2 OPINIÃO
sexta-FEIRA, 24 de setembro de 2021
ESPAÇO JORNALISTA MARTINS DE VASCONCELOS
Organização: clauder arcanjo
E O TEMPO? Flávia Arruda
Pedagoga e escritora, autora do livro As esquinas da minha existência. flaviarruda71@gmail.com
Em certa ocasião alguém perguntou a Galileu Galilei: — Quantos anos tens? — Oito ou dez, respondeu Galileu, em evidente contradição com sua barba branca. E logo explicou: — Tenho, na verdade, os anos que me restam de vida, porque os já vividos não os tenho mais. De certo, não sabemos o quanto ainda temos para viver, nem o tempo que teremos pela frente. Mais vinte anos, vinte dias, algumas horas? Bom, não tenho bem certeza do que faria se soubesse o dia que “bateria as botas”, em todo caso, penso que o que me basta é saber que tenho o tempo que preciso para cumprir com a minha missão nessa terra, tendo a consciência de que cada minuto de minha vida é precioso, o que não me custa, claro, ser grata por todas as oportunidades que me são ofertadas – ainda que cheias de interrogações sobre o propósito da minha existência, porém o que devo, com relação a tudo é isso, é ter gratidão. Sabemos que o tempo não para e nem atrasa o seu relógio, que a vida é um sobro e passa como um trem bala, por mais que pensemos que teremos todo o tempo do mundo para realizarmos os nossos objetivos. E assim somos feitos: da dicotomia da vida, muitas vezes sem tempo para nada e, em outras vezes, pedindo para que o tempo passe galopando. Afinal, o que é o tempo? De fato tem dias que nem percebemos o passar do tem-
Desejamos algumas vezes pisar no tempo, atropelá-lo, pará-lo ou prolongá-lo.
po, outros dias contamos os minutos desejando que ele logo passe, parece que o tempo deu pausa naquela cena, logo naquela em que desejamos que nunca tivesse acontecido. Penso o tempo como contínuo e solitário, às vezes injusto, autoritário e nem um pouco complacente, no entanto, em outros momentos ele pode se tornar nosso aliado, nosso único trunfo disponível. É difícil precisar o que é, na verdade, o tempo. Talvez quiséssemos ser seres atemporais, indiferentes às armadilhas e às surpresas. Desejamos algumas vezes pisar no
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tempo, atropelá-lo, pará-lo ou prolongá-lo. Só que não nos cabe a tarefa de manipulá-lo sendo ele o grande manipulador de nossas vidas; é ele quem dita às regras e nos faz submissos, dependentes e escravos dele. Os segundos, as horas, dias, meses e anos vão completando seus ciclos imponentes e com/sem consideração. Às vezes, acho que o tempo é ingrato e sem consideração; no entanto, desconsidero essa afirmação quando transfiro o meu olhar para o lado holístico da vida, assim, pondero que consideração mesmo é a generosidade do
tempo para conosco. Como? Basta filtrarmos que só ele nos proporciona o amadurecimento, o crescimento e a compreensão mais crítica acerca da vida, através da vivência “indissoluta” do mundo externo com o mundo interno. Afirmo que é a vivência “indissoluta” que nos provoca reflexões, que nos faz medir, balancear, internalizar, expulsar, interrogar, acreditar, duvidar, aceitar, rejeitar, girar, mudar, estabilizar, radicalizar... E neste misto de sentimentos acabamos por sobreviver apenas pela esperança de tempos melhores.
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