente quando penso na história de O Jornal de Hoje, que neste 30 de abril encerra em definitivo sua edição impressa (desde sábado já havia deixado as bancas, se restringindo aos assinantes), é o dia do seu lançamento, anunciado por Marcos Aurélio de Sá. Conversava numa roda de jornalistas e empresários, na tradicional resenha pós-almoço, quando Roberto Guedes atende o celular - um robusto aparelho Motorola - e exibe uma careta, dizendo que vai até à sede do jornal conversar com Marcos, pois imagina sua angústia com um imprevisto técnico que estava atrasando a edição de estreia. Problema resolvido a tempo e o jornal chegou nas bancas não apenas como uma boa novidade para o mercado da comunicação, mas também como uma nova experiência de resgate da periodicidade vespertina, como existiu antigamente em todo o País. O Jornal de Hoje chegou com vigor jornalístico, a notícia e a opinião em escala plural, exprimindo o espírito liberal e empreendedor do seu dono, um professor de jornalismo que já havia dado a Natal e ao RN o pioneirismo de uma revista especializada em economia e um semanário rico no debate político e empresarial. Eu assinava há onze anos uma coluna semanal no Diário de Natal, alguns anos na edição dominical de O Poti, tendo uma passagem rápida em 1995 pela Tribuna do Norte. Após algumas intervenções administrativas e editoriais do condomínio dos Diários Associados, o velho DN vivia seus estertores quando o JH chegou. Nas muitas alterações realizadas pelos já falecidos Deliomar Soares e Alfredo Lobo, entre mortos e feridos escapou minha coluna, considerada pelos diretores locais de interesse na relação do jornal com o mercado publicitário. Chamava-se ainda "Portfolio", desde o lançamento em 1988 com o apoio de Jailton Guedes. Passaram-se dois anos do surgimento do JH quando o jornalista Saul Amorim me abordou dentro da quadra de futebol society do Aero Clube, onde eu organizava o torneio "Propagol", reunindo equipes formadas por publicitários, anunciantes e jornalistas. Saul era uma espécie de conselheiro do time do JH, comandado por Marcelo Sá, também o craque do elenco. Primeiro me indagou o que eu estava achando do novo jornal. Elogiei o projeto e fiz-lhe saber da admiração que tinha por Marcos Aurélio, das vezes em que fui papear com seus alunos na UFRN e do fato de ter publicado pela primeira vez um artigo nas páginas do saudoso Dois Pontos, um texto que recebeu elogios de Rejane Cardoso Serejo.

Saul empurrou a segunda pergunta ainda enquanto eu falava: "topa escrever sua coluna lá? Posso sugerir isso a Marcos?". Assenti lembrando a ele que um profissional há de ter sempre como sagrado o seu trabalho, independente do local em que exerce. Eu adorava escrever no Diário, mais ainda em O Poti, que foi o primeiro jornal que li na vida quando meu pai trazia o exemplar na cesta de pano que fazia compras na feira das Quintas, dobrado entre feixes de feijão verde e verduras. Mas, sabia que era tempo de mudar de ares, buscar vida nova. Não queria que a coluna morresse junto com o DN. Numa conversa rápida com Marcos, batemos o martelo e em poucos dias eu estava demitido do Diário e com data marcada para estrear no vespertino. Eu gostava daquele esquema gráfico meio vintage, tudo em preto e branco e numa diagramação sem os modernismos que já tomava conta do Diário e da Tribuna. A coluna "Porfolio" iniciava sua terceira viagem, na terceira casa, priorizando assuntos do mercado da comunicação. As primeiras boas vindas vieram numa nota de Walter Gomes, nosso decano e desbravador do jornalismo local, um pioneiro que botou a imprensa local nos trilhos da modernidade. WG comentou que eu dava elegância a fatos de um universo restrito, se referindo ao nicho das agências de publicidade.

segunda opção. O maior prazer de fazer diariamente uma coluna em jornal é o retorno que vem nos comentários de pessoas que nos abordam nos shoppings, nos restaurantes, nas ruas. Os elogios são o combustível que nos move todas as manhãs, como se a cada nascer de Sol um dia se repita do mesmo jeito. Fazer a coluna que há poucos anos ganhou meu próprio nome como título foi mais do que uma função do meu trabalho, foi sem dúvida uma emoção pessoal e uma profusão de fé numa atividade que orgulha todos os meus iguais. Desde a aurora do século XXI, com as modificações ocorrendo nos EUA e Europa, eu percebi que a mídia impressa em Natal não demoraria a ter sua experiência de pupa, como as lagartas virando borboletas. Fui dos primeiros jornalistas a investir em Internet, criando o site Sanatório da Imprensa quando aqui só existiam os sites Cabugi.Com, Interjato e o da UFRN, entre alguns poucos. E enquanto essa hora do estouro do casulo não chegava, me mantive centrado e dedicado ao colunismo impresso, evitando durante anos antecipar na Web o que produzia para o jornal. Cheguei a fazer algo que não conheço similar no País (quem souber me avise): produzir duas colunas diárias, totalmente diferentes no conteúdo, para O Jornal de Hoje e para a edição matutina do tabloide lançado por Marcos Aurélio. Mas, a hora chegou. Escrevo aqui a última coluna em celulose. E enquanto escrevo vou lembrando de colegas que passaram pelo JH, gente que se foi para sempre, Marco Antonio Garotinho, Evaldo Oliveira, amigos que migraram para outros veículos e outras mídias, funcionários da distribuição, da administração, da gráfica, a boa turma da diagramação. Cada um deles é um pedacinho da minha própria história no jornal. A memória viaja no tempo mais atrás ainda e vêm as imagens dos primeiros dias de colunista, há vinte e sete (27) anos. Um tempo inteiro para lembrar a partir de hoje, quando O Jornal de Hoje definitivamente desaparece das bancas e dos lares dos assinantes para continuar no casulo da Internet. Asas abertas no novo voo que iniciou. Despeço-me de todos registrando a enorme saudade que não tem rosto, a saudade de cada leitor cuja maioria não sei o nome e nunca vi o rosto, mas que comigo viveu a bela experiência da interação pela notícia, dividindo ou divergindo opiniões, companheiros na invisibilidade de uma relação distante e tão perto. Cumpri meu papel, fui instrumento da grande história iniciada por Marcos Aurélio de Sá, a quem renovo meu apreço e minha amizade. Foi bonita a missão, inesquecível a labuta diária. (Alex Medeiros)

Pouco mais de três meses depois da minha estreia semanal, Marcos chamou um diagramador e disse que a partir daquele instante minha coluna sairia três vezes por semana. A editoria já estava nas mãos de um velho conhecido dos tempos de Diário: Aluísio Lacerda. Escrever muito já era uma prática desde a puberdade, quando datilografava cartas para vizinhos enviarem a parentes distantes. Não demorou e recebi a incumbência de produzir uma coluna diária, passando a dedicar todas as manhãs inteirinhas para levar aos leitores do JH algumas notícias e, principalmente, minha opinião sobre algumas muitas coisas daqui e d'alhures. Era um desafio que eu imaginava não superar. Já havia visto um comentário de Carlos Drummond fugindo da ideia quando convidado pelo Jornal do Brasil. Eu estava entrando num seleto clube onde brilhavam os talentos incomuns de Vicente Serejo, Cassiano Arruda e Woden Madruga, leituras diárias que eu cultuava desde os anos de estudante e de militante iludido com revoluções ridículas. A experiência com redação publicitária e poesia foi um suporte que sempre utilizei para manter a coluna minimamente interessante aos leitores. O tempo voou, acho que não fiz feio; pelo menos penso que na soma de erros e acertos acumulei mais a

Danilo Sá jornalistadanilo@hotmail.com / danilo.sa@folha.com.br / Twitter: @DaniloSa

O prazer foi todo meu Entrei pela porta d'O Jornal de Hoje pela primeira vez em 2006, e lá se vão quase nove anos. Era um estudante assustado com os desafios que precisava encarar, atendendo a um convite feito nos corredores da UFRN, do professor Marcos Aurélio de Sá, de quem tenho orgulho de também ser sobrinho. A reunião de pauta do saudoso JH Primeira Edição, capitaneada pelo amigo-professor João Ricardo Correia, está na memória para sempre. Não apenas pela criatividade na hora de decidir o que entraria no jornal do dia seguinte, mas também pelo completo bomhumor com que as horas passavam. Ao cumprimentar o então editor geral do Primeira Edição, Edílson Braga, cometi minha primeira gafe. "Muito prazer seu Edílson", disse para a resposta quase pronta: "Pode chamar apenas de Braga, por favor". Foi meu primeiro contato com um dos maiores jornalistas que tive a oportunidade de conhecer e com ele aprender. O time que encontrei na redação é inesquecível: além dos dois editores acima, estavam também Fred Carvalho, Daniela Freire, Alex Viana e Carlos Barbosa, os três últimos responsáveis pela editoria de política mais polêmica da época. Veio a primeira manchete, a primeira grande denúncia, a primeira matéria de política. Daí para estrear na equipe d'O Jornal de Hoje foi um pulo. Coincidentemente ou não, no primeiro dia em que me juntei ao vespertino, caiu no meu colo a manchete do dia, escolhida diretamente pela sempre bem informada e competente editora Thaisa Galvão.

Caiu no meu colo devido ao assunto: um levantamento de quanto seria investido na economia do Estado com o pagamento, se não me engano, de parte do 13º salário da população. Não era um grande tema, mas, por pura sorte de repórter, não havia nada melhor naquele dia. Por obra do destino, precisei suprir a editoria de política. Foi a oportunidade para juntar o aprendizado acumulado durante meses com o trio de ferro do Primeira Edição (Barbosa, Viana e Dani Freire), ao conhecimento e experiência de Ivo Freire e Joaquim Pinheiro. Não havia melhor escola. A partir daí, o jornalismo político me pegou. Com o amigo Túlio Lemos percebi que é a polêmica o verdadeiro combustível da imprensa. Virei colunista interino - de João Ricardo, de Walter Gomes, de Túlio Lemos, de Alex Viana e de Augusto César Gomes -, e editor interino, de Política e de Cidades. Sai em 2011 e voltei em 2013, dessa vez para assumir a edição, a pauta e uma coluna diária. Como se um ciclo se fechasse, tive a honra de ser o responsável pela definição das últimas matérias que fazem parte desta edição derradeira. Agradecer é pouco demais. O JH para de circular hoje, mas fica para sempre na história do jornalismo potiguar e brasileiro, como um dos raríssimos veículos que tiveram a ousadia de circular no período da tarde. No título da minha primeira coluna neste mesmo espaço, há mais de dois anos, eu disse "muito prazer", a vocês, leitores. Hoje, na despedida, digo, simplesmente, que o prazer foi todo meu.

VALEU À PENA O colunista aproveita para agradecer ainda as dezenas de jornalistas e repórteres fotógraficos que passaram pelo JH nos últimos anos e com quem tive o prazer de conviver, seja por muito ou pouco tempo. Período suficiente para fazer vários e bons amigos. Que a saudade deste jornal seja eterna tanto quanto as boas lembranças. Importante ainda dizer muito obrigado a todas as fontes e parceiros que possibilitaram a publicação hoje, do que os outros só noticiarão amanhã. MATÉRIA INESQUECÍVEL I Uma longa entrevista com o ex-senador Fernando Bezerra, em sua casa de praia em Jacumã. O ex-parlamentar estava há quase dois anos longe da imprensa, após ter sido derrotado por Rosalba Ciarlini nas urnas. As fotos de Ney Douglas com o ex-poderoso senador na praia ficaram para a história.

MATÉRIA INESQUECÍVEL II Em Brasília para participar de uma premiação do Correio Braziliense, me aventurei nos corredores do Congresso Nacional pela primeira vez, em busca de uma entrevista com o senador Garibaldi Filho, que havia sido derrotado meses antes por Wilma de Faria na disputa pelo governo. Não consegui. Mas saí do cafezinho do Senado com fortes respostas de Henrique Alves. MATÉRIAINESQUECÍVELIII O secretário de Saúde do Estado era Adelmaro Cavalcanti. A entrevista era coletiva. Todos os demais repórteres fizeram suas perguntas. Quando terminaram, fiz a minha. O então secretário confirmou que os já altos números da dengue, na verdade, não deviam ser nem a metade da realidade, devido a subnotificação. Como era a última pergunta, só eu ouvi a resposta. Manchete e furo.

Gira Mundo Divulgação

Termina à meia-noite desta quinta-feira (30) a primeira etapa da venda de ingressos da Olimpíada de 2016. Interessados em comprar entradas para ao menos uma das 700 sessões dos Jogos devem ficar atentos para não perder essa que é a melhor chance de adquirir bilhetes. Desde o último dia 30, cerca 4,5 milhões dos 7,5 milhões de ingressos da Olimpíada de 2016 estão à venda no site www.rio2016.com/ingressos. Atualmente há bilhetes disponíveis para quase todos os eventos olímpicos, inclusive para as cerimônias de abertura e encerramento.

Megafone Divulgação

“Onde o PT vai, está todo mundo contra. No plenário… Impressionante. O PT não ganha uma votação. Só quando a gente fica com pena na última hora”

EDUARDO CUNHA PRESIDENTE DA CÂMARA, SOBRE AS VOTAÇÕES NO PLENÁRIO DA CASA.

CRISE Será mesmo que as construtoras do RN esperam que o governo federal pague tudo o que deve a elas pelo programa Minha Casa Minha Vida? Porque demoraram tanto para paralisar as obras se estão sem receber há meses, acumulando uma dívida milionária? Com o governo em total crise financeira, dificilmente algum dinheiro cairá na conta das empresas, pelo menos, até o final deste ano. Salve-se quem puder.

NEGÓCIOS Entrou no ar o filme da campanha de Dia das Mães da Esposende. A peça superdescolada foi criada pela Competence e filmada em estúdio com uma técnica que mistura cenografia e computação gráfica. A trilha é a mesma da brincadeira de roda “Passa Passará” adaptada e com uma roupagem sofisticada para mostrar os diversos produtos exclusivos da Esposende.

IMÓVEIS A Moura Dubeux acaba de lançar os apartamentos decorados dos edifícios Maria Bernadete e Parque Cidade Jardim, ambos no bairro de Capim Macio. Uma equipe de consultores vai estar à disposição para apresentar os dois residenciais de segunda a sexta das 8h às 17h e nos finais de semana e feriados das 9h às 15h. ENCONTRO MARCADO Este colunista deixa hoje de assinar esta coluna diária, junto com o fim da edição impressa do JH, mas tem encontro marcado com os fieis leitores do espaço na TV Câmara Natal, com o programa Pensando Bem veiculado toda segunda-feira, e também no blog Ampliando a Notícia. A partir da segunda quinzena de maio, após uma rápida férias, a produção dos textos e notas aqui publicados também serão produzidos para o www.ampliandoanoticia.com.br. A gente se vê por aí.


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Cena Urbana VICENTE SEREJO - serejo@terra.com.br w FÉRIAS Quem curte Paris por esses dias é a professora Denise Carvalho, afinal foi na Sorbonne que fez seu doutorado na área de educação. Ela hoje está aposentada da sala de aula, mas é assessora na UFRN.

w ALIÁS A Gallimard anuncia também para este ano a tiragem especial para colecionadores de D. Quixote de La Mancha, além da obra completa de Michel Foucault em dois volumes. Já consta do seu catálogo.

w BRASIL Publicado na França, edição da Chandeigne desde 2008, a História do Brasil, da professora Armelle Enders, é a mesma já traduzida no Brasil. E é uma nova visão da história de um Brasil que mudou.

w VITRINE - I O poeta Diógenes da Cunha Lima precisa acionar seu editor para fazer chegar às livrarias de Paris a edição francesa do seu livro de poemas Tendresse lançado durante o Salão do Livro, aqui em Paris.

w PRESENÇA - I Câmara Cascudo tem sete títulos na bibliografia do ensaio Une Mythologie Bresilienne (Uma Mitologia Brasileira), do professor-doutor José Maria Tavares de Andrade. Edição da L'Harmattan. w QUEM - II Tavares de Andrade é doutor pela Universidade de Strasbourg e foi orientado por duas estrelas do firmamento acadêmico na França: Roger Bastide e Edgar Morin, com quem fez seu pós-doutorado. w MAS - III Em compensação, quem consultar as bibliografias de dois dos mais citados dicionários do palavrão lançados em Portugal vai observar a ausência de Cascudo, um pioneiro no estudo dos nomes feios. w AVISO Aos puritanos que fecham os olhos e até negam a importância da literatura erótica: Casanova acaba de entrar para o glorioso time da coleção Plêiade, hoje a mais consagradora na França e no mundo. w DETALHES A obra completa de Casanova ocupou três volumes em papel Bíblia, com direito a um álbum com a fotobiografia que reúne 174 ilustrações ao longo de 224 páginas. Glória maior na terra ainda não há.

w VITRINE - II Na vitrine da Livraria Portuguesa e Brasileira, na Praça L'Estrapade, uma rua paralela ao Pantheon, o romance de Francisco Antônio Cavalcanti, O Violoncelo. O livro lançado em Natal e João Pessoa.

Primeira edição d'O Jornal de Hoje e a coluna de estreia

E, no entanto, é primavera em Paris...

N

unca imaginei, Senhor Redator, que receberia aqui, com o primeiro sol da primavera, a notícia de que seria 30 de abril o último dia de vida do Jornal de Hoje, tal como gosto que os jornais vivam, com suas páginas grandes e soltas, efêmeras como as coisas da vida. Como não lembrar dos versos de Olavo Bilac, na paráfrase de uma verdade assim, numa tarde luminosa assim, de verdes que brilham assim, nos álamos e plátanos, debaixo de um céu azul saudando a alegria de viver? Na verdade, vinha de outros caminhos mais distantes, talvez ainda encantado com o brilho da estrela Aldebarã, quando o trem chegou a uma estação de Paris. Com ele, como se viajasse disfarçada num lugar qualquer do vagão, a notícia nem esperou que o táxi nos levasse ao hotel. Ali mesmo contou sua história, na forma de algumas notas refletidas na pequena tela do telefone de Rejane. Li, uma a uma, prisioneiro do meu próprio silêncio, sentindo o peso de uma imensa solidão. Foi há dezoito anos. Num começo de noite, Marcos Aurélio telefonou e disse que planejava lançar um jornal vespertino, e convidava para nele publicar a Cena Urbana que, à época, circulava nas páginas da Gazeta do Oeste, depois de ser proibida no Diário de Natal sem direito a dizer adeus. Foi por isso que na crônica de despedida do jornal do meu amigo Canindé Queiroz, usei o mesmo título de Torquato Neto na parceria com Edu Lobo - Pra Dizer Adeus. Escrevi a coluna aos prantos.

Agora, estou num quarto de hotel, em Paris, e escrevo num computador emprestado pra não deixar de dizer adeus. Uma coluna igual a todas as outras de todos os dias. Ao contrário dos que escrevem por fruição estética, escrever, para mim, foi sempre uma bela aventura. E foi como um aventureiro enlouquecido de prazer e de dor que escrevi até hoje. Como se não fosse morrer nunca, e vivendo, cada dia, intensamente, na página treze deste JH, como se fosse morrer no dia seguinte. Não sei, a essa altura, se um velho dinossauro, já passado em anos, as mãos envelhecidas e encardidas de tinta, ainda aprende a acreditar que é mesmo um jornal o que sai projetado na tela. Como, se não chegará mais no fim da tarde, pela fresta da porta, gritando a manchete e rasgando o silêncio frio da sala? Nunca pensei que assistiria a morte dos jornais impressos, e vejo hoje que eles começam a morrer. Na triste agonia de um silêncio que vai calando as suas máquinas para sempre. Agora, restam sobre a pequena mesa deste quarto de hotel as últimas notícias que por esses dias saí juntando. Daqui, do outro lado do mar, vou ordenando uma a uma no mesmo desenho de sempre. Penso na eternidade dos arcos góticos da catedral de Notre Dame que ontem contemplei longamente. E lembro, num sonho suave e recorrente, a belíssima dúvida de Júlio Cortazar quando pergunta para onde vão as andorinhas quando morrem. E, no entanto, é primavera em Paris...

w BOUQUINISTES A prefeitura parisiense lançou um guia dos bouquinistes de Paris com o mapa, localizando suas bancas ao longo de 3Km do rio Sena e contando a sua história que começa há 115 anos, em 1.900. w BIBLIÓFILOS Foi um privilégio visitar o XXVII Salão do livro raro & do autógrafo, de 24 a 26 de abril, no salão principal do Grand Palais. Uma realização do sindicato nacional das livrarias antigas e modernas. w DECISÃO Ninguém tem mais paixão pelo jornalismo impresso do que Marcos Aurélio de Sá. Mas também ninguém melhor que ele conhece a economia do mercado. O fim do JH impresso foi irreversível. w ADEUS De Paris, segue a coluna da última edição impressa depois de 18 anos de circulação do JH. O cronista, comovido, agradece. Enquanto a primavera explode nos jardins e ilumina a beleza da mulher parisiense.

Daniela Freire POLÍTICA E SOCIAL - daniela.freirecosta@yahoo.com.br

F

oram dez anos de O Jornal de Hoje (incluindo a passagem pelo finado JH Primeira Edição) e quase sete como colunista Política e Social deste vespertino. Hoje, esta jornalista se despede dos leitores junto com a versão impressa do jornal. Mas não é uma despedida triste, apesar da saudade que este JH vai deixar. É uma despedida em tom de agradecimento e com sentimento de que outros caminhos irão se abrir e de que outras boas histórias estão por vir... Pois foi neste veículo que eu

conquistei o que todo profissional almeja: o reconhecimento. A relação sempre foi de extrema confiança. À família Sá - Marcos Aurélio, Marcelo e Sylvia -, inclusive, só tenho a agradecer. Pela oportunidade e pela confiança depositada no meu trabalho durante todos esses anos. Lembro que em novembro de 2008, quando eu era repórter de Política do matutino JH Primeira Edição e Marcos Aurélio de Sá me chamou para uma conversa reservada, eu jamais imaginava o desafio que estava por vir. Apesar de não ter experiência alguma em co-

DESPEDIDA lunismo fui convidada por ele para substituir ninguém menos que a brilhante Eliana Lima (hoje Tribuna do Norte), já conhecida e bastante elogiada pela coluna que escrevia no JH. Marcos arriscou. E a sua escolha deixou muitos com ares duvidosos... Eu "não tinha o perfil" para a vaga. Afinal, eu não era uma jornalista 'famosa', que transitava pela alta sociedade da capital, ou que tinha amizade pessoal

com políticos locais... Mas com o incentivo dele não tinha como dar errado! Foi isso o que mais me motivou naquela época... Hoje, milhares de notas e centenas de furos depois, vejo o quanto ele estava certo. Eu não precisava ter "o perfil" adequado. Eu precisa confiar no meu taco e correr atrás das notícias, sempre com ética. Assim, eu espero ter correspondido. A todos os colegas jornalistas

e demais profissinais que atuaram até hoje neste jornal, desejo sucesso nas novas caminhadas. O novo assusta, mas também pode ser um grande incentivador. Iris Araújo, a diagramadora mais paciente do mundo, obrigada por tudo! Fabinho, que também sempre ajudou, obrigada! Karenzinha, da recepção, um anjo em minha vida! Guardava tudo e avisava tudo! Mesmo que eu demorasse meses para aparecer... Obrigada!!! Agradeço ainda a todos os colaboradores, às minhas interinas (Taciana Chiquetti, Elaine Vládia, Dessana Araújo, Simone Silva, Dani Pacheco) fontes e persona-

gens que contribuíram para a coluna Daniela Freire. Aos que gostam de ler as notícias daqui, a boa nova: vamos continuar com muita liberdade noticiando os bastidores da política local e de Brasília, entre outros assuntos, na Internet. Em parceria com a Maxmeio, vamos colocar o blog Daniela Freire no ar. Logo, logo... Será mais um desafio. E mais uma vez, vou ter que confiar no meu taco. Até a próxima! #JornaldeHoje #Aprendizado # Confiança #Independência #Despedida #Saudade


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Natal, 30 de abril de 2015

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Esporte

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O Jornal de HOJE 15

José Aldenir

Passe Livre RUBENS LEMOS FILHO - r.lemosfilho@uol.com.br Reprodução

DE HERÓI A VILÃO MAX

PERDE PÊNALTI QUE COLOCARIA

Em jogo bastante movimentado, América e ABC ficaram no empate por 1 a 1, pelo primeiro jogo da final do Campeonato Estadual, ontem à noite, na Arena das Dunas. Max abriu o placar para os donos da casa, enquanto Reginaldo empatou para os visitantes. A partida ainda contou com a expulsão de Maguinho e um pênalti perdido por Max. Agora, a decisão final ficou para o segundo jogo no próximo sábado, às 16h, no estádio Frasqueirão. Quem vencer fica com o título. Novo empate leva a disputa para as penalidades. Bastante criticado, o resultado da primeira partida poderia ter

sido diferente, caso o árbitro paraense Dewson Fernando não expulsasse com extremo rigor, ainda no primeiro tempo, o volante Maguinho, justamente no momento em que o América vencia a partida e dominava por completo as ações da etapa inicial. Mas o clube também foi castigado com o pênalti perdido por Max, que repetiu a mesma cobrança do clássico anterior, batendo com certa displicência e facilitando a defesa de Saulo. O técnico Roberto Fernandes lamentou a perda do pênalti. "Infelizmente em mais uma cobrança de pênalti não aproveitamos e de-

AMÉRICA

EM VANTAGEM NA DECISÃO

cisão é detalhe. No segundo tempo com um jogador a menos, o adversário pressionou e se você olhar oportunidades claras eles tiveram duas ou três e nós tivemos uma com Pardal e nós estamos esbarrando no Saulo que é um grande goleiro. Se a gente tiver um pouco mais de sorte, competência e felicidade a história seria outra", analisou Fernandes. Apesar do fracasso de Max, o treinador segue apostando no artilheiro. "Você tem que respeitar a fase, o Max até pouco tempo era o artilheiro do Brasil e só contra o ABC em dois jogos ele perdeu três ou quatro oportunidades. Não

adianta botar chifres em cabeça de cavalo, o jogo é no sábado e agora é descasar os jogadores. Esperar que no sábado a gente tenha mais competência. Max tem a nossa confiança", afirmou Roberto. Mesmo com a vantagem de decidir o título em casa, o técnico Josué Teixeira dispensa o favoritismo. "Roberto Fernandes é o favorito. Ele já ganhou um título no Frasqueirão e eu não. Então, eu vou tentar trabalhar para evitar que ele fique com o título sábado", disse o treinador do ABC, que ontem surpreendeu negativamente ao mudar a escalação e a forma de jogar da equipe.

QUARTA EDIÇÃO DO CRAQUE POTIGUAR SERÁ NO DIA 4 O presidente da Federação Norte-Rio-Grandense de Futebol, José Vanildo da Silva, anunciou para a próxima segunda-feira (4), a realização da quarta edição do Prêmio Craque Potiguar. O evento, que premia os melhores do Campeonato Potiguar, será realizado na Zona Mista da Arena das Dunas, a partir das 19h. Além da premiação dos destaques do Estadual deste ano, a festa também marcará es-

colha da nova musa do futebol potiguar. Durante o evento, serão conhecidos os jogadores que irão compor a seleção do Campeonato Potiguar, bem como destaques da competição nas categorias Craque, Artilheiro, Revelação, Melhor Dirigente, Melhor Treinador e Melhor Árbitro. A escolha da seleção e dos destaques será feita por representantes da imprensa esportiva potiguar.

MUSA A noite também será dedicada à beleza. A Zona Mista da Arena das Dunas irá se transformar numa verdadeira passarela para o desfile das musas que representam os dez clubes que disputaram o Campeonato Potiguar em 2015. Serão três finalistas, duas delas escolhidas pelos jurados durante o evento e uma que chega com vaga garantida pela votação que acontece até o próximo dia 3 de maio,

nos sites www.fnf.org.br e www.tribunadonorte.com.br/musa. A escolhida para ser a nova Musa do Futebol Potiguar irá receber uma premiação no valor de R$ 3.000,00 oferecida pela Aquacoco e pela Sparta Incorporadora, além de um book profissional oferecido pela Trafego Models. O concurso da Musa do Futebol Potiguar chega a sua terceira edição e tem a coordenação do jornalista e empresário George Azevedo.

Fábio Pacheco fabiopachecorn@gmail.com

Divulgação

ÚLTIMA EDIÇÃO Há dez anos, quando a internet estourou com toda força no Brasil, especialistas elogiavam o advento da velocidade na comunicação em massa com texto e imagem, mas alertavam sobre os perigos para o jornalismo impresso. E não deu outra, bastaram alguns anos para jornais de tradição como Jornal do Brasil e Gazeta Mercantil fecharem suas portas e aderirem ao portal eletrônico. O custo financeiro para manter um jornal de qualidade nas ruas é infinitamente superior ao digital e o seu retorno é demasiadamente pequeno em relação ao site, que atinge milhares de leitores em questões de minutos. A triste realidade chegou ao Nordeste em 2012, quando o Diário de Natal, O Norte e Borborema fecharam suas redações. Participei de todo esse processo como editor dos três jornais na redação Nordeste em Pernambuco. Foi triste e doloroso ver jornais de tradição serem vencidos pela tecnologia e hoje para minha tristeza maior estou aqui participando da última edição do Jornal de Hoje, um vespertino que revolucionou o jornalismo impresso da capital e que vai deixar muita saudade. Quero dizer que me senti honrado de participar da redação do JH e fazer parte de sua história. ÁRBITRO X TÍTULO O fato do América não acreditar na arbitragem local pode ter custado o título estadual. A pedido da própria diretoria alvirrubra, que queria arbitragem Fifa, o paraense Dewson Freitas acabou prejudicando o time num momento crucial da partida, quando vencia por 1 a 0 e pressionava o ABC. A expulsão injusta de Maguinho mudou completamente o panorama da partida, o alvinegro escapou de levar mais gols, dominou o segundo tempo, empatou e poderia até ter vencido. JOSUÉ AJUDOU O técnico Josué Teixeira foi tentar jogar pelo empate e quase complicou a vida do ABC. Com três volantes, entre eles a escalação surpreendente de Rafael Miranda, a bola não chegava ao ataque. Fabinho Alves e Kayke não viram a cor da bola no primeiro tempo e com isso o alvinegro foi facilmente dominado. Ele insistiu no erro até uma parte da etapa final quando trocou Michel por colocar Fábio Bahia. A situação só melhorou quando colocou outro meia, no caso Wellington Bruno. Josué parece que estava assistindo a outro jogo.

FEKAEN É VICE-CAMPEÃ A equipe de atletas da Federação Estadual de Karatê Amigos da Escola Norte-rio-grandense (FEKAEN) foi vice-campeã geral do Campeonato Norte/Nordeste de Karatê, evento realizado em Olinda-PE, nos dias 24 a 26 deste mês. No total, foram conquistadas 126 medalhas (60 de Ouro, 38 de Prata e 28 de Bronze). O excelente resultado rendeu a federação um convite para participar de outra competição em Olinda no próximo mês. HERÓI E VILÃO Dizem que o raio não cai duas vezes no mesmo lugar, mas ontem Max derrubou essa tese. Ele conseguiu repetir a mesma cobrança do pênalti do clássico anterior, quando entregou a bola nas mãos de Saulo. Errar uma vez é humano, mas persistir no erro é burrice. Nem o lado ele trocou. De herói da temporada e artilheiro do Brasil, Max saiu como o grande vilão do time. Foi vaiado pelo torcedor americano e caberá a ele dar a volta por cima no próximo sábado.

automobilístico e não prestar socorro à vítima, porque estava drogado, o maior campeão dos meio-pesados da organização, Jon Jones, foi suspenso e teve seu cinturão tomado. A notícia causou um estrago incalculável, pois os milhares de fãs do esporte estão decepcionados. Só ouço reclamações e gente dizendo que não acredita mais nos atletas do UFC.

E OS LARANJAS? Excelente a iniciativa da CBF de proibir os cartolas de lucrar com negociações de jogadores. A proibição está no novo regulamento de intermediários do futebol brasileiro. Pelas regras, UFC EM QUEDA clubes infratores podem sofrer punições como Poucos meses depois do antidoping de An- veto a registro de atletas, perda de pontos e rederson Silva, um outro mito do UFC enver- baixamento. Isso é uma prática comum no futegonhou o mundo. Depois de causar um acidente bol, não são poucos os casos de conselheiros en-

volvidos em negociações de jogadores em clubes no Brasil, mas quem vai fiscalizar os laranjas? Só vai mudar a forma do negócio, saindo o nome do dirigente e entrando um representante. DIA DO TRABALHADOR A unidade do Sest Senat Natal, em parceria com a Fetronor, irá celebrar o Dia do Trabalhador, nesta sexta-feira. A programação para os trabalhadores do transporte, familiares e comunidade começa às 9h no complexo localizado na avenida Prefeito Omar O'Grady, no bairro Pitimbu. Entre as atrações estão o parque aquático, salão de jogos, torneio de beach soccer (com premiação) e piscina de bolinha e pula-pula para as crianças. Também haverá sorteio de brindes e a abertura oficial da Copa de Futebol Society do Sest Senat.

Considerações finais É, acabou. Poderia tamborilar sobre o primeiro jogo da final do campeonato, mas que sentido haveria, se não terá coluna quando o campeão espocar suas garrafas de champanhe, abrir suas cachaças, lavar peritônios com cerveja? Não teria razão de ser e o mundo hoje é impiedoso para quem desafia a crueza das verdades dolorosas. Não haverá mais o aqui. O papel é um valoroso confidente. No presente do tempo e pelas memórias sagradas de uma vida. A caligrafia torta das imitações de edição de jornal de verdade foram guardadas por uma grande amiga da família, Amariles Furtado, ex-chefe do setor financeiro da Tribuna do Norte. Sozinho, desenhava manchetes, criava fotografias e falava, baixinho, feito gazeteiro-mirim, as notícias que rascunhava em caneta Bic numa casa simples da Cidade Alta, onde morei nos idos de 1976. Tinha seis anos e, antes de ir à escola, gostava de ler, de tocar nas folhas em impressão de chumbo e de me ver - curioso e maravilhado, na redação, máquinas de escrever metralhando, junto ao meu pai e seu dedilhar acompanhando a genialidade do raciocínio. É insuportável qualquer despedida. Há quem finja frieza. Outros são autênticos insensíveis. Eu detesto. Sou humano e convencional, de especial nada tenho. Ir para voltar se admite. Partir para nunca mais é lembrança que sangra. Tantas vezes tive de sair para longe de Natal por razões que não compreendia, criança, largando amigos, meu time de coração, minha avó e protestava desabafando ao silencioso companheiro de papel, ouvinte, compreensivo e sem nada a fazer. Nos exílios forçados e traumáticos, escrevia compulsivamente. Cartas, bilhetes, postais sem atração alguma eram enviados e a esperança de cada tarde monótona e triste era o carteiro com alguma esperança de retorno, de alguém com notícias da terra, da rua, da escola, do futebol. E a esperança vinha em papel lido, relido e colecionado. Sem nada a fazer. O Jornal de Hoje tomou um gesto de profunda coragem rasgando sua própria carne ao encerrar suas atividades impressas. Evitou o mal maior de apelar ao devaneio, de se iludir e atingir seus trabalhadores. Liguei para Marcos Aurélio há dois dias e agradeci profundamente sua compreensão e o espaço que ele me abriu em 2010, logo após um longo período fora de jornal. Me ofereceu uma coluna. Uma causa, uma razão. Pouco antes da Copa do Mundo. Ele e o seu filho, Marcelo. Pai e filho demonstraram entusiasmo e confiança na minha capacidade profissional, sacrificada por quase uma década de assessoria de imprensa em Governo do Estado, algo que desgasta, consome e não traz a recompensa espontânea da gratidão. Expõe o sujeito, consome o seu suco existencial e o transforma em mero objeto. Descartável. >>>>>> Na manhã do convite, me senti valorizado outra vez e me dediquei a Passe Livre com paixão, o que faço em qualquer desafio a que sou convocado. Fui tirando a poeira do peito e recomeçando, pegando ritmo, interagindo, buscando melhorar, conversando com as pessoas, tentando consolidar um estilo que é a natureza do profissional. Quase cinco anos e tantas histórias. Contar histórias. Colar palavras, captar sentimentos, esquecer o banal, fazem parte do meu mantra na missão em que a necessidade de saber o básico do idioma está sendo jogada no lixo. O jornalismo impresso foi atacado em emboscada pela internet. Enquanto a geração do meu pai e até mesmo a minha mantiverem seu último representante, ele estará sobrevivendo, desde que reinventado, mais analítico, opinativo, investigativo, desdobrando, com profundidade, aquilo que o mercado persa das redes sociais joga ao consumidor não poucas vezes sem a obrigação da responsabilidade. A honra alheia não justifica audiência alguma. Mantenho 99% do que escrevi no O Jornal de Hoje, em lugar seguro. Preservado. Agora, como tesouro ainda mais inviolável e inegociável. Vou lembrar de cada tema, de cada história, do pano de fundo do futebol e do olhar de um velho de espírito sobre o cotidiano mutante e injusto. ABC, América, Alberi, Danilo Menezes, Marinho Apolônio, Souza, Moura, Sérgio Alves, Dedé de Dora, Odilon, Didi Duarte, tantos craques locais, Marinho Chagas, o maior deles todos e sua morte rodriguiana, o batimento cardíaco do torcedor, seu gemido na dor, seu berro alucinado na glória, ficam para o tempo administrar. Zico, Geovani, Romário, Sócrates, Falcão, Rivelino, Ademir da Guia. Pelé, Messi. Pude reverenciá-los porque o papel foi impresso e alguém leu. Aqui, pude defender - sem censuras ou interferências - meu querido Castelão (Machadão), saudade eterna violentada pela força da grana que destrói coisas belas. A Copa do Mundo em Natal foi um tento. Sem o Castelão (Machadão),um lamento disfarçado de epopeia bancada com dinheiro público. Agradeço a todos os companheiros. Que sempre me trataram com imenso e intenso respeito. Com Marcos Aurélio abrindo o time, agradeço a Sylvinha, a Marcelo, a Dona Carminha (a eletricidade exemplar), a Alex, a Roberto Canuto e a Fabinho, a Túlio Lemos jamais ausente. Um jornal, ao chegar ao fim, é a dor de cada um dos seus operários. Do pensador ao operador. Do formulador ao executivo, do editor ao fotógrafo, do motorista ao repórter. Aguda e maior é a saudado do leitor. O certo é que posso dizer com orgulho a meus filhos e ao primeiro neto, na hora em que chegar Deus sabe quando: um dia, escrevi no O Jornal de Hoje. E é vida que segue. PS. Passe Livre será levada para meu blog pessoal em fase de reativação, mas que estará disponível, aos trancos, barrancos e garranchos digitais no endereço eletrônico: www.rubenslemos.com.br Abraço a cada um. Que me tenha dado a honra da leitura de Passe Livre.


16 O Jornal de HOJE

Natal, 30 de abril de 2015

Quinta-feira

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