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MULHeR ........................................ P1 A
from Jornal de Fato
Cont. da pÁG. 3
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a oposição no estado ainda não conseguiu encontrar um nome para enfrentar a governadora Fátima bezerra. é consequência da falta de um articulador capaz de conduzir um projeto a ser apresentado ao rn?
Na verdade, é difícil opinar. Acho que ainda predominam nos partidos ideias passadas de superioridade, traduzidas em dinheiro no Fundo Eleitoral, tradição, mandatos etc... Todavia, acho que hoje o fundamental é apresentar projetos, propostas viáveis ao povo, sem fantasia, mas falando a verdade e dividindo sacrifícios, se necessário. A oposição não fez isso. Só acredita no estilo político de colégios eleitorais, “nominatas” poderosas e vai por aí. Claro que tudo isso influi. Mas na eleição majoritária é diferente. Se não fosse assim, Fernando Bezerra e Henrique teriam sido governadores em eleições anteriores. Mas os políticos teimam em não considerar a realidade, salvo o que lhes interessa. Ficam expostos de o resultado ser cada vez mais imprevisível.
ainda é possível a oposição construir uma candidatura competitiva?
Acho que sim. Marco Maciel dizia que havendo prazo, há tempo. E ainda há muito prazo até as convenções que homologarão candidatos.
nas eleições de 2018, o eleitor apostou na mudança do perfil da política do rn, não renovando mandatos de políticos como Garibaldi Filho e José agripino Maia, e elegendo novatos como o senador styvenson Valentim. Essa mudança surtiu efeito positivo? ou não produziu uma nova política até aqui?
2018 foi uma eleição atípica. Candidato esfaqueado, candidato preso substituído por outro na última hora. Bolsonaro adotou a agenda anticorrupção, diante das denúncias que existiam. Fui colega de Bolsonaro várias legislaturas e ele sempre se esforçou em representar a agenda ultraconservadora e conseguir ser o oponente preferencial da “ideologia esquerdista”. Saturados com o desemprego, violência e corrupção – temas sempre citados entre os cinco principais problemas do país -, os brasileiros em 2018 optaram pela nova política pregada por Bolsonaro. Garibaldi Filho e José Agripino Maia foram vítimas e senador Styvenson Valentim, o beneficiário.
no plano nacional parece consolidada a polarização da disputa presidencial entre bolsonaro e Lula. pode ser dito que a chamada terceira via fracassou? E por que fracassou?
Tudo pode acontecer. Mas, a hipótese da terceira via na disputa presidencial a cada dia se esfacela. Doria e Eduardo Leite desejam ser candidato, mas dividem o próprio partido. Com eles caminham para o precipício PSDB, União Brasil e por tabela o MDB. A senadora Simone Tebet nunca teve o apoio do seu partido. A qualquer momento poderá ser afastada pelos caciques emedebistas. Tudo isso confirma o possível triste final da terceira via. A terceira via seria excelente solução e dependeria de dois fatores básicos: candidato de consenso e discurso moderno. O grande desafio seria convencer outros pretendentes formarem “coalizão” de partidos, oriundos do centro, direita e esquerda não radicais. O discurso sensato e moderno preservaria a “responsabilidade social e a austeridade fiscal”, demonstrando que o equilíbrio das contas públicas pode ser alcançado juntamente com as políticas de redução das desigualdades sociais e investimento público para geração de empregos. Tais diretrizes, ao invés de populistas, buscariam a estabilidade econômica responsável e a distribuição justa de renda. Entretanto, nada disso foi feito. Prevaleceu o “ego” inflado dos candidatos e deu no que está ocorrendo.
para finalizar, o brasil merece um presidente além de bolsonaro e Lula, ou os dois nomes representam o sentimento do país?
Acho que não. O país mereceria menos radicalização, do que os extremismos que alimentam esses dois candidatos. O meu partido na disputa da presidência da República é neutro, deixando o eleitor livre para a sua escolha. Para o governo do RN, o partido apoia Dra. Clorisa Linhares, ex-candidata à prefeita de Grossos, RN, empresária, formada em Direito e Ciências Sociais. É um quadro partidário idealista e que pretende debater o futuro do RN, com humildade e firmeza.
oUtraspaLaVras
José nicodemos
aristida603@hotmail.com
dona adELIna
Aescola de dona Adelina, parece, foi a primeira de alfabetização de meninos, na cidade. Ficava ali na rua 30 de Setembro, um casarão de taipa e telha, duas águas, uma porta de frente com três janelas laterais. A escola funcionava na sala da frente, ampla, chão de barro batido, bancos alinhados de frente à mesa da professora, dona Adelina.
Era uma velhinha magra, meio curva, ar maternal, e morava sozinha com a irmã, dona Maria, a quem cumpria a missão do “argumento”, que consistia na arguição do aluno. Sua mesa, sempre coberta por uma toalha muito branca e limpinha, era no longo corredor, encostada à parede lateral da construção. Ar severo, eu tinha-me medo.
Sobre a mesa, uma grossa palmatória de cedro preto, ameaçadora. Era a de qualquer escola de primeiras letras da cidade. Saiu-se mal no argumento – “bolos”, e a gente comparecia diante de dona Maria, debaixo do seu olhar frio, fixo e duro, morrendo de medo. Voltava para a sala de aulas de mãos vermelhas, queimando.
Quanto a mim, menino ali dos meus cinco, seis anos, se não me engana a memória, apenas uma vez, e foi isso em tabuada, experimentei a impiedosa palmatória de dona Maria, três bolos em cada mão. Daí em diante, tinha sempre a operação dos números na ponta da língua, e ganhava um sorriso satisfeito de dona Maria, afagos na cabeça.
As aulas começavam pelas sete da manhã, até as dez, com intervalo de quinze minutos, bem me lembro, para o recreio, que era no quintal da escola, ensombrado de plantas muito bem cuidadas, as mais delas fruteiras – goiaba, graviola, pinha, sapoti, carambola. Só que nos era proibido mexer nelas, dona Maria ficava ali, atenta, de olho.
Compreende-se: as duas velhinhas, para complementar as despesas de casa, vendiam suas frutas, isto sem esquecer de reservar as franquias do seu quintal ao padre da paróquia, muito religiosas que eram. De preferência, as graviolas – “as graviolas de dona Adelina”, como eram ditas, numa alusão às melhores da cidade. Grandes e doces.
Pois hoje amanheci com saudade da escola de dona Adelina, da “cantilena monótona do bê-á-bá, enchendo a sala, a rua e as manhãs”, como canta o poeta conterrâneo Deífilo Gurgel, num belo poema cheio de saudade da cidade antiga. Me foge agora o título, desculpe. Está contido no seu livro – Cais da ausência, um nome sugestivo.
Mas estou querendo é lamentar, nestas linhas de saudade, a deslembrança de uma rua, um logradouro, um lugar qualquer, por exemplo, uma escola mantida pela prefeitura, que leve o nome de dona Adelina, a primeira professora de meninos em Areia Branca. Vivo, o poeta Deífilo Gurgel também lamentava isso, em conversa comigo.
aLKMIn
O ex-governador de São Paulo Geraldo Alkmin, de bom nome, é bom dizer, será o vice na chapa de Lula, o que prova, mais vez, as boas intenções de Lula para com a melhora deste país, sob a desgraça dos últimos governos.
Sente-se e vê, no povo brasileiro, a esperança de melhores dias sob o governo Lula, tanto mais porque, ou por isso mesmo, governo, Lula fez bem melhor que seus antecessores mais próximos. Viveu-se melhor neste país.
Não será por outra coisa que as pesquisas de opinião pública vêm sustentado Lula no primeiro lugar na preferência dos brasileiros, independentemente de lado partidário. É tão só a figura de Lula que se impõe à vontade do povo.
EspEranÇa LULa
LInGUaGEM
E por falar em gramática, não existe língua sem gramática, justamente porque não existe língua sem estrutura, observa o linguista patrício Walmírio. Se assim não fosse, não se poderia falar, a rigor, em língua, por isso mesmo que seria impossível a comunicação de sentidos. Ou, para ser mais claro, a organização do pensamento, dado que este se constrói, como é sabido, de ideias (palavras) e combinação de ideias (o pensamento lógico). De onde se segue a grande necessidade de adquirir a inteligência a inteligência da frase, naturalmente proporcionada pela gramática, ou, mais especificamente, pela análise sintática, no dizer do filólogo e gramático moderno Gladstone Chaves de Melo, de reconhecida competência, no Brasil e fora dele. O que urge, pois, é dar à gramática o seu lugar certo no estudo da linguagem, isto é, incorporando os melhores usos da língua viva. Isso é que é fazer gramática.