Jornal de Fato

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opinião 5

DOMINGO, 1º DE maio DE 2022

césar santos cesar@defato.com

CHAPA 100% DEFINIDA

O

ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) antecipou o anúncio oficial da candidatura a vice-governador do deputado federal Walter Alves (MDB) na chapa da governadora Fátima Bezerra (PT). Ele gravou um vídeo em Brasília em que diz que a governadora cumpriu a tarefa política de convidar Walter para compor aliança no Rio Grande do Norte. O vídeo, gravado na quarta-feira, 27, mesmo dia que a união foi selada entre Fátima e Walter, foi distribuído nas redes sociais pelos petistas que concordam com a aliança.

Lula afirma: “Hoje é um dia especialmente feliz. Estou vendo aqui a concretização de uma tarefa política pela companheira governadora Fátima, uma mulher extraordinária que conheço há muito tempo, que virou governadora deste Estado, estou também com o companheiro Walter, deputado federal pelo PT, filho do ex-ministro Garibaldi. Walter está sendo convidado para ser vice na chapa de Fátima.” A Executiva estadual do PT reforçou a decisão em nota publicada na noite de sexta-feira, 29, após reunião realizada em Natal: “Os membros da executiva estadual do partido manifestaram acordo com a amplitude das alianças envolvendo agora

o MDB na composição da chapa estadual, assim como o PDT, e realizará na próxima quartafeira uma reunião que deve resultar em uma resolução estadual sobre o tema das alianças”, informou uma nota divulgada pelo partido. O vídeo de Lula e a nota da executiva estadual do PT foram vistos como último aviso aos petistas que ainda resistem à aliança com o MDB dos Alves. As deputadas Natália Bonavides (federal) e Isolda Dantas (estadual) continuaram dando declarações antipáticas aos novos companheiros, mesmo depois do prego batido em Brasília. A partir de agora, o PT espera que as parlamentes e outros membros do partido evitem novos constrangimentos.

Além de enquadrar os companheiros contrários à aliança, o PT também comunicou oficialmente ao PCdoB que o partido não fará parte da chapa majoritária, uma vez que a candidatura ao Senado será do exprefeito Carlos Eduardo (PDT) e a primeira suplência ficará com o senador Jean Paul Prates (PT), que teve o direito à reeleição preterido pelo partido. Dessa forma, a chapa governista está definida: Fátima/Walter/Carlos Eduardo. A oficialização acontecerá em junho com a presença do ex-presidente Lula. Com isso, a governadora conseguiu desmobilizar a parte mais forte da oposição e, teoricamente, conquistar as bases sólidas do MDB no interior do estado.

ALUIZISTAS Os aluizistas tradicionais estão deixando o MDB e seguindo junto com Henrique Alves, que saiu do partido, ou foi colocado para fora, como ele afirma, depois de 52 anos. A “senadora” Rose Cantído puxará a fila em Mossoró. “Eu não tenho como continuar no partido da forma que está”, confessa.

PODE SER A ex-prefeita Cláudia Regina (sem partido) tem simpatia pela candidatura de Henrique Alves à Câmara dos Deputados. Pode fortalecer a base eleitoral de Alves em Mossoró.

CONCORRÊNCIA

NEM TUDO ESTÁ PERDIDO

BOLSONARISTA

O PCdoB ainda não perdeu a esperança de ser chamado para a chapa majoritária da governadora Fátima Bezerra (PT). Há possibilidade de ficar com a última vaga que resta, que é a de segundo suplente de senador. Não representa muita coisa, mas não deixa de ser uma saída honrosa. O vice-governador Antenor Roberto será convidado a preenchê-la.

O ex-vice-governador Fábio Dantas (Solidariedade) votou em Bolsonaro nas eleições 2018 e vai votar pela reeleição do presidente neste ano. Agora pré-candidato a governador, seu companheiro de chapa é Rogério Marinho, liderado por Bolsonaro e do partido de Bolsonaro. Mas, Fábio jura que não é bolsonarista. Ninguém acredita, mas ele acha que está convencendo.

Uma possível candidatura do Coronel Hélio à Câmara dos Deputados deixa perturbado o deputado federal General Girão (PL). Ele sabe que Hélio tem a simpatia dos bolsonaristas potiguares.

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“Eu perguntava: por que estou aqui se não tenho condenação?” Mas, essa inquietação do cidadão-eleitor é natural no estágio de pré-campanha, o senhor não acha? Com a experiência que tenho, consigo entender essa inquietação, mas temos uma indecisão muito acentuada. As pesquisas revelam um número de indecisos assombroso para deputado federal e estadual, chegando a bater os 90 por cento. Acho mais isso ruim para a democracia porque se gera insegurança. Mas, ainda tem tempo e eu espero que isso possa mudar nos próximos dias quando o cenário ficará mais claro na cabeça dos eleitores. O senhor não acha que dificuldade para definição de cenário é consequência da mudança de regra de disputa proporcional com fim das coligações e a possibilidade de federações partidárias? Temos hoje 33 partidos no Congresso Nacional, não há democracia que se fortaleça com esse grande número de partidos. Como é que você vai obter o consenso, o convencimento e uma média consensual, digamos assim, para aprovar projetos impor-

tantes para o País com 33 partidos? Eu fui a favor de acabar com coligações proporcionais porque eu acho que está na hora de cada partido mostrar a sua origem, o que pensa, o que quer, com clareza, transparência. Então, acabou a coligação para reduzir partidos e ter partidos mais fortes, mas aí as pessoas estão procurando partidos que viabilizem as suas candidaturas, as suas eleições, sem qualquer outro compromisso, é o que chamamos de oportunismo. Ulisses Guimarães dizia que partido não é hospedaria, que você troca de acordo com o que lhe oferece um quarto melhor, um espaço maior, janela com vista para o mar. O partido tem que ter cara, tem que ter uma ideia, tem que ter uma palavra, tem que ter um projeto, tem que conquistar assim. O troca-troca de partido, que torna o político e a política sem identidade, ajuda a justificar o quadro de instabilidade e insegurança que vive o País? Eu me preocupo muito com esse quadro de instabilidade. Acho que esse clima

de conflito é muito grave. Esse conflito que rasga a Constituição que eu ajudei, que eu escrevi com a minha presença no Congresso Nacional, quando não há harmonia entre os Poderes, que é um dos itens fundamentais. Tudo isso é muito preocupante no Brasil de hoje. Veja as consequências, um dia a bolsa de valores sobe, no outro dia ela cai. Um dia, o dólar sobe, outro dia ele cai. Isto é fruto da insegurança jurídica dos investidores. A inflação dispara, tivemos agora em abril a inflação mais alta para o mês dos últimos 27 anos. Por que isto? Como o povo mais pobre está conseguindo sobreviver com essa inflação, com esses juros, com a energia cara, com o preço dos combustíveis em alta? Esse clima de radicalismo, que aí está, não pode ter vencedores e o Brasil ficar vencido. Espero, com a minha experiência, conseguir trazer boas ideias para expor ao RN. É o povo que vai me dizer o que ele quer que eu siga, e que essas luzes possam chegar a toda classe política do meu estado. O que o senhora espera

que o povo do Rio Grande do Norte diga no seu retorno à vida pública? O jovem com 22 anos hoje já é empreendedor, empresário, produtor, agricultor, já é pecuária na vida. Eu, com 22 anos, em 1970, não era assim. Eu lembro quando eu cheguei à Câmara dos Deputados, com essa idade, entrava no elevador repetidas vezes e tinha que me identificar, mostrar a carteirinha de

parlamentar repetidas vezes, e ainda não acreditavam. Essa experiência que eu adquiri ao longo desse tempo, com derrota, alegria e dores, eu sei o que eu passei. Tive a prisão preventiva mais absurda, mais criminosa do país porque não tinha uma condenação e de repente vivi o que eu vivi, mas graças a Deus eu saí de coração limpo. Consegui cicatrizar as feridas, mas isso em certo

momento dá uma revolta muito grande. Perguntava: por que eu estou aqui, por que estou preso se não cometi crime, nem tenho condenação? Mas, graças a Deus chega a hora da justiça e o judiciário nacional me inocentou, me absorveu. Isso me deu uma alegria interior muito grande e saí de cabeça erguida. Essa fase da minha vida me fez uma pessoa muito experiente, uma pessoa bem melhor. Quem não se levantou já alguma vez em sua vida, seja em que ramo for? O importante é você saber que pode se levantar como eu me levantei. Primeiro, não adianta guardar rancor, ódio, ressentimento, porque você fica escravo daquilo. Eu volto a dizer, você tem política na política, tem política no trabalho, tem política na família, tem política em tudo. Mas, na hora que você vai falar em nome de uma conjuntura, de uma representatividade, você não pode errar, porque está falando não só por você, mas por milhares de pessoas que você representa. Então, eu espero que esse momento eu possa trazer essa minha experiência, a minha vivência de erros, acertos, alegrias, tristezas, vitórias, derrotas para perguntar se eu ainda posso contribuir na Câmara Federal aos meus amigos, minhas amigas, meus novos amigos, minhas novas amigas, meu querido Bacurau.


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