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POLÍTICA
from Jornal de Fato
CaFEZInHo CoM César santos
FÁBIo FarIa
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Por César santos - Da ReDação
o ministro das Comunicações, o potiguar Fábio Faria, concedeu entrevista ao Valor Econômico que é bem reveladora sobre o resultado das eleições presidenciais, o silêncio do presidente Jair Bolsonaro (PL) e a defesa pela pacificação do país. Visto como um dos principais articuladores políticos do presidente, Fábio acredita que apesar da derrota nas urnas, Bolsonaro saiu fortalecido. Ele também fala de seus projetos profissionais após deixar o Ministério no dia 31 de dezembro deste ano. A seguir, os principais pontos da entrevista concedida aos jornalistas Fabio Murakawa e Matheus Schuch, do Valor:
te. Ao mesmo tempo, a segurança pública é muito ligada ao Bolsonaro. Tem pautas que são muito mais ideológicas. Não adianta fazer um pouco a mais ou além do que pode ser feito. O nosso auxílio foi bem maior [que o de Lula], mas não conseguiu fazer essa reversão.
Valor: O que faltou no Nordeste?
Faria: Os governadores receberam muito dinheiro na pandemia. No Nordeste, são nove governadores de oposição. E eles ficaram muito fortes e apoiaram o Lula. Isso foi um ponto que se voltou contra o presidente, essa distribuição de muito dinheiro na pandemia para governadores e prefeitos.
Valor: O presidente já assimilou a derrota?
Faria: Ele é um ser político. Antes de ser presidente, ele ficou 28 anos como deputado. Saiu do baixo clero para virar presidente da República, algo que ninguém nunca tinha visto. Eu acho que neste momento agora ele está assimilando, tentando entender o que aconteceu, o que ele vai fazer nos próximos dias para frente.
Valor: Quais os próximos passos que ele deve dar?
Faria: O que a gente quer é que ele consiga juntar essa turma toda, esse legado que ele fez, esses deputados e senadores. O bolsonarismo está muito forte, está vivo. Isso é reflexo de um governo que deu certo em muitas áreas e teve entregas importantes. Mas eu acho que é um momento de dar a ele esse momento de reflexão. É um momento dele mesmo, de dar um tempo ao presidente. Depois que ele assimilar tudo, ele deve convocar os ministros para ter uma conversa.
Valor: Na sua avaliação, o que levou à derrota na eleição?
Faria: O presidente, ao longo da eleição, foi recuperando muita gente, foi diminuindo a rejeição. Naquele episódio do Roberto Jefferson, ele estava cruzando. Era o momento que estava fazendo o “x”. Ali, foi um momento crucial, porque foi uma semana antes da eleição. Ele já estava crescendo no voto feminino. Aí volta aquela questão do armamento, mostra um aloprado, que deu 20 tiros contra a polícia e foi colocado como apoiador [do Bolsonaro]. A gente vinha trabalhando para diminuir a rejeição, ali teve um freio muito forte. Mas não tem como medir.
Valor: Teve outros pontos ruins?
Faria: Outro ponto importante, que é imensurável, foram as “fake news”. Uma muito forte que pegou contra o presidente foi a propaganda falando que ele iria acabar com o 13º e O bolsonarismo está muito forte, está vivo. Isso é reflexo de um governo que deu certo em muitas áreas e teve entregas importantes. Mas, eu acho que é o momento de dar a ele (Bolsonaro) esse momento de reflexão.”
férias. Isso a gente mediu muito nas qualitativas e foi muito forte. Eu diria que esses pontos todos somados fizeram com que essa eleição tivesse uma diferença de 2 milhões de votos.
Valor: O auxílio de R$ 600 acabou sendo pago muito perto da eleição. Isso também pesou?
Faria: Essa pauta do auxílio, apesar de o presidente já ter dado o maior auxílio da história do Brasil, isso ficou muito marcado no Lula. Marcaram muito no PT a questão do Bolsa Família e do auxílio. Eu não acho que isso foi um ponto que prejudicou o presiden-
Valor: O senhor atribui o silêncio do presidente a essa reflexão?
Faria: Eu acho que é um momento de reflexão, de assimilação, de entendimento, que é importante. Ele se dedicou demais, trabalhou demais, praticamente não dormiu. O presidente foi um guerreiro durante a eleição. Ele merece um descanso para ele refletir.