6 GERAIS/OPINIÃO
DOMINGO, 1º de maio de 2022
Alzira Soriano
PROSA
Lajes celebra 93 anos da & VERSO primeira prefeita do Brasil e da América Latina M crispinianoneto@gmail.com
Como Bolsonaro usou o caso Daniel Silveira para reorganizar a base, mobilizar Câmara e afrontar STF
Semana Alzira Soriano se destaca pela retomada da memória histórica da luta das mulheres
L
ajes, município da região de Açu, distante 128 km da capital do estado, elegia, no ano de 1929, a primeira prefeita do Brasil e da América Latina, numa época em que as mulheres sequer podiam votar. Após 93 anos desse grande feito, a cidade comemora, em reverência à sua memória histórica, a Semana Alzira Soriano. A governadora Fátima Bezerra (PT) prestigia o evento. “O que me toca o coração é que lá se vão quase cem anos que Alzira ousou se candidatar, ser eleita e ser a primeira mulher prefeita de Lajes, do Rio Grande do Norte, do Brasil e da América Latina, no tempo em que até o direito ao voto às mulheres era negado. Olha a ousadia de Alzira. O Rio Grande do Norte tem esse pioneirismo, não vamos esquecer que o primeiro voto feminino do Brasil também se deu aqui no estado, através de outra grande pioneira que foi Celina Guimarães, em Mossoró”, disse Fátima Bezerra, enfatizando a importância de iniciativas como esta e saudando a sensibilidade da prefeitura por imprimir mais dinamismo na Semana Alzira Soriano, destacando a retomada da memória histórica da luta das mulheres. O mandato de Alzira Soriano durou pouco tempo, pois decidiu renunciar ao cargo por não concordar com os desdobramentos do governo de Getúlio Vargas em 1930. Mesmo assim, seu governo em Lajes ficou marcado pela construção de escolas, melhorias na iluminação pública a gás, e obras de infraestrutura, como estra-
Assecom/RN
Evento marca os 93 anos de Alzira Soriano na cidade de Lajes das que ligavam a sede do município aos distritos. Ela voltaria à política após a redemocratização do país, em 1945, elegendo-se vereadora em Lajes por três mandatos. Alzira morreu em Natal em 28 de maio de 1963, aos 66 anos de idade. “Nós ainda temos que refletir muito. Porque a luta pela participação das mulheres na política é muito lenta. Passados quase cem anos, estou eu aqui, ainda, como a única governadora mulher eleita no Brasil. Em 27 estados da federação apenas uma mulher foi eleita. No parlamento, a nível nacional, de 513 parlamentares, a gente só chega a 15%. Eu deixo aqui essa mensagem não para a gente ficar triste. É para a gente levantar a cabeça cada vez mais. É para a gente se lem-
brar cada vez mais de Alzira. Temos que lutar muito ainda contra a violência política de gênero”, afirmou a governadora, declarando que o legado de Alzira Soriano não pode se deixar morrer. A Semana Alzira Soriano foi instituída pela Lei Municipal 502/2009, de autoria de Francisco Canindé Rocha da Silva. Este ano ganhou mais visibilidade e está em sua 12ª edição, acontecendo de 24 a 30 de abril. Nesta sexta-feira, 29, contou com a Exposição Histórica na Estação das Artes e com a programação cultural “Uma Noite no Palácio”, onde ocorreu a apresentação da Filarmônica 3 de Dezembro, o lançamento do espetáculo teatral Alzira Mulher, além do lançamento do Lajes Conectada. A governadora aprovei-
Aduern celebra Dia do Trabalhador com debate e atividades sociais A Associação dos Docentes da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (ADUERN) realiza programação especial neste domingo, 1º, para celebrar o Dia do Trabalhador. As atividades acontecem presencialmente na sede da entidade, a partir das 9h, com recepção aos asso-
ciados e associadas. Às 9h30, haverá roda de conversa “Os desafios da classe trabalhadora em meio ao Governo de Jair Bolsonaro. Tarefas para hoje e para amanhã”. O bate-papo será transmitido simultaneamente pelo canal da Aduern no youtube para quem não puder vir
ao sindicato. Às 10h30 os atores Dionízio do Apodi, Cumpadi Caboco e a atriz Renata Soraya, acompanhados pela equipe de apoio do Espaço Cultural no Meio do Mundo, apresentam peça teatral preparada para o 1º de Maio da ADUERN. Após isso, será realizado um
tou a ocasião para anunciar a implantação de uma Central do Cidadão no município de Lajes, que deve receber o equipamento ainda no primeiro semestre de 2022, através da Secretaria de Estado de Administração (SEAD-RN). A Central trará inicialmente serviços prestados pelo Detran, Itep (com emissão de carteiras de identidade), serviços de carteira de trabalho e de CPF, defensoria pública, ou seja, mais cidadania para a região central do estado. A previsão inicial é de realizar cerca de 2.500 atendimentos mensais. O Governo do Estado conta atualmente com 27 Centrais do Cidadão, distribuídas em 23 municípios. Com a implantação da nova unidade, em Lajes, passará a contar com 28 Centrais, em 24 municípios.
“palco aberto”, abrindo espaço para os e as artistas da categoria. Às 12h será oferecida uma feijoada aos convidados e convidadas do evento e também terá início o show do Duo Flávia Maiara e Daniel Mariano, que são músicos e docentes da Uern. Durante toda a atividade haverá ambiente de recreação para as crianças com pula-pula, brincadeiras na piscina, brinquedoteca e biblioteca infantil no “Espaço Criança” da Aduern.
ais uma vez apelamos para a excelente argumentação de Fábio Santos Rios para entendermos o que Bolsonaro faz e os resultados que ele consegue com esse absurdo do indulto a Daniel Silveira. Vamos lá: O presidente Jair Bolsonaro tem usado o caso do deputado Daniel Silveira para reorganizar a militância, exibir apoio na Câmara e, como já mostrou O Globo, usar o embate com o Supremo Tribunal Federal como um palanque para sua campanha à reeleição. O indulto presidencial concedido ao parlamentar acendeu a base bolsonarista nas redes sociais, que tornou o assunto um dos mais comentados no Twitter durante a semana. Segundo pessoas próximas ao presidente, com o perdão da pena a Silveira o presidente sinaliza que estará disposto a defender quem estiver ao seu lado. Com a aproximação ao Centrão, aliados mais inflamados reclamavam do distanciamento do presidente, que passou a ter como principais conselheiros caciques como o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o comandante do PP, Ciro Nogueira, ministro-chefe da Casa Civil. Portanto, na avaliação de interlocutores do Planalto, o indulto é um reencontro de Bolsonaro com bolsonaristas. Com a nova injeção de ânimo, os organizadores da manifestação marcada para domingo querem reviver os atos de 7 de Setembro, quando na mesma Avenida Paulista Bolsonaro chamou o ministro Alexandre de Moraes de “canalha” e disse que não cumpriria mais nenhuma decisão do magistrado. Moraes é o relator do inquérito contra Silveira por ameaças aos ministros do Supremo e por incentivar atos antidemocráticos. Como mostrou O Globo nesta semana, Bolsonaro quer levar o embate com o STF para o centro da disputa eleitoral. A avaliação de estrategistas da campanha é que com o indulto Bolsonaro vive seu melhor momento no confronto com o Judiciário. Para isso, Bolsonaro tem se encarregado pessoalmente de orientar Silveira em como se comportar diante dos acontecimentos e quer transformá-lo em um “símbolo” do enfrentamento com o STF. Em conversas reservadas, o presidente tem dito que a visibilidade de Silveira conquistada após a prisão por fazer ameaças aos ministros do STF resultará em voto em outubro. Em decisão na terça-feira, Moraes indicou que o decreto de indulto não afasta a inelegibilidade. Aliados de Bolsonaro, porém, argumentam que a impossibilidade de candidatura deva ser discutida no TSE. Com isso, a expectativa é que o parlamentar mantenha sua campanha. A militância bolsonarista se encarregou de tornar o indulto um dos temas mais comentados das redes sociais. No dia do decreto com o perdão ao deputado, Daniel Silveira, que está com as contas suspensas nas plataformas digitais, superou a média de menções ao presidente no Twitter. Naquele dia, foram 525 mil menções ao nome do parlamentar, segundo levantamento da consultoria Bites. O número ultrapassa a média do próprio chefe do Planalto, que é de 277 mil citações diárias. Na quarta-feira, o deputado condenado pelo STF foi escolhido como membro de cinco comissões da Câmara, entre elas a Comissão de Constituição e Justiça. As outras comissões são Cultura, Educação, Esporte e Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado, da qual foi eleito vice-presidente. A votação foi secreta entre os integrantes do grupo. No mesmo dia, Bolsonaro abriu o Salão Nobre do Planalto para receber parlamentares das bancadas evangélicas e da segurança pública que por quase duas horas discursaram em favor de Silveira. O ato em desagravo a Silveira foi considerado um “exagero” por alguns integrantes do governo.
Condenado ou perseguido? O tuiteiro Pedro Ronchi lembra o principal argumento que os bolso-fascistas usam para desqualificar a decisão da ONU de inocentar Lula: “Ah, mas Lula foi condenado em três instâncias...” E rebate. “Meu filho, o Lula foi perseguido em três instâncias e venceu todas elas porque não havia provas e os corruptos eram o juiz, os procuradores e os desembargadores”. Simples assim.