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oUtrAs pAlAvrAs
from Jornal de Fato
José nicodemos
aristida603@hotmail.com
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er A A festA dos senti M entos
Passei o carnaval em casa. Nada de ver no carnaval aqui de Mossoró. Uns ursos chatos. Aliás, nem sei se houve carnaval na cidade daqui. Pelo menos aqui na minha rua, um silêncio do jeito que eu gosto. Muitos moradores, de mais posses, foram passar o carnaval em outras cidades, por exemplo, Recife e Salvador. A mim, é que não me fazem inveja nenhuma.
Pois fiquei mesmo em casa, curtindo o silêncio entre paredes amigas. Os filhos se mandaram para o carnaval em Canoa Quebrada, no Ceará. OK, estão no seu direito, são jovens, e naturalmente cheios de energia. É aproveitar o vigor da mocidade, que passa ligeiro, e não volta mais, é certo. Mas sendo eterna enquanto dura, embora. Devia dizer o poeta.
Naturalmente, aproveitei o vazio da casa para o reencontro com minhas leituras mais antigas, e que mais me marcaram o espírito. Sim, os principais naturalistas da literatura brasileira, por exemplo, Aluízio Azevedo. Que, ainda hoje, muito aprecio, mais no romance O Mulato. Tudo isso, tudo isso de mistura com minhas meditações sobre o futuro da humanidade.
Adquiri este hábito, desde não sei quando, e por mais que me esforce, dele não consigo libertar-me: de nada, absolutamente nada, adianta essa minha preocupação antiga, se, em face da realidade do mundo, de mal a pior, como se diz, sou a mais impotente das pessoas. Não seria melhor tornar-me indiferente? Sim senhor, seria. Demais, sou muito velho, ora.
Mas ia dizendo, foi-me bem mais proveitoso o não sair de casa nesses quatro dias de folia, entregue a meus livros velhos, e a mim mesmo. Não é todo dia que o silêncio dentro de casa, profundo e propício, me oferece também uma leitura mais concentrada e profunda. Profunda, quis dizer, neste sentido da reflexão crítica, ajudada, é claro, pelos meus críticos prediletos.
Não vou dizer que uma só vez não liguei a televisão para ver o desfile das escolas de samba, no Rio e São Paulo. Liguei, sim, mas foi só uma vez. Tudo muito bonito em função da criatividade, resgates culturais da maior importância. Todavia, um carnaval fabricado. Sem aquela alma romântica dos carnavais cariocas de outros tempos. O carnaval contado por Eneida.
Bom, nunca fui de carnaval, nunca levei jeito, mas gostava de ver os carnavais até ali pelos anos de 1950: blocos de rua, corsos, e eram como se fossem a festa da libertação dos sentimentos mais íntimos, inclusive uma espécie de alforria das dificuldades da vida. A alma de cada folião parecia mais leve, mesmo mais pura, como que entregue às emoções de um mundo novo.
Então, é isso mesmo. Para mim, e como posso sentir, o carnaval dos nossos dias não tem mais graça, sedução nenhuma. Já não é mais, a bem dizer, aquela festa dos sentimentos mais de dentro: como acabo de dizer, uma libertação profunda das contingências humanas. Quantas vezes, o encontro das chamadas almas gêmeas, traçado pelo destino, para o amor eterno!
plAneJAMento Meios proJeto
O combate à fome no país não se faz sem um planejamento à base ampla de um conjunto de medidas perfeitamente praticáveis, e disto, até agora, não sei se tem notícia oriunda dos sítios do governo. Por exemplo, o endividamento das famílias.
Linguagem
E o fato é que todo o mundo sabe que os meios existem, e que consistem na democrática distribuição da renda nacional, de uma forma ou de outra. Tudo depende, pois, de uma união de esforços contra as profundas desigualdades que assolam o país.
No caso em questão, a iniciativa deve, naturalmente, partir do governo, a partir de um projeto positivamente razoável. No entanto, não parece haver aprontações em relação à feitura de um projeto nesta direção. Só palavras não resolvem.
Ando relendo algum Ricardo Ramos, sim, filho do escritor Graciliano Ramos, já se vê. No Terno de reis, contos. Deliciando-me no seu estilo conciso e claro. Frases curtas, apenas o necessário à expressão do pensamento. Frases trabalhadas quase só com substantivos e verbos, tudo a ver com o mestre de Caetés e São Bernardo. Parcimônia de adjetivos. Apenas os necessários. Se posso, recomendaria, a quantos se interessam pela formação do estilo, a leitura de Ricardo Ramos. Digamos, um mestre do estilo direto e claro. Pudera. Explicadamente, era filho do Velho Graça, e com ele aprendeu a arte de escrever. No convívio diário. Quem que não lê com prazer um texto bem escrito, de estruturas claras? E Ricardo Ramos, mais em Terno de reis, nos oferece plenamente esse prazer. Mas com estilo próprio. Apenas assimilou, do pai, a técnica da escrita de compreensão imediata, tornando-se também um mestre entre mestres, na literatura brasileira. Sem dúvida, vale a pena.

lUCiAno nAsCiMento Repórter da Agência Brasil
Aarrecadação total das receitas federais fechou o mês de janeiro em R$ 251,74 bilhões, informou nesta quinta-feira, 23, a Receita Federal. O valor representa um aumento real de 1,14% em relação a janeiro de 2022, descontada a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em relação às Receitas Administradas pela Receita Federal, o valor arrecadado foi de R$ 235 bilhões, representando um acréscimo real de 2,16%. O Ministério da Fazenda disse que foi o melhor desempenho arrecadatório para o mês de janeiro desde 1995.
De acordo com a Receita, o aumento observado no mês de janeiro pode ser explicado, segundo a Receita, principalmente pelo crescimento dos recolhimentos de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), de 4,82% (R$ 57,931 bilhões), da Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL) e pelo comportamento das desonerações vigentes.
Os principais fatores que, em conjunto, contribuíram para o resultado das Receitas Administradas pela RFB, foram o desempenho da arrecadação do Imposto de Renda Retido na Fonte-Capital, incidente sobre aplicações financeiras, e que apresentou crescimento real de 58,14%, em função do aumento dos rendimentos dos fundos e aplicações de renda fixa; o desempenho da arrecadação da Contribuição Previdenciária, com crescimento real de 8,63% e do IRRF-Trabalho, com crescimento real de 13,31%, ambos decorrentes do aumento real da massa salarial.
Além disso, houve pagamentos atípicos de R$ 3 bilhões, decorrentes dos resultados apresentados por várias empresas ligadas ao setor de commodities de exploração mineral.
A Receita informou ainda que, em janeiro, houve perda na arrecadação do PIS/Cofins sobre combustíveis no montante de R$ 3,75 bilhões e do Imposto Sobre Produtos Industrializados (IPI) de R$ 1,9 bilhão, na comparação com mesmo período do ano passado.
por Cnn BrAsil
As faixas de renda que definem quanto cada trabalhador terá de desconto de IR estão congeladas há oito anos, no mais longo período sem correção desde pelo menos 2006, de acordo com dados da Receita Federal. A última vez que a tabela foi reajustada foi em abril de 2015, ainda no governo de Dilma Rousseff. Desde então, estão isentos de IR todos que ganham até R$ 1.903,98.
Em entrevista à âncora da CNN Daniela Lima na semana passada, Lula confirmou que vai aumentar esse piso, uma de suas promessas de campanha, para R$ 2.640. A nova faixa passará a valer em 1 º de maio. A correção significa um aumento de 38,7%. Desde o último reajuste, porém, em 2015, a inflação acumulada até aqui é de 55,19%.
Se recompusesse todo o aumento dos preços do período, o recorte para a isenção do IR deveria estar em quase R$ 3.000 – o número preciso seria de R$ 2.954,69. Os R$ 2.640 concedidos estão R$ 314,69, ou 10,7% abaixo disso.
A comparação leva em consideração a inflação calculada pelo INPC, o Índice Nacional de Preço ao Consumidor, até janeiro de 2023, dado mais recente. O indicador, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), é o mesmo usado corrigir salários a aposentadorias.
Lula explicou que a ideia é, por enquanto, elevar o recorte para a isenção de IR para dois salários mínimos, e daí o valor de R$ 2.640. O valor do mínimo em 2023 está, atualmente, em R$ 1.302. Mas é também promessa de Lula elevá-lo a R$ 1.320 também em 1 º de maio, no Dia do Trabalho.
Também por essa referência, entretanto, o reajuste proposto segue defasado: em 2015, data da última correção, ficavam isentos de IR todos aqueles que ganhavam 2,4 salários mínimos da época – mais, portanto, do que a proporção calculada por Lula. Naquele ano, o salário mínimo era de R$ 788.
A promessa de Lula, porém, é seguir elevando gradativamente a faixa de isenção do imposto de renda até os R$ 5.000 que empenhou em toda sua campanha. “Vamos começar a isentar em R$ 2.640 até chegar em R$ 5 mil de isenção. Tem que chegar, porque foi compromisso meu e vou fazer”, disse o presidente à âncora da CNN Daniela Lima.
Procurada, a Receita Federal informou, em nota, que “apesar de toda a restrição orçamentária e do esforço de recuperação das contas públicas, o governo vai atender a população que ganha até dois salários-mínimos, já no novo valor anunciado pelo Presidente, ou seja, para quem ganha até R$ 2.640,00”.
Para conseguir operacionalizar a mudança ainda neste ano, com o mínimo de impacto para as contas públicas, a faixa de isenção mudará, tecnicamente, para R$ 2.112 em 1º de maio, adicionada de um desconto sobre o imposto de renda pago no ano de R$ 528. Somados, os dois valores chegam aos R$ 2.640.