Jornal de Gravataí. Sexta a domingo, 11 a 13 de outubro de 2019. Edição 3313.

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10 SEXTA, SÁBADO E DOMINGO, 11, 12 e 13 de outubro de 2019

Geral

IMENSIDÕES DO brasil – ACRE CONHECENDO NOSSA HISTÓRIA

Imagem da capital, Rio Branco

L. Pimentel A Revolução Acreana foi uma revolta popular contra a Bolívia, ocorrida durante a Primeira República Brasileira, na região noroeste boliviana (atual estado do Acre). Iniciada em julho de 1899, quando o território é proclamado República do Acre, com Luís Gálvez Rodríguez de Arias, finalizando em 1903, com a assinatura do Tratado de Petrópolis, com anexação da região ao Brasil. Nesse período, esta região foi proclamada autônoma por três vezes como Estado Independente, embora apenas reconhecida pelo governo brasileiro. O tema serviu de inspiração a uma minissérie da rede Globo: AMAZÔNIA, de Galvez a Chico Mendes, escrita por Glória Perez, exibida no início de 2007. A CHEGADA DO GAÚCHO Aos 26 anos de idade, tendo já lutado na Revolução Federalista do Rio Grande do Sul, o gaúcho José Plácido de Castro chegou à Amazônia. Em 1902, seringalistas fizeram um acordo com Castro. O militar, acreditando que poderia lucrar demarcando latifúndios, aceitou treinar e comandar cerca de dois mil seringueiros que lhe ofereceram o apoio necessário para combater os bolivianos. Às 5 horas da manhã de 6 de agosto de 1902, 33 homens comandados por

Palácio do governo na Capital do Estado

Castro e armados com rifles subiram em canoas o barranco íngreme do Rio Acre. Plácido de Castro entrou discretamente em uma casa de madeira na cidade de Xapuri, que funcionava como Intendência da Bolívia. Logo, Castro tomou posse do local e aprisionou os militares bolivianos. A população local confundiu a revolução com a festa que se passava pelo Dia de Independência da Bolívia. Em 18 de setembro, um batalhão boliviano de 180 homens, liderado pelo Coronel Rosendo Rojas, surpreendeu as forças de Plácido, que agora contava com cerca de 70 homens. Os brasileiros, armados apenas com rifles Winchester, com escassa munição e padecendo de doenças tropicais e

deserções, perderam vinte homens e foram derrotados. Plácido, então, recrutou outra força, com cerca de mil homens. Parte dessa força sitiou a cidade de Puerto Alonso em 10 de maio de 1902. Em 14 de outubro, a força capturou algumas fortificações externas com a embarcação Río Afua, a qual encalhara durante os combates. A embarcação fluvial, renomeada para Independência, foi utilizada contra seus antigos proprietários. Não obstante o revés, os bolivianos obstinadamente mantiveram Puerto Alonso. Alhures, os aventureiros brasileiros sitiaram Empresa, que capitulou em 15 de outubro. Outras batalhas, quase todas vencidas pelas forças de Plácido, ocorreram em

Plácido de Castro, libertador do Acre

Bom Destino, Santa Rosa e outras cidades ribeirinhas. Em 15 de janeiro de 1903, a força brasileira atacou e capturou algumas posições fora de Puerto Alonso. O primeiro decreto de Plácido de Castro ocorreu em 26 de janeiro de 1903, aplicando-se a lei brasileira até a promulgação da Constituição do Estado soberano; considerando válidos todos os títulos de terras expedidos pela Bolívia ou pelo estado do Amazonas; definiu a língua portuguesa como oficial; e adotou o padrão monetário brasileiro. INCORPORAÇÃO AO TERRITÓRIO NACIONAL Pelo Tratado de Petrópolis, a Bolívia abria mão de todo o Acre em troca de territórios brasileiros

do Estado de Mato Grosso, mais a importância de 2 milhões de Libras esterlinas (640 milhões de reais) e a construção da ferrovia Madeira-Mamoré, ligando os rios Mamoré (em Guajará-Mirim, na fronteira Brasil-Bolívia) e Madeira (afluente do rio Amazonas, que corta a cidade de Porto Velho, em Rondônia), com o objetivo de permitir o escoamento da produção regional, sobretudo de borracha. Joaquim Francisco de Assis Brasil participou ativamente das negociações com a Bolívia, tendo representado o governo brasileiro em sua assinatura. Ainda foi indenizado o Bolivian Syndicate em 110 mil libras (35 milhões de reais). Em trinta anos, os tributos arrecadados pelo Brasil no Acre compen-

saram as indenizações e o empréstimo para a construção da ferrovia. O Tratado de Petrópolis, assinado em 1903 pelo Barão do Rio Branco e Assis Brasil, foi aprovado por lei federal de 25 de fevereiro de 1904, regulamentada por decreto presidencial de 7 de abril de 1904, incorporando o Acre como território brasileiro. Plácido de Castro, que faleceu em 11 de agosto de 1908, foi primeiro presidente do Território do Acre, elevado à condição de Estado do Acre em 15 de junho de 1962. Tanto o Barão do Rio Branco como Assis Brasil e Plácido de Castro, receberam homenagens no Acre com os nomes de sua capital (Rio Branco) e de dois municípios (Assis Brasil e Plácido de Castro).


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